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quinta-feira, 15 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18420: Consultório militar do José Martins (35): elementos para a história da CAÇ 727 (Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), que teve 18 mortos em campanha, incluindo o alf mil inf António Angelino Teixeira Xavier, natural de Carrazeda de Montenegro, Valpaços


Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938- Lisboa, 2012): antigo comandante da CCAÇ 727 (Canquelifá, out 1964/ ago 66), subunidade que teve 18 baixas em campanha.

Seria gravemente ferido em combate em 1969, na área de Mejo/Guileje, no decurso da Op Bola de Fogo, quando comandava a CCaç 2316. Militar, ginasta e desportista, após o seu ferimento, dedicou-se à poesia e  à escrita. Era um grande cultor da língua portuguesa. Reformou-se como coronel de infantaria.

Imagem da sua página pessoal, www.joaquimevonio.com, alojada no Sapo, e que já não está disponível.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)


Aveiro > Gafanha da Encarnação > 11 de outubro de 2008 > Foto de família: XV Encontro da CCAÇ 727 (Guiné, 1964/66), enviada pelo ex-1º cabo Carmelindo Guerreiro, através do Miguel Oliveira, ex-combatente em Angola. Ao centro, de barbas brancas, aparece o cor inf ref Joaquim Evónio Vasconcelos. Na primeira fila, à esquerda, há um camarada que segura a bandeira da companhia.

Foto (e legenda): © Miguel Oliveira (2008) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Elementos recolhidos nosso camarada e colaborador permanente José Marcelino Martins (ex-fur mil trms,  CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Companhia de Caçadores n.º 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66 (*)


Subunidade independente, mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 16, em Évora, sob o comando do capitão de infantaria Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos [, falecido 2012, no posto de coronel, reformado] (**), embarca para a Guiné em 6 de outubro de 1964, onde chega a 14 do mesmo mês.

Permanece no sector de Bissau para instrução de adaptação operacional, na região de Có-Pelundo e Prabis, tendo destacado em 18 de novembro um pelotão para reforço da guarnição de Madina do Boé, integrada no dispositivo do BCAÇ 506.

Segue em 5 de dezembro de 1964 para Nova Lamego, como unidade de intervenção e reserva do sector, atribuída ao BCAÇ 506, com sede em Bafatá,  e seguidamente ao BCAÇ 512, por divisão do Sector D, que se instalou em Nova Lamego.

Reforçou as guarnições de Madina do Boé, que já vinha do antecedente, e as guarnições de Buruntuma e Piche.

Tomou parte em operações nas regiões de Nova Lamego, Buruntuma e Madina do Boé, em que foi emboscada na estrada de Madina do Boé - Cobige, em 30 de janeiro de 1965, que causou elevado número de baixas ao IN, mas também houve a lamentar sete mortos nas NT.

Foi substituída na missão de intervenção e reserva, pela CART 731, em 19 de fevereiro de 1965.

Inicia o deslocamento para Canquelifá, a fim de substituir um pelotão da CCAÇ 509, vindo a assumir a responsabilidade do subsector de Canquelifá, criado em 25 de fevereiro de 1965, continuando integrada no dispositivo do BCAÇ 512 e, posteriormente,  no BCAV 705, que substituiu o anterior Batalhão.

Entre 25 de fevereiro e 20 de maio de 1965, destacou forças para o aquartelamento de Dunane e, entre 20 de maio e 22 de agosto de 1965, destacou forças para Sinchã Joté, além de ter destacado efectivos pelos destacamentos de Cantire e Sinchã Joté, por períodos curtos e variáveis.

Mantendo-se no mesmo Sector, Nova Lamego, foi substituída em Canquelifá pela CCAÇ 817, em 22 de agosto de 1965, para assumir a responsabilidade do subsector de Piche, com destacamento na Ponte Caium e, temporariamente, em Dunane.

A 5 de agosto de 1966, foi substituida em Piche por dois pelotões da CCAÇ 1567, até à chegada da CCAÇ 1586, recolhendo a Bissau, onde veio a embarcar com destino à metrópole em 7 de agosto de 1966.



Bravos da CCAÇ 727 que tombaram em campanha
 
(i) Por doença (difteria)

António Caeiro Combadão, soldado apontador de metralhadora, n.º 782/67, solteiro, filho de Manuel Caeiro Combadão e de Joaquina Cândida Fialho, natural da freguesia de Alqueva, concelho de Portel, faleceu no HM 24,  de Bissau, em 08DEZ64. Foi inumado no cemitério de Évora.

António Henriques Oliveira Marques, fur mil at inf, n.º 1374/63, solteiro, filho de Abílio Marques e de Etelvina Pessoa, natural de Vila do Mato, freguesia de Midões, concelho de Tábua, faleceu no HM 241, em 13DEZ64 -  Foi inumado no cemitério de Bissau - Campa 1270.

Anastácio Vieira Domingos, soldado apontador de metralhadora, n.º 688/67, solteiro, filho de Jacinto Domingues e de Guiomar Vieira, natural de Portela dos Caídos, freguesia de Santa Clara-a-Velha, concelho de Odemira, faleceu no HM 241 de Bissau, em 13DEZ64. Foi inumado no Cemitério de Bissau - Campa 1271.

(ii) Em combate:

No sábado, 30Jan65, encontrando-se já sob comando operacional do BCaç 512, sendo Oficial de Informações e Operações o Major de Infantaria António Ribeiro Farinha,  é montada por um pelotão daquela CCaç 727 acantonado desde 18Nov64 em Madina do Boé, uma emboscada no itinerário Madina do Boé - Rio Gobije, no decurso da qual ocorre uma contra-emboscada IN que causa às NT cerca de uma dezena de feridos e as seguintes sete baixas mortais:

António Angelino Teixeira Xavier, alf mil inf, nº 60-I-3064, comandante de Pelotão, solteiro, filho de António Augusto Xavier e de Angelina da Luz Teixeira Xavier, natural da freguesia Carrazeda de Montenegro, concelho de Valpaços. Foi inumado no cemitério de Carrazeda de Montenegro. Foi agraciado com a Cruz de Guerra 4.ª Classe, a título póstumo (O.E. 20/II.ª/66), porque, colocado como Comandante do Pelotão num destacamento fronteiriço, saiu voluntariamente numa patrulha onde faleceu em combate, sabendo de antemão tratar-se de uma zona onde era provável o contacto com o inimigo.

António Joaquim da Graça Viegas, soldado atirador, n.º 819/64, casado com Maria Manuela dos Santos Bárbara, filho de José Joaquim Viegas e de Dorila da Graça, natural da freguesia Moncarapacho, concelho de Olhão. Foi inumado no cemitério de Nova Lamego, região de  Gabu, Guiné

Avelino António Martins, 1.º cabo atirador, n.º 708/64, solteiro, filho de Miguel António e de Perpétua Martins, natural de Canano, freguesia de Alferce, concelho de Monchique. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego região de  Gabu, Guiné.

Domingos Moreira Leite, f
ur mil op esp, n.º 1714/63, comandante de secção, solteiro, filho de Avelino Maria Leite e de Maria Rosa Moreira, natural da freguesia de Rebordosa, concelho de Paredes. Foi inumado no Cemitério de Rebordosa.

Foi agraciado com a Cruz de Guerra 3.ª Classe, a título póstumo (O.E. 22/II.ª/65), porque, especialmente dotado para as funções operacionais de Comandante de Secção de Caçadores, que desempenhou com notável acerto e entusiasmo, [...] faleceu em combate quando a pequena coluna, de que fazia parte a sua secção, caíu numa violenta emboscada.

José Maximiano Duarte, soldado atirador, n.º 749/64, solteiro, filho de Sabino José Duarte e de Maria Celeste, natural da freguesia e concelho de Monchique. Gravemente ferido, foi evacuado de Nova Lamego para o HM 241, onde veio a falecer antes de findar esse dia. Foi inumado no Cemitério de Monchique.

José Pires da Cruz, soldado condutor auto rodas, n.º 937/64, solteiro, filho de Joaquim Pires da Cruz e de Maria dos Prazeres Pires, natural da freguesia de Cernache, concelho de Coimbra. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego, região de  Gabu,  Guiné.

Leonel Guerreiro Francisco, 1.º Cabo Atirador, N.º 707/64, solteiro, filho de José Francisco e de Gracinda Guerreiro, natural da freguesia de Alte, concelho de Loulé. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné

Na Terça-feira 08Jun65, encontrando-se aquela subunidade instalada em Canquelifá (com um destacamento em Sinchã Jidé e pequenos efectivos deslocados em Cantiré e Sinchã Joté), estando desde 01Jun65 operacionalmente dependente do BCav 705 [sendo Oficial de Informações e Operações o Capitão de Cavalaria Ramiro José Marcelino Mourato], quando em deslocação no itinerário Canquelifá - Sinchã Joté e a cerca de 2km da bifurcação para Nhumanca, morrem naquele, em combate os seguintes dois militares:

António Custódio Coelho, 1.º cabo apontador de morteiro, n.º 804/64, solteiro, filho de Francisco Coelho e de Clementina Rosa, natural da freguesia de Coruche, concelho de Coruche, faleceu no Hospital Militar n.º 241 em Bissau. Foi inumado no Cemitério de Coruche.

António Dias Martins, 1.º cabo atirador, n.º 689/64, solteiro, filho de João Martins e de Maria Inácia Macia Dias, natural de Monte Alto, freguesia de Odeáxere, concelho de Lagos, faleceu no Hospital Militar n.º 241. Foi inumado no Cemitério de Odeáxere.

No domingo 04Jul65, no subsector de Nova Lamego morrem em combate os seguintes três militares:

Adelino Castanheira Dias, soldado atirador, n.º 722/64, solteiro, filho de António Dias Martins e de Maria Rosa Castanheira, natural da freguesia de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Filipe Rosa Camacho, soldado atirador, n.º 775/64, solteiro, filho de Luís Camacho e de Virgínia Rosa, natural da freguesia e concelho de Ferreira do Alentejo. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Francisco João Beirão, 1.º cabo de armas pesadas, n.º 807/64, solteiro, filho de Casimiro Beirão e de Olinda Jesus Henriques, natural da freguesia de Veiros, concelho Estremoz. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

(iii) Em acidentes:

No domingo 22Ago65, momento em que foi substituída por troca com a CCaç 817, quando no aquartelamento de Canquelifá um sentinela ia ser rendido, aquele inadvertidamente atingiu gravemente a tiro o militar da CCaç 727 que naquele posto o iria render:

Mamadu Said Jaló
, soldado atirador, N.º 471/64, solteiro, recrutado do CTIG, filho de Alarba Sibide e de Malan Jaló, nascido na freguesia de Santa Isabel, concelho de Nova Lamego, evacuado para o HM241 onde veio a falecer. Foi inumado no cemitério de Bissau - Campa 1884.

Na Segunda-feira 25Abr66, encontrando-se a citada Subunidade desde há cerca de oito meses em Piche, a 15km de Nova Lamego e de regresso ao acantonamento ocorre um acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Gertrudes Guerreiro, 1.º cabo atirador, N.º 691/64, solteiro, filho de Isabel Gertrudes e de Daniel Salvador Guerreiro, nascido na freguesia de Alte, concelho de Loulé, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Segunda-feira 09Mai66.

Na Sexta-feira 06Mai66, ocorre em Piche um outro acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Joaquim de Sousa Martins, soldado condutor auto rodas, n.º 1270/67, solteiro, filho de Rosa de Sousa Martins e de Domingos Lima Martins, nascido na freguesia do Carreço, concelho de Viana do Castelo, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Quarta-feira 11Mai66.

Ver aqui, no portal Ultramar TerraWeb, a lista dos bravos da CCAÇ 727, mortos em campanha (18 no total)


Sabemos que o pessoal da companhia se reúne, todos os anos. Em 2010, por exemplo, realizou o seu XVII encontro, em Barcelos (***)

Contactos:

(i) Joaquim Esteves Ferreira, Balugães, Barcelos: telef + 351 258 107 204 / telem + 351 963 306 491

(ii) 1.º cabo escriturário (, de que se desconhece o nome)  Telem + 351 914101833

(iii) Virgílio João dos Santos, Setúbal (, sem nº de telefone / telemóvel).

(iv) 1º cabo Carmelindo Guerreiro, Aveiro (?)  (, sem nº de telefone / telemóvel).
______________

Notas do editor:



(...) Faleceu, em 23 Junho de 2012, em Lisboa, o coronel de infantaria reformado Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (...).

Comandou a CCaç 727 (Canquelifá, out 64 / ago 66) e, em 1968, quando comandava a CCaç 2316, foi gravemente ferido em combate na área de Mejo/Guileje.

Militar, ginasta e desportista, após o seu ferimento, dedicou-se à poesia, à escrita.

Nascido em 1938, no Funchal, era director do núcleo da Ordem Nacional de Escritores, em Portugal, desenvolvendo um trabalho muito meritório na recolha de obras de poetas, artistas e escritores locais.

Grande cultor da língua, profundo conhecedor do nosso vernáculo, era um exigente revisor de provas de poesia e literatura em geral. Um verdadeiro intelectual e um talentos diseur de poesia. (...)


Guiné 61/74 - P18417: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (50): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) agradece a nossa ajuda para a realização de um trabalho escolar sobre a história do conflito que opôs o PAIGC e as Forças Armadas Portuguesas entre 1963 e 1974



França > Wattrelos > Colégio "Saint Joseph  La Salle" > Proposta de trabalho escolar para efeitos de avaliação em EPI  [Ensinamentos Práticos Interdisciplinares] "Passeurs de Memoire", apresentada a (e aceite por) os professores das disciplinas de Geografia e História. Nome da aluna: Adelise Azevedo [, 14 anos]. Ano/turma: 3D

Título do projeto: "A guerrilha na Guiné-Bissau (1963-1974)". 

Descrição detalhada: criação de um livro ilustrado com fotos sobre o conflito que opôs o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde [PAIGC] e as forças armadas portuguesas; inclui o testemunho do meu avô que foi soldado na Guiné, então portuguesa, de 1964 a 1967".

Apresentação, oral, individual,marcada para 16 de maio de 2018.  Assinatura da aluna. Assinatura dos pais. Data: 19/11/2017



França > Wattrelos > Colégio "Saint Joseph  La Salle" > Informação para a aluna / estrutura da prova e critérios de avaliação. O trabalho,  a ser avaliado por  um júri de pelo menos 2 docentes, consiste numa prova oral de 15 minutos: apresentação (5 m) e discussão do trabalho (10 minutos). A avaliação (100 pontos) é assim distribuída: 50 pontos para o domínio da expressão oral (neste caso em francês)  + 50 pontos para o domínio do assunto.

Infografia: Adelise Azevedo / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. Resposta da nossa leitora Adelise Azevedo (*), com data de 11 do corrente:

Agradeço-lhe da atenção que você tem concedido ao meu pedido. Você não pode imaginar a alegria que senti quando eu vi que você respondeu a minha mensagem.

Eu queria agradecer também o seu camarada e critico literário, Senhor Mário Beja Santos. O livro que ele me enviou em pdf será um elemento de trabalho essencial para a realização do meu projeto de exame. Apenas lendo as primeiras frases do livro encontro o tema principal do exame « PASSEURS DE MEMOIRES » (« à memória de Ruy Cinatti, a quem prometi, logo em 1970, que trataria com carinho este dever de memória, incluindo os testemunhos literários de combatentes e estudiosos. »).

Quando ele evoca o amigo dele que possui uma biblioteca surpreendente em tesouros da história e da literatura guineenses, faz me lembrar quando eu era pequena e ainda hoje, que a minha mãe [, Isabel Pereira,] me dizia « Adelise, toma cuidado dos teus livros porque eles são tesouros. »

Eu vou seguir os seus preciosos conselhos, fazendo pesquisa no link que você me comunicou e no blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné.

Eu li a sua mensagem ao meu avô, ele ficou muito emocionado… e ele não era o único, toda a minha família ficou afetada por sua gentilidade [gentileza] e consideração…

O meu avô já me tem contando alguns episódios de momentos que ele passou na Guiné, são sempre momentos fortes em emoção… E com muita alegria que vamos lhe mandar, o meu avô e eu, uma foto de nós os dois.

Meus professores validaram a escolha do meu projeto (ver anexo) [, acima reproduzidos, com a devida vénia...]. Eu vou ter que passar uma prova oral na frente de um júri. Eu tenho que explicar como é que eu fiz para con[se]guir obter informações sobre o meu tema. Tenho que realizar a prova oralmente, com recurso a suporte. Minha professora de História Geografia (Madame Fourrier) está ansiosa de descobrir o conteúdo da minha realização, descobrir este período da história da Guiné, que não é muito conhecido dos meus professores na França.

Eu vou fazer um livro que incluirá toda a história da guerrilha na Guiné ilustrado com imagens e fotos…Vou também incluir uma parte, que se referirá a história da Guiné antes de ser uma colónia portuguesa. Este livro vai ser o meu suporte durante a minha prova.

Eu escrevo para você em português com a ajuda dos meus pais. eles dizem que às vezes eu falo e escrevo PORTUGNOL (meio português e meio espanhol). E você tem razão, falar e escrever português, é muito importante para o meu futuro e também é um grande tesouro.

Eu também devo no dia do meu exame dizer o que esse trabalho permitiu-me de aperfeiçoar no meu conhecimento e competência em certas disciplinas.

Eu percebi que a Língua portuguesa é muito importante na realização do meu projeto. Tem outras disciplinas como a Geografia, o Francês (escrito / oral) e a História.

Um grande beijinho para você e para as pessoas que você meteu em cópia da mensagem, principalmente para o senhor Mario Beja Santos.

Obrigado novamente por sua preciosa ajuda…

Adelise


2. Resposta do editor LG / Réponse de l'éditeur LG:

Parabéns, Adelise, a ti, à tua mãe Isabel Pereira, ao teu avô e nosso camarada da CCAÇ 727, José  Alves Pereira. Pela originalidade e o desafio do projeto.  Pelo teu entusiasmo. Pelo amor que tens aos teus pais, avós e às suas raízes, a velha nação que se chama Portugal. Parabéns também pelo teu português...

Vamos ver se te arranjamos mais materiais, nomeadamente mapas, fotos e resumos cronológicos.  Não queremos que te percas com tanta informação. E estamos certos de que vais tirar uma bela nota no exame de EPI (Ensinamentos Práticos Interdisciplinares). 

Um beijinho para ti, um "alfabravo" (ABraço) para o teu avô materno Pereira. Esperamos pelas vossas fotos...

Salut, Adelise, je te félicite, à toi, à ton collège, à tes enseignants, aussi à ta mère Isabel Pereira, à ton grand-père, José Alves Pereira, notre camarade de la compagnie de chasseurs de infanterie 727 (Guinée portugaise, 1964/66),

Je te félicite pour l'originalité et le défi de ton projet, l’enthousiasme, et surtou l'amour pour ta famillie qui n'oublie pas ses racines, c'est à dire, l'ancien et beaux pays qui s'appelle le Portugal. Félicitations aussi pour ton portugais écrit.

Nous irons trouver et t'envoyer d’autres supports d’information, utiles pour toi, y compris des cartes, des photos et des résumés chronologiques. Nous ne voulons pas que tu t' effondres avec d' autant d'information. Nous sommes sûrs que Madame Fourrier te donnera une belle note, le 16 mai prochain, à la suite de l'examen d’ EPI.

Bisou pour toi, un "alfabravo" [Abraço] pour ton grand-père maternel Pereira. Nous attenderons vos photos de famille.  Luís Graça,
_____________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18392: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) pede-nos bibliografia e outra documentação para um trabalho escolar, "Passeurs de Mémoires", sobre a guerra colonial na Guiné

quinta-feira, 8 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18392: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) pede-nos bibliografia e outra documentação para um trabalho escolar, "Passeurs de Mémoires", sobre a guerra colonial na Guiné


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério municipal > Talhão militar português > Abril de 2006 > Campa nº 1271, de Anastácio Vieira Domingos, doldado, CCAÇ 727, falecido em 13 de dezembro de 1964, por doença, no HM 241, Bissau. Era natural de Santa Clara-a-Velha, concelho de Odemira, distrito de Beja. O soldado Anastácio Vieira Domingos, nº 688/64, teve como unidade mobilizadora o RI 16, de Évora. A comissão no CTIG  foi de outubro de 1964 a agosto de 1966. O soldado Anastácio Vieira Domingos não chegou a conhecer a época das chuvas: morreu ao fim de dois meses de Guiné, mais exactamente a 13 de dezembro de 1964. O seu nome consta do memorial aos mortos das guerras do ultramar, junto à torre de Belém.

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Municipal de Bissau > 6 de Março de 2008 > Um dos três talhões atribuídos aos militares portugueses, mortos durante a guerra colonial: trata-se, neste caso, do Talhão Esquerdo, onde estão as campas não identificadas. Como já o dissémos aqui, no nosso blogue, estes serão porventura os restos mais dolorosos do que restou do nosso Império... Segundo a Liga Portuguesa dos Combatentes, na Guiné haveria mais de uma centena de cemitérios improvisados (locais de enterramento, desde Buba a Nova Lamego, passando por Cacine a Guidaje), onde repousam, sem honra, nem glória, nem dignidade, os restos mortais dos nossos camaradas cujas famílias não tinham, na época, recursos financeiros suficientes (cerca de 11 mil escudos na época, cerca de 4500 euros, hoje) para, a suas expensas, trasladar os seus corpos para Portugal.

Foto de Nuno José Varela Rubim, hoje cor art ref,  um dos comandantes da CCAÇ 726 (Quinhamel, Guileje, Cachil, Catió, 1964/66), contemporânea da CCAÇ 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), que só teve um comandante, o já falecido cap inf Joaquim Evónio Rodrigues Vasconcelos, e a que pertenceu o avô da Adelise Azevedo,

Foto (e legenda) : © Nuno Rubim (2008) . . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem da nossa leitora Adelise Azevedo (França):


Data: 3 de março de 2018 às 13:43

Assunto: Pedido de informações sobre a era guerrilheira e a independência da Guiné


Bon dia,  Senhor Luis Graça,

Meu nome é Adelise Azevedo, sou a neta do Senhor José Alves Pereira (CCAÇ 727).

Tenho 14 anos e estou no Colégio "Saint Joseph La Salle" em Wattrelos, no norte da França, perto da fronteira belga.

Eu tenho que preparar um exame chamado "Passeurs de Mémoires" ("Passadores de Memórias") para o mês de maio de 2018.

Eu escolhi de falar sobre a guerrilha na Guiné de 1963 a 1974.

Tenho sorte de ter o testemunho do meu avô, mas você poderia, por favor, me enviar documentos, fotos ... deste período da história da Guiné e de Portugal e me  comunicar títulos de livros, documentários ...

Com antecedência, agradeço sua ajuda.

Atenciosamente,

Adelise Azevedo

59150 Wattrelos

FRANCE


Bonjour Monsieur Luis Graça,

Je m'appelle Adelise Azevedo, je suis la petite-fille de Monsieur José Alves Pereira (CCAÇ 727).

J"ai 14 ans et je suis au collège Saint Joseph La Salle à Wattrelos, dans le nord de la France, à proximité de la frontière belge. 
Je dois préparer un examen qui s'appelle "Passeurs de mémoires" ("passadores de memorias") pour le mois de mai 2018. J'ai choisi de parler de la guérilla en Guinée de 1963 à 1974.

J'ai la chance d'avoir le témoignage de mon grand père, mais pourriez-vous me transmettre des documents, photos... sur cette période de l'Histoire de la Guinée et du Portugal et me communiquer des titres de livres, documentaires...

D'avance, je vous remercie de votre aide.

Cordialement,

Adelise Azevedo



2. Pedido aos nossos camaradas José Martins e Mário Beja Santos:

Zé Martins e Mário:

Duas ou três sugestões para a nossa amiga Adelise Azevedo, neta de um camarada nosso... Tenho notado uma crescente procura do nosso blogue, por parte  dos franceses (ou luso-franceses)...Vejo pelas estatisticas do Blogger.

Este mês, com um total de c. 90 mil visualizações / visitas, a França vem surpreendentemente em 2º lugar, à frente ds EUA, nas visitas ao nosso blogue... Ab, Luís



Visualizações de páginas
Portugal
24566
França
23676
Estados Unidos
15284
Reino Unido
6347
Turquia
2271
Itália
1588
Brasil
1225
Espanha
1049
Canadá
804
Alemanha
728



3. Resposta do Mário Beja Santos, com data de ontem:


Bom dia a todos, a nossa jovem amiga tem duas versões para o seu trabalho: o que escreveram os autores franceses e os testemunhos dos portugueses.

Obviamente que temos de ser parcimoniosos, para ela não se afogar em papel. Lembro os testemunhos de Gérard Chaliand (não terá dificuldade, penso, em encontrar La Pointe du Couteau, Robert Laffont, Paris, 2009), Réné Pélissier, Basil Davidson em francês. 

Se vivesse em Paris, era de sugerir consultas no Centro Cultural Português, está recheado de literatura alusiva. 

Creio igualmente que se poderia mandar referências aos vídeo franceses [ do INA] de que largamente temos aqui feito referência. Vejo com dificuldade pôr a jovem a ler o nosso blog em toda a sua extensão. 

Vou enviar-vos em PDF o meu livro “Adeus, até ao meu regresso”, neste caso, seria de a avisar que se trata do panorama da literatura da guerra da Guiné. Tenho outros PDF  de outros livros meus, vocês dirão se devemos inundar a jovem com toda esta literatura. 

Um abraço do Mário

4. Resposta do editor Luís Graça:

Em Dia Internacional da Mulher temos a obrigação de ajudar esta jovem, neta de um camarada nosso, um português da diáspora. Como a gente costuma dizer, na nossa Tabanca Grande, os filhos e os netos dos nossos camaradas, nossos filhos e netos são...

Obrigado, Mário, pelas tuas sugestões de leitura. Vou enviar inclusive o pdf do teu livro à nossa menina. Tu és, nesta matéria,  uma verdadeira autoridade, ninguén como tu tem o conhecimneto, em extensão e profundidadr, da literatura sobre a guerra colonial na Guiné. E és, de há largos anos, o  crítico literário por excelência do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

A Adelise fará, depois, uma triagem  do que lhe interessa para o seu trabalho escolar, que eu imagino seja relativamente rudimentar. O nosso blogue também é uma vastíssima e rica fonte de informação e conhecimento sobre a guerra colonial na Guiné. Mas ela não irá ter muito tempo para vascular 14 anos de blogue, com mais de 18 mil postes e 70 mil imagens e alguns vídeos, para além de outros  tantos 70 comentários. Tem as cartas ou mapas da Guiné, disponíveis em formato digital, à escala de 1/50 mil...

Temos ainda, na coluna do lado esquerdo  do nosso blogue,  una lista com links, com mais de 4 mil marcadores, descritores ou referências, que serão seguramente úteis para o seu trabalho. Veja-se, por exemplo, o descritor CCAÇ 727, que foi justamente a companhia a que pertenceu o avô José Alves Pereira. 

Ver aqui, nais especificamente. a história da unidade, os sítios por onde passou, as baixas (mortos) que teve, etc. Mas a Adelise também pode (e deve) fazer uma entrevista, semi-estruturada, ou semi-diretiva, ao avô. Ponha-o a falar, no caso, obviamente, de ele viver em França e ao pé dela... Em suma, fazer uma "petite histoire de vie",com fotos dele e dos seus camaradss, por exemplo...

Aconselho também a consulta do portal Guerra Colonial 1961-1974, organizado pela A25A - Associação 25 de Abril, em colaboração com a RTP. Sobre o Teatro de Operações da Guiné, a Adelise encontrará informação específica aqui. Inclui multimédia.

O INA - Institut National de l'Audiovisuel, da França, também tem alguns vídeos interessantes sobre a guerra na  Guiné (hoje, Guiné-Bissau). Ver em especial este "Guerre em Guiné" (, ORTF, 1969) (c. 14 minutos), de que temos um resumo analítico alargado, no nosso blogue.

No Google Imagens, encontrará centenas e centenas de documentos que lhe poderão interessar... Fazer a pesquisa deste modo: Google > Imagens > Guiné + "guerra colonoal" [, assim, com aspas]...

Na RTP Arquivos também tem algumas reportagens, mas menos interessantes...O regime político, de então, não estava nada interessado em mostrar à população a brutal realidade da guerra, em especial na Guiné...

No portal Casa Comum, organizado pela Fundação Mário Soares, tem à sua disposição o Arquivo Amílcar Cabral, de consulta também útil e interessante, nomeadamente em termos de espólio fotográfico.

Poderá ainda consultar uma obra de referência,  enciclopédica, " Os Anos da Guerra Colonial (1961 - 1975)", da autoria dos historiadores militares  e coronéis reformados, Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes (Matosinhos: Quidnovi: 2010, 838 pp., preço de capa c. 45€). O Carlos Matos Gomes foi, inclusive, combatente na Guiné.

Haveria muito mais fontes, mas para já e atendendo à natureza do trabalho em curso, para efeitos escolares, achamos que é suficiente. A Adelise poderá, de resto, consultar-nos, para tirar qualquer dúvida mais concreta.

Vamos desejar boa sorte  para o trabalho da Adelise, vamos ajudá-la a ter uma excelente nota no exame.  E no final vamos convidá-la a integrar a nossa Tabanca Grande, em representação do seu avô. Para isso, vai mandar-nos uma foto dela, e duas do avô (uma atual e outra do tempo da Guiné). Mas isso só depois de entregar o trabalho... no próximo mês de maio. Um beijinho para ela, um grande abraço para o avô.

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Nota do editor:

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10599: (In)citações (43): Recordando coisas da Guiné (Manuel Lomba)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), enviada no dia 28 de Outubro de 2012 à caixa de correio do nosso Blogue:

Prezado camarada Carlos Vinhal,
Venho correspondendo ao teu incitamento de recordar coisas de Guiné...

Aproveito para partir mantenhas e responder ao Henrique Cerqueira, ao Mário Fitas e ao António Rosinha, que a minha prosa lhes mereceu atenção (P10554).

O capitão João Bacar Jaló começou a carreira militar nos Caçadores Nativos, em Bissau e Bolama. Dou a mão à palmatória: não comandava a CCaç 13, mas da Companhia de Milícias 13, de Catió, aquando dos eventos em Cufar. Fui recorrente nesse erro de simpatia.

Meto a minha colherada na desavença de natureza cronológica do NAVEG e do Mário Fitas e aproveito para espraiar memórias da Guiné.

A Operação Razia, do assalto final à mata de Cufar Nalu, ocorreu em Maio; a CCav 703 veio de Bissau para Catió, para a integrar. Nos referidos dias de Abril, andávamos com Os Fantasmas e outra malta, pela região de Buba e Incassol; o tabanqueiro e camarada comando João Parreira foi um dos feridos perto de mim, pelos estilhaços da bazucada turra que abriu as hostilidades, naquela sinistra madrugada de 20 de Abril de 1965.

Da Operação Razia fomos directos para a Fortaleza da Amura, sofremos a redução do período de descanso e voamos nos Dakota, para Nova Lamego (Gabu), de emergência, porque turras e companhia de boinas vermelhas, militares da República da Guiné, andavam por aquela imensa savana, pobre de arborização a meter-se com a tropa, a queimar tabancas, a roubar gados e a matar populações fulas. Uns andaram por Canquelifá, outros por Pirada, outros por Madina do Boé; a mim calhou-me a defesa e segurança à fatídica jangada do Cheche.

Em vésperas da rendição da nomadização em Cufar fixei a notícia da rádio de Argel, pela voz do Manuel Alegre, que Cabral convocara a imprensa internacional para dar a conhecer ao Mundo a iniciativa de limpar a Frente Leste de tugas, aniquilando-os ou empurrando-os, implacavelmente, pelo seu novo e poderoso armamento e lembro-me, como se fosse hoje, de ter premeditado o afundamento da jangada, em contingência, confiado na guarnição e no canhão sem recuo 10.7, instalado num jipe americano Willis, que o comando afectara à minha missão. A força que nos rendeu disparou-o contra um grupo inimigo, abateu dois, impecavelmente fardados, armados com duas “pachanga “ para eles e “costureirinhas” para nós (as pistolas-metralhadoras PPSH), despojaram-nos dos quicos, cintos, sapatilhas de ténis e de uma catana nova, decorada com as cores da bandeira bissau-guineense, que comprei ao novo dono pagando-lhe uma cerveja e uma lata de conservas de anchova, no estabelecimento de um libanês, na rua principal de Nova Lamego, que exibia a tabuleta publicitária da venda de “Bebida gelado”. Foi-me confiscada na mala do carro, na noite de 28 de Setembro de 1974, na barricada montada antes da ponte de Vila do Conde, enquadrada por um marinheiro, jovem e barbudo, que se borrifou para a minha justificação de a fazer circular comigo, como talismã, a indiciar-me “reaccionário da maioria silenciosa”.

A CCav 703 assumiu o sector de Buruntuma em 25 de Maio de 1965, salvo erro ou omissão, a render o Pelotão comandado pelo alferes Vinhas (CCaç 509 ou da CCaç Nativos 3?). Além fronteira via-se a testa duma força de blindados da República da Guiné, salvo erro Panhard´s, com os seus esguios canhões apontados à tabanca. O capitão Lacerda fez o reconhecimento e cuidamos de aprontar um potente fornilho, no eixo da aproximação, ribeirinho ao pequeno rio Piai, que se nos interpunha, um molho de granadas de morteiro e de bazuca, os detonadores conectados a um extenso fio condutor, ligado ao dínamo-explosor, que ficou no posto de comando. Constava que ele havia feito explodir uma ponte, à guarda do pelotão de Cavalaria mecanizada e do seu comando, decidido a opor-se ao avanço de uma força de blindados indianos, na sua agressão ao Estado Português da Índia, havia 4 anos. Caiu prisioneiro e teria sido sujeito de maus tratos extra, por tal valentia. Vivemos mais uma das incontáveis noites de insónia e de prevenção extrema, particularmente aos bazuqueiros, municiadores e remuniciadores, as reservas de granadas à livre disposição, que cobrimos com os panos de tenda individuais.

Nessa noite, a Natureza brindou-nos com o início da época das chuvas, diluvianas e trovejantes, relâmpagos prolongados, o céu em fogo e a dardejar raios e coriscos. Não obstante as propriedades de tanto metal de armas e munições a expor-se à sua atracção, dispersas quanto nós, Santa Bárbara terá orientado um deles a penetrar pelo cabo condutor eléctrico e a viajar directo aos detonadores do fornilho, que se consumiu, numa explosão medonha; o chão tremeu e, por momentos, ficou mais fogo que o fogo do céu. Amanhecemos pela enésima vez ensopados até à medula dos ossos e a tiritar, mais do desconforto que do medo, inseparável companheiro, esgotados pelo cansaço endémico e pela tensão e angústias das vigílias que precedem os combates; e logo nos sentimos mais soltos, ante a gratificante visão de uma enorme cratera, capaz de engolir mais que um dos blindados ameaçadores e pelo desaparecimento destes, sem nos dar combate. O reconhecimento coube à secção e ao furriel Simas que os topou recolhidos no quartel estrangeiro de Kandica, situado a cerca de 1,5 km de Buruntuma e de nós.

A informação posterior encheu-nos o ego. Ao ter conhecimento da vinda para Buruntuma da “cavalaria” de Bissau, o comando guineano da região mandou aqueles blindados para a fronteira, com missão dissuasiva. A fama dos novos vizinhos, a fazer a sua apresentação com a dantesca explosão duma “arma secreta” fê-los dar meia-volta. Tal cavalaria referia-se ao BCAv 705, apodado de Cavaleiros Marinhos e a esteira da sua fama vinha das constantes intervenções pelo Sul e pelo Norte e a economia das suas baixas. Sem embargo os bons comandantes das subunidades, companhias 702, 703 e 704, que a vinda do major Ricardo Durão, para segundo-comandante, veio potenciar, considerávamo-nos soldados afortunados, com mais sorte que valentia, eficientes como pilha-galinhas, pouco dados à lamechas e propensos à maroteira. Começamos a operar no Leste em interacção com a CCaç 727, destacada em Canquelifá e Ponte Caium, comandada pelo capitão madeirense Evónio Vasconcelos; a sua malta era muito fixe, tinha menos tempo de serviço, mas contava 16 mortos em combate. Dir-se-ia que cada tiro cada baixa.

Incluí a equipa da Soares da Costa que, em 1982, negociou o estaleiro e o património mecânico da Tecnil, na estrada de Santa Luzia. Diligenciamos pela contratação de alguns dos seus quadros, já transferidos para Angola. Seria o António Rosinha? Na ocasião, o engº Ramiro Sobral presenteou-nos com garrafas de vinho do Porto, de sua produção no Douro. Num espaço fronteiro a esse estaleiro jaziam as estátuas derrubadas em Bissau, escondidas pelo capim. Paguei 50 contos pela do navegador Nuno Tristão e obtive o respectivo BRE (Boletim de Registo da Exportação), destinando-a ao meu jardim, em memória patriótica. Começara o seu embalamento e apareceu um jovem, apresentou-se como Secretário de Estado da Cultura e anulou a transacção, a incumbência do ex-ministro, o angolano Mário de Andrade, ex-MPLA, alegando que as estátuas pertenciam ao património histórico da Guiné-Bissau. O memorial ao descobridor da Guiné continuou estendido no capim e os meus 50 contos reverteram para os cofres (?) do novel Estado.

O comandante Alpoim Calvão passou por situação idêntica, recentemente. Comprou a estátua do presidente americano Ulisses Grant, derrubada em Bolama, o negócio acabou anulado, mas a ele calhou-lhe ficar arguido de tentativa de contrabando. Que a nossa memória enferruje, mas devagar...

Manuel Lomba
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10203: (In)citações (42): Bombeiro ou Militar, há que optar (José Martins)

sábado, 30 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10093: In Memoriam (120): Cor inf ref e escritor Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938 - Lisboa, 2012), comandante das CCAÇ 727 (1964/66) e CCAÇ 2316 (1968/69) (António Costa / Carlos Vinhal)


1. O nosso camarada António José Pereira da Costa mandou-nos, ontem, a seguinte necrológica:

Recebi, através da Ordem Nacional dos Escritores, do Brasil, a notícia que passo a resumir:

Faleceu, em 23 Junho de 2012, em Lisboa, o coronel de Infantaria reformado Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos [, imagem à esquerda, por cortesia da página Joaquim Evónio].

Comandou a CCaç 727 (Canquelifá) (Out 64 / Ago 66) e, em 1968, quando comandava a CCaç 2316, foi gravemente ferido em combate na área de Mejo/Guileje.

Militar, ginasta e desportista, após o seu ferimento, dedicou-se à poesia, à escrita.

Nascido em 1938, no Funchal, era director do núcleo da Ordem Nacional de Escritores, em Portugal, desenvolvendo um trabalho muito meritório na recolha de obras de poetas, artistas e escritores locais.

Grande cultor da língua, profundo conhecedor do nosso vernáculo, era um exigente revisor de provas de poesia e literatura em geral. Um verdadeiro intelectual e um talentos diseur de poesia.

Creio que poderá ter interesse a notícia para o pessoal das duas CCaç que comandou.

Um Abraço do
António J. P. Costa





Página pessoal do escritor e nosso camarada Joaquim Evónio (1938-2012), Varandas das Estrelícias.


2. O nosso co-editor Carlos Vinhal fez um resumo do seu CV como escritor:

Nasceu no Funchal, Madeira, Portugal, 1938.

Obras mais recentes: publicou "Sombra em Clave de Sol" (contos) (Universitária Ed. Lisboa, 1999, esgostado) e "Esboços Pessoanos" (poemas sobre desenhos de José Jorge Soares) (Ceres Editora, Lda., Ponte de Lima, 1994).

Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE), da Associação Portuguesa de Poetas (APP), do Instituto Açoriano de Cultura (IAC), da União Lusófona das Letras e das Artes (ULLA) e eera sócio honorário da Ordem Nacional dos Escritores do Brasil (ONE). Comendador da Ordem Heráldica da Paz Universal. Agraciado pelo Parlamento para a Segurança e Paz Mundial com a Medalha de Ouro d' O Pacificador da ONU Sérgio Vieira de Melo.

Geriu, desde Fevereiro de 2004, a página pessoal na Net Varanda das Estrelícias - Uma Ponte sobre os Oceanos, onde promoveu a difusão da língua e cultura lusófonas, recebendo colaboração de diversos artistas, poetas e escritores.


Notas sobre:

(i) CCaç 727 (1964/66): Foi mobiliza pelo RI 16. Partiu para o TO da Guiné em 6/10/1964e regressou em 7/8/66. Passou por Bissau, Nova Lamego. Canquelifá, Piche (. Só teve um comandante, o Cap Inf Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos

(ii) CCaç 2316 / BCAÇ 2835 (Bissau, Nova Lamego, 1968/69). Unidade de mobilização: RI 15. Partida: 17/1/68. Regresso: 4/12/69. Localização: Bissau, Bula, Mejo, Guileje, Gadamael, Bissau.


Teve vários comandantes: cap inf Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos; cap Inf António Jacques Favre Castelo Branco Ferreira: cap art Octávio Manuel Barbosa Henriques; cap cav José Maria Félix de Morais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8804: Convívios (375): XVIII Encontro da CCAÇ 727, dia 8 de Outubro de 2011, no RI 3 de Beja

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Velez de Oliveira, com data de 16 de Setembro de 2011, dando conta do Convívio da CCAÇ 727 (Guiné, 1964/66):

Boa noite Caro Camarada e Amigo Vinhal
Mais um Ano mais um Convívio.
Este Ano no RI-3 em Beja, onde grande parte dos "Caçadores" tiveram o primeiro contacto com a Instrução.

Meu Caro Vinhal, peço-lhe que divulgue no V/Grande Blog o Encontro/Convívio da CCAÇ 727, uma das Companhias que, talvez terão tido, mais baixas.

Em nome dos Elementos da Organização, um Grande Obrigado.


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8782: Convívios (368): Encontro do pessoal da CCAÇ 3461 do BCAÇ 3863 vai acontecer no próximo dia 17 de Setembro de 2011, em Coimbra (José Romão)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Guiné 63/74 – P7015: Convívios (273): XVII Encontro das CCAÇ 727 e CART 731, 09 de Outubro de 2010 – em Várzea, Barcelos (Sousa de Castro)


1. O nosso Camarada Sousa de Castro, que foi 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, enviou-nos, em 20 de Setembro de 2010, um pedido de divulgação do convite/programa da festa das CCAÇ 727 e CART 731:

Camaradas,

Agradeço a publicação do convite para o XVII encontro da CCAÇ 727 e CART 731, a realizar em Várzea – Barcelos.
Vai-se celebrar o 46º aniversário do seu embarque para a Guiné em Outubro 1964/66.
Um abraço Amigo,
Sousa de Castro
1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873


XVII Encontro Anual da CCAÇ 727 e CART 731 (Com presença da TVI)
Data: 09 de Outubro de 2010
Local: Freguesia da Várzea, Barcelos
PROGRAMA
- 10,00 Horas: Concentração junto à Igreja do Sr. Da Cruz em Barcelos. (Centro de Barcelos, ao lado do Campo da Feira onde poderão estacionar os seus veículos).
- 11,00 Horas: Missa por intenção de todos mortos em combate da CCAÇ 727 e 731, pelos que faleceram após o regresso e finalmente por todos familiares das pessoas presentes.
- 12,00 horas: Partida para o Restaurante.
- 13,00 Horas: Almoço no Restaurante “Manjar das Estrelas” em Freguesia da Várzea – Barcelos.
Contactos:
- CCAÇ 727 e outros - Joaquim Esteves Ferreira, 258 107 204 e 963 306 491
- CART 731 e outros – Domingos Alves da Silva, 253 831 716 e 937 891 622

Nota adicional:
Para além do Clero convidado que consta no convite, há mais quatro ex. Capelães Militares (3 do Exército e um da Força Aérea).
Missa com transmissão em directo pela TVI, a partir da Igreja do Senhor da Cruz para todo País e todo Mundo.
As celebrações do 17º Encontro Anual da CCAÇ 727 e CART 731 e do 46º aniversário do embarque para a Guiné 1964/66.
Presença das Corporações dos Bombeiros Voluntários de Barcelos e Barcelinhos, fazendo guarda de honra em homenagem sentida a todos aqueles que ao serviço da Pátria perderam a vida e que sempre recordaremos, com deposição de coroa de flores no monumento aos mortos, junto à PSP de Barcelos.
Nesta concentração contamos com a presença de ex. combatentes dos três ramos das forças armadas, que prestaram serviço no Ultramar Português: Angola, Guiné, Moçambique, Timor, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e na Índia.
Devido à dimensão desta concentração, foi solicitado à Polícia de Segurança Pública, apoio na orientação do trânsito para a saída da cidade em direcção ao Restaurante.
Temos reserva e vedação do estacionamento, junto à Igreja do Sr. Da Cruz.
A comissão organizadora agradece para que façam inscrição atempadamente.
Cientes da melhor atenção para o exposto a comissão agradece a atenção dispensada.
A Comissão:
Joaquim Esteves Ferreira – Balugães, Barcelos (CCAÇ 727)
Domingos Alves da Silva – Pereira, Barcelos (CART 731)
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Nota de M.R.:

sábado, 17 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5123: Convívios (170): Pessoal da CCAÇ 727, ocorrido no passado dia 3 de Outubro, em Fátima (Miguel Oliveira)

1. Mensagem de Miguel Oliveira, ex-combatente em Angola, nosso leitor habitual, com data de 16 de Outubro de 2009:

Meu Caro Vinhal,
Em primeiro lugar os meus cumprimentos, extensivo a todos os elementos do Blog, que acompanho diariamente.

Mais uma vez e em nome da Comissão Organizadora dos Convívios da CCaç 727, venho ao V/Blog para dar a notícia do Convívio 2009.

O Encontro/Convívio* realizou-se este ano em Fátima, como anteriormente anunciado e com algumas surpresas.

Este ano estiveram alguns elementos da CART 731/BART 733/RAL1, entre eles o ex-Cap Art Costa Matos, (Cor Tirocinado de Art.ª na Reforma) que foi o CMDT da Cart 731.
Tivemos também a presença de dois guineenses que fizeram parte dos Quadros da CCac 727; são eles: Mamadú Uri D'jaló e Jorge Mendes.

Foi assim em dia grande que os ex-combatentes e seus familiares posaram para as fotos, das quais envio quatro.

Por hoje é tudo, meu caro Vinhal, em nome de toda aquela juventude, um grande obrigado.

Um abraço

No Santuário de Fátima os ex-combatentes das duas Companhias

Ainda no Santuário de Fátima, agora com os seus familiares

Quando se procedia à chamada dos dois guineenses, ao Convívio

O ex-Cap Inf.ª Joaquim Vasconcelos, (de barba branca) rodeado de ex-combatentes das duas Companhias presentes.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4835: Convívios (155): Pessoal da CCAÇ 727, no dia 3 de Outubro de 2009 em Fátima (Miguel Oliveira)

Vd. último poste da série de 15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5112: Convívios (167): Encontro de ex-combatentes da Guiné do Concelho de Gondomar, ocorrido no dia 5 de Outubro de 2009 (Carlos Silva)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4835: Convívios (158): Pessoal da CCAÇ 727, no dia 3 de Outubro de 2009 em Fátima (Miguel Oliveira)

1. Mensagem de Miguel Velez de Oliveira, com data de 18 de Agosto de 2009, pedindo a divulgação do Convívio Anual do Pessoal da CCAÇ 727 que esteve na Guiné entre 1964 e 1966:

Meu Caro Carlos Vinhal
Em primeiro, cordiais saudações para toda a equipa desse Grande Blogue que acompanho diariamente desde 29/06/2008. Há um ano que pela mão dos Netos por aqui ando.

Conheço muitos ex-camaradas que por lá passam uns com muita frequência, outros nem tanto. Como não estive na Guiné, só quando algum amigo ex-combatente me pede para divulgar o seu Encontro/Convívio, aqui venho chatear o meu caro Vinhal.

Posto isto, vamos à notícia, que tenho a certeza seguirá agora em rumo certo:


ALMOÇO/CONVÍVIO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 727 GUINÉ 1964-1966

Os ex-combatentes da CCAÇ 727 que sairam de Vendas Novas no dia 8 de Outubro de 1964, pelas O4H14 para Lisboa, a fim de embarcarem no navio Niassa para a Guiné (O.S. n.º235, de 08/Out/1964 da EPA), vão estar reunidos no seu Convívio Anual, este ano em Fátima.

Restaurante:
Pastilha e Filhas, Lda.
Local do Encontro: Vale de Ourém - Fátima
Data: 03 de Outubro de 2009

Contactos:
Virgílio João dos Santos - 265 793 223 ou 914 710 183
Carmelindo Guerreiro - 265 891 855 ou 967 515 573

Por hoje é tudo caro camarada Vinhal, prometo voltar, o meu tempo é enorme o teu nem tanto!!

Um abraço de amizade
Miguel
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Nota de CV

Vd. último poste da série de 18 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4832: Convívios (154): 6.º Encontro do pessoal da CCAÇ 4540, dia 3 de Outubro de 2009 em Odivelas (Vasco Ferreira)

domingo, 24 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4405: Em busca de... (75): Contactos de camaradas e familiares de camaradas falecidos da CCAÇ 727 (Cabo Escriturário da CCAÇ 727)

1. Mensagem de 13 de Setembro de 2008 de alguém que não se identifica correctamente:

Companhia de Caçadores 727 (Guiné 64 -66)
Telemóvel 914101833

Outro dia (pp), em casa de uns amigos, observei numa página mantida por Luís Graça, Professor da Universidade Nova de Lisboa, algo que deixou fascinado.
Tratava-se de uma "Pedra" de Campa, onde podia ler-se o nome e o número de um militar que pertenceu à CCAÇ 727, que combateu na Guiné de 1964 a 1966.

Anastácio Vieira Domingos
Soldado 688/64 – Faleceu a 13-12-64
Talhão Militar/Cemitério Municipal(Bissau) Campa 1271


Nos dados relativos a mortos que eu tenho, realmente coincide com o que vi na internet.

Gostaria de saber mais notícias acerca de outros camaradas que tombaram lá na Guiné que pertenciam à CCAÇ 727 e que eu também pertenci, desempenhado as funções de "Escriturário".

Alferes Miliciano – António Angelino Teixeira Xavier
1.º Cabo – 708/64 – Avelino Martins Antunes
1.º Cabo – 707/64 – Leonel Guerreiro Francisco
Soldado – 819/64 – António Joaquim Graça Viegas
Soldado – 749/64 – José Maximiano Duarte

Estes militares juntamente com outros 2 (dois) (que já tenho informações pormenorizadas) tombaram a 30/1/65.

Soldado 775/64 Filipe Rosa Camacho (tombou a 4/7/65)
1.º Cabo 689/64 António Dias Martins (tombou a 8/6/65)
1.º Cabo 691/64 Manuel Gertrudes Guerreiro (tombou a 9/5/66)
Soldado 1270/64 Manuel J.S. Martins (tombou a 11/5/66)

Procuro familiares, ou contactos, dos nomes acima transcritos.

Cabo escritas (CCAÇ 727)
Telm: 914101833


2. Graças a prestimosa colaboração do nosso tertuliano José Marcelino Martins, pudemos elaborar este trabalho àcerca da CCAÇ 727, que se não ajudar o nosso peticionário, pelo menos enriquece os nosso espólio biográfico.

Companhia de Caçadores n.º 727 - Guiné 1964/66

Subunidade independente, mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 16, em Évora, sob o comando do Capitão de Infantaria Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos, embarca para a Guiné em 6 de Outubro de 1964, onde chega a 14 do mesmo mês.

Permanece no Sector de Bissau para instrução de adaptação operacional, na região de Có-Pelundo e Prabis, tendo destacado em 18 de Novembro um Pelotão para reforço da guarnição de Madina do Boé, integrada no dispositivo do BCAÇ 506.

Segue em 5 de Dezembro de 1964 para Nova Lamego, como Unidade de intervenção e reserva do Sector, atribuída ao BCAÇ 506, com sede em Bafatá e seguidamente ao BCAÇ 512, por divisão do Sector D, que se instalou em Nova Lamego.

Reforçou as guarnições de Madina do Boé, que já vinha do antecedente, e as guarnições de Buruntuma e Piche. Tomou parte em Operações nas regiões de Nova Lamego, Buruntuma e Madina do Boé, em que foi emboscada na estrada de Madina do Boé - Cobige, em 30 de Janeiro de 1965, que causou elevado número de baixas ao IN, mas também a lamentar sete mortos nas NT.

Foi substituída na missão de intervenção e reserva, pela CART 731, em 19 de Fevereiro de 1965.

Inicia o deslocamento para Canquelifá, a fim de substituir um Pelotão da CCAÇ 509, vindo a assumir a responsabilidade do Subsector de Canquelifá, criado em 25 de Fevereiro de 1965, continuando integrada no dispositivo do BCAÇ 512 e, posteriormente no BCAV 705, que substituiu o anterior Batalhão.

Entre 25 de Fevereiro e 20 de Maio de 1965, destacou forças para o aquartelamento de Dunane e, entre 20 de Maio e 22 de Agosto de 1965, destacou forças para Sinchã Joté, além de ter destacado efectivos pelos destacamentos de Cantire e Sinchã Joté, por períodos curtos e variáveis.

Mantendo-se no mesmo Sector, Nova Lamego, foi substituída em Canquelifá pela CCAÇ 817, em 22 de Agosto de 1965, para assumir a responsabilidade do Subsector de Piche, com destacamento na Ponte Caium e, temporariamente, em Dunane.

A 5 de Agosto de 1966, foi substituida em Piche por dois Pelotões da CCAÇ 1567, até à chegada da CCCAÇ 1586, recolhendo a Bissau, onde veio a embarcar com destino à Metrópole em 7 de Agosto de 1966


Tombaram em campanha
Por doença (difteria)


08DEZ64 - António Caeiro Combadão, Soldado Apontador de Metralhadora, N.º 782/67, solteiro, filho de Manuel Caeiro Combadão e de Joaquina Cândida Fialho, natural da freguesia de Alqueva, concelho de Portel, faleceu no HM 241 de Bissau. Foi inumado no Cemitério de Évora.

13DEZ64 - António Henriques Oliveira Marques, Fur Mil At Inf.ª, N.º 1374/63, solteiro, filho de Abílio Marques e de Etelvina Pessoa, natural de Vila do Mato, freguesia de Midões, concelho de Tábua, faleceu no HM 241. Foi inumado no Cemitério de Bissau - Campa 1270.

13DEZ64 - Anastácio Vieira Domingos, Soldado Apontador de Metralhadora, N.º 688/67, solteiro, filho de Jacinto Domingues e de Guiomar Vieira, natural de Portela dos Caídos, freguesia de Santa Clara-a-Velha, concelho de Odemira, faleceu no HM 241 de Bissau. Foi inumado no Cemitério de Bissau - Campa 1271.


No sábado, 30Jan65, encontrando-se já sob comando operacional do BCaç 512 [sendo Oficial de Informações e Operações o Major de Infantaria António Ribeiro Farinha], é montada por um Pelotão daquela CCaç 727 acantonado [desde 18Nov64] em Madina do Boé, uma emboscada no itinerário Madina do Boé - Rio Gobije, no decurso da qual ocorre uma contra-emboscada IN que causa às NT cerca de uma dezena de feridos e as seguintes sete baixas mortais:

António Angelino Teixeira Xavier, Alf Mil Inf, N.º 60-I-3064, Comandante de Pelotão, solteiro, filho de António Augusto Xavier e de Angelina da Luz Teixeira Xavier, natural da freguesia Carrazeda de Montenegro, concelho de Valpaços. Foi inumado no Cemitério de Carrazeda de Montenegro.
Foi agraciado com a Cruz de Guerra 4.ª Classe, a título póstumo (O.E. 20/II.ª/66), porque, colocado como Comandante do Pelotão num destacamento fronteiriço, saiu voluntariamente numa patrulha onde faleceu em combate, sabendo de antemão tratar-se de uma zona onde era provável o contacto com o inimigo.

António Joaquim da Graça Viegas, Soldado Atirador, N.º 819/64, casado com Maria Manuela dos Santos Bárbara, filho de José Joaquim Viegas e de Dorila da Graça, natural da freguesia Moncarapacho, concelho de Olhão. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné

Avelino António Martins, 1.º Cabo Atirador, N.º 708/64, solteiro, filho de Miguel António e de Perpétua Martins, natural de Canâno, freguesia de Alferce, concelho de Monchique. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné

Domingos Moreira Leite, Fur Mil Op Esp, N.º 1714/63, Comandante de Secção, solteiro, filho de Avelino Maria Leite e de Maria Rosa Moreira, natural da freguesia de Rebordosa, concelho de Paredes. Foi inumado no Cemitério de Rebordosa.
Foi agraciado com a Cruz de Guerra 3ª Classe, a título póstumo (O.E. 22/II.ª/65), porque, especialmente dotado para as funções operacionais de Comandante de Secção de Caçadores, que desempenhou com notável acerto e entusiasmo, [...] faleceu em combate quando a pequena coluna, de que fazia parte a sua secção, caíu numa violenta emboscada.

José Maximiano Duarte, Soldado Atirador, N.º 749/64, solteiro, filho de Sabino José Duarte e de Maria Celeste, natural da freguesia e concelho de Monchique. Gravemente ferido, foi evacuado de Nova Lamego para o HM 241, onde veio a falecer antes de findar esse dia. Foi inumado no Cemitério de Monchique.

José Pires da Cruz, Soldado Condutor Auto Rodas, N.º 937/64, solteiro, filho de Joaquim Pires da Cruz e de Maria dos Prazeres Pires, natural da freguesia de Cernache, concelho de Coimbra. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné

Leonel Guerreiro Francisco, 1.º Cabo Atirador, N.º 707/64, solteiro, filho de José Francisco e de Gracinda Guerreiro, natural da freguesia de Alte, concelho de Loulé. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné


Na Terça-feira 08Jun65, encontrando-se aquela Subunidade instalada em Canquelifá (com um destacamento em Sinchã Jidé e pequenos efectivos deslocados em Cantiré e Sinchã Joté), estando desde 01Jun65 operacionalmente dependente do BCav 705 [sendo Oficial de Informações e Operações o Capitão de Cavalaria Ramiro José Marcelino Mourato], quando em deslocação no itinerário Canquelifá - Sinchã Joté e a cerca de 2km da bifurcação para Nhumanca, morrem naquele, em combate os seguintes dois militares:

António Custódio Coelho, 1.º Cabo Apontador de Morteiro, N.º 804/64, solteiro, filho de Francisco Coelho e de Clementina Rosa, natural da freguesia de Coruche, concelho de Coruche, faleceu no Hospital Militar n.º 241 em Bissau. Foi inumado no Cemitério de Coruche.

António Dias Martins, 1.º Cabo Atirador, N.º 689/64, solteiro, filho de João Martins e de Maria Inácia Macia Dias, natural de Monte Alto, freguesia de Odeáxere, concelho de Lagos, faleceu no Hospital Militar n.º 241. Foi inumado no Cemitério de Odeáxere.


No domingo 04Jul65, no Subsector de Nova Lamego morrem em combate os seguintes três militares:

Adelino Castanheira Dias, Soldado Atirador, N.º 722/64, solteiro, filho de António Dias Martins e de Maria Rosa Castanheira, natural da freguesia de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Filipe Rosa Camacho, Soldado Atirador, N.º 775/64, solteiro, filho de Luís Camacho e de Virgínia Rosa, natural da freguesia e concelho de Ferreira do Alentejo. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Francisco João Beirão, 1.º Cabo de Armas Pesadas, N.º 807/64, solteiro, filho de Casimiro Beirão e de Olinda Jesus Henriques, natural da freguesia de Veiros, concelho Estremoz. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.


No domingo 22Ago65, momento em que foi substituída por troca com a CCaç 817, quando no aquartelamento de Canquelifá um sentinela ia ser rendido, aquele inadvertidamente atingiu gravemente a tiro o militar da CCaç 727 que naquele posto o iria render:

Mamadu Said Jaló, Soldado Atirador, N.º 471/64, solteiro, recrutado do CTIG, filho de Alarba Sibide e de Malan Jaló, nascido na freguesia de Santa Isabel, concelho de Nova Lamego, evacuado para o HM241 onde veio a falecer. Foi inumado no Cemitério de Bissau - Campa 1884.


Na Segunda-feira 25Abr66, encontrando-se a citada Subunidade desde há cerca de oito meses em Piche, a 15km de Nova Lamego e de regresso ao acantonamento ocorre um acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Gertrudes Guerreiro, 1.º Cabo Atirador, N.º 691/64, solteiro, filho de Isabel Gertrudes e de Daniel Salvador Guerreiro, nascido na freguesia de Alte, concelho de Loulé, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Segunda-feira 09Mai66.


Na Sexta-feira 06Mai66, ocorre em Piche um outro acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Joaquim de Sousa Martins, Soldado Condutor Auto Rodas, N.º 1270/67, solteiro, filho de Rosa de Sousa Martins e de Domingos Lima Martins, nascido na freguesia do Carreço, concelho de Viana do Castelo, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Quarta-feira 11Mai66.


Contactos (apenas um localizado):

Virgílio João dos Santos
SETÚBAL
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4399: Em busca de... (74): O caboverdiano Leão Lopes, meu antigo camarada de Bambadinca, BENG 447, 1970/72 (Benjamim Durães)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3324: O Nosso Livro de Visitas (36): Miguel Oliveira, ex-combatente em Angola

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Oliveira, ex-combatente em Angola, nosso leitor habitual, com data de 13 de Outubro de 2008:

Olá Meus Caros Camaradas ex-Combatentes.
Continuo sem saber entrar na vossa página e assim aqui estou para vos agradecer a vossa ajuda na divulgação do Encontro da CCAÇ 727.

Junto envio uma foto do referido Encontro. O homem ao centro, de barbas já brancas, é aquele que foi o Comandante da 727 (*), ex-Cap Joaquim Evónio R. Vasconcelos. O ex-1.º Cabo Carmelindo Guerreiro, pediu para vos enviar a foto do Convívio Anual (**). Soube agora que a 727 terá tido cerca de 18 baixas.

Mais uma vez o meu obrigado em nome daquela juventude.
A porta ficará de certeza aberta para eles virem até ao Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Foto de família do Encontro CCAÇ 727, Guiné, 1964/66, que ocorreu no passado dia 11 de Outubro na Gafanha da Encarnação, Aveiro.

2. Mensagem de resposta, enviada em 16 de Outubro:

Caro Miguel Oliveira
Obrigado pelo teu contacto

Entrar na nossa página é facílimo. Podes escrever : http://www.blogueforanadaevaotres.blogspot.com/ e fazer enter ou clicar directamente em cima do próprio endereço que te mando.

Terás que pedir a alguém da nova geração que te ensine a navegar na internete. Como costumo dizer, não somos já do tempo destas modernices. Estou a brincar, claro. Estamos em boa idade para aprender e se te disserem que isto é difícil, não acredites. Eu, há meia dúzia de anos não imaginava estar a ajudar o nosso Luís Graça.

Votos de muita saúde e boa disposição.

Teu camarada
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Sobre a CCAÇ 727 pode ler-se poste de 18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1292: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte I):

Companhia de Caçadores n.º 727

Formada no RI16 em Évora, chegou à província em 14 de Outubro de 1964, tendo feito a instrução de adaptação operacional em Có-Pelundo e Prábis. Em 18 de Novembro de 1964 destaca um pelotão para reforço do BCAÇ 506, que foi reforçar a guarnição de Madina do Boé.

Em 5 de Dezembro de 1964 foi a companhia transferida para reforço e reserva do BCAQÇ 512, mantendo um pelotão em Madina do Boé.

Tomou parte em diversas operações levadas a cabo na região de Nova Lamego e Madina do Boé, sendo de salientar a emboscada na estrada Madina do Boé-Gobige, em 30 de Janeiro de 1965, que causou grande número de baixas ao inimigo.

Foi rendida pela CART 731 na missão de intervenção em 19 de Fevereiro de 1965.

Regressou à metrópole em 7 de Agosto de 1964.

(**) Vd. poste de 30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3254: Convívios (86): Pessoal da CCAÇ 727 (Guiné 1964/66), dia 11 de Outubro na Gafanha da Encarnação, Aveiro.