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domingo, 17 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)



É com todo o prazer que faço o seguinte comentário ao futuro poste do Macau. Se o acharem extenso poderão resumi-lo de acordo com o espaço disponível.

Foi com satisfação que tomei conhecimento do poste do Joaquim Macau, pois não me sentindo, como é evidente, isolado na nossa tertúlia, é bom ter alguém com a mesma origem: a 2ª CCAÇ do 4616.

Tenho só a lembrar ao Macau que a “curva da morte” ficava perto da Ponte dos Fulas e que a emboscada, de 15 de Maio, se deu no limite do nosso sector, com Mamsambo, no pontão do rio Jagarajá.

O Domingos, continuo em crer que foi atingido no peito. A sua G3, toda distorcida, só foi recuperada 15 dias depois, na mesma zona, aquando de uma nova segurança à nossa habitual coluna de abastecimento. Se estava a usá-la com a bandoleira podia tê-la, então, pelas costas - a preocupação dele seria o Rádio - e então o Macau pode ter razão.

O Macau também se deve lembrar que, também o alferes Aguiar faleceu, já no HMB, atingido por uma mina accionada nessa emboscada.

O Allouette III, na foto, fez parte da única formação aérea que pousou naquele heliporto antes do 25 de Abril e no nosso tempo. Tinha transportado o general Bettencourt Rodrigues na visita ao Xitole. O meu GC estava, na altura, destacado na Ponte dos Fulas que o nosso general também foi visitar.

Quanto ao problema da água creio que tem razão. Havia mais dificuldade em manter os níveis no depósito, já que, o mesmo, servia mais pessoal. Pessoalmente, só por ma ocasião tive falta dela, durante um dia , mas o bidão que servia, creio que 2 pessoas, era de fácil enchimento. No entanto não recebi qualquer queixa dos camaradas do meu GC.

Um grande abraço para o Macau e para todos tertulianos.

Com os melhores cumprimentos,

(José António dos Santos Zeferino)

__________

Nota de M.R.:

Vd. Último poste da série em:



Vd. poste anterior do autor em:



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2588: Historiografia de uma guerra (3): a última emboscada do PAIGC, na ponte do Rio Jagarajá, em 15 de Maio de 1974 (José Zeferino)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xitole > 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616 (1973/74) > Jargas, um os guias e picadores do Xitole que estavam na frente da coluna que foi emboscada no Jagarajá

Foto : © José Zeferino (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande, José Zeferino, ex-Alf Mil At Inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74 (1)

Assunto - Comentário de Abreu dos Santos ao post 2565, de José Zeferino (2)


Caros camaradas da Guiné e tertulianos:


A propósito do referido comentário e sem querer nem procurar qualquer tipo de protagonismo ou polémica, tenho que referir o seguinte:

(i) Não tive conhecimento de qualquer espécie de coluna motorizada de Bambandica com o objectivo de contactar o PAIGC. Mas não me admiro que estivesse a ser preparada.

(ii) As únicas viaturas militares presentes no dia 15 de Maio de 1974 no Jagarajá pertenciam ao Xitole.

(iii) Para a instalação da segurança da coluna para Cambessé saíu do Xitole o 4º GC comandado pelo alferes Luís Aguiar, apeado, e procedendo à picagem até ao Jagarajá.

(iv) Um outro grupo de combate, creio que o 2º, seguia-o em dois unimogues e a alguma distância.

(v) O 3º GC, o meu , de reserva, chegou ao local praticamente no fim da emboscada.

(vi) O procedimento para lá do pontão [do Rio Jagarajá], portanto na zona da 1ª CCAÇ, de Mamsambo , não foi analisado por mim, nem o podia ser.

(vii) Quando se desencadeou a emboscada – não uma simples flagelação, como se pretende – o alferes Aguiar acciona uma mina ao procurar abrigo nas árvores, tendo ficado sem uma perna.

(viii) O comandante da milícia de Cambessé também faz detonar uma mina que lhe amputa um pé.

(ix) Logo atrás, no começo da descida para o rio, o soldado - já confirmei que não era cabo, pelas minhas notas - de transmissões Domingos Ribeiro é atingido por fogo directo, no peito, ao tentar posição que lhe permitisse contactar com o quartel. Já depois de ter estado bem abrigado do fogo inimigo.

(x) Tive conhecimento de um soldado morto na zona de Mamsambo mas não confirmei as circunstâncias. Creio que se prestava para fazer fogo de LGF.

(xi) Assinala, ainda, Abreu dos Santos um morto da 3ª CCAÇ do 4616/73. Em consequência deste ataque de 15 de Maio no Jagarajá? É que não me recordo de ter visto algum camarada da 3ª CCAÇ na zona do Xitole, nem em Mamsambo. A 3ª CCAÇ do nosso Batalhão estava posicionada em Farim e K3.

(xii) Seja : os camaradas mortos, de imediato ou não, e feridos do Xitole NÃO SALTARAM APRESSADAMENTE DAS VIATURAS PROVOCANDO A DEFLAGRAÇÃO DE MINAS.

(xiii) Uma referência ainda aos “disparos longínquos”: Os nossos batedores, guias e picadores - entre eles o Jargas , de quem envio uma foto – responderam ao fogo IN em plena picada. Mais tarde, quando da entrega do quartel ao PAIGC, e já à civil , reconheceram elementos das forças que nos tinham atacado em 15 de Maio no Jagarajá.O reconhecimento visual foi recíproco. Lembravam-se, gracejando, que tinham disparado uns contra os outros. Estavam a alguns metros uns dos outros.

(xiv) Gostaria, por fim, de ver comentários de camaradas que estiveram naquele dia lá. Pois posso ter omitido, sem querer, qualquer facto. E até desconhecer outros. Natural. Foi há 34 anos!

Assim caros editores deixo nas vossas mãos o tratamento que optarem por dar a este mail. Seja qual for, concordo.

Com os melhores agradecimentos e cumprimentos e esperando regressar ao vosso convívio com relatos mais agradáveis .

José António dos Santos Zeferino

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Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2565: Tabanca Grande (57): José Zeferino, Alf Mil At Inf , 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74)

"(...) No dia 15 de Maio de 1974, na zona do Rio Jagarajá, limite de actuação das forças do Xitole, fomos alvo de uma violenta emboscada que nos causou dois mortos (um alferes e um cabo de transmissões), um ferido grave (o Comandante da Milícia de Cambessé) e uns, poucos, feridos ligeiros. Procedia-se à segurança de uma minicoluna com materiais de construção para Cambessé. (...)"


(2) V d. poste de 21 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2568: Historiografia de uma guerra (2): Maio de 1974, Sector L1 (Bambadinca): Os nossos quatro últimos mortos (Abreu dos Santos)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2565: Tabanca Grande (57): José Zeferino, Alf Mil At Inf , 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74)


José Zeferino
ex-Alf Mil At Inf
2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616
Xitole
1973/74



1. Em 19 de Fevereiro de 2008, José Zeferino dirigia-se ao Blogue com esta mensagem:

Caros Luís e camaradas da Tabanca Grande:

Há já vários meses que frequento as vossas páginas com a certeza de que seria inevitável propor-me para me juntar a todos vós nesta vossa e, espero que o possa dizer nossa, Tabanca.

Chamo-me José A.S. Zeferino, sou de 1952, e actualmente Técnico de Estatística, no Instituto Nacional.

Fui Alf Mil At Inf na Guiné, fazendo parte do 3.º Gr Comb, da 2ª CCAÇ (Xitole), do BCAÇ 4616/73 (Bambandinca)

O Batalhão começou a chegar a Bissau a 22 de Dezembro de 1973. Estava completo a 5 de Janeiro de 1974, no Cumeré.

Nesta minha primeira intervenção creio que tenho o dever de rectificar a afirmação, em documentário da RTP1 sobre a Guerra, de que o último combate na Guiné teria acontecido em 26 ou 27 de Abril de 1974.

Mas, no dia 15 de Maio de 1974, na zona do Rio Jagarajá, limite de actuação das forças do Xitole, fomos alvo de uma violenta emboscada que nos causou dois mortos (um alferes e um cabo de transmissões), um ferido grave (o Comandante da Milícia de Cambessé) e uns, poucos, feridos ligeiros.

Procedia-se à segurança de uma minicoluna com materiais de construção para Cambessé.

No dia 30 de Maio de 1974 são detectadas e levantadas minas antipessoal e anticarro reforçadas com granadas de RPG. Foram colocadas depois da emboscada de 15 de Maio

Na noite de 5 para 6 de Junho, o quartel do Xitole foi alvo de tentativas de infiltração. Detectadas pelas sentinelas. Foi morto um elemento atacante.
Se tiver oportunidade voltarei a este incidente.

Por fim, no dia 15 de Junho de 1974 e na sequência de um patrulhamento para além da ponte dos Fulas [, sovre o Rio Pulom,] foi avistada, pendente de uma árvore, uma carta com um maço de tabaco Nõ Pintcha e um isqueiro.
Convidava o Capitão a reunir-se, nesse mesmo dia, nessa mesma picada, com os Comandantes e Comissário Político do PAIGC na zona.

E acabaram, assim, as operações militares no Xitole, nesse mesmo dia.

Por agora envio-lhes, além das minhas fotos de ontem e de hoje, uma da festa da entrega do quartel do Xitole feita à noite na povoação. Estou com dois jovens comandantes do PAIGC


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > 15 de Junho de 1974 > Xitole> José Zeferino no dia da festa da entrega do aquartelamento, com dois Comandantes do PAIGC

Foto : © José Zeferino (2008). Direitos reservados.


As melhores saudações para todos que combateram, de ambos os lados, na Guiné.

As maiores felicitações e admiração para o Luís e camaradas por terem levado e continuarem a levar para a frente esta tertúlia luso-guineense.

José António dos Santos Zeferino

e-mail: josezeferino@netcabo.pt

2. Em 20 de Fevereiro foi enviada mensagem ao Zeferino nos seguintes moldes:

Caro José Zeferino:

Os meus cumprimentos e votos de boa saúde.

Podes considerar-te desde já e enquanto quiseres, membro da nossa Tabanca Grande.
É com muito prazer que te recebemos. Fizeste muito bem em vir até nós.

Fizeste parte da geração de combatentes que fechou a guerra. Pena foi que tenham morrido camaradas já depois do 25 de Abril, como nos dás conta. É inglório que um Batalhão com tão pouco tempo de comissão tenha a lamentar baixas. Ainda bem que tudo acabou.

Esperamos de ti algumas resenhas das tuas experiências na Guiné, se possível acompanhadas de fotos ilustrativas.

Parece que ainda estás profissionalmente no activo, mas deixo-te o convite, caso tenhas disponibilidade, para apareceres no dia 6 de Março pelas 14,30 horas, na Sociedade de Geografia (julgo que moras em Lisboa) onde poderás conhecer alguns elementos da nossa Tertúlia.

Recebe um abraço de boas vindas de todos os camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Carlos Vinhal