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sábado, 14 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1950: Louvores e condecorações (3): Louvores atribuídos a militares da CART 2732 (Mansabá, 1970/72) (Carlos Vinhal)

A CART 2732 (1) foi uma Companhia de quadrícula que suportou alguns sacrifícios. Estando colocada numa ZA muito importante, tanto para as NT como para o PAIGC, a região do Oio e, tendo próximo a base do Morés e os corredores envolventes, foi obrigada a participar em imensas operações durante a sua subordinação ao BCAÇ 2885 e, posteriormente, ao COP 6.

Não foi por acaso que permaneceu em Mansabá durante 22 meses ininterruptos. A coragem e espírito de sacrifício dos seus militares foi inexcedível, chegando por vezes ao limite humano.

Colaborou de forma intensa na protecção aos trabalhos de construção do troço da estrada entre o Bironque e o K3, o que lhe trouxe como prémio inúmeros contactos com o IN no mato e ataques ao aquartelamento de Mansabá.

No mês de Dezembro de 1971, a escassos dois meses de acabar a Comissão, sofreu duas baixas por morte em combate em Mamboncó , no troço de Mansabá/Cutia, quando fazia mais uma das numerosas colunas auto a Mansoa.

Neste aziago mês, A CART 2732, em combate teve 2 mortos, 14 feridos graves e 27 feridos ligeiros. Muitos deste feridos foram evacuados para o Hospital Militar Principal de Lisboa.

Assim justifico a publicação destes louvores, não com vaidade, mas com orgulho de ter pertencido à CART 2732.


Louvores atribuídos a militares da CART 2732

Pelo General Comandante-Chefe das FA

Alf Mil At - Américo Almeida Nunes Bento
Sold At - António Góis Perestrelo
Sold At - Domingos Martins Perestrelo
Sold At - Fernando da Costa
Sold At - José Bernardo Rodrigues Espírito Santo
Sold At - José Figueira da Silva
1.º Cabo At - José Manuel Ornelas da Silva
Sold At - José Patrício Caldeira
Alf Mil At - Manuel António Casal


Pelo Brigadeiro Comandante Militar

1.º Srgt - João da Costa Rita
Sold At - José Espírito Santo Barbosa (A Título Póstumo)
Sold At - José Oliveira Torrinha
Alf Mil At - Luís Filipe Nunes Oliveira Rodrigues
Sold At - Manuel Vieira (A Título Póstumo)


Pelo Comandante do COP 6

1.º Srgt - António da Piedade dos Santos
Capitão - Armando Vieira Santos Caeiro
1.º Cabo Coz - Armindo Ferreira Lopes
Fur Mil At MA - Carlos Esteves Vinhal
Sold Trms - Francisco da Silveira Rebelo
1.º Cabo Ap Met - Inácio Rodrigues da Silva
Sold Trms - João Marcelino Malhão Gonçalves
1.º Cabo At - João Samuel Rodrigues Ramos
1.º Cabo M. A. R. - José Alves da Costa
Sold At - José Augusto Pinheiro Miranda
Sold At - José Dias Freitas Alves
Fur Mil Alim - José Gabriel Amorim da Costa
1.º Cabo Enf - José Mateus Reis Pedro
Sold At - Júlio Vieira Freitas Muchacho
1.º Cabo Op Cripto - Mário Romana Soares


Pelo Comandante da CART 2732

Sold At - Adelino Viveiro Francos
Sold At - Albertino da Ponte
Sold At - António Carlos dos Ramos
Sold At - António Ribeiro Teixeira
Sold At - António Rodrigues da Silva
Sold At - Avelino Gonçalves Pinto
1.º Cabo Escrit - Duarte Moreira Oliveira
Sold C.A.R. - Fernando da Costa Oliveira
Sold At - Francisco José Gouveia
1.º Cabo At - João Abel Gouveia
Sold C.A.R. - Joaquim Sousa Santos
1.º Cabo At - José João Pereira Pontes
Sold At - Silvestre dos Santos Pinto
Sold Coz - Virgílio Anastácio de Abreu

Carlos Vinhal
Fur Mil Art MA
_______________

Notas de CV:

(1) Sobre a madeirense CART 2732, vd. os seguintes posts (ordem: dos mais recentes para os mais antigos; lista exemplicativa)

27 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1889: Tabanca Grande (20): Inácio Silva, 1.º Cabo Apontador de Metralhadora, CART 2732 (Mansabá, 1970/72)

17 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1671: Efemérides (2): Há 37 anos a CART 2732 desembarcava em Bissau (Carlos Vinhal)

10 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1163: Destacamento temporário do Bironque, inaugurado pela madeirense CART 2732 (Carlos Vinhal)

18 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXI: Breve historial da CART 2732 (Mansabá, 1970/72) (Carlos Vinhal)

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLI: A madeirense CART 2732 (Mansabá, 1970/72) (Carlos Vinhal)

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1889: Tabanca Grande (20): Inácio Silva, 1.º Cabo Apontador de Metralhadora, CART 2732 (Mansabá, 1970/72)

1. Mensagem do Inácio Silva de 18 de Junho para o Editor Luís Graça

Caro Luís Graça:

Não tive, ainda, o prazer de te conhecer pessoalmente, mas tão só em fotografia. Mas, por aquilo que está publicado, quer na tua página, quer nos teus blogues, tenho que me curvar perante a quantidade e a qualidade de tantos artigos publicados, fotografias, histórias, etc., que não deixarão cair no esquecimento o período da História de Portugal que, embora sem mérito para o País, marcou, profundamente, os seus jovens, os pais e as famílias, no período compreendido entre os anos de 1961 e 1974. Quero dar-te os meus sinceros parabéns.

Fui camarada do Carlos Vinhal, na CART 2732, que esteve em Mansabá, Guiné, entre 1970 e 1972. Só há cerca de dois meses consegui redescobri-lo, precisamente através do teu blogue. Desde então, temos mantido contactos regulares, através da internet e do Windows Live Messenger.

Tenho estado empenhado, também, em ajudar a que se faça justiça, relativamente à dívida de gratidão que o País tem para com os ex-combatentes. Refiro-me ao Complemento Especial de Pensão, previsto na Lei 9/2002. Neste sentido, criei o blogue Relembrar para Não Esquecer (http://guerracolonial.blogs.sapo.pt/) onde estão publicados os documentos que se relacionam com este tema.

Em breve irei precisar da tua colaboração para anunciar a recolha de assinaturas para o abaixo-assinado que, certamente, terá que ser feito, para acompanhar uma nova Petição, a dirigir à Assembleia da República.

Por agora, desejo que me consideres mais um elemento da tua tertúlia...

Para que fiques com alguns elementos a meu respeito, informo-te que fui 1.º Cabo de Art, com o n.º mec.º 06101569, sou oriundo da Madeira e que, como camarada do Carlos Vinhal, ambos vivenciámos episódios comuns, em Mansabá.

Oportunamente, far-te-ei chegar um pouco do que ainda se encontra na memória, sobre o período que correspondeu à estada na Guiné, conforme a vivi e entendi.

Envio-te duas fotos, conforme é solicitado.
Um grande abraço do

Inácio Silva



2. Comentário do co-editor, Carlos Vinhal:

Caro Inácio:

Como adivinhas, é com um enorme prazer que te dou as boas vindas ao nosso Blogue. É uma alegria ter um companheiro de luta, junto de mim.

Entre os tertulianos há alguns camaradas que são, entre si, colegas de Companhia, ou pelo menos de Batalhão. Eu estava só e com nenhumas perspectivas de ter alguém que me chamasse a atenção para um escrito menos verdadeiro, pois o tempo vai desvanecendo a memória e a realidade vai-se confundindo com a ficção.

Chegaste tu para contares estórias que eu não vivi, porque não estive em todas, felizmente.

És além de tudo um Madeirense, representante de um povo que eu desde a primeira hora neste Blogue, exaltei como destemido, humilde no melhor sentido da palavra e, acima de tudo, leal para com os seus superiores de ocasião. Nunca se pouparam a esforços para levarem a cabo as missões confiadas, muitas vezes com desprezo pela própria vida, imbuídos de um dever patriótico.

Em meu nome e no do Luís Graça, bem-vindo.
Fraternal abraço do camarada
Carlos Vinhal

sábado, 8 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P945: 'Gente feliz com lágrimas': o Zé da Ilha, o furriel Sousa, madeirense, da CCAÇ 12

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Nhabijões > 1970 > Pessoal da CCAÇ 12, destacada no reordenamento de Nhabijões. O furriel Sousa é o primeiro da direita, seguido dos furriéis Reis e Henriques. O tocador de acordeão era o nosso 1º cabo escriturário, se não me engano.

Foto do arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

© Humberto Reis (2006).

Fão, Esposende > 1994 > Encontro da malta de Bambadinca (1968/71): CCS do BCAÇ 2852 (1969/71), CCAÇ 12 (1969/71), Pel Daimler 2606 (1970/71) e outras unidades adidas.

Na foto, o José Luís Sousa é o segundo a contar da esquerda para a direita, ladeado pelo Humberto Reis, o António Carlão e o J.L. Vacas de Carvalho.

Foto: © Humberto Reis (2006).

Mensagem do José Luís Sousa, ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, o nosso baladeiro, tocador de viola, o nosso camarada madeirense que era a doçura em pessoa...

Recordo-me de, no regresso a casa, em Março de 1971, o Uíge ter parado no Funchal o tempo suficiente para nós irmos, em grupo (em bando!), cantar e dançar o bailinho da Madeira na famosa Rua do Comboio, em casa do Sousa, a mesa farta, e à volta uma alegre e numerosa família madeirense, jovial, simpatiquíssima, alegre, de que guardei para sempre a melhor memória...

A família do Sousa, o nosso Zé da Ilha - era assim que o tratavamos, afectuosamente - , os seus numerosos manos e manas, ainda hoje os associo, a todos, por um qualquer automatismo da memória, ao filme Música no Coração... Foi um momento único e mágico na viagem do nosso regresso a Lisboa...

Vocês, amigos e camaradas da Guiné, não imaginam a alegria que foi, naquela casa, o regresso do mano Sousa, vivinho da costa, devolvido aos pais e irmãos, rodeado por todos os cacimbados dos seus camaradas, os furriéis e alferes da CCAÇ 12...

Voltei a encontrar o Sousa em 1994, em Fão, Esposende, e logo a seguir na sua terra natal... Fui depois várias vezes ao Funchal, por motivos profissionais, e nomeadamente nos últimos meses, mas confesso que não tive o mínimo de tempo para o procurar... Até pela simples razão de ter perdido o seu contacto telefónico... Vejo que o Sousa continua a trabalhar nos seguros... Mais assíduo e mais amigo tem sido o Humberto Reis que nunca deixa de porocurar o Zé Luís quando vai à Madeira...

Com a entrada do Zé Luís, são já cinco os camaradas da CCAÇ 12, da época de 1969/71, que fazem parte da nossa terúlia: eu próprio, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Jaquim Fernandes e agora o Zé da Ilha...Há ainda o António Duarte, mas este camarada, que nos sucedeu na CCAÇ 12, é já de outra geração (1973/74)... Dois ou três anos de diferença, lá no cu de Judas, no inferno da Guiné, era mesmo uam diferença abissal...

Zé: para a próxima, não me escapas!... Mais tarde ou mais cedo, haveríamos de nos encontrar nesta caserna virtual, de gente tão generosa e boa como a tua família... Espero que esteja tudo bem contigo, a começar pelos teus pais, tão amorosos, e os teus joviais manos e manos, gente feliz com lágrimas de quem eu guardo a melhor das recordações...

Faz-me o favor de mandar as duas fotos da praxe que é para eu te pôr, todo bonitinho, na nossa fotogaleria... E, claro, a uma pequena estória onde falas de ti, de nós, da Guiné... Foi uma enorme alegria receber o teu mail, mesmo telegráfico, que aqui reproduzo para o resto da tertúlia:

Amigo. Lindo o teu trabalho. Qual GRITO DE GUERA dos momentos passados naquela Guiné. Continua. Acompanharei, a partir de hoje, tudo o que de novo for inserido neste Blogue. Um GRANDE abraço do José da Ilha. Madeira, 06-07-06 José Luis Sousa.

sábado, 25 de março de 2006

Guiné 63/74 - P632: Tabanca Grande: Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA da madeirense CART 2732 (Mansabá, 1970/72)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (Mansabá, 1970/72)> 1970 > : 3.º Pelotão, secção do Fur Mil Vinhal (primeira fila, à direita, ladeado pelo seu amigo Ornelas). 
© Carlos Vinhal (2006)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (Mansabá, 1970/72)> 1970 > 3º Pelotão a que pertencia o Fur Mil Vinhal (na primeira fila, à esquerda).
© Carlos Vinhal (2006)

Amigos e camaradas de tertúlia: Abram aulas para receber mais um camarada da Guiné. Aqui vai o testemunho do Carlos Vinhal, ex-furriel miliciano da CART 2732 (Mansabá, 1970/72):

Caro Luís Graça

Entrei recentemente no seu site e, como antigo combatente da Guiné, queria deixar o meu modesto contributo para aumentar o número daqueles que não têm complexos em assumir-se como antigos combatentes de uma guerra que, a não querendo, dela não fugiram.

A propósito, lembro-me que após o 25 de Abril foi um tal de aparecerem heróis que fizeram a "guerra colonial" em França, na Suécia e outros países similares que albergavam aqueles que tinham mais coragem para fugir do que para enfrentarem a dura realidade de uma guerra sem fim. Questões ideológicas? Talvez.

Passo a apresentar-me:

(i) chamo-me Carlos Esteves Vinhal, fui Furriel Miliciano Atirador com a especialidade de Minas e Armadilhas;

(ii) fui incorporado como instruendo do CSM em Abril de 1969 nas Caldas da Rainha (RI5);

(iii) a especialidade de Atirador tirei-a em Vendas Novas (EPA);

(iv) em Novembro fui para Tancos (EPE) onde tirei o XXXIII Curso de Minas e Armadilhas;

(v) em Dezembro rumei para o Funchal onde ajudei a dar a Especialidade de Atirador a um grupo de militares madeirenses com os quais se formaram as duas primeiras Companhias do Grupo de Artilharia de Guarnição n.º 2 (GAG2) a irem para o Ultramar: a CART2731 foi para Angola e a minha, a CART2732, embarcou no Cais do Funchal para a Guiné no dia 13 de Abril de 1970, onde chegou a 17;

(vi) uns quantos dias em Brá e no dia 21 do mesmo mês seguimos para Mansabá, situada entre Mansoa e Farim, onde permanecemos em quadrícula até finais de Fevereiro de 1972.

Como se tratava de uma Companhia independente ficámos dependentes administrativa e operacionalmente ao BCAÇ 2885, sediado em Mansoa. Os Oficiais, Sargentos, Cabos e Soldados especialistas eram todos continentais. Os madeirenses, homens de comprovada bravura, eram aquilo que poderíamos chamar a carne para canhão. A verdade é que muitos deles foram feridos em combate mais de uma vez e nunca viraram a cara à luta. Verdadeiros heróis anónimos, embora alguns reconhecidos e louvados até pelo General e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Perdemos três militares madeirenses, dois em combate quase no fim da comissão (o Vieira e o Barbosa) e um por acidente (o Silvestre). O soldado Malcata, oriundo do continente, morreu de doença. Perdemos também o Alferes Couto que, tendo como eu o Curso de Minas e Armadilhas, viu-lhe rebentar nas mãos uma mina antipessoal.

Futuramente escreverei mais umas coisas, porque memórias não faltam.

É com muita honra e a título de homenagem aos meus valorosos camaradas madeirenses da CART2732 e em particular ao meu 3.º Pelotão que anexo duas fotografias. Na de cima a minha Secção e na de baixo o meu Pelotão.

Refira-se que nesta altura - e só tínhamos 6 meses de comissão - já a Companhia se encontrava desfalcada. Já havia morrido o Alferes Couto e estava hospitalizado o Alferes Bento, comandante do meu Pelotão, vítimas do mesmo incidente. Estou presente nas fotografias, na da Secção estou em baixo à direita, ladeado pelo meu grande amigo Ornelas e, na do Pelotão, em baixo à esquerda.

Cordiais saudações para todos os camaradas combatentes da Guiné. Espero e agradeço futuros contactos.

Leça da Palmeira
Carlos Vinhal