1. Mensagem de José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:
Date: domingo, 20/09/2020 à(s) 07:24
Subject: Cuidados a serem usados quanto a misturas de instituições
Temos falado aqui do papel, mais "mediático", do Movimento Nacional Feminino (que teria, no seu auge, cerca de 80 mil mulheres inscritas), no apoio psicossocial aos combatentes e suas famílias...
3. Comentário de António J. Pereira da Costa:
Olá, Camaradas
Mesmo estando a "gastar cera com ruins defuntos", venho recordar que o Movimento Nacional Feminino nunca teve nem no seu auge, nem no sei fim cerca de 80 mil mulheres inscritas.
Se assim fora, a sua acção teria sido mais eficaz e visível.
Date: domingo, 20/09/2020 à(s) 07:24
Subject: Cuidados a serem usados quanto a misturas de instituições
Caro Luís:
Dentro do espírito do texto "Não há só dinossauros na Lourinhã "...
Deverá haver cuidados vários quanto a não misturar, ou mesmo associar, o Movimento Nacional Feminino com a Cruz Vermelha Portuguesa. (*)
A criação, estatutos, objetivos, em muito ultrapassavam, e felizmente ainda hoje ultrapassam, a criação e os objetivos do MNF [, Movimento Nacional Feminino].
O MNF, criado com o fim de propagandear e apoiar o esforço de guerra de um regime. No período referido, um regime retrógrado de ditadura.
Muito se pode debater a figura (carismática?) da Senhora de Supico Pinto e os seus passeios pela Guiné. Assunto certamente tão interessante para as novas gerações como (ou menos),as descrições de dinossauros.
Para os que "viveram" a guerra da Guiné, quase escreveria os "dinossauros", colocam-se as seguintes perguntas:
(i) Por muito boas que fossem as intenções dos passeios da Senhora de Supico Pinto, quais os seus resultados práticos?
(ii) Quais as melhorias reais obtidas para o dia a dia dos militares visitados?
Certamente que algumas "plumas coloridas" terão adornado as folhas de serviço dos militares organizadores, acompanhantes, e não menos dos (alguns!) de...alta-graduação.
Quanto ao resto lá caímos nas ...Caridadezinhas! (**)
Um abraço,
J. Belo
2. Comentário anterior do editor LG (*):
Temos falado aqui do papel, mais "mediático", do Movimento Nacional Feminino (que teria, no seu auge, cerca de 80 mil mulheres inscritas), no apoio psicossocial aos combatentes e suas famílias...
Papel que numa fase inicial (, com o início da guerra em Angola), substituiu a instituição militar nesse apoio,,,, O Exército não tinha pessoal especializado para exercer essas tarefas... Parece que fomos todos apanhados com os "acontecimentos de 1961", quando havia sinais por todo o lado de que o "terrorismo", a "subversão", os "ventos da história", o "nacionalismo" dos povos africanos e asiáticos, o "anticolonialismo", etc,.também chegariam à(s) nossa(s) porta(s)...
Mas temos ignorado a secção feminina da Cruz Vermelha Portuguesa, que apoiou sempre os feridos, os deficientes e os prisioneiros... Esta instituição teve menos visibilidade na comunicação social...E as suas missões eram mais discretas, se não mesmo "secretas" (no caso dos prisioneiros)...
A Cecília Supico Pinto ocupou a ribalta, ofuscou o papel, discreto mas valioso, de outras mulheres... Por analogia com o "eucalipto", poder-se-ia dizer que secou tudo à sua volta... E no entanto irá criticar, no fim da sua vida, a sua biógrafa por falar "excessivamente" da Cilinha... Autocrítica serôdia ?!...
Mas temos ignorado a secção feminina da Cruz Vermelha Portuguesa, que apoiou sempre os feridos, os deficientes e os prisioneiros... Esta instituição teve menos visibilidade na comunicação social...E as suas missões eram mais discretas, se não mesmo "secretas" (no caso dos prisioneiros)...
A Cecília Supico Pinto ocupou a ribalta, ofuscou o papel, discreto mas valioso, de outras mulheres... Por analogia com o "eucalipto", poder-se-ia dizer que secou tudo à sua volta... E no entanto irá criticar, no fim da sua vida, a sua biógrafa por falar "excessivamente" da Cilinha... Autocrítica serôdia ?!...
Olá, Camaradas
Mesmo estando a "gastar cera com ruins defuntos", venho recordar que o Movimento Nacional Feminino nunca teve nem no seu auge, nem no sei fim cerca de 80 mil mulheres inscritas.
Se assim fora, a sua acção teria sido mais eficaz e visível.
No apoio psico-social aos combatentes e suas famílias os resultados foram pobres, como se sabe. Talvez numa fase inicial (no início da guerra em Angola), tenha substituído a instituição militar, mas pontualmente.
O Exército não tinha pessoal especializado para exercer essas tarefas (e nunca teve), mas o MNF também se "desgastou" depressa. Meios materiais também eram escassos e, sendo caros... era necessário embaratecer a guerra, como sabemos.
Fomos todos apanhados com os "acontecimentos de 1961", quando havia sinais por todo o lado de que o "terrorismo", a "subversão", os "ventos da história", o "nacionalismo" dos povos africanos e asiáticos, o "anticolonialismo", etc,.também chegariam à nossa porta...
É isto que é indesculpável, mas foi assim!
Nunca dei pela acção da secção feminina (ou masculina) da Cruz Vermelha Portuguesa, mas admito que tenha apoiado os feridos, os deficientes e os prisioneiros... Como? Não sei. Admito que as suas missões fossem discretas, se não mesmo "secretas" (no caso dos prisioneiros)... Era interessante esclarecer esta questão e qual a atitude do Governo para com ela.
A Cecília Supico Pinto ocupou a ribalta, ofuscou o papel, discreto mas valioso, de outras mulheres(?)... Quais?
Pelos apoios de que dispunha e pela necessidade do Regime se mostrar apoiado pelas "mulheres portuguesas", foi sempre apresentada como exemplo a seguir, numa manobra de propaganda, pura e simples, que não teve qualquer resultado palpável.
Quem não a viu ou não sentiu a sua acção (a grande maioria), só se deixou enganar com a manobra se desistiu de observar.
Como, já disse, cumpriu o seu papel histórico e nada mais.
Caros camaradas,
Um amigo da Tabanca de Matosinhos e do meu Batalhão que foi ferido e passou algum tempo no Hospital Militar em Bissau diz que a Dona Maria Helena Spínola que era a Presidente da Cruz Vermelha na Guiné e nessa qualidade ia muitas vezes ao Hospital visitar os doentes e levava revistas, tabaco, livros e ia perguntando pelos problemas de cada um e ele como tinha sido evacuado por ferimentos estava sem dinheiro, não demorou muitos dias a aparecer lá o 1º Sargento da Companhia e levar-lhe algum dinheiro.
Todos sabemos que alguns prisioneiros foram libertados por ação da Cruz Vermelha e esta Senhora terá tido alguma influência nisso certamente.
Estas duas Senhoras, cada uma com o seu estilo, tiveram na minha opinião uma atividade muito importante no sentido de minorar o sofrimento, principalmente das nossas Praças que ganhavam miseravelmente mal e qualquer ajuda por pequena que fosse era sempre bem vinda daí a popularidade da Dona Cecília.
____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 18 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21370: (De) Caras (129): Maria Helena Spínola, esposa do gen Spínola, também pertencia ao MNF e chegou a fazer visitas ao mato, caso de Jolmete, em 11 de maio de 1969, juntamente com a Cecília Supico Pinto (Manuel Carvalho)
(*) Vd. poste de 18 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21370: (De) Caras (129): Maria Helena Spínola, esposa do gen Spínola, também pertencia ao MNF e chegou a fazer visitas ao mato, caso de Jolmete, em 11 de maio de 1969, juntamente com a Cecília Supico Pinto (Manuel Carvalho)
(**) Último poste da série > 24 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21290: (In)citações (167): A minha posição na guerra foi pragmática, sem ilusões: se matei, foi para não morrer, eu ou os camaradas a meu lado... Pelo que, se ganhei uma "cruz de guerra", não foi por "patriotismo"...(João Crisóstomo, Nova Iorque)