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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21346: Notas de leitura (1306): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", livro de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, 2020, 241 pp.): a história escrita com paixão, memória e coração (José Martins)


Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > O 1º cabo Feliciano Delfim Santos, da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11 [Setúnbal], na linha da frente, é o terceiro a contar da direita para a esquerda. (*) Este batalhão foi  colocado na Ilha do Sal, integrado no RI 24. 

Foto do álbum do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete,  1971/73). 

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Cabo Verde > Ilha de S. Vicente > Mindelo >  Praia da Matiota > RI 23 > c. 1943/44 >  Foto do álbum do 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, pai  do nosso camarada Hélder Sousa [ex-fur mil Trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72), e que deveria pertencer ao 1º Batalhão Expedicionário do RI 7 (, proveniente de Leiria), estacionado no quartel de Chã de Alecrim. (**)



Cabo Verde > São Vicente > MIndelo > RI 23 > 1º Batalhão Expedicionário do RI 7 (Leiria) > 10 de setembro de 1944 > Chão de Alecrim > O 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, recordação da despedida de Cabo Verde, com dois 2ºs cabos nativos, seus amigos. (**)

Fotos (e legendas): © Hélder Sousa (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Cabo Verde > São Vicente > Regimento de Infantaria 23 > Hospital Militar Principa de Cabo Verde > O sold aux enf, Porfírio Dias, de joelhos, em primeiro plano, à porta de um enfermaria, om outros camaradas enfermeiros e com o allferes médico (o que não tem bata branca). (***)

Foto do álbum do pai do nosso camarada Luís Dias [ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872,´Dulombi e Galomaro,1971/74]

Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





José Martins, nosso colaborador permanente;
ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (Canjadude, 1968/70);
profissionalmemnte foi revisor oficial de comtas, 
vive em Odivelas, 

1. Mensagem.com data de ontem, José Martins,   ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70), nosso colaborador permanente:

Proposta de leitura do livro "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", da autoria de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 2020, 241 pp.) (****)

Se me fosse proposto resumir, numa simples frase, o livro “Forças Expedicionárias a Cabo verde, na II Guerra Mundial”, seria:

A história escrita com paixão, memória e coração.

Cabo-verdiano de nascimento e nabantino ou tomarense por opção, Adriano Moreira Lima, coronel da situação de reforma e nosso camarigo, transmite-nos, ao longo das quase duas centenas e meia de texto e fotografias da época, a forma de vida e sentimentos de dois povos: o metropolitano, na medida em que foi representado pelos militares que para o arquipélago foram destacados; e o povo cabo-verdiano, nas populações que tão bem souberam receber os que ali aportaram.

No início dos anos quarenta do século XX, com o eclodir da II Guerra, numa atitude dissuasiva do governo português, apesar da neutralidade declarada, enviou para as ilhas atlânticas milhares de militares, não deixando de continuar a embarcar para África – Angola e Moçambique – destacamentos de reforço às guarnições locais.

            O maior contingente foi destinado ao arquipélago dos Açores, com cerca de 30.000 militares, sendo o envio para a Madeira de uma força de mais ou menos 1.000 militares, como reforço das unidades recrutadas localmente.

            Cabo Verde foi o destino de quase 6.000 militares, a serem distribuídos pelas ilhas de S. Vicente, cerca de 3.000; para o Sal, em número de mais de 2.000; e para Santo Antão, mais de 700 militares.

            Não podemos esquecer que a plataforma continental poderia ser, aliás como se veio a provar, pretendida não só pelos espanhóis como pelos alemães, para expansão do território no primeiro caso, apesar da Tratado Ibérico, e na segunda hipótese, para obstar o desembarque, de forças inglesas, nas costas de Portugal.

            Caso algum desses cenários se verificasse, o governo português rumaria para os Açores, mas havia que assegurar um efectivo militar que activasse o retardamento das tropas invasoras, quer pela destruição de estradas e pontes com utilização de explosivos, pela engenharia, quer pela utilização de forças combinadas, infantaria e artilharia, em acções de emboscadas 

[Ver Rós Agudo, Manuel –  A Grande Tentação, Os Planos de Franco para Invadir Portugal - Casa das Letras, Setembro de 2009, páginas 228 e 328 a 333, e «https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Felix» (consultado em 10/09/2020)].

No aspecto social, não há duvida alguma do impacto que a chegada dos militares teve na vida das populações. A população da ilha de São Vicente, estava estimada em cerca de 15.000 habitantes; com a chegada de 3.000 militares, houve uma alteração demográfica, ainda que temporalmente, de mais 20% dos habitantes.


Capa do livro de Adriano Miranda Lima: Preço de capa (incluindo portes
 de correio: 12 €). Pagamento através de transferêmcia bancária: 
IBAN PT50 0035 0813 00010554900 36 

Pedidos ao autor: endereço de email:
 limadri64@gmail.com

Como indica no texto, inicialmente, Adriano Lima, tinha em mente descrever a acção do seu RI 15, mas acaba por fazer menção às outras unidades, a tal ponto que, tendo eu investigado sobre o batalhão do RI 7 (Leiria), acabarei por encontrar mais elementos e fotos que, ou me escaparam ou não me “empenhei” tanto quanto devia, apesar da minha investigação não ser só sobre o período de 1941 a 1944. Há referências aos batalhões de infantaria saídos de Tomar (RI 15), Caldas da Rainha (RI 5), Leiria (RI 7), Setúbal (RI 11) e Abrantes (RI 2), assim como de outras armas, mormente artilharia, que foram guarnecer Cabo Verde.

No serviço de saúde, que além de servir a população militar foi estendida à população civil, havia além das enfermarias regimentais, Hospitais Militares em São Vicente e Sal, tendo como Hospital de retaguarda, o Hospital Militar da Estrela, para onde seriam enviados os militares que necessitassem de cuidados mais especializados ou prolongados.

            Os que morreram devido a doença ou acidente, e que foram inumados nos cemitérios locais, lá estão todos enumerados. Porem o número de baixas mortais poderá ter sido superior, pois pode ter havido casos de morte nos evacuados para o .HMP [, Hospital Militar Principal, Lisboa].

Os “protagonistas” deste livro, é a geração imediatamente anterior â nossa. Daí haver entre os combatentes, que fazem parte da Tabanca Grande, membros cujos pais ou tios, estiveram nesta expedição.

O livro refere que não há muita informação, oficial ou oficiosa, que nos permita estudar a presença de militares portugueses nesta expedição. Tal facto pode resultar da destruição ou extravio da documentação gerada nesse período, Os batalhões expedicionários ao serem constituídos, passavam a ter “Ordens de Serviço” autónomas às dos regimentos; por outro lado, no caso da infantaria que era para ser constituída em “Comando de Batalhões”, evoluiu para a constituição de dois Regimentos de Infantaria, os números 23 (São Vicente) e 24 (Sal), agregando as forças dos batalhões, originando nos arquivos militares, novas cotas.

   Faço votos para que, com o aparecimento deste livro, os descendentes destes militares – nós, os nossos filhos/sobrinhos e netos – recuperem dos baús da memória, e óptimo seria com fotos com legendas, a documentação que “está ali” à espera de uma oportunidade para ver a luz do dia. Sim, porque memórias na primeira pessoa já não deve haver, mas há, ainda, quem se recorde de factos contados nas reuniões de família, ou naquelas alturas em que vinham à memória “as mornas de Cabo Verde”, e a saudade «falou para os mais novos», na altura.

Apesar de ter sido esse a solicitação do Luís Graça, por não estar tão envolvido nestes factos como o Luís pois, os seus escritos e o acervo fotográfico foram, sem dúvida, uma “mais valia” para o texto que nos é apresentado, sendo também, uma homenagem a quem, até ao fim dos seus dias, sempre recordou a sua passagem por aquelas paragens agrestes.

Não me achei com a capacidade de escrever a recensão do Livro (*****), mas tão só uma pequena nota a incentivar a leitura do mesmo. E não estou tão “longe ou afastado” deste tema, apesar de não ter tido familiares à época, em condições de ser mobilizado. Porém, as “buchas” que introduzi neste apontamento, são fruto, de alguma forma, devidas, ao estudo da matéria em questão.

O livro “Forças Expedicionárias a Cabo Verde”, reúne e amplia alguns textos do blogue “Praia do Bote”, assim como se suporta no excelente espólio de “Luís Graça e Camaradas da Guiné” através da rubrica “Meu pai, meu velho, meu camarada”.

Resumindo: Dentro de vinte anos comemorar-se-á o centenário desta expedição.

A História Militar deste país pouco tem sobre a matéria, mas os homens que escreveram estas páginas de glória, não podem ficar no esquecimento.

Esperemos que as entidades militares e civis, unam esforços, recuperando nos arquivos que existem – ordens regimentais, cadernos de recenseamento, processos individuais – o nome de quem foi para as ilhas atlânticas, e se possa dar à estampa, novos factos e nomes de Portugal.

 José Martins
10 de Setembro de 2020 
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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (756): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio.



Capa do livro do nosso camarada Adriano Miranda Lima, "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial" (edição de autor, impressão e acabamento, Tipografia S. Vicente Lda, Alto São Nicolau, Mindelo, S. Vicente, Cabo Verde, 2020, 241 pp.).  O livro pode ser adquirido diretamente ao autor: preço de capa incluindo portes de correio: 12 €.






Adriano Miranda Lima: tem uma profunda ligação a Tomar e ao RI 15. Cor inf ref, fez duas comissões de serviço na guerra de África (1961/75), uma em Angola e outra em Moçambique. Tem também uma forte ligação à sua terra natal, Mindelo, e é um membro proativo da diáspora cabo-verdiana. É autor de várias obras e artigos. Colabora regulamente no blogue, de Joaquim Saial, Praia de Bote

Publicou também recentemente  o livro "Dr. José Baptista de Sousa: o homem, o médico e o militar: no portal da memória" (edição de autor, impressão e acabamento, Tipografia S. Vicente Lda, Alto São Nicolau, Mindelo, S. Vicente, Cabo Verde, 2019, 136 pp.), de que faremos, oportunamente, a devida recensão. (Este  livro também pode ser adquirido diretamente ao autor: preço de capa incluindo portes de correio: 12 €.)



1. O livro em referência, "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial",  foi lançado no Mindelo, no passado dia 7 de fevereiro, conforme aqui noticiado na altura.  O autor foi representado pelo seu primo José Carlos Soulé (*). 

A obra, de 241 páginas,  é profusamentre ilustrada, com cerca de 120 fotos de diversos arquivos, incluindo o do nosso blogue. 

Ainda não há data nem local para a sua apresentação em Portugal.

O livro tem um dedicatória, tocante, reveladora da morabeza do autor, mindelense, mas também da sua sensibilidade socioantropológica, digna de um oficial superior das nossas Forças Armadas:

 "À memória dos 24.463 cabo-verdianos mortos por fome em Cabo Verde, nos anos de 1941, 1942 e 1943; à memória dos 68 militares das Forças Expedicionárias que morreram por doença e acidente durante a sua missão em Cabo Verde, no período da II Guerra Mundial".


2. Justamente do nosso camarada Adriano Lima [, membro da nossa Tabanca Grande, cor inf ref do Exército Português, natural do Mindelo, Cabo Verde. onde nasceu em 1943, a viver em Tomar, e do qual temos mais de dezena e meia de referências no nosso blogue], recebemos a seguinte mensagem:

Data: segunda, 24/08/2020, 23:19


Caro Luís Graça;

Comovido, li esta bela evocação da memória do teu pai, Sr. Luís Henrique, por ocasião da passagem do seu 100.º aniversário natalício (**). Como sabes, ele é uma das figuras que humanamente se destacam no livro que escrevi e se intitula "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", e por isso sinto-me associado a essa sentida homenagem.

Além disso, o teu blogue foi um importante contributo para o livro, merecendo por si uma menção muito especial nos Agradecimentos.

Para editar o livro,  consegui uma ajuda do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas de Cabo Verde, que, não cobrindo nem de longe as despesas da impressão, estimulou-me a avançar com o projecto. O chefe militar de Cabo Verde reconheceu o interesse do livro para a própria historiografia militar do seu país e por isso não hesitou em colaborar.

Se as despesas da impressão do livro não estivessem em larga medida por minha conta, confesso que teria todo o gosto em oferecer o livro aos familiares de todos os antigos expedicionários que o desejassem. Como tal não é possível, apenas o faço em relação a ti e ao José Martins.

O José Martins já me tinha enviado o seu endereço postal, mas sucede que uma avaria irremediável no meu computador exigiu a aquisição de um novo equipamento e perdi alguns dados, incluindo o registo daquele endereço. Por isso, peço aos dois que me enviem os vossos endereços postais por esta via.

Quanto a outros eventuais interessados, poderei enviar o livro por correio ao preço de 12 euros, preço que inclui os respectivos portes. Assim, estarei pronto a receber os endereços dos interessados, pedindo-vos que façam a respectiva divulgação. O pagamento será feito por transferência bancária para esta minha conta da CGD:


IBAN PT50 0035 0813 00010554900 36 

Endereço de email: limadri64@gmail.com 

Um abraço amigo a todos.

Adriano Lima


3. Comentário do editor LG:

Já li o livro, numa 1ª leitura... Mas gostava que fosse o José Martins, nosso colaborador permanente e estudioso também deste periódo da nossa história militar, a dar o pontapé de saída, em termos de "notas de leitura"... Ele tem mais distanciamento (afetivo) do que eu,  que sou  editor do  blogue e filho de Luís Henriques (1920-2012)... e do que  qualquer outro dos filhos de expedicionários, pertencentes ao nosso blogue: o Hélder Sousa, o Luís Dias, o Augusto Silva Santos, o Nelson Herbert...

Tenho a agradecer ao Adriano o exemplar, autografaado ("Ao Luís Graça, com apreço e amizade, agosto de 2020, Adriano Lima"), que me acaba de enviar pelo correio: foi muito gentil e generoso comigo, com a memória do meu pai e dos demais expedicionários, bem com o nosso blogue que lhe merece referências altamente elogiosas.

Na verdade, esta geração, já desaparecida, dos "nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas", estes homens que defenderam as ilhas atlânticas, Madeira, Açores e Cabo Verde,  durante a II Guerra Mundial, deveriam ser honrados e lembrados pela Pátria.

Na realidade, fora o nosso blogue e o Adriano Lima, o nosso país parece tê-los esquecido... Cabe-nos a nós, filhos e netos, a obrigação de os resgatar da "vala comum do esquecimento". (***)

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Notas do editor:



sábado, 22 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21282: Meu pai, meu velho, meu camarada (65): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte III




Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "23/7/1941. Chegada ao 1º Batalhão Expedicionário do R.I. nº 5 a São Vicente, Cabo Verde. Na fotografia estou eu com alguns camaradas da minha companhia. No porto do Mindelo fomos entusiasticamente recebidos. Luís Henriques". [Partida a 18 de Julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos, Lisboa]. Fonte: Arquivo da família.


Cabo Verde >S. Vicente > Mindelo > 14/8/1942. Desfile de tropas, no dia da infantaria. 
Foto Melo. Arquivo da família.




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 23/7/1941. Chegada à ilha e defile das tropas expedicionárias do RI 5. Lê-se no verso da foto: "O senhor governador da colónia passando revista ao batalhão expedicionário do RI 5, acompanhado pelo nosso comandante. Passa neste momento [revista] à 3º companhia. Meu capitão Martens (ou Martins ?) Ferraz". Não tenho a certeza do sítio, talvez seja Praça Nova. O governador seria, na altura, o capitão José Diogo Ferreira Martins.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte III



3. O Luís Henriques que faria cem anos, no passado dia 19 de agosto de 2020, se fosse vivo. Hoje, sábado, dia 22, vai ser celebrada na igreja de Ribamar, Lourinhã, uma missa, em sua memória, às 18h30. O celebrante será o padre Batalha, seu velho amigo e pároco de muitos anos na Lourinhã.

Tinha memórias muito fortes (incluindo registos fotográficos, de que se selecionam aqui alguns) dos difíceis tempos que passou no Mindelo, Ilha de São Vicente (26 meses, entre julho de 1941 e setembro de 1943; nos últimos 4 meses esteve hospitalizado, por problemas pulmonares, entre maio e agosto de 1943). Mas voltemos à partida, em 18 de julho de 1941, do paquete "Mouzinho de Albuquerque, que teve honras de título de caixa alta no vespertino "Di
ário de Lisboa":






Excertos do Diário de Lisboa (diretor: Joaquim Manso), sexta-feira,  18 de julho de 1941, p. 5,  Cortesia da Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos.



Foi, então, no T/T "Mouzinho", da Companhia Colonial de Navegação, que o 1º cabo inf Luís Henriques e outros expedicionários do 1º batalhão do RI 5, das Caldas da Rainha, rumaram para Cabo Verde, ilha de São Vicente, em 18 de julho de 1941, conforme notícia do "Diário de Lisboa", acima reproduzida. A viagem não era isenta de riscos, bem pelo contrário (, como jávimos no poste anterior): estávamos em plena II Guerra Mundial e estava acessa a batalha do Atlântico Norte.

O Batalhão do RI 5 (Caldas Rainha) ( a que pertencia o Luís Henriques e outros camaradas, naturais do concelho da Lourinhã) será depois integrado no RI 23 ,constituído em Cabo Verde, na Ilha de S. Vicente, sob o comando do Brigadeiro Augusto Martins Nogueira Soares (Agosto de 1941 a Dezembro de 1944).



Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > Praia da Matiota > Maio de 1943 > "Matiota e a sua baía que é a melhor de S. Vicente, aonde se passa um bocado divertido", lê-se no verso. Possivlement Foto Meo. Fonte: arquivo da família.

 As forças do RI 5 estavam aquarteladas no Lazatero, no sopé do Monte Cara,a oeste do Mindelo. Na altura não havia aeroporto (hoje em São Pedro). Nem a Baía das Gatas era uma praia turística...



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mapa de 2007, da autoria de Francisco Santos. Imagem copyleft. As forças do RI 5 focaram estacionadas no Lazatero, no sopé do Monte Cara,a oeste do Mindelo. (Fonte: Cortesia de Wikipédia. Reedição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

(Continua)
 
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Notas do editor:

Último poste da série > 21 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21277: Meu pai, meu velho, meu camarada (64): Foto do sargento Joaquim José Fitas, o meu tio Quim, na véspera de partir para Cabo Verde, como expedicionário, em plena II Guerra Mundial (Mário Fitas)

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21277: Meu pai, meu velho, meu camarada (64): Foto do sargento Joaquim José Fitas, o meu tio Quim, na véspera de partir para Cabo Verde, como expedicionário, em plena II Guerra Mundial (Mário Fitas)



O sargento Joaquim José Fitas, expedicionário em Cabo Verde, na II Guerra Mundial. Faleceu como sargento ajudante. Alguém sabe qual foi a sua unidade mobiliadora ? E onde foi colocado, em São Vicente ou no Sal ?

Foto (e legenda): © Mário Fitas  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 20 do corrente, às 19h30, do Mário Fitas [, ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67, natural de Vila Fernando, Elvas; foi funcionário a TAP; cofundador da Tabanca da Linha;  tem mais de 140 referências no nosso blogue]
 

Caro Luís, em anexo envio a foto de meu tio, sargento Joaquim José Fitas no embarque para Cabo Verde na 2.ª Guerra Mundial.

Um grande abraço 

Mário Fitas
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21273: Meu pai, meu velho, meu camarada (63): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte II

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21273: Meu pai, meu velho, meu camarada (63): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte II


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >  O navio da marinha mercante "Serpa Pinto”.  Junho de 1942 > "Paquete Colonial que tantas as vezes esteve em S. Vicente", lê-se no verso. Possivelmente Foto Melo. Fonte arquivo da família.

 


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >  Março de 1942 > "A escola Sagres em São Vicente durante o seu cruzeiro  no Atlântico". Foto: arquivo da família.

Este não é o navio-escola Sagres atual... Este é o antigo veleiro, de 3 mastros, Rickmer Rickmers, ao serviço da Marinha Portuguesa, como navio-escola Sagres, entre 1927 e 1962...Também conhecido por Sagres II. Foi substituído, em 1962, como navio-escola da Marinha Portuguesa, pelo Sagres III (antigo NE Guanabara da Marinha do Brasil),




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >  29 de setembro de 1942 (?) > Navio inglês, não é indicado o nome no verso... "Esteve em S. Vicente no dia 29 de setembro com diplomatas. [Eu] estava no hospital quando ele cá esteve".  O ano deve o de 1942. Foto: arquivo da família.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > " No dia 11 de Abril [de 1942] chegaram estes dois barcos hospitais italianos ao porto de S. Vicente para irem fazer troca de prisioneiros e doentes com os ingleses. 1942".  [Sabemos que se tratava dos navios Vulcania e Saturnia, porque há uma outra foto, no nosso arquivo com a seguinte legenda: "No dia 23 de dezembro [de 1942]  os barcos hospitais italianos “Vulcania” e “Saturnia” em São Vicente  pela 2ª vez".]




Lembrando, no centenário do seu ascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte II

(Continuação)


2. Um mês antes do Luís Henriques partir para Cabo Verde, no  T/T “Mouzinho” (em 18 de julho de 1941), Portugal acabava de perder um barco de pesca  e um navio da marinha mercante:

(i) o barco de pesca "Exportador I" fora cobarde e miseravelmente  atacado a tiro de canhão por um submarino italiano. a sul do Cabo de São Vicente, em 1/6/1941....

(ii) o navio da marinha mercante portuguesa, de carga e passageiros, da Companhia Colonial de Navegação, o “Ganda”, de 4.333 toneladas brutas, com 72 tripulantes e passageiros a bordo, tinha sido atacado e afundado, em 20/06/1941, ao largo da costa de Marrocos, pelo submarino alemão U-123, sob o comando do capitão tenente Reinhard Hardegen (1913-2018): moreram 5 tripulantes e os s náufragos foram deixados à sua sorte, num salva-vidas, mas mais tarde recuperados por um navio de pesca português e outro espanhol.

Uma das glórias da nossa marinha mercante foi o “Serpa Pinto” e a sua história (1914-1954) merece ser conhecida: navio de passageiros, era operado também pela CCN - Companhia Colonial de Navegação na carreira da América do Norte (Lisboa–Nova Iorque), na "Rota do Ouro e Prata" (Lisboa–Rio de Janeiro–Buenos Aires) e na "Rota das Caraíbas" (Lisboa–Havana), entre 1940 e 1955.

Terá sido o navio de passageiros que, durante a Segunda Guerra Mundial mais viagens transatlânticas realizou entre Lisboa, Nova Iorque e Rio de Janeiro, transportando refugiados da guerra em geral, e particularmente judeus, fugidos do nazismo, e trazendo, de volta à Europa, cidadãos de origem germânica expulsos dos países do Novo Mundo. Era tão popular que ficou conhecido pelos epítetos de 'Navio da Amizade', 'Navio Herói' e 'Navio do Destino'… (Vd. foto a seguir.)

Para mostrar aos beligerantes da II Guerra Mundial, que pertencia a um país neutral, o navio era pintado de negro, o casco, e com o nome de Portugal, bem visível, pintado a branco,  tal como o nome do navio. Toda as  tripulações da nossa marinha mercante, bem como da nossa frota bacalhoeira, e da demais pesca do alto,  sem esquecer a marinha de guerra, foram verdadeiros heróis, naquela época. E não poucos, bravos marinheiros e pescadores, perderam a vida, engrossando a lista de vítimas da nossa história trágico-marítima. 

Perdidos do Atlântico, c0m fracas comunicações com a Metrópole, os nossos expedicionários acompanhavam os dramas da II Guerra Mundial, como a chegada e partida de navios-hospitais. 

A Itália, por exemplo, viu afundar-se 12 dos seus 18 navios-hospitais. Na realidade, os navios aqui referidos não eram navios hospitais mas 4 dos navios transatlânticos (incluindo o “Duilio” e o “Giulio Cesare” que, com mais 2 petroleiros, “Arcole” e “Taigete”, conseguiram, numa operação conhecida, resgatar e repatriar cerca de 28 mil pessoas, entre crianças, mulheres e homens, da África Oriental, sob a égide da Cruz Vermelha Internacional em três viagens de circum-navegação do continente africano, entre 2 de abril de 1942 e agosto de 1943. O "Duilio e o "Guilo Cesare" serão afundados no bombardeamento aéreo dos Aliados na baía de Muggia em julho de 1944. Num total de 25 mil tripulantes inscritos, a Marinha Mercante italiana na II Guerra Mundial, perdeu cerca de 1/3 (7164).



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Navio hospital italano "Duilio" [No verso, pode ler-se a legenda, muito sumida: "Hospital de diplomatas (sic) italiano que esteve em São Vicente em 1/6/194 (?). Foto Melo. Aequivo da famíia de Luís Henriques


Segundo a imaginação, algo delirante e voyeurista, dos nossos  expedicionários, 3300 acantonados numa pequena ilha de 15 mil habitantes, os passageiros, que não terão desembarcado, travavam uma luta atroz contra a falta de álcool a bordo... Contava-se que, à falta de bebibas no bar, bebiam álcool puro!...Recordo-me do meu pai contar esta história... O navio de passageiros "Duilio" tinha 23 636 toneladas, será afundado em julho de 1944.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21045: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (73): Pesquisa documental para um filme sobre a Cesária Évora (Mindelo, 1941 - Mindelo, 2011)


Cabo Verde > Mindelo > Cesária Évora, na Rádio Barlavento,  20 de junho de 1971.
Foto: cortesia da página oficial de Cesária Évora


1. Mensagem da nossa leitora Rosa Silva:

Date: quinta, 14/05/2020 à(s) 17:58
Subject: Pesquisa documentário Cesária Évora

Olá, boa tarde a todos.

Em primeiro lugar espero que se encontrem bem de saúde.

Chamo-me Rosa Silva e estou a trabalhar na produção de um documentário sobre Cesária Évora. Trata-se de um filme,  de cariz cinematográfico, que propõe uma viagem ao universo de Cesária Évora.

Pensado para cinema, o filme pretende revelar a verdadeira história da mulher que, aos 50 anos, saltou da mais profunda miséria para o estrelato mundial, sendo uma das mais consagradas cantoras de um país de língua oficial portuguesa. 

Assim, temos levado a cabo uma vasta pesquisa de material de arquivo em diversos países. O filme conta com autoria e realização de Ana Sofia Fonseca, sendo produzido pela Carrossel Produções, em co-produção com a Até Ao Fim Do Mundo.

Encontrei este blog:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/09/guine-6374-p5021-meu-pai-meu-velho-meu.html

Estamos à procura de imagens do Mindelo anos 60/70 e também fotografias e vídeos que possam existir da Cesária Évora. Temos a informação que ela dava concertos nos barcos, bares. Por ventura têm imagens do que refiro ou têm conhecimento quem possa ter?

Ficaríamos muito gratas com a vossa preciosa ajuda.

Aguardo o vosso feedback. Obrigada,

Rosa Silva

rosasilva@ateaofimdomundo.com

Até ao Fim do Mundo - Imagens e Comunicação, Lda

Rua da Fraternidade Operária, nº4
2794-024 Carnaxide - Portugal
Tel: +351 21 425 47 77
Telm: +351 966 230 699
www.ateaofimdomundo.com

2. Resposta do nosso editor Luís Graça, em 24 de maio p.p.:

Rosa, olá. Obrigado pelo seu mail. Infelizmente, não sei se a poderei ajudar muito...Este blogue, coletivo, que eu fundei há 16 anos, administro e coedito, é sobre a(s) memória(s) da guerra colonial, em especial na Guiné, no período de 1961/74...

Alguns dos meus camaradas de armas (incluindo eu próprio) também tiveram os pais em Cabo Verde, como expedicionários na altura da II Guerra Mundial, em São Vicente, Santo Antão e Sal, mais exatamente entre 1941 e 1944... Na altura também lá esteve o futuro escritor Manuel Ferreira. Mas a nossa querida Cesária Évora estava então  a nascer (Mindelo, 27 de agosto de 1941)...

Há, no entanto, um espólio fotográfico, no nosso blogue, que a vossa equipa pode usar, com uma única condição: citação da fonte, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Ver aqui descritores como:

Cabo Verde (335)
crioulo (72) 
Manuel Ferreira (12)
Meu pai meu velho... (85 referências)
Mindelo (39)
morna (14)
RI 23 (3)

E ainda:

Adriano Lima (15) (coronel, reformado, do exército português, oriundo do Mindelo...Acaba de publicar um livro sobre as tropas expedicionárias em Cabo Verde, na II Guerra Mundial)...

Disponha. Tem aqui o meu contacto: telem 931 415 277.

Boa saúde, bom trabalho, bom filme. Luís Graça

PS - Rosa, podemos publicar o seu apelo : temos vários camaradas que passaram por Cabo Verde durante a guerra colonial, 1961/74... Se autorizar, podemos publicar no blogue... Diga-me qualquer coisa...

3. Resposta da Rosa Silva, com data de 26 de maio p.p.:

Caro Luís,

Muito obrigada pela sua resposta e parabéns pelo seu trabalho. Guardar memórias, organizar o arquivo, é algo que considero muito valioso e dá sentido ao material recolhido

Quanto ao documentário sobre Cesária vamos continuar a pesquisar.

De qualquer modo, obrigado pelas suas  sugestões. Seria muito importante publicar no seu blogue e ficaria muito grata. Se quiser pode dar os meus contactos:

Mail rosasilva@ateaofimdomundo.com
Telem: 966230699


PS - Indicaram-me estes nomes de militares, mas mais do início dos anos 60,  que estiveram em S. Vicente. Dizem-lhe alguma coisa? Alguma sugestão para eu pesquisar e chegar até estas pessoas?

Coronel de Infantaria Fernando Gil Almeida Lobato de Faria
Coronel de Infantaria Domingos José Cravo
Coronel de Artilharia Humberto Rosa Neto
Tenente de Infantaria Joaquim Simões Duarte
Coronel António José Santiago Maia de Simas
Tenente Santiago Maia
Tenente Coronel, ao tempo, alferes, Manuel Augusto Gamboa de Matos, subalterno da Companhia de S. Vicente
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terça-feira, 2 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21031: Meu pai, meu velho, meu camarada (61): In Memoriam: António Correia Caxaria (Atalaia, Lourinhã, 17/12/1917 - São Bartolomeu dos Galegos, Lourinhã, 1/6/2020): o últmo expedicionário de Cabo Verde, ex-fur mil, RI 5 / RI 23, São Vicente, 1941/43




1. Acabei de saber, ontem à noite, pela página do Facebook da Oestefune - Serviços Funerários Lda, com sede na Lourinhã, da morte do meu conterrâneo,  amigo e camarada do meu pai, o António Correia Caxaria, nascido na Atalaia, Lourinhã, em 17/12/1917. 

Fiquei muito triste, mesmo sabendo que ele era um resistente, ia fazer no final deste ano 103 anos. E era, muito provavelemente, o últmo, até então vivo, dos mais de 6 mil e tal homens que, durante a II Guerra Mundial, defenderam a soberania portuguesa do território de Cabo Verde, em especial nas ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal.

O Caxria esteve com o meu pai, Luís Henriques (1920-2012) em São Vicente, entre 1941 e 1943, ambos mobilizados pelo RI 5 (Caldas da Rainha) e integrados no RI 23.

Durante mais de meio século os dois iam, todos os anos ou quase todos os anos, ao convívio do seu batalhão, nas Caldas da Rainha. Era o Caxaria, que vivia em Lisboa, que dava boleia, de carro,  ao meu pai.

Conheci-o pessoalmente no Restaurante Foz, na Praia da Areia Branca, não há muitos anos, talvez por volta de 2012, ano em que morreu o mei pai.. Era um hoimem afável e jovial, vendendo saúde aos 90 e tais anos!... E chegou a visitar os maus pais, no Lar de Nossa Senhira da Guia, na Atalaia.

Aos sábados, era frequente encontrá-lo lá,  no Restaurante Foz, com o filho, nora e netos...Prometi-lhe que o iria visitar um dia na sua quinta, em São Bartolomeu dos Galegos,  Lourinhã... Queria ver o seu álbum de fotografias do Mindelo e São Vicente. E falar desse tempo, das suas recordações, da sua amizade e camaradagem com o meu pai e outros conterrâneos que passaram pelo RI 23.

Sei que a família fez-lhe uma bonita dos festa dos 100 anos. Ia sabendo notícias dele  através do filho ou do Restauante Foz. Hoje recebo a triste notícia de que chegou ao fim a sua viagem terrena. Aprontava-me para ir ao seu  funeral mas vejo que, por vontade expressa da família, as cerimónias fúnebres são restritas ao círculo familiar.

 Mesmo assim, estando em Lisboa, quero ver se ainda dou um salto à Lourinhã, para estar às 3 e picos, à porta da Igreja do Convento de Santo António, para lhe dizer um "Até sempre, meu pai, meu velho, meu camarada!"... Porque os pais dos nossos camaradas, para mais tendo sido expedicionários no Ultramar, também são nossos pais e camradas.

A um dos filhos, que conheço pessoalmente, o eng. Carlos Augusto Amaro Caxaria, especialista em geologia e minas (, que foi presidente, de 2013 a 2016, da EDM-Empresa de Desenvolvimento Mineiro, S.A.), endereço as minhas condolências, em meu nome pessoal, em nome da família do Luís Henriques e em nome também da Tabanca Grande (onde temos aqui vários filhos de antigos expedicionários que foram contemporâneos do Caxaria, em Cabo Verde: o Hélder Valério Sousa, o Augusto Silva Santos, o Luís Dias, o Nelson Herbert).

PS - E peço desculpa à família se algumas vezes troquei o apelido do António: Caxaria, e não Caixaria,  lapso de resto já corrihido no blogue.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Parada do Dia 14/8/1942. Foto Melo"... No verso, escrito pelo punho de Luís Henriques: "Comemoração de Aljubarrota em São Vicente. Desfile de todas as tropas e viaturas. A 1ª e a 3ª companhaias do RI 5"... Seguramente que o fur mil António Caxaria também participou neste desfile,,, Infelizmente não tenho nenhuma foto dele com o meu pai... Foto do álbum de Luís Hnriques (1920-2012).

[ O nosso camarada e grã-tabanqueiro Adriano Miranda Lima,. cor inf ref, natural do Mindelo,a viver em Tomar, e agora autor de um livro sobre os expedicionáriso em Cabo Verde ao tempo da II Guerra Mundial,  descreve o sítio, num poste do blogue Praia de Bote, como sendo a Rua do Coco, e chama a a atenção para o pormenor do comandandante da companhia em segundo plano, e que vem a cavalo, como era hábito ainda na época. O dia 14 de agosto é o dia da Infantaria, ]

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Nota do editor:

quinta-feira, 19 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20751: Meu pai, meu velho, meu camarada (60): Homenagem a todos os nossos pais, no Dia do Pai... (e 1º dia do estado de emergência, decretada na sequência da pandemia do COVID-19)


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º Cabo n.º 816/42/5,  da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI. 23... Tem a data de 18 de Outubro de 1943 e na legenda refere ser 'recordação de S. Vicente'.

Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra de Lume > 1º Batalhão Expedicionário do RI 11 > 1ª Companhia > 1942. 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), pai do nosso camarada Augusto Silva Santos.

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques " [, 1º cabo inf, 3º Companhia, 1º Batalhão, RI 5, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 1941/43, entretanto integrado no RI 23]. Nasceu (1920) e morreu (2012) na Lourinhã.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 >  c. 1941/44 > RI 23 >  O sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988), 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, que partiu para Cabo Verde no T/T Mouzinho em 18/7/1941, juntamente com o Luís Henriques (ambos eram do mesmo regimento e batalhão). Esteve lá dois anos anos e dez meses.

Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.Excerto de carta do Luís Dias ao seu pai, já falecido, António Porfírio Dias (1918-1988), alfacinha de gema, publicada aqui há 11 anos atrás (*). 

Através das suas palavras homenageamos, no Dia do Pai,  todos "os nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas" (**)...

Pelo menos, cinco dos membros da Tabanca Grande tiveram o seu pai, em Cabo Verde, durante a II Guerra Mundial, integrados nas forças expedicionárias (mas  também locais, como é o caso do Armando Lopes, de que infelizmente não temos nenhuma foto como militar).  que defenderam as ilhas: Augusto Silva Santos, Hélder Sousa, Luís Dias Luís Graça e Nelson Herbert.

É impossível não violar umas das nossas regras editoriais do blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", ou seja, não falar da "atualidade"... Portugal, a Europa, o Mundo... enfrentam a pandemia do novo coronavírus COVID-19, uma série ameaça a todos nós... Foi hoje declarado, em Portugal, pela primeira vez, no atual quadro constitucional (desde 1976), o "estado de emergência", que estará em vigor até ao dia 2 de abril...

Quando a segurança, a saúde e a vida estão em causa, temos que "re-hierarquizar" as nossas necessidades, prioridades e interesses... Como diz o nosso povo, vão-se os anéis ficam os dedos...Isolados em casa, estamos a recorrer mais aos fantásticos recursos da Internet. As vídeochamadas estão a crescer exponencialmente. A Net está mais lenta, Mas é preciso estar atento também aos riscos que as redes sociais representam para a segurança informática... Por favor, caros amigos e camaradas, não nos mandem... "merdas de cornovírus digitais"...

Ajudem também o nosso blogue e a nossa página do Facebook a sair, "com saúde e em segurança", da longa quarentena em que vamos estar mergulhados... Que os bons irãs, lá no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, nos protejam a todos/as!

Bom dia, no Dia do Pai (!), para aqueles que são pais, avós e bisavós, e também para aqueles, dos nossos camaradas, que ainda têm os pais vivos... São "fósseis" vivos, mas são os nossos heróis!... O meu, Luís Henriques (1920-2012), se fosse vivo, faria hoje 100 anos. Também passou 26 meses de "quarentena", na ilha de São Vicente, Cabo Verde, entre julho de 1941 e setembro de 1943...

Ele e tantos outros, camaradas anónimos,  são heróis esquecidos do nosso passado recente, em que cerca de 180 mil militares foram mobilizados para defender Portugal e os seus territórios de "além-mar", nomeadamemte do Atlântico Norte: Madeira, Açores, Cabo Verde... ,(Onze navios da nossa marinha mercante e da frota pesqueira foram afundados entre 1940 e 1943!... Pouca gente sabe isto... O meu pai, e o pai do Hélder Sousa e o pai do Augusto Silva Santos, e o pai do Luís Dias e os outros expedicionários em São Vicente, Santo Antão e Sal, só tinham "vapor" de dois em dois meses, com o correio e a bianda...).

Por favor, protejam-se e protejam os outros: não se esqueçam que o maldito "cornovírus" é mais "gerontófilo" do que pedófilo", gosta mais dos "velhos" do que das "crianças"...

Camarada, toma o teu lugar na trincheira deste combate. O COVID -19 não passará!... LG


Querido pai,

Hoje é dia 19 de Março...

(...) Neste dia queria lembrar que também tu foste mobilizado e enviado para Cabo Verde, no tempo da 2ª Guerra Mundial, que cumpriste também um dever que te foi imposto pelo teu/nosso país. 


Sei que a tua comissão não teve os riscos de combate, de guerra, como eu tive na Guiné, embora se falasse da possibilidade de um ataque alemão ou mesmo inglês, conforme o governo de Salazar se fosse inclinando para um lado ou para o outro, mas houve outros perigos: muita fome, doenças e as desgraças que assististe por força da tua especialidade.

Foste também vítima da habitual falta de material para cumprir com o necessário cuidado as tarefas de que eras incumbido, como Soldado Auxiliar de Enfermagem. E foi por teres utilizado umas luvas já deterioradas numa intervenção cirúrgica, em que apoiavas o médico, que depois,  ao tocares com os dedos num dos teus olhos, arranjaste o problema que te obrigou a usar óculos desde então.

Aqueles tempos de 18/7/1941 a 7/5/1944 (2 anos e 10 meses!!!), em terras de Cabo Verde, não terão sido pera doce e lembro-me da história que tu contaste do submarino alemão que atracou e que, depois de instado a sair de águas portuguesas, os alemães mantiveram-se calmamente no local e só se foram embora quando lhes apeteceu. 





Luís Dias, alf mil, CCAÇ 3491,
Dulombi, 1971/74
Mas também das mornas que tu ficaste a adorar, como adoravas o fado. E a porrada que apanhaste e que está na tua caderneta, por estares no refeitório a atirar bolinhas de pão aos teus camaradas. É mesmo para rir…!!! Não havia mais nada para os teus superiores se entreterem? E um dos louvores por teres agarrado o cavalo do comandante que tinha tomado o freio nos dentes…. e que tu dizias que só o agarraste porque não sabias que o cavalo estava enlouquecido...porque se soubesses deixava-lo fugir! Ah!AhAh!

Lembro-me da alegria que tiveste quando fui promovido a Aspirante a Oficial Miliciano e, se a mãe chorava, quase diariamente, como tu me contaste, quando eu estava na Guiné, ela também me contou das tuas lágrimas quando aos fins-de-semana me ajudavas a levar a mala até às camionetas, que me levavam a Mafra e depois a Abrantes de regresso ao quartel.

Sempre te fizeste de forte, mas eu sei o quanto também sofreste, enquanto eu por África andava. Imaginavas os horrores que devíamos estar a enfrentar, pensando no que tu também passaras. (...)

 A nossa Lisboa continua linda e o Tejo, com o qual tanto conviveste, em virtude da tua profissão (Conferente Marítimo), está hoje mais perto da cidade, numa aliança muito importante para os lisboetas.

(...) Pai, estou a invocar-te aqui no blogue da minha companhia, porque tu também foste um mobilizado para África. Um, entre os muitos milhares que a Pátria foi lançando para as terras bravas e quentes daquele Continente. Foste um soldado português, como nós fomos. 


O país, como aos combatentes da 1ª Grande Guerra, onde o meu avô também esteve, aos do teu tempo, aos da Índia e a nós combatentes da guerra colonial, nunca nos agradeceu, porque é ingrato ou, se calhar, também não mereceu tanta brava gente.

Um abraço saudoso de teu filho. Um dia, quando Deus quiser, iremos voltar a abraçar-nos.

Luís Dias
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9657: Meu pai, meu velho, meu camarada (26): Porfírio Dias (1919-1988), ex-sold aux enf, Cabo Verde, São Vicente, Mindelo (de 18 de julho de 1941 a 7 de maio de 1944) (Luís Dias)

(**) Último poste da sére > 9 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20328: Meu pai, meu velho, meu camarada (59): "Maria Bárbara, canta mais uma morna... / S’nhôr Tenente, ‘m câ pôdê cantá más... Uma morna imortal, numa homenagem à Morna, em vias de ser oficialmente consagrada como "património cultural imaterial da humanidade"

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20627: Agenda cultural (727): lançamento, hoje, às 18h00, no Mindelo, ilha de São Vicente, da obra "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial”, do cor inf ref e nosso grã-tabanqueiro, Adriano Miranda Lima


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >"As peças anti-aéreas do Monte Sossego; fotografia oferecida pelo  meu amigo [e conterrâneo, da Lourinhã] Boaventura [Horta] em 21/3/43."´ (*)

Foto (e legenda): © Luís Henriques (1920-2014) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




A obra “Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial”, do nosso camarada Adriano Miranda Lima, cor inf ref,  vai ser lançada, hoje ao fim da tarde, às 18h00, no Mindelo, Ilha de São Vicente, Cabo Verde (**). A notícia foi-nos dada ontem às 16h pelo Manuel Amante da Rosa, nosso grã-tabanqueiro, que tenciona estar presente hoje, no evento.

Segundo o blogue Praia de Bote, o lançamento estava previsto para ontem,  e contaria com a com a presença do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Cabo Verde, estando a apresentação a cargo da  dr.ª Ana Cordeiro, historiadora e antiga directora do Centro Cultural Português do Instituto Camões (Pólo do Mindelo), e sendo o autor, Adriano Miranda Lima,  representado pelo seu primo José Carlos Soulé.

Adriano Miranda Lima, que reside  em Tomar, nasceu no Mindelo,  S. Vicente .  Durante a guerra colonial, esteve em Angola e Moçambique. Prestou serviço durante muitos anos no RI 15 (Tomar). Esteve 40 anos sem voltar à sua terra.  Tem 15 referências no nosso blogue.

É colaborador assíduo do blogue Praia de Bote, onde  publicou,  em 2012  cerca de uma dezenas de postes sobre as forças expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial. Colaborámos com ele autorizando a reprodução de algumas fotos dos álbuns dos "nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas", que integararam essas forças, tendo passado  pelas ilhas de São Vicente, São Anão e/ou Sal. É também um grande defensor do património cultural de Cabo Verde.

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Sinopse:

Já quase se perde na memória do povo das ilhas que, entre 1941 e 1945, durante a II Guerra Mundial, forças militares de 5820 homens, destacadas pela então Metrópole, desembarcaram em Cabo Verde e distribuíram-se por S. Vicente (3015), Sal (2100) e S. Antão (705), onde prepararam posições defensivas contra um eventual invasor. 

Tudo aconteceu porque Portugal, embora neutro no conflito, foi pressionado pela Inglaterra e pelos EUA a reforçar a defesa das suas ilhas atlânticas (Açores, Cabo Verde e Madeira) para evitar que a Alemanha as ocupasse e tirasse proveito do seu potencial estratégico.

É de tudo um pouco que fala o livro. Da actividade militar e seus envolventes e vicissitudes de ordem operacional e logística, mas também do alvoroço que a presença das tropas representou para a rotina e a pacatez das ilhas. A narrativa debruça-se sobre a interacção dinâmica das forças militares com as circunstâncias concretas que as envolveram no quadro da sua missão, e abre espaço, e bastante, para pôr em evidência as múltiplas situações em que os militares interagiram com as populações e a sociedade civil.

Daí que haja muitas histórias para contar, e algumas de grata memória para as populações, como a acção médica e o apoio sanitário que as tropas disponibilizaram para os civis, em que se destaca sobremaneira a figura grandiosa do capitão médico José Baptista de Sousa, cuja imagem ainda perdura na memória do povo de S. Vicente. Para não falar também das sobras de rancho que mataram a fome a muitas pessoas carentes, iniciativa em que se destacou o comandante de companhia capitão Fernando Marques e Oliveira.

Relevo merece igualmente o pano de fundo social em que se desenrolou a missão das Forças Expedicionárias. As nossas ilhas foram à época assoladas por uma seca prolongada que, agravada pelo descaso ou pela inoperância do governo central, vitimou 24.463 criaturas, sobretudo aquelas que dependiam exclusivamente da agricultura para a sua sobrevivência. 

Do lado das Forças Expedicionárias reveste significado estatístico a circunstância da morte de 68 militares, trágica ironia porque as mortes não resultaram de acções violentas ligadas à actividade militar mas de doenças infecciosas que poderiam ter sido debeladas caso a penicilina estivesse já disponível em território nacional. Nesta particularidade, o quadro de carências era comum à população civil e à militar.

Portanto, nas 250 páginas do livro a historiografia cruza-se com a sociologia e conta histórias reais de homens fardados e de vidas humanas.

Fonte: Com a devida vénia ao blogue Praia de Bote, fundado e editado por Joaquim Saial, e de que o Adriano Lima  é um assíduo colaborador.

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(**) Último poste da série > 27 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20600: Agenda cultural (726): Seminário de História do Colonialismo #2, dia 28 de Janeiro de 2020, pelas 15h30, Campus de Campolide da Nova