Mostrar mensagens com a etiqueta Sedengal. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sedengal. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6004: Freixo de Espada à Cinta: notícias do ex-Cap Mil Inf Sérgio Faria, engenheiro, residente em Matosinhos, 3ª C/BART 6522/72 (Ingoré e Sedengal, 1972/74) (Luís Graça)


Freixo de Espada à Cinta > Lápide evocativa do nascimento de Sarmento Rodrigues (Freixo de Espada à Cinta, 15 de Junho de 1899 / Lisboa, 1 de Agosto de 1979), oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, político, africanista, homem de cultura, escritor... Foi Governador da Guiné, entre 1946 e 1949, e por muitos considerado o melhor dirigente da administração colonial que passou por aquele  território. Em 1950 integrou o Governo de António de Oliveira Salazar como Ministro das Colónias (a partir de 1951, Ministro do Ultramar). Nessas funções governativas levou a cabo  uma vasta reforma da administração colonial portuguesa, tendo visitado o Extremo Oriente, o Sueste Asiático e a África. Entre 1961 e 1964 foi governador-geral de Moçambique.

Tem uma extensa obra publicada sobre assuntos navais, de defesa e de administração colonial. Cite-se apenas algumas das suas publicações, relacionadas com a Guiné:  Os maometanos no futuro da Guiné Portuguesa (1948),  No governo da Guiné : discursos e afirmações (1949), Horizontes para um médico em África:  conferência pronunciada no Instituto de Medicina Tropical em 30/3/1950, A nossa Guiné (1972)...




Freixo de Espada à Cinta > Miradouro do Penedo Durão > O majestoso grifo planando sobre o Douro Internacional... Uma paisagem de cortar a respiração... e que, para mim,  passa a  figurar no top ten das Maravilhas Naturais de Portugal... Há no You Tube um belo vídeo sobre a "dança dos grifos" no Penedo Durão (Autor: Victor Araújo; duração: 5' 29'')

Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados


1. Texto do editor Luís Graça:

Meu caro Carlos [Vinhal]:

Como te tinha dito, fui este fim de semana fazer um passeio até ao nordeste transmontano... O pretexto eram as amendoeiras em flor. A viagem foi organizada pela Casa do Pessoal do IPP - Instituto Politécnico do Porto. Fui de propósito de Lisboa, a convite da minha cunhada Ana Carneiro Soares (Nitas), que é técnica superior, no Laboratório de Química do ISEP.

Fui até a um concelho que, para mim e para os demais mouros do sul, era sempre associado - injustamente - ao "cu de Judas", Freixo de Espada à Cinta,  e que eu lamentavelmente não conhecia (um dos poucos, de resto, aonde nunca tinha ido, nem de passagem)... Pois foi uma surpresa, pela positiva, a começar pela riqueza e diversidade do seu património natural e edificado. E, claro, as suas gentes... Mas disso falarei noutra altura...

O que é surpreendente é ir encontrar, num grupo de cerca de 40 pessoas (Trabalhadores e seus familiares dde diversas unidades orgânicas do Instituto Politécnico do Porto), nada mais do que 3 camaradas nossos, que fizeram a guerra colonial na Guiné, e, ainda por cima, naturais e/ou residentes em Matosinhos...

Tomei nota do nome de dois deles, com quem privei mais de perto, nesse fim d\e semana (sábado e domingo passados):

(i) o António Soares [, foto à direita,] natural de Ovar, mas residente em Matosinhos, casado com a Nina, bancário reformado do BES, ex-Fur Mil de um pelotão de artilharia (obus 14), que passou por Gadamael, Bafatá e Bissau (1969/71, portanto do meu tempo); 

(ii)  O Sérgio Faria, engenheiro mecânico, antigo docente do ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, residente na Rua Ruy Belo, em Matosinhos... (Para quem quiser, tenho o telefone e o mail, que não vou aqui, por razões óbvias, divulgar; espero que o Sérgio um dia destes apareça aqui a contar a sua história e a entrar pela porta grande da nossa Tabanca).

Depois de acabar o curso de engenharia, aos 24 anos, o Sérgio foi mobilizado para a Guiné, onde comandou, como capitão miliciano, a unidade de quadrícula que esteve em Ingoré e Sedengal.  Fez a transferência de soberania para o PAIGC em 1974. Antes, o seu pessoal tinha sofrido uma emboscada com seis mortos, "mortos com tiro na nuca" (sic), pesdsoal que,  ao que parece, descontraída e irresponsavelmente ia de viatura para Bissau... desarmado ou sem escolta (Episódio sujeito a revalidação dos pormenores; não sei a data nem o local  da emboscada).

O Sérgio [,  foto à esquerda], que é um excelente conviva e um homem bem disposto e divertido,  reinadio, que gosta de dançar e cantar (faz parte do coro do IPP), adoraria voltar à Guiné, estando mesmo disposto a fazê-lo, desde que arranje companheiros de viagem ou garanta algum apoio logístico em Bissau e  no interior...

Profissional liberal, ainda está no activo, mas não tem constrangimentos de tempo nem problemas com colaboradores ou pessoal assalariado...Em suma, é livre de planear o seu tempo.

Contou-me como,  graças aos seus conhecimentos pessoais e profissionais no batalhão de engenharia (BENG), em Bissau (aonde ia, periodicamente, de avião...), conseguiu construir excelentes instalações para o seu pessoal, "passando por cima da hierarquia" (ou melhor, fazendo uma finta a um tenente coronel qualquer que lhe 'roubava' o material em trânsito, entre Bissau e Sedengal)...

Falei aos dois, ao António Soares e ao  Sérgio Faria, da Tabanca de Matosinhos, e dos convívios de 4ª feira... Também conheci o Alberto Sousa Guimarães, presidente da Casa de Pessoal do ISEP, engenheiro electrotécnico, antigo docente, vice-presidente do Conselho Directivo do ISEP [, foto à direita]. Antigo alferes miliciano, o Sousa Guimarães esteve em Bigene, em 1973, sendo contemporâneo dos acontecimentos de Guidaje...   Disse-me que tinha um parente, de nome Manuel-qualquer-coisa [, não se lembrava do apelido,] que ia agora à Guiné, e que faria parte da Tabanca de Matosinhos...

Falei-lhes, aos nossos três camaradas,  do nosso blogue. Prometerem dar uma vista de olhos...

Entretanto, explorando as nossas fontes de informação descobri que o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria foi o comandante da 3ª Companhia do BART  6522/72, mobilizada pelo RAL 5. Partida para a Guiné em  7/12/1972 e regresso à Metrópole em 3/9/1974. Confirma-se que esteve em Ingoré e em Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim. 

O BART 6522/72, comandado pelo  Ten Cor Art João Corte-Real de Araújo Pereira, esteve sedeado em Ingoré e em Bolama. As outras duas companhias do batalhão estiveram  no chão felupe: em S. Domingos (a 1ª, comandada pelo Cap Mil  Inf Artur António Pereira) e em Susana (a 2ª, comandada pelo Cap Mil Inf Raúl Manuel Bivar de Azevedo).

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3312: Unidades que passaram por Sedengal (José Martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5 - Gatos Pretos, Nova Lamego e Canjadude, 1968/70, com data de 10 de Outubro de 2008, com mais um valioso trabalho de pesquisa, que só a sua carolice permite concretizar:

Bom dia Camaradas
Em anexo segue a pesquisa sobre Sedengal

Um abraço e bom fim de semana.
José Martins

2. O presente texto teve início com a publicação do Post P3251 (*), publicado em 30 de Setembro de 2008, no blogueforanadaevaotres.blogspot.com, sob o tema “Notícias sobre o ataque a Sedengal em 21/12/1970".

O poste, da autoria do Coronel Matos Gomes, solicitava informações sobre o que escreveu Josep Sanches Cervelló, professor universitário em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa.

Dia 21 de Dezembro de 1970, ataque do PAIGC ao aquartelamento Português de Sedengal, que causou onze mortos.

Pretendi colaborar nesta procura, tendo concluído que não só não havia registo do facto em si, mas também não constavam mortes neste dia, ocasionados por um ataque ao aquartelamento em questão.

Depois foi apenas necessário estender um pouco mais a pesquisa e, porque a história tem que ser contada por quem a viveu, aqui deixo a referência às unidades militares que passaram por Sedengal e, por arrastamento, àquelas que passaram por Ingoré que, questões de ordem militar, optaram por ser o local onde foi colocado, em tempo oportuno, a unidade que superintendia a acção das forças na zona.

Se observarmos o mapa da antiga Guiné Portuguesa, bem no norte junto à fronteira com o Senegal, nas coordenadas de 12º 24’ N e 15º 55’ W, encontramos Sedengal, cuja convenção nos indica ser Sede de Posto Administrativo, conforme carta geral da província, que pode ser observada no Blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Na mesma página da net, procurando a carta correspondente a Sedengal, elaborada com base numa fotografia aérea datada de Março de 1953, observamos tratar-se de uma localidade que possuía Posto Sanitário, Posto Telefónico e Posto Alfandegária, dada a sua localização junto à fronteira.

O registo mais antigo, na época contemporânea, da presença de forças militares naquela localidade reporta-se a 03 de Abril de 1961, ainda não se tinham iniciado as hostilidades na província, onde se encontrava um pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Indígenas, aquartelado em Nova Lamego, na zona leste.

A 1.ª Companhia de Caçadores Indígenas fazia parte do dispositivo militar da Guiné e era constituída por militares do recrutamento provincial, enquadrada por oficias, sargentos e praças especialistas oriundos da metrópole tendo existência anterior a Janeiro de 1961. Em 01 de Abril de 1967 foi redenominada CCaç 3, mantendo a mesma estrutura de comando.

A 23 de Agosto de 1961, é efectuada uma reestruturação no dispositivo militar existente, regressando esta companhia a Bissau, mas deslocando o pelotão de Sedengal para Ingoré.

Ingoré é considerada, nos mapas já referidos, como um centro comercial ou uma localidade de menor importância, tendo apenas um Posto Sanitário. Esta povoação localiza-se em 12º 23’ N e 15º 37’ W, ligando a Sedengal por uma estrada principal aberta, normalmente, todo o ano.


Foto Google

Nas pesquisas efectuadas não encontramos dados que nos permitam afirmar a continuidade de tropas em destacamento permanente, quer em Sedengal quer em Ingoré. Registamos que a CCaç 252 [mobilizada no RC 3 – Estremoz - embarque em 01 de Agosto de 1961 e regresso em 06 de Novembro de 1963] actuou em acções de soberania e de contacto com as populações, com efectivos e em períodos variáveis, na região de Ingoré.

Esta subunidade, CCav 252, que actuava sob a orientação do BCaç 239 [mobilizado no BC 9 – Viana do Castelo - embarque em 28 de Junho de 1961 e regresso em 24 de Julho de 1963] deixou Ingoré em 28 de Julho de 1963 por entrada em sector de outras unidades.

Nessa data, 28 de Julho de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Ingoré, então criado, a CCaç 462 [mobilizada no BC 10 – Chaves - embarque em 14 de Julho de 1963 e regresso em 07 de Agosto de 1965], que destacou um pelotão para Sedengal. Esta subunidade estava integrada no dispositivo e manobra do BCaç 507 [mobilizado no RI 2 – Abrantes - embarque em 14 de Julho de 1963 e regresso em 29 de Abril de 1965].

A CCaç 462 é rendida, por troca em 12 de Novembro de 1964, pela CCav 567 [mobilizada no RC 3 – Estremoz - embarque em 29 de Outubro de 1963 e regresso em 27 de Outubro de 1965], que mantém um pelotão a guarnecer o destacamento de Sedengal

O Sector O1 (Oeste) com sede em Bula e a que pertence o subsector de Ingoré e, logicamente, o destacamento de Sedengal, está sub a responsabilidade do BCav 790 [mobilizado no RC 7 – Lisboa - embarque em 23 de Abril de 1965 e regresso 08 de Fevereiro de 1967], que, em 20 de Outubro de 1965 recebe, por troca com a CCav 567, uma das unidades pertencentes ao seu comando original, a CCav 788 [mobilizado no RC 7 – Lisboa - embarque em 23 de Abril de 1965 e regresso 08 de Fevereiro de 1967], que assume a responsabilidade do subsector de Ingoré e destaca forças para Sedengal.

Em 19 de Outubro de 1965 é criado o Sector O1-B, com sede em S. Domingos, que passa a abranger a área onde se encontra Ingoré e Sedengal, sendo o comando assumido pelo BCaç 1894 [mobilizado no RI 15 – Tomar - embarque em 30 de Julho de 1966 e regresso em 09 de Maio de 1968], para cuja dependência passa a CCav 788 até à sua substituição

Foto Google > Comando de Sector O1 Bula – coordenadas 12º 06’ N e 15º 42 W - Comando de Sector O1 B S. Domingos - coordenadas 12º 24’ N e 16º 12 W

A substituição da CCav 788 ocorreu em 11 de Janeiro de 1967, com a entrada no subsector da CCav 1482 [mobilizada no RC 7 – Lisboa - embarque em 20 de Outubro de 1965 e regresso em 27 de Julho de 1967], que assumiu o comando e enviou um pelotão para guarnecer Sedengal.

A CCaç 1590 [mobilizada no RI 15 – Tomar - embarque em 3 de Agosto de 1966 e regresso em 09 de Maio de 1968], que fazia parte do BCaç 1894 [mobilizada no RI 15 – Tomar - embarque em 30 de Julho de 1966 e regresso em 04 de Maio de 1968], é atribuída ao mesmo para reforço e execução de operações no seu sector, ficando instalada em Ingoré entre 03 de Dezembro de 1966 e 04 de 04 de Maio de 1967.

Mais tarde, em 13 de Julho de 1967, rende a CCav 1482 e assume a responsabilidade do subsector de Ingoré, com o destacamento de Sedengal, guarnecendo o mesmo com um pelotão.

Esta subunidade recebe a CCaç 1801, entre 04 de Novembro de 1967 e 11 de Dezembro de 1967, para efectuar a instrução de aperfeiçoamento operacional e operações sob a orientação do BCaç 1894.

A CCaç 1801 [mobilizada no BC 10 – Chaves - embarque em 26 de Outubro de 1967 e regresso em 20 de Agosto de 1969], regressa a Ingoré para reforçar o BCaç 1894, para actuação nas operações realizadas, e depois integrado no dispositiva de manobra do BCaç 1913 [mobilizada no RI 15 – Tomar - embarque em 27 de Setembro de 1967 e regresso em 16 de Maio de 1969], quando em 23 de Abril de 1968 assume a responsabilidade do subsector de Ingoré, destacando um pelotão para Sedengal.

A CCav 2540, pertencente ao BCav 2876 [mobilizadas no RC 3 – Estremoz - embarque em 19 de Julho de 1969 e regresso em 04 de Junho de 1971], entram em sector em 01 de Agosto de 1969, tendo a CCav 2540 sido destacada para Ingoré, com um pelotão destacado em Sedengal.

Em 10 de Maio de 1971, a CCav 3364, integrada no BCav 3846 [mobilizadas no RC 3 – Estremoz - embarque em 3 de Abril de 1969 e regresso em 08 de Março 1973], substituem no sector e subsector de Ingoré, as unidades antecedentes, sendo destacado, como do anterior, um pelotão para Sedengal da CCav 3364.

As unidades referidas no anterior, são substituídas pelo BArt 6522/72 e pela sua 3.ª Comp/BArt 6522/72 [mobilizadas no RAL 5 – Penafiel - embarque em 6 de Dezembro de 1972 [3.ª Companhia em 7, 11, 14 e 15 de Dezembro de 1972), por via aérea e regresso entre 30 De Agosto e 03 de Setembro de 1974], em Ingoré, a 13 de Fevereiro de 1972, depois de terem efectuado o treino operacional e a sobreposição. A 3.ª Comp/BArt 6522/72. Destacou um pelotão para Sedengal.

Em 13 de Março de 1973 a 3.ª Comp/BArt 6522/72 foi colocada em Sedengal, assumindo a responsabilidade do subsector, então criado, destacando dois pelotões para reforço de Ingoré.

Sedengal – Vista aérea actual - Foto Google

O destacamento de Sedengal foi desactivado e entregue ao PAIGC em 30 de Agosto de 1974, tendo as tropas regressado a Bissau para aguardar embarque de regresso.


José Martins
Fur Mil Trms Inf
CCaç 5 - Gatos Pretos
Nova Lamego e Canjadude
Junho de 1968 a Junho de 1970
CTI Guiné
______________

Nota de CV

(*) Vd. poste de 30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3251: Em Busca de ... (41): Notícia sobre o ataque a Sedengal, em 21/12/1970 (Cor Carlos Matos Gomes)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3267: Controvérsias (1): Sedengal, 21 de Dezembro de 1970 (Carlos Matos Gomes / J. M. Félix Dias / Carlos Silva / José Martins)

Guiné > Região de Cacheu > Ingoré > CCAÇ 1590 (1966/68) > Aquartelamento de Ingoré. Ao fundo, a ponte sobre Ingoré e saída para o Senegal" (Luís de Matos). Até à data não temos fotos de Sedengal... apenas a carta.

Foto: Luís de Matos (2007) (Bogue de Luís de Matos >
Memórias da Guerra da Guiné > Fotos da CCAÇ 1590, 1966/68) (Com a devida vénia...)

Uma unidade que
também passou por Sedengal e Ingoré, foi a CCAÇ 1590 (1966/68), segundo imnformaçãop do nosso camarada A. Marques Lopes:

(...) "A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.

"Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.

"Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.

"Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso" (...).


1. Relembremos a mensagem do Cor na Ref Matos Gomes, com data de 21 de Setembro de 2008:

Assunto - Um pedido de ajuda

Olá, Luís, mais uma vez parabéns pelo excelente local de convívio e memória que tu e os “camaradas” criaram. Aproveito-o para um pedido de ajuda.

Eu e o Aniceto Afonso estamos a ultimar uma colecção de livros sobre a história contemporânea de Portugal que se centra nos “Anos da Guerra”. Algo que contribua para conhecermos melhor este período recente da nossa vida colectiva. Vamos incluir os factos que consideramos mais importantes para a compreensão do que se passou em cada um dos territórios, em Portugal e no mundo e cheguei a uma dúvida: o nosso comum amigo Josep Cervelló, que é, mais uma vez, nosso colaborador, inclui um facto que não consigo confirmar.

Escreve o Josep Cervelló nos factos relevantes de 1970:
- Dia 21 de Dezembro de 1970, ataque do PAIGC ao aquartelamento português de Sedengal, que causou onze mortos.

Alguém, entre os tertulianos, pode confirmar, ou dar alguma informação relativa a este ataque, ou a ataques a Sedengal? Ficaria muito grato por esta ajuda.

Entretanto, quando a obra tiver data de saída informarei a tertúlia.

Recebam os melhores desejos de felicidades, de continuação de êxito e de sã camaradagem que tenho tido a oportunidade de verificar nas minhas frequentes e sempre proveitosas visitas ao site.
Carlos Matos Gomes


2. Face ao pedido do Cor Matos Gomes, além da publicação do poste 3251 (*), foi enviada mensagem à tertúlia no sentido de conseguir algum esclarecimento.

Caros camaradas e amigos tertulianos:

O Cor Matos Gomes precisa de recolher informações sobre um ataque que houve a Sedengal, no dia 21 de Dezembro de 1970, do qual resultaram baixas com mortos.
Se entre os que nos lêem, houver alguém que tenha informações que possam ser úteis ao nosso camarada Matos Gomes, por favor encaminhem-nas para ele ou para nós.

Um abraço e desde já obrigado.
Carlos Vinhal

3. No mesmo dia, o nosso camarada João Manuel Félix Dias, dizia-nos:

Estive no destacamento de Sedengal na CCAV 2540, não me recordo se em 1969 ou 1970, com o Pelotão do ex-Alf Manuel Luís Ramos, de Santiago do Cacém, salvo erro.

Faziam-se rotações em cada 3 meses. Não sei quem estaria no destacamento aquando desse ataque. Eu estava em Sedengal num dia de ataque a Canjandi, tabanca próxima na estrada de/para S. José.

O senhor General Vieira, que o senhor Ayala (1) conhece, era o Comandante de Companhia.

No RC3 existe um arquivo da CCAV 2540 igual ao que está em Santa Apolónia no Arquivo Histórico Militar.

João Manuel Félix Dias
_________

(1) - Carlos Ayala Botto, hoje Cor Cav, na situação de reforma


4. Ainda no dia 30, o nosso camarada Carlos Silva adiantava

Luís

Acabo de ler o pedido do nosso camarada Carlos Gomes sobre o ataque do PAIGC ao Sedengal em 21-12-1970 que causou 11 mortos, não referindo se das NT ou se civis.

De imediato fiz as minhas investigações e presunções:

(i) Não consta tal facto relevante na História da Unidade? Seria falha grave.
E que os nossos camaradas Aniceto Afonso e Carlos Matos consultaram de certeza absoluta, tendo sido aquele Director do AHM.

(ii) No livro [Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África 1961-1974, 8 Vol - Mortos em Campanha Tomo II – Guiné Livro I, do Estado Maior do Exército, Comissão para o Estudo das Campanhas de África], na página 567, relativamente ao dia 21-12-1970, são referidos um soldado e o meu grande amigo Alferes Ambrósio que morreu em Lamel nesse dia (e a propósito do qual, eu disse de forma revoltada, para o meu Capitão, que nunca mais sairia para o mato).

Logo seria outra falha grave.

(iii) Acabo de falar com o nosso camarada e meu amigo Arquitecto Francisco Machado de Lima, ex-Alferes, que em Março passado [, 2008,] também me acompanhou na visita ao Sector de Farim e ao dele a Ingoré.

O Lima pertenceu à CCS do BCAV 2876 sediado, ao tempo em Ingoré, onde estava a CCAV 2540, a qual tinha destacado nessa altura um Pelotão no Sedengal e Antotinha, e, sobre o assunto ele disse-me ser essa história pura ficção.

(iv) Também me parece. Pois não constar da História da Unidade um facto desses????

Tens aqui uma resposta para o Matos Gomes (...)

Eu não tenho mail dele e não consta da vossa lista, caso contrário, também lhe enviava a resposta ao pedido

Recebe um abraço
Carlos Silva


5. Destas informações foi dado o devido conhecimento ao Cor Matos Gomes, que hoje mesmo nos enviou esta mensagem

Meu caro Carlos Vinhal e restantes companheiros:

Obrigado pela vossa disponibilidade e pronta resposta.

Eu sabia da força do blogue e das gentes que o habitam, mas nunca imaginei que fosse tanta. Só posso sentir-me feliz por saber e verificar que, passados tantos anos, se forjaram nos tempos difíceis amizades e cumplicidades tais que permitem desenvolver relações tão fortes e tão francas.

Só posso congratular-me por, em termos geracionais, pertencer a uma geração que soube ultrapassar as dificuldades com galhardia e coragem, que soube ser generosa, solidária e bem disposta.

Por fim, mas não no fim, gostaria de salientar a correcção e a educação (ou o que assim era designado) de todos os participantes neste fórum que, respeitando as divergências e as diferenças, sabem e querem manter o diálogo cortês e sereno. (Com o que se lê por aí não é pequena coisa sermos educados).

Quanto ao assunto sobre o qual pedi a vossa a ajuda fiquei esclarecido sobre a não existência do ataque ao Sedengal em Dezembro de 1970.

A obra terá, certamente, erros e falhas, mas não terá este.

Logo que eu e o Aniceto Afonso tenhamos conhecimento da data de apresentação da obra (são 15 volumes) terei o maior gosto em o comunicar a todos por este meio.

Recebam, meus caros amigos, a expressão da minha amizade e disponibilidade, além dos votos de continuação do êxito do blogue.

Do Carlos Matos Gomes

6. O nosso camarada José Martins não podia deixar de dar o seu contributo e escreveu hoje:

Bom dia Camaradas

Sobre o poste referido e correspondendo, com muito prazer, ao pedido do camarada e amigo Matos Gomes, procurei obter alguns dados e constatei o seguinte:

(i) Sedengal foi guarnecido por um Pelotão do Exército desde 28Jul63 até 30 de Agosto de 1974.

(ii) Na data indicada, 21 de Dezembro de 1970, era ocupada por uma força da CCAV 2540

(iii) Na data indicada não existe registo de mortos nesta Unidade nem, eventualmente, de milícias que pudessem estar em reforço daquele destacamento.

Por hoje é tudo e, se for o caso até amanhã.

Um abraço
José Martins
_________________

Nota de CV

Vd. poste de 30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3251: Em Busca de ... (41): Notícia sobre o ataque a Sedengal, em 21/12/1970 (Cor Carlos Matos Gomes)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3251: Em Busca de ... (41): Notícia sobre o ataque a Sedengal, em 21/12/1970 (Cor Carlos Matos Gomes)

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje, no último dia do evento. Na foto, o Coronel e Cavalaria do Exército Português, Carlos Matos Gomes, na situação de reforma, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra como Nó Cego, Soldadó ou Fala-me de África (que assina sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz); a seu lado, o o catalão Josep Sánchez Cervelló, professor universitário, em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa...

Por detrás, o edifício, em ruína, da antiga 2ª Rep do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. Matos Gomes, na altura capitão dos comandos, foi um dos protagonistas do 25 de Abril neste palco da história... Recorde-se que a Amura é hoje o panteão nacional da Guiné-Bissau, onde repousam os restos mortais de Amílcar Cabral e de outros heróis da pátria guineense, como Osvaldo Vieira, Domingos Ramos, Tina Silá, Pansau Na Isna, etc. (LG).

Foto e legenda: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.





Download:
FLVMP43GP

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Dia 4 de Março de 2008 > Painel 1 > Guiledje e a Guerra Colonial/Guerra de Libertação > Moderador: João José Monteiro (Universidade Colinas de Boé) > Comunicação > 10h00 - 10h30: Carlos Matos Gomes (Coronel do Exército Português) : Guiné 1973 – Quando os portugueses perceberam que chegara o fim.
Neste excerto, com o o início da sua intervenção, Matos Gomes saúda os organizadores do encontro e faz votos para que esta iniciativa frutifique. Muito a propósito, cita o grande poeta africano, o moçambicano, José Craveirinha (1922-2003), Prémio Camões 1991, que escreveu em 1955 o belíssimo poema Sementeira: Cresce a semente / lentamente / debaixo da terra escura. / Cresce a semente / enquanto a vida se curva no chicomo / e o grande sol de África / vem amaurecer tudo / com o seu enorme calor de revelação (...).
Vídeo (1' 13''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes


1. Mensagem do Cor na Ref Matos Gomes (*), com data de 21 de Setembro de 2008:

Assunto - Um pedido de ajuda (**)

Olá, Luís, mais uma vez parabéns pelo excelente local de convívio e memória que tu e os “camaradas” criaram. Aproveito-o para um pedido de ajuda.

Eu e o Aniceto Afonso estamos a ultimar uma colecção de livros sobre a história contemporânea de Portugal que se centra nos “Anos da Guerra”. Algo que contribua para conhecermos melhor este período recente da nossa vida colectiva. Vamos incluir os factos que consideramos mais importantes para a compreensão do que se passou em cada um dos territórios, em Portugal e no mundo e cheguei a uma dúvida: o nosso comum amigo Josep Cervelló, que é, mais uma vez, nosso colaborador, inclui um facto que não consigo confirmar.

Escreve o Josep Cervelló nos factos relevantes de 1970:

Dia 21 de Dezembro de 1970, ataque do PAIGC ao aquartelamento português de Sedengal, que causou onze mortos.

Alguém, entre os tertulianos, pode confirmar, ou dar alguma informação relativa a este ataque, ou a ataques a Sedengal? Ficaria muito grato por esta ajuda.

Entretanto, quando a obra tiver data de saída informarei a tertúlia. Recebam os melhores desejos de felicidades, de continuação de êxito e de sã camaradagem que tenho tido a oportunidade de verificar nas minhas frequentes e sempre proveitosas visitas ao site.

Carlos Matos Gomes

2. Comentário de L.G.:

Carlos: Obrigado pelas tuas palavras de apreço e de encorajamento que diriges ao nosso blogue e ao nosso projecto, que tem tido algum sucesso, de criar uma Tabanca Grande, virtual, plural, onde possam caber todos os amigos e camaradas da Guiné que queiram partilhar, uns com os outros, e com os demais falantes da língua portuguesa, as suas memórias da guerra colonial / guerra do ultramar / luta de libertação, naquele território, que tu de resto tão bem conheces e onde estivemos os dois juntos, ainda recentemente, numa semana inesquecível (de 29 de Fevereiro a 7 de Março de 2008)...

Quanto ao teu pedido de ajuda, desde já fica aqui registado: estou certo que haverá alguém, dentro ou fora da nossa Tabanca Grande (termo mais forte, simbólica e afectivamente, do que tertúlia) que poderá confirmar ou informar o alegado facto a que aludes, e que teria ocorrido em Sedengal, na fronteira norte, junto ao Senegal: ataque do PAIGC, em 21 de Dezembro de 1970, ao aquartelamento português, de que terão resultado 11 mortos (de ambos os lados ? do lado das NT ? do lado do PAIGC ?)...

Pessoalmente não tenho informação de todo para te confirmar ou informar a notícia. Desconheço a eventual fonte do nosso querido amigo comum, Josep Cervelló. Pode ser que, entretanto, apareça alguém que tenha estado nessa época em Sedengal ou por ali perto (Ingoré, por exemplo) ou noutra parte da região do Cacheu. Estou certo que os nossos camaradas vão tentar ajudar-te (e ajudar-nos) na elucidação desta questão. Temos poucas referências sobre Sedengal. Mas julgo que na época que referes deveria estar em Sedengal um pelotão da CCAÇ 2540 / BCAV 2876 (1969/71). Um dos nossos camaradas que passou por essa unidade foi o ex-Fur Mil SAM, João Manuel Félix Dias, que mora hoje em Alchochete. Boa sorte nas tuas (e nossas) pesquisas. Bom sucesso para o vosso, teu e do Aniceto, projecto editorial.

Um grande abraço. Luís

________

Notas de L.G.

(*) Vd.
Curriculum Vitae do Carlos Matos Gomes:

(i) Nasceu a 24 de Julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha.

(ii) Fez os estudos secundários no Colégio Nun’Alvares de Tomar e o curso de Cavalaria da Academia Militar.

(iii) Fez três comissões, em Moçambique, Angola e Guiné, nas tropas comando.

(iv) Foi ferido e condecorado, participou em grandes e pequenas operações de guerra um pouco por toda a parte.

(v) É actualmente coronel na situação de reserva.

(vi) Paralelamente à carreira militar tem desenvolvido desde 1983, data da edição do romance «Nó Cego», uma continuada actividade literária.

Como romancista, com o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz, publicou, além do referido "Nó Cego", os romances «ASP - De Passo Trocado», «Soldadó», «Os Lobos Não Usam Coleira», adaptado ao cinema pelo realizador António-Pedro de Vasconcelos com o título «Os Imortais», «O Livro das Maravilhas» e «Flamingos Dourados». Tem prestes a ser editado um novo romance «Fala-me de África».

Tem sido editado pelas editoras Bertrand, Nova Nórdica, Circulo de Leitores, Editorial Notícias e Casa das Letras. A sua obra consta das antologias de literatura portuguesa organizadas por João de Melo e foi tema da tese de doutoramento do Professor Rui Teixeira na Universidade de Colónia.

(vii) No cinema foi autor do argumento do filme «Portugal SA» do realizador Ruy Guerra, foi colaborador de Maria de Medeiros no filme «Capitães de Abril» e de Joaquim Leitão nos filmes «Inferno» e «20.13 – Purgatório».

(viii) Escreveu para a RTP a série «Regresso a Sizalinda», baseada no romance «Fala-me de África», a exibir proximamente e que é a primeira co-produção entre as televisões públicas de Portugal e de Angola na área de ficção.

(ix) Participou ainda na área dos áudio visual na ficção «Conta-me Uma História» de João Botelho.

(x) No âmbito da história contemporânea é co-autor, com Aniceto Afonso, das obras «Guerra Colonial» e «Portugal e a I Grande Guerra» editadas em fascículos pelo Diário de Notícias.

(xi) É co-autor, com Fernando Farinha, da obra «Repórter de Guerra», da Editorial Notícias.

(xii) É autor da obra «Nó Górdio – Moçambique 1970», da Colecção Batalhas de Portugal editada pela Tribuna da História.

(xiii) É autor de textos para a História de Portugal dirigida por João Medina para o Ediclube e da História Militar Portuguesa, dirigida por Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira para o Circulo de Leitores.

(xiv) Foi consultor da série de três documentários para televisão «Isto Aconteceu» produzidos por Pedro Efe e da série a “Guerra” de Joaquim Furtado.

(xv) Participou nas séries documentais da SIC e da RTP sobre o Século XX.

Título da comunicação (no Simpósio Internacional de Guileje, Bissau, 1-7 de Março de 2008):

Guiné 1973: Quando os portugueses perceberam que chegara o fim > Sinopse da comunicação:

Em 1973 a situação das forças portuguesas na Guiné fê-los perceber que a guerra chegara ao fim.
Spínola perdera as ilusões quanto ao apoio de Marcelo Caetano para uma solução negociada e ouvira da boca do chefe do governo que preferia uma derrota militar a negociar, as forças armadas portuguesas perderam a supremacia aérea e, sem ela, a guerra estava perdida.

O estado-maior português considerava que as forças do PAIGC tinham capacidade militar para isolarem e ocuparem uma guarnição na fronteira de escalão Batalhão ou duas de companhia, sem que existisse capacidade para o impedir e, menos ainda para as reocupar.

O PAIGC declara a independência e obtivera uma importante vitória política.

A comunicação será uma tentativa de explicação de como haviam os portugueses e os guineenses chegado aqui.


(**) Vd. último poste desta série > 12 de Setembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)