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quarta-feira, 14 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24399: (De) Caras (197): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua" (Valdemar Queiroz, DPOC, Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra) - Parte I


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10

Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colarider > Maio de 2023>    "Da mimha varanda também vejo. o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso querido amigo e camaraada Valdemar Queiroz:

Data - domingo, 28/05, 17:31
Assunto - Quem não pode sair de casa, vai para a varanda.

Como não saio de casa, por motivos da DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), com o tempo mais quente dá para ir ver "passar as modas" na varanda.(*)

Vi nascer toda a urbanização da zona do prédio da minha casa. Passaram 50 anos, os casadinhos de fresco inauguraram os prédios da urbanização e com o andar dos anos os filhos foram crescendo e arranjaram outros locais para morar.

Os mais velhos, como eu, alguns ficaram, mas a maioria também saiu para outros lados. Agora, há cerca de 6-7 anos, os prédios começaram a ser habitados por outra gente,na maioria famílias de cabo-verdianos, mas também guineenses e angolanos.

E, agora, na rua só se vê gente de origem africana, talvez os de cá, já poucos, prefiram sair só de carro.

Eu, com o tempo mais quente,  vou para a varanda e vejo passar gente que me faz lembrar a Guiné e sempre vou tirando umas selfies apanhando pessoas descontraídas. Hoje passou um homem e duas mulheres com um t-shirt BALDÉ, e de imediato lembrei-me do nosso caro amigo Cherno Baldé.

Anexo umas fotografias tiradas da minha varanda, que são um filme do que vejo todos
os dias, desde a chinchada à velhinha nespereira às flores do jacarandá. (**)

Espero que o Cherno goste
Valdemar Queiroz

E

Valdemar Queiroz, minhoto por criação, lisboeta por eleição, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; aqui, na foto, em Contuboel, 1969. Vive hoje, sozinho, em casa, em Agualva-Cacém. Tem um filho e netos nos Países Baixos. De vez em quando vai de urgência para o Hospital Amadora-Sintra com uma crise aguda, devido à sua "DPOC de estimação"... Não perde, mesmo assim, a sua vontade férrea de viver e o seu saudável humor de caserna... O nosso voto é que ele continue mais teimoso do que a filha da p...
______________

(**) Último poste da série > 4 de junho de  2023 > Guiné 61/74 - P24366: (De)Caras (196): "Deus deve ter-se esquecido de África": o nosso tabanqueiro nº 643, Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 12 (Angola, 1970/72), num corajoso e sentido depoimento sobre a sua participação na guerra colonial, à Camões TV, Toronto, Canadá

sábado, 10 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24383: Blogues da nossa blogosfera (182): Uma "mulher de armas", a holandesa Noraly (nome de guerra, "Itchy Boots") que, com a sua especial Honda CRF 300 L Rally, acaba de atravessar a Guiné-Bissau


Guiné-Bissau > 31 de maio de 2023 > Região de Cacheu > Vista, de drone, da ponte de São Vicente, construída pela empresa portuguesa Soares da Costa, financiada pela União Europeia, e inaugurada em 2009... Fotograma, com a devida vénia, do vídeo  da "youtuber" Itchy Boots, que merece as nossas palmas...


Ver Vídeo: 22' 17'' no You Tube > Itchy Boots. 




1. Mensagem do nosso amigo e camarada Valdemar Queiroz

Data . quinta, 1/06, 14:22 (há 8 dias)

Assunto -  Preciso falar PORTUGUÊS aqui na GUINÉ - BISSAU |S7E36| - YouTube

Luís, uma pérola enviada pelo meu filho, que vive na Holanda, como sabes, casado com uma holandesa (ou neerlandesa).

A loirinha  (do vídeo) é uma "ganda maluca". Fiquei com pena de ela, vinda do Senegal (Zinguinchor) não ter entrado pela fronteira de Pirada que passaria por Paúnca (onde eu também estive).

Em Bissau estão a arranjar a Avenida, e a Bissau-Velha está em bom estado de conservação.

Para fazer viagens destas é preciso ter muito gosto por aventuras.

Valdemar Queiroz

Clicar aqui; https://www.youtube.com/watch?v=A1FWR7tZf4E



2.  Comentário do editor LG:

Valdemar, acabo de ver, com legendas em inglês... Tiro o quico à valente holandesa (ou neerlandesa), "youtuber", mundiamente conhecida por Itchy Boots (à letra, "botas que coçam", como são as botas e o restante vestuário dos motoqueiros). Vou publicar, com um link para o vídeo no You Tube. Obrigado ao teu filho. Luís.

O canal no You Tube chama-se Itchy Boots (nome de guerra, registado, da aventureira solitária, "motoqueira", "filmaker", holandesa, Noraly, que em 2018 mandou o emprego às urtigas e decidiu correr mundo na sua Honda especial, superartilhada e equipada com a melhor tecnologia de imagem, incluindo um drone)...

Alguns dados estatístícos sobre os seus conteúdos no You Tube: 

(i) tem cerca de 1,7 milhóes de subscritores;

(ii) disponibiliza 567 vídeos;

(iii) regista mais de 343 milhões de vizualições

(v) tem na página pessoal em www.itchyboots.com

(vi) tem blogue, página no Facebool com mais de 200 mil seguidores, etc.;

(viii) e, claro, tem também bons patrocínios...

Descrição da autora no You Tube (em inglês e português)

I've ridden 140.000 kilometers solo around the world and still counting! 

My name is Noraly, I'm Dutch and passionate about motorcycles, traveling and adventuring. 

In 2018, I quit my job, sold my belongings and have been traveling the world fulltime by motorcycle since then. Over 40 countries later, I am in North Africa, making my way down South. 

My loyal companion is named Alaska, because I rode her all the way up to the northern tip of Alaska before coming to Africa. She is a Honda CRF300L Rally with tonnes of modifications! I share my adventures here on YouTube every Wednesday and Sunday! 

Welcome to the channel and I hope you'll enjoy the ride! Let's go!

Já andei  140 mil quilómetros sozinha ao redor do mundo e continuo a fazer quilómetros! 

O meu nome é Noraly, sou holandesa e apaixonada por motos, viagens e aventuras. 

Em 2018, deixei o meu emprego, vendi os meus pertences e, desde então, viajo pelo o mundo inteiro de moto.

Mais de 40 países depois, estou no norte da África, seguindo para o sul. A minha fiel companheira chama-se Alasca, porque eu a montei até à extremidade  norte do Alasca antes de vir para a África. Ela é uma Honda CRF300L Rally com montes de modificações! 

Compartilho as minhas aventuras aqui no YouTube,  todas as quartas-feiras e domingos! 

Sejam bem-vindo ao canal e espero que gostem do passeio! Vamos lá embora!  

(Traduçáo / adaptação livre: Google Translate + LG)


3. Sobre a viagem Ziguinchor-Bissau (via ponte de São Vicente) de final do mês de maio de 2023

"Preciso falar PORTUGUÊS aqui na GUINÉ - BISSAU |S7E36| (Ou seja, Temporada  7 - Regresso a África ! Episódio 36 - Guiné-Bissau) (Tem já cerca de 432 mil  visualizações) 

31/05/2023 BISSAU

In this video I am crossing the border into Guinea-Bissau. Guinea-Bissau was under the rule of Portugal for many centuries and Portuguese is still the official language here. By far the majority of the locals speak Creole or other languages, but since I don't speak those languages, I have to try my best Portuguese here. 

Want to learn how to use drones, GoPros and 360 cameras to film your solo motorcycle adventure? Check out: www.itchyboots.com/academy 

Here I teach all my filming techniques including getting drone shots while riding! 

Gear & Equipment that I use in this season:  
https://www.itchyboots.com/blog/gear-and-equipment-season-7


Follow my journey on: www.itchyboots.com


Neste vídeo  |S7E36, Temporada 7 / Episódio 36|  estou a  atravessar a fronteira para a Guiné-Bissau. A Guiné-Bissau esteve sob o domínio de Portugal durante muitos séculos e o português ainda é aqui a língua oficial. Mas a maioria dos habitantes locais fala crioulo ou outras línguas. Eu, como não falo essas línguas, tenho que tentar o meu melhor português aqui. 

O leitor quer aprender a usar drones, GoPros e câmeras 360 para filmar a sua aventura a solo de moto? Confira: www.itchyboots.com/academy 

Aqui eu ensino todas as minhas técnicas de filmagem, incluindo tirar fotos de drone enquanto ando! 

Máquinas e equipamentos que uso nesta temporada:  

4. Segundo a Noraly diz, antes de entrar pela fronteira norte da Guiné-Bissau, vinda de Ziguinchor,   passou 9 meses no Brasil, há largos anos, fala português (embora esteja esquecido,,,), e também espanhol... 

É uma mulher atraente, empática, simpática,  aventureira, corajosa, apaixonada pela aventura e pelas motos todo o terreno, dotada para este tipo de desporto-aventura, poliglota (além da língua materna, é fluente  em inglès e no Senegal falou também francês...), comunicadora excecional, contadora de histórias e realizadora de vídeos.  

Imaginamos que tenha um staff de apoio, mas não sabemos quem faz o quê... 

Por favor vejam o vídeo (que tem maios de 22 minutos)  com legendas em inglês ou em português, em ecrã grande... (Ativar as legendas, nas "definições", na barra inferior, do lado direito do vídeo.)

E obrigado à "Itchy Boots"... pelas imagens fantásticas que nos mostra do norte da Guiné-Bissau, região do Cacheu, rio Cacheu, ponte de  São Vicente, além da velha, renovada, cidade de Bissau... Enfim, um país que continua no nosso coração e a quem desejamos as melhores (a)venturas.  

Boa continuação da viagem !... Cuidado com as "minas & armadilhas"... E alguns delas são as "ideias estereotipadas" que se tem dos países e da sua história... (LG)
___________

Nota do editor

(*) Último poste da série > 14 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24142. Blogues da nossa blogosfera (181): Lista de provérbios crioulo-guineenses (página do professor Hildo Honório do Couto, departamento de Linguística, Universidade de Brasília) - II (e última) Parte (M a U)

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Guiné 61/74 - 24376: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (36): As ostras do nosso (des)contentamento (Hélder Sousa / Luís Graça / José João Domingos / Valdemar Queiroz)


Guiné > Bissau > "O Arauto, 27 de Julho de 1967", o único jornal diário da província no nosso tempo> Anúncios de duas casas especializadas em ostras, em Bissau : Casa Afonso, no Chão de Papel; e o Miramar, que vendia uma travessa gigante de ostras (da rocha ou da pedra, em conglomerado) por 20 pesos... Dois anos depois ainda eram ao mesmo preço, quando por lá passei... E o Hélder Sousa também pagava 20 pesos, quatro anos depois, em 1971



Croqui da parte oriental da Bissau Velha, entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura. No 15 ficava o Hotel Miramar / Cais Bar... A antiga Rua Olivera Salazar é hoje a Rua Mendes Guerra. O Miramar ficava em frente à Casa Pintosinho (2, no croqui). Era aqui, ao lonmgo da década de 1960 e 1970, comíamos ostras, a 20 pesos cada travessa, quando vínhamos a Bissau... (*)

Infogravuras: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo!) > Agosto de 2020  >  Ostras ao natural, anti-Covid 19... Não, são de Có, Quinhamel ou do Saltinho... São da Lagoa de Óbidos (**)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Há coisas engraçadas, mas que parecem não ter explicação: os portugueses têm nas suas rias, lagoas, estuários... bancos de ostras das melhores do mundo (dizem os entendidos, e dizem os franceses que lhes chamam "les portugaises"... sem qualquer discriminação ou  conotação sexual)... 

Mas a generaliddade dos portugueses prefere  outros moluscos: a ameijoa, 0 berbigão, a navalha ou lingueirão, o percebe, o mexilhão, para não falar do "tremoço"... Há um preconceito atávico em relação à ostra (nome científico: Crassostrea Angulata)  (talvez devido ao  aparentemente repulsivo aspeto do seu interior...).  

Quem foi  à Guiné, pelo contrário, passou a ser fã da ostra, seja da ria Formosa, dos estuários do Sado e do Tejo ou até da lagoa de Óbidos... Amarga foi, porém, a ostra que deu nome a um infeliz operação, em que as NT sofreram uma emboscada com dois mortos, em 18 de outibro de 1969, no sector de Bula,  testemunhada  e filmada por jornalistas franceses.

Mas falemos das ostras do nosso contentamento, que se apanhavam em Có, balaios e balaios delas, e  que depois eram vendidas e comidas em Bissau... Registamos aqui alguns comentários ao poste P24372 (***)


(i) Luís Graça:

Viva o esparguete, que foi o fiel amigo do combatente ao longo da guerra... Mais as cavalas de conserva... Já poucos se lembram disto...

Chamar-lhe, ao esparguete, "atacadores da PM" (os atacadores brancos das botas da Polícia Militar...) é que é um achado humorístico...

7 de junho de 2023 às 06:32 

 Tem piada, o português não gosta de ostras, um excelente alimento... As nossas ostras, das melhores do mundo, vão para França. É como a história do porco preto espanhol que vem engordar nos nossos soutos... Não sabemos fazer presunto...

7 de junho de 2023 às 11:17

(ii) Hélder Sousa:
 
(...) Quanto a essa coisa de "o português não gostar de ostras", claro que só pode ser uma generalização pois os portugueses que estiveram na Guiné apreciavam (e apreciam) bastante essa iguaria. Não esquecer também a "sopa de ostras", que faz parte do roteiro gastronómico da Guiné-Bissau.

Tanto assim é que em muitas das "viagens do turismo de saudade" não faltam as idas a Quinhamel para comer ostras. E eram bem boas, as muitas que comi em Bissau. Boas e relativamente baratas.

No entanto devo confessar que também eu tinha um preconceito quantos "às ostras". Lembrava-me sempre as expressões "populares" que acompanhavam a expulsão de escarretas, daquelas bem cheias de muco e ranho com "lá vai ostra" e daí associar as situações à visão da ostra.

Depois, a luta com as faquinhas para chegar à ostra naqueles pedaços de "ostra da pedra", bem quentinhas, o molho de limão com piri-piri, o convívio, a visão das enormes travessas bem cheias, as "bazucas" a acompanhar, tudo isso ainda hoje é inesquecível.

Por cá havia viveiros naturais de ostras no Tejo e no Sado.

Quando regressei da Guiné e ainda antes vir para Setúbal, apanhando o "balanço" das experiências guineenses e o facto de o meu camarada TSF ser daqui de Setúbal e o pai trabalhar num despachante oficial que tratava dos despachos para França, onde são muito apreciadas, sempre voltei a comer essas iguarias.

Depois disso, com a entrada em funcionamento dos estaleiros navais da então Setenave, as ostras do Sado foram desaparecendo, dado que são muito sensíveis a elementos poluentes, embora agora se estejam a regenerar alguns bancos de ostras e que depois são tratadas em estação de depuramento.

Mas concedo que, na generalidade, os portugueses "não gostam de ostras"...

7 de junho de 2023 às 11:51  

(iii) Luís Graça

Também há ostras aqui perto da Lourinhã,  na Lagoa de Óbidos e, felizmente, cá em casa todos gostamos. Sou eu que as preparo.(**)

Confesso que também foi na Guiné, em Bissau, que comecei a apreciá-las. Depois quando ia à Galiza, passava por  Vigo, não perdendo a oportunidade de as voltar a saborear... As deliciosas ostras das "rias bajas".

Acho que temos de fazer mais pela divulgação da nossa ostra, que é um excelente alimento e é rica em cálcio... Vou publicar o teu comentário... E mais algum que apareça sobre as ostras de Có, ou de Quinhamel, ou do Saltinho (parece que também as há no Corubal)...

No meu tempo em Bambadinca tínhamos o camarão ou o lagostim do rio Geba... Nunca apanhei uma diarreia por causa  do marisco... Em África é sempre problemático comer marisco. 

7 de junho de 2023 às 12:54

2. Já agora vai aqui um destaque para um texto do José João Braga Domingos sobre "as outras de Bissau" (****):

(...) Instalados no Ilondé, desde outubro de 1973, passamos a usufruir de vez em quando do consumo de ostras em Bissau.

Vários estabelecimentos de Bissau vendiam ostras mas, não sei porquê, frequentava sempre um estabelecimento que ficava no passeio do Pelicano, mais ou menos ao meio da rua, quase em frente ao Mussá, e tinha uma pequena esplanada.

Pedíamos travessas de ostras, que eram enormes, e, munidos de uma pequena faca, lá íamos abrindo as ostras que mergulhávamos no molho de limão bem picante e acompanhávamos com cerveja que, na altura, já era fabricada na Guiné. As cascas eram depositadas numa enorme caixa de cartão.

Mas, para além do petisco, a casa apresentava outra atração consubstanciada no jovem guineense que servia os clientes, de seu nome Joãozinho, que por acaso já tinha estado em Lisboa.

Dava gosto ouvir as suas histórias das quais me lembro de duas.

A primeira: Joãozinho não acreditava que a ponte sobre o Tejo, em Lisboa, tivesse sido feita com intervenção humana, antes tinha brotado espontâneamente do mar e ninguém o convencia do contrário.

A segunda: na sua estada em Lisboa, Joãozinho foi visitar o Jardim de "Orloge", como ele dizia, e, durante a visita aos répteis, saiu disparado (“no goss”) do recinto com medo “dos cobra”.

Perante a amostra é fácil perceber porque nunca mudei de fornecedor de ostras.
 
3. E, como as ostras são como as cerejas (o mal é começar), finalizamos com um comentário do Valdemar Queiroz ao poste P20388 (*),que vem enriqucer esta nossa série "No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande" (*****)

(...) Pois, estarei a fazer confusão. Estava convencido que seria na esplanada da 'Ultramarina', então seria na 'Miramar', na rua em frente do 'Pintosinho'... Já lá vai meio século.

E quanto a ostras, já as tinha comido e de grandes barrigadas. Nos anos 1961-62-63-64 era hábito o campismo selvagem em Troia, e eu mais três amigalhaços da Estefânia (Lisboa) íamos pra lá acampar no Verão.

Naquele tempo, Troia tinha o cais dos barcos, umas casas da colónia da GNR, no lado do rio, o resto era deserto, uns pequenos palheiros, uns poços abertos na areia e centenas de tendas de campismo.

Andava-se para os lados da Comporta e, antes de chegar à Carrasqueira, havia uma zona com um grande 'filão' de ameijoa branca e ostras, aos milhares. Era encher grandes sacadas à pressa, por causa da subida da maré, e depois nas tendas grandes barrigadas: ameijoas e ostras abertas numa panela, com um pouco de água no fundo e apenas temperadas com sal, só faltava a cervejola. 

Bons tempos, agora tudo aquilo faz parte do 'calote do BES'

28 de novembro de 2019 às 00:32 
___________

Notas do editor:



(...) Confesso:
aprendi a comer ostras em Bissau,
à beira do Geba,
no intervalo da guerra...
Ao natural, as ostras,
apenas com lima e piripiri.
Passei por Tavira
mas não me lembro das ostras que lá comi.
Se é que havia ostras, no último trimestre de 68,
na ria Formosa que servia de campo de tiro.
E, se as comi, eram amargas.
 
Se calhar, a maior parte de nós,
dos ex-combatentes,
aprendeu a comer ostras em Bissau...
Calhaus de ostras!...
Conglomerados!...
Com molho de lima e piripiri...
Passava-se um tarde
a matar a fome e a sede, 
à volta de uma travessa de ostras,
longe do Vietname,
que começava logo ali a partir de Nhacra.
A 20 pesos a travessa.
Não havia exercício mais anti-stressante
do que esse, de abrir e comer ostras,
nas esplanadas de Bissau,
à beira rio, com o cheiro a tarrafe,
e saudades do Tejo ou do Douro,
cada um tinha o seu rio de estimação. (...)

(***) Vd. poste de 6 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24372: História da CCAÇ 2402 (Có, Mansabá e Olossato, 1968/70) (Coordenação: Raul Albino, 1945-2020) - Textos avulsos - Parte II: A imaginação que era preciso ter para se comer "atacadores da PM com estilhaços"!... Trocando carne do restaurante "Solar dos 10", em Bissau, por produtos locais de Có (camarão, ostras, tomate...) (Mário Vargas Cardoso, 1935-2023)

(****) Vd. poste de 16 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21907: Memórias de José João Braga Domingos, ex-Fur Mil Inf da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4516/73 (8): "As colunas para Farim e Guidaje", "Os engraxadores" e "As ostras de Bissau"

(*****) Último poste da série >  12 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24310: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (35): chegou a primavera (mesmo sem "abril, águas mil"), que vai bem com (diz a 'Chef' Alice): (i) favas com casca, suadas, à moda alentejana; (ii) carapauzinhos fritos com arroz de tomate; e (iii) favas suadas à moda da Maria da Graça... Sem esquecer: (iv) o festival literário "Livros a Oeste (11ª edição, Lourinhã, 9-13 mai 2023); e ainda (v) a 14ª quinzena gastronómica do polvo (Lourinhã, 17-31 mai 2023)...

domingo, 28 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24349: In Memoriam (477): José Carlos Suleimane Baldé (c. 1951 - 2022), ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1969/74): era natural de Amedalai, Xime, entrou para a Tabanca Grande em 15 de maio de 2012, depois de ter visitado Portugal em 2011


Guné > Zona Leste > Região de Bafatã > Setor L1 (Bambadinca) > Finete >  CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71) > 2ª metade de 1969 > Três militares da 4º Grupo de Combate, 2ª secção... 

Da esquerda para a direita: (i) Furriel miliciano apontador de armas pesadas de infantaria, Luis M. Graça Henriques (a quem, não havendo armas pesadas na companhia, sediada em Bambadinca, foi "promovido" a "pião de nicas", tapando todos os buracos no comando de secções dos 4 Gr Comb); (ii), de joelhos, 1º cabo at inf, nº mecanográfico 82115569, José Carlos Suleimane Baldé (c. 1951-2022), de etnia fula, natural de Amedalai, regulado do Xime,  membro da nossa Tabanca Grande, nº 557; morreu em 2022, teria 71 anos; (iii) soldado at inf, nº mec 82115869, Umarú Baldé (c. 1953-2004), apontador de morteiro 60), de etnia fula, natural de Dembataco, que morreu em Portugal, de doença, na miséria, apenas ajudado por camaradas (metropolitanos) da CCAÇ 12.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Amedalai > 26 de Julho de 2006 > O José Carlos com a família. A Odete Cardoso, esposa do ex-alf mil Jaime Pereira, é madrinha da filha mais nova do Zé Carlos, agora com 18 anos e a viver em Lisboa (onde estuda numa "escola inclusiva" e  está a frequentar o 9º ano de escolaridade).

Foto (e legenda): 
© Odete Cardoso (2023). Todos os direitos reservados. 
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/73) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral (José e Ermelinda, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra, figuras conhecidas e estimadas no meio coimbrão)... > Na foto, a anfitriã, a dra. Ermelinda com o Zé Carlos Suleimane Baldé, fotografado junto à mesa das sobremesas, uma amostra da nossa grande, riquíssima, diversidade gastronómica... Destaque, nas frutas, para as cerejas de Resende (cada conviva trouxe a sua sobremesa).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Ontem apanhei uma boleia do António Duarte (ex-fur mil, CART 3493 / BART 3873, Mansambo, 1971/72, e CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74) (foto à direita). e fui até Coimbra, para participar no 50º almoço de confraternização do pessoal da CCAÇ 12 e demais subunidades que passaram  por Bambadinca entre 1971 e 1974 (*).  

Darei oportunamente notícia desse convívio que se realizou nos claustros no antigo Colégio da Graça, Rua Sofia, 136, hoje sede do núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes. 

Mas, para já, quero partilhar uma triste notícia, que lá soube, através da dra. Odete Cardoso, esposa do nosso camarada Jaime Pereira, um dos orgnizadores do encontro: o nosso 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé morreu o ano passado. Tem cá uma filha, por sinal muito bonita (a avaliar pela foto que me mostraram)... Tem 18 anos, está a estudar numa "escola inclusiva", frequentadno o 9º ano... 

Fiquei triste, estimava-o muito... 

Estive com ele em 2011, justamente em Coimbra e depois em Lisboa... Em 2011 foi a "vedeta" principal  do convívído dos meus camaradas da 2ª e 3ª gerações da CCAÇ 12. A sua vinda a Portugal fora possível graças ao apoio do casal Jaime Pereira e Odete Pereira, mas também dos camaradas que comparticiparam com dinheiro para custear a passagem aérea. Outros camaradas, de Lisboa, também o receberam e levaram-no a passear: destaco os nomes do 
António Marques Fernandes (e a esposa Gina) e ainda o José Luís Vacas de Carvalho (cmdt do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1969/71), sem esquecer outros camaradas, como o Victor Alves, o Murta, o Patronilho, etc.

O Zé Carlos, em 2011.
Foto: LG
Escreveu o Valdemar Queiroz, ex-fur mil da CART 2479 / CART 11 (1969/70): "o José Carlos Suleimane Baldé foi do meu Pelotão de Instrução, em Contuboel, deveria ter 70 anos, os meus sentimentos às filhas".

Depois de ter feito a recruta e jurado bandeira (em Bissau, na presença no gen Spínola), o Zé Carlos foi integrado na  CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12). Em Contuboel fez connosco, em junho e julho de 1969, a instrução de especialidade e a IAO. Fazia parte do 4º Gr Comb.

Sabemos que,  antes do final da guerra, fora dispensado da actividade operacional para dar aulas como monitor escolar em Dembataco. Foi, no meu tempo (CCAÇ 12, 1969/71), o primeiro soldado arvorado, do recrutamento local, a ser promovido (em 15 de setembro de 1969) ao posto de 1º cabo at inf, por ter completado com sucesso o exame da 4ª classe. 

Tive ocasião de ouvir da boca dele, neste convívio de 2011 em Coimbra (e depois na visita que me fez à Escola Nacional de Saúde Pública, em Lisboa,  com o casal António F. Marques), o relato de alguns momentos extremamente dramáticos por que passou, no início de 1975, quando os "balantas e mandingas",  as "hienas" e os "irãs maus" 
do PAIGC da zona leste, transformaram Bambadinca num permanente tribunal popular e num "matadouro humano"...  (Bambadinca foi, depois da independência, um dos lugares trágicos dos "ajustes de contas" dos guineenses, vencedores,  contra os guineenses, vencidos...) (**):


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel >
Centro de Intrução Militar (CIM) > 
CART 2479 / CART 11 >  
c. março/maio de 1969 >
O instrutor (Valdemar Queiroz)
e o recruta Umaru Baldé,
"menino de sua mãe"...


Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014).
Todos os direitos reservados 
Edição e legendagem complementar:
 Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

(i) esteve sentado no banco dos réus, e chegou a estar encostado ao "poilão dos fuzilamentos 
de Bambadinca, valendo-lhe a influência do seu  pai e o peso dos demais "homens grandes" do chão fula, bem como a opinião generalizada de que ele,  Zé Carlos, era um homem bom, e um antigo militar de conduta correcta, apesar de ter sido um "cachorro dos tugas";

(ii) foi obrigado a assistir à execução pública de um cipaio (polícia administrativa) em Bambadinca, bem como à execução de "sete irmãos", em Bissorã, etc.;

(iii) descreveu as torturas horrorosas a que foi submetido o nosso "bom gigante", o Abibo Jau (do 1º Gr Comb da CCAÇ 12, e que depois transitou  para a CCAÇ 21, do Jamanca e do Amadu Djaló) antes de ser executado; 

(iv) andou também fugido pelo Senegal, como tantos outros camaradas nossos guineenses, e tentou ir de avião para Angola, acabando por ser apanhado e recambiado para a sua terra;

(v) o seu sonho é que dois dos seus filhos 
conseguissem ir viver e trabalhar em Portugal;

(vi) em 2011 era agricultor em Amedalai, perto do Xime, trabalhando no duro com as suas 
mulheres e filhos para sobreviver;

(vii) uma bandeira portuguesa forrava uma das paredes da sua humilde morança.

Em 15 de maio de 2012, passou a integrar a Tabanca Grande (***).

Integrar o  Zé Carlos e depois o Umaru Baldé na nossa Tabanca Grande foi, no meu entendimento,  um gesto de homenagem, de reparação moral, de solidariedade e de camaradagem. Ambos foram um  exemplo paradigmático da desgraça que aconteceu a todos aqueles guineenses, fulas e não só, que acreditaram no sonho de uma Pátria Portuguesa onde todos podiam caber, e que combateram nas nossas fileiras... Spínola foi o arauto desse sonho mas também o seu coveiro... A História nos julgará a todos! 

O Zé Carlos era ligeiramente mais velho que o "puto" Umaru Baldé (c. 1953-2004). Em 1969, eu dar-lhe-ia 17/18 anos. Terá pois nascido em 1951/52. Que descanse em paz, sob o poilão sagrado da sua tabanca de Amedalai (****).

PS -  Tanto o Zé Carlos como o  Umarú, na época de 1969/71, pertenciam à 2ª secção, 4º Gr Comb, comandada pelo Fur Mil At Inf António Marques:

CCAÇ 12 > 4º Gr Comb > 2ª secção (em meados de 1969)

Fur Mil 11941567
António Fernando R. Marques
1º Cabo 17714968 António Pinto
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (Fula)
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (Fula)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (Fula)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (Fula)
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (Futa-Fula)
Sold 82119069 Mamadú Baldé (Fula)

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de maio de 2023 Guiné 61/74 - P24315: Convívios (960): 50.º almoço de confraternização da CCAÇ 12, Pelotões Daimler e Pel Caç Nat, Bambadinca e Xime, 1971/74: Coimbra, Claustros do antigo Colégio da Graça, 27 de maio de 2023 (José Sobral e Jaime Pereira)

(**) Vd. postes de:

22 de maio de  2011 > Guiné 63/74 - P8311: Os nossos camaradas guineenses (32): José Carlos Suleimane Baldé... Pensando na CCAÇ 12, em Coimbra, em Amedalai, em Bambadinca... Andando pelo Planaltod as Cesaredas, à procura de amonites e orquídeas-abelhas... Celebrando a biodiversidade, a etnodiversidade, a camarigagem, os nossos encontros e desencontros... (Luís Graça)

20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24321: Facebook...ando (28): Convívio anual da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) em que apareceu, pela primeira vez, o Pechincha, que já não via desde 1969 (Abílio Duarte)


CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus", 1969/70 > Convívio > Moita, Praia do Rosário > 13 de maio de 2023 > Um grupo de resistentes... O primeiro da esquerda para a direita, na primeira fila (sentados): eu, Abílio Duarte, o Pais de Sousa, o Manuel Macias, o Alf Martins e um camarada condutor, que agora não recordo o seu nome. De pé, e também da esquerda para a direita: o Pechincha, o Silva, o Reina, o Saraiva, o Artur Dias e o Cândido Cunha.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Foto e mensagem do Abílio Duarte, postadas na página do Facebook da Tabanca Grande, em 16 do corrente, 17h09:

[Foto à direita: Abílio Duarte, ex-fur mil art, CART 2479 (que em janeiro de 1970 deu origem à CART 11, Os Lacraus, que por sua vez em junho de 1972 passou a designar-se CCAÇ 11), Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70]

Continuando a recordar. Foto do último almoço-convívio, dos veteranos da CArt 2479  (CArt / CCaç 11), Guiné 1969/70. 

Encontrei o Pechincha, que já não via desde 1969, quando se desenfiou para Bissau. Cá vamos resistindo. 

Nesta foto, temos pessoal que nos acompanhou, desde Penafiel  à Guiné, como o Manuel Macias, o Cândido Cunha, o Pechincha, o Pais de Sousa (Fur Mecânico), o Silva (Fur Transmissões), o Reina,  o Alf Martins, meu Comandante de Pelotão, e outros soldados e cabos, como o Dias e o Saraiva. Tudo em forma. Abraço a todos. Abílio Duarte.

2. Comentário do editor LG:

Abílio, obrigado, pela fotos e pela legenda, agora mais completa. Finalmente, "apanhamos" o Pechincha, que era há muito procurado, "vivo ou morto"... O Macias também é nosso tabanqueiro... O Valdemar, infelizmente, não foi ao vosso convívio, por razões de saúde (conhecidas de todos), nem é "facebook...eiro", embora seja um ativo comentador do nosso blogue. O Cândido Cunha gostava de o ver aqui, mais vezes, a "dar a cara",  passando a integrar a Tabanca Grande. O convite que lhe fiz há muito, continua válido... Um alfabravo para esses  todos "lacraus", que estiveram comigo em Contuboel... em junho/julho de 1969... 


Espinho > Silvalde > Fevereiro de 1969 >  CART 2479 / CART 11 >   IAO, Instrução de Aperfeiçoamento Operacional > Uma "foto histórica" um "ninho" de lacraus, designação do pessoal da futura CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/70)

CART 2479 constituiu-se no RAL 5 em Penafiel, no ano de 1968, como subunidade do BART 2866, desmembrando-se desta unidade em fevereiro de 1969, e embarcando com destino à Guiné no dia 18, aonde chegou a 25 do mesmo mês

O  percurso operacional da CART 2479 na zona leste, foi longo, fixando a sua sede em Nova Lamego, no Quartel de Baixo em setembro de 1969; passou por Bissau, Contuboel, Nova Lamego,  Piche; o comandante era o cap mil art Analido Aniceto Pinto (1934- 2014) (trabalhou na Galp Energia, com o nosso Tony Levezinho, da CCAÇ 12); foi extinta em 18 de janeiro de 1970, passando a companhia a designar-se CART 11; em maio de 1972 a CART 11 passou a designar-se CCAÇ 11. No CIM de Contuboel, no 1º e 2º trimestre de 1969l formaram-se, entre outras, as futuras CART 11 / CCAÇ 11 e CCAÇ 12.

Na foto, e graças aos contributos do Valdemar Queiroz  e do Abílio Duarte, podemos identificar os seguintes 1ºs cabos milicianos (futuros furriéis milicianos. "Lacraus" da CART 2479 / CART 11), da esquerda para a direita:

(i) na primeira fila, Manuel Macias (8), Pechincha (que era de operações especiais) (7), Abílio Duarte (5) e Aurélio Duarte (, de Coimbra, falecido em 2015);

(ii) na segunda fila, Canatário (que era apontador de armas pesadas) (9); o Ferreira (
vaguemestre) (10);  o Cândido Cunha (3)") (**) ; e o Abílio Pinto (11);

(iii) na terceira fila,  o Vera Cruz ("este rapaz era um tratado a jogar à lerpa, bons momentos, muito stressado, mas com saída com as miúdas na Guiné"(13); e o Renato Monteiro (já falecido, em 2021) (2):

(iv) na última fila, o Bento (14), o Sousa (já falecido (4), (14) e o "indomável Valdemar Queiroz da Silva, grande contador de histórias" (1).

"Todos duma excecional colheita de "bioxene", garante o Valdemar.  Na foto faltam os restantes da colheita, os ex-fur.mil. Pais de Sousa (Mecânico), Silva (Transmissões) e Edmond (Enfermeiro).

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine.]
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Nota do editor:

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24255: 19º aniversário do nosso Blogue (1): Obrigado, Valdemar Queiroz, por nos comparares à tua priminha ("Com 19 anos a Tabanca Grande, até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72 m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar' ". Obrigado pelos vossos parabéns e incentivos, João Rodrigues Lobo, Carlos Vinhal, Alberto Branquinho, Miguel Rocha, José Botelho Colaço...


"A rapariga com brinco de pérola" (c. 1665)... Não é a "prima Lourdes" do nosso camarada Valdemar Queiroz, mas é capaz de não lhe ficar atrás... É uma das obras... primas do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675) e de toda a pintura ocidental, rivalizando com todas as "madonas" e "madames"... Óleo sobre tela (44,5 cm x 39 cm). Localização atual: Galeria Mauritshuis, Haia. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipedia.

1. Primeiros comentários ao poste P24242 (*)... Temos mais para reproduzir aqui. Queremos receber as vossas sugestões, críticas e comentários, sobre o nosso passado, presente e futuro enquanto blogue e Tabanca Grande... Serão publicados na "montra grande" do blogue, desde que cheguem até ao final da segunda semana do próximo mês de maio, sábado, 13. É também uma boa altura de os nossos tabanqueiros fazerem a sua "prova de vida", sairem do sofá e darem uma voltinha pela nossa "parada"...

(i) Tabanca Grande Luís Graça:

Obrigado, amigos e camaradas,  pelos vossos comentários relativamente à nossa efeméride.

Obrigado, Valdemar, por nos comparares à prima Lourdes (à francesa)... Lisonjeiro!... Mas ainda nos arranjas uma cena de ciúmes (ou até alguma acusação de assédio, que é bem pior para a nossa re...puta...ção!):

"Com 19 anos, a Tabanca Grande até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72 m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar'." (...)


23 de abril de 2023 às 17:27 

(ii) João Rodrigues Lobo:

Bom dia. Nesta fase da nossa vida em que "recordar é viver" que o espírito de sã camaradagem prevaleça entre todos. Abraços.

23 de abril de 2023 às 09:18

(iii) Carlos Vinhal;

Estão a dormir na forma ou quê?

Era este o grito de incitamento ou censura, quando, no serviço militar, denotavam(os) nos recrutas alguma indolência ou desatenção.

Pois é, cara tertúlia, isto é um incentivo, vamos lá dizer o que pensamos do nosso Blogue.

O passado e o presente estão assegurados, contudo, o futuro é muito incerto, e este espólio não se pode perder. Definitivamente estamos a ficar velhotes e não conseguiremos gerir o Blogue por muito mais tempo.

Ficamos desde já gratos pelas vossas críticas e sugestões, que podem deixar aqui sob a forma de comentário ou a enviar para os endereços de email habituais.

Aproveitem este domingo, um tanto triste, pelo menos aqui no norte, para refletirem e nos ajudarem a assegurar o futuro da nossa página.

Grande abraço, Carlos Vinhal

23 de abril de 2023 às 11:32

(iv) Alberto Branquinho:

Pois é, Carlos. Este foi o espaço onde acabei por conhecer muita gente que LÁ sofreu tanto ou mais que eu, onde reencontrei bastantes outros e onde tive oportunidade de mostrar alguma coisa relacionada (por vezes não) com ESSA experiência da Guiné. E ajudou (talvez tardiamente) a fazer a catárse.

Do facebook nada sei porque, quando dele tive conhecimento, me pareceu uma caserna onde se acoita gente demasiada e muito diversa e onde não há regras (ou parece não haver).

Abraço, Alberto Branquinho

23 de abril de 2023 às 11:32

(v) Miguel Rocha:

"Aquele abraço"!!!

Votos de saúde!

Miguel Rocha, o transmontano

3 de abril de 2023 às 12:07

(vi) José Botelho Colaço:

Parabéns: Graças ao blogue hoje estou um pouco documentado com histórias contadas e vividas na 1ª pessoa o que foi participar, viver e sofrer na guerra da Guiné, caso contrário teria ficado só pelo Cachil Ilha do Como, operação Tridente e um pouco de Bissau e Bafatá. 

Abraço amigo. Colaço.

23 de abril de 2023 às 13:24

(vii) Valdemar Queiroz:

O nosso Blogue faz 19 anos, ena, ena, está quase a entrar pra tropa. Pra tropa salvo seja, que é coisa que não nos falta.

Tal como a minha entrada pra tropa com 22 anos, também entrei tarde pra Tabanca Grande já ela estava construída com fortes traves mestras que foram aguentando estes belos momentos que vamos passando em convívio recordando os extraordinários tempos da guerra na Guiné.

Com 19 anos a Tabanca Grande, até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar'.

Parabéns e saúde aos incansáveis progenitores e a toda a família da rapaziada que faz parte desta Grande Tabanca.

Um grande abraço, Valdemar Queiroz

23 de abril de 2023 às 13:49
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Nota do editor:

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24228: (Ex)citações (426): Recordações dos Comandos Africanos em Paunca, em setembro de 1970 (Valdemar Queiroz e Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 11, 1969/70)


 
Guiné > Zona Leste > Regiãod e Gabu > Paunca > CART 11 (1969/70) > Rua principal e quartel, com o Valdemar Queiroz numa das portas de armas, na primeira foto.

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P24224 (*), da parte de dois "Lacraus", ex-fur mil, Valdemar Queiroz e Abílio Duarte, da CART 2479 (que em janeiro de 1970 deu origem à CART 11, "Os Lacraus", que por sua vez em junho de 1972 passou a designar-se CCAÇ 11);  os dois passaram por  Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, e outros sítios do Leste, 1969/70; sabemos que o Abílio Duarte estava em Paunca na altura do Ramadão de 1970, que nesse ano começou a 31 de outubro e terminou a 30 de novembro; sobre Paunca temos mais de 7 dezenas de referências.


(i) Valdemar Queiroz:

Em Setembro de 1970, eu a minha CART 11 estávamos em Paunca e no destacamento de Guiro Iero Bocari.

Eu não me recordo da Companhia de Comandos Africanos estar no nosso Quartel em Paunca [sem setembro de 1970], talvez por andar numa segurança à vacinação que se efetuou na população das tabancas da zona.

Dentro do triângulo Sara Bacar-Paunca / Sonaco-Pirada havia várias tabancas sem tropa (não sei se em autodefesa) e fazíamos visitas com frequência. Também, com a chegada da nossa CART 11, de soldados fulas, ou com falta de efetivos a partir do Senegal, deixou de haver incursões do IN naquela zona

Calhando, o Abílio Duarte se lembre dessa visita.

Valdemar Queiroz | 15 de abril de 2023 às 16:45 

(ii) Abilio Duarte:

Com certeza... Amigo e camarada Valdemar, como se fosse ontem.

Estava em Paunca, na altura em que a Companhia de Comados do cap Bacar Jaló foi fazer uma operação ao Senegal.

Sem mais nem menos, ninguém sabia de nada, e entra aquela malta toda no nosso aquartelamento em Paunca, e eu digo para mim: "Porra, estes gajos vêm a fugir de onde?!...

Passada a surpresa, vim a saber o que se tinha passado, e o capitão Aniceto  Pinto chamou a nossa malta, e fez um breve briefing: era necessário pôr a malta nas valas e abrigos, pois os comandos tinham a sensação que vinham a ser seguidos pelo PAIGC.

Em seguida , o cap Jaló deu umas coordenadas, e fez-se fogo do obus 140 mm, e de morteiro 80 mm.

Ainda nesse fim de tarde, apareceu uma coluna de Unimogs, que vieram buscar os Comados Africanos, e zarparam, não sei para onde.

Estava tudo combinado, e nem o Aniceto sabia  de alguma coisa. O segredo é a alma do negócio.

Só ouvi falar novamente desta gente, na operação em Conacri, em que o pelotão do ten Januário foi apanhado, e fuzilado.

Recordando a Operação Mar Verde,  eu dormia numa tabanca, e numa manhã, veio o dono da dita, me acordando: "Furiel , tuga está em Conacri !!!"...

Fui ouvir a rádio que ele estava a sintonizar e...tudo de boca aberta, apesar do meu mau francês, lá percebi o que se estava a passar.

Ligando para o PIFAS, e Emissora Nacional, era tudo mentira.

Abraço Valdemar e as tuas melhoras.

Abílio Duarte | 15 de abril de 2023 às 17:25 

(iii) Valdemar Queiroz:

Duarte, ainda bem que te lembras do que aconteceu. Não me lembro de nada, nem sequer de ouvir falar do que tu agora contaste. Até o História da Unidade não refere esse acontecimento.

Devia estar em Guiro Iero Bocari ou com um grande bioxene que limpou o disco rijo.

Abraço e saúde da boa


Último poste da série (Ex)citações: P24227 (**)




Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Carta  de Paunca (1957) (Escala 1/50 mil) > Detalhes: posição relativa de Paunca, Paiama, Sinchã Abdulai e Guiro Iero Bocari, junto à fronteira com o Senegal.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)

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Notas do editor:

(*) vd. poste de 15 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24224: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXIV: As previsões agoirentas do adivinho Mamadu Candé que nos via, a mim e ao João Bacar Jaló, a viajar num barco para desembarcarmos numa grande cidade e aí a sofrer muitas baixas (... só não nos disse o nome da cidade: Conacri...)

(**) Último poste da série > 16 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24227: (Ex)citações (425): o recurso ao pensamento mágico, à superstição, aos amuletos e às artes adivinhatórias, etc., na guerra, de um lado e do outro (Luís Graça)