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quinta-feira, 7 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23414: Blogpoesia (773): A CCS, "Era aquela Companhia", por Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 - Parte I - (2)

1. Lembremos a mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70) com data de 5 de Julho de 2022:
Bom Dia Carlos Vinhal, Bom Dia Tabanca Grande
Desta vez é, "ERA AQUELA COMPANHIA", parte 1, e depois será a segunda parte.
E muito mais haverá para enviar à Tabanca. É que agora pensei em não te dar sossego , é muito o trabalho aqui acumulado.

Para todos os que habitam na Tabanca Grande vai um bom abraço em especial para os Chefes de Tabanca.
Albino Silva




ERA AQUELA COMPANHIA

Parte I - (2/2)


Santos era o Sargento
Era um pouco desordeiro
Mas era excelente pessoa
E muito bom corneteiro.

Fernando Guerreiro Nunes
Outro Sargento então
Na CCS como nós
A cumprir sua Missão.

Sargento Alfredo António
Na Oficina a trabalhar
Como era bom mecânico
Punha os motores a roncar.

O Furriel Moreira
Era Rádiomontador
Fazia o que sabia
Mudava bem o transístor.

O Nunes era mecânico
E Furriel também
Com rajadas na bolanha
Vendo se tudo estava bem.

Como era mecânico de armas
Para ver se estavam zeladas
Mandava fazer ensaios
Tiro a tiro e rajadas.

O Furriel Garrido
Um militar verdadeiro
Não ligava puto à tropa
E era ele Enfermeiro.

Como era responsável
Lá naquela Enfermaria
O trabalho que era dele
Era eu que o fazia.

Furriel Guimarães
Aquele bom bracarense
Em Teixeira Pinto então
Na CCS Amanuense.

Era bom camarada
Todo o soldado dizia
Estivesse ou não de serviço
Ou mesmo de sargento dia.

O Aires bom Furriel
Brincalhão bem humorado
Cumpria bem seu dever
Andava por todo lado.

O Furriel Carvalho
Miliciano e bom
Era ele o responsável
Pela nossa alimentação.

No seu Depósito de Géneros
Onde ele tudo guardava
Quando mais nada havia
Na bolanha ele pescava.

Ele era bom brincalhão
Se podia desenrascava
Quantas vezes em canecas
O vinho que ele me dava.

O Furriel Ribeiro
Sapador a comandar
Nos mais variados serviços
Cumpriu bem a trabalhar.

Com serviços no Quartel
Sua equipa comandar
Com ele estive na Ponte
Quando a fomos guardar.

Coimbra N. Furriel
De Amanuense fazia
Era bom miliciano
Lá na nossa Companhia.

Até o Furriel Freitas
No Pelotão de Reconhecimento
Mais tarefas praticava
Sempre que tinha um momento.

Nosso Furriel Rodrigues
Comandava as Transmissões
Recebia e transmitia
Em várias ocasiões.

Furriel Miliciano Sena
Reconhecimento e Informação
E quando jogava à bola
O Sena era mesmo bom.

O Furriel Fernandes
Comandava secção
Como era Sapador
Na CCS era bom.

Também o Silva Rodrigues
Sapador a comandar
Em tantos e mais serviços
Cumpriu sempre a trabalhar.

Na CCS o Lima Pereira
Era outro Furriel
Lá em sua secção
Fazia bem seu papel.

Havia outro Amanuense
O Furriel Amaral
Pertencia à CCS
E como nós era igual.

O Furriel Almeida
No Reconhecimento lá estava
Procurando tudo aquilo
Que no Quartel faltava.

O Furriel Ferreira
Na CCS do Batalhão
Dizia o que mais sabia
Pois era da informação.

Depois de Oficiais e Sargentos
Muitos Cabos lá haviam
Uns que faziam tudo
Outros que nada faziam

Com Alferes e Tenentes
Furriéis muitos havia
Sargentos e muitos Cabos
E Soldados da Companhia

Gostando de falar da Tropa
Porque dela não esqueci
Numa espécie de brincadeira
Assim isto escrevi.

Foi escrito sem maldade
Com todos brinquei assim
Lembrei Oficiais e Sargentos
Tudo escrito por mim.

Tenho mais para escrever
Continuar na brincadeira
Pois lembrar bons Camaradas
Acho ser boa maneira.

É dos Cabos que vou começar
Depois passarei ao Soldado
Depois de fazer isto tudo
Dou meu trabalho acabado.

Parte um e parte dois
E como na Guiné dizia
Com o mesmo nome que dei
Era aquela companhia.

FIM DA 1ª PARTE

Segue com Cabos e Soldados
____________

Nota do editor

Último poste da série de 5 de Junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23411: Blogpoesia (772): A CCS, "Era aquela Companhia", por Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 - Parte I - (1)

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23371: In Memoriam (438): Mário de Oliveira (1937-2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68), repousa desde 26/2/2022 em campa rasa, a nº 72, do cemitério da Lixa, Felgueiras






Felgueiras >  Lixa > Cemitério local > 11 de abril de 2022 > Campa rasa, nº 72: é lá que repousam os restos mortais do Mário de Oliveira, o padre Mário da Lixa (Feira, 1937 - Penafiel, 2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68). 

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. Passámos por lá, em abril passado, para um último adeus. Era amigo da Alice, sua antiga paroquiana (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 1969).

Foi inumado de acordo com a sua última vontade (*), e deu-nos um grande exemplo de dignidade e de coragem (física e moral):

(...) " Ao meu cadáver — nunca o confundais comigo que, a partir daquele Novíssimo Instante, já serei definitivamente vivente convosco — vesti-o com alguma das roupas que me vedes utilizar diariamente, e depositai-o depois na urna, uma das mais baratas que houver no mercado. Tanto o meu cadáver, como a urna fechada, apresentem-se totalmente despojados de quaisquer símbolos religiosos, como o terço, o cálice, ou a cruz (do Império romano), tudo coisas beatas e deprimentes, por isso, inumanas, pelo menos, simbolicamente.

"A urna manterse-á sempre fechada, até ser depositada numa campa rasa, em terreno comum destinado aos Sem-jazigo, do cemitério de Macieira da Lixa, a terra que, desde a década de setenta do Século XX, inopinadamente, se tornou / revelou um Lugar Teológico de Deus, o de Jesus, que gosta de Política, não de Religião e, nessa mesma qualidade, se colou para sempre ao meu nome de homem presbítero da Igreja do Porto." (...) (**)

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  
25 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23031: In Memoriam (430): Padre Mário de Oliveira, de 84 anos, ex-alf mil capelão, CCS / BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68): o funeral realiza-se amanhã, sábado, dia 26, pelas 16h00, no Barracão da Cultura, Macieira da Lixa, sendo sepultado no cemtiério local, em campa rasa, de acordo com o seu testamento de 2009

Vd. também postes de:


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23024: In Memoriam (430): Padre Mário de Oliveira (1939-2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68)


Foto da sua conta no Twitter onde se apresentava desta maneira singela: 
"Presbítero da Igreja do Porto, longe dos templos e dos altares. 
Editor e Director do Jornal Fraternizar online. 
Vivo em Macieira da Lixa, numa casinha arrendada".

1. Morreu o nosso camarada e amigo, padre Mário de Oliveira, também conhecido como o Padre Mário da Lixa  (Lourosa, Santa Maria da Feira, 8 de Março de 1937 - Penafiel, 24 de fevereiro de 2022) (*). 

Estava internado há quase um mês, no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel,  com traumatismo múltiplos, na sequência de grave acidente automóvel, ocorrido em 26 de janeiro último (**),  em Macieira da Lixa, Felgueiras, onde residia desde 2004, sem quaisquer funções eclesiásticas

Ia completar 85 anos. Foi, durante 4 meses (entre novembro de 1967 e março 1968), alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68). Tornou-se depois uma figura pública, antes do 25 de Abril de 1974, na sequência da sua prisão pela PIDE/DGS, por duas vezes, e de dois julgamentos no Tribunal Plenário do Porto. Mas também devido aos seus problemas com a hierarquia da Igreja Católica, e em especial do seu bispo, da diocese do Porto. 

Além de padre, foi jornalista e escritor, autor de várias dezenas de títulos, uma vasta obra de reflexão teológical, espiritual, ética, social, cultural e política.  Era um comunicador nato, e um grande utilizador das redes sociais.  Como padre e cristão, inspirava-se largamente na letra e no espírito do Concílio do Vaticano II. 

Eu, a Alice e outros dos seus amigos, membros da Tabanca Grande, ficámos chocados com a notícia da sua morte inesperada, quando tudo indicava que ele iria recuperar, agora que tinha saído, há dois dias, da unidade de cuidados intensivos, e depois de ter sido submetido, há 10 dias,  a uma segunda intervenção cirúrgica do foro ortopédico.

Durante a sua hospitalização, foi alvo de inúmeras manifestações de simpatia, carinho e afeto, a começar pelo pessoal dos cuidados intensivos do Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa, em Penafiel, a quem estamos gratos.  Tem 17 referências no nosso blogue.


2. Da sua página pessoal, antiga (já não está há muito disponível na Net),  retirámos em tempos,  alguns apontamentos autobiográficos que nos ajudam a entender melhor o seu percurso como homem, cidadão e padre bem como a sua curta passagem pela Guiné como capelão militar.

(i) Nascido em 1937, na freguesia de Lourosa, concelho de Santa Maria da Feira, numa família da classe trabalhadora, entrou no seminário em 1950;

(ii) Em 1962, foi ordenado padre, na Sé Catedral do Porto, pelo bispo D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese, que substituira o Bispo D. António Ferreira Gomes (1906-1989), exilado por ordem de Salazar em 1959...

(iii) A partir de 1963 foi professor de religião e moral em dois liceus do Porto;

(iv) Em Agosto de 1967 "foi abruptamente interrompido nesta sua missão pastoral pelo Administrador Apostólico da Diocese, por suspeita de estar a dar cobertura a actividades consideradas subversivas dos estudantes (concretamente, por favorecer o movimento associativo, coisa proibida pelo regime político de então)";

(v) Nomeado capelão militar, "sem qualquer consulta prévia, pelo mesmo Administrador Apostólico", viu-se compelido a frequentar, durante cinco semanas seguidas, um curso intensivo de formação militar, na Academia Militar, em Lisboa;

(vi) Em Novembro de 1967, desembarca na Guiné-Bissau, na qualidade de alferes capelão do Exército português, integrado no BCAÇ 1912, com sede em Mansoa;

(vii) Menos de cinco meses depois, em março 1968, é "expulso de capelão militar, por ter ousado pregar, nas Missas, o direito dos povos colonizados à autonomia e independência", e mandado regressar à sua diocese, sendo "rotulado pelo Bispo castrense de então, D. António dos Reis Rodrigues, como padre irrecuperável ";

(viii) Em Abril de 1968, foi nomeado pároco da freguesia de Paredes de Viadores (Marco de Canaveses), a terra da Alice Carneiro; foi lá que começou a escrever o seu primeiro livro, "Evangelizar os pobres"(Porto, Figueirinha, 1969, 240 pp.);

(ix) Em Junho de 1969 é exonerado da paróquia de Paredes de Viadores pelo mesmo Administrador Apostólico da Diocese do Porto, que o havia nomeado;

(x) Em Outubro de 1969 está a paroquiar a freguesia de Macieira da Lixa (Felgueiras), por nomeação do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes (1906-1989), entretanto, regressado do exílio;

(xi) Em Julho de 1970 é preso pela PIDE/DGS;

(xii) Em Março de 1971 sai da prisão política de Caxias, depois de ter sido julgado e absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto;

(xiii) Volta a ser preso pela PIDE/DGS em Março 1973; quando sai em liberdade, em Fevereiro de 1974, é "informado, de viva voz, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que já não era mais o pároco de Macieira da Lixa";

(xiv) Em 1975 torna-se jornalista profissional, tendo passado por jornais como a "República", o "Página Um" e o "Correio do Minho";

(xv) Em Julho 1995, e a convite do jornal "Público", regressou à Guiné-Bissau, onde permaneceu durante uma semana, "com o encargo de escrever uma crónica por dia sobre o passado e o presente daquela antiga colónia portuguesa" (...). (***)

(xvi) Foi fundador e  diretor do jornal, hoje "on line", Fraternizar. A última edição, nº 174, de janeiro de 2022, pode ser aqui consultada.

(xvii) Foi também um dos fundadores e animadores do Barracão da Cultura, na terra que adotou, Macieira da Lixa, Felgueiras: "O Barracão de Cultura é um espaço multiusos que nasceu com objetivo de promover e divulgar todas as formas de expressão artística de âmbito cultural" (Vd. aqui página no Facebook);

Ver também aqui a nota de leitura sobre o seu livro "“Como eu fui expulso de capelão militar” (Edições Margem, 1995) (****).


(***) Vd.poste de 25 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12897: (De) Caras (16): Quem tramou o alf mil capelão Mário de Oliveira, do BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69) ?... Não foi o BCAÇ 1912 que expulsou o Mário de Oliveira, a PIDE tinha escritório aberto em Mansoa (Aires Ferreira, ex-alf mil inf, minas e armadilhas, CCAÇ 1698, Mansoa, 1967/69)


(*****) Vd. poste cde 27 de junho de 2005 > Guiné 60/71 - P85: Antologia (5): Capelão Militar em Mansoa (Padre Mário da Lixa)

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22968: As tuas melhoras, camarada! ... (3): Padre Mário de Oliveira (ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, 1967/68): "hora a hora Deus melhora", diz o povo, mas sabendo-se que "a doença vem a cavalo e vai a pé"...


Guiné > Região do Oio > Mansoa > c. 1967/68  >   O alf mil capelão Mário de Oliveira, assinalado a amarelo,  entre militares da CCS/BCAÇ 1912  (1967/69) e/ou da CCAÇ 1686 (que esteve sempre em Mansoa e a que pertenceu o Aires Ferreira, alf mil inf, minas e armadilhas, e membro da nossa Tabanca Grande) . O Mário de Oliveira viria a receber ordem de expulsão do CTIG em 8 de Março de 1968. (*)

Foto: © Padre Mário da Lixa (2003). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem pessoal do nosso editor LG:


O Padre Mário da Lixa,
nascido em Lourosa,
Santa Maria da Feira,
 em 1937


Amigos e camaradas:

Tenho boas notícias!... O nosso homem, com múltiplas fraturas (bacia e pernas, devido ao choque da viatura automóvel, desgovernada contra um muro ou parede de uma casa, em Macieira da Lixa, Felgueiras, no passado dia 26 de janeiro), está a reagir bem aos antibióticos que teve de tomar devido aos problemas respiratórios e renais, a seguir à intervenção cirúrgica a que foi submetido... (**)

Ao que nos disse a enfermeira, que está com ele nos cuidados intensivos, de regresso ao serviço depois de dois dias de folga, o Mário está a recuperar bastante bem, contrariando os prognósticos mais reservados...

Esteve em coma induzido, e o bispo do Porto deslocou-se pessoalmente a Penafiel, ao Centro Hospitalar de Vale do Sousa, para se inteirar do seu estado... Alguém da equipa de saúde deu   conhecimento ao doente desse facto, e ele reagiu, entubado, com um encolher de ombros, como quem diz: "Vem atrasado mais de 50 anos!"... 

A Alice, que o conhece bem, e sabe da sua coragem e força de caráter, logo me tinha dito: "O Mário é um resistente, vai safar-se de mais esta"!...

Hoje já não estava em coma induzido, mas está cheio de ferros... Foi uma cirurgia de muitas e muitas horas...Vai ter uma dura recuperação nos tempos mais próximos... Mas os  amigos e camaradas do Mário da Lixa já podem respirar um pouco de alívio...

É, para já, o que tenho para vos contar. E citando a sabedoria popular, "hora a hora Deus melhora", mesmo sabendo-se que "a doença vem a cavalo e vai a pé"...

Força, Mário!...Queremos em breve dar-te uma "alfabravo". (***)


PS - Se acharem bem, mandem-lhe uma mensagem, para ele ler, quando sair do hospital e voltar a casa, ele vai gostar e não se importa que eu aqui divulgue o seu endereço de email: padremario@sapo.pt 

Este endereço é, de resto,  público: ver aqui o jornal digital Fraternizar, de que ele é o fundador e diretor.
_____________

Notas do editor:



quinta-feira, 29 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22151: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte I: Tallinn, Estónia (2012)


Foto nº 1 > Estónia >Tallinn > Centro histórico: praça Raekoj, do séc. XI.



Foto nº 2 > Estónia > Tallinn > Centro histórico


Foto nº 3 > Estónia > Tallinn > Centro histórico >  A igreja de Oliveste


1. Mensagem de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: escritor e docente universitário, epecialista em língua, literatura e história da China; natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro; membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem 270 referências no blogue]

Data - terça, 27/04, 20:02
Assunto - Publicação de minitextos



Meu caro Luís

Talvez já tenhas visto no meu Facebook uns textozinhos que recentemente tenho publicado sobre lugares do mundo que tenho visitado, ao longo de cinco décadas de viagens pelo mundo. Acho que têm alguma originalidade e qualidade literária.

O que te tenho a propôr é publicar alguns deles no blogue. Acho que encaixam. Seguem dois, um sobre Tallinn, na Letónia, de 2012, e outro sobre Buenos Aires, de 2020, ainda inédito.

Procuro que as fotos sejam sempre minhas (na Argentina, por exemplo), mas às vezes tenho de recorrer à Net.
Espero que não haja problemas, com a publicação de algumas dessas fotos no blogue.

Diz-me qualquer coisa.

Abraço e saúde, estamos na força da vida, não pode haver achaque que nos faça recuar. António


2. Resposta do editor Luís Graça, na volta do correio:

Obrigado, António, nada como um ombro amigo!... Dá-me uma sugestão para um título, chamativo, da tua nova série...Temos a série "Os nossos seres, saberes e lazeres", mas é muito generalista... Se me garantires no mínimo 6 postes, faço uma série com o teu nome, exclusivemente tua, como outras anteriores:

(i) Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74)

(ii) Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira & António Graça de Abreu)

(iii) Os nossos seres, saberes e lazeres: excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu)

(iv) Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu)

Depois destes 14 meses de "clausura", sabe bem viajar por esse mundo fora...

Tu tens 270 referências no nosso blogue, não te esqueças que és "senador" da Tabanca Grande, entraste em 2007 (*)

Quando quiseres (e eu tiver tempo livre...) , envio-te a lista dos 270 postes em que vem a referência "António Graça de Abreu"...

Espero ficar com mais tempo para o blogue, depois de acabar, na quinta feira, as minhas 28 sessões de radioterapia externa à próstata (carcinoma da próstata de grau 3, numa escala de gravidade de 1 a 5, com um bom prognóstico)... Mas até ao fim de semana publico o teu primeiro poste: uma cidade por poste, gosto dos teus "olhares"... Temos uma série "Memória dos lugares" , mas tem sido dedicada sobretudo à Guiné...

Um abraço fraterno, Luís

3. Resposta do António Graça de Abreu, com data de 28 do corrente:

Obrigado, Luís, pela tua disponibilidade em publicar estes pequenos retratos das minhas muitas andanças pelo mundo, depois da Guiné. Tenho muitos para enviar.

Podes-lhe chamar, "Depois da Guiné, no Espelho do Mundo." [Sugestão do editor: Depois de Canchungo,  Mansoa e Cufar, 1972/74".. Evita-se assim, repetir o topónimo "Guiné" no título do poste]

Forte abraço, António.

4. Série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo > Parte I: Tallinn, Estónia (2012)

Não chego nas barcas vikings de outrora, nem nos veleiros vetustos dos mercadores das ligas hanseáticas, navegando por mares a norte, por enseadas e reentrâncias bálticas. Venho a direito, desde Estocolmo, por águas plácidas, levemente azuis. 

O meu pequeno navio entretém-se lançando a âncora quase no centro de Tallinn, no âmago da cidade histórica. Temos as muralhas, tudo circundando, as torres da Pátria, das Freiras, da Donzela ou dos Monges. Um jogo de peças quase perfeitas, encaixando umas nas outras, no pleno vazio do tempo.

Atravesso a praça Raekoj, do século XI [Foto nº 1[, chego à igreja de Oliveste, uma torre com 159 metros de altura, tão alta, tão alta que, há quinhentos anos atrás, era a mais elevada construção levantada da terra pela mão dos homens. [Foto nº 3].

Os russos, ocupantes, partiram, há três ou quatro décadas e hoje, ninguém os quer recordar. Levaram com eles o comunismo, princípios e práticas que, tal como o nazismo, acabaram por ser proibidos neste pequeno país.

Livre, abanco ao acaso num tasco letão, num recanto do centro do burgo, entre turistas de passagem e jovens bonitos borboleteando por esta Europa do norte.

Trazem-me uma cerveja de mel para açucarar a tarde. Doce Tallinn. [Foto nº 2]

[Texto e fotos do António Graça de Abreu, enviados em 27/4/2021]

__________

Nota do editor:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21914: Tabanca Grande (514): Eduardo Ablu, ex-fur mil, CCAV 678 (Ilha do Sal, Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime, 1964/66): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 836


Foto nº 1

Foto nº 2


Cabo Verde >  Ilha do Sal > CCAV 678 > c. maio / julho 1964 > O ex-fur mil Eduardo Ablu




Foto nº 3

Guiné > Região de Bafatá > Bambadinca > Fá Mandinga > CCAV 678(1964/66)
 
Da esquerda para a direita: Furrieis [Manuel] Bastos [Soares], [Eduardo]Ablu, [Jorge] Ferreira (pai do Rui Ferreira), Primeiro Sargento Alberto Mendes, Furrieis Frazão, Matos e Guimarães.


Foto nº 3

Elvas > 2021 > Foto atual do Eduardo Ablu, novo membro da Tabanca Grande, nº 836  (*)

Fotos (e legendas): © Eduardo Ablu (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de Eduardo Ablu, ex-fur mil, CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime,1964/66)

Assunto - Tabanca Grande

Data - domingo, 7/02/2021, 16:30

Boa tarde,  Luís.

Conforme pedido, para que possa entrar para a Tabanca Grande, aí vão os meus dados:

(i) sou o Eduardo dos Santos Roque Ablu,
(ii) natural e residente em Elvas, 
(iii) 79 anos de idade.
(iv) casado e 2 filhos,
(v)  e reformado da Banca.

Da vida militar, já sabem por onde andei:  Cabo Verde e Guiné.

Em relação às perguntas que me fazem..., pois não sei onde e como o Jorge Ferreira apanhou a bicicleta (**).

Se o Jorge, andou de LDM, também não posso dizer. Vê-se que fez, pelo menos, uma escolta [, a Catió] (**).

Enquanto estivémos em Bissau, houve colegas que fizeram escoltas e falaram em barcos de nativos a fazerem o reabastecimento. Foram e, só quando chegavam, estavam em segurança.

Envio as fotos pedidas, uma actual [, foto nº 4] e as outras [, fotos nº 1 e 2]  são da Ilha do Sal. Da Guiné já tinha mandei uma em grupo, tirada em Fá Mandinga [, foto nº 4](***)

Um abraço
Eduardo Ablu



Foto nº 5

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Julho de 1965 > Festa de 1º. aniversário da CCAV 678. Na mesa dos oficiais e sargentos, o 1º de frente e da esquerda é o Fur Mil At Manuel Bastos Soares, autor destas fotografias, natural de Vila Nova de Gaia e residente na Maia, Gueifães.


Foto (e legenda): © Manuel Bastos Soares  (2008). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Comentário do editor:

Ok, Eduardo, obrigado por teres aceite o nosso convite. Precisamos cá de malta do teu tempo, do caqui amarelo!... Como te disse, não há quotas nem joias. Já pagaste, já pagámos o pesado imposto....

A tal Companhia de Caçadores Especiais (, a designação caiu depois em desuso,), nº 302, que vocês foram substituir, esteve na Ilha do Sal entre 25/4/1962 e 18/5/1964. Por sua vez, a vossa CCAV 678 desembarcou do T/T do Uíge, na Ilha do Sal, em 20/5/1964. E partiu para o CTIG, três meses depois, no Contratorpedeiro Lima, em 17/7/1964.

Gostávamos de saber, camarada, o que é andaram por lá a fazer e se ainda havia vestígios da presença dos expedicionários do RI 11 (Setúbal) que estiveram no tempo da II Guerra Mundial, vinte anos antes,,, E depois gostávamos de saber também das vossas andanças lá para os lados de Bambadinca, Xime, Ponta do Inglês, que alguns de nós irão conhecer uns anos mais tarde...

Pergunto-te também se manténs contactos com mais camaradas da tua CCAV 678... Na nossa Tabanca Grande o único representante da tua companhia era, até agora, o Manuel Bastos Soares (desde novembro de 2008) (****).

Natural de Vila Nova de Gaia, o Manuel Bastos Soares vive na Maia. (Ficou de me mandar um foto atual, quando lhe telefonei em 2011; não tive mais notícias dele, espero que esteja vivo e de boa saúde.)

Recorde-se ainda que a tua CCAV 678 foi mobilizada pelo RC 7, partiu para o TO da Guiné em 18/7/1964 e regressou à Metrópole em 27/4/1966. Passou por Bissau, Fá Mandinga, Bambadinca e Xime. Teve 3 comandantes, todos do quadro permanente: Cap Cav Juvenal Aníbal Semedo de Albuquerque; Cap Cav Inácio José Correia da Silva Tavares; e Cap Art José Vitor Manuel da Silva Correia.

Pronto, Ablum senta-te no teu lugar, nº 836, e espero que possas a partilhar connosco mais memórias do tempo em que andaste, quatro anos antes de mim, por estes sítios (míticos) do leste: Fá Mandinga, Bambadinca, Xime, Ponta do Inglês...

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21172: Memória dos lugares (411): Sintra, Colares, Praia das Maçãs (Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68)



Praia das Maçãs | José Malhoa (Caldas da Rainha, 1855- Figueiró dos Vinhos, 1933) | 1918 | Óleo sobre madeira, 69 cm x  87  cm | Cortesia de Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNACC), Lisboa | Imagem do domínio público

(...) "Numa ambiência pretensamente elegante, nesta esplanada da 'Varanda do Grego', Malhoa cria específicas situações cromáticas e luminosas. A sensação transmitida expressa uma certa leveza, delicadeza e finura. Registe-se a marcação impressiva da pincelada que, curiosamente, se alia a um sublinhar de contorno das figuras, pouco frequente na sua pintura, diluída em jogos de luz. Rodelas de sol mancham o chão, provocando uma sensação de jovialidade e frescura acentuada pelo contraste que com o forte azul marinho se estabelece." (...) (Maria Aires Silveira)


Mário Gaspar
1. Mensagem com data de 15 do corrente, às 00h28, de Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68):


Camarada Luís

Como dirigente da APOIAR, e quando o meu Grande Amigo Jorge Manuel Alves dos Santos era o Presidente, e tínhamos uma Advogada ao nosso serviço, fui confrontado pela mesma que me disse cabalmente:
– O senhor Mário não deve assinar os Artigos no Jornal com o seu nome. É perigoso para si e também para a APOIAR!

Assinava todos os Artigos por Mário Gaspar. Considerei tão caricato a sua opinião que lhe respondi:
– A partir de agora assinarei tudo com o meu nome completo.

Assim tenho feito. Discordei sempre de publicar artigos copiados de qualquer jornal, muito menos da Internet. O meu filho mais velho é dos poucos Portugueses, podem-se contar pelos dedos, que tem uma Pós-Graduação, em Portugal, em Direitos de Autor. Em 1962 fiz uma crítica, publicada no Jornal "Eco Académico" – fui um dos 9 fundadores, em 1961 – e escrevi: "A cópia é e será sempre a mais rendida homenagem ao original".

Hoje não mudo aquilo que escrevi. Portanto Luís, era escusado perguntares se sou o autor daquele artigo [, de que reproduzimos excertosm a seguir, sobre as praias de antigamente]. Se fosse tinha assinado.


Nasci no centro da Vila de Sintra e fui inúmeras vezes à Praia das Macãs, de eléctrico. Sou das primeiras pessoas a frequentar a Praia Grande. Até possuo fotos (uma publicada no meu livro "O Corredor da Morte"). Só lá vivia um casal de Pescadores.

Interessa-me tudo aquilo que diga respeito à minha terra. O único trabalho que tive foi procurar e depois sacar aquilo que diz respeito à Praia. Por vezes dou muitas voltas e perco noites quando verifico ser possível encontrar o que procuro, tenho conseguido sempre.

Sabes que sou Lapidador de Diamantes! Sou um bom técnico, fui dos últimos despedidos da DIALAP. Perguntaram-me diversas vezes qual o segredo de não ter "acidentes", nunca ter dado cabo de milhares de contos. A resposta é simples:
– Tratava os diamantes sempre do mesmo modo, quer valessem milhões, milhares… ou tostões! Eram diamantes.

Gostaria que as pessoas fossem iguais, tivessem os mesmos direitos. Nunca gostei da pobreza. As pessoas não são iguais. Conheci um Médico – não é anedota – que respondeu a um doente:
– Os comprimidos engolem-se, pela boca, os supositórios metem-se no cu!

Infelizmente existem seres que deviam engolir supositórios, tanta é a merda que acumulam diariamente na boca.

A Guerra que levei ao Blogue foi uma mentira, sou um mentiroso, por ter omitido. A omissão é uma mentira. Se tiver tempo – tenho 77 anos e tenho sido muito maltratado por este SNS – voltarei a publicar "O Corredor da Morte", mas revisto. Muitas, mas muitas histórias, estão mal contadas.

O Blogue foi importante, mas nunca teve em conta a diferença entre os anos de 62 a 67 e 67 ao fim. Em 1967 quase que não existia Guerra na Guiné e é a partir dos fins deste ano que tudo se complica. Já é tarde e tenho uma Consulta às 8 horas.

No texto qie te enviei em anexo,  podes ver como cheguei ao artigo que referes. A montagem é da minha autoria, de resto tudo copiei e na íntegra. Não deixa de ser uma justa homenagem ao original.

Um Abraço

Mário Vitorino Gaspar

Nota: Só tens de clicar aqui


2. Excerto de "As praias de antigamente", de Manuela Goucha Soares, Expresso Multimédia,  2019 (com a devida vénia... não se reproduzindo as fotos)




(...) O banho de mar acalmava os nervos. Homens, mulheres e crianças, mergulhavam vestidos, sob o olhar atento do banheiro. O banho de sol entorpecia o corpo, vulgarizava a tez, e não era recomendado. 

No princípio do século XX a praia era um local de encontros, lazer e descanso. Ricos e pobres iam a banhos nas mesmas praias, mas não se cruzavam. 

O Expresso desafia os leitores a recuarem cem anos e viajarem de Norte a Sul do país por nove estâncias balneares mencionadas pelo guia “As Nossas Praias - Indicações gerais para uso de banhistas e turistas”, publicado pela Sociedade Propaganda de Portugal em 1918. (...)


PRAIA DAS MAÇÃS: A Praia do Elétrico e do Atentado



Nesta nossa ‘viagem’ de Norte para Sul pelas estâncias balneares dos nossos antepassados, a Praia das Maçãs é a primeira que Ramalho Ortigão não referiu em 1876, mas mereceu menção no guia que a Sociedade Propaganda de Portugal publicou 38 anos depois
A inauguração do elétrico que ligava Sintra à praia em 1905 [em 1904 foi inaugurado o troço Sintra-Colares], a construção do Hotel Royal Belle-Vue em 1908, do premiado arquiteto Miguel Ventura Terra, e um atentado abortado contra o primeiro-ministro Afonso Costa em outubro de 1913, deram visibilidade ao local escolhido pelo autor da música do Hino Nacional para construir uma residência de verão para a sua família.

(...) A casa que Alfredo Keil mandou construir ainda existe, e foi uma das primeiras a abrilhantar a Vila Nova da Praia das Maçãs, complementando assim os planos do empresário Eugénio Levy para esta estância balnear, que já tinha uma ligação rápida e quase direta a Lisboa.

(...) Uma das funções do elétrico era assegurar a viagem das pipas e tonéis do vinho produzido nas areias de Colares – com o seu inconfundível e apreciado travo acre – das adegas Visconde Salreu e regional de Colares até à sede de concelho. 

O guia de 1918 explica-nos que a praia deve o seu nome ao facto de “ter ali a sua foz o ribeiro das Maçãs”, e lembra que “já existiu, em lugar sobremodo pitoresco, sobre um rochedo enorme, mesmo à beira mar, um magnífico hotel. Era, porém, cedo demais para se manter, e teve de fechar a breve trecho, visto que a concorrência de hospedes não era a suficiente para cobrir as respectivas despesas de exploração” [do Hotel Belle-Vue]. 

Nesse ano em que os portugueses contavam os mortos e perdas da participação nacional na Grande Guerra, os banhistas “estacionavam pelos hotéis de Cintra e Colares, fazendo todos os dias o seu passeio matutino [de elétrico] para irem tomar o seu banho e virem depois almoçar com redobrado apetite”.

(...) A praia tinha “dois agrupamentos de barracas para banhos, o de Afonso Lopes e o de João Cláudio; na freguezia há médico permanente e nada menos de três farmacias”, informa o guia de 1918 (...).

 O edifício onde funcionou o hotel Hotel Royal Belle-Vue sofreu um incêndio em 1921. A bomba de picota que os bombeiros possuíam foi transportada numa vagoneta atrelada ao elétrico, que também levou os homens, “num tempo considerado recorde – 25 minutos” [cf. obras completas de José Alfredo da Costa Azevedo], mas só se salvaram as paredes.

Texto e pesquisa Manuela Goucha Soares 

Ⓒ Expresso - Impresa Publishing S.A. 2019



Para ler na íntegra o dossiê, clicar aqui : "As praias de antigamente".

[Revisão / fixação de texto para efettos de reprodução neste blogue: MG / LG]

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sábado, 1 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20612: Mi querido blog, por qué no te callas?! (4): um Oscar Bravo (Obrigado) e um Alfa Bravo (Abraço) a todos os/as amigos e camaradas que se lembraram de mim, ao km 73 da minha caminhada pela picada da vida... (Luís Graça, editor)

1. Mandam as boas regras da educação, da amizade e da camaradagem que eu venha aqui agradecer, com regozijo e humildade a todos aqueles de vós que se lembraram de mim, no dia 29 de janeiro de Vinte-Vinte, ao chegar ao km 73 da minha caminhada pela picada da vida (*).

Fiz anos nesse dia  (, tal como o Virgílio Teixeira), e recebi parabéns, como simples  membro da Tabanca Grande. Muitos, no entanto,  mesmo aqueles que não me conhecem pessoalmente, "ao vivo",  fizeram questão de sublinhar a minha condição de fundador, editor, administrador e animador deste blogue que, desde 23/4/2004,   junta, debaixo de um simbólico e fraterno poilão, uma comunidade de antigos combatentes da guerra colonial, 801 (até à data) "amigos e camaradas da Guiné".

Fico feliz por, mais uma vez, ver reconhecido publicamente o papel, discreto mas meritório, deste blogue, e haver preocupações, legítimas, quanto à sua continuidade e ao seu futuro... Recusando qualquer "culto da personalidade", repito aqui o que disse ao meu "mano" Virgíio Teixeira (que faz anos no mesmo dia):

(...) Quanto ao que dizes do blogue e do meu papel, eu não posso esquecer, ignorar, escometear ou branquear o contributo, teu e dos demais 800 camaradas e amigos... Todos não somos demais. Eu dei apenas o pontapé de saída, como se costuma dizer... Tinha um blogue, desde outubro de 2003, o Blogue-Fora-Nada, onde começaram a aparecer memórias da Guiné,  a primeira em 23 de abril de 2004... Começaram a aparecer "muitos afluentes do mesmo rio"... Ao de fim dois anos e mais de 800 postes, éramos já 111 os membros desta "tertúlia"... 

Fechei a minha lojinha, arranjei uma equipa de editores e colaboradores, e todos os anos foi entrando malta nova... E cá camos, a caminho dos 16 anos, blogando e resgatando as nossas memórias daqueles nossos verdes anos passados naquela terra vermelha... Não é saudosismo: ninguém nos tira os bons e os maus momentos que lá passamos, quando tínhamos os nossos 22, 23, 24 anos... Só o Alzheimer nos pode frustrar o exercício desse direito. (...)  Bebo um copo à tua saúde e todos os demais amigos e camaradas que nos honram com a sua presença na Tabanca Grande. (...)



2. Permitam-me, entretanto,  que selecione alguns excertos e mensagens, dirigidas à minha pessoa,  que li, aqui, no blogue, no correio eletrónico e no facebook da Tabanca Grande...Não só pela sua originalidade mas também pela força que me transmitem para poder continuar a blogar, com a nossa equipa de editores e colaboradores...  

Na realidade, às vezes a gente  já começa a fraquejar e a ter dúvidas sobre o rumo certo do caminho que nos falta percorrer, havendo até, entre os nossos amigos, camaradas e familiares, quem nos reprove esta teimosia por andar a "chafurdar, há tantos anos, no lodo, na merda, no tarrafo das memórias da guerra da Guiné" (**)...

A ordem dos autores das mensagens é alfabética e a lista é meramente exemplificativa. ( A  todos/as os que se lembraram de mim, nesse dia, e foram muitas dezenas, aqui fica a minha gratidão,  uma das virtudes que eu mais prezo.)

Adriano Moreira: (...) Muito obrigado pela criação do teu/nosso blog. Foi uma grande ajuda para todos os combatentes que passaram pela Guiné e não só. Mas, para além dessa missão terapêutica, ainda serve de material de consulta para muitos estudiosos sobre o que se passou e o que se passa sobre a Guiné. (...)

Alberto Branquinho: (...) Eu, "curioso" me confesso a espreitar esta "sala de conversa" (como diz o Mário Beja Santos), "sala" que tantos "fantasmas" ajudou a exorcisar. (..)

António Carvalho: (...)  O Luís Graça, por tudo o que fez por mim e por nós, combatentes, merece um abraço muito especial. (...)


António Murta: (...) Eu só posso dizer-te: parabéns, Luís Graça. És o melhor amigo/camarada/bloguista deste Blogue! (...)

António Ramalho: (...) Aproveito esta oportunidade para uma vez mais louvar a tua iniciativa que tanto tem contribuído para o nosso enriquecimento enquanto "frequentadores" daquelas paisagens em temas que desconhecíamos, noutros avivámos a memória.(...)

Carlos Vinhal: (...) Como se diz na "tropa" e na Função Pública, duas áreas em que me movi a maior parte da minha vida, está a ser uma honra "servir sob as tuas ordens".Dizia a fadista: - Cantarei até que a voz me doa.  Nós dizemos: - Manteremos este Blogue mesmo quando a artrite nos dedos nos doa. Conta comigo. (...)

Cherno Baldé: (...) Um abraço de parabéns aos aniversariantes, em especial ao Luis Graça, meu irmão mais velho, com votos de saúde e boa disposição ao lado da familia. (...)

Ernestino Caniço: (...) Um reconhecimento especial ao Luís Graça pela dedicação expressa aos ex-combatentes da Guiné.Um grande abraço. (...)

Fernando Chapouto: (...) Não podia deixar em branco o agradecimento ao grande comandante do blogue pelo bem que proporcionou aos ex-combatentes.  Mais uma vez um forte abraço para ti" (...)

Hélder Sousa: (...) Não me alongo nos comentários que agora se deviam fazer, salientando as virtudes e qualidades do Blogue que em tão boa hora criaste e tentando exorcizar aspectos que, por vezes, criam alguma fricção. Então, caro Luís, os meus sinceros parabéns e que te mantenhas activo, física e mentalmente, para também nos "alimentares" com os teus escritos e com o que se for colocando no Blogue. (..)

João Afonso Bento Soares: (...) Das voltas que dá a vida, / Fica a ilusão perdida / De que o tempo nos faltou… / Por dele não termos conta / É que a nossa mente tonta / Assim o desperdiçou! (...)

João Crisóstomo: (...) Gostaria de ter muito mais condão de palavra para poder descrever o que sinto sobre o Luís Graça, meu camarada, meu mentor, meu amigo, meu irmão... e por mais que eu me esforce as palavras que me saem ficam sempre muito aquém daquilo que sinto e gostaria de saber comunicar. (...) O Luís Graça é um criador e construtor de obras que influenciam e marcam a vida de outros. Não precisamos de ir longe, que este seu/nosso blogue fala por si: creio que de alguma maneira todos fomos beneficiados - e alguns de nós em medida tão grande que só os próprios o podem sentir - pela criação deste salutar movimento de vivência de memórias nas diversas vertentes em que se apresenta. Veja-se o despertar de consciências que este movimento ocasionou e que continua a desafiar ainda cada dia os que dele têm conhecimento; veja-se o contributo para a história de Portugal, da Guiné; vejam-se o número de livros escritos que nunca teriam visto a luz do dia… Portugal e os portugueses, a cultura e história de Portugal tornaram-se e ficam ainda cada dia mais ricos graças a este Luís Graça, e à equipa altamente qualificada de colaboradores de que se soube rodear. (...)

Jorge Picado: (...) Fico feliz por ti, já que ainda vais ter muito tempo para manteres esta "Fonte de Conhecimento". (..:)

José Câmara: (...)Muito devo a esta página que em hora criastes. Aqui conheci novos amigos, encontrei outros. desabafei. Foi no meio de todos vós que reencontrei a minha CCaç 3327/BI17. Tudo isso tem um nome, obrigado. (...) Abraço transatlântico. (...)

José Colaço: (...)  [as palavras de apreço pelo trabalho e a criação do blogue Luís Graça & camaradas da Guiné subrepõem-se ás 73 primaveras do aniversariante  (...)

José Ferreira: (...) Parabéns para o nosso Tabanqueiro Mor (...)

Juvenal Amado: (...) quase passava em claro o aniversário do nosso irmão maior deste blogue, que activou um cortejo de memorias de há 15 anos para cá, capaz de manter viva a nossa passagem por aquelas terras tão temidas quando para lá fomos , tão detestadas quando lá estivemos e das quais temos hoje uma saudade como do perfume da nossa juventude. Que pensaste quando fizeste andar a roda? Que ia resultar nisto, ou só um cotejo de boas intenções? Como o poeta diz,  "o sonho comanda a vida " e as nossas vidas acabaram comandadas pelo o teu sonho. (...)

Luís Graça: (...) Virgílio, muita saúde, que é agora o mais essencial para nós, nesta idade, requisito para continuarmos a ser livres e felizes... E vamos pôr a felicidade, aqui e agora, onde estamos. (...)

Manuel Luís Lomba: (...) Os meus parabéns e um abraço de grande estima ao Luís Graça, o "jarga" da nossa Tabanca Grande. (...)

Mário Beja Santos: (...) Meu caro Luís, os meus votos sinceros para que restaures a tua saúde, que a cirurgia seja um êxito, precisas tu e preciso eu, e muitos de nós que andamos combalidos, que o teu entusiasmo não feneça, que continues indómito por este amor à causa. Aproveita o dia com os teus entes queridos e medita bem sobre os preparativos que devemos desenhar para o futuro do nosso blogue, justamente porque tu criaste algo que nos ultrapassa e é hoje um inquestionável património de consulta obrigatória, por investigadores e curiosos, esta nossa indefetível sala de conversa. Refletir sobre o futuro faz sempre bem e podes contar comigo. (...)

Valdemar Queiroz: (...) Para o ano há mais, e nada de 'estou a ficar velho'.

Virgílio Teixeira: (...) Também a minha curta participação no teu Blogue, fez de mim uma pessoa diferente,  passei a compreender melhor o que foi a nossa participação nesta guerra da Guiné. Fico grato por isso, e não vou esquecer, enquanto tiver memória. E assim ficaram dois anos de lembranças.
Felicidades para o teu blogue, que não tem paralelo noutras redes sociais, nem no Museu Militar. (...)

Virgínio Briote: (...) 73 anos, 73 chuvas. Que tenhas ossos e amortecedores que ainda tens muito para andar e ver a tua neta a crescer. (...)

Zé Manel Cancela: (...) Um grande abraço de parabens para o nosso timoneiro e amigo Luis Graça, com o meu muito obrigado pelo que tens feito em prol dos combatentes da Guiné. (...)

Zé Saúde: (...) Continua firme e segue em frente com a dinâmica que te é reconhecida. O nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, está-te francamente reconhecido. Eu, José Saúde, me confesso, que foi através do nosso blogue que a "inspiração" dos meus textos publicados me abriram novos rumos com mais duas obras publicadas.  Aquele "abração" deste já velho alentejano. (...)


3. Amigos e camaradas da Guiné: somos 801, ao fim de 16 anos. Infelizmente, 77 já não estão entre nós, fisicamente falando.  A "ceifeira da morte" já lhes cortou as raízes na terra. Mas fica a memória e a saudade.

Esta primeira série do nosso blogue vai de 8 de outubro de 2003 a 1 de junho de 2006. Neste espaço de tempo publicaram-se 825 postes, numerados de I a DCCCXXV (Numeração romana, que estopada!)... E, no final, contadas as cabeças, éramos exatamente 111 os amigos e camarada da Guiné. Tratávamo-nos por "tertulianos", ou sejam, membros de uma tertúlia... Aqui vai essa lista, já histórica...

 Atenção que a lista está ordenada, por ordem alfabética, não por antiguidade...(Aproveito o ensejo para lembrar com saudade o nosso camarada Zé Neto, o primeiro que a morte nos levou em 2007):

(1) A. Marques Lopes,
(2) A. Mendes,
(3) Abel Maria Rodrigues,
(4) Afonso M.F. Sousa,
(5) Aires Ferreira,
(6) Albano Costa
(7) Amaro Samúdio,
(8) Américo Marques,
(9) Ana Ferreira,
(10) Antero F. C. Santos,
(11) António Baía,
(12) António Duarte,
(13) António J. Serradas Pereira,
(14) António (ou Tony) Levezinho,
(15) António Rosinha,
(16) António Santos,
(17) António Santos Almeida,
(18) Armindo Batata,
(19) Artur Ramos,
(20) Belmiro Vaqueiro,
(21) Carlos Fortunato,
(22) Carlos Marques Santos (1943-2019),
(23) Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2014)
(24) Carlos Vinhal,
(25) Carvalhido da Ponte,
(26) David Guimarães,
(27) Eduardo Magalhães Ribeiro,
(28) Ernesto Ribeiro,
(29) Fernando Chapouto,
(30) Fernando Franco (1951-2020),
(31) Fernando Gomes de Carvalho,
(32) Hernani Acácio Figueiredo,
(33) Hugo Costa,
(34) Hugo Moura Ferreira,
(35) Humberto Reis,
(36) Idálio Reis,
(37) J. C. Mussá Biai,
(38) J. L. Mendes Gomes,
(39) J. L. Vacas de Carvalho,
(40) João Carvalho,
(41) João S. Parreira,
(42) João Santiago,
(43) João Tunes,
(44) João Varanda,
(45) Joaquim Fernandes,
(46) Joaquim Guimarães,
(47) Joaquim Mexia Alves,
(48) Jorge Cabral,
(49) Jorge Rijo,
(50) Jorge Rosmaninho,
(51) Jorge Santos,
(52) Jorge Tavares,
(53) José Barreto Pires,
(54) José Bastos,
(55) José Casimiro Caravalho,
(56) José Luís de Sousa,
(57) José Manuel Samouco,
(58) José Martins,
(59) José (ou Zé) Neto (1929-2007) ,
(60) José (ou Zé) Teixeira,
(61) Júlio Benavente,
(62) Leopoldo Amado,
(63) Luís Carvalhido,
(64) Luís Graça
(65) Luís Moreira (V. Castelo),
(66) Luís Moreira (Lisboa),
(67) Manuel Carvalhido,
(68) Manuel Castro,
(69) Manuel Correia Bastos,
(70) Manuel Cruz,
(71) Manuel Domingues,
(72) Manuel G. Ferreira,
(73) Manuel Lema Santos,
(74) Manuel Mata,
(75) Manuel Melo,
(76) Manuel Oliveira Pereira,
(77) Manuel Rebocho,
(78) Manuela Gonçalves (Nela),
(79) Mário Armas de Sousa,
(80) Mário Beja Santos,
(81) Mário Cruz,
(82) Mário de Oliveira (Padre),
(83) Mário Dias (ou Mário Roseira Dias),
(84) Mário Migueis,
(85) Martins Julião,
(86) Maurício Nunes Vieira,
(87) Nuno Rubim,
(88) Orlando Figueiredo,
(89) Paula Salgado,
(90) Paulo Lage Raposo,
(91/92) Paulo & Conceição Salgado,
(93) Paulo Santiago,
(94) Pedro Lauret,
(95) Raul Albino,
(96) Renato Monteiro,
(97) Rogério Freire,
(98) Rui Esteves,
(99) Rui Felício,
(100) Sadibo Dabo,
(101) Sérgio Pereira,
(102) Sousa de Castro,
(103) Tino (ou Constantino) Neves,
(104) Tomás Oliveira,
(105) Torcato Mendonça,
(106) Victor David,
(107) Victor Tavares,
(108) Virgínio Briote,
(109) Vitor Junqueira,
(110) Xico Allen,
(111) Zélia Neno.


4. Em rigor foi em 1 de junho de 2006 que o Blogue-fora-nada passou a chamar-se simplesmente Luís Graça & Camaradas da Guiné, continuando "a ser o sítio (virtual) onde nos encontramos, sempre que quisermos e pudermos". 

Era descrito como "um blogue colectivo que tem por missão ajudar a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial (ou do ultramar, ou de libertação, como queiram) na Guiné, hoje República da Guiné-Bissau, nos anos quentes de 1963 a 1974".

E acrescentava o blogador-mor, nessa altura, ainda sozinho: "É um blogue, em português,  (...) sem discriminação de alguma espécie (sexo, idade, nacionalidade, etnia, orientação sexual, estado civil, religião, clube, hobby, lobby, escolaridade, título, profissão, situação na profissão, posto na tropa, estatuto sócio-económico, idiossincrasia, etc.)".

Que continue a ser um lugar de partilha de memórias (e de afetos) à volta da Guiné, e em especial da que conhecemos entre 1961 e 1974... E que continue a ser um lugar de tolerância e respeito mútuo, uma verdadeira Tabanca Grande, onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar...

Entretanto, estamos a tentar arranjar uma data para voltarmos a encontrarmo-nos, este ano, no nosso convívio anual... Será o XV Encontro Nacional da Tabanca Grande. Muito provavelmente no fim do verão, em 26 de setembro de 2020. Em Monte Real,  se o atual surto de pneumonia por novo Coronavírus (2019-nCoV) nos deixar, isto é, se não se transformar numa pandemia... Daremos notícias em breve.
_____________

Notas do editor:

(*) V.d postes de:


(**)  Último poste da série > 20 de dezembro de  2012 > Guiné 63/74 - P10833: Mi querido blog, ¿por qué no te callas? (3): A moral da história, cada um que a tire; e quanto ao mural, cada um que o pinte... Relembrando o velho blogue-fora-nada, com amor, com humor, e votos de festas felizes para tertulianos de ontem e grã-tabanqueiros de hoje... (Luís Graça)

Vd. postes anteriores da série:

18 de 18 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10822: Mi querido blog, por qué no te callas?! (2): (i) A guerra também é capaz de revelar o que há de mais sublime nos seres humanos (Hilário Peixeiro); (ii) ... E eu estou nesta bela caravana há quase 9 anos (David Guimarães)...

17 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10813: Mi querido blog, por qué no te callas?! (1): A notícia da morte do blogue foi manifestamente exagerada... No final do ano, atingiremos a cifra de 1 milhão e 250 mil visitas (Luís Graça)

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20283: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte IV


Foto 1 – Mais uma imagem de explosão de mina anticarro, provavelmente accionada por viatura militar, situação que poderia suceder de forma absolutamente imprevisível, pondo em risco de vida todos os seus ocupantes, nomeadamente os condutores auto rodas.


Fonte: Centro de Documentação da Universidade de Coimbra (Arquivo electrónico),
   com a devida vénia.




  O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, 
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, 
indigitado régulo da Tabanca de Almada; 
tem 230 registos no nosso blogue.



ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE DOENÇA – PARTE IV



1. – INTRODUÇÃO

Eis o quarto fragmento desta temática iniciada no poste P20126, que combina o interesse pessoal com a busca de outros elementos historiográficos emergentes na natureza da guerra. Assim sendo, prosseguimos com a divulgação e análise de mais alguns resultados apurados, tendo por objecto de estudo o universo das "baixas em campanha" de militares do Exército, e como amostra específica os casos de mortes de "condutores auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), identificados na literatura "Oficial" publicada pelo Estado-Maior do Exército.

2. – ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

Como temos vindo a referir, a análise demográfica incluída nesta investigação, e as variáveis com ela relacionada, foi feita a partir dos casos de mortes de militares do Exército durante a guerra no CTIG (1963-1974), da especialidade de "condutor auto rodas", identificados nos "Dados Oficiais", elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


Quadro 1 – Distribuição de frequências das variáveis categóricas "em combate" ("contacto", "minas" e "ataque ao aquartelamento"), segundo a relação "ano" e "estação do ano". Considerou-se "Estação Seca", o período entre 1 de Maio e 15 de Outubro, e "Estação das Chuvas", o período entre 16 de Outubro e 30 de Abril.



Gráfico 1 – Distribuição de frequências acumuladas segundo a variável categórica "em combate", por "ano" e "estação do ano".


No que concerne à distribuição de frequências acumuladas relativas à "Estação do Ano" em que ocorreram mortes de condutores auto rodas do Exército, o estudo mostra que não existem diferenças significativas entre "época seca" e "época das chuvas".

São excepções os anos de 1964, 1966 e 1973. Em 1964, registaram 10 casos na "época seca" contra  2 casos na "época das chuvas". Igual tendência foi observada no ano de 1966 (10 contra 5). Em 1973, verifica-se uma tendência de sentido contrário, com 8 casos na "época das chuvas" contra 2 casos na "época seca".

Em suma, este estudo não nos permite concluir que a "estação do ano" tenha tido alguma influência quantos aos casos de mortes em análise.



Gráfico 2 – Distribuição de frequências acumuladas segundo a variável categórica "em combate - por contacto", por "ano" e "estação do ano".

Quanto à distribuição de frequências acumuladas "em combate - por contacto", relativas à "Estação do Ano", o estudo mostra que continuam a não existir diferenças relevantes entre "época seca" e "época das chuvas". São excepções, uma vez mais, os anos de 1964, 1966 e 1973. Em 1964, registaram 10 casos na "época seca" contra 2 casos na "época das chuvas". Igual tendência foi observada no ano de 1966 (7 contra 3). Em 1973, verifica-se uma tendência de sentido contrário, com 5 casos na "época das chuvas" contra 2 casos na "época seca".


3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM MORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"

Neste terceiro ponto, continuamos a observar um dos principais objectivos deste trabalho onde, para além dos números, se recuperam algumas memórias, sempre trágicas, quando estamos em presença de perdas humanas… umas confirmadas ao nosso lado; outras, um pouco mais distantes. Seguimos, agora, com a descrição de mais três "casos" (de um total de trinta e três), enquadrados pelos contextos conhecidos. A principal fonte de consulta continua a ser o vasto espólio do blogue, ao qual adicionámos, ainda, outras informações obtidas em informantes considerados privilegiados.


3.10 - 05 DE FEVEREIRO DE 1966: A TERCEIRA BAIXA DE UM "CAR" POR MINA - O CASO DO SOLDADO AIRES DE JESUS FERREIRA, DA CCAÇ 674, ENTRE CANHÁMINA E CAMBAJÚ (BONCÓ)

A terceira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Aires de Jesus Ferreira, natural de Pombal, Leiria, ocorrida no dia 05 de Fevereiro de 1966, sábado, no itinerário entre Canhámina e Cambajú, perto da Tabanca de Boncó.

Este acontecimento também ficou gravado, na cronologia historiográfica da guerra, como sendo o primeiro no território a Norte da Guiné (Bissau), a poucos quilómetros de Cambajú, localidade situada na fronteira com a República do Senegal.

Por curiosidade, este episódio ocorreu na região que viu nascer o nosso colaborador permanente, e grande amigo da «Tabanca Grande», Cherno Baldé, que, naquela data, teria cinco/seis anos e, daí, certamente, desconhecê-lo.

O contingente a que pertencia o soldado condutor Aires de Jesus Ferreira era a CCAÇ 674, Unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 16 [RI 16], de Évora, do Cap Inf José Rosado Castela Rio. Chegou a Bissau em 13Mai64, tendo regressado ao Continente em 27Abr66, por ter concluído a sua comissão de serviço.

A missão operacional desta Unidade, representada na infogravura ao lado, iniciou-se com a deslocação, em 01Jul64, para Fá Mandinga, onde chegou como reforço do dispositivo e manobra do BCAÇ 506 [20Jul63-29Abr65; do TCor Inf Luís do Nascimento Matos]. 

Uma semana depois, em 08Jul64, assumiu a responsabilidade do subsector de Fajonquito, então criado na zona de acção [ZA] do seu Batalhão, e depois do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67; do TCor Cav Carlos de Moura Cardoso], tendo destacado um Gr Comb para Canhámina, desde o início de Out64 até 21 do mesmo mês, seguidamente instalado em Cambajú até 03Abr66. 

Destacou ainda outro Gr Comb para Contuboel, desde finais de Out64 até à chegada da CCAV 705 [?] e consequente transformação em subsector.

Em 12Abr66, foi rendida no subsector de Fajonquito pela CCAÇ 1497 [26Abr66-04Nov67; do Cap Inf Carlos Alberto Coelho de Sousa (1º) e Cap Mil Inf Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira (2º)], por troca, recolhendo a Bissau, onde permaneceu temporariamente integrada no BCAÇ 1876 (26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior), até à sua substituição pela CCAÇ 1565 [26Abr66-22Jan68; do Cap Mil Inf Rui António Nuno Romero (1.º), Cap Inf José Lopes (2.º) e Cap Mil Inf João Alberto de Sá Barros e Silva (3.º)], e subsequente embarque de regresso. É de referir que esta Companhia não tem História da Unidade (Ceca, 7.º vol; p331).

A única fonte bibliográfica que se conhece é o livro «O meu Diário, Guiné – 1964/1966 – Companhia de Caçadores 674, de Inácio Maria Góis. Edição do Autor. Gráfica Mineira, Aljustrel. Abril 2006 [P2286], conforme capa ao lado. 

Como já foi referido anteriormente, um dos objectivos desta série é adicionar valor histórico ao contexto onde se verificou cada uma das mortes de condutores auto rodas, por efeito do rebentamento de explosivos (minas e seus suplementos). Daí que, este ponto teria menos significado e importância, caso não aproveitasse o "caldo de cultura" que o Cherno Baldé ["Jubi", como classifica a sua infância em Fajonquito], nos tem presenteado ao longo dos anos, fazendo "engordar" o, já, notável espólio do blogue. Aconselho, por este motivo e por todos os outros não referidos, a "saborear" a sua leitura, um dos cinco sentidos da natureza humana. 

Porque era impossível resumir as suas narrativas, sob pena de se adulterar o sentido de cada explicação, o melhor método recaiu na citação de alguns dos muitos detalhes, aqueles que considerámos pertinentes para este contexto.

Assim, quanto à localização de Cambajú, para onde seguiu, em Outubro de 1964, um Gr Comb da CCAÇ 674, como reforço do destacamento de milícias aí colocado para assegurar a defesa da sua população e das suas rotinas, "estava situada mesmo na linha de fronteira com o Senegal, o que lhe emprestava um certo ar cosmopolita onde se cruzavam pessoas de várias origens e destinos e um certo movimento de vaivém de pessoas e mercadorias com as suas três ou quatro casas comerciais, algumas pequenas boutiques e contrabando pra cá e pra lá das duas fronteiras" (Cherno Baldé; poste P4567).

Por outro lado, o ano de 1965, é a "altura em que a guerra para a independência se alastrava rapidamente e aterroriza as aldeias daquela área e obrigava a uma concentração maior da população em certos locais com algumas garantias de defesa e protecção militar, Contuboel, Saré-Bacar, Cambajú e Fajonquito constituíam as praças-fortes da área.

"Foi nesse ano, com cinco/seis de idade, como refere Cherno Baldé, "que vi pela primeira vez homens  brancos, armados e equipados para a guerra, que se instalaram em Cambajú, onde o pai era empregado de uma casa comercial… a primeira visão foi de terror e fascínio. 

"Quando chegaram as viaturas, estávamos a jogar no largo da zona comercial que também fazia de paragens para as carroças que traziam mercadorias. Foi o barulho dos motores que nos alertou, como habitualmente, corremos atrás dos veículos, e foi nessa altura que reparamos no insólito. As pessoas que estavam sentadas em cima dos veículos, todos vestidos com o mesmo tipo de tecido, um chapéu que se estendia de trás para a frente da mesma cor na cabeça e uma arma entre as pernas, completamente imóveis, não eram pessoas normais, como estávamos habituados a ver. Eram brancos, meu Deus do céu, tão branquinhos que se podia ver o sangue vermelho rubro a correr nas veias. (…)

"No dia seguinte, através do meu amigo e colega Samba, fiquei a saber que tudo não passara de um susto injustificado pois aqueles sujeitos eram soldados portugueses vindos directamente de Portugal, o que queria dizer nossos amigos e aliados."  (Cherno Baldé; poste  P4580).

Outros aspectos, desenvolvidos nos seus escritos, podem ser consultados em «Memórias do Chico, menino e moço»,  de Cherno Baldé. Obrigado!


3.11 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ARMÉNIO MOUTINHO DA COSTA, DA CART 1661, EM 07.OUT.1967, ENTRE PORTO GOLE E BISSÁ

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Arménio Moutinho da Costa, natural de Gondim, Maia, em 7 de Outubro de 1967, sábado, no Hospital Militar 241, em Bissau, ocorreu um dia depois da viatura que conduzia ter accionado uma mina anticarro, incendiária, na estrada entre Porto Gole e Bissá.

Pertencia à CART 1661 (02Fev67-19Nov68) que, no espaço de três semanas, ficara sem dois condutores auto rodas, o primeiro - o soldado Manuel Pinto de Castro, em 16Set67 - caso abordado no poste anterior [P20217, ponto 3.8], e três viaturas, para além de outras baixas, entre feridos e mortos.

Para a descrição deste doloroso acontecimento, recorremos, de novo, à análise de conteúdo do livro (Diário do autor) do camarada Abel de Jesus Carreira Rei «Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968», edição de autor. Lousa. 2002, conforme capa ao lado.

Refere que Setembro e Outubro de 1967 vão ser dois meses negros para a CART 1661, onde o primeiro morto da companhia ocorre ao oitavo mês de comissão, em 16Set67, por efeito da explosão de uma mina anticarro, no cruzamento da estrada para Mansoa, quando uma coluna auto, saída de Porto Gole, ia ao encontro de forças de Bissá com o objectivo de lhes fazer a entrega de géneros alimentícios.

Depois, a 5 de Outubro de 1967, 5.ª feira, uma outra viatura, na estrada Porto Gole - Bissá, faz accionar outra mina anticarro, originando mais uma baixa mortal e duas dezenas de feridos. No dia seguinte, ou seja em 06Out67, 6.ª feira, uma nova mina anticarro, esta incendiária, é accionada perto do local da mina anterior, provocando alguns mortos e feridos, entre eles o soldado Arménio Moutinho da Costa que foi evacuado para o HM 241, juntamente com os seus camaradas com ferimentos graves, em particular queimaduras provocadas pela explosão. Dos evacuados, seis acabariam por falecer em Bissau nos dias seguintes, enquanto dois pereceram no Hospital Militar Principal, em Lisboa, a 14 e 23 do mesmo mês.

Para que conste na historiografia desta ocorrência, elaborámos um quadro detalhado dos onze mortos provocados pelas duas minas anticarro, accionadas a 5 e 6 de Outubro de 1967, no cruzamento de Mansoa, no itinerário entre Porto Gole e Bissá, de que foram vítimas os seguintes militares da CART 1661.




3.12 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ADELINO DAS DORES RODRIGUES PEREIRA, DA CCAÇ 2316, EM 05.JUN.1968, ENTRE GANDEMBEL E GUILEJE

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Adelino das Dores Rodrigues Pereira, natural de Campia, Vouzela, ocorreu em 05 de Junho de 1968, 4.ª feira, por efeito do rebentamento de um engenho explosivo, no decurso da «Operação Boa Farpa – 05 e 06 de Junho'68», missão que incluía a escolta a duas colunas entre Aldeia Formosa - Gandembel - Guileje - Gandembel, locais da região de Tombali, no Sector S2.

Para além da baixa mortal do Adelino das Dores Rodrigues, membro da CART 2316 (Jan68-Nov69), verificou-se, ainda, a morte do Alf Mil Inf Álvaro Ferreira do Vale Leitão, natural de Taveiro, Coimbra, da CCAÇ 2317, pelo mesmo motivo.

Para a elaboração deste subponto foram utilizadas, como principais fontes de consulta, as Oficiais publicadas pelo Estado-Maior do Exército, elaboradas pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 6.º Volume, Aspectos da Actividade Operacional, Tomo II, Guiné, Livro 2, 1.ª Edição, Lisboa (2015), p171, e o livro de Idálio [Rodrigues Ferreira] Reis: «A C.Caç.2317, Na Guerra da Guiné. Gandembel / Ponte Balana». Edição do autor. Fev/2012
.

«OPERAÇÃO BOA FARPA» - 05 E 06 DE JUNHO DE 1968

A operação em título foi programada pelo BART 1896 [18Nov66-18Ago68], sob a liderança do TCor Art Celestino da Cunha Rodrigues. Esta Unidade ao render o BCAÇ 1861 [23Ago65-17Abr67; do TCor Inf Alfredo Henriques Baeta], em 05Abr67, assumiu a responsabilidade do Sector Sul 2 [S2], com sede em Buba e englobando os subsectores de Sangonhá, Gadamael, Cameconde, Guileje, Aldeia Formosa e Buba e ainda uma companhia em Mejo [CCAÇ 2316], até 28Mai68, para actuação continuada no corredor de Guileje. Em 09Abr68, foi criado o subsector de Gandembel, e, em 12Jun68, a sua zona de acção foi reduzida da área de Aldeia Formosa, que foi atribuída à responsabilidade operacional do COSAF [Comando Operacional do Sector de Aldeia Formosa], então criado. 

Esta operação de dois dias – 5 e 6 de Junho'68 – visava garantir a segurança a uma coluna com dois itinerários diferentes ligando Aldeia Formosa a Gandembel e Guileje a Gandembel. Cada um dos trajectos contava com apoio aéreo. 

Para cumprir os diferentes objectivos, foram mobilizadas as seguintes forças:

► 1GC/CART 1612 [18Nov66-18Ago68], do Cap Art Orlando Ventura de Mendonça. Esta Unidade seguiu em 13Dez66 para Bissorã, a fim de efectuar a segurança e protecção dos trabalhos de reabertura do itinerário Bissorã-Bula, ficando na situação de reforço do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Henrique Alves Calado (1920-2001); atleta olímpico] e depois do BCAÇ 1876 [26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], tendo ainda efectuado diversas operações nas regiões de Insumeté, Insantaque e Iusse, entre outras. (…) 

Em 18Nov67, por rotação com a CCAÇ 1591 [01Ago66-09Mai68; do Cap Inf Luís Carlos Loureiro Cadete], assumiu a responsabilidade do subsector de Aldeia Formosa, tendo destacado Grs Comb para instalação, por períodos variáveis, em Colibuia, Cumbijã, Chamarra e Porto Balana. Em 13Jul68, foi substituída no subsector de Aldeia Formosa pela CCAÇ 2382 [06Mai68-03Abr70; do Cap Mil Art Carlos Nery de Sousa Gomes de Araújo] e recolheu a Bissau até ao embarque de regresso. (Ceca; 7.º vol; p 210).

► CCAÇ 2316 [24Jan68-08Nov69], do Cap Inf Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (1.º), Cap Inf António Jacques Favre Castel-Branco Ferreira (2.º); Cap Art Octávio Manuel Barbosa Henriques (3.º) e Cap Cav José Maria Félix de Morais (4.º). Esta Unidade, inicialmente colocada em Bissau, como subunidade de reserva do Comando-Chefe, deslocou dois Grs Comb para Bula em 01Fev68, a fim de efectuar o treino operacional e colaborar na segurança aos trabalhos da Estrada Bula-João Landim, sob orientação do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro]. A partir de 18Fev68, toda a subunidade foi destacada para Bula. 

Em 20Mar68, seguiu para Mejo, a fim de reforçar os meios do BART 1896, tendo substituído a CCAÇ 1622 [18Nov66-18Ago68; do Cap Mil Inf António Egídio Fernandes Loja], em 22Mar68. De 25Abr68 a 15Mai68, na sequência da «Operação Bola de Fogo», para ocupação e construção do aquartelamento respectivo, deslocou parte dos seus efectivos para Gandembel, em reforço da sua guarnição. 

Em 28Mai68, mantendo dois Grs Comb no destacamento de Mejo assumiu a responsabilidade do subsector de Guileje, no mesmo sector do BART 1896, e depois do BCAÇ 2834, e, de 29Ago68 a 07Dez68 do COP 2, tendo substituído a CART 1613 [18Nov66-18Ago68; do Cap Mil Grad Art Fausto Manteigas da Fonseca Ferraz (1.º) e Cap Art Eurico de Deus Corvacho (2.º)].

Em 23Jan69, o destacamento de Mejo, sob o qual o inimigo exercera forte pressão e fortes ataques no final do ano anterior, foi extinto e os Grs Comb recolheram a Guileje. (…) (Ceca; 7.º vol; p 107).

► 1GC/CCAÇ 2317 [24Jan68-04Dez69], do Cap Inf Jorge Barroso de Moura (1.º) e Cap Inf António José Claro Pinto Guedes (2.º). Esta Unidade, inicialmente colocada em Bissau, como subunidade de reserva do Comando-Chefe, seguiu por fracção, em 01Fev68 e 18Fev68, para Bula, a fim de efectuar a adaptação operacional sob orientação do BCAV 1915. Em 02Mar68, deslocou-se para Mansabá, a fim de reforçar o BCAV 1897, com vista à realização da «Operação Alma Forte», na região de Tancroal, recolhendo a Bissau, em 17Mar68. Em 20Mar68, foi deslocada para Guileje, sendo atribuída ao BART 1896 e depois ao BCAÇ 2834 e, de 20Ago68 a 07Dez68, ao COP 2, a fim de reforçar a guarnição local.

A partir de 09Abr68, tomando parte da operação «Bola de Fogo» assumiu a responsabilidade do subsector de Gandembel, então criado, procedendo à ocupação e construção do aquartelamento daquela localidade. Em 29Jan69, por evacuação dessa guarnição e a consequente extinção do subsector de Gandembel, recolheu temporariamente a Aldeia Formosa, no sector do BCAÇ 2834. A partir de 08Fev69, foi atribuída ao COP 4, instalando-se em Buba, para colaboração na segurança e protecção aos trabalhos da Estrada Buba-Aldeia Formosa e onde se manteve até 14Mar69, após o que seguiu para Nova Lamego. (…) (Ceca, 7.º vol; p 108).

► PRecFox 1165 [17Jan67-01Nov68], do Alf Mil Cav Michael Winston Schnitzler da Silva. (únicos dados encontrados)Fox 2022 [15Jan68-23Nov69] (Únicos dados encontrados)

► Para além das Unidades acima, participaram, ainda, o PCaç 51; PCaç 69 e 2 PBAÇ 1, com apoio aéreo. 



Infogravura do mapa da região de Tombali, onde decorreu a «Operação Boa Farpa»

Desenrolar das acções (síntese)

[A referida no 6.º Volume, Aspectos da Actividade Operacional, p 171 – CECA]
"Em 05 e 06Jun [1968] – «Operação Boa Farpa». Forças da CArt 1612, CCaç 2316, 1 GC/CCaç 2317, PCaç 51, PCaç 69, 2.º e 3.º PBAC 1, 1 PRecFox 1165 e PRecFox 2022, com o apoio aéreo, realizaram uma escola a uma coluna entre Aldeia Formosa-Gandembel-Guileje-Gandembel, S2.
Em 05 [Junho], no itinerário Guileje-Gandembel, a NT foram emboscadas, por duas vezes.

No regresso a Guileje, as NT sofreram outra emboscada, neutralizaram sete fornilhos e accionaram um engelho explosivo, sofrendo dois mortos [Adelino das Dores Rodrigues, condutor auto rodas da CCAÇ 2316, e Álvaro Ferreira do Vale Leitão, alferes da CCAÇ 2317], cinco feridos e danos em duas viaturas." 

[A referida por Idálio Reis, no seu livro (pp 163-164) acima citado]

● Antecedentes: 

Gandembel/Ponte Balana continuava a precisar de mais alguns materiais de construção, para acabar definitivamente com as casernas-abrigo, em especial para o reforço das suas coberturas, a fim de os seus homens se protegerem da inclemência das chuvas, e principalmente da deflagração de uma qualquer granada de morteiro. Ainda restava em Guileje, algum desse material, e também lá se encontrava um Gr Comb para regressar ao seio da nossa Companhia. A parte restante do material, os víveres e outros meios logísticos, poderiam aparecer do lado de Aldeia Formosa.

● O que se seguiu:

"E a 5 de Junho [de 1968], partem duas colunas de ambas as origens, e que para efeitos de protecção, foi lançada a «Operação Boa Farpa». A proveniente de Aldeia [Formosa], vem e regressa no mesmo dia, sem incidentes. Contudo, a de Guileje, com a participação da CCAÇ 2316, é sujeita a fortes ataques, por força de emboscadas envolvidas com o rebentamento de fornilhos, que vêm a provocar dois mortos e mais de uma dezena de feridos evacuados para Bissau, para além da destruição de uma viatura; há a registar o rebentamento de onze fornilhos a todo o comprimento da coluna, além da deflagração de mais minas antipessoais, e a visão de uma série de fios eléctricos que conduziam a sete fornilhos, o que levou a que alguns militares, em acto brutal de desespero, onde tudo é oprimente, a tentar cortá-los com os dentes.

Desta fatídica coluna, a nossa Companhia [CCAÇ 2317] perde o seu 3.º elemento, o alferes Álvaro Vale Leitão, que é atingido mortalmente na cabeça por fragmentos de um fornilho (…)."


Infogravura da foto de Luís Guerreiro, ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb da CART 2410 ("Os Dráculas" – Gadamael, Ganturé e Guileje, 1968/70), referente a uma coluna de Gadamael para Guileje (subida depois do cruzamento), realizada em 19Mar1969 – P5637, com a devida vénia. A meio da imagem, à esquerda, é possível identificar uma viatura destruída por efeito de uma explosão que, tudo leva a crer, seria a que é referida na descrição acima.

[Continua]

Fontes Consultadas:

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

11Out2019

© Jorge Araújo (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série de 8 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20217: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte III