sábado, 17 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9218: Efemérides (81): Como os acontecimentos de Goa, Damão e Diu foram vividos em Luanda (Antº Rosinha)

1. Comentário do nosso camarada António Rosinha (que, em 1961, era Fur Mil do Exército Português em Angola), ao poste P 9202 (*)

Torcato, a 19 de Dezembro de 1961, estavam praticamente todas as unidades de mãos sobre a cabeça. E só a 18 tinham começado os aviões a ameaçar a sério.

Falam ex-furrieis milicianos, participantes, de 73 anos de idade, hoje.


Pouco depois dessa data, em Luanda batiam-se palmas a discursos inflamados, aplaudindo a resistência dos nossos heróis de Goa (, de mãos na cabeça, ) e fazia-se recolha pública de dinheiro para aquisição de um porta-aviões para substituir o Afonso de Albuquerque que os indianos tinham afundado.

Do meu salário de furriel foi-me descontada uma quantia, que não me lembro de quanto, mas voluntariamente, tás-a-ver!

Salazar mentiu e mandou mentir com todos os dentes, e conscientemente pouca gente de nós engolia todas as petas do Botas. Antes pelo contrário, mesmo quando dissesse algumas verdadeiras, já se ficava de pé atrás. Mas a história um dia virá dizer se eram mentiras necessárias para resistir ao que se sabia que aí vinha, e foram mentiras oportunas, ou antes pelo contrário.

Uma coisa é certa, poucos alferes milicianos e furrieis milicianos se propuseram a escrever como tu, Torcato, fizeste com a tua guerra. E isso era preciso, para ajudar a compreendermos melhor, como fomos nós, a nossa geração, no seu todo.

Ficou pelo caminho Goa e São João Batista de Ajudá (**) e o Mapa-Cor-de-Rosa. (***) 

Cumprimentos
Antº Rosinha
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(**) Hoje Museu de História de Ouidah, República do Benin

Fernando Ribeiro, no seu blogue, A Matéria do Tempo, escreveu em 10 de Janeiro de 2007 o seguinte sobre o Forte de São João Baptista de Ajudá (Ouidah):

 (...) "Este é o Forte de São João Baptista de Ajudá, situado em Ouidah, na República do Benim, que foi erguido no séc. XVIII para servir de entreposto e de protecção militar ao tráfico português de escravos para o continente americano e Caraíbas. 

" Esteve na posse de Portugal até depois da independência do Daomé (como a República do Benim se chamava então), tendo sido abandonado e incendiado por ordem de Salazar em 1961, ano em que o Daomé decidiu ocupá-lo. Foi recuperado das cinzas ainda na década de 60 e nos anos 80 foi objecto de novas obras de restauro, as quais foram pagas pelo Estado português.

"O forte é agora um Museu de História daquela região de África, de onde foram tantos os escravos que dela partiram que ela era chamada Costa dos Escravos. O sítio do museu na Internet merece uma visita, ainda que só esteja em francês e em inglês. É pena que não esteja também em português, pois as raízes de milhões de afro-brasileiros estão naquela parte do mundo, donde os seus antepassados saíram em condições ultrajantes". (...)

Na Wikipédia, atribui-se à Fundação Calouste Gulkenkian a obra de recuperação do forte, que ocupa(va) um espaço de 2 ha: (...) "A anexação (em 1 de Agosto de 1961) foi reconhecida por Portugal em 1985, tendo os trabalhos de recuperação e restauro sido desenvolvidos em 1987, com orientação e recursos da Fundação Calouste Gulbenkian" (...).

Guiné 63/74 - P9217: Efemérides (80): O Gen Carlos de Azeredo recorda, em entrevista à TSF, a invasão de Goa (que faz hoje 50 anos)

1. Em entrevista à TSF, conduzida ontem pelo jornalista Rui Tukayana, o Gen Cav Ref Carlos Azeredo, de 81 anos,  nascido em Marco de Canaveses, lembra que "em Goa ninguém queria acreditar na invasão indiana". Ouvir aqui o registo áudio (duração: 11' 24'').

Recorde-se que Carlos de Azeredo cumpriu cinco comissões no Ultramar, duas no antigo Estado Português da Índia – onde foi prisioneiro de guerra das tropas indianas - uma em Angola (Cabinda) e duas na Guiné.

(...) "Na véspera do 50.º aniversário do avanço da união indiana sobre os antigos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu, o general Carlos Azeredo, na altura comandante da polícia em Goa, recorda, em declarações à TSF, o princípio do fim do império.

"O general lembrou a forma rápida como as tropas inimigas invadiram o território, o desequilíbrio na balança de forças, a rendição em lágrimas do ultimo governador do território a e intransigência de Salazar.

"Carlos Azeredo contou ainda que em Goa ninguém queria acreditar na invasão, mas os preparativos indianos eram evidentes para todos" (Fonte: TSF 'on line').

2. Sobre este militar português, ver ainda a seguinte entrada da Wikipédia:

(...) Carlos Manuel de Azeredo Pinto Melo e Leme, GCC, ( Várzea da Ovelha e Aliviada, Marco de Canaveses, 4 de Outubro de 1930 – ) é um general do Exército Português. Monárquico, participou activamente no 25 de Abril de 1974.

Foi Comandante da Região Militar do Norte e Chefe da Casa Militar do Presidente Mário Soares. Foi candidato à Presidência da Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 1997 à frente de uma coligação entre o PSD e o CDS-PP, tendo sido derrotado por Fernando Gomes. Em 1996 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Editou um livro sobre a sua vida "Trabalhos e Dias De Um Soldado Do Império". (...) [Lisboa: Livraria Civilização Editora, 2004, 496 pp.  7 €]

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9202: Efemérides (58): A invasão por tropas indianas dos territórios de Goa, Damão e Diu, em 18 de Dezembro de 1961

Guiné 63/74 - P9216: O nosso fad...ário (8): O Fado BART 2857: Parte II: a Cavalaria em Piche... (José Luís Tavares / Manuel Mata)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. O EREC 2640 tinham, segundo o relato do Manuel Mata, "oito Viaturas White"...  

A White, "rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica"... Ponto fraco: "tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas"... Mas não só: (...) "começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação levado a uma diminuição da nossa actividade operacional"... Razão por que no último trimestre de 1970, vieram à Metrópole um Alferes, o Primeiro-Sargento Mecânico, e cinco Praças, "afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esqadrão.  Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português".

 
Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Piche > BART 2857 (1968/70) > Aqui uma futebol era uma paixão...

Fonte: Album Picasa, do João Maria Pereira da Costa / Blogue BART 2857 (Com a devida vénia...)


1. O Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) tinha um pelotão destacado em Piche. Não teve, porém,  vida fácil,  apesar de ter "campo e piscina", e dar-se ao luxo de ter duas equipas de futebol, como se depreende das letras do radiotelegrafista Tavares... 

Leia-se aqui, a propósito,  um excerto da história desta garbosa subunidade de cavalaria, contada na I Série do nosso blogue pelo Manuel Mata:

(...) Mês de Outubro de 1970: O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

"Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo 'Minhoca'. Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.


"Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população". (...)

Publicamos a II parte daquilo a que chamámos o Fado do BART 2857 (*), o batalhão que esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, segundo nos confirma o nosso camarada J. M. Pereira da Costa, um dos administradores do blogue do BART 2857... 

Este batalhão era constituído pela CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche).

Não sabemos se esta letra do Tavares chegou a ser musicada e cantada, em Piche e/ou em Bafatá... De qualquer modo achamos que vai bem com o Fado Corrido... Chamámos a esta 2ª parte, A Cavalaria em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (**) (LG).



2. Fado do BART 2857: Parte II: A Cavalaria em Piche

Piche tem campo e piscina,
Qu' já foi a inaug'ração,
São obras de grande valor,
Feitas pelo Batalhão.

Até parece mentira
Aquilo que eu vou contar,
O Batalhão fez um campo
P'ra  Cavalaria jogar.

A Cavalaria é um posto,
Já vem de tempos atrás,
Imaginem um Batalhão
Fazer um campo para nós.

Nós temos duas equipas,
Como toda gente as vê:
Temos a boa equipa A,
Não desfazendo na B.

Têm equipamento novo,
Que aquilo é um asseio,
E o dirigente da equipa
É o nosso alferes Feio.

São duas equipas rivais
Que mandam o seu respeitinho,
E, de árbitro permanente,
O nosso amigo Agostinho.

José Luís Tavares - Radiotelegrafista
1 de Julho de 1970

[Recolha: Manuel Mata, 2006]

[Revisão: LG]
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Notas do editor:

(*) Vd, poste anterior da série > 13 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)

(**) Vd. I Série > 31 de Março 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857 

Guiné 63/74 - P9215: Blogpoesia (173): Natal da raiva e solidão (Armor Pires Mota, 1974)



Um poema de Armor Pires Mota (ex-Alf Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963/65).  

Reproduzido com a devida vénia (e com a autorização do autor), do seu livro de poesia O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre (Braga: Editora Pax, 1974, pp. 15). 



Capa do livro que está esgotado. Foi oferecido  pelo autor um exemplar, fotocopiado, à biblioteca da nossa Tabanca Grande. Capa do livro: Zé Penicheiro





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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9177: Blogpoesia (172): Uma a uma, tomei nas mãos as Kalashs... (António Graça de Abreu)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9214: O meu Natal no mato (35): Um Santa Claus na forma de um barquinho (José da Câmara)

1. Mensagem de José da Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 11 de Dezembro de 2011:

Caro amigo Carlos Vinhal, camaradas, amigos,
No dia 24 de Dezembro de 1972, num presépio chamado Guiné, eu marquei encontro com o Pai Natal. Aqui fica a história desse encontro, que também seria o último que teria com Ele em terras africanas.

Por muitas razões da vida que vivi, eu acredito que há um velhote simpático de barbas brancas, chamado Santa Claus, que faz os possíveis para me acompanhar todos os dias. Ele também vos tem no coração, disso tenho a certeza.

Quando ele bater à vossa porta, deixem-no entrar e descansar um pouco no seio da vossa família. Ele, depois de passar por aqui e de atravessar este Atlântico imenso que nos une, apenas quer desejar-vos um Feliz e Santo Natal.

Um grande abraço do
José Câmara


Guiné, um presépio de Natal

Na linda ilha das Flores, terra que me viu nascer e crescer, as celebrações do Natal tinham como atenção o nascimento do Menino Jesus em Belém e as prendas que Ele, no seu infinito amor, distribuía pela pequenada.
Como criança que era não percebia porque é que o Menino gostava tanto dos meninos mais ricos e, muitas vezes, se esquecia de mim, dos meus irmãos e de outros meninos tão pobres como eu. Levei alguns anos para me aperceber que o Menino também me amava como aos outros. A verdade era que a minha pequenina casa não tinha chaminé por onde Ele pudesse entrar e, mesmo que arranjasse outra forma de se infiltrar, nunca poderia encontrar os meus sapatinhos porque eu não os tinha. Apesar de todos esses problemas, na sua infinita bondade, às vezes arranjava maneira de deixar debaixo do travesseiro um saquinho com figos passados. Quando isso acontecia, o Natal era enorme no meu coração de criança.

No Faial, para onde fui com a idade dos 10 anos, talvez por influência das companhias estrangeiras de cabos submarinos (americana, inglesa e alemã), de algum consumismo já evidente na pequena cidade da Horta e mesmo dos emigrantes resultantes da erupção vulcânica dos Capelinhos, o Menino era mais rico e, por isso mesmo, costumava contratar um ajudante, o Pai Natal, por altura dos festejos natalícios. Era este Ajudante que trazia as boas novas do Menino.

O meu alfinete de gravata, homenagem ao meu Menino Jesus
De nós para vós, um Santo Natal
©Foto de J. Câmara

O Pai Natal, o Santa Claus como alguns lhe chamavam, viajava por entre estrelas, vindo das zonas frias da Lapónia. Talvez porque o trenó, puxado por renas de nariz vermelho, tinha mais espaço para sacos de prendas o Natal, na minha casa passámos a contar com algumas alegrias extras, entre as quais, há um alfinete de gravata que ainda hoje é o único que uso em homenagem ao grande amor e sacrifício do meu Menino Jesus.

Todavia, para compreender o Natal em toda a sua beleza humanística faltava, de facto, ter um encontro com o Menino Jesus, com o Pai Natal. A oportunidade aconteceu a meia tarde do dia 24 de Dezembro de 1972.

Ao tempo eu era, com muita honra, militar no Exército de Portugal, em fim de comissão de serviço na Guiné.
O presépio, devidamente preparado para essa efeméride, era completamente diferente daqueles a que estava acostumado na minha meninice. Este fora desenhado e construído com belas bolanhas e matas esplendorosas de palmeirais, cajueiros, capim, às quais não faltavam javalis, veados, pombos verdes, cobras, lagartos, sapos, mosquitos, formigas e os demais requintes da flora e fauna tropicais. A completar todo esse quadro maravilhoso que extasiava os corações mais sensíveis, as cascatas das ribeiras da freguesia deram lugar a um espelho imenso de um rio calmo que reflectia o sorriso quente do astro-rei. Era na verdade um presépio que deixaria imensas recordações, alegres umas, bem tristes outras, porque não saudades das boas, vida fora!

O Pai Natal da CCaç 3327 fazendo a aproximação à margem do Enxudé, Zona de Tite
© Foto de J. Câmara - Dezembro 24, 1972

Foi nesse ambiente que o Pai Natal, ansiosamente esperado, apareceu por detrás de um pequeno ilhéu colocado no meio do rio. Era diferente de tudo o quando imaginara até então. Vinha vestido de cinzento. Conduzia, com mestria, as renas que mais pareciam peixinhos vestidos de muitas cores que, alegremente, puxavam nas águas mansas do rio um trenó em forma de barquinho. Graciosamente, com lentidão cautelosa, aproximou-se da terra e aos poucos foi abrindo os seus braços até descansá-los na margem do rio. De peito bem aberto, deixou ver o seu imenso coração onde caberiam todos aqueles que o esperavam e que não se fizeram rogados em entrar nele.

Descansou o suficiente para receber a sua preciosa e alegre carga. Depois, talvez imitando Santo António, segredou algo aos peixinhos que, por ali, se mantinham em alegres brincadeiras. Fechou os seus enormes braços num amplexo imenso àqueles que acabara de receber junto do seu coração. E partiu. Tal como chegara, sem alaridos, havia que cumprir o final da sua nobre missão. Havia que levar a bom porto todos aqueles que confiaram no seu convite.

Aos poucos as margens do Enxudé foram-se perdendo no entardecer do dia para dar lugar à noite que se aproximava. Tite, Bissássema e as suas gentes passavam a ser nomes guardados na neblina da memória. Bissau foi o porto de acolhimento.

Encostado ao cais, exausto pelo cansaço, aquele Pai Natal ainda teve forças para um último aceno. Foi a última vez que o vi em terras da Guiné. A CCaç 3327 regressava à casa e às barracas que a receberam vinte e três meses antes, o Depósito de Adidos, em Brá.

A partir da esquerda: 1.º Sarg. Baltazar Lopes e Fur. Mil. Fernando Silva (ambos já falecidos), Fur. Mil. Pinto. A foto não oferece condições para identificar os outros com segurança. De costas, a ser servido, o Fur. Mil. Câmara
© Foto cedida pelo Fur. Mil. João Cruz, Natal de 1972

Nessa noite de Natal, alguns de nós ainda conseguiram desenfiar-se para a cidade. O Coelho à Caçador andou às correrias pelas mesas que juntámos no restaurante que nos acolheu. Uma noite diferente e alegre para nós. Só possível pelo amor e amizade de um Santa Claus que quis que, nesse ano de 1972, tivéssemos um Feliz e Santo Natal.

Porque ainda acredito na existência do Pai Natal, hoje, tal como ontem, que a Amizade e o Amor, a Paz e a Esperança do espírito do Natal, sejam companheiras diárias das vossas vidas e da dos vossos familiares.

Deste lado do oceano, um abraço enorme, quente e amigo do
José Câmara
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9088: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (29): Quando o destino cruel desabafa a sua ira

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9213: O meu Natal no mato (34): Empada, 24 de Dezembro de 1969, em tempo de guerra (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P9213: O meu Natal no mato (34): Empada, 24 de Dezembro de 1969, em tempo de guerra (José Teixeira)


1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 10 de Dezembro de 2011:

Caros amigos editores
Como estamos a chegar ao Natal revisitei o “meu diário” e recolhi este pequeno texto escrito no dia 24 de dezembro de 1969.


Natal em tempo de guerra

No dia 24 de Dezembro de 1969, escrevi no “meu diário":

Dezembro 69, Empada 24
É Natal. No ar uma camada de cacimba que nos dificulta a visão. Ao longe o troar das armas, o ribombar dos canhões, lembram os sinos da paz e pela sua insistência recordam-nos que é Natal.

Então, o espírito, o coração, todo o nosso ser, sente o Natal. Não o Natal que vivemos na hora presente, preocupados com a morte que nos espreita pela boca de um canhão, atentos ao menos sinal de perigo, para de arma em posição de rajada fazermos frente ao Inimigo. Sente-se o Natal de nossas casas, a paz dos nossos lares e sofre-se não propriamente por estarmos em guerra, mas porque nos lembramos dos nossos. O seu Natal, não é Natal, porque falta alguém querido, alguém que sente e vive o Natal e outra maneira, em circunstâncias muito difíceis. Eles nem sonham!

Ontem, saí em patrulhamento e quando regressávamos ao quartel ouviram-se umas rajadas à retaguarda na direção por onde tínhamos passado. Presume-se que o IN vinha atacar Empada e notou os nossos rastros ou qualquer ruído na mata e, pensando que estávamos emboscados por perto, abriu fogo. Como não houve reação da nossa parte, calaram-se novamente.


O meu diário

Empada > Fotos do meu Natal de 1969

Zé Teixeira
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9160: (Ex)citações (162): Confesso que estou profundamente chocado com a posição de alguns camaradas acerca da política seguida pelo nosso blogue (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 7 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9148: O meu Natal no mato (33): Um conto natalício (Juvenal Amado)

Guiné 63/74 - P9212: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (2): Mensagens dos nossos camaradas José Carlos Gabriel, Alcides Silva, José Lima da Silva, José Corceiro, António Nobre, Fernando Chapouto, António Paiva e Armando Fonseca

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS

1. Mensagem do nosso camarada José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74):

Nesta data festiva não poderia deixar de endereçar os meus votos de UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO DE 2012 para todos os camaradas e respetivas famílias.


José Carlos Gabriel
Ex-1º Cabo Op. Cripto
2ª CCAC do BCAC 4513
Nhala 73/74

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2. Mensagem de Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador na CCS/BART 1913, Catió,1967/69:

Amigos e companheiros de guerra,
Envio o desejo de Bom Natal e Feliz Ano novo para todos os camarigos.


Um grande abraço para todos e muita saúde.
Alcides Silva

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3. Mensagem de José Lima da Silva (ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, Bissum, Pirada e Bula, 1966/67):

Com os votos de que tenham Festas felizes e Santo Natal para todos em geral
Um abraço
JLS


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4. Mensagens de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71)

António Nobre (ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, 1969 e 1970):
e
Fernando Chapouto (ex-Fur Mil da CCAÇ 1426, 1965/67, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda

Natal Feliz com muita saúde e alegria
Um abraço


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5. Mensagem do nosso camarada António Paiva (ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70):


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6. Mensagem de Armando Fonseca (ex-Soldado Condutor do Pel Rec Fox 42, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64):

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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9196: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (1): Gabriel Gonçalves (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Guiné 63/74 - P9211: Parabéns a você (354): Francisco Santos, ex-1º Cabo Radiotelegrafista, da CCAÇ 557 (1968/70) - Agradecimento


1. O nosso camarada José Colaço* (ex-Soldado Trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), reenviou-nos a seguinte mensagem de agradecimento do Francisco Santos, ex-1º Cabo Radiotelegrafista, da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65.


Camaradas, 

Reenvio-vos o e-mail que o nosso camarada e poeta popular Francisco dos Santos me fez chegar, com os agradecimentos dos parabéns que lhe foram prestados no blogue, no seu último festejo aniversariante.


Com os desejos a todos de muitos anos de vida e com saúde.

Um abraço.
José Colaço Sol Trms da CCAÇ 557
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

16 DE DEZEMBRO DE 2011 > Guiné 63/74 - P9206: Parabéns a você (354): António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto Rodas no HM 241 de Bissau (1968/70)

Guiné 63/74 - P9210: (De)caras (9): Ainda a fatídica emboscada de 14/6/1973, na estrada Ponte Caium-Piche (ex-Fur Mil Ribeiro / ex-Sol Cond Auto Florimundo Rocha)






Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Foto do álbum do Jacinto Cristina... Julgamos que esta foto  é do 3º Gr Comb a que pertencia o Jacinto... Não conseguimos ainda identificar os camaradas... Não se descortina, entre eles, nenhum graduado, chefe de secção, muito menos o comandante de pelotão... Alguns destes homens poderão não ter regressado a casa, tendo morrido na terrível emboscada de 14 de Junho de 1973...

Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium > 3º Grupo de Combate > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha> Antes duma partidinha de futebol no campo pelado anexo à Ponte... A legenda é do Carlos Alexandre, de Peniche: "Temos o Rocha ao centro, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto. Em cima, à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro, [o único que está de camisola, branca]".


Foto: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Comentário do ex-Fur Mil Ribeiro, que vive hoje em Braga, e que pertencia ao 3º Gr Comb ("os Fantasmas do Leste")  da CCAÇ 3546 (Piche e Ponte Caium, 1972/74),  ao poste P8061 (*):


Caro amigo Florimundo Rocha, gostava de fazer algumas correcções ao teu comentário sobre a fatídica emboscada de 14/6/1973:


Ponto nº 1: 


(…) “O Rocha já se lembra do número de viaturas que seguiam na coluna, nesse dia fatídico, de 14/6/1973. Ele ia à frente a conduzir o seu Unimog 411, o ‘burrinho do mato’, que lhe estava distribuído. A seu lado, de pé, ia o Charlô (alcunha do Carlos Alberto Graça Gonçalves, natural de Lisboa) . E atrás, sentados nos bancos, os restantes camaradas do pelotão que haveriam de morrer nesse dia e hora, numa curva da estrada para Piche, a escassos 3 quilómetros da sede da unidade, a CCAÇ 3546/BCAÇ 3883… A saber: o Torrão, o Fernandes e o Santos” (…) (FR).


Quem ia de pé ao teu lado era eu, Furriel Ribeiro; atrás, sentados do lado esquerdo (da morte), ia o Fernandes, o Torrão, o Charlô e o Santos, todos estes camaradas morreram; e do lado direito ia o Rolo, o Algés, o Silva e não me lembro quem era o outro que falta. 


Ponto nº 3 : 

(…) “Já não tem a certeza, mas atrás de si, devia vir uma Berliet, com restos de materiais de construção ou madeiras. Também não se lembra se havia mais viaturas. Tem ideia que ‘malta de Buruntuma [, CCAÇ 3544, ], ou de Camajabá [, outro destacamento de Piche, CCAÇ 3546]’ também vinha atrás, numa terceira viatura… O Wolkswagen (alcunha de um camarada que ficará ferido) vinha atrás, numa outra viatura. O Rocha não o deixou vir com ele. Nessa altura as relações entre ambos não eram as melhores” (…) (FR).



Nós fomos a Piche porque já não havia mantimentos, o alferes Afonso, do 1º pelotão, chegou à Ponte Caium e pediu-me para eu lhe disponibilizar uma secção e um Unimog para ir a Piche buscar alguns mantimentos. Não vinha ninguém de Buruntuma, apenas vinha uma Berliet de Camajabá.

Ponto nº 4:

(…) “A distância entre a primeira viatura (o 411) e a segunda (talvez a Berliet) deveria ser de ‘80 metros’. Ele, Rocha, não ia a mais de 70 km, que era o máximo que o ‘burrinho’ dava, em estrada alcatroada. O asfalto ia até à Ponte. Trabalho da Tecnil, cujas máquinas chegaram a ser atacadas e algumas incendiadas pelo PAIGC. As bermas estavam limpas, o capim cortado. Estamos no início da época das chuvas. E foi ‘na curva’ que o Rocha começou a ver cabeças, de gente emboscada. ‘Eles tinham-se entrincheirado nos morros de terra deixados pelas máquinas da Tecnil’… Pelo número de efectivos (falava-se no fim ‘em mais de 200’), está visto que a emboscada ‘não era para eles’, mas sim para o pessoal de Piche. (…)  (FR).



A emboscada não era para nós mas sim para uma coluna de grande reabastecimento de munições para Buruntuma que, não se sabe porquê!, foi anulada em Nova Lamego.


Ponto nº 5: 

(…) “Quando o 411, conduzido pelo Rocha, entrou na ‘zona de morte’, na curva, os primeiros tiros (ou roquetadas) furaram-lhe os pneus. A malta foi projectada. A viatura capotou. O Rocha ficou caído no lado direito da estrada. Os tipos do PAIGC estavam do lado esquerdo. O fogachal foi tremendo. Ele ainda conseguiu proteger-se atrás da viatura que ficou a trabalhar, de pernas para o ar. Lembra-se de ter pegado em duas ou três G3, dos camaradas feridos, e de ter respondido ao fogo do IN. (…) (FR).



O nosso burrinho foi atingido com um RPG 7 na parte de trás do banco do condutor na chapa da carroçaria e com outro RPG 7 no gancho do reboque, foi isto que fez com que o Unimog saltasse, e o pessoal foi cuspido e perdemos as G3 mas tu apanhaste 2 ou 3 e uma delas era a minha, obrigado Rocha. Ponto 7: 

(…) Ainda se lembra da chegada das chaimites de Piche, que fizeram fogo contra as forças inimigas, que ripostaram, já no final dos combates. Talvez meia hora depois do início da emboscada. Ainda se lembra, dos 3 ou 4 feridos que foram evacuados, de heli, em Piche. Houve alguém que sugeriu que ele aproveitasse a boleia e se fizesse maluco. Mas ele recusou. Nesse mesmo dia regressaria à Ponte Caium. Não se lembra de ter tido o conforto de nenhum superior hierárquico. Uma simples palavra, muito menos um louvor. Voltou para a ponte e dormiu, como ‘dormia todos os dias, como ainda hoje dorme’ (sem pesadelos ?..., não me respondeu à pergunta)…  (FR).



Ó Rocha, não tiveste o meu conforto porque eu não to pude dar, visto eu ter sido evacuado para o hospital em Bissau, com o Algés, o Silva e o Rolo, e todos nós estávamos tão chocados como tu. 


Ponto 13:

(…) “Os furriéis só iam um de cada vez para ponte: o Cardoso, que foi vítima da explosão de uma armadiha; o Ribeiro, de Braga; o Barrroca, alentejano… No dia da embocada, estava o Ribeiro na ponte. Mais o Cristina, municiador, do morteiro ‘grande’, o 10,7” (…) (FR).



Os Furriéis estavam sempre juntos na ponte, primeiro foi o Furriel Cardoso que foi tomar conta da passagem do destacamento do 4º para o 3º pelotão; passada uma semana foi o pelotão com o Furriel Barroca para a Ponte Caium e eu Furriel Ribeiro fui uma semana mais tarde porque fiquei a aprender a fazer e a ler […] (codificar e descodificar mensagens ). Estivemos sempre juntos e no dia da emboscada quem estava na Ponte Caium era o Furriel Barroca.


Um abraço para todos os camaradas,


Furriel Ribeiro


2. Comentário do editor:

Não temos qualquer contacto do Ribeiro (telemóvel, telefone, email...), a não ser este comentário. Dizem-nos que vive em Braga. Mas sabemos que é leitor do nosso blogue. Aproveitamos para lhe agradecer os esclarecimentos adicionais que veio trazer sobre esta emboscada de que ele felizmente escapou,  embora ferido com gravidade. Não é fácil "voltar ao passado" e reviver momentos terríveis como este. Mais um razão para o Ribeiro se juntar aos 531 membros desta Tabanca Grande, a grande maioria deles camaradas da Guiné, de diferentes épocas da guerra, de 1961 a 1974, e de diferentes lugares, de norte a sul, de leste a oeste... Fica aqui formalizado o convite. Um grande Alfa Bravo. L.G.



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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P9209: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (40): Em Civitavecchia, Itália, com veteranos de guerra (António Graça de Abreu)





Itália > Civitavecchia > 12 de Novembro de 2011 > António da Graça Abreu, um antigo combatente, português,  da guerra da Guiné, emocionado com a homenagem local aos veteranos de guerra... No mural acima, pode ler-se, em italiano:  "Aos soldados de terra, ar e mar, que caíram nas guerras de África, alargando as fronteiras da Pátria, ressurgida no seio das nações" (tradução livre do editor).

Fotos: © António Graça de Abreu (2007-2011). Todos os direitos reservados



1. Texto do nosso António Graça de Abreu:

Civitavecchia, uma cidadezinha a 60 quilómetros de Roma, é o porto de mar que há muitos séculos serve a capital de Itália.

Chego a 12 de Novembro deste ano de graça de 2011, de manhã cedo pelas águas do Mediterrâneo, com um céu azul onde apetece deslizar e um mar sereníssimo. Desembarco e deambulo ao acaso por mais um burgo que não conheço. As muralhas, os fortes, as igrejas, as casas antigas dos grandes senhores, o mercado, os barcos pequenos, os navios.

No passeio marítimo, à distância, vejo um magote denso de pessoas. Aproximo-me. Muitos jovens com a bandeira italiana, uma banda de música, gente e um grupo de militares já idosos, homens do exército, força aérea e marinha, mais uns poucos políticos da terra. Ao lado, separados dos restantes militares, perfilam-se ainda garbosos e aprumados uma dezena de velhos veteranos da marinha, alguns já pendurados em bengalas mas ostentando ainda com orgulho as suas condecorações.

Trata-se de uma cerimónia de homenagem a estes combatentes do passado, homens do mar da cidade de Civitavecchia e também aos soldados de terra e do céu. Louvar os vivos, honrar, exaltar a memória dos mortos.

O corneteiro toca a silêncio. Todos em recolhimento, o sangue latejando nas veias, a lembrança presente dos camaradas e amigos mortos. A banda avança para o hino de Itália. Saltitante, galopando a brisa. Rapazes e raparigas agitam bandeiras italianas, no mastro o pendão tricolor da pátria sobe, os velhos veteranos em sentido, a emoção a borbulhar na alma, fazem continência à bandeira e cantam as estrofes do hino.

Olhei o mar azul, imenso, a ocidente. Portugal, nós, também velhos veteranos de guerra, a Guiné. As lágrimas caíam como chuva.

António Graça de Abreu

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9131: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (39): A poesia e a liberdade: Conferência de António Graça de Abreu, 2ª feira, 5 de dezembro, às 18h30, na BMRR, Lisboa

Guiné 63/74 - P9208: Agenda cultural (178): Convite para o lançamento do livro Tempos Sem Remissão, de Diamantino Gertrudes da Silva, dia 17 de Dezembro de 2011, pelas 15h30, no Auditório da Escola Superior de Viseu (Rui Alexandrino Ferreira)

1. O nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil na CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72, actualmente Ten Coronel Reformado), fez chegar ao Blogue o seguinte Convite para assistir ao lançamento do livro "Tempos Sem Remissão" de autoria de Diamantino Gertrudes da Silva, a realizar no Auditório da Escola Superior de Viseu, amanhã, sábado, dia 17 de Dezembro de 2011, pelas 15h30.



2. Conjuntamente recebemos esta carta onde Rui Alexandrino fala, ao que se julga, aos seus camaradas da CCAÇ 1420 e a um convívio a ter lugar também amanhã no Regimento de Infantaria 14 de Viseu.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9191: Agenda cultural (177): Apresentação do romance histórico de Paulo Aido, A Primeira Derrota de Salazar, que teve lugar no dia 1 de Dezembro de 2011 (José martins)

Guiné 63/74 - P9207: Notas de leitura (312): Arquitectura Sustentável na Guiné-Bissau (Manual de boas práticas) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Novembro de 2011:

Queridos amigos,
Ocorreu-me uma recensão deste livro a propósito das expectativas que o nosso camarada Jorge Cabral tem na sua casa em Finete, pode muito bem dar-se a circunstância de outros camaradas querem construir na Guiné uma habitação que se paute pelos sábios princípios da arquitectura sustentável.
Este manual de boas práticas é um bom registo do que existe e sobretudo tece recomendações que os camaradas interessados deverão ter em atenção antes de projectarem casa própria na Guiné.
Caso se registem dificuldades em descarregar o ficheiro de 8MB, segue abaixo o link directo.

Um abraço do
Mário


Arquitectura sustentável na Guiné-Bissau

Beja Santos

“Arquitectura Sustentável na Guiné-Bissau – Manual de boas práticas”, é uma edição da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com coordenação do Prof. Arquitecto Manuel Correia Guedes, dada à estampa este ano.

A finalidade é de propor medidas básicas para a prática de uma arquitectura sustentável, tendo em conta o clima, os recursos naturais, o contexto socioeconómico; traçam-se, de forma simplificada, estratégias de boas práticas de projecto. O documento foi elaborado no âmbito do projecto europeu SURE – África (Sustainable Urban Renewal, Energy Efficiente Buildings for Africa).

No prefácio, o presidente da União dos Arquitectos da Guiné-Bissau, Domingos Fernandes, recorda que não havia arquitectos no período colonial mas os chamados “desenhadores” da Câmara Municipal de Bissau. Com o advento da independência, começaram a surgir arquitectos de formação. Para entender a intervenção dos arquitectos é indispensável, no que toca à Guiné-Bissau, saber olhar à volta, ter em conta o clima, a falta de recursos e não esquecer que cerca de dois terços da população vive com menos de 2 dólares por dia. Em traços muito grossos, a Guiné-Bissau tem elevados níveis de temperatura e humidade, défice habitacional provocado pela falta de planeamento urbano, degradação do património edificado e carências energéticas.
Os edifícios designados adequados para a sustentabilidade são construídos e operados para minimizar todos os impactos negativos nos ocupantes (em termos de saúde, conforto e produtividade) e no ambiente (uso de energia, recursos naturais e poluição).

Neste manual de medidas básicas dão-se sugestões para a concepção de uma casa confortável que respeite a natureza, com custos reduzidos de construção e manutenção. É lembrado que acções como a radiação solar, chuvas intensas e a humidade do ar desafiam arquitectos, engenheiros e urbanistas para a criação de soluções mais sustentáveis na procura de segurança e conforto em edifícios. Na observação ao que mais recentemente se tem construído, e dando exemplos, refere-se que há intervenções desadequadas no que tem a ver com a arquitectura tradicional e há mesmo fachadas de tipologia importadas que contrastam com os objectivos da sustentabilidade; além disso regista-se em número elevado um conjunto de habitações com falta de identidade urbana, seguramente devido à construção livre e espontânea.

Os autores escalpelizam o que de essencial existe na arquitectura vernacular (casas de palha com paredes de taipa ou adobe), na arquitectura colonial (construções do período da administração portuguesa no centro das cidades de Cacheu, Bolama, Bissau e Gabu), na arquitectura de tendências contemporâneas, com elementos estruturais de betão armado. No que toca à arquitectura vernacular, os autores procedem a uma apreciável descrição das habitações, Balanta, Bijagó, Fula, Manjaca e Mancanha.

Indirectamente para os factores da sustentabilidade, os autores passam em revista as técnicas de dissipação do calor, sombreamento, isolamento, ventilação e arrefecimento por evaporação. Em sequência, referem as virtualidades dos materiais de construção: zinco, taipa ou adobe, madeira, bambu e pedra. Centram do mesmo modo a sua atenção nas energias alternativas (caso dos painéis fotovoltaicos) e nos grandes problemas da água e saneamento. Dizem claramente que para o clima da Guiné, a melhor forma de dissipação do calor é através da ventilação, seguindo-se medidas de protecção por sombreamentos. O recurso a espaços exteriores arborizados, com árvores altaneiras, também se revela importante.

O documento finaliza com recomendações gerais do seguinte tipo: predomínio da fachada principal a Norte; varanda exterior; envolventes arborizadas; coberturas inclinadas; construção de forro ou tecto falso; cores claras nas fachadas para reflectir a radiação solar.

Este livro foi-me amavelmente enviado, em formato digital, pelo Prof. Arquitecto Manuel Correia Guedes. Quem quiser proceder ao seu descarregamento pode fazê-lo através do seguinte link:

https://www.wetransfer.com/dl/7qubvvpk/6a3884f43c4a6bd55dc207fc4b017c2ad583e6211b6ee71417c865f458d317932a2f9a311919d26
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9183: Notas de leitura (311): Uma Jornada Científica na Guiné Portuguesa, de António Mendes Corrêa (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P9206: Parabéns a você (354): António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto Rodas no HM 241 de Bissau (1968/70)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9204: Parabéns a você (353): Dia 12 de Dezembro de 2011 - Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74) - Agradecimento

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9205: In Memoriam (100): O pessoal da CAÇ 1686 do BCAÇ 1912 está de luto (Aires Ferreira)


 

1.   O nosso Camarada Aires Ferreira, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 1686/BCAC 1912 – Mansoa -, 1967/59, enviou-nos uma triste mensagem.

O pessoal da CAÇ 1686 do BCAÇ 1912 está de luto

Camaradas,

É com  grande tristeza que participo o falecimento do  Sr. Ten.Cor./GNR  JOSÉ DE MATOS CORREIA BARRADAS, ocorrido no passado dia 9.12.2011.

Foi o Comandante da CCAÇ 1686/BCAC 1912 desde Abril de 67 até Maio de 69, em Mansoa.

Comandou a sua Companhia em cerca de 50 operações na zona do Oio (Sara-Sarauol, Locher-Changalana, Morés, Cubonge, etc.).

Cumpriu com valentia as missões que lhe foram atribuídas e pelo seu bom senso granjeou grande amizade e respeito junto de todos os seus subordinados.

Perdemos o nosso COMANDANTE, mas acima de tudo perdemos um AMIGO.

“QUE DESCANSE EM PAZ COMANDANTE… ATÉ SEMPRE”

Aires Ferreira
Alf Mil At Inf da CCAÇ 1686/BCAC 1912

Emblema de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P9204: Parabéns a você (353): Dia 12 de Dezembro de 2011 - Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74) - Agradecimento

1. Mensagem do nosso camarada Luís Dias (ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74), com data de 13 de Dezembro de 2011:

Caros Editores
Incluso um pequeno agradecimento pelas palavras que muitos camaradas se dignaram endereçar-me pelo meu aniversário, bem ainda como duas fotos de convívios em Galomaro e no Dulombi, que se acharem de interesse postar, agradeço.

Apenas uma pequena correcção que, por lapso, ficou no post. Estive na Guiné entre Dezembro de 1971 e Março de de 1974 e não entre 1970 e 72.

Um abraço.
Luís Dias


AGRADECIMENTO EM DIA DE ANOS

Caros Camaradas, Caros Amigos
Venho agradecer a todos aqueles que, quer através do nosso blogue, quer através de mails, SMS, mensagens no Facebook e por telefone, decidiram perder algum do seu precioso tempo e enviar-me os parabéns pelo meu aniversário, nomeadamente: Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, José Martins, Vasco da Gama, Hélder Sousa, Luís Borrega, António Tavares, António Pimentel, Manuel Marques, António Dâmaso, Santos Oliveira, B. Sardinha, Zé Manuel Cancela, Manuel Marinho, José Saúde, Joaquim Mexia Alves, César Dias, Adriano Moreira, Arménio Estorninho, Felismina, Rui Silva, Torcato Mendonça, Manuel Reis, Manuel Maia, Luís Faria, José Câmara, António Paiva, José Dinis, Manuel Passos, Manuel António, Carlos Filipe e Manuel Joaquim. Estais todos no meu coração.

Das mensagens recebidas uma tocou-me e sensibilizou-me muito particularmente, refiro-me à do camarada Juvenal Amado, reproduzida aqui no blogue. De facto, fruto da diferença hierárquica ou outros circunstancialismos existentes naqueles tempos não tivemos a possibilidade de conhecer melhor muitos daqueles que connosco operavam, combatiam ou serviam de apoio. Estas diferenças eram, no meu ponto de vista, mais acentuadas nas sedes de Batalhão, onde o peso da hierarquia mais se fazia sentir. Nos quartéis das Companhias a rigidez militar era menos acentuada e havia mais convívio e as pessoas conheciam-se melhor. Por exemplo, no quartel do Dulombi (CCAÇ 3491), a zona das messes de graduados estava dividida em duas salas (uma para oficiais e outra para sargentos), contudo, rapidamente, se sensibilizou o nosso capitão para que a sala de sargentos fosse usada como messe para todos e a outra sala para convívio e jogos. Esta só seria usada como messe quando vinham em visita ao quartel alguém de Bissau ou o Comando do Batalhão e assim se fez até de lá sairmos. O próprio refeitório dos praças estava separado da messe dos graduados, unicamente pela cantina. Na Companhia todos se conheciam e sabíamos os nomes de toda a gente, praticava-se o que hoje se chama de uma política de proximidade. Os graduados percorriam com muita frequência as instalações atribuídas aos praças, quer fossem as camaratas, quer fossem os abrigos, como forma de se certificarem das condições das mesmas. Quando, em Março de 1973, por imperativos operacionais, a nossa CCAÇ foi colocada na sede do Batalhão (Galomaro), onde já se encontrava a CSS, produziu-se grandes alterações na forma como nos relacionávamos. As messes eram separadas e o Comandante não era lá muito dado a convívios.

Caro Juvenal, com certeza que fizemos acções conjuntas, que me transportaste mais o meu Grupo de Combate inúmeras vezes para emboscadas nocturnas, que nos foste buscar ao Dulombi, ou levar e buscar a outros locais, como Piche, Nova Lamego, Pirada ou mesmo ao Saltinho. Cruzámos juntos, efectivamente, aquelas perigosas picadas e coube ao destino que regressássemos ilesos e que não tendo tido oportunidade de, naquelas quentes terras, te conhecer melhor, tenha sido através desta Tabanca Grande, daquilo que escreves e pensas, ter quase a certeza que, afinal, nos conhecemos há muitos anos. Éramos e somos feitos da grande massa humana que teve de arrancar para o ultramar, viveu perigos, criou amizades para a vida e mesmo fazendo a guerra, consegue, passados estes anos todos, ter a capacidade de não ter ódio pelos inimigos, e gostar daquelas gentes que também connosco sofriam a mesma guerra.

Juvenal, obrigado pelas tuas palavras, pela tua amizade. Lamento não nos termos conhecido melhor, aquando da nossa comissão, eu, de certeza, fiquei a perder, porque és um excelente ser humano e a tua amizade ter-me-ia enriquecido.

Um abraço a todos do tamanho das tabancas reunidas de Dulombi e Galomaro.
Luís Dias

Convívio na messe do Dulombi, em 1972, estando do lado direito e de óculos escuros o nosso Capelão

Convívio na messe de Galomaro, com diversos oficiais e furriéis, em 1973. Em 1º plano e do lado direito o Alf. Mil Dias e em 2º a contar da esquerda o Cap. Pires da CCAÇ 3491
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Nota de CV:

Vd. poste de 12 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9182: Parabéns a você (351): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74)