quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20025: Jornais de caserna publicados no CTIG (de 1961 a 1974) (n=47) (Jorge Santos / Luís Graça)


Capa do primeiro número de "O Saltitão", jornal da CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72). O diretor era o cap inf  Carlos Trindade Clemente. Entre os colaboradores, e nomeadamente na ilustração gráfica, destaca-se o nosso camarado Mário Miguéis (que vive hoje em Esposende e nos mandou uma preciosa cópia desta primeira edição)

Foto (e legenda): © Mário Migueis da Silva  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


"O Serrote", da 3ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74), de que foi diretor o nosso camarada e amigo alf mil Jorge Pinto.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O jornal de caserna da CCAV 3420 (Bula, 1971/3), Os Progressistas - Quinzenário de Divulgação e Recreio da CCAV 3420. Director: Cap Cav Fernando José Salgueiro Maia.
Fonte: Cortesia do Jorge Santos (2005)

Jornais militares (n=47)
(Guiné, 1961/74)

_____________________________________________


TÍTULO   UNIDADE /SEDE /SPM / ANO  DIRETOR
 ____________________________________________
.
              1. 
33 (O)

Batalhão de Caçadores 3833
Pelundo
SPM 6978 1971/1972


O Comandante
2. 
Acção
Comando do Sector de Bissau 
Bissau 
1972

Cor Inf António Mendes Baptista

3. 
Açor (o)
Batalhão de Caçadores 2928
Bula 
SPM 6688
1971

O Comandante
4. 
Águas do Geba
Companhia de Artilharia 2743
Geba
SPM 6548
1971

Cap Mil Ilídio Rosário Santos Moreira
5. 
Alvo (O)
Bataria de Artilharia Antiaérea 3434
Cumeré
SPM 1868
1971

6. Assalto (Ao)
Batalhão de Caçadores 2834
Bula
SPM 4668
1968

Ten-Cor Inf Carlos B.Hipólito
7. 
Azimute
Comando Territorial Independente da Guiné 
Bissau
1966

Brig Anselmo Guerra Correia
8. 
Baga-Baga (O)
Batalhão de Caçadores 1860
Tite
SPM 2928
1965

O Comandante
9. 
Básico (O)
Batalhão de Cavalaria 1905
Teixeira Pinto 1967

O Comandante
10. 
Big
Batalhão de Intendência da Guiné 
Bissau
SPM 1648
1968

Maj SAM António Monteiro A. Santos
11. 
Boina Negra (O)
Companhia de Cavalaria 2482 Fulacunda
SPM 5688
1969

O Comandante
12. 
Capicuas (Os)
Companhia de Artilharia 2772
Fulacunda
1971

Cap Art João Carlos R. Oliveira
13. 
Clarim
Batalhão de Cavalaria 790 Bula 
1965

Ten-Cor Cav Henrique Calado

14. Convergência
Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné
Bissau 
1970

?
15.
Corsário (O)
Hospital Militar 241 
Bissau
1962

?
16.
Dragão Negro
Batalhão de Artilharia 733 
Farim
SPM 2568
1965

?
17.
Dragões de Jabadá
Companhia de Cavalaria 2484 
Jabadá
1969

Cap Cav 
José Guilherme P.F.Durão

18.
Duros (Os)
Companhia de Artilharia 2771
Nova Sintra SPM 6608
1971

Alf Mil Castela
19.
Eco (O)
Pelotão de Artilharia Antiaérea 943 Bissalanca 1965

Alf Art Jaime Simões Silva
20.
Estrela do Norte
Batalhão de Caçadores 1894 
S. Domingos SPM 3668
1968

Ten-Cor Inf Fausto Laginha Ramos
21.
Falcão (O)
Companhia de Caçadores 3414
Sare Bacar
SPM 1878
1973

Cap Inf Manuel Ribeiro Faria
22.
Gato Preto (O)
Companhia de Caçadores 5 Canjadude
SPM 0028
1971

O Comandante
23.
Jagudi (O)
Companhia de Caçadores 2679, Bajocunda 
SPM 1058
1971

Cap Inf Rui Manuel Paninho Souto
24.
Jamtum (O)
Batalhão de Caçadores 3872
Galomaro
SPM 2188
1973

O Comandante
25.
Lenços Vermelhos
Companhia de Artilharia 2521 
Aldeia Formosa
SPM 5888
1970

Cap Mil Jacinto Joaquim Aidos
26.
MFA na Guiné
MFA da Guiné Bissau
1974

?
27.
Macaréu
Batalhão de Caçadores 2856 
Bafatá  
SPM 5438
1969

O Comandante
28.
Manga de Ronco
Batalhão de Caçadores 1932 
Farim
1968

Alf Capelão Tourais Ferreira
29.
Nova Vida
Batalhão de Caçadores 697 
Fá Mandinga
1965

?
30.
Padrão
Batalhão de Caçadores 1877
Teixeira Pinto
1966
Ten-Cor Inf Fernando Costa Freitas

31.
Pentágono Manjaco
Batalhão de Caçadores 3863
Teixeira Pinto SPM 1458
1973

O Comandante
32.
Pica na Burra
Companhia de Cavalaria 2765
Nova Sintra  SPM 6438
1970

Alf Mil Pedro Duarte Silva
33.
Põe-te a Pau
Companhia de Artilharia 2775
Jabadá
SPM 6628
1971

O Comandante
34.
Prá Frente
Companhia de Artilharia 3332
Piche
1972

?
Companhia de Cavalaria 3420
Bula
SPM 1898
1971

36.
Ronco
Centro de Instrução Militar [CIM] Bolama
SPM 0058
1969

O Comandante
Companhia de Caçadores 2701 
Saltinho
SPM 1268
1971

Cap Inf Carlos Trindade Clemente
38.
Santo (O)
Companhia de Polícia Militar 2537
Bissau
SPM 5948
1969

Cap Cav Hernâni Anjos Moas
Companhia de Caçadores 6 Bedanda
SPM 0038
1973

Cap Inf Gastão Manuel S. C. Silva
40.
Sentinela de Catió
Batalhão de Artilharia 2865
Catió
SPM 5618
1969

Ten-Cor Art Mário Belo Carvalho
41.
Sete (O)
Batalhão de Cavalaria 757
Bafatá
1965

O Comandante
42.
Soquete (O)
Bataria de Artilharia de Campanha 1 
Bissau 
SPM 0048
1970


Cap Art José Augusto Moura Soares
43.
Tabanca
Companhia de Cavalaria 2721 Olossato 
SPM 1318
1970

Cap Cav Mário Tomé
44.
Trópico
Batalhão de Intendência da Guiné 
Bissau
SPM 1648
1972

O Comandante
45.
Voz do Quínara (A)
CCS / Batalhão de Artilharia 2924 
Tite
1971-1972

Cap Mil Pinto Madureira

46.
Zoe
Agrupamento Transmissões da Guiné
Bissau
SPM 0228
1973
Cap Trms Jorge Golias

___________________________________________

Fonte: ”Imprensa Militar Portuguesa – Catálogo da Biblioteca do Exército”. Direcção de Alberto Ribeiro Soares (Coronel). Lisboa 2003.

Documento gentilmente enviado pelo nosso grã-tabanqueiro Jorge Santos. Revisão e fixação de texto: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)

PS - Nesta lista, falta por exemplo "O Serrote", da 3ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74), de que foi diretor o nosso camarada e amigo alf mil Jorge Pinto. Em princípio, estarão disponíveis, no Arquivo Geral do Exército, alguns exemplares destes títulos, que eram policopiados, feitos a "stencil", em formato A4.



1. A primeira divulgação desta lista deveu-se ao Jorge Santos, um incansável mas sempre discreto membro, sénior,  da nossa Tabanca Grande, já de longa data. Se não estou  não erro, entrou o nosso blogue em finais de 2005.  Não temos nenhuma foto dele, nem antiga nem actual. Foi 1º Grumete Fuzileiro (DFA), Companhia de Fuzileiros nº 4, em Moçambique, Metangula e  Cobué, de janeiro de 1968 a  abril de 1970.  

Criou, em março de 2006, o sítio "Guerra Colonial Portuguesa", tendo como principais secções: Bibliografia, Filmografia, Associações, Canções de Lisboa, Memorial, Monumentos, Convívios, Brasões, Condercorações.

Tem 40 referências no nosso blogue. Esteve uns tempos sem dar notícias (como ele gostava de dar, sobre convívios, livros, actualizações do seu portal, etc.).


Em 23 de Outubro de 2009, fomos surpreendidos com a seguinte mensagem:


"Não tenho acompanhado, como desejava, o evoluir das 'Tabancas', pois encontro-me a recuperar de um AVC que sofri na Noruega, e que me deixou bastante afectado da parte esquerda do corpo, em especial a vista, o que me dificulta imenso estar no computador ou navegar na Net."

Na altura endereçámos-lhe a nossa solidariedade e os nossos votos de uma rápida e boa recuperação. Infelizmente, a sua página,  alojada no Sapo.pt,  deixou de estar disponível. E perdemos o contacto com o nosso estimado camarada da Marinha, Jorge Santos. Esperemos que ele (ou alguém das suas relações) nos possa dar "sinais de vida" (*).


Sobre a lista de "jornais militares", publicada acima, acreditamos que ela esteja incompleta, e que ainda possamos ser surpreendidos pelo conhecimento de novos títulos. Como foi o caso, por exemplo, de "O Serrote", de que o Jorge Pinto nos fez chegar cópia de um exemplar. 
__________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de  25 de abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4245: Cap Cav Salgueiro Maia, director do jornal de caserna da CCAV 3420, Bula, 1971/73, Os Progressistas (Luís Graça / Jorge Santos)

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P20024: Historiografia da presença portuguesa em África (170): “Monjur, o Gabú e a sua História”, por Jorge Vellez Caroço; Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, 1948 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Novembro de 2018:

Queridos amigos,
Dir-se-á que este livro de Jorge Vellez Caroço é um ensaio eivado de generosidade e patriotismo, bem procura, mediante o que se sabia de antropologia, etnografia e etnologia, dissecar e sumarizar os conhecimentos sobre a História antiga de África, ainda hoje numa completa neblina, fala de um Gabú cuja geografia e evolução histórica está hoje melhor clarificada por Carlos Lopes, como já se referiu anteriormente. E quanto à destituição de Monjur, há hoje outros olhares e é por isso que seguidamente iremos fazer referência a um trabalho dedicado ao regulado do Gabú entre 1910 e 1930, do investigador Eduardo Costa Dias, um outro modo de iluminar a cena e de compreender o poder Fula e a sua aliança com a potência colonial.

Um abraço do
Mário


Monjur, o Gabú e a sua História, por Jorge Vellez Caroço (2)

Beja Santos

Em 1948, o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicava o trabalho “Monjur, o Gabú e a sua História” por Jorge Vellez Caroço. Jorge Vellez Caroço, filho de Jorge Frederico de Vellez Caroço, Governador da Guiné entre 1921 e 1926, fora diretor de um departamento ligado aos assuntos indígenas, o seu nome aparece num conjunto de relatórios que tiveram a ver com um incidente de uma aeronave francesa que se teria despenhado em chão Felupe, nos anos 1930, esta vasta documentação, bem curiosa por sinal, está a ser estudada pela investigadora Lúcia Bayan, razão pela qual aqui não se faz referência ao seu conteúdo. Diga-se em abono da verdade que o título da obra não corresponde completamente ao conteúdo. Em 1933, no exercício das suas funções, Jorge Vellez Caroço conduziu um inquérito sobre o estado da política indígena na circunscrição civil do Gabú, mexeu em muitos papéis, fez muitas consultas, ouviu populações e consultou mesmo autoridades da África Ocidental Francesa.

Já aqui se fez referência às considerações do autor sobre a Pré-História e a História antiga de África, impérios e reinos, igualmente se falou do Futa-Djalon, do Firdu e Gabú, chegou a hora de falar das diferentes ocupações da região. Primeiro, os Mandingas, que se dispersaram pelo oeste, fala-se da lenda da ocupação Mandinga e também como eram escolhidos e como governaram os régulos Mandingas do Gabú e de novo o autor nos lembra as convulsões no centro originário das etnias que constituem o grupo sudanês, a intensidade da corrente migratória no período dos Almorávidas e durante a ação despótica dos imperadores do Mali, em que os Mandingas e os Soninqués, Bambarás e Fulas se fixaram no terreno. Convém aqui exprimir que mesmo à luz dos conhecimentos atuais ainda se mantém completamente difuso o período de chegada e fixação das famílias Mandingas que se estabeleceram no Gabú. Há referências às famílias de apelido Mané e Sané e as diferentes localidades que fundaram e ocuparam. O Futa-Djalon foi habitado pelos Fulas, sempre instados a pagar impostos aos Mandingas, a prazo criaram-se as condições para lutas sangrentas entre os Fulas do Futa e os Mandingas, são acontecimentos que irão ter lugar entre os fins do século XVIII e a segunda metade do século XIX. Seguiu-se um período de grandes guerras que tiveram o seu epicentro em Béré-Colon, Nhampáio, Cam-Salá e Columbai, o autor descreve com bastante detalhe a tomada de Béré-Colon, os Mandingas regressaram porque os Fulas pouco se demoraram, esta batalha marca o início da queda do poder Mandinga do Gabú. Estes reagem e atacam os Fulas em Nhampáio, segue-se um período de contendas sem vencedor claro. Até que os Fulas convergem um grande exército para conquistar Cam-Salá, que era protegida por uma série de trincheiras e fortes paliçadas, os Mandingas resistiram até à exaustão e depois suicidaram-se quando verificaram não ter mais resistência para combater.

Começara o domínio dos Fulas entre o Gabú e o Forreá. Em capítulo à parte, o autor explana os termos da ocupação Fula, fala de Mamadu Paté, do seu filho Bacar Demba, da guerra entre Fulas e Djolas (Beafadas), depois de Bacar Guidali e de outras figuras de régulos responsáveis pela ocupação definitiva do Gabú. Não esquece de mencionar os Futa-Fulas, então concentrados no território do Boé, quando este território dependia do regulado de Labé. E chegamos finalmente à figura de Monjur, filho de Bacar Guidali. Monjur torna-se uma figura dileta das autoridades portuguesas, o seu nome está indelevelmente ligado aos trabalhos de retificação da fronteira, era governador o Comandante Oliveira Muzanty. Nome prestigiado é confirmado como nome indiscutível para suceder ao régulo Selu, tanto o comandante da circunscrição como o governador da colónia o confirmaram no lugar. Reina durante doze anos, rodeado do maior prestígio, estimado pelo seu povo, a população do Gabú aumentou, é um período sem perturbações e agitações políticas. O régulo cumpre as suas obrigações para com o governo, paga os impostos e participa em todas as operações de pacificação. E depois, veio a contestação, as calúnias, as insídias: que Monjur não tinha direitos para ascender a régulo, argumentação sem pés nem cabeça, mas a contestação alargou-se, Monjur teve que ceder e repartir poder.

É nesta questão que o autor levanta uma questão candente, mais tarde reacesa durante a luta de libertação: o critério da independência das raças. É assunto incómodo para a colonização portuguesa. A era da pacificação, após as operações de Teixeira Pinto, tivera ressonância no Gabú. A independência das raças foi uma pura invenção das autoridades administrativas face à avalanche de pretendentes a chefados, isto quando era política assente a condenação da independência das raças. Em 1927, Monjur é arbitrariamente destituído do seu cargo e deportado para o Corubal, não chegou a partir porque entretanto morreu. Este critério da independência determinou uma transformação radical na organização política do Gabú, desapareceram os chefes de território e deu-se lugar aos chefes de raças, acarretou o êxodo de milhares de indígenas para o território francês. O autor avalia negativamente o comportamento das autoridades administrativas para com o Monjur e a sua obra; anos mais tarde, em 1932, Ponces de Carvalho, então Director dos Assuntos Indígenas explica ao governador que tal política não tinha qualquer sentido, devia-se voltar à situação anterior. E Jorge Vellez Caroço passa em revista o território do regulado do Gabú, a sua origem, os seus chefes e a lista interminável de sucessões. Lista igualmente as guerras de pacificação da Guiné em que Monjur cooperou ao lado de Graça Falcão, Judice Biker, Calvet de Magalhães e Jorge Vellez Caroço. O seu funeral foi um acontecimento memorável, acorreram às cerimónias milhares de indígenas da Guiné Portuguesa, da Guiné Francesa e da Gâmbia, formaram-se alas de indígenas de Gabú-Sara até ao Ôco, numa extensão de três quilómetros, e o corpo de Monjur foi passado de mão em mão até à sua derradeira morada.


E a obra de Vellez Caroço termina assim:
“Foi Monjur um grande régulo, que bem soube administrar e dirigir o seu povo e como se diz entre os indígenas – nunca em chão português houve ou poderá haver um chefe que igualá-lo possa em valor, grandeza e prestígio.
E, se assim não fora – como refere o Administrador Francisco Artur Mendes – não lhe teria sido possível uma unidade política, que ameaçou por mais de uma vez romper-se ruidosamente através do seu longo governo.
Como merecida e justa homenagem a Monjur, podia construir-se um mausoléu modesto, mas decente, no lugar onde hoje existe o seu túmulo pobre, entregue apenas ao cuidado dos seus descendentes; e sobre a lápide que o encimar, inscreverem-se os seus serviços e as palavras e os louvores que bem traduzam o reconhecimento da Mãe Pátria agradecida”.

A Comissão Executiva que aprovou a publicação do livro dizendo, no entanto, que quanto ao conteúdo e às conclusões, eram inteiramente alheios. “É exclusivamente a opinião do autor, em que de modo algum nos envolvemos”.

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20008: Historiografia da presença portuguesa em África (168): “Monjur, o Gabú e a sua História”, por Jorge Vellez Caroço; Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, 1948 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20023: Parabéns a você (1657): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de

terça-feira, 30 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P20022: Os nossos seres, saberes e lazeres (346): Viva a confraria da batatada de peixe seco (Luís Graça)



















Lourinhã, "capital dos Dinossauros" > Ventosa  > Festa anual > ACR da Ventosa > 29 de julho de 2019 > Batatada de peixe seco...  A Lourinhã não é apenas a capital dos dinossauros, e da aguardente DOC, é também a capital da batatada de peixe seco: Ribamar, Marquiteira e Ventosa, rivalizam em matéria no campeonato das terras da Lourinhã (e de Portugal) com a melhor "batadada de peixe seco"... 

Entretanto, é urgente que se crie a respetiva confraria para se poder salvaguardar e promover esta iguaria popular, outrora comida dos "pobres", que fazia parte da "segurança alimentar" no inverno, hoje, produto "gourmet" (batata, cebola, raia, sapata, safio, cação, etc.: é um daqueles pratos do tudo ou nada, como a lampreia: ou se gosta ou se odeia; mas confesso que é um espetáculo ver centenas de pessoas a comer esta iguaria, em meses compridas, numa coletividade ou associação como a ACR da Ventosa). 

No final da refeição, o digestivo é a fabulosa aguardente vínicola DOC Lourinhã, uma das três DOC do mundo (Cognac, Armagnac e Lourinhã).

Nas fotos, a contar de cima para baixo: na 4ª, a famosa aguardente vínica DOC Lourinhã,na 5ª, os nossos camaradas Joaquim Pinto Carvalho e Belarmino Sardinha, representando a delegação do Cadaval (, o Pinto Carvalho trouxe a esposa mais uma prima, o Sardinha, a esposa e dois dos seus netos); na 6ª, o presidente da câmara municipal da Lourinhã, engº João Duarte, ao centro, sentado, ladeado à sua esquerda, pelo presidente da direção da ACR Ventosa; e à sua direita, por um antigo combatente; na 7ª, o nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, e a esposa, Dina; na 8ª, a Maria João Picão (que vive e trabalha em Macau) com o mano Jaime; na 9ª a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro, com o 'canito' do Jaime e da Dina, ladeada pela Maria do Céu Pinto de Carvalho; na 10ª, o Pinto Carvalho a falar com o presidente da junta de freguesia de Ribamar, o nosso comun amigo Pedro Rato, com o Rogério Gomes (, que foi alferes miliciano em Angola), e a Esmeralda, mana do Jaime; na 11ª, o principal salão de festas da ACR da Ventosa, antes do início das "hostilidades", ainda vcazio; na 12ª, um dos jogos tradicionais da festa anual da Ventosa, o de espetar pregos, com um martelo, num cepo de madeira; na 13ª, a rotunda dos dinossauros, na Lourinhã.

Recorde-se que foi nos altos da Ventosa, hoje parte integrante da freguesia de Santa Bárbara, Lourinhã,  que se começou a desenhar a derrota das tropas napoleónicas, comandadas por Junot, na batalha do Vimeiro, em 21 de agosto de 1808.


Fotos (e legenda): © Luís Graça(2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Cartaz da festa da Ventosa, Lourinhã, de 27 a 29 de julho de 2019



Em louvor da futura confraria
da batatada de peixe seco
com sede na ACR da Ventosa 



1
Viva a Ventosa do Mar
E a sua Associação,
Tem uma festa sem par
Que se celebra no verão.

2
Que se celebra no verão
E termina… à batatada,
E aquele que é comilão,
Traz consigo um camarada.

3
Traz consigo um camarada,
Que peixe seco adora,
Um prato do tudo ou nada,
Que foi dos pobres outrora.

4
Que foi dos pobres outrora,
Comida mais do inverno,
No céu não há disto, agora,
Muito menos no inferno.

5
Muito menos no inferno
Há semelhante iguaria,
E eu tive um sonho fraterno,
Sonhei com uma confraria.

6
Sonhei com uma confraria
Desta batata gostosa,
E que a sede até seria
Na ACR da Ventosa.

7
Na ACR da Ventosa,
Que tão bem sabe receber,
Um terra venturosa,
Que merece fama ter.

8
Que merece fama ter,
P’lo peixe seco e sua gente,
E o João Duarte há de ser…
O senhor presidente!

9
O senhor presidente
Há-de puxar esta carroça,
Ou não fosse filho eminente,
Desta terra de gente moça.

10
Desta terra de gente moça,
De antepassado valente,
Que deu uma grande coça
Ao Junot e seu contingente.

11
Ao Junot e seu contingente,
Vencidos todos a eito,
Nunca lhes passou pelo estreito,
Tal comida adstringente.

12
Tal comida adstringente,
Batata, cebola, raia,
Faz do cagarolas valente,
E mulher, de uma catraia.

13
E mulher, de uma catraia,
De pelo na venta mas formosa,
Mariscadora na praia,
Honrando sempre a Ventosa.

14
Honrando sempre a Ventosa,
Terra de nobre tradição,
P’ra sua gente corajosa,
Vai o nosso xicoração.

15 

Vai o nosso xicoração
P’rós mordomos desta festa,
Desculpem esta invasão,
… Mas não há janta como esta!


Viva a Confraria da Batatada de Peixe Seco,
com sede futura no ACR [Associação Cultural e Recreativa] da Ventosa

Luís Graça e mais 15 amigos da Lourinhã, do Cadaval e de Macau (RP China).

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20015: Os nossos seres, saberes e lazeres (345): Na Bélgica, para rever e para descobrir o nunca visto (7) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20021: Recortes de imprensa (103): O 10 de Junho de 1970 na Revista Guerrilha, edição do Movimento Nacional Feminino, dirigida por Cecília Supico Pinto (1) (Mário Migueis da Silva)

1. Em mensagem do dia 20 de Julho de 2019, o nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), fala-nos da revista Guerrilha, dirigida e editada por Cecília Supico Pinto.


A revista Guerrilha


Propriedade do Movimento Nacional Feminino, a revista Guerrilha, lançada durante a Guerra do Ultramar/Colonial, não terá tido o sucesso que a sua criadora, diretora e editora, Cecília Supico Pinto (a famosa Cilinha), terá antevisto.

A julgar pelo que pude testemunhar no terreno, a revista esteve longe de atingir os seus objetivos de chegar às centenas de milhar de militares espalhados pelo Império. Na verdade, aquando da minha passagem pela Guiné, fiquei com a ideia de que a revista (edição mensal) era, em número muito reduzido, distribuída pelos comandos das unidades, de onde, na maioria dos casos, nem chegava a sair. Talvez a falta de verba, afetada com a despesa dos milhões de aerogramas mandados imprimir pelo Movimento, e muito bem, para facilitar a vida à correspondência dos nossos soldados e marinheiros com as famílias, namoradas e madrinhas de guerra tenha contribuído para uma divulgação deficiente junto daqueles aos quais se destinava.

Terá sido o que foi, mas tinha uma apresentação cuidada, divertia, levantava o moral e abordava assuntos de interesse para uma tropa, tão carecida de carinhos e estímulos. Pela parte que me toca, só não gostava nada das duas páginas de fotonovela, que achava menos próprias para homens de barba rija (era matéria para Crónicas Femininas, valha-nos Deus).

Para ilustrar um pouco as minhas palavras, seguem-se algumas imagens, recolhidas da publicação de Junho de 1970 (ano em que cheguei à Guiné) e, na sua maioria, alusivas às condecorações no “10 de Junho”, em Lisboa.
Espero que gostem.

Esposende, 19 de Julho de 2019
Mário Migueis


A capa (desfile de tropas durante as cerimónias do "10 de Junho", em Lisboa (1970) 



Ao centro, o Capitão Graduado João Bacar Djaló, Comandante da 1.ª Companhia de Comandos Africanos, que tive oportunidade de cumprimentar em Fã Mandinga, onde, na altura, estava sediada aquela unidade de elite (participou na “Invasão de Conakry” e numerosíssimas outras operações do mais elevado risco; seria morto em combate pouco tempo depois de ser condecorado com a “Torre e Espada”). 

A segunda figura, da esquerda para a direita é o Capitão-Tenente Alpoim Calvão, cérebro da “Invasão de Conakry”, que cheguei a ver, mas não conheci, nem de perto nem de longe, nos “paços” do “Comando-Chefe”, na Amura. Os restantes elementos da primeira fila, todos eles igualmente condecorados com a “Torre e Espada”, são o Furriel Cherno Sissé (Guiné), e, salvo erro, o Coronel Hélio Felgas e o Tenente Miliciano de Infantaria José Augusto Ribeiro, cuja província/colónia onde prestavam serviço desconheço.



Marcelo Caetano e as tropas em parada 


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Nota do editor

Último poste da série de 19 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19507: Recortes de imprensa (102): "Diário de Notícias", 3/2/1966: o cão da CCAÇ 617. um bravo Boxer, que se bateu como um leão (João Sacôto / José Martins)

Guiné 61/74 - P20020: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (14): "O Reguila"

1. Em mensagem do dia 24 de Julho de 2019, o nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) fala-nos do "Reguila", o 1.º Cabo Cordeiro do 3. Pelotão da 2520.


"O Reguila"

Esta é uma pequena história dedicada a um dos elementos do 3.º Pelotão da CART 2520 que me acompanharam nos quartéis e destacamentos por onde eu andei na Guiné, de seu nome completo:
- José Manuel Vitória Cordeiro
-  Posto: 1.º Cabo
- Especialidade: Apontador de morteiro
- "O Reguila" - alcunha adquirida durante a instrução de combate em Torres Novas.

"O Reguila" também viria a ser o seu nome de guerra durante a sua comissão na Guiné. De estatura mediana, mais rijo do que o próprio aço do morteiro 60, que manejava com destreza, colocava uma granada com precisão em qualquer alvo que estivesse à vista.
Não sabia o que era o medo, não voltava a cara à luta e dizia-se preparado para combater em qualquer lugar da Guiné.

Desde sempre integrado no 3.º Grupo de Combate da CART 2520, esteve no Xime e Mansambo durante o treino operacional, Enxalé, João Landim e Biombo.

Para o futebol também tinha alguma habilidade e no Biombo entrava nas peladinhas que habitualmente se disputavam no "relvado" existente mesmo ali em frente do destacamento.
Numa certa tarde a partida de futebol foi disputada com uma equipa do 2.º Pelotão que havia sido convidada para um jogo amigável, a contar para o campeonato do nada. Integrado na equipa visitante vinha o "Boxeur", nome de guerra de um dos elementos do 2.º Pelotão, mas que de pugilista pouco tinha a não ser o seu ar de rufia.

A assistência muito reduzida era composta por vários militares e por alguns nativos que passavam e atiravam um olhar para o "relvado". Por motivos de força maior o encontro não foi transmitido pela televisão, nem sequer teve direito a ser difundido pela rádio.

Como perder era proibido, o encontro foi disputado com garra, o que originou a que a luta pela posse de bola entre o "Reguila" e o "Boxeur" descambasse para alguma violência, até que se envolveram fisicamente. Do jogo de futebol, num ápice passou-se para outra modalidade, a de pugilismo, apesar de não haver ringue de boxe. No frente a frente o "Reguila" puxa a culatra atrás, melhor dizendo, o seu punho esquerdo cerrado e lá vai disto, acertando em cheio no queixo do adversário que com a força do murro, mais forte que coice de cavalo selvagem, foi projectado ao chão. Reagindo, o "Boxeur" agarra as pernas do "Reguila" atirando-o ao solo. Com os dois deitados no relvado, ou melhor no pelado, o "Boxeur" atirou um ou dois murros ao "Reguila", mas sem lhe causar qualquer efeito. Foi nesse momento que o Furriel Nascimento que também gostava de dar uns pontapés no esférico e fazia parte da equipa da casa, mas devido às circunstâncias do momento, feito árbitro, interrompeu a cena de pugilato e também a jogatana de futebol.

O embate entre pelotões terminou empatado com um nulo, mas o mini combate de boxe terminou com "um justo vencedor aos pontos" que neste caso foi ... "O REGUILA".

Para todos os amigos tabanqueiros um grande abraço.
José Nascimento

 O "Reguila" em Santa Margarida. É o primeiro à esquerda.

O "Reguila" no Biombo. É primeiro da direita, de pé.
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19847: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (13): ingenuidade ou inexperiência do cap mil Maltez

Guiné 61/74 - P20019: Parabéns a você (1656): Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 2930 (Guiné, 1970/72); Jaime Mendes, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69); Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando do Grupo Centuriões (Guiné, 1964/66) e Victor Tavares, ex-1.º Cabo Caçador Paraquedista da CCP 121 (Guiné, 1972/74)




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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2019 > Guiné 61/74 - P19990: Parabéns a você (1655): Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732 (Guiné, 1970/72) e João Santos, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 (Guiné, 1968/70)

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P20018: Notas de leitura (1203): “Revolução na Guiné”, uma antologia de discursos, conferências, declarações do fundador do PAIGC; edição e tradução de Richard Handyside, 1969 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
É bem agradável sermos surpreendidos por uma oferta de um livro que totalmente desconhecíamos como edição, as publicações mencionadas numa brochura do CESO - Centros de Estudos, Economia e Sociedade, uma relação que se iniciou em 1976 e vem até à atualidade.
Tudo começou com uma viagem de curso do meu amigo José Neto que em Nova Iorque comprou numa livraria de Panteras Negras o livro, e que agora mo ofereceu. Foi um serão cheio de memórias dos tempos em que trabalhamos próximos, depois do 25 de Abril, à saída deu-me este comunicado com data de 13 de Novembro, que espelha os tempos tremendamente difíceis que atravessa a Guiné-Bissau.

Um abraço do
Mário




Textos de Amílcar Cabral numa livraria de Panteras Negras, Harlem, 1972

Beja Santos

Há talvez três anos atrás, andava num passeio matinal numas ruas transversais da Avenida Rio de Janeiro, vejo parar um carro e dele sair o José Neto, que não via há anos. Cumprimentos efusivos e dele vem uma notícia agradável: “Tenho lido o que escreves sobre a Guiné, há uma surpresa para ti, um dia destes telefono-te”. E assim se passaram três anos, até que se acertou na data de um serão para a entrega de surpresas.

E lá fomos seroar na noite de 14 de Novembro. O primeiro presente tinha a ver com a sua viagem de curso, em 1972, à Costa Leste dos Estados Unidos e cidades do Canadá. Em Nova Iorque, meteu-se num autocarro na Broadway e foi até ao Harlem, foi aqui, numa livraria de Panteras Negras que adquiriu “Revolução na Guiné”, edição e tradução de Richard Handyside, 1969. Trata-se de uma antologia de discursos, conferências, declarações do fundador do PAIGC: numa conferência no Cairo, em 1961, caracterizando o colonialismo português e definindo os seus aliados; junto do comité especial das Nações Unidas, em Conacri, 1962, desmontando a nova legislação portuguesa sobre os chamados territórios ultramarinos, revelando as formas de repressão, o número de presos e guineenses mortos pelas tropas portuguesas, salientando as fórmulas de cooperação entre os movimentos de libertação das colónias portuguesas; a declaração de não alinhamento do PAIGC numa conferência no Cairo, em 1964; análise da estrutura social da Guiné, texto muito divulgado sobre o pensamento de Amílcar Cabral, apresentado no Centro Frantz Fanon, Milão, 1964; ponto de situação apresentado numa conferência em Dar-Es-Salaam, em 1965 sobre o trabalho dos movimentos nacionalistas nas colónias portuguesas; algumas das palavras de ordem constantes das diretivas do partido, 1965; estrato da sua célebre comunicação na conferência Tricontinental de Havana, Janeiro de 1966, ficaria conhecida como “a arma da teoria”; a declaração preparada para a OSPAAAL, Dezembro de 1968, contextualizando o desenvolvimento da luta na Guiné-Bissau e suas perspetivas; declarações produzidas em Dakar em Março e Dezembro de 1968, na entrega à Cruz Vermelha de militares portugueses presos pelo PAIGC; exposição sobre problemas práticos e táticas, entrevista para a revista Tricontinental, Setembro de 1968; mensagem para o povo português, declaração na rádio Voz da Liberdade, Cartum, 1969; em direção à vitória final, entrevista concedida durante uma conferência em Cartum, 1969; mensagens de Ano Novo, Janeiro de 1969; em apêndice o programa do PAIGC.

Esta publicação estava associada a uma importante revista da Esquerda norte-americana, a Monthly Review, editada por Paul Sweezy e Harry Magdoff, socialistas independentes.

Nota curiosa: suponho que o guerrilheiro que está à esquerda de Amílcar Cabral é Arafan Mané, muito falado nos últimos tempos no blogue.

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35 anos da história da Guiné-Bissau

O CESO – Centros de Estudos, Economia e Sociedade (ceso.pt), editou em 2015 uma brochura com a relação de todos os projetos da empresa com a Guiné-Bissau entre 1976 e a atualidade. Esses projetos incluíram cursos sobre planeamento, seminários, assistência técnica, estudos de viabilidade, avaliações económicas e financeiras, e algo mais. O rol de publicações é elucidativo em artigos, materiais relacionados com cursos de formação, estudos, análises económicas. Qualquer estudioso da Guiné-Bissau tem tudo a ganhar em conhecer estes materiais.


A crise política atual na Guiné-Bissau

Nos dias que correm, a Guiné-Bissau mantém-se em profunda instabilidade. No passado dia 13 de Dezembro, o Espaço de Concertação Política dos Partidos Democráticos (que congrega o PAIGC, PCD, UM, PUN, PST e MP) produziu um comunicado a repudiar os procedimentos políticos do presidente da República, considera este espaço que o presidente da República se afasta perigosamente da ordem democrática e constitucional do país, avançando com a nomeação do seu governo, o que é uma violação do acordo de Conacri, e escreve-se:
“O espaço manifesta seu profundo repúdio perante a flagrante e persistente violação dos direitos constitucionais, humanos, políticos e sociais, que se consubstanciam no sequestro dos órgãos públicos de comunicação social e na proibição de manifestações públicas. Registe-se a propósito as mais recentes declarações em que o presidente da República assume o poder do uso da força para tudo fazer, incluindo mandar prender, espancar e mesmo matar”.
É um alerta para que a comunidade internacional acompanhe a evolução dos acontecimentos, e o espaço reafirma que aguarda a clarificação sobre o Consenso de Conacri, que se considera a única via alternativa à imediata convocação de eleições.
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Nota do editor

Último poste da série de26 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20013: Notas de leitura (1202): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (16) (Mário Beja Santos)