domingo, 13 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

 

Guiné >  Região de Bafatá >  Galomaro >  CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 171/74)

Binta, a bajuda mais bonita de Galomaro e arredores. Foto da coleção de Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem".

Foto (e legenda): © Juvenal Amado (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (*), de A a Z, em construção, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné  que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo.  Entradas da letra B:




BA12 - Base Aérea nº 12 (Bissau, Bissalanca)

BAC1 – Bataria de Artilharia de Campanha nº 1, mais tarde GAC7

  
Bacalhau - Aperto de mão

Badora – Regulado da região de Bafatá; morteiro 120 mm (PAIGC)

Baga baga – Termiteira (crioulo)

Baguera - Abelha (crioulo); ‘Baguera, baguera’!!!, era a expressão de aflição dos africanos quando atacados por abelhas, no mato

Bailarina – Mina A/P que rebentavam acima do solo, a meia altura

Bajuda - Rapariga, donzela, moça virgem (crioulo; lê-se badjuda)

Balafon - Instrumento da música afro-mandinga, antecedor do xilofone (crioulo)

Balaio - Cesto grande (crioulo)

Balanta Mané - Balanta islamizado

Baloba - Local de culto dos irãs, em geral uma pequena cabana, nas tabancas de populações animistas (crioulo)

Balobero - Feiticeiro ou curandeiro, sacerdote animista que realiza cerimónias nos locais sagrados, as balobas; cada balobero coloca o seu pote com água na baloba, junto ao poilão sagrado, para receber os poderes do mesmo e a poder usar nas cerimónias que realiza (crioulo): em português, Balobeiro

Banana - Rádio, equipamento de transmissões, AVP-1

Bandalho – Membro do “Bando do Café Progresso”, do Porto, tertúlia de ex-combatentes da Guiné

Bandim - Mercado de Bissau

Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo

Barraca - Acampamento temporário no mato (PAIGC)

BART - Batalhão de Artilharia

Básico - Soldado dos serviços auxiliares (afeto sobretudo à cozinha)


Batata - Nome de guerra do ten pilav António Martins de Matos (BA12, Bissalanca, 1972/74), autor de "Voando sobre um ninho de Strelas" (Lisboa: 2018)

Bate-estrada - Aerograma, carta, corta-capim

Bazuca (i)- LGFog (lança-granadas foguete, 8,7 cm); cerveja de 0,6 l (gíria)

Bazuca (ii) - Alcunha, na Academia Militar, do cap cav Fernando José Salgueiro Maia

Guião da CCP 122 /
BCP  12.
Fonte: Cortesia de
Tino Neves (2006)
Bazuca China - Lança Granadas-Foguete RPG-2 (PAIGC, gíria)

BCAÇ - Batalhão de Caçadores 

BCAV - Batalhão de Cavalaria


BCP - Batalhão de Caçadores Paraquedistas (o BCP nº 12 esteve na Guiné, o nº 21 em Angola e os nºs 31 e 32 em Moçambique);  o BCP era composto pelas CCP 121, 122 e 123



Bêbeda - Alcunha dada à viatura Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: BêbedaDiabos do Texas; esteve em Guileje desde 1965 a 1973.

Beijuda - Corruptela de Bajuda (gíria)

BENG - Batalhão de Engenharia

BENG 447 – Batalhão de Engenharia nº 447, Bissau

Bentém - Banco, baixo, onde os homens grandes se sentam, a conversar, em geral, à sombra do poilão da tabanca(crioulo)

Biafra - (i) Clube de Oficiais, no Quartel General, em Santa Luzia, Bissau; (ii) Bar dos pilotos, na BA12, Bissalanca (gíria)

Bianda - Comida; arroz, base da alimentação da população na época (crioulo)

Bicha de pirilau - Progressão, em fila, no mato, mantendo cada homem uma distância regulamentar de segurança (gíria); o mesmo que fila indiana

Bideiras - As vendedeiras ambulantes, que andam nas ruas de Bissau (crioulo)

Bigrupo - Força IN equivalente a c. 30: reforçado: c. 40 homens  (PAIGC)

BINT - Batalhão de Intendência

Bioxene – Álcool; estar com os copos (gíria)

Blufo - (i) Rapaz balanta não circuncidado;

Fonte: Casa Comum > Fundação Mário
Soares > Arquivo Amílcar Cabral
(com a devida vénia
rapaz inexperiente (crioulo; (ii) Orgão dos Pioneiros do PAIGC, publicação mensal
Boinas Negras - Fuzileiros


Boinas Pretas - Pessoal, africano, dos Pel Art, BAC1 / GAC7; nome do pessoal do CCAV 2482 (Tite e Fulacunda, 1968/70)

Boinas Verdes - Paraquedistas

Boinas Vermelhas - Comandos (depois de 1974); na Guiné, usavam a boina castanha do exército

Bolanha - Terreno alagadiço, próprio para a cultura do arroz (crioulo)

Bombolom - Instrumento musical, feito a partir do tronco de uma árvore; instrumento tradicional de comunicação entre aldeias balantas e manjacas (crioulo)

Bonifácio - Obus 11,4 cm, TR m/917, da I Guerra Mundial (termo da gíria dos artilheiros)

BOP - Bombardeameno a picar (FAP)

BOR - Embarcação civil, que navegava no Geba, com umas estranhas pás na popa

Brandão - Família da região de Tombali (Catió), mas também de Bambadinca (região de Bafatá), onde eram proprietários de "pontas" (hortas)

Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola; não se usava no nosso tempo) (gíria)

Bunda - Cú, traseiro (crioulo)

Burmedjus - Mulatos, mestiços, crioulos, cabo-verdianos (crioulo)

Burrinho - Viatura automóvel Unimog 411, a gasolina (mais pequena que o 404, a gasóleo) (NT) 





Guiné > Região de Tombali > Guileje > A Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas... (Bêbeda, porque possivelmente gastava... "cem aos cem"!)...

Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em 25 de maio de 1973, quando ocuparam o quartel, três depois depois do seu abandono por ordem do comandante do COP 7. Portanto a Bêbeda ( que  fica para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje, que foi construído por Nuno Rubim para o Núcleo Museológico Memória de Guiledje ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"... A foto de baixo  foi gentilmente cedida pelo Teco (Alberto Pires), da CCAÇ 726.

Fotos (e legendas): © Nuno Rubim (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


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Guiné 61/74 - P20236: Blogpoesia (639): "Nossa fatalidade", "Revolta das cores" e "Hoje, não vi esquilos", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


Nossa fatalidade

Tem de haver uma razão profunda que explique esta nossa fatalidade como país independente e soberano.
Somos um punhado de gente capaz, a viver num pedacito de terra pedregosa, plantada junto ao mar.
Apesar das pedras, tem muito húmus e muita gema.
Rios muitos e poderosos; vales férteis e planícies; lezírias d’oiro e arrozais; um mar imenso, que dá e sobra de peixe à farta.
Nosso solo contém minério e carvão. Abundantes e variados.
Não caiam no engodo de explorar petróleo! Seria fatal para o nosso povo…
Então, que praga nos rogou o satanismo?
Não saímos da cepa torta. Uns pelintras e pedinchões.
Penhoramos nossos cordões aos grandes e metalistas desumanos. Uns milhafres.
Para que apenas meia dúzia viva como nababos. O resto, geme e vê-se aflito para sobreviver.
Tem de emigrar para todo o mundo para salvar sua vida e dignidade.
Tantos cérebros brilhantes que rendem oiro por esse mundo…
Quando virá a hora de inverter este fado negro e desolador?
Abraenuntio!... Vade retro!...

Para vivermos todos em paz e abundância.

Ouvindo O melhor de Pachelbel.
Berlim, 6 de Outubro de 2019
11h14m
Jlmg

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Revolta das cores

Cansadas de ser o que foram e são,
Cada uma por si, decidiu mudar sua cor.
A primeira foi o cinzento.
Insecto imperfeito.
Nem preto nem branco.
Pintou-se de azul,
Invejando o céu.
O vermelho retinto,
Conotado ao sangue,
Vestiu-se de preto,
Espantando a morte.
O verde serrano,
Amarrado à terra,
Nem carne nem peixe,
Desatou a correr
E banhou-se no mar.
O amarelo, crestado do sol,
Fugiu para a sombra
E vestiu-se de cinza.
Por fim, o azul.
Do que se havia de lembrar.
Cansado do céu e do mar,
Tornou-se grenã.
As aves e os peixes,
Em se vendo a sangrar,
Clamaram aos céus,
Não queriam morrer.

Só o branco ficou.

Pouco tempo passou.
A chuva as lavou.
A serra floriu.
Brilhando ao sol,
De todas cores.

Mudar nunca mais.
Melhor ser como é...

Berlim, 7 de Outubro de 2019
11h24m
Jlmg

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Hoje, não vi esquilos

Hoje, não vi esquilos na minha caminhada.
Só corvos e melros pretos.
Têm o mesmo espaço que partilham bem.
Debicam tudo. Para se sustentarem.
Ficam na mesma quando lhes passo ao lado.
Mestres da boa convivência.
Venho e vou e por ali os deixo.
Já os conheço há anos.
Apresentaram-me os esquilos.
Corredores nas árvores, como se fosse o chão.
Seu condão é o silêncio.
Cada qual na sua vidinha.
Ninguém se intromete com os outros.
Ignoram guerras.
Exemplares.
Visitá-los cada dia, faz-me bem…

Berlim, 10 de Outubro de 2019
9h52m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20209: Blogpoesia (638): "Sou filho de Adão", "Guidinha padeira" e "Valor da paz", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A



Guiné > Bissau > Amura ou Fortaleza de São José da Amura ou simplesmente Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1970, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.


Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteãio nacional da República da Guiné-BissaU. Foto nº 17/199 do álbum Guiné, disponível na página do Facebook, do João Martins. qui estava instalado o QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné], com as suas 4 Rep[artições]. Nas proximidades ficava a 5ª Rep, o Café Bento, o maior "mentidero" de Bissau, onde se ganhavam ou perdiam todas as batalhas.



Foto: © João José Alves Martins (2012)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: 
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. São cerca de meio milhar de "entradas":

(i) abreviaturas, siglas, acrónimos e termos técnico-militares usadas pelas NT (Nossas Tropas) / Forças Armadas Portuguesas:

(ii) abreviaturas, siglas e acrónimos e termos técnico-miliatres usadas pelo IN (inimigo) (guerrilha / PAIGC):

(iii) topónimos da Guiné, vocábulos e expressões etnográficas e/ou em crioulo e línguas gentílicas

(iv) vocábulos e expressões da gíria ou calão tanto do IN como das NT...

Acrescentamos também algumas figuras populares, do "Caco Baldé" ao "Manel Djoquim", do "alfero Cabral" ao "Tigre de Missirá", do Pepito ao "Metro e oito"...

É um pequeno património linguístico que já não nos pertence... Alguns destes vocábulos, do calão ao crioulo,  já estão grafado pelos dicionaristas: por exemplo, bianda, bideira, blufo, bolanha, morança ... Outros poderão vir a sê-lo, se não caírem em desuso.. Muitos morrerão na "vala comum do esquecimento", nomeadamente expressões usadas na caserna: pira, periquito, checa, partir punho, partir catota ... 

Enfim, são mais de quinze anos a blogar, o que dá, pelo menos  sete comissões no TO da Guiné...

Pequeno dicionário, de A a Z, em construção, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné (*) que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (**)... 

Mas falta-nos "a gíria e o calão" de outras armas como as da Marinha, por exemplo ... Infelizmente temos poucos marinheiros e fuzileiros na Tabanca Grande.

Quanto ao resto (e nomeadamente ao uso de um "calão" mais grosseiro, ou mais obsceno...), é bom lembrar que o nosso blogue não é politicamente correto, justamente porque é plural, é um rio com muitos afluentes, é filho de muiats mães e pais... Aos nossos/as amigos/as e camaradas mais "sensíveis", incluindo os/as nossos/as  amigos/as guineenses, pedimos desculpa de "qualquer coisinha"... 

Desnecessário é lembrar que o nosso blogue rejeita todos os ismos: colonialismo, racismo, sexismo, moralismo... , etc. Não somos um blogue de causas, só queremos parti(lha)r memórias (e afetos)... LG


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande,  de  A a Z: 

[Em construção, desde 2007]


1º Cabo Aux Enf – 1º cabo auxiliar de enfermagem

2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (Marinha)

5ª Rep - (i) Café Bento, o ‘mentidero’ de Bissau, que ficava junto ao Forte da Amura onde estava instalado o 
QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné], com as suas 4 Rep[artições]

A/C - Anticarro, mina

A/D - Autodefesa (tabanca em)

A/P - Antipessoal. mina

AB - Alfa Bravo ou alfabravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)

Abibe - Novato na BA 5 (Monte Real) (FAP)

Abo - Você, tu (crioulo)

ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP) 

AD - Acção para o Desenvolvimento - ONGD guineense que teve a marca histórica da liderança do Pepito (1949-2014)

ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (, fundada depois do 25 de Abril)

Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim

Afilhado - Militar que tinha uma madrinha de guerra

Água de Lisboa – Vinho (da intendência) (gíria)

Água do Geba (Beber a) - Apaixonar-se pela Guiné

AGUltramar - Agência Geral do Ultramar

Agr - Agrupamento

AICC Área de Intervenção do Comando-Chefe

AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm (PAIGC)

AL II - Alouette II, helicóptero, de origem francesa (FAP)

AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)

Alf - Alferes

Alf Mil - Alferes Miliciano

Alf Mil Med - Alferes miliciano médico

Alfa Bravo / Alfabravo - Abraço


Alfaiate - Crocodilo (gíria)

Alfero - Alferes (crioulo)


Alfero Cabral - Jorge Cabral, alf mil  art, cmdt Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71),autor da série "Estórias cabralianas"

AM - Academia Militar (sucedeu, em 1959, à Escola do Exército, remontando a sua origem apo séc. XVII)


Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau




AN/PCR-10. 
Imagem: Blogue Luís Graça
& Camaradas da Guiné
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões (NT)

AN/PRC-10 AVF - Rádio emissor-receptor (MT)

Animistas - Povos ribeirinhos(balantas, manjacos, papéis e outros) que praticam o culto dos irãs

Anti-Aérea ZPU-4 - Anti-aérea  quádrupla, de 14,5 mm (PAIGC)[Também tinham peças AA de 37 mm e, depois, o Strela, em 1973]


Anti-G - Fato que ajudar a suportar os Gês (FAP)

AOE - Associação de Operações Especiais

Ap - Apontador

APAR - Apoio aéreo (FAP)

Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)

Ap Dil - Apontador de Dilagrama

Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas foguete

Ap Met - Apontador de Metralhadora

Ap Mort - Apontador de morteiro

Apanhado - (i) Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; (ii) cacimbado (em Angola)

APsic - Acção Psicológica

Aqt - Aquartelamento
 
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)

Art Artilharia

Arv - Arvorado, Soldado



Anúncio da ASCO (1956). 
Fonte: Blogue Luís Graça
 & Camaradas da Guiné


ASCO - Acrónimo da Aly Souleiman & Ca - Casa comercial, de origem sírio-libanesa, com sede em Bissau e filiais no interior, incluindo Gadamael.
Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano

At Art - Atirador de Artilharia

At Cav - Atirador de Cavalaria

At Inf - Atirador de Infantaria

Atacadores da PM -  Esparguete (gíria) (Ex: Atacadores com PM com estilhaços)

ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta; ataque em alerta (FAP)

ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada; ataque independente (FAP)

ATIR - Ataque e reconhecimento (FAP)


(Continua)
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Notas do editor:




30 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)

26 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)

Guiné 61/74 - P20234: Parabéns a você (1695): Mário Ferreira de Oliveira, ex-1.º Cabo Condutor de Máquinas Reformado da Marinha (Guiné, 1961/63)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20231: Parabéns a você (1693): Cátia Félix, amiga Grã-Tabanqueira

sábado, 12 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20233: Os nossos seres, saberes e lazeres (359): A minha ilha é um cofre de Atlântidas (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Maio de 2019:

Queridos amigos,
Regressa-se à ilha por devoção, jamais por obrigação. A ilha é um lugar, tem referentes e referências afetuosas indeléveis, faz parte da vida corrente. Um dia, numa outra viagem, olhava-se com deleite a fachada da Igreja do Colégio, um dos primores do barroco nesta região arquipelágica, passou rente alguém com pesados óculos escuros, logo se reconheceu o emérito professor de Cultura Portuguesa, professor Machado Pires, houve abraços, o professor levou o antigo aluno a sua casa, ali bem perto, tinha um livro de poesia para lhe oferecer, falou-lhe do que andava a escrever, de um bicho infestante da madeira que tudo carcomia, e depois saíram de braço dado como se fossem para o Teatro Micaelense, pelo caminho falou-se de Cortes Rodrigues e de Canto da Maia.
É assim a relação do viandante que aqui se faz habitante, e está plenamente convicto que será sempre assim, até ao fim dos seus dias, aqui se rende ao amor pela Natureza, vive enamorado pela identidade das ilhas, da sua bruma, dos seus romeiros.
É-se mais português nesta lava vulcânica, tenho dito.

Um abraço do
Mário


A minha ilha é um cofre de Atlântidas (1)

Beja Santos

Este lugar é por definição inesgotável na rota do viandante; inesgotável e incontornável. Tudo começou em outubro de 1967, chegou-se numa noite chuvosa ao porto de Ponta Delgada, rumou-se imediatamente para os Arrifes, esperavam-no duas recrutas em cheio, aqui recebeu instruções para partir para a Amadora, formar batalhão para a Guiné. Foi um tempo de grandes descobertas. Voltou a ler o “Enigma da Atlântida”, de Edgar P. Jacobs, este sumo-sacerdote da banda desenhada belga fez uma ficção científica de um mundo estuante de técnica prodigiosa nas profundezas da Caldeira das Sete Cidades. Criaram-se novas amizades, o viandante, aos poucos, descobriu que era capaz de liderar, coisa insuspeita, neste caso essencial para os anos que tinha pela frente, por lalas e bolanhas. Aqui regressou no regresso da Guiné, em 1970, aqui vem em intermitência, não é uma peregrinação de uma qualquer saudade, é amor ínsito por um lugar que nada tem a ver com poiso de turismo. Chega ao aeroporto, sito num lugar chamado Relva, um amigo do coração chamado Mário Reis leva-o até aos Arrifes, nada estava previsto, o viandante ainda conversou com um magala à Porta de Armas da unidade militar que passou a substituir o Batalhão Independente de Infantaria N.º 18, do seu tempo, foi apontando para lugares por onde cirandou, depois partiram, seguiu-se a Covoada, o passeio interrompe-se no Pico do Carvão, desfruta-se um panorama que vai de S. Vicente Ferreira ao Porto Formoso, é de cortar o fôlego.





Antes de se atingir o primeiro objetivo da estada, as Sete Cidades, ainda se foi à Candelária e depois à Lagoa das Empadadas. O que temos em frente são as Sete Cidades na Vista do Rei, as cores azul e verde, com cambiantes, as nuvens definem os tons da paleta, não se sabe se estamos numa ilha ou num subcontinente, inegável que é uma entrada para o paraíso, abençoado sejas, vulcão adormecido ou coisa que o valha.



À chegada, um enigma da Atlântida, que serás tu, talvez uma palmeira ou da família? O assunto irá resolver-se, se há abordagem que sempre resulte com um micaelense é fazer perguntas sobre a Natureza, perguntar nome de plantas, de pedras, coisas do passado. Imagine-se que o viandante passou pela Igreja-Matriz, de nome S. Nicolau, estava lá uma senhora que com exuberância foi explicando restauros e quando se chegou à imagem do santo patrono observou: “O restauro está perfeito, menos a cara, vamos mandar retocá-la, parece um miúdo, tem que parecer mais velho”.




Entardece, o dia mantém-se claro, passaram umas nuvens escuras, toca de ir passear até à berma da lagoa, é um silêncio de clausura, o viandante senta-se, rememora outras viagens, reza pelos amigos que já partiram, pelos amigos micaelenses que andam bem doentes, tem dois dias pela frente para aqui vagabundear, veio com disponibilidade para fruir, deitou o saco de ansiedades para trás das costas. E respirar esta paz, é março, despede-se do leitor mostrando as azálias em floração, está tudo pintalgado de vermelho, mais vermelho floral aparecerá nas próximas semanas.





Já anoiteceu, nesta calmaria apanham-se estes raios de sol que brilham numa falsa mancha de óleo, esta lagoa é como Proteu, muda de feições, é caleidoscópica, mágica. Por isso é que Edgar P. Jacobs aqui se inspirou para a sua Atlântida.


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20208: Os nossos seres, saberes e lazeres (358): Montechoro, Albufeira, Lagos, Sagres (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 2 > "Porto fluvial", no Rio Fulacunda > Chegada de uma LDP.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



[ Domingos Robalo:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;

(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iv) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]




Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > Parte V


Ah…já sabia pelo Jacinto onde era Fulacunda, e quem estava por lá. Os Boininhas. Mas o lugar não era dos mais pacíficos...

Cerca de cinco (5) dias depois, não dois como estava previsto, preparamo-nos para embarcar em três LDM (Lancha de Desembarque Média), 3 obuses 10,5cm, 27 soldados, três cabos, dois furriéis e eu próprio como Comandante de Pelotão. Para além destes militares, íamos acompanhados das mulheres dos soldados e dos respetivos filhos. Cada soldado tinha em média duas ou três mulheres, filhos já não sei. 


No dia da partida aportámos a Bolama, onde o pessoal pernoitou o melhor que pôde e eu fui também dormir a uma pensão, cheia de Cabo Verdianos que não se calaram durante toda a noite. 


No dia seguinte e após ter “matado o bicho”, cruzei-me com um amigo e colega de escola, o Abel. Abraço para aqui, abraço para acolá, que fazes por aqui? Vou para Fulacunda, e tu estás aqui em Bolama? Sim, vou entrar de serviço. Vou agora á prisão; anda daí. Fez questão que visitasse o local.

Por fora parecia uma pequena prisão. Quando se abre a porta, meu deus!... Grades de ferro separavam muitas celas, assemelhando-se á jaula dos “macacos” no jardim zoológico. Presos, eram às centenas; uns novos outros mais velhos. Percebi logo que aquelas pessoas estavam presas, não por terem cometido crimes cíveis, mas por serem “terroristas”. Estavam simplesmente a ser tratados “abaixo de cão" ou pior. Não encontro outro qualificativo.

Cerca das 10 horas da manhã,  zarpámos de Bolama com destino a Fulacunda. Trinta a quarenta minutos depois estávamos a ser atacados da margem à morteirada.

Eu ia na LDM que fechava o comboio. A primeira morteirada cai ligeiramente à proa por estibordo, a segunda morteirada cai à nossa proa em alinhamento com o nosso rumo. O intervalo do tiro não foi cadenciado, pelo que a terceira morteirada caiu a ré da LDM, sem nos ter atingido.

Entretanto o patrão da lancha, pede instruções a Bissau se pode bater a zona com as “Boffers”. Pedido recusado,  e lá vamos navegando sem ter respondido com um tiro. Estranha guerra esta, pensei para com os meus botões, agachado entre o resguardo da “Boffer” e a borda falsa da zona da ponte.

Ao princípio da tarde, aportámos ao porto improvisado de Fulacunda, a alguma distância, por caminho de picada e envolto por capim que assustava.

Tenho a imagem de ter sido recebido de forma simpática e informal pelo jovem Capitão, vestindo uma T-shirt branca e com boina na cabeça.

Já não me recordo quem o acompanhava, mas vi, na forma disciplinada e organizada, que aqueles soldados tinham estima pelo seu Comandante.

Como no início referi, desde muito novinho que aprendi, na vivência com o meu pai, que comandar implicava cumplicidade com os subordinados, não só no tratamento e no trato, sem se perder a disciplina e a hierarquia.

No dia seguinte apresentei-me bem uniformizado ao Comandante, com a formalidade que um militar deve ter ao apresentar-se a um seu superior:

-Apresenta-se o Furriel Miliciano, Domingos Robalo, 192618/68, que por estar mal uniformizado não o pude fazer ontem.

O Comandante ficou algo surpreendido, pois certamente não era isto que esperava quando solicitei ao 1º Sargento para ser recebido pelo Comando.

Decidiu-se o local para a posição dos três obuses 10,5cm, recaindo a escolha junto à pista, com espaldões por construir e com algumas árvores a abater para minimizar o “ângulo de sítio” durante o tiro. Daquele local, haveria decerto, algum dia, a necessidade de fazer tiro direto.


(Continua)

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Guiné 61/74 - P20231: Parabéns a você (1694): Cátia Félix, amiga Grã-Tabanqueira

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Nota do editor:

Último poste da série de 11 DE OUTUBRO DE 2019 > Guiné 61/74 - P20227: Parabéns a você (1692): Benito Neves, ex-Fur Mil Cav da CCAV 1484 (Guiné, 1965/67); Eduardo Campos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540 (Guiné, 1972/74) e Patrício Ribeiro, ex-Fuzileiro Naval (Angola 1969/72), residente na Guiné-Bissau

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20230: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXIX: Henrique Ferreira de Almeida, alf art (Sátão, 1947 - Guiné, Cabedu, 1968); pertenceu à CART 1689 / BART 1913.







1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia). 

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à direita], instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.


Morais da Silva foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar. É membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 784, desde 7 do corrente.

O alf art Henrique Ferreira de Almeida (1947-1968), morto aos 21 anos, já tem várias referências ni nosso blogue. Pertencia à CART 1689 / BART 1913 (Catió, Cabedú, Gandembel e Canquelifá, 1967/69).
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de  setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20187: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXVIII: cap inf Artur Carneiro Geraldes Nunes (Sá da Bandeira / Lubango, 1934 - Guiné, Cabedu, 1968)

Guiné 61/74 - P20229: Notas de leitura (1225): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (27) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Maio de 2019:

Queridos amigos,
A história de um batalhão em verso pode franquear as portas à investigação histórica e à convocação de uma série de escritores que, por portas e travessas, conheceram andanças um tanto parecidas como as do bardo. É esta manta de retalhos que se está a pôr em construção. O BCAV 490 tem determinada quadrícula, encontra-se na obra de Hélio Felgas o grande ecrã para o terreno em que as nossas tropas vão atuar, não há ilusões, é tudo áspero e difícil, há que combater e reconstruir, intimidar e fazer frente a guerrilheiros que têm estado a marcar pontos.
O autor do "Tarrafo", Armor Pires Mota, tem muito a testemunhar e na vizinhança, mais propriamente em Binta, as tropas da CCAÇ 675 vão entrar em ação e pôr o PAIGC a respeito, é a todos os títulos indispensável retomar a leitura de um documento extraordinário, o "Diário" de JERO.
Há que confessar que é entusiasmante trabalhar assim.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (27)

Beja Santos

“Em Farim aquartelada
a primeira Companhia.
Para Cuntima e Jumbembem
a nossa tropa seguia.

Quando a gente cá chegou,
fomos logo informados
que havia muitos malvados,
mas ninguém se assustou.
Algum tempo se passou
sem darmos notícias de nada.
20 dias a guerra parada
sem se ver nenhum terrorista
e a companhia do Baptista
em Farim aquartelada.

Com os homens à sua beira
saía o Sr. Capitão
patrulhando toda a região
em direcção à pedreira.
Saía de qualquer maneira,
fosse de noite ou de dia,
para ver se conseguia
alguns bandidos apanhar
e fartando-se de andar,
a primeira Companhia.

2 Companhias navegaram,
por Porto Gole passando,
em Bambadinca pernoitando,
a Bafatá eles chegaram.
A Contuboel e Canhamina passaram.
A 88 para Cambaju vem,
o Batalhão em Sucucó tem
de fazer grande operação
e duas Companhias então
para Cuntima e Jumbembem.

O 500 bom camarada
teve grande acidente.
Ia matando muita gente,
quando saiu fora da estrada.
A camioneta ficou amachucada
e o 502 a cabeça partia,
o 36 um braço torcia,
e o 90 também ficou mal.
E com destino a outro local
a nossa tropa seguia.”

********************

Já se fez recurso ao que nos diz a história da unidade, mas precisamos de um pano de fundo, ninguém desconhece que o estudo da guerra da Guiné, referente a este período, é parcimonioso em bibliografia, de tudo quanto se tem publicado é praticamente ininteligível o pensamento estratégico do Brigadeiro Louro de Sousa, entre 1963 e 1964, e é clamorosa a falta de documentação quanto ao pensamento estratégico de Arnaldo Schulz, é incompreensível a falta de investigação universitária, vive-se num quadro quase fantasioso em que a guerra da Guiné teve um período eruptivo, estendeu-se a guerrilha, as forças portuguesas foram apanhadas desprevenidas, pediram-se reforços, vieram minguados, estendeu-se a quadrícula, gradualmente apareceram mais efetivos, mais Marinha e Força Aérea, mas a guerrilha crescia e em 1968 Salazar terá encontrado um homem providencial para pôr cobro a tantos avanços, o Brigadeiro Spínola, parece que Louro de Sousa e Arnaldo Schulz não deram bem conta do recado. Porquê, em termos historiográficos, não se sabe, é buraco negro.

Dentro dessa pouquíssima bibliografia, e para que se entenda o mundo de que o vate é porta-voz, vamos recorrer a um trabalho de Hélio Felgas, que comandou de 1963 a 1965 o Batalhão de Caçadores 507, não muito longe de onde se irá posicionar o BCAV 490. Em 1967, o então Tenente-Coronel Hélio Augusto de Almeida Felgas escreve “Guerra na Guiné”, publicado pelo Serviço de Publicações do Estado-Maior do Exército. Nada de semelhante tinha aparecido no nosso panorama editorial, a ponto de o autor dizer na introdução: “Até agora a falta de informações, de filmes, de reportagens, de descrições, enfim, de elementos que explicam ao público o que é a guerra na Guiné, tem sido quase completa”. E como se estivesse a escrever um guia que irá culminar na sua autoglorificação, apresenta a Guiné Portuguesa, a sua história, a terra, o clima, a flora e a fauna, vilas e cidades, portos e vias de comunicação, a economia, as etnias, em primeiro lugar; em capítulo subsequente desvela os grupos políticos clandestinos, com especial destaque para o Movimento de Libertação da Guiné, a Frente de Luta pela Independência da Guiné e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde; exposto o terreno e os atores, Hélio Felgas vai descrever a guerrilha até final de 1963, é justo e certeiro sobre as insuficiências do Movimento da Libertação da Guiné e da Frente de Luta pela Independência da Guiné; revela-se bem documentado a descrever a eclosão da subversão e luta armada no Sul, enumera os atos de guerrilha do primeiro semestre, referindo igualmente que uma linha dessa guerrilha se estava a estender à área do Xime, o primeiro ataque que aqui ocorreu foi a 29 e 30 de junho; segue-se o alastramento da guerrilha em toda a região do Oio, onde logo no mês de julho foram desencadeadas ações num território que compreendia o quadrilátero Mansoa–Bissorã–Olossato–Mansabá, com alvejamento de viaturas, destruição de pontes e pontões, emboscadas, saques a casas comerciais, etc.

Ten-Cor Hélio Felgas
Atenda-se ao que ele escreve:
“Em poucas semanas todas as estradas da região tinham as pontes e os pontões destruídos ou estavam cheias de abatises. Em especial a estrada Bissorã–Mansabá – que dá acesso mais fácil à zona do Morés – foi metodicamente cortada com o evidente objetivo de evitar que as nossas tropas a utilizassem. Além de criar um vácuo que lhe proporcionasse refúgio seguro em Morés, o PAIGC pretendeu também inutilizar os eixos rodoviários de interesse económico para a Província. O principal destes eixos era a estrada Mansoa–Mansabá–Bafatá, por onde se escoava boa parte da mancarra produzida pelo Leste da Província e alguma da madeira cortada na região do Oio. A povoação de Mansabá, em si, constitui um importante cruzamento de estradas, pois por ela passam, além do eixo Mansoa–Bafatá, ou os de Bissorã–Bafatá e Farim–Mansoa. Esta atuação fez diminuir o trânsito rodoviário para o Leste da Província com o que ficaram sobrecarregados os já congestionados transportes fluviais pelo rio Geba”.

Ao findar do ano de 1963, diz o autor que o PAIGC atuava com certo à-vontade em grande parte do Sul da Província, o movimento das nossas tropas era dificultado ou impedido por milhares de abatises e pela destruição de pontes e outros elementos rodoviários; no extremo leste do canal do Geba, os “bandoleiros” atuavam nas áreas de Porto Gole, Enxalé, Xime e Bambadinca e no Oio conseguiu afixar-se, e procurava alastrar a sua aceleração em todos os sentidos: na direção de Binar e Bula, procurava penetrar na região dos Fulas, e para Norte, através do rio Cacheu, a fim de conseguir fácil ligação com o Senegal.

Os comentários de Hélio Felgas à evolução da situação são por vezes paradoxais e antinómicos: um PAIGC enfraquecido sem obter resultados palpáveis, muito disperso. No entanto, quando o autor descreve 1964, vemos o PAIGC a cortar estradas que ligavam a vila de Farim às povoações de Bigene, Bissorã, Mansabá e Cuntima, surgiram novas infiltrações na direção de Farim. E então escreve que “esta situação agravou-se ainda mais durante os meses de Fevereiro e Março, tendo Farim e Binta sido flageladas pelos terroristas que destruíram novas pontes e pontões e começaram a fustigar as populações nativas da área Jumbembem–Canjambari–Cuntima. Esta actuação levou Fulas e Mandingas a fugirem para o Senegal e originou a paralisação quase completa das serrações locais e da actividade madeireira de que Farim é um dos principais centros da Guiné”.
Mais adiante dirá que esta atividade na área de Farim aumentou, houve mais ataques às serrações madeireiras e destruíram-se as tabancas Fulas da zona fronteiriça de Cuntima:  
“Além disso, o trânsito das estradas tornava-se dia a dia mais difícil e perigoso, pois o PAIGC não só continuava destruindo pontes e pontões, colocando abatises e montando emboscadas, como começava também a implantar minas. A primeira assinalada a norte do rio Cacheu rebentou em Maio, numa altura em que a actividade terrorista alastrava ao porto de Binta e se aproximava de Bigene. Os ataques às tabancas de Genicó e Sansancutoto, respectivamente a oeste e noroeste do porto de Binta, e a destruição da ponte de Sambuiá, indicavam que os terroristas pretendiam interromper as ligações rodoviárias entre Bigene e Farim e tornar ainda mais precária a situação em toda a área. Esta intenção foi confirmada pelas flagelações levadas a cabo contra as povoações de Guidage e de Fajonquito, ambas a oeste de Farim, e pelo ataque à tabanca de Nova Uensacó, organizada em autodefesa e situada apenas a três quilómetros daquela vila”.

Aqui se faz uma pausa, é de crer que já há algum pano de fundo para se perceber o que vai ser a atividade do BCAV 490, temos a história da unidade, temos o “Tarrafo” de Armor Pires Mota e ali perto, em Binta, está a Companhia do Capitão do Quadrado, Alípio Tomé Pinto, haverá um furriel enfermeiro que escreverá um outro livro ímpar, o “Diário da Companhia de Caçadores 675”, escrito por José Eduardo Rodrigues Oliveira da CCaç 675.

A sede do BCAV 490, como atrás se referiu, é Farim, estamos em maio de 1964, as companhias dispersam-se, vão para Cambaju e Canhamina e depois para Jumbembem–Cuntima. É um dispositivo que inclui vários setores e posições: Farim, Jumbembem, Cuntima, Binta e Bigene, com posições em Barro e Guidage.

Transcreve-se o que vem na história do batalhão:
José Eduardo Reis Oliveira
“Quando o BCAV 490 iniciou a sua actividade neste sector, este estava seriamente comprometido pela actividade do inimigo. Os itinerários mais importantes estavam cortados e sempre que qualquer coluna saía das posições era atrevida e fortemente emboscada”.
Dá-se ênfase ao esforço das subunidades para fazer recuar as posições do inimigo, para concluir que:   
“A partir de Fevereiro de 1965, isto é, cerca de oito meses depois do batalhão iniciar a sua acção no sector, a iniciativa do inimigo passou a ser bastante reduzida, limitando-se a reagir fracamente a acções das nossas tropas. No entanto, a área de Canjambari, onde julgava encontrar-se seguro, pois mantinha os itinerários de acesso cortados, tanto o do nosso sector como o do sector vizinho, quando as nossas tropas procuravam desimpedir o itinerário a sua reacção era sempre conduzida com determinação e violência”.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 4 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20205: Notas de leitura (1223): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (26) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 7 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20213: Notas de leitura (1224): História das Tropas Pára-Quedistas Volume IV, é dedicado à Guiné e tem como título História do Batalhão de Caçadores Paraquedistas n.º 12; responsável pela redação e pesquisa Tenente-Coronel Luís António Martinho Grão; edição do Corpo de Tropas Paraquedistas, 1987 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20228: Guiné-Bissau, hoje: factos e números (3): em bom crioulo nos entendemos (ou não ?): mandjidu, kansaré, muro, djambacu, baloba, balobeiro, ferradia, tarbeçado, doença de badjudeca, rónia irã... O Cherno Baldé, nosso especialista em questões etnolinguísticas, explica para a gente...


Foto nº 1


Foto nº 2 

Guiné > Região de Bafatá >Setor L1 > Bambadinca > Destacamento de Nhabijões  > 1970 > O furriel miliciano Henriques, da CCAÇ 12 (, Luís Graça, fundador e editor deste bloge) junto a uma "baloba" (Foto nº 1), um dos locais de culto dos irãs (espíritos da floresta). 

A população era maioritariamente balanta, animista. Era conhecida a sua colaboração com o PAIGG, sobretudo com as populações e os guerrilheiros de Madina/Belel, no limite do Cuor, a Noroeste de Missirá, mas também com os do subsetor do Xime. O reordemanento desta população, considerada até então sob duplo controlo e pouco colaborante com (e senão mesmo hostil a) as NT, iniciou-se em 1969, sob a iniciativa do Comando e CCS do BCAÇ 2852 (1970/72), tendo sido continuada pelo BART 2852 (1970/72). Foi criado um destacamento para apoio a (e defesa de) o reordenamento (Foto nº 2)

No seu diário de então, o furriel Henriques consideraca este reordenamento (um dos maiores, se não o maior, de então, no CTIG) como um exemplo de "etnocídio",  pela destruição do habitat socioecológico das populações "reordenadas".

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > c. 1973/74 > Uma "ferradia": o ferreiro e o seu ajudante (que alimenta a forja)...Tradicionalmente em África, o ferrador e o caçador são dotados de dons sobrenaturais, diz-nos o Cherno Baldé, o nosso especialista em questões etnolinguísticas.. Em muitas comunidades animistas, o ferreiro e o balobeiro são a mesma pessoa ou ambos possuem o poder de curar e de fazer a ligação com o além  ou as forças ocultas como os Irãs ou os espíritos do mato e da floresta.
Fotos (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. No poste P20223 (*), o editor Luís Graça comentou que íamos precisar da preciosa ajuda nosso assessor para as questões etnolinguísticas, o Cherno Baldé... 


Há termos em crioulo ou noutros idiomas, que ele tem de nos explicar, para melhor se compreender um recente relatório da CPLP sobre o HIV/SIDA e outras doenças sexualmente transmissíveis, na parte que respeita à Guiné-Bissua (**)...


Eis alguns desses termos:


"mandjidu" (em manjaco), prática interdita;

"kansaré" (papel), entidade sobrentaural que pode castigar ou fazer mal (?);

"muros, djambacus e balobeiros" (crioulo), curandeiros tradicionais;

"balobas" de "ferradias" (crioulo), locais ou práticas (?);

"tarbeçado" (crioulo);


doença de "badjudeça" (crioula);

cerimónia de "rônia iran" (crioulo), (?)






Guiné-Bissau > Região do Óio > Maqué > 20 de Novembro de 2006 > Poilão, árvore sagrada, habitada pelos irãs... Mais uma chapa do famoso poilão de Maqué. Tirada pelo nosso camarada Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 (Os Leões Negros), na sua viagem  de 2006 à Guiné e à região do Óio.

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2007). Todos os direitos reservados.
 [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Pronta resposta do Cherno Baldé [, Bissau], com data de ontem (*):


Em resposta ao pedido do Luís Graça, aqui vai um pequeno resumo sobre o significado das expressões em Crioulo da Guiné no texto (*).


(i) “Mandjidu”


Refere-se àquilo que está interdito e a interdição vem sempre de forças ocultas, do desconhecido, por isso, de evitar a todo o custo, pois não se sabe o que pode acontecer em caso de violação dessa interdiçãoo.


Uma forma muito prática de proteger a propriedade privada dos individuos, da família e/ou da aldeia em relação ao comportamento indesejado de terceiros, sejam eles pessoas ou animais domésticos:um simples pau enfeitado com um pedaço de tecido vermelho e colocado em lugar visível é suficiente para interditar um campo de amendoim ou plantação de cajueiros.


Uma nota interessante é que esta interdição também se aplica às pessoas (mulheres) e propriedades (terrenos e casas).


(ii) “Kansaré”

É um ritual animista consagrado aos mortos, baseado na compreensão de que não há mortes naturais, mas sim mortes provocadas por forças do mal.

O "Kansaré" é o elemento móvel da "Baloba", feita de paus e coberta de tecidos vermelhos, é carregado por quatro jovens possantes e que caminham, supostamente, dirigidos pelo espírito do morto com o objectivo de desmascarar o(s) autor(res) da morte. O(s) membro(s) da comunidade assim descoberto(s) e acusado(s) de feitiçaria perde(m) todos os seus direitos, inclusive o direito à vida e os seus bens e haveres confiscados em benefício da comunidade como forma de vingar a morte do defunto e fazer o seu "choro", aplacando assim a dor da família que perdeu um dos seus.


Muitos antropólogos, africanistas e investigadores viram nessas práticas animistas uma forma subtil de regulação económica e social dentro das sociedades " primitivas" e/ou práticas escamoteadas de ajustes de contas e de eliminação de rivais e elementos não desejados, muitas vezes bem sucedidos, e cujas riquezas provocam inveja aos restantes elementos da comunidade e que necessitam de ser redistribuídas colectivamente a fim de nivelar (por baixo) os membros dessas comunidades.


(iii) «Muro»


O mesmo que "mouro" (árabe ou berbere do Norte de África), termo utilizada para referir-se aos "marabus" -chefes religiosos - de confissão muçulmana.

No meio urbano da Guiné tem o mesmo significado que "Djambacus", provavelmente de origem mandinga e "Baloba", do grupo dos Brames (Papel/Manjaco/Mancanha).


(iv) «Balobas»


Sao os locais, entre alguns povos da Guiné-Bissau, chamados animistas do grupo dos Brames (Papel / Manjaco / Mancanha), reservados às cerimónias dedicadas aos Irãs e que são feitas, normalmente, mediante o uso de aguardente e sangue de animais imolados em sua intenção.


A referência feita às "ferradias" remete-nos para as oficinas tradicionais onde se trabalha(va) o ferro. Na África profunda e multissecular, de uma forma geral, o ferreiro assim como o caçador, são facilmente assimilados àqueles que praticam artes secretas e/ou mágicas e logo possuidores do dom imanado do espírito dos Irãs.


Em muitas comunidades animistas, o ferreiro e o "balobeiro" são a mesma pessoa ou ambos possuem o dom da cura e do poder de contacto e intermediação com forças ocultas como os Irãs ou espíritos do mato/floresta.

Nesses casos um simples metal (o ferro), por eles confeccionado, pode servir de guarda a fim de um indivíduo se proteger dos espíritos maus. Uma prática muito frequente dentre os habitantes originários dessas etnias do litoral guineense.


(v) "Tarbeçado"


Parto anormal quando a criança vem numa posição invertida com os pés primeiro em lugar da cabeça, uma expressão, provavelmente, de origem balanta.

(vi) "Doença de badjudeça"

Quer dizer período menstrual ou quando aparecem, nas meninas, os sintomas das primeiras mentruações. De origens diversas.



(vii) «Rônia Irã»


Segundo alguns investigadores, tem origem na palavra em português arcaico “erronear”, ou seja, deambular de um lado para outro.

Durante o período em que estas cerimónias são feitas, sobretudo entre os Papéis, há grupos de mulheres que viajam de aldeia em aldeia, de sítio em sítio, carregados de objectos diversos, para cumprir determinados rituais e cerimónias tradicionais, de acordo com um calendário e trajecto pré-definido.


Ao que parece, as "Balobas" (ou não seriam os "balobeiros" ?) e os seus Irãs estão, de certa forma, hierarquizados ou, para usar uma expressão moderna, especializados em determinadas matérias do mundo espiritual ou dos mortos e cada aldeia ou família teria o seu próprio percurso em função da tradicão e/ou das suas necessidades espirituais ao serviço das almas dos seus mortos em diferentes épocas.

Todas estas expressões ou conceitos antropológicos acima apresentados, sendo de origem étnica ou tribal, já fazem parte do léxico corrente em crioulo.


PS - Uma Nota sobre o ponto V:


Quando disse que é uma expressão, provavelmente, de origem balanta, queria referir-me ao conceito intrínseco pois que, entre eles o fenómeno é seguido de algumas cerimónias feitas para exconjurar as forças maléficas do fenómeno anormal, e não à origem da palavra que é claramente crioula, resultante da corruptela da palavra portuguesa "atravessado".
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20223: A Guiné-Bissau, hoje: factos e números (2): prevalência do HIV/SIDA; comportamento de risco e práticas socioculturais e tradicionais, que tornam mais vulnerável a população guineense face ao risco de transmissão de HIV/SIDA e outras DST



(**) Vd. Helena M. M. Lima - Diagnóstico Situacional sobre a Implementação da Recomendação da Opção B+, da Transmissão Vertical do VIH e da Sífilis Congênita, no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa- CPLP: Relatório final, volume único, dezembro de 2016, revisto em abril de 2018. CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa, 2018 [documento em formato pdf, 643 pp. Disponível em: https://www.cplp.org/id-4879.aspx]

Guiné 61/74 - P20227: Parabéns a você (1693): Benito Neves, ex-Fur Mil Cav da CCAV 1484 (Guiné, 1965/67); Eduardo Campos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540 (Guiné, 1972/74) e Patrício Ribeiro, ex-Fuzileiro Naval (Angola 1969/72), residente na Guiné-Bissau



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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20224: Parabéns a você (1691): Manuel Resende, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2585 (Guiné, 1969/71)