terça-feira, 1 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22244: In Memoriam (397): Com o Alcídio Marinho (1940-2021), ultrapassamos a centena de amigos e camaradas, membros da Tabanca Grande, que "da lei da morte já se libertaram" (n=103)... Quase um quarto dos falecimentos (n=25) ocorreu em 2020 e 2021 (últimos 5 meses), ou seja, em plena pandemia de COVID-19.


CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65) > 2015 > Convívio dos "Capacetes 
Verdes" que celebraram os 50 anos do seu regresso a casa...  Não conseguimos identificar o local.  Foto da página do Facebook do Alcídio Marinho.


1. O Alcídio [José Gonçalves] Marinho (1930-2021), ex-fur mil inf, está assinalado com rectângul9 a amarelo. Era membro da nossa Tabanca Grande desde 23/9/2011, sentando-se no lugar nº 520 à sombra do nosso poilão. Tem mais de duas de dezenas de referências no nosso blogue.

O Alcídio Marinho  Era natural do Porto, vivia na freguesia de Miragaia. Estava reformado da Petrogal. Passou grande parte da sua infância e juventude em Amarante. Andou na escola Colégio S. Gonçalo, em Amarante. Foi um dos animadores dos convívios da sua companhia. Participou igualmente em 4 encontros nacionais da Tabanca Grande (de 2011 a 2014).

Foi Prémio Governador da Guiné em 1964. (Merece uma leitura ou releitura o poste P15168, com o relato da sua atribulada viagem de férias à Metrópole, num Dakota Skymaster.)

Conheci-o, a ele e à sua companheira Rosa, em Monte Real, em 2011 (Foto à esquerda, cortesia de Manuel Resende). 

Na conversa que tive com ele fiquei a saber que a sua  CCAÇ 412, sediada em Bafatá, tinha uma vasta zona de acção, que ia de Cantacunda ao Enxalé, a norte do Rio Geba, e de Bambadinca ao Xitole, ao longo da margem direita do Rio Corubal (aquilo que mais tarde, seis anos depois, no meu tempo, era já "preenchido" por 2 batalhões, um em Bafatá e outro em Bambadinca, ou seja, por mais de 2 mil homens em armas, incluindo subunidades adidas e pelotões de milícia).

Era um homem afável e com excelente memória.   Combateu, no leste da Guiné, nos "anos de chumbo" de 1963/65. Foi pena que não tenha querido ou podido  passar a escrito algumas das suas muitas memórias desse tempo. 

Vai hoje a enterrar, no cemitério de Cedofeita, no Porto (*). À sua companheira, Rosa, à sua filha, Gabriela, e demais familiares e amigos íntímos e camaradas de armas, apresenta a Tabanca Grande as suas mais sentidas condolências. É um dos nossos bravos que parte para o Olimpo dos Combatentes. (LG)



2. Com a morte, ocorrida no passado dia 29,  do Alcídio Marinho (1940-2021) (*), são já 103 os amigos e camaradas, membros da Tabanca Grande, que deixaram a Terra da Alegria, em 17 anos da nossa existência enquanto blogue, de acordo com o conhecimento que temos. Haverá, eventualmente, mais casos que, por uma razão ou outra, não chegaram ao nosso conhecimento em devido tempo.

Num total de 840 membros (registados), os falecidos representam 12,3 %. Desses 103, 11 morreram em 2020 e 14 nos últimos cinco meses de 2021. Temos, assim,  um total de 24,2% de grã-tabanqueiros que morreram durante a pandemia de COVID-19.  É uma lista já impressionante. 

Saibamos honrar a sua memória e lembrá-los com saudade.


Lista alfabética  dos amigos/as e camaradas que da lei da morte se foram libertando (n=103): 

Agostinho Jesus (1950-2016)
Alcídio Marinho (1940-2021)
Alfredo Dinis Tapado (1949-2010)
Alfredo Roque Gameiro Martins Barata (1938-2017)
Amadu Bailo Jaló (1940-2015)
Américo Marques (1951-2019)
Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021)
António da Silva Batista (1950-2016)
António Dias das Neves (1947-2001)
António Domingos Rodrigues (1947-2010)
António Manuel Carlão (1947-2018)
António Manuel Martins Branquinho (1947-2013)
António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018)
António Rebelo (1950-2014)
António Teixeira (1948-2013)
António Vaz (1936-2015)
Armandino Alves (1944-2014)
Armando Teixeira da Silva (1944-2018)
Augusto Lenine Gonçalves Abreu (1933-2012)
Aurélio Duarte (1947-2017)

Carlos Cordeiro (1946-2018)
Carlos Domingos Gomes (Cadogo Pai) (1929-2021)
Carlos Filipe Coelho (1950-2017)
Carlos Geraldes (1941-2012)
Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Carlos Rebelo (1948-2009)
Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014)
Clara Schwarz da Silva (1915-2016)
Cláudio Ferreira (1950-2021)
Cristina Allen (1943-2021)


Daniel Matos (1949-2011)
Domingos Fernandes (1946-2020)

Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)

Fernando Brito (1932-2014)
Fernando [de Sousa] Henriques (1949-2011)
Fernando Franco (1951-2020)
Fernando Rodrigues (1933-2013)
Francisco Parreira (1948-2012)
França Soares (1949-2009)

Gertrudes da Silva (1943-2018)

Humberto Duarte (1951-2010)

Inácio J. Carola Figueira (1950-2017)
Isabel Levezinho (1953-2020)
Ivo da Silva Correia (.c 1974-2017)

João Barge (1945-2010)
João Cupido (1936-2021)
João Caramba (1950-2013)
João Henrique Pinho dos Santos (1941-2014)
João Rebola (1945-2018)
João Rocha (1944-2018)
Joaquim Cardoso Veríssimo (1949-2010)
Joaquim da Silva Correia (1946-2021)
Joaquim Peixoto (1949-2018)
Joaquim Vicente Silva (1951-2011)
Joaquim Vidal Saraiva (1936-2015)
Jorge Rosales (1939-2019)
Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017)
José António Almeida Rodrigues (1950-2016)
José Augusto Ribeiro (1939-2020)
José Barreto Pires (1945-2020)
José Ceitil (1947-2020)
José Eduardo Alves (1950-2016)
José Eduardo Oliveira (JERO) (1940-2021)
José Fernando de Andrade Rodrigues (1947-2014)
José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017)
José Manuel P. Quadrado (1947-2016)
José Maria da Silva Valente (1946-2020)
José Marques Alves (1947-2013)
José Moreira (1943-2016)
José (ou Zé) Neto (1929-2007)
José Pardete Ferreira (1941-2021)

Leopoldo Amado (1960-2021)
Libório Tavares (Padre) (1933-2020)
Lúcio Vieira (1943-2020)
Luís Borrega (1948-2013)
Luís Encarnação (1948-2018)
Luís Faria (1948-2013)
Luís F. Moreira (1948-2013)
Luís Henriques (1920-2012)
Luís Rosa (1939-2020)

Mamadu Camará (c. 1940-2021)
Manuel Amaral Campos (1945-2021)
Manuel Carneiro (1952-2018)
Manuel Castro Sampaio (1949-2006)
Manuel Martins (1950-2013)
Manuel Moreira (1945-2014)
Manuel Moreira de Castro (1946-2015)
Manuel Varanda Lucas (1942-2010)
Marcelino da Mata (1940-2021)
Maria da Piedade Gouveia (1939-2011)
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)
Mário Vasconcelos (1945-2017)

Nelson Batalha (1948-2017)

Paulo Fragoso (c.1947-2021)

Raul Albino (1945-2020)
Rogério da Silva Leitão (1935-2010)

Teresa Reis (1947-2011)

Umaru Baldé (1953-2004)

Vasco Pires (1948-2016)
Victor Alves (1949-2016)
Victor Condeço (1943-2010)
Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014)
 
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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22243: In Memoriam (396): Alcídio José Gonçalves Marinho (1940-2021), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 412 - "Capacetes Verdes" (Bafatá, 1963/65)

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22243: In Memoriam (396): Alcídio José Gonçalves Marinho (1940-2021), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 412 - "Capacetes Verdes" (Bafatá, 1963/65)

IN MEMORIAM


ALCÍDIO JOSÉ GONÇALVES MARINHO (1940-2021)
Ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65

Comentário deixado hoje mesmo por Gabriela Marinho no Poste 15192:

Informo com pesar que o vosso camarada e meu querido pai Alcídio Marinho faleceu no dia 29 de Maio de 2021.

O funeral será realizado no dia 1 de Junho às 9h30 na Igreja de Cedofeita, Porto, e a missa de Sétimo dia no dia 5 de Junho às 19h00 na mesma igreja.

Gabriela Marinho


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O malogrado camarada Alcídio Marinho participou, acompanhado da sua esposa Rosa, no VI Encontro Nacional da Tabanca Grande de 21 de Abril de 2011, sendo formalmente apresentado à tertúlia pelo nosso editor Luís Graça, no Poste P8809 de 23 de Setembro do mesmo ano.

Participou ainda e sempre acompanhado da Rosa, nos VII; VIII e IX Encontros Nacionais (2012 a 2014).

Monte Real, 14 de Junho de 2014 - A última participação do casal Alcídio e Rosa Marinho nos nossos Encontros Nacionais
Monte Real, 21 de Abril de 2011, VI Encontro Nacional - Primeira participação do casal Alcídio e Rosa Marinho que empunham o Guião da CCAÇ 412 - "Capacetes Verdes"

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Nota do editor:

O nosso obrigado à Gabriela por nos ter dado a notícia que niguém queria ler.

Parece um lugar comum, mas sempre que um camarada de armas nos deixa, somos acometidos de um sentimento de perda. Os que ficam, ficam mais sós, os que partem vão engrossar o "batalhão" dos que da lei da morte se vão libertando.

À esposa Rosa, à filha Gabriela e aos demais familiares, deixamos as nossas mais sentidas codolências e a certeza que o seu ente querido jamais será esquecido por esta tertúlia de velhos combatentes da Guiné.

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22209: In Memoriam (395): António Pinto Rebolo (1944-2021), ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), advogado do Porto, meu vizinho e meu amigo (Virgílio Teixeira)

Guiné 61/74 - P22242: Notas de leitura (1359): "Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James; Edições Saída de Emergência, 2018 (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Agosto de 2018:

Queridos amigos,
Na trajetória desta recensão ouvir-se-á falar na supremacia branca e nas doutrinas da inferioridade negra, no exato momento em que certas potências coloniais vão recrutar em África forças militares que eram consideradas destemidas e ferozes, serão muito úteis nas guerras mundiais que se seguirão. África foi um teatro de guerra e um reservatório de combatentes. O autor lembra-nos que pouco antes do início do conflito Londres e Berlim caminhavam para um acordo para retalhar Angola e Moçambique a seu favor. A I Guerra Mundial fez ascender o nacionalismo, o Egito tornou-se no farol das independências. No prelúdio da II Guerra Mundial, aspirava-se a novos impérios, Mussolini e Franco foram bons exemplos. As correntes a favor da independência foram minoritárias até à II Guerra Mundial, a partir de 1945, ninguém ignorava que se tinham levantado novos ventos.
Tudo começara em 1941, na Carta do Atlântico Roosevelt deixava bem claro que os velhos impérios iriam ter curta vida.

Um abraço do
Mário


“Impérios ao Sol, A Luta pelo Domínio de África”, por Lawrence James (3)

Beja Santos

“Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James, Edições Saída de Emergência, 2018, põe em imenso ecrã as ambiguidades deste conceito de progresso e de missão civilizadora e de ocupação que se forjou a partir de 1830, aproximadamente; desvela uma luta sem quartel para tomar posse de domínios por todo o continente, entre 1882 e 1918, no Egito e no Sudão, na África Austral, no Congo, em combate religioso; assistimos à ascensão dos nacionalismos, a presença de contingentes africanos em duas guerras mundiais para medir as consequências do que se seguiu, aproveitando a boleia da Guerra Fria; e de 1945 a 1990 o continente africano foi mudando de look, todos os povos se encaminharam para a independência; e assim chegamos aos últimos dias da África branca.

O africano, no momento exato em que se consolidavam os impérios europeus, ocupava um escalão inferior nos conceitos raciais. Inventaram-se as mais estrambóticas “doutrinas” para justificar estas considerações sobre o indígena ou autóctone: imperfeições genéticas, indolência, superstição, canibalismo, até a promiscuidade sexual. Serão postas em prática pseudodoutrinas antropológicas, medição da caixa craniana e das linhas do rosto, por exemplo. Depois, veio o assombro pelas manifestações da arte: estátuas, placas de bronze, máscaras, ourivesaria. Não chegou para demover o racismo, continuou-se a justificar o corte de mãos e de narizes e o chicote.

Retenha-se que estamos a caminho do nacionalismo chauvinista, instaurara-se a supremacia branca e a paranoia da pureza racial. O que os colonialistas admiravam era poder usar a ferocidade de africanos nas tropas. Em 1912, a França alargou o recrutamento militar obrigatório à Argélia e à África Ocidental como primeiro passo para a criação de um exército africano para servir na Europa.

A questão sexual também será motivo de estudos, muitos artistas sentir-se-ão atraídos pelos temas do harém, das odaliscas, as paixões românticas. Em contrapartida, hábitos e influências de origem europeia ir-se-ão difundindo por toda a África, os seus mediadores serão os membros da classe média negra da África do Sul e o funcionalismo africano.

África e as suas riquezas não foram a questão central que levou à eclosão da I Guerra Mundial, os Impérios Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia) e os Aliados (Grã-Bretanha, França e Rússia) disputavam influências mundiais, precisavam de cereais, de petróleo, em primeiro lugar. E precisavam de gente para combater, que foram igualmente buscar a África, num cenário de guerra total. A Grã-Bretanha, a França e a Alemanha recrutaram mais de dois milhões de africanos, queriam reforçar os seus exércitos na Frente Oriental e no Próximo Oriente. Senegaleses e argelinos combateram em Gallipoli, milhares de fellahin egípcios foram recrutados para defender as bases e linhas de comunicações britânicas. África foi um teatro de guerra, a Alemanha estava numa posição fragilíssima, não podia contar com a sua Marinha de guerra, as parcelas coloniais estavam entregues à sua sorte e em 1916, os Camarões, a Togolândia e o Sudoeste Africano estavam em poder dos Aliados. O que restava do Exército Alemão nos Camarões retirou-se para a pequena colónia espanhola do Rio Muni. O autor recorda que nos meses que antecederam a deflagração da guerra os governos britânicos e alemão haviam discutido entre si a repartição das colónias portuguesas.

As campanhas em África foram bem planeadas. As forças alemãs opuseram uma forte resistência em todas as suas colónias, distinguiu-se na África Oriental o General Paul von Lettow-Vorbeck cujas colunas invadiram Moçambique e a Rodésia do Norte.

E não se pode iludir que a guerra no Norte de África e na África Ocidental estava imbuída de uma forte componente ideológica, guerra religiosa, o forte sentimento nacional egípcio, a manipulação de árabes contra turcos. Com tanta participação numa guerra mundial que não lhes pertencia, foi fermentando o nacionalismo, recorde-se que no tempo da guerra entravam em propulsão o comunismo, o fascismo e o nazismo, as democracias parlamentares apareciam desacreditadas. Hitler não sonhava com África, limitou-se a examinar o projeto que podia levar à expulsão de todos os judeus da Europa para Madagáscar; Mussolini queria um império à porta, a Líbia, a Abissínia e a Somália e o comunismo soviético encarava o africano como um potencial revolucionário. Estas novas ideologias foram invadindo uma África que possuía uma nova cartografia depois do confisco das colónias alemãs.

O Egito apareceu na vanguarda da independência, encontrou pela frente a intransigência britânica. Só que o exemplo do Egito foi uma inspiração para os nacionalistas indianos. Apareceram de forma incipiente movimentos nacionalistas em Marrocos e na Argélia, o Islão era um aliado desses movimentos. Os senegaleses começaram a manifestar-se, o movimento pela independência encontrou figuras de proa em George Padmore, natural da Trindade, Jomo Kenyatta e mais tarde Nkrumah (Costa do Ouro), Julius Nyerere (Tanganica), Lamine Senghor (Senegal), Kenneth Kaunda (Rodésia do Norte), Nnamdi Azikiwe (Nigéria) e Hastings Banda (Niassalândia), todos eles educados em missões. O embate foi inevitável, as forças imperiais sabiam que tudo mudara, estes movimentos eram minoritários, a independência total parecia distante. Só que uma nova Guerra Mundial acelerou as mentalidades, o processo imperial entretanto estava a viver más experiências. Primeiro a Espanha, perdera praticamente todo o seu império, lançou-se numa atividade colonial em Marrocos, em 1904 Espanha e França acordaram secretamente em partilhar Marrocos, com os franceses a ganhar. 

É aqui que se vai estrear Francisco Franco, daqui partirá logo no início da guerra civil de Espanha, em 1936. É bem interessante o capítulo que Lawrence James consagra a esta força marroquina e a estes oficiais devotos e reacionários que ficarão à espreita de uma oportunidade para entrarem em guerra com os republicanos. Franco sonhava com um império colonial. “Em 1940, solicitou aos alemães que lhe cedessem a Córsega, a Tunísia, o Djibuti e as bases navais de Toulon, Ajaccio e Mers-el-Kébir, na costa argelina, planeando invadir o Sudão e a Somalilândia britânica”. Pretensões que deixaram Hitler indiferente, tais como as de Mussolini, que pretendia anexar o Quénia, o Egito, a Nigéria e a Libéria. Não menos interessante é o capítulo que o autor dedica a África das vésperas da guerra. E assim chegamos a uma guerra que quando findou em 1945, deixara os africanos numa expetativa de liberdade, tinham andado a combater a favor da liberdade dos europeus e da sua independência, e em prol dos valores democráticos, queriam o mesmo para si. E vão tê-lo.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22221: Notas de leitura (1358): "Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James; Edições Saída de Emergência, 2018 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22241: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IXa: Porto Gole: 3 de março de 1966, ataque IN


Foto nº 1 > Guiné > Bissau > Praça do Império > Monumento "Ao Esforço da Raça! > Novembro de 1965 > Dpsi alferes que estuveram em Porto Gole : o Alf António Maldonado, falecido no ataque de 3 de Março de 1966, descrito a seguir; e o Alferes Jorge Rosales, que esteve 18 meses neste destacamento de Porto Gole, antes da chegada da CCaç 1439 a Enxalé. Comforme escreveu onosso saudoso  Jorge Rosales (1939-2019):  "O alf mil Maldonado, meu camarada desde Mafra e meu substitulo em Porto Gole, (...) faleceu em março de 1966, em consequência do rebentamento de uma morteirada IN que o atingiu em cheio, no aquartelamento de Porto Gole". De seu nome completo, António Aníbal Maia de Carvalho Maldonado, era natural da Sé Nova, Coimbra, foi inumado no cemitério da Conchada.

Foto (e legenda): © Jorge Rosales (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: João Crisóstomo / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 


Foto nº 3 > Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67)  > Junto do monumento de Porto Gole,  (i) de pé, 
da esquerda para a direita, Alf Sousa; Alf Crisóstomo e furriel Bonifácio;  (ii) sentados da direta para a esquerda. Furriel Neiva e Alf Matos  e na esquerda  um condutor da CCaç 1439, de quem me não lembro o nome.


Foto nº 4 > Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67)  > Sem desprimor para os aqueles que não posso identificar , pode-se ver no canto direito fazendo exercício de preparação o Furriel Eduardo, profissional de futebol em Portugal ; e em primeiro plano,  embora me lembro de todos eles , não consigo alguns nomes: de pé da esquerda para a direita : eu, Furriel Bonifácio, e no meio o Manuel Açoreano. Esta é a única foto que tenho dele, bem identificável. era o único soldado não madeirense e foi vítima duma mina no dia 6 de Outubro de 1966.



Foto nº 4 > Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67)  > Um dos “abrigos' de Porto Gole ; o João, do Bombarral  (padeiro  em Porto Gole)  e eu numa altura em que tinha tempo para tudo, até para deixar crescer a barba…


Foto nº 5 > Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) >  A cozinha e a padaria ( o edifício branco ) de Porto Gole . Na caso de dúvida, o indivíduo de pé , de mãos nos quadris sou eu.

Fotos (e legtendas): © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)




CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, 
Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” 
como eu a lembro e vivi 
(João Crisóstomo, 
ex-alf mil, Nova Iorque)

Parte IXa:  Março de 1966: A CCaç 1439 em Enxalé (e seus destacamentos de Porto Gole e  Missirá)

Dia 3 de Março de 1966:  Ataque  do IN a Porto Gole 

 

Porto Gole e Missirá eram os dois “destacamentos” de Enxalé. Em princípio os quatro pelotões e seus alferes eram supostos revezarem-se -se em estadias de um mês nestes destacamentos.

Para o destacamento de Porto Gole porém  havia quase sempre um alferes de outras origens que não era o Enxalé, como se pode ver pela presença  do Alferes Jorge Rosales,  antes de nós  e durante o nosso tempo a presença do Maldonado, António  Carvalho e Henrique Matos. Quando por qualquer razão isso  não sucedia,  então a CCaç 1439 no Enxalé  preenchia a lacuna até esta ser de novo  atendida. Esta foi   a razão  porque estive em Porto Gole várias vezes durante a minha comissão na Guiné.   

Quanto às estadias, que supostamente eram de um mês, nunca sucedeu assim e  demoravam mais ou menos tempo conforme  a situação e  circunstâncias o permitiam ou exigiam. Houve mesmo ocasiões,  embora de pouca duração   em que tanto Missirá como Porto Gole estiveram algum tempo sem tropas regulares, ficando a segurança das mesmas entregues aos Régulos, os  respeitados Abna na Onça em Porto Gole e Malan Soncó em Missirá,  com  suas milícias de nativos.

Não sei sequer em que data estive em Porto Gole pela primeira vez. Da minha primeira estadia lembro da minha surpresa por ir encontrar em  Porto Gole várias casas tipo europeu, onde cabo-verdianos e mesmo portugueses que no passado faziam a sua vida aqui e  que agora apareciam ocasionalmente. Havia  um Posto Administrativo  que servia também de  residência para o encarregado deste,  um Cabo-verdiano e sua família; uma "Casa Gouveia"    para o comércio do arroz  que era  abundante  na região..  

 O Régulo de Porto Gole, Abna  na Onça era um indivíduo enorme em estatura e  importância:  a sua autoridade era respeitada  e temida  no grande número de  tabancas  da  vasta região predominantemente  da etnia balanta, embora a sua influência se estendesse mesmo em áreas de outras etnias e com outros régulos. Abna  na Onça  nunca perdoou que logo no início das hostilidades  as forças do PAIGC  lhe tivessem roubado duas  das suas dez mulheres e   elevado número de  cabeças de gado.  

E se a sua posição foi sempre a favor dos portugueses,  a partir desse momento declarou guerra sem quartel aos que queriam uma nova ordem e independência. Tinha uma milícia bem organizada, a nível  de pelotão  permanente em Porto Gole, alguns deles, se eram todos nunca o cheguei a saber, armados  com  espingardas Mauser fornecidas por Bissau. 

Do General Schul recebeu uma G3 e um relógio de pulso de ouro  que ostentava com orgulho, assim como  o título de "Capitão de Segunda.”  Exercia autoridade  completa  na grande    extensão  do seu domínio num total estimado de cinco mil balantas, passando julgamentos e veredictos que eram  respeitados e aceites sem qualquer discussão. Mais do que uma vez ouvi dizer da vinda de indivíduos que se apresentavam para receber os castigos impostos, por vezes   dolorosas reguadas nas palmilhas dos pés aplicadas com uma régua  especial que tinha para o efeito.

Não faltava espaço e lembro que havia mesmo um improvisado campo de futebol que nos ajudava a esquecer problemas e passar  o nosso tempo

 Não me recordo quanto tempo fiquei, mas ao fim da minha primeira estadia tinha já um bom relacionamento pessoal com ele. Vim a saber mais tarde que o mesmo sucedia já antes de eu chegar, a ajudar pelo testemunho deixado  neste blogue. No poste  P19517 lê-se:

"(i) o Jorge era muito amigo do mítico capitão de 2ª linha, o Abna Na Onça, chefe espiritual, poderoso, da comunidade balanta da região, a quem o PAIGC havia cometido o erro fatal de “matar duas mulheres e roubar centenas de cabeças de gado”;

(ii)  o prestígio, a  influência e e o carisma do Abna Na Onça eram tão grandes que ele sabia tudo o que se passava numa vasta região que ia de Mansoa a Bambadinca (nomeadamente, importantes informações militares, como a passagem de homens e armas do PAIGC);

(iii) jovem (teria 72/73 anos se fosse vivo, em 2009), era um homem imponente, nos seus 120 kg.

(iv) Schulz tinha-lhe oferecido um relógio de ouro e uma G3 como reconhecimento pelos seus brilhantes serviços;

(v) mais tarde, seria morto, em Bissá, em 15/4/67, com seis dos seus polícias admin, todos eles residentes em Porto Gole"

 


Foto nº 6 > Guiné > Região do Oio > Porto Goloe > CCAÇ 1439 (1965/67)  > N
ão me lembro dos nomes: dois sargentos ( do quadro)  a meu lado;  do lado esquerdo furriel Tony e o filho do encarregado do posto.No lado direito de costas Abna na Onça, um cabo-verdiano, encarregado do posto e sua esposa 


Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Porto Goloe > CCAÇ 1439 (1965/67) > Eu e o Abna na Onça em Porto Gole


Foto nº 8 > Guiné > Região do Oio > Porto Goloe > CCAÇ 1439 (1965/67) > O 
 Abna na Onça com o capelão militar do BII 1888  no dia em que a Cilinha  do MNF visitou Porto Gole .

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foi um choque grande para mim quando soube da morte de Abna na Onça.  Como  havia sucedido com o Alferes Rosales que me precedeu em Porto Gole,  também eu tinha já um bom relacionamento, direi amizade  com ele.  

Pelo que compreendi  a estadia  de Rosales em Porto Gole  era a título  permanente; depois de  Rosales acabar o seu tempo,  Enxalé continuou  encarregado de Porto Gole, mas como expliquei atrás,  em princípio  nós revezavamo.nos cada mês um pelotão à vez e houve durante o nosso tempo três alferes que não eram da CCaç 1439 que vieram para Porto Gole.  Na realidade os alferes da CCaç 1439  em Porto Gole eram mais um  "tapa buracos” ; mas como estes foram frequentes e longos , estivemos  lá bastantes vezes.

Antes de copiar o que consta sobre o primeiro ataque a Porto Gole, em 3 de março de 1966, quero deixar  algumas recordações   que tenho de Abna na Onça e outras memórias de Porto Gole que acho pertinentes.

Depois do  fatídico ataque IN a Porto Gole , durante o qual faleceu o Alferes Maldonado, o Capitão Pires chamou-me; que devido às circunstancias não tinha outra alternativa  senão que eu voltasse para Porto Gole  com o meu pelotão, até que o Batalhão  encontrasse solução definitiva.

Voltei e soube então que o Alferes Maldonado tinha pensado em construir uma pista de aterragem  mesmo junto a Porto Gole. Não sei se chegou a falar disso a alguém ou não. O  facto  é que havia uma grande superfície plana que se propiciava perfeitamente para isso.  Eu nunca tinha pensado nisso antes , mas via que era possível e muito útil. O correio que recebíamos em Porto Gole era  simplesmente  deixado cair duma  avioneta e  depois recuperado nessa área; e a construção de uma pista de aterragem além de  muitas outras vantagens,  ajudaria a  quebrar o sentido de muito isolamento a que estávamos sujeitos.

Matutei sobre isso muito tempo: para fazer uma pista de aterragem eu ia precisar de  ajuda  pois haviam algumas árvores grande que era preciso arrancar  e isso ia exigir  maquinharia apropriada. E talvez eu devesse consultar  primeiro o Capitão Pires e mesmo o Batalhão. Mas pensei, se eu lhes falar depois de o terreno já estar limpo,  talvez eles aceitem a idéia  com  maior facilidade.    Sei que um  dia resolvi falar sobre isso  com Abna na Onça, não só porque precisava da ajuda dele no caso de querer concretizar a idéia , como para o fazer sentir que respeitava a sua autoridade; ao fim e ao cabo  ele era o Régulo  da região.

 Se ele já sabia da idéia não me disse, mas mostrou-se  entusiasmado. Perguntei-lhe o que pensava,  decidido a falar depois com o capitão Pires  para alguma ajuda.   Eu pensava que ele ia dizer que  pelo menos seria preciso dar de comer a quem quer que viesse trabalhar na capinagem da extensa superfície. Mas não era o caso. Que  Porto Gole era uma terra muito importante e com  um campo de aviação ia ser mais importante ainda. Que eu arranjasse maneira de dar água  para beber  aos  homens  e  que o resto era com ele.  Perguntei-lhe então e ele disse logo que sim à minha idéia de pôr  um jeep com um bidão   a acartar água da povoação para o local. E à minha sugestão de enviar uma secção de soldados para fazer segurança, ele respondeu categoricamente que não. Que  eu estivesse descansado que se o IN  viesse atacar ele ia saber antes disso acontecer.

No dia combinado, que foi três dias depois,  quando fui ao local já  aí estavam umas dezenas de  homens.  à espera e  continuaram  a aparecer mais e mais… Quando o capitão Abna na Onça apareceu havia uma multidão  que eu avaliei em cerca de duzentos a trezentos homens, todos  com catanas.    

No momento em que   ele falou fez-se  um silêncio total, mas mal ele acabou de falar foi um  sussurro geral, parece que todos falaram ao mesmo tempo. Eu não soube o que disse , mas o resultado foi formarem imediatamente uma linha numa extensão enorme e a descapinagem  e o corte de tudo o que era arbusto e  árvores de pequeno porte começou.  Eu só ouvia um  murmúrio aqui e ali  e a voz  forte de  Abna na Onça : Kuá , Kuá, Kuá… que ainda hoje não sei o que quer dizer, mas o que quer que fosse era um poderoso motivador.   Nos dois dias seguinte foi a mesma coisa e o campo ficou a secar. Passados algum tempo  o meu pelotão voltou a Enxalé sem termos  feito mais nada no terreno.  

Pelo que  soube ainda recentemente,  durante bastante tempo  não  sucedeu nada no respeitante ao campo de aterragem.   Mais tarde  houve “reorganização militar do terreno"  e   Porto Gole deixou de ser  dependente  de Enxalé,  passando a ser  a sede duma companhia e Enxalé passou a  depender de Xime.  Deve ter sido nesta altura que houve novos trabalhos de preparação do terreno, pois algum tempo depois houve uma “Dornier” que   fez uma aterragem de emergência nesta pista e depois conseguiu levantar   de novo e prosseguir voo.

 (Continua)

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de  2021 > Guiné 61/74 - P22210: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VIII: A partir de outubro de 1965, em Enxalé e seus destacamentos, Porto Gole e Missirá

Guiné 61/74 - P22240: Parabéns a você (1968): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de Maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22235: Parabéns a você (1967): Fernando Andrade Sousa, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 e CCAÇ 6 (Buba e Bedanda, 1971/73)

domingo, 30 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22239: Tabancas da Tabanca Grande (5): Convívio de 4 tabancas (Sra da Graça, Matosinhos, Candoz e Atira-te ao Mar) na terra das 3 pontes, Peso da Régua


 Foto nº 1 > Peso da Régua, a terra das três pomtes, a terra do Zé Manel


Foto nº 2 > Peso da Régua, a velha ponte, agora só pedonal, também conhecida por "ponte metálica": foi mandada construir em 1872, ao tempo de D. Luís I para atravessamento rodoviário do rio Douro, Foi desatida em1949 devido ao estado de degradação do tabuleiro em madeira..



Foto nº 3 > Peso da Régua,   a ponte do Estado Novo: ponte ferroviária, concluida em 1934




Foto nº 4 > Santa Marta de Penaguião > Quinta da Sra. Graça >  21 de maio de 2021 > O encontro de quatro tabancas da Tabanca Grande: Sra da Graça (régulo, Zé Manel da Régua), Candoz (régulo, Alice Carneiro), Atira-te ao Mar (Lourinhã) (régulo, Joaquim Pinto de Carvalho) e Matosinhos (régulo, Zé Teeixeira)... A Quinta já fica em Santa Marta de Penaguião mas o Zé Manuel Lopes será sempre o Zé Manel da Régua: da varanda sua quinta, põe um pé,  o esquerdo  no Douro e uma mão, a direita, no Marão...



Foto nº 5 > Tabanca da Sra. da Graça > Da esquerda para a direita, o António Carvalho, o Zé Manel Lopes, o Zé Cancela e o Joaquim Pinto Carvalho.



Foto nº 6 > Tabanca da Sra. da Graça > Os dois régulos, o Zé Manuel da Régua e o Joaquim Pinto Carvalho (Tabanca do Atira-te ao Mar, Lourinhã / Cadaval)... Já se conheciam das idas à Tabanca do Centro (Monte Real, Leiria)


Foto nº 7 > Tabanca Sra, da Graça > 21 de maio de 2021 > O Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos, e a Armanda, que fazia anos nesse dia,


Foto nº 8 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Alice, Jaime Silva e Pinto Carvalho


Foto nº 9 > Tabanca da Sra da Graça >  21 de maio de 2021 >   A mesa comprida, e bem recheada, que a Luisa Lopes (à direita) nos preparou... De costas a Maria do Céu Pinteus, da Tabanca do Atira-te Ao Mar (Lourinhã / Cadaval)



Foto nº 10 > Tabanca da Sra da Graça > 21 de maio de 2021 > A Laura, a Luisa Lopes e a Margarida Peixoto (de costas).



Foto nº 11 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Em primeiro plano, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã)


Foto nº 12 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > Em primeiro plano, de perfll, a Maria do Céu Pinteus, da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã)


Foto nº 13 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 >As "pingas" da casa: O Pedro Milanos, branco e tinto, Douro, DOC, 2019, de que foi feita uma edição limitada de 200 garrafas. 

Empresária: Luisa Valente Lopes | Enólogo: Vasco Valente Lopes | Adegueiro (e poeta): José Manuel Lopes.

 Contactos: João de Lobrigos lat 41 10 54 49 N long 7 46 25 95 W, Santa Marta de Penaguião | telef +351 254 811 609 | E-mail: quintasenhoradagraca@live.com.pt


Foto nº 14 > Tabanca da Sra. da Graça > 21 de maio de 2021 > O Zé Manel Lopes, entre dois amigos e camaradas que conhecem os quatro cantos da casa: o Zé Manuel Cancela (Penafiel) e o António Carvalho, o Carvalho de Mampatá (Gondomar)


 Foto nº 15 > Peso da Régua > Miradouro de São Leonardo da Galafura > 21 de maio de 2021 > A Maria do Céu Pinteus e a Alice Carneiro fazendoo o "teste das vertigens", a 566 metros de altitude, com o rio Douro em baixo


 Foto nº 16 > Peso da Régua > Miradouro de São Leonardo da Galafura > 21 de maio de 2021 > O Joquim Pinto de Carvalho e a Maria do Céu Pinteus, que conhecem todo o mundo, faltava-lhes vir aqui...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  As coisas acontecem quando a gente menos  espera: a Alice Carneiro, régula da Tabanca de Candoz, aproveitou a passagem, cá pelas terras do Norte, de 4 grandes amigos da Tabanca do Atira-te ao Mar (Lourinhã / Cadaval), o Joaquim Pinto de Carvalho, a Maria do Céu Pinteus, o Jaime Silva e a Laura Fonseca para fazer um almocinho na Tabanca da Sra. da Graça, que fica a cerca de 50 km de Candoz. 

O pretexto, além de abraçar velhos amiigos do Norte, que a pandemia de Covid-19 tem afastado do seu/nosso convívio, era também de dar um miminho ao seu companheiro, o nosso editor Luís Graça, que em 2020 teve o seu "annus horribilis" com problemas de saúde que, felizmente, estão bem encaminhados (em 2021)...

O Zé Manel Cancela e a esposa trouxeram consigo,  de Penafiel, a Margarida Peixoto, velha amiga da Tabanca de Candoz. De Gondomar veio o António Carvalho e a esposa. E de Matosinhos, o Zé Teixeira e a Armanda que nesse dia, por coincidência fazia anos... (Cantou-se, naturalmente, os "parabéns a você"!).

Sob a batuta da Luisa Valente Lopes, fez-se um almocinho muito agradável, bem recheado e melhor regado,  no salão de festas da Tabanca da Sra. da Graça.  Tudo muito bem organizado, em segredo, e no respeito das normas de segurança e saúde...

O nosso editor ficou muito sensibilizado,  e grato a quem tomou a iniciativa (tão inesperada quanto simpática) e nela participou.   E ficou feliz por ver que, a pouco e pouco, as tabancas da Tabanca Grande, de Norte a Sul,  vão retomando a tradição dos convívios dos amigos e camaradas da Guiné, 

Ao fim da tarde e no regresso a casa (, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, pela A24 e depois cortando para Castro Daire e Cinfães)  ainda deu para os casais Luís Graça/ Alice Carneiro e Joaquim Pinto Carvalho /Maria do Cèu Pinteus darem um salto ao miradouro de São Leonardo da Galafura... que estes últimos, embora muito viajados,  ainda não conheciam.

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22213: Tabancas da Tabanca Grande (4): A Tabanca de Matosinhos, fundada há 16 anos (!), retoma as "hostilidades", no restaurante O Espigueiro, em Matosinhos, às quartas-feiras (José Teixeira)

Guiné 61/74 - P22238: Manuscrito(s) (Luís Graça) (202): Parabéns, régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo!


Peso da Régua > Miradouro de São Leonardo da Galafura > 21 de maio de 2021 > O Joaquim Pinto de Carvalho e a Maria do Céu Pinteus a 566 metros de altitude, com o rio Douro ao fundo  (menos 100 que a sua não menos bela e amada Serra de Montejunto)... Pela primeira vez aqui, hóspedes da Tabanca de Candoz e sentindo-se felizes, como o capitão São Leonardo, na voz do grande poeta Miguel Torga... Hoje, 30 de maio,  faz anos o Joaquim e,  parafraseando o poema, também  dele (e de todos nós) se pode dizer que (...) "vai sulcando / As ondas / Da eternidade, / Sem pressa de chegar ao seu destino. /Ancorado e feliz no cais humano, / É num antecipado desengano / Que ruma em direcção ao cais divino." 



Cinfães > Portas de Montemuor > 21 de maio de 2021 > A mais de 1200 metros de altitude, num dos sítos mais altos da Serra de Montemuro (vísível da Tabanca de Candoz)  num soberbo ponto de observação, no limite dos concelhos de Castro Daire e Cinfâes... O Joaquim Pinto Carvalho no seu melhor ... É aqui que nasce o rio Bestança...

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Saúde e longa vida, meu caro régulo,

Ao km 73 da tua picada da vida,

Porque tu mereces tudo!

 

Meu grande companheiro desta pandemia,

Lá na Tabanca do Atira-te ao Mar,

Deixa-me hoje os bons momentos recordar,

Num ano e tal em que o pior se temia.

 

Com as nossas companheiras nós partilhámos

O mais belo pôr do sol sobre o Mar do Cerro

E o que poderia ter sido um desterro

Na alegria do convívio nós transformámos.

 

Obrigado p’la tua voz e bandolim,

Sem esquecer os pequenos prazeres da mesa,

Obrigado, a vocês, Céu e Joaquim.

 

Hoje fazes anos, já septuagenário,

E eu (e os demais tabanqueiros, com certeza!)

Não poderia esquecer o teu aniversário!


Luís (e Alice)

Tabanca de Candoz, 30 de maio de 2021

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de abril de  2021 > Guiné 61/74 - P22134: Manuscrito(s) (Luís Graça) (201): Soneto em louvor do galo do IPO - Lisboa

Guiné 61/74 - P22237: Blogpoesia (738): "Apoteose"; Desafinar"; "Este segredo é meu" e "Há gemidos nas ruelas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação semanal de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, CachilCatió e Bissau, 1964/66):


Apoteose

Uma sala iluminada que se apaga.
Uma orquestra em banda larga que se espraia.
Um maestro esbelto que aguarda sua hora.
Ao toque seco da batuta, uma doce e inebriante melodia que enche a sala.
A assembleia atenta e calada, aguarda seu lenitivo.
A vida, cá fora, é dura.
Convém esquecê-la, ainda que por momentos.
É a forma de amenizar suas agruras.
Só o amor de Deus no coração
A suplanta em magnitude...


Berlim, 29 de Maio de 2021
18h36m
Jlmg


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Desafinar

É preciso ter voz e ouvido para não desafinar.
Uma sem outra é uma desgraça para quem os ouvir cantar.
Conversas sem sentido são conversas desafinadas.
Não trazem nada de interessante.
Só as mentes sadias podem dar bons pensamentos.
Para isso é preciso cultivá-los.
Boas leituras e sérias meditações.
São muito perigosas as que o não são.
Principalmente para as crianças e jovens em formação.
Podem comprometer seu futuro...


Berlim, 24 de Maio de 2021
17h15m
Jlmg


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Este segredo é meu

Este segredo é meu.
Não dou nem o vendo.
Irá comigo até ao fim.
Ele me alumia.
Se se apagar ficarei só.
Pobre e triste.
Com ele vivo na penumbra dos sentimentos.
Não me esmaga o sonho.
Pelo contrário.
Faz-me viver em pleno.
Sem ele seria mais um fantasma.
E já há demais...


Berlim, 25 de Maio de 2021
12h54m
Jlmg


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Há gemidos nas ruelas

Vaguear à toa pelas ruelas dos bairros de Lisboa,
Altas horas das madrugadas,
Ouve gemidos aqui e ali.
São de dor ou de prazer.
Um remédio sempre à mão.
A vida é dura e cruel.
Por vezes, só por ali se obtém o refrigério.
A solidão é a pior dor.
Só passa com um simples aconchego.
As mais das vezes de quem tem o mesmo sofrimento.


Berlim, 26 de Maio de 2021
21h35m
Jlmg

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22220: Blogpoesia (737): "Semelhanças e diferenças"; Quem espera..."; "Revolução" e "Definições", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P22236: Memórias ao acaso (Miguel Rocha, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845) (6): Cecília Supico Pinto (30/05/1921-25/05/2011), uma portadora de afectos - No dia do centenário do nascimento da fundadora do Movimento Nacional Feminino

Sexta crónica do nosso camarada Miguel Rocha, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70):


MEMÓRIAS AO ACASO

06 - PORTADORA DE AFECTOS


Conheci a elegante Senhora D. CECÍLIA SUPICO PINTO a 02 de Maio de 1969, aquando da sua visita, por duas ou três horas, ao aquartelamento de CÓ, que à época transbordava de militares oriundos das mais diversas Armas do Ramo do Exército, empenhados na construção da estrada "CÓ-PELUNDO".

Havia tropas de infantaria, cavalaria, armas pesadas, artilharia, engenharia e eventualmente outras, que a memória de há 52 anos poderá deixar escapar.

O Comando da minha Companhia estava a meu cargo, e é nessa circunstância que o CMDT do aquartelamento me indigita para assumir a acção protocolar de receber a ilustre Presidente do MNF, missão assaz facilitada pela sua natural simpatia, sublime educação, determinação, inteligência, coragem, conhecimento dos teatros de guerra, do carinho quase maternal com que "A CILINHA" se dirigia aos seus"meninos", falando-lhes, é certo, com alguma exultação patriótica, mas sobretudo do amor e da saudade de suas MÃES, que curiosamente eram da sua geração e que lá longe, na Metrópole, viviam em permanente ansiedade cientes da dureza da guerra por terras da Guiné.

Num dos momentos mais informais, e num cordial diálogo que mantivemos, enalteci-lhe, e agradeci-lhe, a criação do espectacular "AEROGRAMA" de que eu próprio era assíduo utilizador, e a importância sentimental que ele tinha para os militares e suas famílias, sem por sombras imaginar, à época, os números astronómicos diariamente assumidos no movimento postal só pelo uso do "BATE-ESTRADAS", como era conhecido na gíria militar.

E saudei na sua pessoa a intervenção bem notória do MNF na agilização das burocracias duma retaguarda inundada de emperrantes "pequenos poderes", que se quedavam numa abjeta inércia sem o mínimo respeito pelos combatentes, ou sua memória, e suas doídas e quase sempre carenciadas famílias.

Estamos no ano do I Centenário do Nascimento (30/05/1921) de CECÍLIA S. PINTO. Em sua memória, e com profundo respeito e admiração pela sua pessoa e sua obra, não esquecendo todas as outras Senhoras do MNF, muitas delas Mães de jovens mobilizados para as frentes de combate, venho aqui deixar meu testemunho de eterna gratidão pelo apoio dado aos combatentes na sua inegável qualidade de "portadora de afectos".

Foto 1 - Có - Cecília Supico Pinto no uso da palavra, na parada de Có, acompanhada do CMDT Major Ferreira da Silva e do Alf Mil Miguel Rocha.
Foto 2 - Có - A boa disposição de Cecília a contagiar todas as patentes.
Foto 3 - Có - Já na messe, combatendo o calor com uma bebida refrescante, depois do discurso e da distribuição das habituais "lembranças do MNF" aos rapazes reunidos na parada.
Foto 4 - Có - Cecilia Supico Pinto, perante o ar divertido do Major Ferreira da Silva, surpreende o Alf. Mil. Miguel Rocha com uma especial “lembrança”.
Foto 5 - Có - O Alf. Mil. Miguel Rocha indaga da possibilidade de obter mais uns maços de tabaco para os rapazes da sua Companhia.
Foto 6 - Có - Missão impossível! A caixa dos cigarros está quase vazia e o que resta tem destino marcado.
Foto 7 - Có - Uma cordial despedida de uma visita vivida com muita simpatia e permanente boa disposição
Foto 8 – Assinando como “Alferes” Cilinha, o cartão dirigido pela Presidente do MNF ao alf. mil. Miguel Rocha, a acompanhar a carta oficial de agradecimento pelo acolhimento que recebeu no aquartelamento em Có.
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE MARÇO DE 2020 > Guiné 61/74 - P20767: Memórias ao acaso (Miguel Rocha, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845) (5): Volkswagen "Pão de forma"

Guiné 61/74 - P22235: Parabéns a você (1967): Fernando Andrade Sousa, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 e CCAÇ 6 (Buba e Bedanda, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22229: Parabéns a você (1966): António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74)