terça-feira, 18 de julho de 2023

Guiné 61/74 – P24485: (Ex)citações (428): Restos de uma saudade que se definha no tempo e onde a passagem pela Guiné deixou também as sua marcas. De uma juventude saudável a um envelhecer agridoce (José Saúde)

1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

Restos de uma saudade que se definha no tempo e onde a passagem pela Guiné deixou também as sua marcas

De uma juventude saudável a um envelhecer agridoce

Porra! Desculpem-me camaradas por esta dicotomia de palavreado porque sou cidadão do Baixo Alentejo, natural da freguesia de Aldeia Nova de São Bento e oriundo de famílias humildes. Gentes que, modestamente, souberam laborar, com precisão, o” pão que o diabo amassou”. Não foram pessoas letradas, mas gentes que bem souberam, com o seu erudito conhecimento, distinguir “o trigo do joio”.

Com um dujbi a tirar água de poço em pleno mato
Na perceção de um antigo combatente, eu de carne e osso, fui um fruto oriundo de excelentes pomares, estes polvilhados de estrume de animais que me deram vida e que foi ganhando alicerces que me permitiram chegar à idade presente, 72 anos, e ser quem hoje o sou. O meu saudoso pai, Francisco Saúde, foi um dos militares que “guardaram” a fronteira entre Portugal e Espanha no tempo da guerra civil espanhola (1936). Dele, meu pai, recolhi excelentes ensinamentos que guardarei para sempre neste já débil corpinho.

A cédula militar do meu pai, com a sua impressão digital

Estamos em pleno século XXI, onde a voraz notícia se transmite facilmente com os meios tecnológicos de que facilmente cada um de nós dispomos. O tempo de irmos aos correios para contactarmos alguém telefonicamente, e que estava longe, era do tipo em que a telefonista lá colocava uma “cavilha” no seu “painel” telefónico, sendo que ouvir do outro lado da linha alguém, entretanto solicitado, obedecia a um demasiado tempo de espera. Ou enviar um telegrama, ou quando a notícia chegava através de uma telefonia, a pilhas, ou a chegada da televisão a preto e branco. Recordo, desses tempos, ouvir aquela trova do antigo regime quando a guerra rebentou em território angolano e que dizia: “Angola é nossa!”. Ora, eis que anos mais tarde o meu destino militar passou por conhecer uma das antigas províncias ultramarinas.

Hoje, porém, todo esse voraz passado dissipou-se nas auréolas do tempo, sabendo nós o quão difícil fora chegar ao momento presente, onde o poder tecnológico permite examinar o Mundo de uma outra forma pronta, ou seja, de fio a pavio, ou conhecer conteúdos de uma outra guerra, que sabemos que existe, em cima do acontecimento.

Sento-me ao meu computador portátil e lá vou debitando ideias que o meu coração me suscita, um coração que teima em bater, não obstante as delinquências sofridas ao logo da vida, mormente como protagonista de um antigo combatente numa Guiné a ferro e fogo. Sim, porque na verdade a vida, em toda a sua extensão, é uma ligeira passagem por este cosmo terrestre e o nosso final irreversivelmente certo.

Longe vão os tempos em que a “máquina” humana correspondia na sua totalidade. Agora… “emperrou”

Presentemente, a minha “máquina” acusa irreparáveis falhas que o tempo jamais recuperará, dado que as peças incriminam desgaste, o que é normal, e não usufruírem do deleite de uma retificação, ou da sua oportuna substituição. A tal “máquina” que sempre correspondeu aos meus imperecíveis desejos, mesmo quando fui um dos muitos camaradas da guerrilha em território guineense. Aquela velha “máquina” humana jamais recuou perante as adversidades surgidas. Ficaram as imagens que detenho e que viajarão comigo para a perpetuidade.

De uma juventude saudável a um envelhecer agridoce tudo foi rápido. Mas, fica para a história a nossa passagem por este planeta de onde colhemos excelentes momentos, sendo que existiram ainda outros piores, sendo o caso específico, e em particular, alguns dos instantes constatados na guerra de além-mar. Tudo, no fundo, fez parte das nossas vivências. Regressámos a solo lusitano vivos e sãos, sendo que os nossos corpos regressaram tal como partiram. Outros, infelizmente, não poderão partilhar da mesma filosofia de uma vida.

Pessoalmente parti, muito novo, da minha aldeia, Beja recebeu-me e conheci a algazarra de uma Lisboa deveras eletrizante. Nasci, após o fim da 2ª Guerra Mundial, à beira das searas e de um campo essencialmente marcado pelo prisma do literalmente saudável. Pelas ruas da minha aldeia, umas empedradas outras em terra batida, delineei os meus primeiros passos de vida. Vi mulheres com xailes pretos a tapar-lhes o rosto e parte do corpo, ou conterrâneas cujos xailes tinham um preceito que anunciava a presença de um filho na guerra colonial, os ranchos de homens que aos domingos percorriam o povoado parando às portas das tabernas e lá seguia o voluntário a caminho do taberneiro a comprar uma garrafa de vinho, trazendo consigo um copo por onde todos bebiam, enquanto os outros lá se lançavam em mais uma moda.

Assisti, ainda, ao abrir de valas cujas canalizações tinha como efeito que água canalizada chegasse a casa de quem o quisesse, ou a ida à bica comunitária situada no rossio, ou ao poço lobo. Recordo, com nostalgia, o tempo das matanças do porco. Da construção do depósito da água. O barulho de uma carroça, puxada por animais, a deslocar-se sobre as ruas empedradas. As aleluias com os moços, sempre em correria, andarem de loja em loja em busca de rebuçados, ou figos, de entre tantas outras brincadeiras de criança. Das profissões de então, sendo muitas delas agrestes. A luta das classes sociais. De homens que deixaram história. Do tempo que eu, com quatro ou cinco anos, fui “abarroado” pelos cães galgos do “Galdrapas” quando ao sair da taberna do meu tio Zé Torrão, rua do Sobral, se atiraram a mim e me “sacaram” uma sande que, entretanto, comia.

Dos jogos de futebol dos rapazes e do jogo do ringue das moças. O saltar aos “aviões”, do pau da lua ou do eixo. Memórias, embora sintéticas, que nos fazem viajar no tempo e que nos enviam para a nossa juventude. Ou uma ida aos ninhos lá para as bandas do monte do campinho onde o montado imperava e um barranco no qual as mulheres lavavam a roupa, ou uma ida para as califórnias, uma zona onde havia figos de qualidade. Beber água do poço do “tio” Matias e com a rapaziada exausta pelo calor que se sentia. Poço do “tio” Matias que ao lado tinha um forno onde se coziam os tijolos.

Da feira anual de setembro, 1, 2 e 3, na minha aldeia, e das romarias que nos enchiam de prazer e orgulho. A Festa das Santas Cruzes é disso um exemplo óbvio. O dia de São Sebastião, 20 de janeiro, a sua procissão e a venda de ramos de laranjas. E tão bem que o nosso João Lucas o fazia.

Saudades de um tempo que se definhou enquanto o “diabo” esfregou os olhos. Do Bairro Alto ao Algés, nas baixas, passando pela malta da rua da Atafona, do Rossio, do Bairrinho, do Rabo Toureiro, de entre muitos outros, todas essas “guerrilhas” futebolísticas amigáveis o tempo queimou. Ou, dos jovens que partiam para a guerra do Ultramar e o presumível “luto” de ausência que os pais e irmãos assumiam.

Hoje, encostado, não a um cajado, mas a uma bengala, lá vou prosseguindo o meu viver, “queimando” as pestanas dos meus olhos, tendo como finalidade deixar memórias para as gerações presentes e futuras poderem observar desde que o interesse lhes desperte a atenção. Testemunhos também de uma Guiné onde fui mais um dos camaradas que se depararam com tal conflito.

O meu AVC que leva praticamente 17 anos de “convívio” com a minha pessoa e que data a 27 de julho de 2006, uma madrugada que nunca esquecerei, não me derrubou, pelo contrário deu-me ganas que me trouxeram eloquentes prazeres.

Comandando uma coluna que se dirigia a Bafatá

Um dia partirei para um outro mundo, ficando, porém, a certeza que repousarei para a eternidade na terra que me viu nascer: Aldeia Nova de São Bento. Restos de uma saudade que se definha no tempo, ou seja, de uma juventude saudável a um envelhecer agridoce, sabendo, no entanto, que naquele recanto lá descansam camaradas e amigos infância, da minha geração, que perderam a vida nas então três frentes da guerra colonial.

Ficará, porém, no meu cardápio uma passagem pela guerrilha na Guiné, território onde conheci o quão difícil fora assumir um conflito onde os poderes das armas impunham, obviamente, respeito. Mas, jamais me sairá da minha memória a despedida dos jovens mancebos que eram enviados para as frentes de guerra. Na minha aldeia, a exemplo daquilo que passava em quase todo o nosso território, era comum as famílias e amigos se juntarem para prestarem ânimo a quem partia. Ou, os regressos daqueles que chegavam aparentemente bons de saúde, ou daqueles que faziam essa viagem de regresso, mas “embrulhados” em quatro tábuas de madeira.

Retratos de uma vida que ficarão eternamente no meu mero historial! 

Abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série de 5 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 – P24367: (Ex)citações (427): Retratos de existências em tempos de conflito armado. O existencialismo humano (José Saúde)

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24484: Notas de leitura (1598): "Memórias Duma Vivência em Ambiente de Guerra", por José Inácio Sobrinho; Edição de Autor, 2019 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Março de 2022:

Queridos amigos,
O José Inácio Sobrinho partiu no final de 1955 para Macau e até 1975 andou por Cabinda, Bedanda, Bolama e depois teve duas comissões em Angola, no Leste e no Norte. A caminho dos 90 anos, abraçado anda à causa ambiental, como aqui se refere, deixa-nos um punhado de memórias, passou dezasseis meses em Bedanda, não teve dificuldade em perceber que cabo-verdiano não ligava muito bem com guineense, via-se à légua a exploração na compra dos balaios de arroz e guarda silêncio sobre as suas operações. Bem interessante é o que nos diz de Macau e de especificidade de Cabinda. Bom seria se tivéssemos o José Inácio Sobrinho na nossa tabanca, é um papa-léguas que deve ter malhado das boas no Sul da Guiné.

Um abraço do
Mário



Memórias de José Inácio Sobrinho, militar que andou por Macau, Cabinda, Bedanda, Bolama e Angola, é agora um octogenário ambientalista

Mário Beja Santos

É uma edição de autor, com data de 2019, José Inácio Sobrinho começa assim: “Vim ao mundo no dia 14 de dezembro de 1933, na aldeia do Casal da Areia, freguesia de Salir de Matos, concelho de Caldas da Rainha. Aos cinco anos de idade fui para a escola, de onde saí aos nove, para ajudar os meus pais com nas tarefas do campo. Como quase todos os jovens saudáveis do meu tempo, aos vinte anos fui para a tropa. Aí, desejoso de conhecer outras paragens, aceitei um convite para prestar serviço militar em Macau”. Embarca em finais de 1955 a bordo do Quanza, rumo ao Mediterrâneo, o Coronel Nasser fazia finca-pé para nacionalizar o Canal do Suez, numa atmosfera quase de guerra atravessaram o canal, depois o Mar Vermelho, depois Goa, aportam em Mormugão, depois Singapura, chegam a Macau no início de fevereiro. Era monitor nas alas regimentais, os seus instruendos vinham de Moçambique: Landins, Macuas e Macondes; esteve dezoito meses na ilha de Coloane, foi depois transferido para a Fortaleza do Monte, em Macau, matriculou-se no Liceu Infante D. Henrique, concluiu em 1961 o curso geral dos liceus. Faz o seguinte comentário: “A impressão que trouxe sobre os chineses é de que são um povo trabalhador, pacífico e pragmático. Cada um zela pelos seus interesses, faz a sua vidinha, deixa os outros em paz e não vive à custa do alheio. As numerosas comunidades chinesas espalhadas pelo mundo dão disto um testemunho. Têm, no entanto, quanto a mim, um pequeno senão: viciam-se no jogo muito facilmente”.

Na viagem de regresso já se pressentia a invasão indiana, visita o Vale dos Reis no Egito, vem a bordo do navio Índia. A 13 de julho de 1962, oito meses depois de ter regressado de Macau, embarca com destino a Cabinda, colocado no BCaç 248, não resiste em contar ao leitor o Tratado de Simulambuco, a importância que ele tem para os cabindas, ainda hoje, não se cansa de exaltar as belezas da Floresta do Maiombe. Regressa a Lisboa no dia de Natal de 1963, casa e passado pouco tempo é enviado para a Guiné, para Bedanda, onde passou seis meses, não esqueceu as casas comerciais, as trocas em que a moeda era o balaio de arroz. “As casas comerciais recebiam o arroz e em troca forneciam panos e outros bens de primeira necessidade. De vez em quando vinha uma ordem para destruirmos as tabancas daqueles que estavam autorizados a fazer comércio connosco. E de vez em quando, estupidamente, lá iam uns quantos para o galheiro”.

Tece a seguinte observação: “Encontramos numa povoação panfletos em que ele [Amílcar Cabral] recomendava aos seus guerrilheiros que se capturassem algum soldado português não o maltratassem, referindo que também os soldados portugueses eram vítimas da política colonial portuguesa, o que demonstrava ser credor de alguma humanidade. Só quem desconhecia em absoluto a realidade da Guiné é que poderia acreditar que seria possível o estabelecimento de um Estado que englobasse a Guiné e Cabo Verde, visto a animosidade patente que os guineenses nutriam para com os cabo-verdianos, por estes já ocuparem, desde há muito tempo, grande parte dos postos na Administração local e não só. Era como se trocassem um colonizador por outro”.

Permaneceu dezasseis meses em Bedanda, foi transferido para Bolama, e ficou-se por aqui quanto a comentários guineenses. Regressa a Portugal em agosto de 1967, um ano e pouco depois foi de novo mobilizado para a Angola, fazendo parte do BCaç 2878, foram-lhe atribuídas funções que lhe permitiam o acesso a documentação sobre a evolução da guerrilha no Leste de Angola, e deixa cair a seguinte observação: “Se tentarmos fazer uma comparação com a situação que se vivia naquela zona (Huambo) com a da Guiné, era como compararmos o paraíso ao inferno”. Descreve a vida quotidiana no Luso (hoje Huambo), dá conta da importância da linha de caminho de ferro de Benguela e dá-nos um quadro dos movimentos de libertação angolanos em atividade; fará nova comissão no norte de Angola de 1973 a 1975, encontra um Portugal diferente, era 1.º Sargento e foi nomeado para frequentar o curso de promoção oficial, na Escola Central de Sargentos, ali também se viviam as tensões do PREC.
José Inácio Sobrinho na atualidade, imagem retirada do Jornal Gazeta das Caldas, com a devida vénia

É um octogenário sem parança. Agora está ligado à causa ambiental, veja-se a informação que encontrei na internet:

Chamo-me José Inácio Sobrinho, resido em Salir de Matos, concelho de Caldas da Rainha. Tenho a bonita idade de 86 anos, sou militar na situação de reforma e tenho como hobby a pintura.
Fui nado e criado no campo, em contacto com a natureza, o que, desde muito cedo, me despertou o interesse pelo conhecimento da fauna e flora. Já com idade avançada, tive contacto com o amieiro do Patalugo, espécie que desconhecia, por este ser um exemplar único na zona. Soube então da existência de testemunhos orais, passados através de sucessivas gerações, que aquele amieiro tinha ali sido plantado pelos Frades de Alcobaça, ao tempo em que aquelas terras lhes pertenciam. Dei, então, conhecimento destes factos ao Instituto de Conservação da Natureza que classificou esta árvore como sendo de interesse público.

Amieiro

Amieiro do Patalugo

O “Amieiro do Patalugo” é uma árvore centenária classificado como “árvore de utilidade publica a nível nacional”, situada no Patalugo, na freguesia de Salir de Matos. Tem um porte de 16 metros de altura e um diâmetro médio de copa de cerca de 15 metros. No início, o “Amieiro do Patalugo” era único e não dava rebentos, possivelmente pelo seu isolamento a outras árvores da mesma espécie, verificando-se que as suas sementes eram estéreis. Entusiasta com esta árvore, adquiri dois novos e jovens amieiros, e plantei-os junto do grande “Amieiro do Patalugo”. Desde então, as sementes deixaram de ser estéreis, e todos os anos crescem novos amieiros espontâneos.

Tive o primeiro contacto com a Associação Pato em princípios da década de 1990, quando denunciei o extermínio da rola comum e perdiz vermelha, na região, levado a cabo por caçadores.

No 30.º aniversário da Associação PATO, a 21 de outubro de 2018, tive o privilégio de participar nas suas comemorações e de ser convidado a levar um pequeno rebento do “Amieiro do Patalugo”, para ser plantado no Paul de Tornada, como ato simbólico por sócios e amigos que se juntaram neste dia tão especial!

Depois dessa data, com muito gosto, doei um conjunto de quadros da minha autoria, que ilustram a avifauna natural da nossa região. Estes quadros, expostos no Centro Ecológico e Educativo do Paul de Tornada (CEEPT), permitem ser utilizados como ferramenta de educação ambiental. Mantenho uma proximidade com os representantes da Associação PATO, mantendo-me participativo nas diferentes ações de voluntariado propostas pela Associação, como as plantações de árvores e remoção de espécies invasoras.

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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24476: Notas de leitura (1597): Histórias dos “Boinas Negras”, por Jorge Martins Barbosa; Fronteira do Caos Editores, 2018 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24483: In Memoriam (482): Notícia do falecimento de um dos filhos do nosso camarada Eduardo Moutinho Santos, o Jaime, com 56 anos de idade. Cerimónias fúnebres, amanhã, dia 18 de Julho, pelas 15 horas, no Centro Funerário-Crematório da Lapa (Igreja), Rua de São Brás - Porto


1. SMS do nosso camarada Eduardo Moutinho Santos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2366, Jolmete e Quinhámel, e ex-Cap Mil Grad, CMDT da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, chegada há poucos minutos ao telemóvel do coeditor CV:

Amigo(a).
A cerimónia do funeral do meu filho Jaime é às 15,00 horas de amanhã - 18/07/2023 no Centro Funerário - Crematório da Lapa (Igreja), na Rua de São Brás, 1, no Porto.
Velório entre as 10,30 e as 15,00 horas.

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Notas de CV

1 - Já ontem, domingo, o nosso camarada José Teixeira nos havia mandado a seguinte SMS:

Bom dia amigos.
Lamento informar que faleceu um filho do Capitão Moutinho Santos. Tinha 52 anos. Teve uma paragem cardíaca.
Quando tiver mais notícias, informo.

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2 - Perante tão grande dor, como esta, a da perda de um filho, não temos palavras para confortar o nosso amigo Eduardo Moutinho Santos, a sua esposa e o outro filho do casal, apenas podemos deixar o nosso abraço solidário e a certeza de que estamos com eles nesta hora dramática.
Para os demais familiares, as nossas sentidas condolências.

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24456: In Memoriam (481): Licínio Monteiro Cabral (Lamego, 1948 - Porto, 2022), ex-fur mil op esp, MA, CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72)

Guiné 61/74 - P24482: Antologia (90): "A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau", por Tor Sellström (2008). Excertos: o caso da ajuda ao PAIGC – Parte I


Mapa da Suécia (Fonte: Tor Sellström - A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, 2008,  pág, 8) (com a devida vénia)


Fonte: Tor Sellström - A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, 2008, pág, 277) (com a devida vénia)


1. A Suécia  (membro da União Europeia, desde 1995 e hoje também nosso parceiro da NATO) foi  um parceiro importante do PAIGC durante a guerra colonial, e em especial durante o período final (e decisivo) de 1969-74. 

Foi o primeiro país ocidental a prestar ajuda não-militar, humanitária, aos movimentos nacionalistas que, em Angola, Guiné e Moçambique, lutavam pela independência dos seus países, respetivamente MPLA, PAIGC e FRELIMO.  E quebrou com a doutrina (ocidental) de os classificar como movimentos "terroristas" e/ou "comunistas".

A ajuda oficial sueca, iniciada em 1969, não foi uma decisão unilateral do partido que estava então no poder, o social-democrata (dirigido por Olof Palm, 1927-1986),  foi também compartilhada por outros partidos com representação parlamentar, como o partido Liberal e o partido do Centro, por exemplo.

A Suécia foi,  além disso,  um dos três maiores assistentes económicos do novo país lusófono, a Guiné-Bissau, desde a independência até ao ano económico de 1994/95.

Na sua série “Da Suécia com saudade”, o nosso amigo e camarada José Belo já aqui abordou, há uns anos, e ao longo de vários postes, esta ajuda ao PAIGC e depois à Guiné-Bissau:

(…) Com um início modesto em 1969, o governo sueco acabaria por enviar para o PAIGC,  durante a guerra, um total de 53,5 milhöes de coroas suecas (ao valor actual). [cerca de 5, 8 milhões de euros; 1 euro = 9,2761 SEK, à taxa de câmbio em 31/10/2014].

Assistência que, em crescendo rápido, acabou por vir a financiar a maioria das atividades näo militares do PAIGC, salientando-se o sector alimentar, transportes, educação e saúde.

A isto somavam-se vastos e constantes fornecimentos para as chamadas "Lojas do Povo".

Posteriormente à independência, a Guiné-Bissau foi o único país da África Ocidental a ser incluída nos denominados países programados para a distribuição da assistência sueca ao desenvolvimento.

Com resultados muito díspares(!), a assistência total à Guiné independente, durante o período de 1974/75-1994/95,  foi de 2,5 mil milhões (!) de coroas suecas [c. 269,5 milhões de euros], colocando então a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos do país. (…) (*)

Alguns dos nossos leitores terão curiosidade em saber como é que um pequeno partido revolucionário (o PAIGC) de um pequeno país de África, a Guiné (então colónia portuguesa com cerca de meio milhão de habitantes) caiu nas boas graças dos suecos… Tor Sellström, num texto de 290 páginas, publicado em português, em 2008, conta-nos essa história, uma história que interessa, pelo menos, aos suecos, aos portugueses e aos guineenses... Vamos segui-lo, reproduzindo alguns excertos do seu livro e chamando igualmente a atenção para alguns factos e dados que merecem a nossa contestação ou reparo crítico, quando o autor não cita fontes independentes ou se limita a replicar a propaganda do PAIGC.

O texto, de 290 páginas, tem muitas, demasiadas,  notas de pé de página, úteis  (do ponto de vista documental) mas maçadoras, que o leitor poderá dispensar ou apenas ler na diagonal.. Em todo o caso, mantivemo-las. Os negritos são nossos: ajudam a destacar alguns dos pontos importantes da narrativa.  O "bold" a vermelho são passagens controversas, que devem merecer um comentário crítico da nossa parte. Corrigimos os excertos seguindo o Acordo Ortográfico em vigor.

Para já aqui ficam os nossos agradecimentos ao autor e ao editor, Nordiska Afrikainstitutekl (em inglês, The Nordic Africa Institute).

Contamos com os comentários do nosso amigo e camarada José Belo, ex-cap inf ref, que vive na Suécia há mais de quatro décadas, e que poderá, com os seus comentários críticos e esclarecimentos adicionais, ajudar-nos a entender melhor este documento.

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Ficha ténica: 

Tor Sellström - A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Nordiska Afrikainstitutekl, Uppsala, 2008, 290 pp. Tradução: Júlio Monteiros. Revisão: António Lourenço e Dulce Åberg. Impresso na Suécia por Bulls Graphic, Halmstad 2008ISBN 978–91–7106–612–1.

Disponível em https://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:275247/FULLTEXT01.pdf

(Também disponível na biblioteca Nordiska Afrikainstitutekl (ou Instituto Nórdico de Estudos Africanos) aqui, em "open acess" .)

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Tor Sellström - A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau: o caso da ajuda ao PAIGC – Parte I

 Excerto do índice (pág. 4)

O PAIGC da Guiné-Bissau: Desbravar terreno

Pág.

As colónias portuguesas no centro das atenções

138

A luta de libertação na Guiné-Bissau

141

Primeiros contactos

144

Caminho para o apoio oficial ao PAIGC

147

Uma rutura decisiva

152

Necessidades civis e respostas suecas

154

Definição de ajuda humanitária

157

Amílcar Cabral e a ajuda sueca

161

A independência e para além dela

168

 

Prólogo (pp. 11-12)

Durante a guerra fria o mundo ocidental em geral considerava os movimentos nacionais de libertação na Guiné-Bissau e na África Austral como ”terroristas” e/ou ”comunistas”. A Suécia, que pertencia aos países não-alinhados constituiu uma exceção, tendo sido seguida posteriormente pelos outros países nórdicos.

Com base numa decisão parlamentar aprovada por uma larga maioria, a Suécia tornou-se em 1969 o primeiro país do Ocidente a dar ajuda oficial aos movimentos nacionalistas, os quais, depois de uma prolongada luta armada contra o poder colonial português, o governo de minoria branca e o apartheid, sairiam vencedores e tornar-se-iam os partidos no poder.

O presente volume sobre a Suécia e a luta de libertação em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau baseia-se no estudo do autor ”A Suécia e a libertação nacional na África Austral”, publicado em dois volumes pelo Instituto Nórdico de Estudos Africanos, respetivamente em 1999 e 2002.

A edição original em inglês contém longas exposições sobre o Zimbabué, Namíbia e África do Sul, não incluídas nesta versão. A esta, seguiu-se um volume com entrevistas a proeminentes políticos africanos e suecos, formadores de opinião e funcionários públicos, intitulado ”Libertação na África Austral: Vozes regionais e suecas”.

Depois da publicação da edição original inglesa houve quem argumentasse a favor de uma tradução para português dos capítulos que tratavam do surgimento de uma opinião sueca e da ajuda à luta de libertação de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Muito embora com alguns anos de demora, é com satisfação que agora posso ver essa obra realizada.

Como autor, é minha esperança que com este livro se dê a conhecer as relações estreitas entre a Suécia e esses países e que essas relações possam ser difundidas a um maior público quer em África quer na antiga potência colonial, Portugal.

Dever-se-á aqui salientar, em primeiro lugar, que a minha exposição tem como foco a ajuda oficial sueca, ou seja, o apoio dado pelo governo sueco ao MPLA, à FRELIMO e ao PAIGC durante o período que decorreu entre 1969 e 1975. Em segundo lugar, que esta é uma obra constituída por extratos retirados da edição original, mais abrangente, em dois volumes. Algumas descrições contextuais, argumentações e comparações foram por isso excluídas.

Este volume não teria vindo a lume sem a ajuda de António Lourenço, amigo e colega do Instituto Nórdico de Estudos Africanos em Uppsala, cuja vida esteve relacionada de perto com o período histórico aqui discutido que, embora curto, teve repercussões não só em África mas também em Portugal e na Suécia. Mais do que ninguém, ele assumiu a responsabilidade pelo texto que a seguir se apresenta.

Tor Sellström

Durban, Agosto de 2007

 

O PAIGC da Guiné-Bissau: Desbravar terreno 

(pp. 138-172) 

As colónias portuguesas no centro das atenções 

(pp. 138-141)


A situação na África do Sul, onde vigorava o apartheid, dominou o debate na Suécia sobre a África Austral na primeira metade da década de sessenta. Eduardo Mondlane, presidente da FRELIMO de Moçambique, na sua segunda visita à Suécia realizada em setembro de 1965, criticou abertamente o emergente movimento de solidariedade por, no seu entender, se concentrar quase exclusivamente na África do Sul, dizendo que “é uma ilusão acreditar que o problema da África do Sul nada tem a ver com o dos territórios portugueses de Angola e Moçambique ou com a Rodésia do Sul, e que pode ser resolvido sem que estes territórios sejam libertados. É desejável que o movimento na Suécia em prol da África do Sul inclua também os territórios em questão” (1).

Muito devido às críticas de Mondlane,  a situação mudou muito nos finais da década de sessenta. No início de 1966 o Comité de Lund para a África do Sul decidiu,  ”após muita ponderação”,  que o seu boletim informativo, o Syd- och Sydvästafrika passaria, doravante, a cobrir a situação ”nos outros países da África Austral”. Explicava-se então que ”os seus problemas têm um vínculo claro com a situação na África do Sul”. Marcava-se assim o início de uma cobertura cada vez mais intensa das lutas de libertação nas colónias portuguesas, deixando para segundo plano a situação na África do Sul e na Namíbia.

O êxito da campanha contra a participação da empresa sueca ASEA no projeto de Cahora Bassa em Moçambique, por volta de 1968–69, na altura em que decorria a guerra do Vietname, levou a que o movimento se ocupasse quase em exclusivo da luta armada nas colónias portuguesas (2).

Em junho de 1971, aquando de uma conferência dos primeiros Grupos de África, oriundos de Arvika, Gotemburgo, Lund, Estocolmo e Uppsala, decidiu-se ”concentrar a propaganda nas colónias portuguesas” (3).

No ano seguinte, o Södra Afrika Informationsbulletin (sucessor do Syd- och Sydvästafrika), dirigido e publicado pelos Grupos de África, afirmava como seu principal objetivo a divulgação ”de informação sobre a atualidade da luta em Angola, na Guiné-Bissau e em Moçambique; do desenrolar da situação em Portugal; dos interesses suecos em Portugal e em África e do papel do imperialismo dos EUA em África” (4).

Algumas das principais editoras suecas publicaram na mesma altura livros dedicados à questão das colónias portuguesas. Num estudo sobre as lutas de libertação na África Austral, Gun-Britt Andersson dizia em 1973 que ”na Suécia tem sido muitas vezes mais fácil obter informações sobre as colónias portuguesas do que sobre a África do Sul” (5),

A alteração da situação na África do Sul foi a responsável pela mudança de direção. O regime do apartheid tinha, na prática e de facto, esmagado a oposição democrática no interior da África do Sul e os movimentos de luta nacionalista da Namíbia e do Zimbabué eram ainda incipientes, mas os movimentos de libertação em Angola e Moçambique tinham, por volta dos anos 60, conseguido afirmar a sua presença, de forma precária mas real. Ao opor-se à ditadura fascista do Portugal de Salazar e recebendo um apoio inequívoco da Declaração da Descolonização, publicada pelas Nações Unidas em 1960, estes movimentos viram aumentar a atenção internacional dada às suas causas durante a segunda metade da década de sessenta. As Nações Unidas apelavam repetidamente aos seus estados-membros para que aumentassem a assistência aos povos das colónias portuguesas e, na sua estratégia de libertação, a Organização de Unidade Africana deu prioridade a esses territórios, considerando-os como os elos mais fracos na corrente do domínio colonial e de minoria branca (6).

Na Suécia, as primeiras moções parlamentares em que se propunha apoio oficial às organizações africanas de libertação surgiram a partir de 1967, a favor dos movimentos das colónias portuguesas (7). Assim que a política de assistência oficial foi aprovada pelo parlamento sueco em 1969, a quase totalidade dos recursos foi dedicada aos movimentos da África portuguesa, situação que se manteve até meados dos anos setenta.

Dos 67,5 milhões de coroas suecas concedidas como apoio humanitário direto aos movimentos de libertação da África Austral e ao PAIGC durante o ano fiscal de 1969–70  (8) a 1974–75, 64,5 milhões, ou seja, uns esmagadores 96 por cento, foram canalizados para o MPLA de Angola, a FRELIMO de Moçambique, o PAIGC da Guiné-Bissau e Cabo Verde (9). Nesse mesmo período, o ANC da África do Sul, a SWAPO da Namíbia e a ZANU e ZAPU do Zimbabué receberam, juntos, apenas 3 milhões de coroas (10).

Na verdade, o apoio a este último grupo foi, a princípio, visto como um contrapeso político à concentração nas colónias portuguesas, motivado pela necessidade que se sentiu de aumentar a credibilidade internacional da política geral sueca relativamente aos movimentos de libertação. Ao avaliar os dois primeiros anos da nova política, o Departamento de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento do Ministério dos Negócios Estrangeiros concluiu, em setembro de 1971, que ”o destaque dado aos territórios portugueses deve ser mantido”. Declarava também o seguinte:  “O apoio simbólico concedido aos movimentos de menor dimensão da parte austral do continente deve também ser prosseguido, por razões humanitárias e morais, mas também políticas, uma vez que o apoio mostra que a Suécia não segue uma via anti-portuguesa, mas sim um caminho de apoio à libertação (11).

A partir de finais da década de sessenta, e até à queda do regime de Lisboa em Abril de 1974, e posterior independência de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, tanto o governo quanto o movimento de solidariedade suecos concentraram os seus esforços nos movimentos de libertação das colónias portuguesas (12).

 A luta travada pelo PAIGC, Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde, e a destreza política e envergadura do seu secretário geral, Amílcar Cabral, tiveram um enorme impacto. A futura e importante participação nos movimentos de libertação da África Austral, com os quais já existia um relacionamento estreito, foi em grande medida norteada pelo encontro com a luta num pequeno país da África Ocidental, que antes de 1969 era praticamente desconhecido.

(Continua)

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Notas do autor:

(1) Mondlane em Dagens Nyheter, 17 de setembro de 1965.

(2) Sören Lindh, destacado dirigente dos Grupos de África, diria mais tarde: ”demos prioridade à luta armada nas colónias portuguesas. [...] Isso também implicou não atender exigências de reconhecimento de uma ou outra organização de outras áreas apesar de, obviamente, estarmos solidários com a sua luta” (Entrevista a Sören Lindh, p. 305).

(3) Os Grupos de África na Suécia: ”Circular nº. 4”, sem indicação de lugar, 23 de setembro de 1971 (AGA). Os Grupos de África começaram, a partir de Outubro de 1970, a enviar circulares em inglês, descrevendo as suas atividades, para os gabinetes dos movimentos de libertação e organizações de solidariedade com intuitos solidários, sobretudo as baseadas na Europa. Estas cartas de informação, nas quais se incluíam comentários sobre a assistência oficial dada pela Suécia aos movimentos de libertação, foram até 1977 escritas ad-hoc. A partir de meados de1984 começou a ser publicado o Scandinavian Newsletter on Southern Africa (”Boletim Escandinavo sobre a África Austral”), uma publicação mais formal e ambiciosa, na qual era dada informação genérica sobre as relações entre a Dinamarca, a Noruega, a Suécia e a África Austral, mas incidindo sobretudo no tema das sanções contra a África do Sul.

(4)   Södra Afrika Informationsbulletin, nº. 15–16 de maio de 1972, p. 2. Os Grupos de África publicaram em janeiro de 1972 um livro sobre as lutas de libertação em África, quase exclusivamente dedicado às colónias portuguesas. Um pequeno capítulo desse livro era dedicado à África do Sul (criticando o ANC) mas não se discutia, por exemplo, a situação no Zimbabué (AGIS: Afrika: Imperialism och befrielsekamp/”África: Imperialismo e luta de libertação”, Lund). Numa reflexão sobre os acontecimentos em África e a mudança de perspetiva dos Grupos de África após a independência de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, a AGIS publicou um livro em agosto de 1977, intitulado Befrielsekampen i Afrika (”A luta de libertação em África”, Estocolmo). Foi uma obra escrita por vários membros do grupo, liderado por Mai Palmberg, e que incluía capítulos sobre a Namíbia e o Zimbabué. Em 1983 foi publicada uma versão revista, em língua inglesa (Mai Palmberg (ed.): The Struggle for Africa, Zed Press, Londres).

(5) Gun-Britt Andersson: Befrielse i södra Afrika (”Libertação na África Austral”), Världspolitikens Dagsfrågor, nº 3, 1973, Utrikespolitiska Institutet, Estocolmo, 1973, p. 33. Na qualidade de secretária de estado dos Negócios Estrangeiros, Andersson liderou a delegação sueca às Nações Unidas/OUA para a conferência de Oslo sobre a África Austral, realizada em abril de 1973. Desempenhou vários cargos na ASDI (Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional) e na SAREC (Agência Sueca para a Cooperação com os Países em Vias de Desenvolvimento na Área da Investigação Científica), foi representante da ASDI na Tanzânia entre 1983 e 1984. Em 1994 foi nomeada subsecretária de estado dos Assuntos Sociais e, em 1999, subsecretária de estado dos Negócios Estrangeiros, com a pasta da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.

(6) A chamada ”estratégia do dominó” foi delineada numa reunião do Comité da OUA para a Libertação, realizada em Dar es Salaam em junho de 1964. De acordo com essa perspetiva, centrada numa análise da força dos regimes coloniais e brancos, o apoio da OUA (e consequentemente, o apoio internacional) deveria incidir em primeiro lugar na luta das colónias portuguesas e, depois, no Zimbabué, na Namíbia e, por fim, na África do Sul. Numa cadeia de acontecimentos em dominó, a libertação de um país reforçaria (em princípio) o processo de independência dos outros países. Não constituirá surpresa constatar que o ANC da África do Sul, a quem era dada uma menor prioridade, criticou a estratégia da OUA, declarando ”opor-se à teoria estratégica segundo a qual a intensificação da luta na África do Sul deverá acontecer na sequência da libertação da Rodésia do Sul, de Moçambique e de Angola. Privar o movimento de libertação da África do Sul de assistência, fazendo-a depender da libertação de outros territórios é, na nossa opinião, fazer o jogo da ”aliança ímpia” entre a África do Sul, a Rodésia e Portugal” (citação em Thomas op. cit., pp. 92–93). 

Apesar disso, a libertação de facto da África Austral seguiu o esquema em dominó, delineado pela OUA.

(7) Foi o Partido de Esquerda Comunista quem apresentou as primeiras moções ao parlamento, advogando a concessão de assistência oficial por parte da Suécia aos movimentos de libertação nas colónias portuguesas. Em janeiro de 1967, Lars Werner, futuro líder do partido, acompanhado de outros membros do ainda chamado Partido Comunista da Suécia, apresentou uma moção a favor da FRELIMO de Moçambique, que foi rejeitada pela Comissão Permanente para os Negócios Estrangeiros. Werner, acompanhado por C.H. Hermansson, presidente do agora chamado Partido de Esquerda Comunista, voltou a apresentar a moção em janeiro de 1968. Desta feita, a moção pretendia conceder apoio ”ao movimento de libertação das colónias portuguesas através do CONCP”, ou seja, a aliança entre a FRELIMO, o MPLA e o PAIGC (Parlamento sueco, 1968: Moção nº 507 na Câmara Segunda (Werner) e Moção nº 633 na Câmara Primeira (Hermansson e outros), Riksdagens Protokoll, 1968, pp. 12 e 1 a 3). 

Esta iniciativa foi, também ela, rejeitada pela maioria parlamentar mas, um ano depois, moções similares apresentadas pelo Partido Social Democrata (no poder) e pelo Partido de Esquerda Comunista (na oposição), pelo Partido do Centro e pelo Partido Liberal, mereceram apoio, preparando o terreno para a histórica decisão tomada em 1969 pela Comissão Permanente das Dotações.

(8) Durante o período abrangido pelo presente estudo, o ano fiscal na Suécia começava a 1 de julho e terminava a 30 de junho.

(9) Consulte as tabelas em anexo relativas às transferências de capitais da ASDI para os movimentos de libertação da África Austral e para o PAIGC (Vd. Anexos, pp. 275 e ss.)

(10) Na Suécia, foram os intelectuais e os jornais liberais quem primeiro fez ouvir a sua voz contra a África do Sul do apartheid. É de assinalar que também foi o Partido do Centro e o Partido Liberal, na oposição, quem primeiro pediu que fosse concedido apoio financeiro direto e oficial ao ANC, à SWAPO, à ZANU e à ZAPU. Esse pedido foi apresentado pela primeira vez no parlamento sueco em janeiro de 1969, ou seja, antes dessa política ter sido oficialmente endossada. Os líderes do Partido do Centro, Gunnar Hedlund e do Partido Liberal, Sven Wedén, apresentaram uma moção conjunta ao parlamento sueco, em prol dos movimentos na África Austral ”que lutam por justiça social e económica. São dignos de especial nota, neste contexto, os movimentos que operam na Rodésia, Moçambique, Angola, Guiné portuguesa, Namíbia e África do Sul” (Parlamento sueco 1969: Moção nº 511 na Câmara Segunda, Riksdagens Protokoll 1969, p. 16). Moções do mesmo teor foram apresentadas em 1970 e em 1971 pelos partidos ”do centro” não-socialistas e, em janeiro de 1972, os novos líderes do Partido Centro e do Partido Liberal, respetivamente Thorbjörn Fälldin e Gunnar Helén, voltaram a defender a necessidade de apoiar os movimentos de libertação da África do Sul, Namíbia e Zimbabué. 

No documento que conjuntamente apresentaram ao parlamento, Fälldin e Helén declaravam que estavam ”na generalidade” de acordo com a ajuda dada pela Suécia, maioritariamente destinada aos movimentos de libertação das colónias portuguesas, mas consideravam ser ”urgente” que os movimentos da África do Sul, Namíbia e Zimbabué ”recebam ajuda sueca, apesar de terem tido um sucesso apenas limitado nas suas ações” (Parlamento sueco, 1972, moção nº 934, Riksdagens Protokoll 1972, p. 16).

Em termos gerais, poderia concluir-se que, no início da década de setenta, a esquerda sueca dava prioridade aos movimentos de libertação nas colónias portuguesas, apesar de os partidos de centro não-socialistas estarem a favor de se aumentar o apoio aos nacionalistas da África do Sul, Namíbia e Zimbabué. Tal como foi referido anteriormente, deve constatar- se o facto de o Partido Social Democrata, no poder, não ter tomado a iniciativa parlamentar face a qualquer dos movimentos africanos de libertação apoiados oficialmente pela Suécia.

(11) Ethel Ringborg: Memorandum (”Stöd till befrielserörelser”/”Apoio aos movimentos de libertação”), Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 7 de Setembro de 1971 (MFA). A fazer fé numa nota manuscrita, fica a sensação de que foi escrito como ”informação de base” para o Ministro dos Negócios Estrangeiros, que se fez representar na reunião do Comité Consultivo da Ajuda Humanitária (CCAH), realizada duas semanas depois.

(12) A ajuda oficial, ainda que reduzida, ao ANC (iniciada em 1973), à SWAPO (1970), à ZANU (1969) e à ZAPU (1973) antecedeu o reconhecimento, dado a esses movimentos pelos AGIS entre três e seis anos depois.

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G  Com a devida ao autor e à editora.]  

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Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)...  à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

(**) Último poste da série > 11 de maio de  2023 > Guiné 61/74 - P24306: Antologia (89): Cabo Verde, "refém de uma história contada" (Expresso das Ilhas, 27 de janeiro de 2022)

Guiné 61/74 - P24481: Parabéns a você (2187): Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-Alf Mil Paraquedista da 1.ª CCP / BCP 21 (Angola, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24473: Parabéns a você (2186): António Tavares, ex-Fur Mil SAM da CCS / BCAÇ 2912 (Galomaro, 1970/72)

domingo, 16 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24480: (In)citações (256): Sigamos a andorinha de Candoz (Luís Graça)




Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz >  14 de julho  de 2023  >  A alegria de voltar a ver, reconstruído, o ninho das andorinhas de Candoz... Ninho insólito, construído não num beiral mas à volta da lâmpada do hall exterior ou alpendre de uma das nossas casas, há muito desabitadas...  Há 3 meses, na altura da Páscoa, estava já a ser reconstruído...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz >  8 de abril de  2013, fim de semana da Páscoa > O ninho das andorinhas em reconstrução...  A amarelo sinaliza-se a secção que estava já a ser reconstruida, a partir da lâmpada... Nesse dia, regressei à Lourinhã... E só voltei agora, três meses depois...

Pela entrada em "túnel" (rectàngulo a azul), parece tratar-se de um típico ninho de Andorinha-dáurica (Cecropis daurica)
 

(...) "O planar calmo da andorinha-dáurica, que contrasta com o voo mais agitado das outras andorinhas, transmite uma sensação de tranquilidade. O seu ninho, com um longo túnel de acesso, é muito diferente do das outras andorinhas." (...) "Esta andorinha identifica-se principalmente pelo tom dourado das partes inferiores e do uropígio, que contrastam com o resto da plumagem preta. A cauda é fortemente bifurcada. Distingue-se da andorinha-das-chaminés pelo uropígio dourado e pela ausência de mancha vermelha escura na garganta." (...)

(...) "O interior alentejano é, sem dúvida, a melhor região para observar esta andorinha.n(...) Entre Douro e Minho – pouco frequente nesta região, ocorre em pequenos números na serra da Peneda." (...)


Sobre o ninho das andorinhas, sabe-se que: (i) a sua construção é levada a cabo tanto pela fêmea como pelo macho; (ii) pode demorar até 10 dias a ser construído ou reconstruído ; (iii) tem a forma de uma taça fechada com uma abertura estreita no topo; (iv) é feito com pedaços de lama colados com saliva; e (iv) forrado com palha, ervas, penas ou outros materiais macios...

Na foto acima vê-se, assinalado a azul, o antigo túnel de acesso (o orifício tem de ser estreito para impedir a entrada do "ocupa" que é do pardal-telhado). (***)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz > 23 de Agosto de 2012 > Fotograma de vídeo > Ninho de andorinha, insólito, construído à volta da lâmpada do hall exterior ou alpendre de uma das nossas casas...


Aos 43 segundos vê-se uma andorinha entrar no ninho levando insetos para alimentar as crias, e 10 segundos depois sair para mais uma "caçada" ao redor da Quinta de Candoz, que é rica em insectos... O ninho tinha sido recentemente reconstruído. As andorinhas caçam em círculo, num raio de 500 metros do ninho.

Vídeo (1' 07''): © Luís Graça (2012). Alojado em Luís Graça : You Tube


1. Comentário de Luís Graça ao poste P24475 (*): 

Sigamos a andorinha de Candoz!... 

Hoje já ganhei o dia: ao dar o meu passeio matinal, de muletas (em alternativa ao ginásio que fica parado dez dias), pela terra de Candoz (em socalcos, sempre a subir...), tive a imensa alegria de poder confirmar que as minhas/nossas  andorinhas já têm casa nova!... 

Da última vez que cá estive, no início da Primavera, mal tinham começado a reconstruí-lo, acabadas de chegar do Norte de Africa!...

Quase todos os anos o enorme ninho tem de ser refeito: no alpendre (construído estranhamente à volta do fio, solto, da lâmpada exterior, que terá cerca de 30 cm de comprido) de uma das nossas casas (a do caseiro, sem uso há muito), elas fizeram o seu palácio e maternidade...

No último ano, as crias já crescidas caíram junto com o "soalho"... Ainda fomos a tempo de as salvar... Este ano voltaram e quiseram-nos "agradecer" desta maneira tão "linda"... Confesso que fiquei sensibilizado e "prometi-lhes" fazer um poste para o blogue... Já serão muitas as gerações de andorinhas as nascidas aqui (em mais de 2 dezenas de anos, e considerando que as andorinhas vivem em média 8 anos)...

A andorinha de Candoz é como a fénix renascida... E um exemplo singelo da natureza: nunca se pode desistir porque a vida continua, tem de continuar...

Sigamos o exemplo delas! (**)



2. Há cerca de 12 anos, em setembro de 2011, fiz (e coloquei no blogue) um pequeno vídeo (18'') com um  insólito ninho de andorinha, construído não no beiral do telhado, como era habitual nas andorinhas que conhecia,  mas no alpendre de uma das casas (desabitada há mais de 4 décadas) da nossa Quinta de Candoz....

O vídeo comprovava a existência de uma família de andorinhas que, desde há menos de uma década, vinha (pesumíamos nós) do norte de África "passar as suas férias de verão" e nidificar em Candoz, nas encostas do Douro... 

Sempre tivemos, a família de Candoz, um especial carinho por este ninho e seus habitantes... Nunca, que eu me lembre, desde 1975, nenhuma andorinha tinha nidificado na nossa terra... 

Estas, tal como eu, chegaram, gostaram e voltam sempre...  Em 9 de junho de 2012, para surpresa e desgosto meus, dei conta que a "abóboda" do engenhoso ninho tinha caído, possivelmente sob o efeito de alguma intempérie. Voltei, dois meses depois a sorrir, quando a 23 de agosto desse ano, dei conta de que o ninho tinha sido reconstruído e tinha novos inquilinos, seguramente descentes dos primitivos construtores de há meia dúzia de anos atrás...

Este ninho, que eu chamei insólito, foi pretexto na altura para um dos nossos inocentes e descontraídos passatempos de verão, no nosso blogue, ajudando-nos a cultivar a horta do nosso bom humor e sabedoria... e ao qual se juntaram, com os seus valiosíssimos e oportunos comentários, os nossos camaradas e amigos Henrique Cerqueira, José Belo, Torcato Mendonça (já faleciodo), José Manuel Cancela, Joaquim Sabido, Carlos Cordeiro (já falecido), César Dias e Filomena... (Espero não estar a esquecer ninguém!).

Moral da história, tirada na altura, em 2012 (***) e de novo confirmada: as andorinhas, mesmo aquelas que são mais "desalinhadas":

(i) mostram aos seres humanos que todos podemos ser ao mesmo tempo iguais, diferentes e únicos, e que isso só nos enriquece como espécie... 

(ii) ah, têm outras qualidades, importantes nos tempos que correm, as nossas andorinhas: são  leais, gregárias, solidárias, corajosas, persistentes, vão à luta, não desistem... 

Parafraseando o Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (6: 26), tomemos como exemplo as andorinhas e as demais aves do céu... 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24475: (In)citações (254): Por favor, não sigam o alce-cherne, que é animal híbrido que não existe no bestiário da minha Lapónia (José Belo)

(**) Último poste da sérioe > 16 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24479: (In)citações (255): Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo) Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo)

(***) Vd. poste de 26 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10300: Os nossos passatempos de verão (9): A andorinha da Tabanca de Candoz, que é leal, gregária, solidária, corajosa, persistente, vai à luta, não desiste... (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P24479: (In)citações (255): Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo)


Imagem enviada pelo Joseph Belo. Sem legenda


 
1. Mensagem do Joseph Belo, o nosso correspondente no círculo polar ártico;

Data - quarta, 12/07/2023, 21:35

Assunto - Adenda ao texto humanitarista… Alce-Cherne (*)

Meu Caro Luís

O pseudo humor escandinavo do texto (*) surge de outras realidades, condicionadas por parâmetros muito diferentes dos nossos.

Não se deve esquecer que entre humanismos e humanitarismos há uma dicotomia ética.

Um dos nossos mais profundos observadores, Fernando Pessoa, escreveu:

“Há sempre uma relação sistematizada entre o humanitarismo e a aguardente de bagaço “

O humanitarismo do texto "Alce-Cherne" poderá acarretar a pergunta muito americana:

- Where’s the beef?

A única resposta que me surge é... I don’t give a ***Duck ***!

JBelo


2. Comentários  ao poste P24475 (*):

(i) José Belo:

Caro Luís: Respeitando as tuas sensibilidades cinegéticas [não publicando a foto do caçador e do alce abatido por carabina com mira telescópica, com o argumento  de ser "pornográfica"...], creio que a adenda ao texto que te enviei será necessária para se compreenderem as dicotomias éticas nele contidas.

O comentário do amigo e camarada Alberto Branquinho será um bom exemplo quanto à necessidade da…. adenda!

(ii) Alberto Brnaquinho:

Pelo que parece, e segundo o texto de José Belo, os alces-fêmeas (porque temos uma acompanhada de vitelo), são aqueles (animais) que não têm cornos.

De alces-chernes não é dada nota em imagem, mas a gente imagina. Ou não será assim?

14 de julho de 2023 às 11:58 


(iii) José Belo:

Caro amigo e aamarada Alberto Branquinho:

Colocas pergunta pertinente quanto ao “alce-cherne”.

Ao ler o meu tão escandinavo texto, muito distante das realidades lusitanas, senti de imediato a necessidade de enviar uma adenda ao mesmo. A ter sido publicada, a pergunta existencial de Alberto Branquinho não teria certamente surgido.

(O meu poeta português preferido escreveu:
"Sentir é uma maçada!"... 
A própria forma plebeia da frase lhe dá sal e pimenta)

Ao ler-se o texto,*depois da adenda não publicada*, encontra-se nas entre linhas a tal dicotomia ética entre o humanitarismo e o humanismo.

Sobre o assunto Fernando Pessoa foi ainda mais longe ao afirmar:

“Há sempre uma relação sistematizada entre o humanitarismo e a aguardente de bagaço”

Enfim, isto de textos e comentários é um pouco como… ”Ler o futuro no passado!”

14 de julho de 2023 às 17:11 


(iv) Alberto Branquinho:

JB: Atão, man! Qu'é d'adenda? Benha ela, carago!
(Pá gente poder entender a qúeston!)

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos: L.G.]