quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24556: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (127): A "Rainha de Catió" foi a minha adorada mãe e tinha lugar na primeira fila nas cerimónias oficiais, tanto no tempo do gen Schulz como do gen Spínola (Souleimane Silá, Luxemburgo)


Rainha de Catió" (c. 1964/66) . 

Foto do álbum do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, de seu nome completo, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66) e depois piloto da aviação civil onde chegou a comandante da TAP, reformado desde 1998. Conviveu com a população, fula e balanta, de Catió e arredores, incluindo Príame (a tabanca do cap 'comando' graduado João Bacar Jaló, 1929-1971). (*)

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


"Rainha de Catió" (c. 1972)

Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 2930 (Catió, 1970-72) >  O então maj inf Mário Arada Pinheiro, 2.º cmdt do BCAÇ 2930, com a "rainha de Catió", sua lavadeira,  e algumas das suas filhas (presume-se)... Em chão nalu, ela era fula.  (*)

Foto (e legenda): © Mário Arada Pinheiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso leitor Souleimane Silá, natural de Catió, com página no Facebo0k, comentário ao poste P24546 (**):


Data - domingo, 13/08/2023, 23:41
Assunto - Sobre vossa publicação de 9 de agosto de 023 - Álbum de major Pinheiro

Saudações, camaradas do Blogue dos Amigos e camaradas de Guiné. 

Sobre essa foto da madame identificada como rainha de Catió não é equívoco. Pelo contrário. Ela, residente no bairro de Catió-fula (para quem vai para a granja, Cumebú e Ganjola), devido ao seu desempenho de lavadeira de oficiais e de demais tropas do quartel, passou a ser convidada nas cerimónias oficiais da então Vila de Catió aonde sediavam os restantes postos administrativos da região.

Coincidentemente, marido dessa madame, de verdadeiro nome Abibatu Djopo, não foi nada mais nada menos que o motorista da administração do concelho (de Catió), Aliu Silá (Aliu Chauffeur), família da mulher do Administrador Amadeu Nogueira (...).

Cerimónias se repetiam com visitas e substituições oficiais, administrativos e militares ao alto nível da então Província da Guiné Portuguesa, a designada Rainha de Catió sempre esteve presente.

Nunca me esquecerei das delegações como as do Governador Arnaldo Schulz, General Spínola, Secretário Pinto Bull e tantas altas figuras que ela, a Rainha de Catió, foi convidada para tomar parte na primeira fila, com muitas vezes uso de palavra em nome da comunidade.

Digno-me de deixar esse registo porque sou vivo testemunho dessa soberba mulher que é minha adorada Mãe.

Para finalizar, dou um grande abraço ao Comandante Pinheiro que tive privilégio de conhecer de perto em Catió, voltamos a ver-nos no QG Bissau e finalmente em Carcavelos em 2004.

Abraços extensivos ao meu mano mais velho, Sr Benito Neves, que cumpriu vida militar naquela Vila de Catió e que conheceu meus queridos pais (pena que um outro colega dele e amigo já tenha falecido, o Vitor Condeço de quem guardo um riquissimo álbum da época)

Mantenhas a todos.
Agradecimentos de
Souleimane SILA




Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956) (Escala 1/50 mil) > > Pormenor: Vila de Catió e arredores. (Príame fica já na carta de Bedanda, na estrada para Cufar.)

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


2. Mensagem de Hélder Sousa, nosso colaborador permanente, com data de ontem, às 15h41, comentando a mensagem do Souleimane Silá:

Olá Luís, "mantenhas e saudinha da boa".

Como vês aproveitei logo para juntar duas expressões muito usadas nas trocas de mensagens do Blogue e que acho ficam muito bem.

Olha, antes de ir propriamente referir-me ao miolo deste comentário recebido, quero dizer duas ou três coisas:

A primeira, é que espero muito sinceramente que estejas a recuperar bem e com confiança suficiente.

Depois, para justificar a quase ausência de comentários meus pois, finalmente, ao fim de 6 anos, acabei de ter duas semanas de férias (viva o luxo!) e em boa parte desse tempo estive sem internet.

Então, em relação a este comentário do Souleimane, só posso dizer que fico, cada vez mais, com a sensação que o Blogue é efectivamente seguido por muita e boa gente.

Alguns, às vezes, acabam por se manifestar e esses quando o fazem são, na generalidade, positivos. Outros há (e alguns são nossos conhecidos ou até mesmo "velhos conhecidos") que intervêm para criticar depreciativamente ou provocatoriamente mas como o saldo continua a ser positivo, pode-se e deve-se concluir que, quer se queira, não se queira, ou mesmo não se tenha consciência profunda disso, que este fenómeno chamado "Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné" é realmente, considerando a larga maioria de artigos, fotos, reportagens, etc., um caso sério de seriedade, de depositário de memórias, de afetos, de (re)encontros, incontornável e que servirá (como tem servido) para muitos estudos e observações (cada vez mais distanciadas) de situações e de episódios passados durante a "guerra na Guiné".

Abraços, Hélder Sousa


3. Comentário do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, com data de ontem, às 16h22:

Muito obrigado aos meus amigos, prof. Graça e Souleimane Silá que já não vejo desde 2004, e que tinha, como já antes referi, uns pais muito queridos de quem me recordo com frequência e de cuja Mãe escrevi recentemente como uma excelente pessoa. Espero vê-lo em breve, Souleimane, um abraço.


4. Mensagem do Benito Neves, ex-fur mil cav, CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), às 18h25 de ontem:

Meu caro Luís

O Souleimane Silá é meu amigo no Facebook desde há bastante tempo, em consequência de troca de mensagens sobre Catió. A forma como desde sempre se referiu a mim, como “o meu mano mais velho”, revela um tratamento carinhoso que lhe é peculiar.

Ao tempo – e já lá vão mais de 50 anos – o Souleimane era um daqueles miúdos que deambulava pelas ruas de Catió e convivia connosco. Entretanto veio para Lisboa, constituiu família e emigrou para o Luxemburgo onde os seus descendentes já têm o seu futuro garantido.

Mas… a história do Souleimane deverá ser ele a contá-la.

Desconhecia completamente (ele nunca tal me referiu) que era filho da rainha de Catió.

É com enorme satisfação que o poderei ver integrar o blogue para, à sombra do poilão, nos contar as suas histórias.

Forte abraço
Benito Neves


5. Comentário do editor LG:

Caros camaradas e amigos: apareceu agora um filho da "rainha de Catió". É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e o nosso Blogue... é Grande! (**).

É uma feliz coincidência. O Souleimane Silá, de acordo com a sua página no Facebook, vive no Luxemburgo, em Marnach, desde 2020. Nasceu em Catió em 8 de março de 1958, portanto há 65 anos. Estudou na ENA-Bissau (Escola Nacional de Administração, ex Cenfa).

É amigo do Facebook dos nossos camaradas Benito Neves e João Sacoto e privou também com o nosso saudoso Victor Condeço (1943-2010). Conheceu, aos 14 anos, o então major inf. Mário Arada Pinheiro, 2.º comandante do BCAÇ 2930 (de rendição individual, esteve em Catió, de set71 a ago72, ou seja, no 2.º ano da comissão do batalhão).

Ele vem confirmar o que o cor inf ref Arada Pinheiro nos informara há dias, em conversa pessoal na Praia da Areia Branca, Lourinhá, onde tem casa:

(i) conheceu a senhora como sendo a "rainha de Catió", título que não era honorífico nem gentílico, mas sim atribuído popularmente, pela nobreza do seu porte (usava sempre o vestido comprido, branco, que mostram as duas fotos, tanto a de 1964/66, como a de 1972);

(ii) era sua lavadeira, e "boa lavadeira";

(iii) tinha vários filhos, o marido era o motorista do administrador de Catió;

(iv) ao filho mais novo, em 1972, fez questão de chamar-lhe "Major João Pinheiro" (sic) (homenagem ao major Mário Arada e ao seu filho João);

(v) depois de ele ser colocado no QG, na Amura, em Bissau, a "rainha de Catió" apareceu-lhe um dia lá em casa (ele vivia com a família numa vivenda em Santa Luzia), queria visitar uma filha que estava hospitalizada no HM 241, com uma perna esfacelada por um estilhaço de foguetão 122 mm (num dos ataques a Catió).

O João Sacôto, com quem falei ao telemóvel, não se lembra dela como "lavadeira", mas sim como "mulher grande", de "altivo porte", respeitada na comnunidade, não tendo nenhum parentesco ou relação com o João Bacar Jaló; não tem a certeza de ela ser fula, de resto não vivia em Príame (na estrada Catió-Cufar), mas numa tabanca a norte.

O Cherno Baldé também acrescentou, em comentário, que entre os fulas não havia rainhas.

Aproveito, por fim, para convidar o Souleimane Silá (a quem agradeço estas carinhosas confidências sobre a senhora sua mãe) para se juntar a este blogue que é dos camaradas e dos amigos da Guiné... 

Mantenhas. 
Luís Graça
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24546: Fotos à procura de... uma legenda (176): A "rainha de Catió", fotografada em 1964/66 (pelo João Sacôto) e em 1972 (pelo Mário Arada Pinheiro)

(**) Vd. poste de 9 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24540: Fotos do álbum do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, antigo 2º cmd do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e cmdt do Comando Geral de Milícias (Bissau, 1972/73)

Vd. também poste de 28 de março de 2019 : Guiné 61/74 - P19628: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte VII: Catió e arredores: contactos com a população civil

(***) Último poste da série > 2 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23580: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (126): Leitor brasileiro, Edson de Lima Lucas, identifica o navio inglês Narkunda, da P&O Lines, em foto de 29/9/1942 (presumivelmente "Foto Melo") , tirada ao largo do Porto Grande, Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde... Dois meses depois seria atacado e afundado pela aviação alemã, na campanha dos Aliados no Norte de África.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24555: Por onde andam os nossos fotógrafos ? - Parte I: Luís Graça


Lourinhã > Praia da Areia Branca >  14 de agosto de 2020 >  Pôr do sol com uma traineira da pesca da sardinha a regressar ao porto de Peniche.




Lisboa > Beira Tejo > 5 de novembro de 2011 > Pôr do sol no Atlântico, no momento em que passava um porta-contentores na linha do horizonte... Uma foto feliz, tirada no estuário do Tejo, em Belém, junto ao Museu do Combatente (Forte do Bom Sucesso)...


Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 8 de maio de 2020 > Uma "foto feliz", um bom sítio para, em pleno confinamento imposto pela pandemia de Covid-19,  revermos, ao ralenti, os fotogramas dos filmes que de vez em quando passam (e repassam) na tela da nossa memória, ajudando porventura a exorcizar os nossos fantasmas da guerra...



Lourinhã >Praia do Areal Sul > 27 de março de 2021 > 19h15 > Pôr-do-sol


Lourinhã > Praia da Areia Branca > 14 de fevereiro de 2019 >  Pôr do sol às 17h42



Portugal > Lourinhã > "Formação da Lourinhã" > Aspiring Geopareue do Oeste : Praia de Vale de Frades, entre a Praia da Areia Branca e a Praia do Paimogo > Agosto de 2018 >  "Pedras jurássicas" (c. 150 milhões de anos).



Lourinhã, entre a Praia da Areia Branca e a Praia de Vale de Frades > Agosto de 2011 > Pedras do meu caminho...


Torres Vedras > União das freguesias de A dos Cunhados e Maceira > Maceira > 2014 >  Estrada (particular) das Termas do Vimeiro (Fonte dos Frades) até à Praia de Porto Novo; ao lado passa o  Rio Alcabrichel (topónimo de origem árabe: o rio nasce na Serra de Montejunto e desagua na Praia de Porto Novo, Maceira).




Lourinhã > 22 de abril de 2017 > Frente à igreja do convento de Santo António (finais do séc. XVI), com a sua torre sineira e o relógio (que esteve muitos anos avariado),  uma réplica de "Stegosaurus" (7 m de comprimento, 3,4 de altura)... Este e outros dinossauros da Lourinhã evoluiram  no Jurássico  Superior (c. 150 milhões de anos).


Lourinhã > 2012 > Bandeira Nacional pintada numa parede lateal de uma casa.  Autoria: PM, 10.06.06. Por essa altura, realizava-se o Campeonato Mundial de Futebol, na Alemanha, de 9 de junho a 9 de julho de 2006, em que Portugal participou. A pintura mural lá continua, 13 anos depois, cada vez mais desbotada.




Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > "Homenagem da Zambuejira e Serra do Calvo aos seus combantentes"... Monumento inaugurado em  5 de outubro de 2013,. Foi uma patriótica iniciativa do Clube  Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira de Serra Local.

Desconhece-se o autor do painel de azulejos que representa a partida, no T/T Niassa, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, de um contingente militar que parte para África. Ao canto inferior esquerdo a quadra: "Adeus, terras da Metrópole, / Que eu vou pró Ultramar, / Não me chorem, mas alegrem [-me], / Que eu hei-de regressar"... No chão, em calçada portuguesa, lê-se: "Em defesa da Pátria". Abaixo do panel, há um livro metálico com os nomes de todos  os nossos camaradas, naturais das duas povoações, que combateram no Ultramar.



Lourinhã, Praia da Areia Branca, 29 de julho de 2017 > Horse Model Beach



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 24 de setembro de 2011 > Autorretrato com vinha ao fundo.




Cadaval > Vilar > Vila Nova > Serra de Montejunto > 20 de agosto de 2015 > O "Moinho de Avis",  belíssimo moínho de vento do Miguel Nobre, no alto da serra... Daqui de avista o Atlântico (a ponte) e o estuário do Tejo (a nascente)... Dizem que é que é "o mais alto" da península ibérica, dos moinhos  de vento ainda a funcionar.


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 31 de março de 2018 >Muros de solcalcos



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 31 de março de 2018 > Sobreiro




Lourinhã > Moledo > Arte Pública > 25 de agosto de  2015 > Inês, peça de Joana Alves: "Love Captives" [Prisioneiros do amor], de Sana Hashemi Nasl (Técnica: cordal de sisal enrolada: dimensão: 260 x 100 x 100 cm)




Lisboa > Rua de São Bento > 18 de abril de 2018 > Arte urbana

Foto: © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Fotobox é um Programa,  na RTP 3,  sobre fotografia. Aos sábado 11h45. Autor: Luiz Carvalho. Realização: Luiz Carvalho. Tem página no Facebook.  O autor e realizador é um fotojornalista conhecido, professor de fotografia e arquitecto. 

Luiz Carvalho tem-se mostrado interessado em levar alguns dos fotógrafos do nosso blogue ao seu programa Já lá levou, por exemplo,  o nosso veteraníssimo Jorge Ferreira (ex-alf mil da 3ª CCAÇ, Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63)-

Por razões de agenda (de ambas as partes)  e de saúde (do nosso editor), ainda não foi possível concretizar o seu desejo de fazer um ou mais programas com os nossos colaboradores que precisam de ser contactados e autorizarem a divulgação das suas imagens (e eventualmente serem entrevistados).  

O autor e realizador do Fotobox prefere a fotografia a preto e branco. Na expetativa desse colaboração do nosso blogue com o Luiz Carvalho, vamos dar início a esta série, com o título "Por onde andam os nosso fotógrafos ?", listando alguns dos nossos fotógrafos ou donos de álbuns fotográficos com fotos no nosso blogue. 

Queremos saber se continuam a fazer fotografia e, se sim, quais são as áreas temáticas preferidas. Vamos tambem selecionar algumas das suas melhores fotos da  Guiné.  Estamos ainda disponíveis para publicar algumas das suas fotos atuAIS mais interessantes, com valor estético e/ou documental. 

Para começar (ou dar simplesmente o pontapé de saída), publicamos algumas imagens da fotogaleria do nosso editor Luís Graça que na Guiné, durante a sua comissão de serviço em 1969/71,  infelizmente não tinha máquina fotográfica nem mostrou interesse pela fotografia.... 

Só começou a fazer fotografia por volta de 1978. Houve um amigo que lhe trouxe de Macau uma Minolta, analógica. Hoje só faz fotografia digital. Já teve, pelo menos, mais três mãquinas digitais, superzoom, que chegaram ao fim de vida.... Tem atualmente uma Nikon D5300, que o seu filho lhe ofereceu, trazida do Japão, ainda antes da pandemia de Covid-19.

2. Lista  (provisória...) de alguns dos nossos fotógrafos ou donos de  álbuns fotográficos. membros da Tabanca Grande,  com fotos publicadas no blogue (2004-2023):

Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11 (Nova Lamego, Paunca, 1969/1970);

Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71):

Adolfo Cruz, ex-fur mil inf, CCAÇ 2796 (Gadamael e Quinhamel, 1970/72);

Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74);

Albano Costa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150 (Bigene e Guidaje, 1973/74);

Alfredo Dinis, ex-1.º cabo aux enf, CCS/CART 6523 (Nova Lamego, 1973/74);

Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690 (Geba, 1967/69);

Amaral Bernardo, ex-alf mil med, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, Cacine, Bedanda, Guileje, Gadamel, Tite, Bolama, 1970/72);

Américo Estanqueiro, ex-fur mil, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72);

António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66);

António Acílio Azevedo, ex-cap mil, cmdt da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74);

António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74

António J. Pereira da Costa, cor art ref, ex-alf art, CART 1692 (Cacine, 1968/69); ex-cap art, CART 3494 (Xime( e CART 3567 (Mansabá, 1972/74);

António Murta, ex-alf mil inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74);

António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71);

Arlindo Roda, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1971/73): 

Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/74);

Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381 (Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70);

Augusto Silva dos Santos, ex-fur mil, CAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73);

Belmiro Tavares, ex-zlf mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66; 

Carlos Alberto Rodrigues Cruz, ex-fur mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió e Cachil, 1964/66);

Carlos Fortunato, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros (Bissorã, 1969/71);

Carlos Milheirão, ex-alf mil,  CCAÇ 4152/73 (Gadamael e Cufar, 1974);

César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71);

Daniel Matos, ex-fur mil, CCaç 3518 (Gadamael, 1971/74):

Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71);

Fernando Andrade Sousa, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Fernando Barata, ex-alf mil, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72); 

Fernando Gouveia, ex-alf mil re
c inf,  Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70);

Fernando Súcio, sold condutor auto, do Pel Mort 4275 (Bula, 1972/74);

Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74);

Francisco Gamelas, ex-alf mil cav., cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73);

Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72 (Biambe e Bissorã), e CCAÇ 13, (Bissorã, 1972/74);

Hugo Costa, filho do nosso camarada Albano Costaex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74);

Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAQÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Ídállio Reis, ex-alf mil inf, CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69):

J. Crisóstomo Lucas, ex alf mil op esp, CCÇ 2617, "Magriços de Guileje" (Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71);

Jacinto Cristina, ex-sold at inf, CCAÇ 3546 (Puche e *onte Caiukm, 1972/74);

Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70);

João Alves, ex-fur mil inf, CCAÇ 5 (Canjadude, 1970/72);

João Calado Lopes, ex-alf mil art (BAC1, Bissau, 1967/69);

João Carvalho, ex-fur mil enf, CCAÇ 5, Canjadude, 1973/74;

João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67); 

João Martins, ex-alf mil art, BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69);

João Rebola (1945-2018), ex-fur mil, CCAÇ 2444 (Bula, Có, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70):

João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66);

Joaquim Mexia Alves,  ex-alf mil op esp/ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73;

Jorge Ferreira, ex-alf mil, 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego e Buruntuma, 1961/63),

Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74);

José Augusto Ribeiro (1939-2020), ex-fur mil da CART 566 (Cabo Verde, Ilha do Sal, outubro de 1963 a julho de 1964, e Guiné, Olossato, julho de 1964 a outubro de 1965);

José Carvalho, ex-alf mil inf, CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72);

José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65);

José Crisóstomo Lucas, ex-alf mil op esp,  CCAÇ 2617, "Magriços de Guileje" (Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71);

José da Câmara, ex-fur mil at inf, CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73);

José Nascimento, ex-fur mil da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71);

José Parente Dacosta, ou 'José Jacinto', ex-1º cabo cripto, CCAÇ 1477 (Sangonhá e Guileje, 1965/67);

José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69);

José Saúde, ex-fur mil op esp/ranger, CCS do BART 6523 (Nova Lamego, 1973/74);

José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70);

José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71);

Leonel Olhero, ex-fur mil cav, Esq Rec 3432 (Panhard) (Bula, 1971/73):

Libério Lopes, ex-2.º srgt mil inf, CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65);

Luís Carlos Cadete, ex-Cap Inf, cmdt da CCAÇ 1591 (Fulacunda, Mejo, Aldeia Formosa e Buba, 1966/68);

Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf, CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74);

Manuel Carvalho, ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845 (Jolmete, 1968/70);

Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68);

Manuel Mata, ex-1º cabo apontador AP, Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71):

Manuel Resende, ex-alf mil, CCaç 2585 (Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71);

Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70)

Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 / BCAÇ 1932 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68);

Mário Gaspar, ex-fur mil at art minas e armadilhas, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68);

Renato Monteiro, ex-fur mil, CART 2439 / CART 11, (Contuboel e Piche, 1969), e CART 2520 (Xime e Enxalé, 1969/70);

Rogério Cardoso, ex.fur mil art, CART 643 (Bossorã, 1964/66);

Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1972/74);

Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico  BCAÇ 3872 e 4518 ((Galomaro, 1973/74);

Santos Oliveira, ex-2.º srg mi9l, Pel Mort Ind 912 (Como, Cufar e Tite, 1964/66);

Tomás Carneiro, ex-1º cabo cond auto, CCAÇ 4745, Binta, Cumeré e Farim, 1973/74); 

Torcato Mendonça, ex-alf mil, CART 2339, "Os Viriatos" (Fá anding
a e Mansambo, 1968/69);

Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69);

Vitor Garcia, ex-1º cabo at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71);


Zeca Macedo,ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74).

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24554: Notas de leitura (1606): "Um cripto na terra vermelha da Guiné", por Humberto Costa; 2.ª edição, 2020, Eudito (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Setembro de 2021:

Queridos amigos,
Mais uma edição de autor, tive a dita de a encontrar na Biblioteca da Liga dos Combatentes, um fornecedor sempre generoso. Temos o percurso do cabo Humberto Costa, operador cripto em Mansoa e Bissau, foi coligindo notas do seu itinerário desde a recruta à disponibilidade. Homem manifestamente sociável, atento à miséria das populações, realça aspetos divertidos e bizarros que a tropa sempre oferece. Não há nenhuma farronca, não se disfarça de herói o combatente, diz o que sente debaixo de fogo, provou diversas flagelações, e por ser cripto vai tomando nota da atividade operacional do setor de Mansoa. Edição profusamente ilustrada, faltava-nos o depoimento constituído por notas de um cabo cripto quase no final da guerra da Guiné.

Um abraço do
Mário



Um cripto na terra vermelha da Guiné

Mário Beja Santos

É o primeiro livro de Humberto Costa, 2.ª edição, 2020, Eudito (geral@eudito.com), natural de Cedofeita, infância vivida no Monte Aventino, com currículo de grande participação como autarca e desportista; é atualmente presidente do Grupo Dramático do Monte Aventino. Ajunta as suas notas diárias entre 1971 e 1974: recruta em Viseu (8 horas de viagem entre o Porto e Viseu, o comboio era dos antigos com máquina de carvão), conta episódios divertidos de desenfianços e calacices; curso de escriturário em Leiria, nota-se sempre a preocupação em registar o nome de amigos e conterrâneos; curso de operador cripto na Trafaria. Explica-nos o que é ser operador cripto, a natureza das mensagens (romeo – rotina; uniforme – urgente; óscar – imediato; zulo – relâmpago); vai estagiar na Figueira da Foz, nunca se escusa a contar uma boa pilhéria. Chega a Bissalanca em 13 de março de 1972 e segue diretamente para Mansoa, regista as elevadas temperaturas, anota por onde passa:

“Vimos um povoamento, era Infandre, que fica separado de Mansoa pelo rio Mansoa, atravessámos a ponte e entrámos em Mansoa. O quartel estava do lado direito, em frente ficava a vila com uma igreja grande, um cinema ao ar livre, um posto de gasolina, o campo de futebol dos Balantas e o mercado municipal, bem como a igreja. O comércio era exercido maioritariamente por libaneses. Foi colocado na Companhia de Caçadores n.º 15”.

Dá-nos a composição das unidades militares sediadas em Mansoa. Tem batismo de fogo em 31 de março, ataque a Mansoa e Cussaná. Regista o seu espanto de ter visto crianças com latas na porta do refeitório, esperando que os soldados acabassem de comer para irem limpar as mesas e empurrar os restos para dentro das latas. Em 5 de abril há flagelação a Infandre bem como a Mansoa, que sofreu mortos e feridos na população. Dias depois anota que três elementos civis foram vítimas de mina antipessoal.

A obra está repleta de imagens de Humberto Costa, imagens de obuses, rescaldo de flagelações, crianças, patuscadas, a família da lavadeira, jogos de futebol, infraestruturas, e muito mais. Em 27 de abril, regista que numa coluna entre Bissorã e Mansoa rebentou uma mina; em maio fugiu um soldado operador cripto. Vê-se perfeitamente que registou um elevado acervo de sinistros desde emboscadas a flagelações, Mansoa em 26 de junho é flagelada com intensidade. 

“Um foguetão atingiu a torre da igreja junto ao meu local, outro a bomba de gasolina na mesma rua, mas mais ao longe. Estilhaços de granada de canhão sem recuo caíram perto de mim, atirando terra para as minhas costas, então pus a mão e senti húmidas as costas, pensando logo que era sangue. Quando me levantei senti que estava bem”.

Inventaria acidentes, as atividades operacionais da CCAÇ 15, as festas dos seus aniversários passados na Guiné. Está sempre pronto para contar peripécias. Nos seus apontamentos não escusa a deixar notas pessoais como o que se sente debaixo de fogo:

“A tremedeira do nosso corpo, o bater forte do nosso coração que parece mesmo que não vai resistir, a cabeça que pensa rápido, mas fraqueja. Só pensamos em esconder e proteger pelo menos a nossa cabeça. Mas quando se ouve um camarada aos berros, porque foi atingido por um estilhaço ou bala e diz alto ‘vou morrer!’, isto é terrível, sentimos também a dor dos nossos camaradas. A pressão é enorme naquela altura. E então vem o silêncio e nós dizemos que já acabou por hoje. Assim, mais calmos, corremos para os nossos camaradas feridos e para aqueles que estão em estado de choque. No dia seguinte e pela mesma hora estamos todos a olhar para o céu para ver se vem mais guerra”

Dá nota de um acontecimento, durante meio ano aproximadamente foi tempo de pausa na guerra de Mansoa.

Em setembro de 1973 deixou Mansoa para ser integrado no Centro Cripto da CCS do Quartel-General em Bissau. Deixa anotados os encontros com a malta amiga e vizinha, mais um rol de fotografias e escreve nos seus apontamentos em 4 de novembro:

“Ao quartel-general chegou um operador cripto que estava num quartel junto à fronteira com o Senegal. Disse que tiveram de abandonar o quartel depois de um ataque do inimigo. Andaram perdidos durante vários dias. Alguns seguiram o caminho certo e encontraram população ligada às nossas tropas. Outros andaram sem norte, passavam fome e sede, beberam a própria urina para resistir à seca dos lábios. Até que um dia foram avistados. Este operador cripto ao contar isto tremia por todos os lados. O medo era muito forte, não sabiam para onde ir, então corriam para o mato que era mais escondido. Muitos, depois da calma, lá vinham ter com os companheiros, outros perdiam-se”.

Volta a Mansoa em 12 de dezembro, acompanha o seu substituto na CCAÇ 15. Nessa noite foram atacados, teve mais medo porque estava no final da sua estadia em Mansoa. Descreve assim o seu Natal de 1973: 

“Estando eu nos Adidos na véspera de Natal, comi uma posta de bacalhau pequena e duas batatas cozidas para ter algo que me lembrasse o Natal. Comprei dois bolos e uma lata de Fanta”.

 Em 6 de janeiro saiu de Bissau para Lisboa. Os últimos elementos da sua obra são considerações sobre as guerras que travámos em África, mostra curiosas ilustrações da ação psicossocial do Exército Português para atrair as populações do mato e termina o seu trabalho saudando o 25 de Abril.

Posto de gasolina de Mansoa danificado depois de uma flagelação
Igreja Católica de Mansoa
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24549: Notas de leitura (1605): "O Elogio da Dureza", por Rui de Azevedo Teixeira; Gradiva Publicações, 2021 (Mário Beja Santos)

domingo, 13 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24553: (Ex)citações (421): Vivendo na Suécia há já quase meio século, com família sueca, há muito que compreendi não existirem paraísos... Mas, atenção!, os suecos estão longe de serem ingénuos caçadores... de borboletas (José Belo, Suécia)

1, Comentários do José Belo ao poste P 24545(*):



(i) Não se tratando de juízo valorativo, não posso deixar de sorrir ao ler um certo tipo de comentários que aparentam julgar a maioria da sociedade sueca, composta por ingénuos e incapazes caçadores de…borboletas!

Vivendo na Suécia há já quase meio século,  com família sueca, há muito que compreendi não existirem paraísos.

Mas sendo este blogue constituído na sua maioria por ex-militares (com alguns profissionais reformados), aproveito para aqui referir alguns dados referentes às Forças Armadas e indústria de armamento local, base de avultadas e muito lucrativas exportações.

Empresas como a Saab abricam os modernos caças “Gripen-39”, com os mais modernos componentes de guerra electrónica e inteligência artificial. (A Força Aérea dispõe de cerca de 120 aviões deste tipo, exportando os restantes.)

Os estaleiros Saab Kockums AB produzem além de Fragatas e Corvetas, os submarinos tipo “Gotland” de propulsão de ar independente, que lhes permite uma imersão profunda durante semanas, algo anteriormente só possível com submarinos nucleares.

São também produzidos localmente uma variada gama de mísseis terra-ar-mar, e outro material de guerra, desde as armas ligeiras, foguetes antitanque de vários modelos, um variado tipo de moderna artilharia móvel, vários modelos de blindados, ligeiros e pesados, a somarem-se a alguns modelos blindados de transporte de pessoal. (À lista dos blindados produzidos localmente somam-se 121 tanques alemães do tipo “Leopard-2A”. As munições para todo o tipo de armamento referido, terra, mar e ar, são também produzidas na Suécia.)

Como curiosidade interessante,  a Suécia tem capacidade para produzir modernas e sofisticadas baterias de foguetões de defesa anti-aéres. Mas… acabou por comprar aos Estados Unidos baterias do tipo “Patriot” a um preço quase duplo do produzido localmente.

Um tipo de compra justificada pelo Governo como tendo levado em conta certas realidades políticas (!) muito prementes.

A Suécia gasta anualmente com a defesa mais de 8, 3 mil milhões de euros, com um aumento de um quinto desde o início da guerra na Ucrânia.

11 de agosto de 2023 às 23:10 

(ii) Não se deve subestimar o saloiismo iluminado da ditadura de Salazar.

Foi durante a sua “governação” que a indústria de guerra nacional acabou por produzir a pistola metralhadora “FBP”, perfeita para ser usada por graduados aquando dos desfiles militares.

Os poucos que tiveram oportunidade de a experimentar na carreira de tiro, ou mesmo na Guiné,de imediato compreenderam o seu mau funcionamento.

Fábrica de Braço de Prata (FBP)….mais um exemplo do avançado industrialismo salazarista!

12 de agosto de 2023 às 11:33 



O luso-sueco José Belo (com 250 referências no nosso blogue, membro da Tabanca Grande desde 8 de março de 2009): foi alf mil inf da CCAÇ 2381, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, é capitão do exército português reformado (poderia ser hoje coronel, se tivesse lutado pelo seu direito à reconstituição da carreira militar).



(iii) “Chamando os bois pelos nomes”, as ajudas suecas a países do terceiro mundo mais não foram (e são!) que investimentos a médio e longo prazo.

O ter governantes destes países “no bolso” acaba por abrir portas a todo o tipo de negócios e, não menos, acesso a matérias-primas importantes.

Mas quantos são os países ricos e industrializados que tal não fazem?

A única diferença estará no facto de os suecos terem sabido criar uma imagem idealizada, muito conveniente, e com bons resultados práticos para tais negócios.

Os dividendos quanto à Guiné não terão sido representativos, mas em outros países da África Austral os “investimentos” foram (e estão) a ser pagos com bons “juros”.

Mais um abraço do JBelo

2 de agosto de 2023 às 16:57

PS - Melancolicamente (!) …….há cinquenta anos nunca teria escrito o comentário anterior.


2. Comentário do editor LG:

Em suma, Zé Belo, que não se metam com os suecos (nem com as suecas, pelo menos no futebol).

Vê-se pelo teu comedido mas irónico comentário , que há uma santa ignorância nossa sobre os nossos parceiros e aliados suecos, a começar pela sua história, economia, diplomacia e interesses geoestratégicos....

Quando no início dos anos 90 estive em Karlstad, apercebi-me (não tinha essa noção) de que um país não pode ser neutral, "desalinhado", sem forças armadas e indústria de guerra. E os suecos já tinham uma indústria militar com tecnologia de ponta...

A grande diferença em relação a Portugal (para além da sua população que é equivalente e o seu território, que é quase cinco veses maior), é a sua história recente, a sua democracia, a importância da concertação social, a aposta na educação e na saúde... Nada disso conhecemos nós no Estado Novo... Salazar tinha um medo que se pelava da palavra "modernização": para ele era uma caixinha de Pandora...

Fica também aqui uma palavra minha de admiração e apreço pela Suécia e o seu povo, independentemente das nossas "idiossincrasias"... (**)

12 de agosto de 2023 às 10:26 

Guiné 61/74 - P24552: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). VIII (e última) Parte: 18, 19, 20, 21, 23, 24 e 25 de maio de 2023... "Longe dos olhos, mas perto do coração"








Timor Leste > 2018 > Imagens diversas do país

Fotos (e legenda): © Rui Chamusco (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Rui Chamusca
e Gaspar Sobral (2017)
1.  Publicamos as últimas crónicas que o nosso amigo Rui Chamusco (76 anos, professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã, natural de Malcata, concelho de Sabugal, cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste) nos mandou, na sequência da sua 4.ª viagem àquele país lusófono (março-maio de 2023) (*)

Esteve lá já 4 vezes, em 2016, 2018, 
2019 e agora em 2023, no àmbito da construção, organização e funcionamemento da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau, Manati, município de Liquiçá.  

O Rui Chamusco, o "abô" Rui, é juntamente com a família luso-timorense Sobral um dos grandes pilares deste projeto de solidariedade com o povo timorense. É um exemplo inspirador, de amor à lusofonia e de solidariedade para com o povo de Timor Leste, que merece ser conhecido pelos mossos leitores. 

Além disso, há aspetos da história, da geografia e da cultura timorenses que nos são totalmente desconhecidos.

Para os leitores que se queiram associar a este projeto, aqui fica a conta solidária da Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (ASTIL) (Página do Facebook)

IBAN: PT50 0035 0702 000297617308 4


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4ª estadia, 2023):
crónicas de Rui Chamusco
/ ASTIL (excertos) (*)


VIII (e última) Parte VII - 18, 19, 20, 21, 23, 24 e 25 de maio de 2023 


18.05.2023, quinta freira - Os últimos cartuchos

Hoje é o último dia da campanha para as eleições parlamentares. Todos os partidos, uns em maior escala do que outros, finalizam ao seu modo o tempo em que expuseram os seus programas, as suas promessas, as suas esperanças em bons resultados. Até já se comenta quem vai ganhar, mas eu penso que irão ganhar todos. Tudo depende de como se olhe para os resultados. O que importa é que, ganhando ou perdendo, todos se entendam e contribuam para o bom exercício do parlamento e, o mais importante, para o desenvolvimento e bem estar deste povo

Os últimos cartuchos estou também eu gastando desta minha quarta estadia em Timor Leste. Há que aproveitar estes dias que faltam para tratar de assuntos pendentes e, sobretudo, assuntos relacionados com a ESFA.

Assim sendo, já fizemos visitas e encontros:

  • ao Município de Liquiçá , que tem um acordo de colaboração com o Município de Sabugal e do qual serei elo de ligação;
  • à Direção Escolar de Liquiçá, onde apresentamos uma proposta de colaboração entre a escola ESFA e a escola pública de Quilo em Leotalá; 
  • â Escola CAFE de Liquiçá na qual lecionam alguns bons colegas e amigos de Portugal; 
  • à Embaixada de Portugal, onde a Dra. Manuela Bairos nos presenteou um final de tarde a não esquecer pela simpatia, simplicidade e vontade de ajudar, tendo em conta os seus poderes como digníssima embaixadora do nosso país. 

Pouco mais falta para completar a despedida, que terminará terça-feira próxima à Escola Portuguesa de Dili e, quarta-feira, que seré o dia da partida.


19.05.2023. sexta feira  - Com “ar de turistas”


Aí vamos nós, Adobe e Delfina, Aurora, Alif, João e Maria João Picão, Rui e Eustáquio. a caminho de Aileu e de Maubisse. Uma viagem já há tempos programada, mas que só hoje foi possível realizar. Mais estradas em mau estado, mais estrada nova, mais uma cascata, a cascata de Manleu, mais paisagens de encantar ainda que com muitas curvas e contra curvas, e eis-nos chegados a Aileu, seguindo logo para Maubisse. 

Voltas ao mercado local, fotos e mais fotos, umas perninhas de frango assado para o amigo João Picão e pouco mais. Não pareciamos; éramos mesmo turistas, três dos quais Malaes, a quem as pessoas cumprimentavam com reverência, lançando-nos o olhar, o sorriso e o “Bom dia! Bom dia!” 

No regresso paramos em Aileu para almoçar e para visitar o Projeto Montanha”, que por acaso é num vale, e sobre o qual eu tinha alguma expetativa e interesse em conhecer. OK, tudo bem, mas eu esperava outra coisa. E assim foi esta viagem de ida e volta no mesmo dia.

20.05.2023, sábado - Encontro de amigos

Também já estava programado. Aproveitando o dia feriado que as eleições de amanhã atribuem para reflexão sobre o partido em que se vai votar, os amigos Mário e Mariana, professores no CAFE em Gleno, e a Rosinha,  professora em Los Palos, vieram até Ailok Laran para, em conjunto, partilharmos algumas horas deste dia. É sempre um prazer encontrar estes amigos, por aquilo que nos une e nos torna cada vez mais amigos. Horas bem passadas, onde o humor e a boa disposição nunca faltaram.

Obrigado, Bene,  pelo acolhimento que nos dispensaste.

Outro momento antecedeu o encontro atràs descrito. Com a família da “casa Eustáquio”, fomos almoçar ao restaurante “O Tavirense”, onde já nos esperava a Professora Cristina Breda, outra grande amiga de todos nós, e nomeadamente da Escola São Francisco em Boebau. Obrigado professora pelo seu apoio a este projeto solidário.

21.05.2023, domingo -  Dia de eleições para o parlamento

Mais uma vez tive a oportunidade de acompanhar esta campanha eleitoral, e hoje é o dia D, em que os timorenses vão dizer, através do seu voto, qual é o partido ou os partidos que irão orientar e governat este país durante os próximos cinco anos.

A campanha correu muito bem, sem incidentes de relevo, com os 17 partidos concorrentes a “venderam” as suas ideias, os seus programas aos eleitores, a “puxarem a brasa para a sua sardinha”. 

A cidade de Dili despovoou-se devido aos votantes se deslocarem às suas terras para exercerem o seu dever cívico. Por todo o lado, em todas as direções se viam carretas, angunas, biscotas, microletes apinhadas de gente, aproveitando estes transportes grátis que o Etado proporciona. Também isto é festa.

Como em todos o lado onde vigore o sistema democrático, o dia de hoje é de alguma ansiedade enquanto não forem conhecidos os resultados provisórios e definitivos. Todos os concorrentes têm expetativas de alcançarem bons resultados, de ganharem lugares no Parlamento, ou de até fazerem parte da governação.

Vamos a ver se, depois de serem conhecidos os resultados eleitorais, os timorenses se comportam. Vencedores e vencidos terão de se respeitar e compreender. Muito se tem especulado sobre o que aí virá, mas eu tenho fé que estas forças políticas e sociais, vencendo ou perdendo, irão contribuir para a estabilidade governativa deste país, para o bem comum de todos os seus cidadãos.

23.05.2023, terça feira -  Mais uma despedida, mais um abraço

Não podia regressar a Portugal sem me despedir do Dr. Manuel Alexandre, diretor da Escola Portuguesa de Dili. A disponibilidade que sempre manifesta em nos receber, o acolhimento afável e a atenção com que nos escuta, a vontade de nos ser prestável são qualidades que, para além de muitas outras, nos merecem toda a estima e consideração.

Falamos de assuntos que nos concernem, de projetos a médio e longo prazo, da Escola São Francisco de Assis “Paz e Bem”, da língua portuguesa, das relações fraternas entre Timor Leste e Portugal, do nosso empenhamento na construção de um mundo melhor. A união faz a força, “Que força é essa, que força essa?”

O abraço de despedida foi breve, porque há planos e projetos que, se tudo correr bem, nos vão reencontrar para os pormos em prática.

Entretanto, o meu amigo/irmão Eustáquio servirá de interlocutor, sempre que haja algum assunto a resolver entre nós.

Obrigado Dr. Manuel Alexandre!...

23.05.2023, terça feira  - Que grande bicharada!

A conversa de esta noite derivou para a bicharada. Tudo porque eu disse que, amanhã à tarde, depois de chegar a Portugal, vou encher a barriga de caracóis, acompanhados de umas boas imperiais. Faz-lhes impressão comer estes bichos que deslizam pelo chão, cheios de baba.

Então, começaram a falar daquilo que já comeram, com o Eustáquio a comandar. Cobras, ratos (dizem que tem muito bom gosto), rãs, morcegos, lagartas, e eu seu lá quantas coisas mais. 

E aqui vai disto: “a necessidade aguça o engenho”, “ quem tem boa boca come de tudo”, “ de gostos(sejam els quais forem) não se discute” que em latim se diz “de gustibus non est disputantis”.

Então, façam favor de não se arrepiarem quando eu lhes digo que gosto de caracóis.

24.05.2023, quarta feira - Adeus!...Adeus!...

Tinha de ser. Por mais que eu lhes tenha dito: “Não quero que vocês vão ao aeroporto, quando for embora”, de nada valeu. Mais de 20 pessoas fizeram questão de aparecer, algumas até na véspera, para dizer “adeus abô, pai, tiu Rui!...” 

Muitas fotografias a solo, aos pares, a grupos e algumas lágrimas (que não são de crocodilo) de parte a parte. Vamos mas é para dentro que é para isto não desabar e dar em choro coletivo.

Depois, são horas e horas a contar o tempo que já passou, o tempo que ainda falta. Agora, estou no aeroporto de Bali, à espera que o tempo passe. “Santa paciência!...” E então quando se viaja só, sem alguém com que se possa conversar, mais custa. Quem disse que o tempo passa depressa? Que raio de relógios arranjaram?!...

25.05.2023, quinta feira  - Em solo lusitano

Por mais que disfarcemos, há sempre uma alegria, um bem estar que nos invade quando voltamos à nossa terra, ao nosso país. Contam-se as horas, contam-se os minutos, até que o avião em que viajamos roça o solo da nossa terra.

Depois, são as formalidades do desembarque que, desta vez, tudo correu bem e foi muito rápido. À espera, estava o Beto que de pronto me levou a sua casa onde almoçamos e, horas depois, me presenteou com uma delicioss caracolada bem regada com umas boas imperiais. E ao final da tarde, aí vamos nós rumo ao lar, na Lourinhã.

Em geito de conclusão, direi que esta missão está cumprida, com os objetivos quase todos alcançados. E como o quase nos sugere, prontos para outra sempre que haja razões para tal, e a saúde. sobretudo, nos permita. 

Enquanto houver força, estaremos ao serviço desta missão em terras do sol nascente, desejando sempre que , com a nossa colaboração, este mundo possa ser um pouquinho melhor.

ADEUS TIMOR LESTE!... ATÉ À VISTA!

Longe dos olhos, mas perto do coração.

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos / subtítulos: LG)
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 2 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24527: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte VII: 26, 28, 29 de abril, 1, 2, 3, 4 ,5, 10, 16 de maio de 2023... “Cada criança que nasce é sinal de que Deus ainda não está zangado com a humanidade”...

Postes anteriores da série:

28 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24511: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte VI: 16, 17, 20, 22, 23, 24 e 25 de abril de 2023


22 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24495: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte V: 7, 9, 10, 12 e 13 abril de 2023

13 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24474: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte IV: 3, 5 e 6 de abril de 2023

10 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24466: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte III: 1 e 2 de abril de 2023

5 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24453: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte II: 23, 26 e 31 de março de 2023

3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24446: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte I, 19 e 21 de março de 2023