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sábado, 16 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23433: In Memoriam (439): Morreu o ex-alf mil Pina Cabral (de seu nome completo, Mário Daniel de Pina Cabral Silva), comandante do 4º Gr Comb, CART 2479 / CART 11 (Contuboel e Nova Lamego, 1969/70) (Valdemar Queiroz)


Nazaré > 26 de maio de 2018 > 28º Convívio  da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/71) >  O último adeus do Pina Cabral, ex-alf mil da CART 2479. Esteve connosco em Contuboel e Nova Lamego, já não foi para Paúnca, sendo evacuado para Bissau, por motivo de doença.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2022).. Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lourinhã > Vimeiro > 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Da direita para a esquerda, o Pinheiro e o Pina Cabral. 

Segundo informação do Abílio Duarte, ex-fir mil, o Pina Cabral foi o comandante do Umaru Baldé, durante a instrução no CIMC - Centro de Instrução Militar de Contuboel. O Umaru escreveu-lhe diversas cartas. E foi com uma carta de recomendação do Pina Cabral que ele conseguiu chegar a  Portugal em 15/4/1999, para aqui morrer meia dúzia de anos depois. (*)

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz & Renato Monteiro (2015). Todos os direitos rservados (Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Nelas > Canas de Senhorim > 31 de maio de 2014 > 24º convívio da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/71) > A referir nesta foto o 4º. Pelotão, com o ex-alf mil Pina Cabral sentado, mais o Valdemar Queiroz; à esquerda o ex-1º cabo Altino, mais o Manuel Macias, o Abílio Duarte Pinto, o Aurélio e a ainda o ex-fur mil trms Silva.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte (2014). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > Brá > 26 de fevereiro de 1969 > Desfile da CART 2479, com o alf mil Pina Cabral à frente.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2022).. Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > 4º Gr Comb >  Junho de 1970 > Ao centro, na primeira fila, de pé, o alf mil Pina Cabral, de camuflado e cachimbo, à sua esquerda o fur mil  Valdemar Queiroz. A foto é da máquina do Pina Cabral. (**)

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

Data - 15 jul 2022, 17:29
Assunto - Morreu o ex-alf mil  Pina Cabral

Luís Graça, é uma chatice.
 
Morreu mais um camarada da guerra na Guiné, o meu 'Alfero Pina' (Foto à direita, em Brá, 26/2/1969). (***)

O Mário Daniel de Pina Cabral Silva, julgo que natural de Vila Nova de Gaia, foi o alferes miliciano comandante do meu Pelotão.
- Queiroz estamos lixados, agora é que chegámos à Guiné - , disse-me ele quando chegou, junto do navio "Timor", uma pequena lancha com os pilotos de barra muito pretos.

Creio que a partir desse momento nosso 'Alfero Pina' começou logo a ficar doente e nunca mais teve melhoras.
 
O 'Alfero Pina', assim tratado pelos soldados fulas, ainda se foi aguentando com umas poucas saídas para o mato, mas eu ou o Macias fomos na maioria das operações os comandanstes. do 4º Pelotão. Ele veio evacuado para Bissau e já não foi connosco para Paunca.

O 'Alfero Pina' era a empatia em pessoa e o cúmulo do miliciano em todo o seu procedimento no tempo que passámos na guerra da Guiné.
 
Costumávamos falar ao telefone e ultimamente telefonava da Casa de Saúde onde estava internado mas mal conseguia falar. Sempre nos demos muito bem, sem, antes, nunca nos termos conhecido.

Grande amante da fotografia, tinha um grande espólio (slides?) da Guiné e dos Encontros Anuais da Companhia.

A última vez que estivemos juntos foi no Encontro Anual da Companhia em 26 de maio de 2018, na Nazaré.

Por favor, um minuto de silêncio! Os meus sentimentos à sua filha e restante família. Havemos de nos encontrar.

Valdemar Queiroz
_____________

Notas do editor:

(*) 27 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16530: (In)citações (101): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte III): E a propósito...o Umaru Baldé e o Luís Cabral que eu conheci... Eventualmente por uma diferença de alguns anos não se encontraram, no "terminal da morte" que era então o Hospital do Barro, em Torres Vedras, a vítima (Umaru Baldé, c. 1963-2004) e o carrasco (Luís Cabral, 1931-2009) (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

(**) Vd. poste de 29 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13666: Fotos à procura de... uma legenda (35): 4º pelotão, CART 11, junho de 1970, Nova Lamego... Uma grande e enigmática foto (Valdemar Queiroz)

(***) Último poste da série > 20 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23371: In Memoriam (438): Mário de Oliveira (1937-2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68), repousa desde 26/2/2022 em campa rasa, a nº 72, do cemitério da Lixa, Felgueiras

sábado, 10 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22360: In Memoriam (397): Renato Monteiro (Porto, 1946 - Lisboa, 2021), ex-fur mil, CART 2439 / CART 11 (Contuboel e Piche, 1969), e CART 2520 (Xime e Enxalé, 1969/70)... "Morreu o meu querido amigo, no passado dia 7... Escrevo a notícia a chorar" (Valdemar Queiroz)


Guiné > Zona Leste  > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 (futura CART 11)  > O Renato Monteiro à esquerda e o Cândido Cunha, à direita.

Foto: © Renato Monteiro (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > 20 de junho de 2019 > Uma foto para a eternidade... O último convívio, num restaurante, para uma sardinhada, de quatro Lacraus... Da esquerda para a direita: Renato Monteiro  (1946-2021), Abílio Duarte, Valdemar Queiroz e Manuel Macias, todos ex-fur mil da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70). O Abílio já não estava com o Renato há mais de 30 anos... A pandemia de Covid-19 e os problemas de saúde (do Renato e do Valdemar) não permitiram que esta sardinhada se repetisse em 2020 e muito menos em 2021.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem mais de 120 referências no nosso blogue]:
 
Date: sábado, 10/07/2021 à(s) 16:25
Subject: Morreu o Renato Monteiro

Morreu o meu querido amigo Renato Monteiro.

Morreu mais um dos nossos queridos camaradas,  também passou as passas de Piche e do Xime. 

Só soube agora  pelo telefonema do seu grande amigo Cândido Cunha, morreu no passado dia 7 de Julho de 2021. 

Ele telefonou-me no dia 27 do mês passado, que estava mal e ia para o hospital, mas pareceu-me ser mais uma crise DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), agora começo a pensar se não seria uma despedida. 

Morreu o Monteiro, nunca mais o ouviremos dizer:
 
Quando abrires
o teu armário,
das surpresas imprevistas
não desistas, não desistas.
E se encontrares dentro dele
roupas velhas
amachucadas
desbotadas
ouse  vires viscosa aranha
com peçonha no seu ventre
olha para ela de frente,
que ela passa sem tocar-te.
Não desistas, não desistas.

Os meus sentidos pêsames à sua esposa Guida,  a quem ele no dia 18 de Fevereiro de 1969 acenou com um lenço vermelho até deixarmos de ver Lisboa a caminho da guerra na Guiné.

Estou a chorar.

Anexo uma foto do Monteiro com o seu grande amigo Cândido Cunha.
________

Nota do editor:

Último poste da série > 1 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22332: In Memoriam (397): Actor Carlos Miguel Bugalho Artur (1943-2021), ex-Fur Mil Amanuense do CMD AGR 1980 (Bafatá, 1967/68), falecido no dia 19 de Junho de 2021 (José Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5)

sábado, 1 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22160: Fotos à procura de... uma legenda (150): a continência à(s) bandeira(s) (Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Gabu > CART 11 (Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/1970) > Nova Lamego > "Porta de armas": continência à bandeira nacional.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), > 1973 > Cerimónia do arriar da bandeira que ainda se repetiria por mais um ano, aproximadamente. Como se pode ver, estava um grupo de combate a entrar, que pára em sentido. Mesmo as mulheres que vinham da fonte com água à cabeça paravam nestas ocasiões, tal como os homens e as crianças.

Foto (e legenda): © António Murta (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro / fevereiro de 1968 > A cerimónia cheia de significado da continência à bandeira nacional. Trata-se do hastear da bandeira, pela manhã, depois o arriar era às 18 horas, já quase noite. Hoje onde se vê disto? Em Bissau, por exemplo, toda a gente em sentido, até na Estrada principal, paravam os carros e saiam as pessoas com destino ou vindas de Bissau, a passar em Brá.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > 1968 > CART 2339 (1968/69) > O Grupo de combate do Alf Mil Mendonça , antes de ser recambiado para Mansambo, para o trabalho de pá e pica , a construção do aquartelamento  > O arriar da bandeira ...  

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > Xime > Posto Escolar Militar nº 8 > 1972 > Alunos participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em 10 de junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.. [Um dos miúdos era o José Carlos Mussá Bai, hoje engenheiro florestal a trabalhar e a viver em Lisboa]

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 6 > Guiné > Canjadude > 1974 > O PAIGC toma posse do antigo aquartelamento da CCAÇ 5 e hasteia a bandeira da nova República da Guiné-Bissau. 

Foto (e legenda): © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Uma foto para a história: O Fur Mil Op Esp Magalhães Ribeiro arriando a bandeira verde rubra... Esta terá sido a última cerimónia do arriar da bandeira portuguesa, no TO da Guiné, pelo menos com "honras de Estado", isto é, em cerimónia oficial, com altos representantes, de um lado (NT) e do outro (PAIGC)... Diz o Eduardo que estava prevista, inclusive, a presença do 'Nino' Vieira, anulada à última hora por razões (compreensíveis) de segurança.

Foto (e legenda): © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem mais de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador; vive em Agualva-Cacém]

Date: terça, 13/04/2021 à(s) 15:00
Subject: Fotografis à procura de uma legenda 

As grandes fotografias da cerimónia diária do içar e arriar da Bandeira, que estão publicadas no blogue, representam perfeitamente o que se passava diariamente dentro e fora dos nossos Aquartelamentos.

Era um momento de cerimónia militar e de grande respeito de toda a população. Parava tudo, dos miúdos às bajudas, dos mulheres grandes aos velhos.

Estas fotografias à procura de uma legenda foram escolhidas por representarem as várias situações que se verificavam nesta cerimónia diária. Mas é apenas uma pequena amostra.

Desde a imagem em Nova Lamego que até dentro de casa havia cumprimento, passando pela correcta Continência à Bandeira dos poucos militares que ficavam no Quartel da minha CART.11, a particularidade de em Nhala a Continência ser feita com um "enxada arma", provavelmente por hábito agrícola, ou em Fá Mandiga ser um Pelotão a fazer a cerimônia, ficamos com uma ideia do escrupuloso cumprimento desta cerimónia diária.

Na Continência à Bandeira do PAIGC, em Canjadude, ressalta o respeito mútuo, apenas com um nosso militar bem fardado estar um bocado à balda calhando por estar contra o acontecimento.

Julgo que os autores destas extraordinárias imagens não se importarão que eu as utilize, agora venham lá legendas para estas fotografias.

Abraço
Valdemar Queiroz
___________
 
Nota do editor:

sábado, 19 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21372: (Ex)citações (371): eu, computodependente me confesso: a notícia da minha "deserção"... foi, afinal, um bocado exagerada... (Valdemar Queiroz)



Lisboa > 20 de junho de 2019 > Quatro Lacraus, da esquerda para a direita. Renato Monteiro, Abílio Duarte, Valdemar Queiroz e Manuel Macias, todos ex-fur mil da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70), mais conhecidos como "Os Lacraus".


Foto (e legenda): © Abílio Duarte (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Comentário do "Lacrau" Valdemar Queiroz (*):

Uff!!! 'té qu'enfim|

Já tenho o meu computador arranjado, tal como eu  estava com falta d'ar, teve que levar uma ventoinha nova.

Foram 15 dias de nervoso miudinho, tratava-se duma... computodependência. No meu caso, com a minha doença e, agora, com os cuidados covid, mais dificilmente saía de casa.

O computador para mim é como estar a conversar com os amigos no café, ler jornais, visitar exposições, ir ao cinema ou ao teatro, entrar à conversa com a rapaziada da Guiné aqui no blogue e principalmente comunicar com os meus netos que vivem na Neerlândia.

Dediquei-me à leitura, relendo a "Viagem a Portugal", de José Saramago, por não aguentar os atestados de estupidez dos programas televisivos da SICi e TVI de manhã, casos de polícia e tal, à tarde casos de doenças e tal,  com promoções das medicare privadas que tratam de tudo não se sabendo o que se paga por tudo tratado.

É um autêntico abuso da paciência das pessoas, que levam de manhã com os crimes do 'estava completamente morto' e à tarde com a doença da mulher que abusava do 'coiso'.

Podiam ter a ideia, que aparece no livro do Saramago, nas manhãs dos crimes e tal desvendarem a história do soldado transmontano José Jorge e nas tardes de doenças e tal visitarem a aldeia minhota de Covide,  sabendo se por causa disso têm mais ou menos convidados.

[Abílio] Duarte, exactamente. 
Não me recordo bem se a pequena [, a Cilinha,] nos foi visitar, mas tenho uma ideia daquela "quem é do Benfica?"  e depois oferecia uma bola de futebol.

Está a passar o tempo das sardinhadas e ainda não foi desta que fomos atacar umas aqui prós meus lados.

Ab., saúde da boa e nada de confiança ao bicharoco.

Valdemar Queiroz 

17 de setembro de 2020 às 03:08

 2. Comentário do editor LG:

Valdemar, entendo a tua "felicidade" e partilho-a... Podes crer que já estava a ficar preocupado com o teu estranho e prolongado silêncio... 

Pensei cá com os meus botões: 

"De duas uma, ou o rapaz teve ordem de soltura e foi apanhar o ar fresco do campo, ou então foi 'co(n)vidado' e nesse caso está amarrado a um dessas terríveis máquinas a que chamamos ventiladores, lá nos cuidados intensivos do hospital mais próximo, de que Deus nos livre!"...

Hipótese ainda mais fantasmagórica e inverosímel: sonhei que estavas em Paunca, e que tinhas sido apanhado à unha!... Mas também havia bocas da reação a dizer que tinhas desertado, com armas e bagagens... Afinal, dali ao Senegal era um saltinho, um passeio turístico...

Confesso que não ganhei para o susto... Afinal, foi apenas a "ventoinha" do teu computador que bifou!...  Nada que não se remendeie... embora, no teu caso, sair à rua é uma operação  complicada...

Bolas, já estava a ver os malditos dos jagudis à volta do telhado da tua morança!... É que os gajos cheiram a desgraça a quilómetros de distância.  

Bem vindo a bordo, de novo, camarada!...  E vê lá se ainda vais a tempo de saborear a última  sardinhada do ano, com os bons amigos e camaradas Abílio Duarte, Manuel Macias e Renato Monteiro (**)... Mesmo com os devidos cuidados que devemos todos ter, já que somos todos de maior ou menor risco...

PS - E a propósito da Cilinha... Também não me lembro de a "Senhora" visitar a nossa tropa-macaca da CCAÇ 12... Também não admira, nunca estávamos no quartel, o nosso poiso era o mato... Tambem nunca nos ofereceu nenhum conjunto musical... A nossa música era outra... Nem sequer uma "chicha", para as futeboladas. 


3. Resposta do Valdemar Queiroz:

Luís, obrigado pela preocupação. 

Fosga-se com essa lembrança dos jagudis, julgo que nem esses querem alguma coisa connosco: este é um daqueles que aguentou a guerra na Guiné, pensarão os passarões lá do alto da sua coca.

Foram uns dias lixados, já que estou muito habituado ao uso do computador para tratar dos mais diversos assuntos devido às dificuldades de me deslocar a qualquer lado. (***)

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21364: Memórias cruzadas na região de Gabu: dia de luto para o EREC 8840/72, na visita de Cecíiia Supinco Pinto a Canquelifá em 6 de Março de 1974 (Jorge Araújo)

(**) Vd, poste de 28 de junho de  2019 > Guiné 61/74 - P19924: Convívios (903): Velhos Lacraus, da CART 2479 / CART 11, juntam-se para comer uma sardinhada e recordar: Abílio Duarte, Manuel Macias, Renato Monteiro e Valdemar Queiroz... O Duarte e o Monteiro não se viam há 30 anos...

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21218: Efemérides (332): Foi há 51 anos a emboscada noturna de Sinchã Lali, no subsetor de Piche, a um grupo IN que fora roubar a população... Participação, entre outros, do 3º Gr Comb da CART 11, "Os Lacraus", com os fur mil Abílio Duarte e Cândido Cunha (mais a sua cadela 'Judy'), o Pel Caç Nat 65, e uma secção da CART 2440 (Valdemar Queiroz)


Guiné > Região de Gabu > Piche > CART 11 > Agosto de 1969 >  O regresso das NT...  O fur mil Cândido Cunha, do 3º Gr Comb, é o primeiro do lado esquerdo. Ao fundo, os "djubis", os putos, da povoação, aclamando as tropas vitoriosas...

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar): Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Gabu > Mapa de Piche (1957) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Piche e das tabancas de Copiró e Sinchã Lali, bem como dos rios Perade e Caium, este delimitando a fronteira.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem mais de 110 referências no nosso blogue]

Date: domingo, 2/08/2020 à(s) 17:52
Subject: Emboscada feita pelas NT

Faz 51 anos este mês, que o 3º. Pelotão da CART 11, "Os Lacraus",  fez parte de uma emboscada ao IN, perto de Sinchã Lali,  na zona de Piche.(*)

Julgo serem muito raras as emboscadas feitas ao IN pelas NT e muito mais raras seriam as feitas de noite. Nunca se saía do Quartel para o mato durante a noite.

A nossa CART 11 estava em intervenção em toda a zona Leste e 3º. Pelotão dos ex-fur mil Cândido Cunha (**) e Abílio Duarte foi o escalado para esta acção de combate.

As NT, comandadas pelo Capitão Paquim, saiu do Quartel de Piche já de noite, tendo o grupo do IN entrado na zona de morte da emboscada  perto da meia-noite.

O Cunha contou um pormenor da nossa cadela Judy, que o acompanhou desde a viagem no Timor até ao fim da comissão, sem ninguém se aperceber também seguiu com eles e teria rosnado  quando a frente do grupo IN entrou na zona de morte precipitando/iniciando assim o nosso ataque.

O outro nosso ex-fur mil Abílio Duarte que também fez parte da emboscada,  foi atingido várias vezes na cara, sem gravidade, pelos cartuchos em brasa vindos das nossas armas. O Cunha e o Duarte poderão explicar tudo muito melhor, por terem tido parte activa nesta acção de combate.

Esta emboscada  ficou por nós baptizada com o pomposo 'A Batalha de Sinchã Lali'.

Anexo o texto, da nossa "História da Unidade", sobre a emboscada e uma fotografia do regresso da NT pela manhã a Piche em que aparece o Cunha (1º. no lado esq.).

A fotografia é uma das grandes fotografias do nosso blogue. O regresso dos nossos soldados e alegria habitual dos 'djubis'  a recebê-los, que merece ser comentado.

 Valdemar Queiroz
2. CART 11 > História da Unidade > Agosto de 1969 > A emboscada de Sinchã Lali

O 3º. Gr Comb [da CART 11], com o Pelotão de Caçadores Nativos 65 e uma secção da CART 2440, comandados pelo Snr Capitão Paquim da Costa, comandante da CART 2440, toma parte na montagem duma emboscada na região do Rio Perade (Piche), a fim de interceptar na retirada um grupo IN não estimado, que tinha sido referenciado por alguns elementos da população em Sinchã Lali, as quais informaram o Comando do Batalhão.

Aproximadamente às 24h00, parte do grupo IN entrou na zona de morte. Iniciado o fogo das nossas NT, o IN ripostou utilizando armas ligeiras, morteiros, lança-roquetes e metralhadora pesada, acabando por dispersar precipitadamente, deixando um morto no terreno e sinais de arrastamento de oito corpos com grande quantidade  de sangue. 

Abandonou o produto do roubo (vacas, galinhas, artigos de vestuário e domésticos, géneros alimentícios, etc.) efectuado em Sinchã Lali e Copiró.


As NT permaneceram emboscadas até ao amanhecer, executando então uma batida à região e recolhendo material diverso e documentos, tendo  regressado ao Aquartelamento às 08h30 sem registar qualquer baixa. O material apreendido foi uma espingarda Simonov 10 granadas de RPG  e várias munições de Kalashnikov.

______________

Notas do editor:


Sobre o Cândido Cunha [, o nº 3, nesta foto de grupo, em Silvalde, Espinho, em fevereiro de 1969], que ainda não é membro (registado) da Tabanca Grande, escreveu o Valdemar Queiroz o seguinte (em comentários a um poste de de 1 de julho de 2019);

(...) Ainda estou à espera de um relato dele sobre a Judy, a cadela setter que foi connosco para a Guiné e que ele cuidava amorosamente, principalmente o relato do que se passou na viagem no Timor e numa emboscada feita numa noite da zona de Piche em que a cadela também foi com a nossa tropa.

Já tenho alinhavado a "A 'Judy' também foi prá guerra" mas faltam estes importantes relatos.

Quanto ao resto o Cunha é uma pessoa extraordinária. Eu costumo dizer que ele teve comportamentos surrealistas/naïfs que não lembrou aos verdadeiros autores desses movimentos artísticos. (...)


(...) O  Cunha é meu 'irmão siamês' na tropa. Entramos os dois na parte da tarde do mesmo dia em Santarém, na  EPC, depois fomos para Vendas Novas, EPA, tirar a especialidade, depois fomos colocados na Figueira da Foz (RAP3) mas ele ficou na EPA a dar instrução, depois fomos para Silvalde, Espinho, e por fim para a Guiné. Sempre Juntos.

O Cunha era músico e tocava nas boîtes noturnas, durante vários anos perdi o contacto ele, há anos que nos juntamos nos Convívios anuais e sei que é já há muitos anos afinador de pianos, profissão que ainda desempenha.

Por várias vezes tenho lhe pedido para ele escrever para o nosso Blogue, mas ele não gosta de exibições. Ainda estou à espera. (...)

(...) Coronel Miliciano Lukas Titio, assim é que era. Temos que concordar que era uma alcumha surrealista. 'Cor Mil' [, coronel miliciano,]nnão lembra ao diabo. 

Uma das máximas do Cunha e bem surrealista passou-se na EPA - Vendas Novas, quando ele lá ficou a dar Instrução depois de acabar a Especialidade.

Foi numa reunião da Bateria de Instrução com todos Aspirantes, Furriéis e Cabos Milicianos que tratavam sobre as tarefas do dia, que o Cunha mandou um VRRRRRRR!!!!,  assustando os presentes. 'Mas o que se passa,  Cunha?',  perguntou um dos Aspirantes. 'Como estou a desenhar este novo modelo Lukas Titio, experimentei os motores', respondeu o Cunha, apontando para os desenhos de carros que estava a fazer enquanto decorria a reunião. (...)

(...) Mas com todo o seu [ar] surrealista não deixou de ser um grande exigente nas várias acções de combate na Guiné, incluindo ter feito parte da célebre emboscada de Sinchã Lali feita ao IN na região de Piche. (...)

sábado, 16 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20978: FAP (120): Ainda o trágico acidente com o T6 - 1795. em Canquelifá, de que resultou a morte do fur mil pil Moutinho (Valdemar Queiroz / Abílio Duarte / Cândido Cunha, CART 2479 / CART 11, 1969/70)


Guiné > Região de Gabu > Canquelifá > Dezembro 9169 >  O Abílio Duarte examinando os restos do T6

Foto (e legenda): © Ab+ilio Duarte  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P20973 (*):

Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

É interessante verificar como se pode 'arranjar um abatido em combate', até parecia uma informação do PAIGC.

Eu, com o meu 4.º Pelotão cheguei a Canquelifá em 14 ou 15/12/1969. Fomo-nos juntar a outro Pelotão da nossa CART 11 reforçando a CART 2439 na defesa de Canquelifá que tinha sido fortemente atacada na semana anterior.

Quando lá cheguei já tinha acontecido [, em 4/12/1969,]  o desastre com o T6 que resultou a morte do piloto Moutinho. Não me recordo de nenhuma conversa sobre o que aconteceu.

Recordo-me muitas vezes de Canquelifá por causa do meu amigo, já falecido, ex-fur.mil. Aurélio Duarte e da bonita tabanca com uma placa à entrada desejando 'Bem-Vindo às Termas de Canquelifá,  com o desenho do repuxo e tudo.


Abílio Duarte, foto abaixo: ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); está reformado como bancário do BNU - Banco Nacional Ultramarino]

Como já referi anteriormente, conheci este malogrado camarada, no dia do seu último aniversário e véspera do acidente.

Esteve connosco na nossa Messe, em Nova Lamego (Quartel de Baixo), onde o meu camarada Furriel Mecânico Pais de Sousa, era seu amigo.

Em relação aos comentários de agora, tenho a dizer o seguinte. Ele estava aquartelado no edifício do Batalhão, uns quarteirões mais acima, do nosso local. Não me apercebi que ele estivesse alcoolizado. Não acredito.

Os T-6, tinham ficado em Nova Lamego, toda a noite, e saiu no dia seguinte para Canquelifà, reabasteceu e voltou a levantar voo, tendo tido uma avaria, tentou regressar à pista e o avião despenhou-se, tendo ficado todo calcinado.

A outra versão que leio agora, estranho muito, pois estive em Canquelifá, por vários períodos (15 dias) em reforço da guarnição, e nunca ouvi comentar, que ele tenha sido atingido pelo inimigo.

Portanto, e até provas em contrário, para mim ele teve um problema no avião e não conseguiu aterrar em condições. Em anexo mostro uma foto onde eu estou vendo o T-6 destruído, e por lá ficou por muito tempo.


Espinho > Silvalde > Fevereiro de 1969 > CART 2479 / CART 11 > IAO, Instrução de Aperfeiçoamento Operacional > Uma "foto histórica" um "ninho" de lacraus, designação do pessoal da futura CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche) > O Cândido Cunha é o nº 3... Os restantes (cujas cabeças são visíveis); o Ferreira (vaguemestre) (10), o Abílio Pinto (11), o Manuel Macias (6), Pechincha (que era de operações especiais) (7) e o Abílio Duarte (5).

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine.]


Cândido Cunha [, vd. foto acima]

O último voo do "T-6 1795" em Canquelifá

A causa da queda do T-6 em 4/12/1969, foi que, ao levantar voo ainda a baixa altitude, o nosso querido e malogrado piloto Alberto Moutinho, ao notar uma pequena falha e perda de potência no motor da aeronave, ao invés de tentar ganhar velocidade mantendo a altitude que já de si era perigosamente baixa, puxou para si o manche e, logo a aeronave caiu como uma pedra sobre uma tabanca, tendo uma velhota, que dela tinha saído, escapado por escassos metros.

Fomos dos primeiros a chegar ao avião envolto em chamas e vimos vários camaradas tentando partir a carlinga tentando retirar o querido e malogrado piloto. Entre eles o cozinheiro da 2439.

Copos, anti-aéreas e outras divagações, não. Por favor!

Abílio Duarte

Desconfiava que naquela altura havia lá gente da nossa Companhia, mas não tinha a certeza, se tu assististe à tragédia, é porque eu ainda não andava contigo e estava no 1º Pelotão, pois como sabes acabamos o nosso degredo no 3.º Pelotão.

Eu ainda hoje não consegui descobrir, porque é que passei do 1.º para o 3.º. Uma vez perguntei ao nosso falecido Capitão o porquê, e ele muito alentejano me disse "é a guerra Duarte... é a guerra".

Abraço, velho Lacrau. Por onde nós andamos... e ainda vamos por aí, depois de caganeiras, paludismos e toda a merda que havia, estamos agora em casa de prevenção. As voltas que a vida dá.

PS - Meu Caro Coronel Miliciano Lukas Titio, gostei que aparecesses aqui neste nosso blogue. Como diz o Valdemar, tu estiveste lá, nos piores dias da nossa CART 11, em Canquelifá. Bem hajas, abraço.


2. Segundo António Martins Matos [, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74[, "na zona de Canquelifá nunca houve AAA. Houve Strelas, mas isso já foi em 1974."

O António J. Pererira da Costa, por seu turno, confirma:

"Concordo com a afirmação do António Martins Matos. Nessa altura, o PAIGC dispunha de ZSU-23-4, mas só no Quitafine (próximo de Cacine). Creio que já não seriam muitas. A FAP tinha-as destruído uma a uma (cap pilav Jesus Vasquez e outros)." (*)
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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 14 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20972: FAP (119): O último voo do "T-6 1795" e a morte do Fur Mil Pil Alberto Soares Moutinho, em 4/12/1969. O acidente dever-se-á a pouco depois da descolagem o avião ter embatido com a ponta da asa numa árvore, despenhando-se de seguida (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

Vd. também poste de 13 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20968: FAP (118): O último voo do «T-6 1795» em Canquelifá, e a morte do fur mil pil Alberto Soares Moutinho, em 4/12/1969 (Jorge Araújo)

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20968: FAP (118): O último voo do «T-6 1795» em Canquelifá, e a morte do fur mil pil Alberto Soares Moutinho, em 4/12/1969 (Jorge Araújo)



Foto 1 - Vista aérea do Aquartelamento de Canquelifá [Foto de Joaquim Bernardo Silva, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/73 (Maio/1974)]



Foto 2 - Exemplo de um T-6 (matrícula 1783); 



 Geografia da Região Leste da Guiné, por onde circulou o contingente da CART 2439 (1968/70), com destaque para Canquelifá, local da queda do «T-6 1795», em 4 de Dezembro de 1969.

 

Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); um homem das Arábias... doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; vive entre entre Almada e Abu Dhabi; autor da série "(D)o outro lado do combate"; nosso coeditor.


4 DE DEZEMBRO DE 1969:
O ÚLTIMO VOO DO «T-6 1795» EM CANQUELIFÁ
E A MORTE DO FUR PIL  ALBERTO SOARES MOUTINHO 

1.   - INTRODUÇÃO

O acidente que envolveu a queda do «T-6 1795», da qual resultou a morte do camarada da BA 12 (Bissalanca), Fur Mil Pil Alberto Soares Moutinho, natural de Lourosa, Município de Santa Maria da Feira, ocorrido em 04 de Dezembro de 1969, 5.ª feira, em Canquelifá, localidade da Zona Leste do território da Guiné, já aqui foi aflorado em 18 de Fevereiro de 2016, no P15764.

Passados que estão quatro anos dessa primeira abordagem, divulgada pelo camarada Valdemar Queiroz, da CART 2479/CART 11 (1969/70) através de uma imagem sua, e em função de novos dados historiográficos localizados em literatura especializada, que abaixo se identifica, tomei a iniciativa de os partilhar no Fórum, para que deles tenham conhecimento e, quem sabe, de a eles puderem adicionar algo mais.

2.   - A CART 2439 - EM CANQUILIFÁ À DATA DO ACIDENTE

2.1 - A MOBILIZAÇÃO PARA O CTIG

Mobilizada pelo Regimento de Artilharia Ligeira N.º 5 [RAL 5], de Penafiel, para servir na província ultramarina da Guiné, a Companhia de Artilharia 2439 (CART 2439), a segunda de três unidades de quadrícula do Batalhão de Artilharia 2857, liderado pelo TCor Art José João Neves Cardoso, embarcou em Lisboa, no Cais da Rocha, em 09 de Novembro de 1968, sábado, sob o comando do Cap Mil Art António Regêncio Martins Ferreira, seguindo viagem a bordo do N/M "UÍGE" rumo a Bissau [CTIG], onde chegou seis dias depois.

2.2 - SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL


Decorridos dez dias após a sua chegada a Bissau, a CART 2439 seguiu em 26Nov68 para Canquelifá, a fim de render a CART 1689 [01Mai67-02Mar69, do Cap Art Manuel de Azevedo Moreira Maia (1.º); Cap Inf Martinho de Sousa Pereira (2.º) e Cap Art Rui Manuel Viana de Andrade Cardoso (3.º)], tendo assumido, em 01Dez68, a responsabilidade do respectivo subsector, com um Gr Comb destacado em Dunane e ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão [BART 2857]. 

Em 03Abr68 o Gr Comb destacado em Dunane recolheu à sede da subunidade, tendo sido deslocado por curtos períodos para Piche, em reforço da guarnição local. Em 21Ago70, foi rendida no subsector pela CCAV 2748 [23Jul70-19Jun72: do Cap Cav José Eduardo Castro Neves] e deslocou-se para Bissau, por fracções, a fim de aguardar o embarque de regresso, tendo entretanto dois Grs Comb permanecido na Zona Leste, em reforço temporário das guarnições de Nova Lamego e Canquelifá, até 20Set70.

3.   - O ACIDENTE EM 04 DE DEZEMBRO DE 1969 – 5.ª FEIRA
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


3.1 – IMAGEM DOS DESTROÇOS DO «T-6 1795» EM CANQUELIFÁ




Foto 3 – Destroços do «T-6 1795» atingido em 4 de Dezembro de 1969, em Canquelifá, onde faleceu o Fur Mil Pil Alberto Soares Moutinho; in: https://www.facebook.com/photo?fbid=2505778952831540&set=g.116432285047990, com a devida vénia.

3.2 - NO BLOGUE «ACIDENTES DE AVIAÇÃO MILITAR» - [Aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando]

Na consulta ao sítio electrónico acima, aí se refere que a queda da aeronave ficou a dever-se ao facto de ter sido "atingida por tiros de antiaérea", conforme prova abaixo.



 com a devida vénia.

3.3 - NO LIVRO "ACIDENTES MORTAIS EM AERONAVES – 1917-2016", DA AUTORIA DO GENERAL PILAV JORGE MANUEL BROCHADO DE MIRANDA

No trabalho em título, que está disponível no Arquivo Histórico da Força Aérea, com data de Setembro de 2016, o autor chama a atenção, quanto ao seu valor científico, "que as fontes de história que registaram acidentes de aeronaves são essencialmente os "Processos de Segurança de Voo (SV)", mas por má elaboração ou falta de dados nem sempre aparecem elementos essenciais para a caracterização do acidente e das suas causas, ou, na falta destes, a imaginação entrou à solta e deu curso à fantasia. Vão, todavia, aparecendo, aqui e além, fora das fontes citadas, referências a acidentes que vem completar, por vezes, as informações incompletas ou mal descritas dos documentos oficiais" (p 5).

No caso em apreço, as causas do acidente são descritas do seguinte modo: "após descolar de Canquelifá incendiou-se e explodiu em voo atingido pela AAA", conforme se reproduz abaixo.



 com a devida vénia.

3.4 - NO P15764, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2016

No poste identificado acima, tendo a sua génese nos comentários ao P15758, onde se reproduz a mesma imagem abaixo, encontramos dois depoimentos sobre esta ocorrência, respectivamente dos camaradas Abílio Duarte (ex-Fur Mil da CART 11, Nova Lamego e Paunca, 1969/70) e do José Manuel Matos Diniz (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), que recuperamos. 

Pretende-se, assim, alargar o quadro da "objectividade histórica", através da revisão da análise documental, em que a informação a que se teve acesso, do passado, permite o seu cruzamento na busca da verdade, ainda que parcial.



Foto 4 - Canquelifá (1970) – Foto do Valdemar Queiroz (CART 2479/CART 11 (1969/70) junto à carcaça (destroços) do T-6 1795 que se despenhou em 04Dez69.

3.4.1 - DEPOIMENTO DE ABÍLIO DUARTE

"A carcaça do avião, que aparece na foto, é o resto de um T-6 [1795].

Aquele avião despenhou-se em Canquelifá [04Dez69], quando pretendia sair daquele destacamento para uma operação, no sector. Lembro-me muito bem deste acontecimento, porque no dia anterior, o piloto aviador [Fur Mil Pil Alberto Soares Moutinho] que faleceu, tinha estado connosco na nossa messe em Nova Lamego, penso que era amigo do nosso furriel Pais (mecânico), lá de Espinho, e jantou com a malta. Muita tristeza. Foi a nossa sina".

3.4.2 - DEPOIMENTO DE JOSÉ MANUEL MATOS DINIZ

"Estive por duas vezes em Canquelifá por períodos de uma semana cada, talvez a partir de Abril de 1970. Sobre o acidente do T-6 [1795; em 04Dez69] ouvi [dizer] que o piloto teria sido festejado pelo seu aniversário [?], e que se bebeu alegremente. O avião levantou, mas em vez de tomar o rumo para Bissau, o piloto terá querido fazer uma manobra de agradecimento [?], um looping que acabou na grande árvore que havia no centro da localidade. Obviamente não posso jurar que foi assim".

3.5 - OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES - NT

Foram feitas pesquisas quanto à eventualidade de existem outras mortes associadas ao acidente, ocorridas nesta região, nomeadamente a nível do Exército, mas nada consta nos documentos oficiais.

Por outro lado, também não encontrámos referências relevantes sobre a actividade operacional da CART 2439, durante este período na região, com recurso a apoio aéreo.
Na ausência de mais informações esclarecedoras sobre este acidente, uma das fontes credíveis são os elementos da CART 2439, em particular os que estiveram envolvidos no socorro.

Aguardamos pela chegada de mais comentários a este propósito, mesmo sabendo que, na "fita do tempo", estamos a uma distância superior a cinquenta anos.
Fontes consultadas: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
08MAI2020

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Nota do editor: