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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21225: Casos: a verdade sobre... (9): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte I


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > Fevereiro de 1967 > Cristal ou Sagres ? O "lobby" da cerveja na guerra... N a foto, o gen Arnaldo Schulz ao lado do piloto do helicóptero AL II... No banco de trás, duas caixas de cerveja, Sagres e Cristal... À direita, o fur mil Viegas, do Pel Caç Nat 54.

Comentário (humorístico) (*):  "Como se pode ver por esta foto, na Guiné, durante a guerra colonial, toda a gente se embebedava, do general ao soldado... E os que faziam a guerra eram os sodlados de 2ª linha, os guineenses, e nomeadamente os fulas, que, sendo muçulmanos, não bebiam, mas passavm todo o tempo a mascar cola...


Que fique bem claro para a a História: a haver atrocidades, só a eles podem ser imputadas...

A culpa foi toda da Intendência Militar que democratizou o uso de substâncias psicoativas: eram tão baratas, que eram acessíveis mesmo ao soldadp básico mais mal pago...

Não havendo 'liamba' na Guiné, o segredo da excessiva duração daquela guerra (que alguns queriam que fosse como a guerra dos 100 anos), tem um segredo: a "água de Lisboa, manga di sabe" e a "noz de cola" que dava um tusa do caraças: era como as pilhas Duracell... Podia faltar tudo, de antiaéreas a camisas de Vénus, menos a água de Lisboa e a noz de cola".
 

Foto (e legenda): © José António Viegas (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > "Água de Lisboa" (, ou melhor, "vinho do Cartaxo"...). O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Caramadas da Guiné). 

1. Seleção de comentários ao poste P21222 (*) - Parte I (**)


(i) Diconário Priberam da Língua Portuguesa:

ca·ná·bis
(latim cannabis, -is, cânhamo)
nome feminino de dois números

1. [Botânica] Designação dada a várias plantas do género Cannabis, da família das moráceas, em especial a Cannabis sativa, de folhas palmadas, cultivada pelo seu caule, que fornece uma excelente fibra têxtil, e pelas suas sementes, que dão um óleo; as flores e folhas são também usadas como droga entorpecente.= CÂNHAMO

2. Conjunto de folhas secas de cânhamo-indiano preparadas para mascar ou fumar. = MARIJUANA

3. Droga feita da resina das inflorescências dessa planta que produz sonolência ou outras alterações do sistema nervoso central. = HAXIXE

[ Palavras relacionadas: haxixe, maconha, cânabis, cangonha, marijuana, cânhamo-indiano, pango, erva, liamba,  diamba, riamba, soruma...

"canábis", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/can%C3%A1bis [consultado em 05-08-2020].
______________

co·la |ó|
(latim científico Cola, do quicongo nkola)
nome feminino

1. [Botânica] Designação comum a várias plantas do género Cola, da família das esterculiáceas. = COLEIRA

2. [Botânica] Fruto da coleira, cujas sementes são ricas em alcalóides estimulantes, como a cafeína. = NOZ-DE-COLA

3. Bebida refrigerante, doce, gaseificada e de cor acastanhada, preparada com uma substância extraída desse fruto ou com aromas sintéticos (ex.: pediu uma cola com limão).

"cola", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/cola [consultado em 04-08-2020].


(ii) Carlos Pinheiro:

(...) O  trabalho que a seguir partilho [, Cannabis e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial, jornal "Público",  domingo, 2 de agosto de 2020], e que, possivelmente muitos de vós já tereis visto, feito por um fulano para a sua tese de doutoramento, depois de ter entrevistado 200 ex-combatentes, incomodou-me sobejamente porque – posso estar a ver mal – o senhor chegou aquelas conclusões depois de ter falado com uma inexpressiva percentagem daquelas muitas centenas de milhares de jovens que durante 14 anos deram o corpo ao manifesto. (...)

(iii) António J. Pereira da Costa:

(...) Cá estamos perante um doutorado que fez um estudo e tirou conclusões que nós não subscrevemos. Os militares portugueses não sabiam o que era "canábis", donde se extraía e como se preparava. Admito, teremos sempre que admitir, que alguns a conhecessem. Todavia, tudo se passou há 50 anos (mais ou menos) e a popularização da droga não tem essa idade.

O consumo de bebidas alcoólicas será diferente. O povo português consumia vinhos e aguardentes correntes, para além de "bebidas brancas", mais elaboradas. É provável que uma grande parte tenha tenha "descoberto" o whisky "num TO duma qualquer PU", pois na metrópole era caro e lá, com 100 paus, já se tinha uma garrafa...

Não creio que os soldados se embebedassem para ter coragem ou escorraçar a morte. Também nunca vi ninguém que recorresse ao álcool para matar o tédio ou reduzir a ansiedade em vésperas de uma acção.

Parece-me um trabalho bombástico e a crer desfazer tabus. Está na moda. A amostra apresentada será significativa? Em que contexto? O consumo de drogas na guerra, durante uma boa parte da sua duração,  não era praticado por totalmente desconhecido.

É deste tipo de "estudiosos" que eu tenho medo. Têm poder de divulgação e o que disserem, mesmo que pouco correcto,  é que vai valer para o futuro. A opinião de quem lá esteve, como não é cientista, não tem valor. (...)

(iv) Albertino Ferreira:

(...) Li o artigo, pelo menos diz uma verdade, na Guiné não houve consumo de cannabis, só de álcool, mas o clima também ajudava. Quanto à noz de cola,  só me apercebi que a usavam os soldados nativos integrantes das milícias, especialmente na zona de Bigene. (...)

(v) Alberto Branquinho:

(...) Pois é, "a ciência é com os cientistas"... Mas a "ciência" tem que ser a verdade das coisas e, principalmente, na sociologia e "arredores".

Nas minhas memórias não registei drogas nem das leves. Andei por quase 2/3 da Guiné e não cheirei nada. "Cola" sim, vi muita, mas consumida por milícias, principalmente e também soldados nativos. E álcool, muito!!!

De Bissau, não sei nada. Talvez consumissem para matar o "tédio" da ausência de guerra. (...)

(vi) António J. Perereira da Costa:

(...) Efectivamente a cola era muito consumida, mas pelo pessoal da milícia (civis armados) e recrutamento local. Era um hábito daquela sociedade que as autoridades portuguesas nunca tentaram contrariar. Lembro-me de que o chefe da tabanca de Cacine - o velho Aliu - andava com umas nosezitas embrulhadas num paninho muito branco e fechado com nós.
Mas, atenção, a cola era um excitante, um estimulante que não servia "para combater o tédio", tornava o combatente excitado, agressivo e mais "apto" para o combate.

Resultados? Nunca dei por isso. Não me consta que os "colados" tenham, alguma vez, desarvorado em direcção ao IN, estimulados pela droga... Também nunca dei por que tivessem maior resistência física.
E vocês? Alguém se recorda de um Grupo de Combate  devidamente "colado" a ter mais êxito que os não "colados"? (...)

(vii) Tabanca Grande Luís Graça:

(...) Esstou ler a entrevista do "Público" agora mesmo... São 8 (oito!!!) páginas dedicadas aos combatentes da guerra colonial e aos seus problemas psicossociais... É obra!...Ainda há gente que se interessa por este "lixo da história"...

Mas não se tirem conclusões apressadas sobre os comportamentos dos militares portugueses nos TO da Guiné, Angola e Moçambique...O próprio entrevistado previne, contra o enviesamento de umas algumas perguntas da jornalista: 'Foquei-me nos consumidores e tentei perceber o significado do consumo [, nomeadamente da "cannabis", que não havia na Guiné...] e todas as suas circunstâncias, mas deixando  sempre claro que não queria generalizar, não queria dizer que todos consumiram' " (...)

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21158: Tabanca Grande (497): José Maria da Silva Valente (1946-2020), natural de São Roque, Oliveira de Azeméis, ex-fur mil, CART 1689 (Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69): senta-se, a título póstumo, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 811


José Maria Silva Valente (1946-2020), fur mil,
CART 1689 / BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel 
e Canquelifá, 1967/69). 
Foto: José Ferreira da Silva (2020)


1. A notícia da sua morte chegou-nos ontem, por email de um amigo e camarada de armas, o José Ferreira da Silva:

Aconteceu hoje, pelas onze horas, no Hospital de Oliveira de Azeméis. Foi um dos seus filhos gémeos quem me deu a notícia. Fiquei chocado e um pouco desorientado, com a notícia deste desfecho inesperado.

Logo ele, aquele militar que eu tanto admirei na nossa guerra da Guiné! Logo ele, cuja acção e comportamento temerário suplantavam o apelido que teve por nascimento!

Pois, é esse mesmo, o José Maria da Silva Valente que tanto se dedicava à pesca e que há 4 anos caiu na Barragem de Castelo de Bode, de onde foi preciso tirá-lo quase inconsciente. Nunca mais ficou bem, devido ao ferimento sofrido na cabeça.

Para que conste no património das minhas memórias, caracterizei-o e registei-o no segundo livro que publiquei. E é esta pequena homenagem que lhe presto, através do texto que vai junto, pois quero recordá-lo na força da vida. (*)



2. Comentário de outros camaradas (*);

(i) Alberto Branquinho:

Não posso deixar de escrever duas ou três palavras porque o Valente foi um dos dois furriéis do meu pelotão [, o 1º Gr Comb / 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel  e Canquelifá, 1967/69).

O outro, também já falecido e também lembrado aqui pelo Silva, foi o António Pedro Carneiro de Miranda.

Pois o Valente era destemido, temerário até,  e arrastava com ele, agachado e aos berros, os soldados da secção que lhe estavam mais próximos, mesmo em situações de fogo frontal.

Tive, muitas vezes, que lhe moderar os ímpetos ou chamar-lhe, depois, a atenção, porque achava que se deveria, antes, fazer uma análise mínima das situações. Por essa razão (e outras,  de comportamento) as nossas relações não eram as melhores, ao contrário do que acontecia com o furriel Miranda.

Há que referir que, quando embarcámos para a Guiné, ele tinha acabado de ser pai de dois gémeos, só com alguns meses de vida.

A pesca era para ele uma paixão e, na parte final da sua vida, um descanso e uma fuga dos muitos problemas que teve na vida empresarial.

Deixa uma lembrança muito forte e muito grande. Adeus, Valente!


(ii) José Marcelino Martins:

Condolências à família e aos amigos.

Ocupa o teu lugar no poilão, Valente, o lugat dos combatentes da Guiné, também é neste local de encontro. Até sempre. 

(ii) Hélder Sousa:

O Valente já fez a sua última caminhada entre nós. Certamente outros se seguirão, pois é esse o nosso "destino comum".

No entanto a sua memória perdurará enquanto os amigos (e familiares, naturalmente) quiserem, com a preciosa ajuda deste tipo de homenagens em que o Zé Ferreira é um bom construtor.

Que descanse em paz.




3. Em 15 de janeiro de 2011,   o Hélder Sousa havia seguinte, em comentário a esta "história boa da minha memória",do José Ferreira,  o seguinte (*):

Caro camarigo J. Ferreira da Silva

Esta tua história, que pretende homenagear a valentia do Valente, faz ressaltar também outras coisas. Por exemplo, a necessidade de se ser firme ao enfrentar os superiores e demonstrar a justeza da nossa razão, quando caso disso.


E também ressalta a importância de se ter um bom relacionamento com os comandados para a partir daí se poder ir, como escreves, 'até ao inferno'.


4. O Silva  foi talvez o camarada mais próximo do Valente: embora tendo personalides diferentes e  pertencessem a grupos de combate diferentes,  eram amigos, iam sozinhos à caça e à pesca juntos,  gostavam de fazer os seus petiscos (, um caçava, o outro pescava), andavam juntos pelas tabancas... e  sobretudo conviveram bastante nos últimos anos. 

O Silva ganhou o gosto da pesca (nos rios e albufeiras) com o Valente, e nomeadamente a pesca do achigã. Além disso, eram vizinhos: o Valente, de São Roque, Oliveira de Azeméis,  o Silva, de Fiães, Vila da Feira...

Ao telefone, o Silva confidenciou-me que o Valente era um militar, como qualidades e defeitos, como qualquer um de nós, com uma deficente instrução militar, etc., mas inegavelmente destemido e um graduado capaz de galvanizar os homens da sua secção.

Depois na vida civil, procurava destacar-se em tudo o que fazia, deste o futebol e aos negócios e até na pesca. Tinha o gosto pela competição e subestimava os riscos. Foi um pequeno empresário da indústria de calcado, com relativo sucesso até à crise de 2008/09...  Um acidente na pesca há uns quatro anos afetou-o muito, o Silva ainda o trouxe a um convívio com os seus camaradas da CART 1689. Todavia a sua morte, mesmo esperada, não deixa de ser pesarosa, para os amigos e camaradas que o estimavam.

O Silva relembra ainda o Valente nestes termos (**):

(...) Foi dos últimos a integrar a nossa Companhia. Chegou a Viana do Castelo antes duas ou três semanas de partirmos para a Guiné. Era muito franzino, branquito e sem barba. Não pesava mais de 50 quilos e teria uns 155 centímetros de altura. 

Até metia pena, pensar que aquele imberbe, também iria para a guerra. Porém, conforme se veio a verificar, a aparência não condizia com a realidade. Curiosamente, alguns dias depois, já ele tinha “presa pela beiça” uma adolescente que trabalhava na nossa Pensão. Todavia, ele demarcou-se logo e fez questão de nos comunicar que era casado e que já tinha dois gémeos, (acabados de nascer). Inicialmente não acreditámos, mas viemos a confirmar que era verdade.

Pois o Furriel Valente, oriundo de Oliveira de Azeméis, foi um militar de primeira. Cumpridor, corajoso e abnegado, ele, temerariamente, surgia na frente de combate sempre que “elas” começavam a cantar. Foram vários os combates em que ele se destacou. Por isso era muito respeitado na CArt 1689, especialmente pelos seus soldados que o seguiriam até ao inferno, caso fosse preciso. (...)


5. Por proposta do nosso editor Luís Graça, o Valente passa a sentar-se, simbolicamente, à sombra do nosso poilão no lugar nº 811. (***)

O Valente foi um dos nossos, e vai continuar a sê-lo: graças ao Zé Ferreira da Silva e ao nosso blogue, não vai ficar na vala comun do esquecimento. 

Uma das suas paixões era a pesca. Como muitos outros camaradas, não tinh email pessoal, nem página no Facebook, nem muito menos terá visitado alguma vez o nosso blogue. Como ele haverá 99 em cada 100 dos homens que passaram pelo TO da Guiné entre 1961 e 1974.

Mais uma razão para o Valente passar a ser lembrado, aqui, ao nosso lado. 

Para mais morre em plena pandemia de COVID-19, sendo o seu funeral condicionado pelas restrições em vigor, e pela vontade expressa da família, não podendo contar por isso  com a presença  dos amigos e camaradas que gostariam de poder despedir-se dele.

Esta é, em alternativa,  a maneira dos seus camaradas da Guiné lhe dizeram adeus.  Nós, bem como os seus filhos e netos, e demais amigos, vamos continuar a ter orgulho nele e a recordá-lo,

Obrigado, Zé, pela singela, mas sentida e fraterna  homenagem que fazes ao Valente, que travou ontem o seu último combate: 'Logo ele, aquele militar que eu tanto admirei na nossa guerra da Guiné! Logo ele, cuja acção e comportamento temerário suplantavam o apelido que teve por nascimento!'

Um abraço de solidariedade na dor aos filhos e demais familiares do Valente, em nome de toda a Tabanca Grande.



S/d  ], anterior a 2016] > O Grande Valente, numa “bolanha do vale do Mondego”,  prepara-se para dar mais uma aula de bem pescar ao colega, amigo e vizinho Silva, companheiros de grandes lutas pela honra e dignidade dos militares da Cart 1689. Em 2016 sofreu um acidente grave, quando pescava na albufeira da barragem de Castelo Bode (****)


S/d  [, anteriror a 2016] > O Silva com o Valente nas pescarias do rio Douro, Porto Antigo, Cinfães




Guiné > Região de Tombali > Catió > CART 1689 > Convívio “meio balanta”, na messe de sargentos. O Valente está de cachimbo.



Guiné > Região de Tombali > Catió > CART 1689 >   Messe de sargentos. O Valente   é o sorridente de camisa branca. O Valente brilhou também como o melhor gerente da messe de sargentes. Durante um mês,  comeu-se bem e do melhor (manga de bom peixe fresco, pescado à granada).


Guiné > Bissau > CART 1689 > Grupo de furriéis, no fim da comissão. O Valente é o 3º, de pé, da esquerda para a dieita.

Fotos: Cortesia do José Ferreira (2020)



Vila Nova de Gaia > Crestuma > 10 de junho de 2016 > Da esquerda para a direita, o Valente, o Zé Ferreira, o Neves  e o Jorge Portojo. Os quatro passaram por Catió.  Recordes-se que o  o nosso querido e saudoso Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017) oi vur mil  do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió (1968/70). O Neves, por sua vez, pertencia à CCS/BART 1913 (Catió, 1967/69), tal como o Victor Condeço (1943-2010), furriel mecânico de armamento.  A CART 1689 também pertencia ao BART 1913.


 Foto do Jorge Teixeira (Portojo) (2016).




Vila Nova de Gaia  > Crestuma  >  17 de dezemrbo de 2016 >  Apresentação do 1º volume do livro do José Ferreira, "Memórias Boas da Minha Guerra". O Valemte, de pé.


 Vila Nova de Gaia  > Crestuma  >  17 de dezemrbo de 2016 >  Apresentação do 1º volume do livro do José Ferreira, "Memórias Boas da Minha Guerra" > O Valente, à esquerda.
As fotos são da autoria do nosso saudoso  Jorge Portojo (2016) (*****)





Gondomar > Fânzeres > Tabanca dos Melros > 2016 > O Valente, já debilitado junto do ex-Cap Manuel Maia (hoje General  reformado Manuel Maia), no almoço do pessoal da CART 1689.


Foto: Cortesia do José Ferreira (2020)

(***ª) Vd. poste de 9 de agosto de  2016 > Guiné 63/74 - P16374: Outras memórias da minha guerra (José Ferreira da Silva) (25): Relatório de Operações do último almoço-convívio da CART 1689


(...) A certa altura, abeirei-me do Valente, que eu havia ido buscar a Oliveira de Azeméis e que já não pode conduzir viaturas em virtude de um acidente sofrido numa pescaria na Barragem de Castelo de Bode, e perguntei-lhe:
- Está tudo bem? Porque estás tão calado?
- Olha, Silva, desta vez estou para aqui a observar a malta e verifico que o nosso fim está próximo. Lembras-te de quantos homens tinha a nossa Companhia? 153!... Sabes quantos estão aqui? 19! A maioria são familiares e a gente nem repara. Cada vez vêm mais familiares a acompanhar-nos, e sabes porquê? Porque nos vêm trazer e amparar. Andam a dar-nos as últimas alegrias.

Logo o tentei animar:
- Deixa-te de merdas, a malta está contente, vê se pensas em coisas boas e se tratas do “isco especial”, para voltarmos a pescar. (...)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Guiné 63/74 – P20644: (De) Caras (146): Um pequeno texto, cuja essência teve o BLOGUE na sua concepção (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

É verdade!

Estou vivo!

Felizmente com saúde e vontade de viver não me falta!

Ora agora caminhando, mais logo dando largas à cavalaria automobilística, depois com uma sessão de manutenção tipo a do Prof. Marcelo, isto é, umas braçadas na piscina e uns exercícios de hidroginástica, passando por umas viagens de índole não só paisagística mas também gastronómica, a verdade é que ainda ando sem muletas ainda que nuns dias doam as costas, num outro os dedos que começaram a entortar com a artrose, a maldita hérnia também tem um sono muito leve e, quando menos espero, desperta e lá vêem uns dias de ai ais, e umas horas deitado no chão até que a coisa passa até à próxima ….

A sequência dos dias é na base das 24 horas que a Terra demora a dar uma volta completa onde se tenta que a rotina seja “toureada” e que as surpresas apareçam tal-qual ou seja, de surpresa…

Pois bem, hoje cortei com uma determinada rotina indo almoçar a um restaurantezinho que costumo frequentar com alguma regularidade.

Como não estava acompanhado, coube-me uma mesa chegada a uma outra de 4 lugares ocupados por um casal que poderiam ser os pais de um dos 2 outros elementos (casal) presentes.

Não tendo nada a ver com esta história e numa 3.ª mesa, estava uma outra família que até ao momento, me passaria despercebida não fosse a interjeição duma criança (5 anos?) que, ao serem postas as vitualhas entre cada duas pessoas, berrou a plenos pulmões: “batatiiiiiinhas !!!”…

Ri-me eu, riram-se os meus vizinhos de circunstância e tudo isso sem a mínima perturbação do faciem da referida criança.

O almoço continuou e eu devorei literalmente umas pescadinhas de rabo na boca, acompanhadas por um bem aceitável arroz de grelos.

Nisto, sou chamado à atenção do cavalheiro da mesa ao lado que, em surdina (vi-me à rasca para o ouvir pois estou surdo dum ouvido e o zururu de restaurante não me permite muito mais do que dizer que sim nas conversas…) me pergunta se conheço o sr António Garcia de Matos ….

Algo me dizia que aquela cara não me era 100% estranha mas a farta cabeleira que provavelmente existira no passado, estava reduzida aos laterais, deixando uma enorme pista de aterragem no centro, o que , de todo, me cortou as hipóteses de num exercício de fotomontagem, descortinasse minimamente, de quem se tratava.

Respondi-lhe que sim, que conhecia o tal Matos ficando agora a faltar apenas a sua identificação.

Fez render o peixe (da conversa, não as pescadinhas ) perguntando-me pela Guiné, por minas...

Perguntei-lhe se tinha sido do meu batalhão mas não, não tinha sido.

O local, o barulho, a falta de ouvido, etc. fez-nos dar um salto no tempo apressando o final não sem que me tivesse dito que o seu nome acabava em “inho”.

Ora porra! foi a estocada final na esperança de o identificar.

Finalmente disse-me que ele próprio tinha feito a tal operação de fotomontagem mental colocando-me um bigode (acabei de rapar as barbas há 8 dias …) e não teve dúvidas da minha identificação.

Tinha, de facto, estado na Guiné mas numa comissão anterior à minha. BOLAS!!!

Mas, o que lhe trouxe à memória a minha pessoa foi, vejam bem!, o blog do Luís Graça!!!

Pois é verdade, era o Branquinho, aquele que escrevia igualmente naquela altura em que eu participava activamente.

Fiquei satisfeitíssimo pelo facto de ele ter dado o passo do reencontro e saí com a certeza de querer transmitir aos antigos e actuais tabanqueiros esta história da vida cuja referência foi, exactamente, o blogue!

Um abraço a todos e um especial ao Luís Graça.
António Garcia de Matos
___________

Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em:

28 DE NOVEMBRO DE 2019 > Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (118): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P19936: Notas de leitura (1192): “Cambança Final”, por Alberto Branquinho; Sítio do Livro, 2013 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Junho de 2019:

Queridos amigos,
Há uma consigna permanente na obra do Alberto Branquinho, tenho para mim que ele usa a cambança como o termo da maleabilidade entre o seguro e o inseguro, o destemor e o medo, a rapidíssima alteração de situação, estar a meter uma garfada à boca e cair a primeira morteirada entre duas fileiras de arame farpado, pode-se cambar o rio, uma conversa totalmente inusitada junto ao monumento dedicado aos nossos mortos, ali bem perto da Torre de Belém, pode-se cambar naquele quartel que tem mesquita e chefe religioso, camba-se quando se sonha com o estrelejar dos rebentamentos e alguém comenta que parece o S. João no Porto, carago.
Temos aqui Alberto Branquinho no seu melhor e que Deus o conserve com o seu engenho e arte.

Um abraço do
Mário


Sempre zombeteiro, sempre em cambança, dentro das guerras: Alberto Branquinho

Beja Santos

De “Cambança - Morte e vida em maré baixa”, por Alberto Branquinho, publicado em 2009, fez-se oportunamente referência. Temos, desde 2013, “Cambança Final”, Sítio do Livro, eu desconhecia a obra, é uma revisão aumentada da obra anterior, o confrade Alberto Branquinho merece felicitações por estes contos breves, registos assombrados ou coloridos e águas-fortes onde prima uma forte contenção, um rigor económico na explanação das situações e uma simplicidade descritiva que recomendam a releitura nos dias seguintes, são trechos que possuem todos os aliciantes indispensáveis para uma proveitosa releitura. E não é só a simplicidade, é a universalidade, quem por ali viveu e combateu entra rapidamente nesta sala de espelhos onde nos reconhecemos. Quando ele fala na apresentação de um lugar, pode ser uma vila com casas de pedra e tijolo, casas comerciais em uso ou depois de abandonadas ao serviço das nossas tropas; há população nas moranças, alfaiates e lavadeiras, um funcionário colonial e até um agente da PIDE. Aconteceu connosco, vivemos nesses lugares. O confrade Alberto Branquinho sabe urdir atmosferas onde cabe a população sobre duplo controlo, o horror dos destroços humanos ou a explosão de uma mina anticarro, há mesmo pedaços de carne que não se podem identificar, faz-se a dedução no destino, após a contagem do pessoal, e fica tudo dito, não se sofre mais nem menos, fica só o apontamento de que naquela guerra tais coisas aconteceram. E aconteceram connosco. Há até mesmo uma memória de guerra quando se vai visitar o Monumento aos Combatentes do Ultramar junto à Torre de Belém, dá-se um encontro, alguém entra imprevistamente em diálogo, acende-se o tumulto da guerra. Não ficamos imunes àquela conversa tão descabelada.

Feito o preâmbulo, diga-se em abono da verdade que a escrita de Alberto Branquinho tem marca de água, é um compósito de situações pícaras ou bizarras (como ele gosta de observar) onde ele tem a faculdade de se distanciar e até de expurgar o que seguramente experimentou: o lodo, a sede, os equívocos da comunicação, o prazer inexcedível em beber uma coisa tão boa que se chama água, os comportamentos mais imprevisíveis na reação a uma flagelação, as muitas digressões entre quartéis, a atmosfera na messe de oficiais, aquele major de operações que decidiu ir ao terreno, desconfiado que a malta se andava a desenfiar e que regressou feito em chaga. E há a aculturação, as superstições, a ação psico, o turra que se faz guia para descontentamento de muitos, eram operações que se podiam evitar se ele tivesse levado um balázio lá no mato. Também acontece o inaudito, ser posto na mesa um arroz de jagudis, o desconsolo daquele cozinheiro que via tão frequentemente o seu ambiente de trabalho rebentado à morteirada.

O confrade Branquinho pela-se por discretear à volta da metáfora da cambança, o ir e voltar, a maré-alta e a maré-baixa, como ele descreve cheio de intenção e rematar com uma tirada humorística, veja-se:
“Tudo era planeado de modo a que a tropa chegasse junto ao rio quando a maré estava no seu pleno, evitando, assim, terem de chafurdar (e perder tempo) nos dez ou quinte metros de lodo na maré-baixa, em cada margem.
A canoa, que tinha cerca de doze metros de comprimento e oitenta centímetros de largura, aguardava próximo da margem, agarrada pelo remador. Baloiçava com a entrada de cada passageiro e sua carga, metendo uns golos de água.
Com o rio iluminado pelas estrelas, os homens embarcavam em grupos de dez a doze, carregados de G3, cartucheiras, cantil, bazuca, granadas, metralhadora, fitas de munições e os bolsos cheios de peças de rações de combate.
Completado o embarque, o remador empurrava a canoa água dentro, depois entrava nela e, com um único remo, fixada a ré, fazia-a seguir silenciosamente, a caminho da outra margem.
Alguns iriam rezando, encomendando a alma a Deus, mas tensos e silenciosos, olhando em volta, tentando, talvez, localizar algum crocodilo noctívago. Qualquer pequeno baloiçar ou movimento involuntário para um lado era perigoso, porque havia, sempre, a tentativa de o compensar para o lado contrário e fazia a água galgar as bordas da canoa. O risco da carga ser baldeada estava sempre presente e era tanto maior quanto mais bruscos os movimentos fossem.
Chegados à outra margem, o remador saltava para a água e puxava a canoa para uma posição paralela à margem, para facilitar a saída da tropa. Depois regressava à margem de onde viera e as travessias repetiam-se até passarem os últimos homens.
Numa dessas travessias nocturnas, um furriel que fora o último a entrar na canoa, que constatou que os soldados, seus companheiros de viagem, não acatavam a ordem para se sentarem no fundo a canoa e teimavam em seguir de cócoras, com cada mão agarrada em cada lado, para não molharem os fundilhos. Puxou a culatra da G3 atrás e berrou-lhes:
- Eu não sei nadar. Quero toda a gente com o cu sentado no fundo, porque, se esta merda vira, varo-vos a todos.”

Alberto Branquinho é um ás na tragicomédia, aquele Cabo Tomé que fazia 23 anos, e que andava completamente bêbado, preocupou muita gente, só que veio a flagelação, cada um foi para o seu posto e o remate deste curto conto insinua drama onde houvera a turbulência da borracheira:
“Os primeiros que voltaram à caserna viram o Cabo Tomé, mesmo à entrada, nu, deitado de costas, de olhos abertos, como que olhando o tecto de zinco retorcido, enquanto um fio de sangue lhe escorria do lado esquerdo da boca, passava pelo pescoço e fazia uma poça de sangue debaixo da cabeça”.

Só um mestre pode ser tão fulminante no termo de um enredo que começa na mais vertiginosa paródia que o burlesco permite. Há páginas impagáveis que é de rir e chorar por mais, como aquele Cabo Abel a quem coube em Bissau fazer policiamento aos bairros dos indígenas, e segue-se a peripécia, sem mais palavras:
“De entre as casas, caminhando por uma vereda que passava ao pé do grupo de militares em que estava o Cabo Abel, surgiu uma rapariga negra, que vestia uma bata impecavelmente branca, trazendo consigo os livros escolares, agarrados contra o peito. O Cabo Abel levantou-se e com a G3 a tiracolo, segurou o cigarro com a mão esquerda e com a direita barrou-lhe o caminho:
- Bajuda, bô cá pude passa!
A moça, que teria catorze ou quinze anos, parou por um momento, encarou o Cabo Abel nos olhos e perguntou-lhe:
- Porquê você não fala comigo português direito?”

Alberto Branquinho fez bem ter regressado com esta oferenda com feitiços e despojos, com as confusões do capelão, da criança que se recupera de um acampamento inimigo que foi completamente destruído, das relações amorosas entre a Cadi e o Eusébio e do que todos vamos fazer (ou pensávamos vir fazer) quando regressássemos à peluda.
É livro para estar em permanência nas nossas estantes.
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19925: Notas de leitura (1191): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (12) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19898: Notas de leitura (1187): “Deixem a Guerra em Paz: Guerra Colonial – Guiné”, Edições Partenon, 2019 - Sempre na caçoada, zombeteiro quanto baste, subtil apurado: Alberto Branquinho



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Junho de 2019:

Queridos amigos,

As picardias do nosso confrade Alberto Branquinho são como o brandy Constantino, já vêm de longe, ele pertence a essa rara linhagem de quem tece com humor, troçando dos escriturários e suas bravatas. Temos aqui uma novela que mete respeito, este major de operações vai passar à história e nunca saberemos, e talvez também não tenha importância nenhuma, o que por ali se passou tem algo de autobiográfico.

O que enriquece esta prosódia é a falta de referência quanto a lugares, nomes reais de sítios, rios, dia, mês, ano. É também deste modo que se lê de forma universal as facécias, os absurdos e os permanentes impasses que atravessam a trama daquela guerra ou daquelas guerras, como Alberto Branquinho gosta de sublinhar, para nosso proveito.

Um abraço do
Mário


Sempre na caçoada, zombeteiro quanto baste, subtil apurado: Alberto Branquinho

Beja Santos

O nosso confrade Alberto Branquinho pertence à linhagem daqueles que trabalham no tear com ponto cáustico, fio mordaz e alguma mofa esvoaçante. De parágrafo económico, cortante, sente-se à légua o seu azedume com os operacionais de escritório, oficiais, sargentos e praças. E não fala da guerra, é tudo no plural, as múltiplas e variegadas guerras, como ele observa: “A guerra, ela mesma, é composta de muitas outras guerras, que também causam baixas: É a guerra entre as hierarquias, a guerra com as hierarquias, a guerra de militares com aspirações políticas, a guerra entre os que planeiam as guerras e os que têm que as fazer, a guerra entre os que fazem a guerra e os serviços de apoio ou de retaguarda, etc.”.

Acaba de publicar “Deixem a Guerra em Paz: Guerra Colonial – Guiné”, Edições Partenon, 2019.

São guerras universais, a topografia é irrelevante, o que parece funcional, lógico, extraído do melhor pragmatismo acaba no teatro do absurdo. Logo no planeamento operacional, o diálogo entre o oficial de operações e o capitão, o que parece claro deixa de o ser, afinal o homem da PIDE mente ou esconde, o funcionário colonial resguarda-se para o futuro, afinal é cabo-verdiano e o racismo na guerra da Guiné também conta.

Enquanto os homens do PAIGC fazem a cambança é hora de saída lá no batalhão, aquela operação terá de dois a três dias, testam-se as transmissões e logo um pouco mais adiante começam os pequeninos entraves, passa por ali um javali, é um restolho que provoca frémitos, surge o lodo e a malta enterra-se até aos joelhos, o guia anda às apalpadelas, fora aprisionado, parece que vai bem amarrado, nisto ouvem-se uns estoiros, mas são bem ao longe. Primeira cena do primeiro ato, ou coisa parecida. Na segunda cena, o oficial de operações anda para ali inconclusivo mas ansioso, precisa de um sucesso retumbante, um ronco, no posto de informações não lhe dão notícias, no mato ninguém se entende com a escuridão, o melhor é que comece a clarear, continua-se a patinhar na lama, o pessoal vai ensonado, faz-se um alto, quem guarda o prisioneiro pede a um camarada que fique em vigilância, o silêncio da noite interrompe-se com rajadas e disparos de RPG vindos da mata à esquerda, um fogo que vai durar vinte minutos. É nisto que se descobre que o prisioneiro deu às de vila Diogo, o capitão está descorçoado, perdeu-se o efeito-surpresa. Nova cena, o solilóquio do alferes Félix, interrompido por morteiradas, anda tudo num arrebol. O capitão toma decisões, não se pode continuar a operação, vai-se bater a zona, regressa-se ao quartel, fim do primeiro ato.

Novo ato, abre em esplendor, um ataque ao quartel, Alberto Branquinho dá-nos aqui uns parágrafos para antologia:

“O furriel Matos, da secretaria do Batalhão, foi apanhado pelo ataque no exterior do quartel, trajando farda de passeio. Como que indiferente à tanta confusão, vinha caminhando lentamente pela rua da povoação, frontal à porta de armas, entre terror e espanto. Não conseguia correr.
- Apocalipse! – murmurava.
Parou. Sentou-se na soleira da porta fechada de um dos poucos comerciantes que permaneciam na localidade e que ele costumava visitar aos Domingos.
- Minha mãe! Mãe…
Ao ouvir o silvo de uma granada que lhe passava sobre a cabeça, levantou-se. A granada rebentou na bolanha, a pouco mais que uma centena de metros à sua frente, seguida de um clarão que iluminou a noite.
- Ai, minha mãe!
Voltou a sentar-se até que os rebentamentos pareciam ter cessado, embora os obuses do quartel ainda fizessem fogo espaçadamente.
Levantou-se. Lentamente caminhou pelo meio da rua em direção à porta de armas. Ao chegar à porta, o cabo viu-o com a impecável farda de passeio, reconheceu-o entre o pó e o fumo e, em espanto, abriu-lhe a porta.
- Ó meu furriel, o que é que você anda a fazer aí fora?
- Estava a ver…
- Ó meu furriel, entre depressa. Já há dois mortos e uma porrada de feridos. O Posto de Socorros está cheio. Uma granada rebentou com uma caserna.
Já dentro e em fúria, o furriel Matos arrancou a arma das mãos do cabo, apontou, pela porta entreaberta, para o exterior, carregou no gatilho e despejou, de rajada, o carregador. Depois largou a arma no chão e desatou a correr. Só parou junto à cama. Deitou-se e colocou a almofada em cima da cabeça”.

A vida no Batalhão tem peripécias e facécias, todos notam que a relação entre o capitão e o major de operações desferiu, correm murmúrios, trocam-se conversas entre alferes, parece que o comandante de companhia vai partir, terá sido transferido, tudo por se ter recusado a punir ou a propor punição a quem deixou fugir o prisioneiro. E de facto o capitão entrega o comando da companhia ao alferes mais antigo. Muita coisa se irá passar na ausência do capitão. O major de operações informa que se vai voltar à carga, a operação vai ser repetida, escolhe o itinerário, tem informações sobre o local exato do objetivo. E informa o alferes que vai acompanhá-los, levam uma equipa de sapadores. E a tropa fica estarrecida quando o major dos papéis se põe à frente da coluna. Lá chegam junto ao objetivo, quem ali vivia fugiu espavorido, o major mandou deitar fogo às palhotas, o regresso é acompanhado de problemas, rebentamentos próximos, logo um furriel com um pé esfacelado, tempos depois chegou um helicóptero que levou o ferido e desapareceu através das árvores. O major vai derreado, mal entrou no quartel foi tratado no Posto de Socorros.

Já tratado, informou o comandante:

“Foi muito útil esta operação porque cheguei à conclusão que o IN está a passar informações no sentido de encaminhar a nossa atenção e a nossa atividade operacional para zonas que já abandonou”.

Tudo isto aparece escrito de forma séria, a galhofa fica para quem experimentou operações frustradas e comentários ignorantes como este. Muda a cena, regressa o capitão, a companhia arruma a trouxa e parte numa LDG para novo aquartelamento, entremeiam-se solilóquios, estamos agora num quartel que aparentemente tem acalmia, vão começar os males da paz podre até que a companhia regressa a Bissau, daqui se parte para uma missão de apoio à construção de um novo aquartelamento.

Segue-se o humor negro de diferentes quadros de regresso, o destino de cada um, é a última cena do último ato, lá no navio que os transportava de regresso a Lisboa os alferes disparavam frases, interrompiam-se, não é nada como tu dizes, o que se passou foi o seguinte, não, não foi assim, um alferes médico não gostou daquela gritaria com fuzis verbais, pediu-lhes para deixarem a guerra em paz, o alferes Félix respondeu-lhe que não era capaz, não fizeram uma “guerra santa”…

Cai o pano, soube a pouco, exige-se que o Alberto Branquinho volte em breve, depois das brejeirices desta novela.
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19890: Notas de leitura (1186): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (10) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 7 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19755: MÁXIMAS, Médias e mínimas (2): Literatura DA guerra colonial no feminino?... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1689)

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com a segunda "MÁXIMAS, Médias e mínimas", tentando espevitar o "auditório" a competir com ele.

Boa tarde Carlos
Espero que esta te vá encontrar de boa saúde assim como a todos os teus, que nós cá vamos indo bem, graças a Deus.

Como já passaram mais de 15 dias sem reacção às "MÁXIMAS...", aqui vai mais uma da autoria deste que te está a escrever.

Um abraço e muito sucesso para Monte Real, que eu vou, nesse mesmo dia, aos 50 anos do regresso. Na Serra do Pilar.

Um grande abraço
Alberto Branquinho

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MÁXIMAS, Médias e mínimas (2)

Literatura DA guerra colonial no feminino?

Só conheço um livro: "NÓS, enfermeiras pára-quedistas", da autoria de várias senhoras que estiveram LÁ, na guerra colonial, e escreveram sobre ou com base nas suas experiências.

Alberto Branquinho
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Nota do editor

Primeiro poste da série de 16 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19685: MÁXIMAS, Médias e mínimas (1): Foi herói de si mesmo... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1689)

terça-feira, 16 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19685: MÁXIMAS, Médias e mínimas (1): Foi herói de si mesmo... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1689)

1. Há umas semanas recebi uma mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), propondo uma nova série para o blogue.

Rezava assim:

Boa noite Carlos

Ando há uns dias a pensar escrever-te para propor uma nova série que não teria nada (?) a ver com as duas anteriores. Seria só uma frase ou duas em cada poste. Embora tenha já meia dúzia de ideias, tenho receio de não conseguir alimentá-la com frequência. Veremos.

Começaria, com este título e primeiro texto, assim:

MÁXIMAS, Médias e mínimas (1)

[...]

What you think about, Editor? Pode sair?

Abraço
Alberto Branquinho

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2. Perante esta ideia brilhante, e com medo de às tantas não ter continuidade, propus-lhe o seguinte:

Caríssimo Alberto Branquinho 
Óptima ideia. 
Queres que seja uma série só tua ou aberta a outros confrades? 
Quando podemos avançar? 

Boa noite 
Abraço e votos da melhor saúde. 
Carlos

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3. A resposta não se fez esperar:

Ó Carlos! 
Optimíssima ideia! Aberta a todos os que queiram expressar pensamentos e/ou sentimentos (ou, até, "julgamentos") baseados na sua experiência por aquelas terras há 50 anos (atrás...). 

Talvez, assim, apareça gente que não se arrisca a fazer grandes textos. (Se os textos tiverem erros de redacção, corrigem-se). 
MAS com duas condições: terem só uma ou duas frases curtas e não ofenderem/quererem atingir alguém em concreto. 
Acho que pode começar já. 

Grande abraço 
Alberto Branquinho

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4. Cumprindo o prometido, aqui fica a primeira "MÁXIMA":

"Foi o herói de si mesmo.
No fim da guerra teve a sorte de poder condecorar-se com a MEDALHA da juventude que lhe restava"

Alberto Branquinho

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5. A ideia está lançada. Venham mais MÁXIMAS, Médias e mínimas
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quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19285: Notas de leitura (1130): "Sótão, Rés-do-Chão e Outras Vidas", por Alberto Branquinho; Edições Partenon, 2018 (Carlos Vinhal)


Capa do livro

Depois de "Por Século e Meio", Edições Partenon, 2017, Aberto Branquinho lançou recentemente um livro de contos a que deu o título de "Sótão, Rés-do-Chão e Outras Vidas", Edições Partenon, 2018.

Estamos perante uma prosa que retrata a sociedade actual, nos seus caminhos tortuosos, o quotidiano da classe média, vítima dos tempos incertos e o descartar de pessoas que se julgavam insubstituíveis.

Podemos encontrar ainda pequenos contos, histórias de famílias e até, no dizer do autor, um resumo para telenovela, "História Breve de Uma Família", os Lidões e a sua dedicada empregada Ludovina.

Habituados como estamos ao estilo de Alberto Braquinho, lembro as suas séries: "Não venho falar de mim... nem do meu umbigo" e "Contraponto", encontramos neste livro flashes do quotidiano e do imaginário.

Como exemplo aqui ficam, a "Parábola dos Dedos da Mão" e "Le (Petit) Déjeuner sur L´Herbe":

Estavam os dedos das mãos em conversa animada, quando o indicador da mão direita, a propósito de coisa nenhuma, se empinou todo, apontou o polegar da mão esquerda e, depois, fazendo um esforço, torcendo-se todo, apontou, também, o polegar da sua própria mão, disse:
- Se não fossem esses dois, nós tínhamos uma vida muito mais sossegada. Por causa deles é que nós trabalhamos tanto.
- Ora essa! - foi a reacção imediata do polegar direito.
- Pois! Vocês, os polegares, sem nós não servem para nada. Nada. Ficavam sem ocupação. E, sozinhos, também não fazem coisa nenhuma. Mas, só porque estão aí, obrigam os outros a trabalhar, a fazer esforços.
- Sem nós, o que é que vocês faziam? - insistiu o polegar direito.
- Pouco, mas era mais do que o suficiente. Era um descanso. Eu por mim, limitava-me a apontar. Aqui o meu vizinho do lado direito fazia aquelas coisas que, embora não sejam bonitas, aliviam muito; o outro a seguir, segurava os anéis e o pequeno coçava os ouvidos. Mais nada. Era um descanso de vida.
- Então e nós, os polegares não servimos para nada?
- Para nada! Nada! Só sabem fazer oposição e a obrigarem os outros a trabalhar. É demais!


(Pág. 55)

********************

À noite, depois do jantar, o homem saiu de casa levando o cão pela trela. Era um pretexto para caminhar um pouco.

O cão cheirou, no tronco da árvore, as urinas de cães que o precederam. Deu três ou quatro voltas ao tronco, depois outras três ou quatro em sentido contrário. Encostou o corpo do lado esquerdo, alçou a pata posterior (para não se atingir com o disparo urinário...) e despejou três ou quatro esguichos. O homem olhou satisfeito: - Hoje já não vai fazer em casa.

A seguir, o cão andou, desandou, cirandou, cheirou arbustos do jardim, passou para a rua, voltou ao jardim, sacudiu as patas traseiras, esfregando a relva. Mais adiante cheirou outro tronco de árvore, hesitou em abordá-lo se pela esquerda ou pela direita, encostou-se, alçou a pata, mas não conseguiu mais que um esguicho e... meio.

Voltou à ciranda, agora com mais vivacidade, obrigando o dono a mudar a trela de mão diversas vezes, quando andava à volta das árvores. Chegou-se outro cão. Cumprimentaram-se cheirando cada um, simultaneamente, a zona do traseiro do outro. Os donos disseram, também, "boa noite" (mas a uns metros de distância) e cada um seguiu o azimute traçado pelos cães.

O passeio continuou, avançando, recuando, na rua, voltando à relva do jardim publico e, novamente, para a rua. A dada altura o cão acelerou o andamento a caminho da relva, esparramou-se sobre as patas traseiras, expulsando uma barra redonda de excremento. Avançou um pouco na mesma postura e saíram mais duas ou três. E, logo a seguir, outra. Chegou-se um pouco à frente e esfregou fortemente as patas traseiras na relva, O dono olhava, embevecido. Talvez pensasse: - Mais um bocadinho e voltamos para casa.

E, assim foi.

Na manhã seguinte as crianças que costumam brincar no jardim, irão pisar, tropeçar nas barras largadas na relva (e outras mais), talvez caírem sobre elas, fazendo com que elas passem a confundir-se com a própria relva do jardim, adubando-a.

("Na natureza nada se perde...")

(Pág. 79)

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SOBRE O LIVRO:
Título - Sótão, Rés-do-Chão e Outras Vidas
Edição - Edições Partenon
Autor - Alberto Branquinho
Capa - Ângela Espinha
Número de páginas - 145
1.ª edição - Lisboa, Outubro de 2018
ISBN - 978-989-8845-25-2
Depósito legal - 445732/18
Preço - 10,00€
© Alberto Branquinho
Publicação - Sítio do Livro

SOBRE O AUTOR:
Alberto Branquinho é natural da região agora denominada “Douro Superior”.
Esteve na guerra colonial, na Guiné. 
Tem publicações sobre esse tema em blogues e em livros.
Terminado o serviço militar, regressou a Coimbra em plena crise académica de 1969.
Vive em Lisboa desde 1970.
Depois de várias andanças e cambanças, a ver mais mundos, acabou sendo advogado em relações e contratos internacionais.
Publicou romance, livros de contos e poesia.

OBRAS PUBLICADAS:
PROSA:
- Cambança - Guiné: morte e vida em maré baixa
- Contos com Encontros
- Parições & Aparições - panfletos & divertimentos
- Cambança Final - Guiné/guerra colonial
- Filhos d'outrem ou d'algures
- Por Século e Meio

POESIA:
- Sobre Vivências
- Quasoutono?!
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19274: Notas de leitura (1129): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (5) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19236: Em bom português nos entendemos (17): os vocábulos "sinceno" e "sincelo" no nosso blogue e no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


Do sítio brunhoso.net (com a devida vénia...)

1. Caros/as leitores/as: o nosso blogue, a caminho dos 15 anos de idade, dos  20 mil postes publicados  e dos 11 milhões de visualizações de páginas, é uma fonte de informação e conhecimento sobre a Guiné-Bissau e a guerra colonial de 1961 a 1974... 

É um blogue coletivo de partilha de memórias (e de afetos), entre combatentes (de um lado... e do outro, se bem que mais de um lado do que do outro...). E edita-se em português. Tanto quanto possível, "em bom português"... E é visitado por gente de todo o mundo, e em especial do mundo lusófono, dos EUA à Austrália, de Portugal à China...De facto, é em português que nos entendemos, de Lisboa a Bissau, de Brasília a Luanda, da Praia a Maputo...

Não deixa de ser curioso assinalar que os nossos dicionários "on line" (ou em linha), como é o caso do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa também vêm "pescar nas nossas águas"... O nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné ou blogueforanadaevaotres.blogspot.com) é, com alguma frequência, citado pelo Priberam...

É o caso, por exemplo, do regionalismo "sinceno", usado num texto do nosso camarada Francisco Baptista sobre o Natal na sua terra, Brunhoso, concelho de Mogadouro, Trás-os-Montes (*).  Aqui fica o registo do vocábulo e o seu significado,,,, Outros exemplos se seguirão em futuros postes desta série. (**)



2.  Francisco Baptista > O Natal em Brunhoso  > ... as oliveiras cobertas de sinceno...

(...) No dia 24, dia de Consoada, segundo as leis da Santa Madre Igreja, que a terra acatava,  era dia de jejum e abstinência.

Por ser o tempo da apanha da azeitona, levantávamo-nos bem cedo, logo ao alvorecer e andávamos 3 ou 4 quilómetros até às arribas do Sabor onde se situavam os olivais, plantados em socalcos como as vinhas do Douro.

Dias frios, desagradáveis por vezes, pela humidade, pelo nevoeiro com as oliveiras cobertas de sinceno. Aguentávamos, que remédio, a colheita da azeitona tinha que ser feita,  fizesse calor ou frio. Não havia almoço ou merenda, era dia de jejum e abstinência. (...) (*)

3. Comentário dos nossos leitores (e camaradas da Guiné):

(i) Alberto (Abrunhosa) Branquinho: 

(...) Achei engraçada a referência ao "sinceno". É que na minha terra (Foz Côa) chamamos-lhe "sincelo". Consultando o Dicionário Porto Editora, constato que ambas as palavras designam o mesmo: " Pedaços de gelo suspensos das árvores e dos beirais dos telhados...". Só que não são "pedaços de gelo", são gotas e gotas congeladas, como que paradas no tempo e no espaço, à espera de caírem. Quem conheça o Alto Douro (agora Douro Superior...) só na Primavera e Verão, não imagina que isso acontece por aquelas terras. (...) (*)

(ii) Carvalho de Mampatá:

(...) Eu, apesar de ter já experimentado, durante uma semana, o trabalho de varejador de azeitona, em Souto da Velha, não conhecia o vocábulo "sinceno", mas tendo consultado o dicionário, fiquei a saber que não é coisa boa e que tive a sorte de o não apanhar, por lá. (...) (*)

4. O que diz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

sinceno | s. m.

sin·ce·no |ê|

substantivo masculino

[Portugal: Trás-os-Montes] Pedaços de gelo suspensos dos beirais dos telhados, das árvores ou das plantas, resultantes da congelação da chuva ou do orvalho, geralmente em situações de nevoeiro. = SINCELO

"sinceno", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sinceno [consultado em 26-11-2018].

Esta palavra em blogues... Ver mais

... as oliveiras cobertas de sinceno .. Em blogueforanadaevaotres.blogspot.com

"sinceno", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sinceno [consultado em 26-11-2018].

sincelo | s. m.

sin·ce·lo |ê|
(origem obscura)

substantivo masculino

Pedaço de gelo suspenso dos beirais dos telhados, das árvores ou das plantas, resultante da congelação da chuva ou do orvalho, geralmente em situações de nevoeiro (ex.: a vegetação amanheceu toda coberta de sincelo). = CARAMBINA, SINCENHO, SINCENO

"sincelo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sincelo [consultado em 26-11-2018].

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de dezembro de 2013 >  Guiné 63/74 - P12500: Conto de Natal (17): O Natal em Brunhoso, Mogadouro

(**) Último poste de 22 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18666: Em bom português nos entendemos (16): senhores dicionaristas, grafem lá o vocábulo "grã-tabanqueiro" ou simplesmente "tabanqueiro"... O nosso pequeno contributo para a celebração do dia 5 de Maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18241: Convívios (839): 35º almoço-convívio da Tabanca da Linha, Algés, 18/1/2018 - As fotos do Manuel Resende - Parte II: Tudo gente magnífica... "Caras novas", com destaque para o pessoal da CART 1689, camaradas dos escritores Alberto Branquinho e José Ferreira da Silva


Foto nº 1 > O Armando Pires, de pé, o Jorge Rosales e o Mário Magalhães... Não sei se aquele dedo é "desafiador"... No final, até houve um cheirinho de fado, mas não na voz do "fadista de Bissorã"...


Foto nº 2 > O Armando Pires e uma "cara nova", o José Ferreira (, que vive no Barreiro, não confundir com o José Ferreira  da Silva,  do Bando do Café Progresso, Porto)...


Foto nº 3 > João Lourenço, uma "cara nova"... É membro da ONG Ajuda Amiga. Nasceu em 1944 e viveu na Guiné-Bissau até 1997 (se não erro). Fala crioulo, estudou no liceu de Bissau. O pai era empregado de uma da mais importantes casas comerciais.  Tem um irmão que foi alferes. Ele também a fez a tropa (e a guerra) no CTIG.  Fez o CSM em 1961.Foi convidado a integrar a Tabanca Grande.



Foto nº 3 > Sei que o primeiro, da esquerda, é o nosso grã-tabanqueiro Luís [Cândido Tavares] Paulino, de Algés, ex-Fur Mil da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72)... Está a organizar um encontro de arromba, 4 dias, com os seus camaradas açorianos. E foi quem nos ajudou a identificar o camarada da direita: "Chama-se Joaquim Grilo e é um beirão meu conterrâneo de Gouveia, residindo há muitos anos em Lisboa. É também um ex-combatente da Guiné, aliás, já tem estado presente noutros convívios da Tabanca da Linha. Vou-te mandar o email dele".

Foto nº 4 > O Alberto Branquinho, um dos nossos talentosos escritores,ex-alf mil op esp, da "mítica" CART 1689...


Foto nº 5 > Luís Graça, editor deste blogue, e Alice Carneiro, "não tão assíduos quanto gostariam"...


Foto nº 6 > Germana (, espos do Cralos Silva, régulo da Tabanca dos Melros), Elisabete e Francisco Silva (cirurgião ortopedista, depois de passar à "peluda")


Forto nº 7 > Tenho dificuldade em  dizer "quem é quem": o casal Santos, de Lisboa, e mais uma cara nova...


Foto nº 8 > José Miguel Louro e Maria do Carmo, que também não costumam faltar


Foto nº 9 > Os inseparáveis Gina e António Marques, membros vitalícios da Tabanca da Linha... Com muita pena nossa, vão falhar este ano o XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande: é que em 5 de maio, sábado, há a festa de anos do neto mais velho... Como sempre todos os anos, o António não se esquece do fatídico dia 13 de janeiro de 1970 em que caímos os dois numa mina A/C, com o nosso Gr Comb, em Nhabijões... Pediu-me desculpa por não me ter telefonado... O mais importante é que ele não se esqueceu da trágica efeméride...



Foto nº 10 > O Zé Carioca (que fez anos no dia 21...) e a esposa, Ilda (que, pela expressão, está a "torcer o nariz" ao bacalhau à minhota...)


 Foto nº 11 >  Os magníficos  Helena e Mário Fitas


Foto nº 12 > Helder Pontes, ex-fur muil CART 1689/ BART 1913, camarada de Alberto Branquinho, José Ferreira da Silva, Francisco Machado e Alberto Sousa. A CART 1689 era conhecidaomo "Os Ciganos", tendo demabulado por toda (ou quase toda) a Guiné. Tem mais de 120 referências no nosso blogue.  Andaram por sítios como , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, entre 1967 e  1969, dando e levando porrada da grossa. Só temos um Hélder (e é Sousa, de apelido) na Tabanca Grande, e para mais nunca pegou numa... G3, era um TSF... O Pontes vai ajudar-nos a compar a secção dos H, que está muito desfalcada...



Foto nº 13 > Francisco Machado, ex- fur mil da CART 1689 / BART 1913, igualmente camarada de Alberto Branquinho e José Ferreira da Silva. Fica convidado, o nosso camarada Francisco Macahdo, a sentar-se também à sombra do poilão da Tabanca Grande.


Foto nº 14 > Alberto Sousa, mais outro ex-fur mil da CART 1689 / BART 1913... É uma boa altura para convidar o Alberto a integrar as fileiras da Tabanca Grande.


Foto nº 15 > O Carlos Silvério, meu amigo, camarada, vizinho e conterrâneo... Veio com a Zita. O casal é lourinhanense... "Periquitos", na Tabanca da Linha. Ele andou pelo Olossato e por Bissau, antes de a gente fechar as portas da guerra. A Zita esteve com ele em Bissau... Já o convidei meia dúzia de vezes para se sentar à sombra do nosso poilão... Mas ele diz que prefere o sol...Lugares ao sol..., não temos na Tabanca Grande, só à sombra... Espero que ele ainda entre ao 7º convite... Ficou a ponderar: parece que o problema é a foto... fardada. Enfim, temos que compreender e respeitar quem tem alergias às fardas...


Oeiras > Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 35º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 18 de janeiro de 2018 > Reuniu 78  dezenas de comensais (,estavam inscritos 80, houve duas desistências de última hora, por motivos de saúde)...

Publicam-se mais umas fotos do fotógrafo oficial da Tabanca da Linha, o Manuel Resende (cargo que acumula com outros: secretariado, comunicação & marketing, logística & operações, contabilidade & finanças...). Destaque para algumas caras novas, em especial do pessoal da CAT 1689,  sem esquecer os nossos "casalinhos".

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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