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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24946: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XL: ten inf Miguel António Ponces de Carvalho (Oliveira de Azeméis, 1885 - Negomano, Moçambique, 1917)


Miguel António Ponces de Carvalho  (Oliveira de Azeméis, 1885 - Negomano, Moçambique, 1917)


Nome: Miguel António Ponces de Carvalho

Posto: Tenente de Infantaria

Naturalidade: Oliveira de Azeméis

Data de nascimento: 22 de Outubro de 1885

Incorporação: 1908 na Escola do Exército (nº 239 do Corpo de Alunos)

Unidade: 3º Grupo de Metralhadoras

Condecorações

TO da morte em combate: Moçambique

Data de Embarque

Data da morte: 19 horas de 25 de Novembro de 1917

Sepultura: Negomano - Moçambique

Circunstâncias da morte:  No combate de Negomano (25/26 de Novembro de 1917) quando, a descoberto, procurava desencravar uma das suas metralhadoras pesadas,  foi mortalmente atingidopelos fogos da força alemã atacante.


António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 8 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24929: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XXXIX: Maj inf João Teixeira Pinto (Moçâmedes, Angola, 1876 - Negomano, Moçambique, 1917)

domingo, 10 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24937: In Memoriam (488): Zélia Neno (1953-2023), que foi casada com o Xico Allen (1950-2022) e mãe da Inês Allen... Velório a partir das 11h00 de hoje na Igreja de São Martinho de Lordelo do Ouro (Porto) e funeral amanhã às 14h30


Zélia Neno (1953- 2023). Foto: cortesia da página do Facebook de Inês Allen.


Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Ingoré > 1998 > Uma foto que correu mundo... ou que , pelo menos, já deu a volta à Tabanca Grande... A legenda é do Albano (Costa): “Esta foto vale pela imagem, e os brancos em África converteram-se? Não é que ficaram a ver a Zélia a puxar o burro, mulher de armas!"... O Albano fez questão de me mandar esta e outras fotos da viagem do Xico e da Zélia, em 1998, com o seguinte recado: "... para ilustrares o que entenderes, com a devida autorização da Zélia" (sic).

Foto: © Francisco Allen / Zélia Neno (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné 


1. Por email de ontem,  às 19:40, do Zé Teixeira tivemos triste notícia do falecimento da nossa amiga Zélia Neno, a primeira mulher a integrar a nossa Tabanca Grande (em 19 de fevereiro de 2006; tem 14 referências no nosso blogue).

De seu nome completo, Zélia Neno Maria Cardoso, tinha sido casada com o Xico Allen (1950-2022) e era mãe também da nossa tabanqueira Inês Allen.

A Zélia estava internada no Centro Social Arcanjo Gabriel - ATRPT (Associação de Trabalhadores e Reformados da Portugal Telecom), onde os filhos ( a Inês e o irmão, que não conhecemos) a visitavam com frequência, em Vila Nova de Gaia,

A Inês deixou ontem, às 17:12, a seguinte mensagem na sua página pessoal e na página do Facebook da mãe:

Que grande exemplo de ser humano tu foste…
Para mim, e para quem se cruzou contigo na vida! 
Missão cumprida minha guerreira! Pra onde quer que vás…
Vai com tudo, e contagia-os com o teu lindo sorriso. 

Estará na Igreja de São Martinho de Lordelo (Lordelo do Ouro, Porto);
Entrada amanhã às 11:00;
Funeral : 2ª feira, às 14:30 (segue para o crematório  de Paranhos, Porto)
Missa do 7.º dia:  sábado, dia 16, às 18:30


2. Conhecia-a pessoalmente na Madalena, V. N. Gaia, em 2006, mas antes ele mandara-me o seguinte mail com data de 16/2/2006:

(...) Achará estranho receber este email enviado por uma mulher fã do Blogue-Fora-Nada, onde se encontram largas centenas de quilómetros de palavras sobre a Guiné.

(...) O senhor não me conhece, o mesmo não acontece comigo, pois não só através da escrita como por foto. Sou casada com o Xico Allen, que o senhor conhece mas ainda não é tertuliano, mas foi ele que há meses me alertou para a existência deste blogue e, como sou uma verdadeira amante da Guiné e da sua História, passada, presente e futura, que lamentavelmente teima em não vir a ser bem mais favorável para aquele seu povo tão sofredor, estou quase viciada a diariamente ler o que vão contando no blogue.

Por influência do Sr. Albano [Costa] e até do Sr. [José] Teixeira, que conheço pessoalmente pois ambos já foram à Guiné com o meu marido, fui incentivada a escrever contando algumas (pois são muitas) das minhas vivências naquela maravilhosa terra que conheci em março de 92, conforme conto no texto inicial e que enviei para o senhor no passado dia 15 Janeiro [por erro no endereço de -mail, não deve ter chegado, pelo que se volta a enviar]." (...)

Respondi-lhe nestes termos, em 19/2/2006, data em que passou a integrar a nossa Tabanca Grande, na altura conhecida apenas como tertúlia. Publicámos alguns postes dela ou com referência a ela, em 2006 (*):

(...) "A Zélia, de quem eu já tinha ouvido falar, no último Natal, na nossa minitertúlia do Porto-Matosinhos-Gaia, é o que se pode chamar, com toda a justiça, uma mulher de armas, uma mulher do Norte, uma caso sério de amor e de paixão (pelo seu Allen mas também pela Guiné e o seu povo)... Foi, por mor (como se diz no Norte) da guerra e do stresse pós-traumático da guerra, que ela acompanhou o marido à Guiné, em 1992, e já lá voltou várias vezes...

Fico muito honrado por publicar esta carta e, por desde já, convidá-la sem mais demoras a figurar no quadro de honra da nossa tertúlia (a ela e ao Allen, pois claro!). A Zélia (trato-o como se a conhecesse há anos!...) mandou-me mais documentos que serão inseridos no blogue ainda este fim de semana." (...)

À Inês Allen, ao seu irmão e demais família apresento as minhas condolências pessoais, a que se associam por certos os demais editores, colabiradores e restantes membros da Tabanca Grande.
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Notas do editor:

Vd. último poste da série de 22 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24783: In Memoriam (487): António Eduardo Jerónimo Ferreira, (15/05/1950 - 21/10/2023), ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493 / BART 3873 (Mansambo e Fá Mandinga, 1972/74)

(*) Vd. postes de:


19 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - P546: Zélia, um caso de amor e de paixão (II)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24929: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XXXIX: Maj inf João Teixeira Pinto (Moçâmedes, Angola, 1876 - Negomano, Moçambique, 1917)


João Teixeira Pinto (Moçamedes, Angola. 1876 - 
Negomano, Moçambique, 1917)

Nome: João Teixeira Pinto 

 Posto:  Major de Infantaria 

 Naturalidade: Moçâmedes. Angola

 Data de nascimento: 22 de Março de 1876 

 Incorporação:  1897 na Escola do Exército (nº 68 do Corpo de Alunos) 

 Unidade:  Companhias Indígenas de Infantaria Expedicionárias 

 Condecorações: Cavalheiro da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito  | Medalha de Prata Rainha D. Amélia com legenda “Cuamato 1907”|   Medalha de Ouro de Serviços Distintos 

 TO da morte em combate:  Moçambique 

 Data de Embarque: 15 de Fevereiro de 1917 

 Data da morte:  25 de Novembro de 1917 

 Sepultura; Negomano - Moçambique 

 Circunstâncias da morte: 

A força portuguesa instalada defensivamente no vale do rio Ludjenda (Negomano) desde 18 de Outubro de 1917, foi surpreendida por um ataque da guerrilha alemã pelas 10 horas da manhã de 25 de Novembro. O Major Teixeira Pinto, comandante da força, ciente da gravidade da situação,  acorre à zona mais pressionada da defesa, comandando as descargas de fogo e acabando por ser atingido num braço pelo fogo inimigo. Retirado da zona por um dos seus soldados para uma tenda, às três horas da tarde o terrível combate terminou com o toque de cessar-fogo. Começou então a pilhagem desenfreada por parte das forças alemãs a que não escapou o Major Teixeira Pinto mais tarde encontrado cadáver com um tiro na cabeça.

Tem 76 referências no nosso blogue, como "capitão Teixeira Pinto". Ficou conhecido na Guiné como o "capitão-diabo".



António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem

1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 7 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24928: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XXXVIII: cap cav João Luiz Ferreira da Silva (Leiria, 1879 - Moçambique, 1916)

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24928: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XXXVIII: cap cav João Luiz Ferreira da Silva (Leiria, 1879 - Moçambique, 1916)

 


João Luiz Ferreira da Silva (Leiria, 1879 - Moçambique, 1916)

Nome:  João Luiz Ferreira da Silva 

 Posto:  Capitão de Cavalaria 

 Naturalidade:  Leiria 

 Data de nascimento: 27 de Dezembro de 1879 

 Incorporação:  1901 na Escola do Exército (nº 153 do Corpo de Alunos) 

 Unidade: Estado-Maior da Cavalaria 

 Condecorações 

TO da morte em combate: Moçambique 

 Data de Embarque: 3 de Junho de 1916 

 Data da morte: 7 de Dezembro de 1916 

 Sepultura 

Circunstâncias da morte:  Após a retirada de Nevala,  sendo necessário obter informação acerca do dispositivo e intenções da força alemã, o capitão Ferreira da Silva (ajudante de campo do general Ferreira Gil) ofereceu-se para actuar como parlamentário levando consigo roupas e medicamentos para os prisioneiros e simultaneamente obter a informação que escasseava. 

Acompanhado do intérprete Câmara de Leme e sinalizado com bandeira branca, cruzou o Rovuma em pirogas enviadas pela força alemã. No regresso, transportando três feridos entregues pelos alemães, ao passarem em Matchemba foram atacados por uma força alemã que já ocupava o posto local tendo perecido o capitão Ferreira da Silva, o condutor e dois dos feridos. 



António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem

1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 11 de janeiro de  2023 > Guiné 61/74 - P23973: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XXXVII: Leopoldo Jorge da Silva, maj art (Viseu, 1868 - Moçambique, 1916)

domingo, 22 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24783: In Memoriam (487): António Eduardo Jerónimo Ferreira, (15/05/1950 - 21/10/2023), ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493 / BART 3873 (Mansambo e Fá Mandinga, 1972/74)

IN MEMORIAM

António Eduardo Jerónimo Ferreira (1951-2023)
Ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493 / BART 3873


Mais uma notícia que nos deixa triste, esta a do falecimento do nosso camarada António Eduardo Ferreira que há muito lutava contra um cancro.

O seu filho, Paulo Jerónimo, enviou-nos ontem esta mensagem através do Formulário de Contacto do Blogger:

Boa noite sou Paulo Jerónimo, filho do vosso camarada António Eduardo Jerónimo Ferreira.
É com enorme tristeza que venho comunicar-vos que o meu Pai deixou de estar entre nós, não terminou a sua luta contra o cancro que o atacava há 20 anos.

Um grande abraço a todos.
Cumprimentos,
Paulo


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O António Eduardo Ferreira apresentou-se à nossa tertúlia no dia 15 de Março de 2012 (Vd. P9608), tem 74 entradas na nossa página, e foi um colaborador muito activo, mesmo nos períodos em que a sua doença o debilitava mais.

Dizia-nos ele na sua mensagem de apresentação:

[...]
A primeira coisa que fiz mal comecei a mexer no computador ainda que timidamente, (ainda hoje) foi escrever o que foi o meu tempo de Guiné tendo em vista deixar para memória futura. Por essa altura ainda não conhecia o vosso blogue. Tudo que me lembrei escrevi pelo que te envio esse trabalho de onde podes retirar alguns excertos se assim o entenderes. Não será muito o tempo que tens para ver todo o trabalho, verás se, e quando for possível.
Dentro de poucos dias enviarei as fotos para poder (com muito gosto) fazer parte do vosso grupo.

[...]

Tem duas séries suas, O tempo que ninguém queria e Pedaços de um tempo, além de ter outras publicações integradas nas séries "Blogpoesia" e "Blogoterapia", entre outras.

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A propósito da sua morte, diz o nosso camarada António Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 3493 e CCAÇ 12):

Boa tarde a todos os camaradas.

Mais um de nós que nos deixa.
Estive com o Ferreira em Mansambo até ir para a CCaç 12 em Janeiro de 1973. Lembro-me dele 
como um homem que se destinguia dos restantes, pela sua maturidade, apesar de sermos todos, ou quase todos da mesma idade.

Acompanhei sempre com atenção os seus escritos aqui no Blogue, destacando os relatos dos acontecimentos em Cobumba, local que não cheguei a conhecer.

Revelava uma humanidade no que escrevia, que comovia, fazendo de forma muito sentida a ligação das crianças de Mansambo e de Cobumba, que com ele conviviam, ao seu filho acabado de nascer dias antes, de se juntar à CArt 3493, já na Guiné.

Deixo um grande obrigado ao nosso camarada Ferreira, pelas recordações que com todos nós partilhou e à família apresento as minhas condolências, nesta hora de dor.

O Ferreira viverá em todos nós enquanto por cá permanecermos.

Um abraço a todos e um em particular ao filho.

António Duarte
CArt 3493 e CCaç 12


********************

Como diz António Ferreira no texto que reproduzimos abaixo, quando partiu para a Guiné, deixou a sua esposa com um filhote acabado de nascer, na Maternidade, por isso o seu estado de alma não seria o melhor quando lhe aconteceu este episódio:

A caminho de Mansambo com o pensamento na Nazaré

Lá longe, ouvia-se algo estranho... e eu sem saber que era normal… cada vez estava mais confuso, com o olhar fixado nas mulheres e nas crianças que estavam próximo de mim. Mas a minha mente estava muito longe dali, situação que eu tentava, mas não conseguia disfarçar.

Na véspera da minha partida para a Guiné também eu tinha deixado a minha esposa com o meu filho na metrópole, não a brincar, mas na maternidade do hospital no Sítio da Nazaré onde ele tinha nascido dois dias antes da minha ida para a guerra. A ânsia em que eu estava a ficar mergulhado, começou a tomar conta de mim e a tornar-se por demais evidente, foi então que uma das mulheres que ali estava me dirigiu umas palavras que eu não entendi, por isso nada lhe disse. Ela tinha uma oleaginosa na mão que partiu com os dentes, deu-me metade e comeu a outra metade. Mesmo sem saber o que era aceitei e comi.

Foi aquele tempo que ali estive junto daquelas mulheres e crianças, enquanto esperava transporte para Mansambo, um dos mais conturbados do meu tempo na Guiné. Ainda hoje não sei o nome daquilo que a senhora me ofereceu e que eu aceitei. Mas não mais esqueci a intenção e o apoio que aquela mulher, sem me conhecer, entendeu dar-me naquele momento tão confuso e triste que eu estava a viver.

Faço votos para que aquela Senhora e a família tenham tido e continuem a ter a felicidade possível, por companhia!... 

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Falando ainda de crianças, deixamos este texto que nos foi enviado pelo António Ferreira em 2021 e publicado no P22219:

As crianças de Mansambo e de Cobumba

Há dias, quando da passagem de mais um aniversário (já são 71) o amigo Cherno Baldé ao enviar-me os parabéns dizia que eu ainda não teria esquecido as crianças de Mansambo assim como de outros sítios por onde passei na Guiné. Se existe alguém que eu jamais esquecerei “enquanto a mente me permitir” são as crianças da Guiné daquele tempo.
Crianças de Mansambo, ao tempo da CART 2339 (1968/69)

Foto ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados

Começando pelas de Mansambo, a esta distância no tempo, basta, mentalmente olhar para lá e logo as vejo a brincar... com particular destaque para o tempo que eles passavam a jogar a bola, que era muito. Os condutores de que eu fazia parte, éramos oito no mesmo abrigo, tínhamos um menino que durante algum tempo trabalhava para nós... a quem chamávamos faxina, o primeiro foi o xerife (o nome porque era conhecido, não sei se era assim que se escrevia) o serviço que lhe estava destinado era ir à cozinha buscar a comida na hora das refeições para trazer para o abrigo... depois comia connosco e a seguir lavava a loiça. Ao fim do mês recebia algum dinheiro que todos lhe dávamos, já não me recordo qual era o valor. Passado alguns meses de lá estar vim de férias à metrópole, mas antes já lhe tinha prometido quando voltasse que lhe levava uns sapatos.

Passado o mês de férias quando regressei a Mansambo o xerife tinha sido substituído, não sei qual o motivo... o seu lugar passou a ser ocupado pelo António a quem assim que cheguei lhe pedi para ir à tabanca chamar o xerife para lhe entregar os sapatos conforme lhe tinha prometido, pedido por ele logo aceite. Assim que o xerife chegou ao nosso abrigo e lhe entreguei os sapatos novos foi grande a alegria que ele não conseguia disfarçar... e a minha não foi menor. No outro dia, logo pela manhã, o xerife apareceu lá no abrigo acompanhado por vários meninos da tabanca, todos muito alegres, e veio levar-me uma galinha. Passado algum tempo o António foi embora, (diziam que a sua partida tinha a ver com o fanado) sendo o seu lugar ocupado pelo Demba, um menino mais novo que os seus antecessores a quem prometi quando voltasse de novo à metrópole de férias, como tinha previsto, que lhe levava também uns sapatos novos. Mas as coisas alteraram-se e os sapatos para o Demba (com grande pena minha) não chegaram a ser entregues.

A nossa companhia foi transferida para Cobumba e foi já depois de lá estar que voltei de férias à Metrópole, não mais voltei a ver os meninos de Mansambo.

Em Cobumba também havia crianças, mas a distância entre eles e nós, pelo menos no início, era diferente, não estavam habituados a ter a companhia de tropa branca. Mas a alegria com que eles brincavam levava-me a pensar como era possível a viver num ambiente tão complicado como aquele que tinha lugar em Cobumba e eles sempre alegres passando muito tempo a brincar como se nada de anormal estivesse a acontecer. Certamente que os meninos da Guiné também choravam, mas durante o tempo que por lá estive nunca vi isso acontecer!... Algumas vezes, alguns atravessavam o rio Cumbijã a nado e riam-se quando sabiam que alguns de nós não sabíamos nadar. 

Já próximo do fim da permanência da nossa companhia naquele local, as minas na picada entre os três sítios em que se encontravam as nossas tropas, eram cada vez mais. Alguém decidiu que enquanto a viatura andasse em movimento (já só tínhamos uma pronta a andar, as outras três já tinham sido destruídas pelas minas) tinha que andar sempre alguém da população ao lado do condutor!... Os condutores éramos muitos, para uma só viatura, pelo que o nosso serviço de condução tinha um intervalo bastante grande. 

Só me recorda de ter de andar um dia em serviço acompanhado em que tive a companhia do José, um menino que era filho do chefe da tabanca. Foi um dia de muita conversa em que eu procurei saber como era a vida naquele local antes de nós lá chegarmos, das várias coisas que ele me falou, há uma que eu não mais esqueci, foi quando ele a rir me disse que daquilo que eles tinham mais medo antes de nós lá termos chegado, era do passarinho grande (o avião) quando andavam na bolanha. Assim que o viam deitavam-se ficando apenas com um olho fora da água enquanto ele andasse por ali.

Junto à tabamca onde se encontravam dois pelotões e quase toda a formação da nossa companhia, quando lá chegamos já eles tinham um abrigo junto a um mangueiro onde várias pessoas da tabanca, certos dias, passavam grande parte do tempo, o que nos causava alguma apreensão, talvez eles soubessem de alguma coisa que nós desconhecíamos.

A vida das crianças em Mansambo e Cobumba, sempre me causou bastante preocupação ainda que nem sempre a expressasse. Esse modo de eu as observar e sentir alguns dos problemas que elas tinham de enfrentar, talvez tivesse a ver com a situação difícil porque passei quando parti para a Guiné (a primeira vez) no dia 24 de janeiro de 1972 o meu filho tinha ficado com a mãe no hospital, onde tinha nascido há dois dias.

António Eduardo Ferreira


********************

Aqui fica esta pequena homenagem ao nosso camarada António Eduardo Ferreira,  um homem sensível e valente, com espírito de sofrimento e de privação, que soube vencer uma ausência forçada da família recém constituída, para cumprir uma comissão de serviço numa guerra para a qual não tinha contribuído, num território que lhe era de todo desconhecido e do qual eventualmente só tinha ouvido falar de relance. Contudo, terá visto nas famílias guineenses, que vivia entre dois fogos, o drama da sua.

Quis o destino que as suas provações não terminassem com o seu regresso da Guiné, já que a vida lhe destinou outro sofrimento, o de uma doença prolongada, que o vitimou depois de 20 anos de luta inglória.


Está finalmente a descansar este nosso guerreiro que tivemos o gosto de conhecer através da sua escrita.

A tertúlia e os editores deixam o seu mais sentido pesar ao seu filho Paulo Jerónimo, a quem agradecemos a consideração que teve ao nos comunicar o falecimento do seu pai, assim como a todos os restantes familiares e amigos.

É um lugar comum, mas uma triste realidade, cada camarada e amigo que nos deixa, vai engrossar o Batalhão celestial, onde hé-de haver um poilão para continuarmos a contar as nossas aventuras na Guiné.

C.V.

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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24678: In Memoriam (486): Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Bissau, 1970/72) (Abílio Magro)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24681: Blogues da nossa blogosfera (183): "Portugal e o passado", de Fernando Magro (1936-2023): a "revolta da Maria da Fonte" (1846)


"Maria da Fonte", por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917). Imagem do domínio público, cortesia de Wikimedia Commons


1. O nosso camarada Fernando Valente (Magro), que acaba de falecer aos 87 anos (*), tinha um blogue, "Portugal e o Passsado", onde publicou, entre 2011 e 2014, duas dezenas de pequenos textos sobre alguns temas da História de Portugal, que lhe eram caros.

Outro dos seus blogues tinha por título "Histórias da vida real", publicado em 2016. Tem 21 postes ou postagens.

É nossa intenção ir repescar um ou outro texto, até como homenagem ao nosso camarada.  São blogues da nossa blogosfera (**). 

Já tive ocasião de lhe deixar um comentário, no poste que a nossa Tabanca Grande lhe dedicou ontem,  e que começa por ser dirigido ao Anílio Magro, o primeiro dos Magro a integrar o nosso blogue (*)

(...) Abílio, pela tua mão chegou-nos, à Tabanca Grande, o teu 'mano velho', o Fernando, e outro dos mais novos, o Álvaro. Nenhuma família portuguesa conseguiu meter 'três manos', e para mais 'Magro', na tertúlia dos bravos da Guiné... E que chegarnm a estar juntos no CTIG!... E mais: nenhuma família portuguesa, como a dos Magro, conseguiu esta proeza de ter seis (!) filhos ao serviço da Pátria, ao tempo da guerra do ultramar, colonial ou de África (como se quiser), entre 1961 e 1974.

É, pois, com grande tristeza que eu recebo, de ti, através do blogue, a notícia de que o 'mano velho' Fernando deixou a Terra da Alegria.

Não o cheguei a conhecer pessoalmente, mas li os seus escritos, os seus postes, um dos seus livros... Para ti, para os restantes manos, para a viúva, filhos e demais família vai a minha solidariedade na dor...

A morte é sempre uma perda irreparável. Resta-nos ao menos a consolação de que o Fernando ficará no 'panteão' dos amigos e camaradas da Guiné... Não aspiramos à eternidade como os deuses e os heróis (que para os gregos ascendiam ao estatuto de semideuses). Simplesmente procuramos que os nossos antigos camaradas, que connosco fizeram a guerra e a paz, não sejam esquecidos... Afinal, morrer é sobretudo ficar enterrado na vala comum do esquecimento. Queremos continuar a lembrar e a honrar a memória do Fernando! (...)


Os dois blogues acima referidos foram mantidos graças á ajuda (informática ) do seu neto Manuel Gonçalo Gomes de Almeida Pinho Valente, na altura estudante universitário, a quem dirigimos também os nossos votos  de pesar pela perda do seu querido avô.


2- Blogues da Nossa Blogosfera > 
Portugal e o passado, de Fernando Magro > sábado, 28 de junho de 2014  >A Revolta da Maria da Fonte (**)

Foi chamada assim a rebelião que eclodiu no Minho, em Abril de 1846, durante o governo de Costa Cabral, no tempo da Rainha D. Maria II.

Começou por ser uma pequena arruaça de mulheres que tinha por cabecilha Maria da Fonte, uma rapariga da aldeia de Fonte Arcada, pertencente ao concelho de Póvoa de Lanhoso, no Minho.

Esta arruaça teve como causa, ou pretexto, a não aceitação das leis de Costa Cabral que proibiam os enterros nas igrejas.

A primeira manifestação verificou-se em 19 de Março de 1846 quando um grupo de mulheres armadas de chuços e foices, na aldeia de Santo André de Frades, concelho de Póvoa de Lanhoso, obrigou o pároco a dar sepultura dentro da igreja ao corpo de uma mulher que ia a enterrar.

Os tumultos prosseguiram e no mês seguinte alastraram por todo o Minho e Trás-os-Montes, começando a tomar uma feição de luta de guerrilhas e de movimento miguelista perante a intervenção de uma força de infantaria vinda de Braga.

Costa Cabral pediu às câmaras poderes extraordinários para restabelecer a ordem. Esses poderes - suspensão de garantias, lei marcial - foram concedidos apesar da oposição de muitos deputados. Costa Cabral enviou então para o Norte, como comissário do governo, seu irmão José, ao tempo ministro da Justiça, para sufocar a rebelião.

As medidas que este tomou mais excitaram os ânimos e acenderam a revolta. Em Vila Real surge a primeira Junta Provincial revoltosa, presidida pelo morgado Mateus, logo seguida de outras espalhadas por todo Norte, pelas Beiras e até pela Estremadura. Também em Santarém se organiza uma Junta, presidida por Manuel Passos, ao mesmo tempo que o visconde de Vinhais que comandava a divisão miliciana de Trás-os-Montes,  se coloca ao lado dos revoltosos.

José Costa Cabral vê-se obrigado a regressar a Lisboa. Perante tão grave alastramento do movimento revolucionário, o Duque da Terceira, presidente do Ministério, convocou uma reunião do gabinete a que presidiu a própria Rainha, aí declarando que não tinha força suficiente para debelar a revolta e propondo, como único meio de lhe pôr cobro, a imediata demissão do Ministério. Perante a gravidade da situação, apesar da protecção que sempre dispensara a Costa Cabral, a Rainha concordou.

O movimento saíra pois vencedor e os irmãos Cabral, vencidos, emigraram para Espanha.

Nesse tempo era compositor residente no Teatro Nacional de S. Carlos o maestro Ângelo Frondoni. Ocupava esse lugar por concurso público,  tendo sido preferido entre outros concorrentes, dos quais constava um nome que foi mais tarde reconhecido mundialmente: Giuseppe Verdi.

Ângelo Frondoni, entusiasmado com a revolta das mulheres, encabeçada pela Maria da Fonte Arcada, compôs a música vibrante do Hino da Maria da Fonte, também conhecido por Hino do Minho, hino que ultrapassou as barreiras do tempo por ser considerada uma obra- prima entre as composições do seu género, sendo ainda nos tempos actuais muitas vezes executada por orquestras sinfónicas.

Publicada por Fernando Magro à(s) 15:12

(Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação deste poste no nosso blogue: LG)
 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de setembro de 2023 >  Guiné 61/74 - P24678: In Memoriam (486): Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Bissau, 1970/72) (Abílio Magro)

(**) Últmo poste da série > 10 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24383: Blogues da nossa blogosfera (182): Uma "mulher de armas", a holandesa Noraly (nome de guerra, "Itchy Boots") que, com a sua especial Honda CRF 300 L Rally, acaba de atravessar a Guiné-Bissau

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24678: In Memoriam (486): Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Bissau, 1970/72) (Abílio Magro)

IN MEMORIAM

Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023)
Ex-Cap Mil Art (BENG 447 - 1970/72)


Conforme a notícia veiculada pelo seu mano Abílio Magro, faleceu no passado dia 18, no Hospital Eduardo Santos Silva de Vila Nova de Gaia, o nosso camarada Fernando de Pinho Valente Magro, ex-Cap Mil Art, que entre 1970 e 1972 cumpriu a sua comissão de servço no CTIG ao serviço do BENG 447.

Foi sepultado hoje pelas 10h00 da manhã no jazigo de família, no cemitério de Gulpilhares, onde repousa já a sua esposa, a senhora D. Maria Helena, companheira de toda a vida, até em Bissau.

A tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, associando-se à dor da família deste nosso amigo e camarada, apresenta, especialmente ao seu filho Fernando Manuel e aos manos Magro, as mais sentidas condolências. 


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O Cap Mil Art Fernando Valente Magro foi apresentado à tertúlia pelo seu irmão Abílio, em 5 de Julho de 2013 - (Vd. P11806), e que assumiu a tarefa de nos enviar, para publicação no Blogue, o livro "Memórias da Guiné", que Fernando Magro escreveu a propósito da sua comissão de serviço.

Neste livro podemos encontar narrativas de ordem pessoal e profissional, usos e costumes do povo guineense assim como os acontecimentos mais importantes, contemporâneos da permanência do autor na Guiné enquanto oficial do BENG e professor na Escola Comercial e Industrial de Bissau. 


Quem não tiver o livro "Memórias da Guiné", que se lêem com agrado, podem aceder a este marcador "Memórias da Guiné".

Por último, lembra-se que o Cap Mil Fernando Magro foi um dos 6 manos Magro que estiveram na Guerra do Ultramar, e um dos 3 que fizeram a sua comissão de serviço na Guiné.

Honremos a sua memória
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24658: In Memoriam (485): Fernando da Silva Costa (1951-2018), ex-fur mil trms da CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa 1973/74)... Faleceu em 2018

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24658: In Memoriam (485): Fernando da Silva Costa (1951-2018), ex-fur mil trms da CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa 1973/74)... Faleceu em 2018

 

Fonte; Página do Facebook do BCAÇ 4513, postagem de 4 de setembro de 2021


Guiáo do BCAÇ 4513/72 (Aldeia Formosa, 1973/74)


1. Por um mero acaso soubemos que Fernando Costa (ou Fernando da Silva da Costa), ex-fur mil trms da CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa 1973/74) faleceu já em 2018m ainda antes da pandemia de Covid-19. A informação é da página do Facebook, do batalhão.

É triste sabê-lo só agora, cinco anos depois...Ele havia entrado para o nosso blogue em 25/10/2009 (*). Tem 18 referências. Morava em Lisboa.

Foi ele que nos deu a notícia do 1º encontro do pessoal do batalhão, nma Mealhada, em 8 de dezembro de 2009. Já não se viam desde setembro de 1974. E foi  um èxito o encontro, juntqando mais de uma centena de participanmtes, entre camaradas e familiares (**)

O Fernando deixou no blogue algumas memórias do seu batalhão e de Aldeia Formosa, incluindo a transferència das instalações do quartel para o PAIGc, que iremos refrescar dentro em breve.

Já há tínhamos prometido publicar este singelo In Memoriam (***). O Fernando náo ficará sepultado na vala comum do esquecimentpo. Passará a figuar na lista daqueles que "da lei da morte já se foram libertando"... C0om ee, são já 139 (15,8% do totaldos membros registados da Tabanca Grande).

 Era, de resto, um camarada muito estimado entre  os seus camarasa das da CCS/BCAÇ 4513/72. Saibamos honrar a sua memória.(Presumimos que ele tenha nascido por volta de 1951.)

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Notas do editor:



(**) Último post3e da série > 9 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24635: In Memoriam (484): Carlos Alberto Rodrigues Cruz (26/05/1941 - 07/09/2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió e Cachil, 1964/66)

sábado, 9 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24635: In Memoriam (484): Carlos Alberto Rodrigues Cruz (26/05/1941 - 07/09/2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió e Cachil, 1964/66)

IN MEMORIAM



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Conforme notícia do nosso amigo Manuel Resende na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha, faleceu no passado dia 7 o nosso camarada Carlos Cruz.

As cerimónias fúnebres terão lugar hoje, sábado, com a celebração de uma Missa às 14 horas e 30 minutos, seguindo-se o funeral para o cemitério de Oeiras.

O nosso malogrado amigo Carlos Cruz, que se apresentou à tertúlia em Janeiro de 2014, apesar do AVC que o vitimou há uns anos e deixou bastante limitado na sua mobilidade, ainda compareceu em três dos Convívios da Tabanca Grande, em Monte Real.
Nesta foto, de 5 de Maio de 2018, durante o XIII Encontro da Tertúlia, em Monte Real, vemos o Carlos ladeado pela Enfermeira Paraquedista Gilselda Pessoa e pelo coeditor Carlos Vinhal. À esquerda, de pé, a sua filha Ana Cristina. Falta na foto a companheira de uma vida do Carlos, a Irene, que sempre o acompanhou até Monte Real.
Nesta foto, num convívio da Maganífica Tabanca da Linha, em 2016, o Carlos Cruz acompanhado pela sua esposa Irene.

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Nesta hora difícil, a tertúlia junta-se à dor da família do Carlos, deixando o seu testemunho de pesar e solidariedade.
Para a esposa Irene, filha Ana Maria e demais familiares, as nossas mais sentidas condolências.
O Carlos foi um corajoso militar e um lutador contra a doença que o apoquentou. Que lhe seja concedida agora toda a paz que merece.
Os editores

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24577: In Memoriam (483): Senhora Enfermeira Maria Manuela Gonçalves Beja dos Santos (08/03/1937-22/08/2023), irmã do nosso camarada Mário Beja Santos

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24594: Fichas de unidade (31): BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Bula, Nhala e Mampatá, março de 1973/setembro de 74)

Tem página no Facebook > Batalhão
Caçadores 4513 



Batalhão de Caçadores n.º  4513/72


Identificação: BCaç 4513/72

Unidade Mob: RI 15 - Tomar

Cmdt: TCor Inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa | TCor Inf Carlos Alberto Simões Ramalheira | Maj Inf Duarte Dias Marques

2º Cmdt: Maj Inf Duarte Dias Marques

OInfOp/Adj: Cap Inf Jorge Feio Cerveira

Cmdts Comp:

CCS: Cap SGE Carlos Santos Pereira | Alf SGE Jerónimo dos Santos Rebocho Carrasqueira


1ª  Comp: Cap Mil Inf João Luís Braz Dias

2ª  Comp: Cap Mil Inf Domingos Afonso Braga da Cruz | Cap Mil Inf grad José António Campos Pereira

3ª  Comp: Cap Mil Cav João Carlos Messias Martins Cap Mil Inf Joaquim Manuel Guerreiro Dias

Divisa: "Non Nobis" (em latim quer dizer "não para nós"...)

Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 03Set74 (3.ª Comp), 04Set74 (2ª Comp) e 06Set74 (Cmd, CCS e 1ª Comp)

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CIM, em Bolama, seguiu, em 27 Abr73, para o sector de Aldeia Formosa, com as suas subunidades, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCaç 3852.

Em 13Mai73, após o final do treino operacional, ficou, com as suas subunidades, na dependência operacional do referido BCaç 3852, que manteve, entretanto, a responsabilidade do sector, sendo orientado para reforço da contrapenetração e reacções à pressão inimiga na área.

Em 27Jun73, passou a batalhão de intervenção do CAOP 1, orientado para a interdição do corredor de Missirá e acções na região de Nhacobá, estabelecendo a sede em Cumbijã a partir de 29Jun73, integrando as forças instaladas em Cumbijã e Colibuia, além das suas próprias subunidades estacionadas no sector S2, em Aldeia Formosa e Mampatá.

Em 10Ag073, rendendo então o BCaç 3852, assumiu a responsabilidade do referido Sector S2, com a sede em Aldeia Formosa e abrangendo os subsectores de Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa. 

Em 06Set73, a função de intervenção já anteriormente executada pelo batalhão foi temporariamente atribuída ao BCaç 4516/73 até 30Out73.

Desenvolveu intensa actividade operacional, tendo comandado e coordenado diversas acções e operações e a realização de patrulhamentos, reconhecimentos e acções de vigilância da fronteira e de contrapenetração. 

A par disso, actuou ainda na protecção aos trabalhos de abertura e melhoramento de itinerários e de segurança e defesa das populações e da sua promoção socioeconómica.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora ligeira, 5 espingardas, 1 lança-granadas foguete, 61 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 30 minas.

A partir de 07Ag074, comandou e coordenou a execução do plano de retracção do dispositivo e a desactivação e entrega dos aquartelamentos ao PAIGC, a qual foi sucessivamente efectuada nos subsectores de Mampatá, em 29Ag074, de Aldeia Formosa, em 31Ag074, de Nhala em 02Set74 e de Buba, em 04Set74. 

Em 31Ag074, foi transitoriamente deslocado de Aldeia Formosa para Buba, onde se manteve até à desactivação e entrega do aquartelamento em 04Set74, após o que recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

***

A 1ª Comp, após o treino operacional no subsector de Buba com a CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17Mai73, em Mampatá.

Em 15Ag073, rendendo a CCaç 3398, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 04Set74, após a desactivação e entrega do aquartelamento ao PAIGC, recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

***

A 2ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Nhala com a CCaç 3400, sob orientação do BCaç 3852, foi deslocada para Aldeia Formosa, a fim de colaborar na segurança dos trabalhos da estrada Mampatá-Nhacobá. Em 29Jun73, integrando o seu batalhão na função de intervenção, instalou-se em Cumbijã.

Em l8Ag073, rendendo a CCaç 3400, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhala, onde se manteve até à desactivação c entrega do aquartelamento, em 02Set74, recolhendo então a Bissau para efectuar o embarque de regresso.

***

A 3ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Aldeia Formosa com a CCaç 3399, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar o esforço de contrapenetração realizado por aquela subunidade no referido subsector.

Em 211un73, mantendo-se em Aldeia Formosa, ficou integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão, então em função de intervenção naquela zona de acção.

Em 13Ag073, substituindo a CCaç 3399, assumiu a responsabilidade do subsector de Aldeia Formosa, no sector do seu batalhão.

Em 31Ag074, após desactivação e entrega do aquartelamento, recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 113 - 2.ª  Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 170/172.

2. Comenmtário do editor LG:

Militares deste batalhão que integram o nosso blogue, ou sejam, fazem parte da Tabnca Grande, a "mãe de todas as tabancas"...

(i)  da 1ª companhia (Buba, 1973/74), o camarada Manuel Oliveira,  bem com o António Alves da Cruz a mais recente admissão, o nº 880, com convite pendente desde... 2014!)),  

(ii) da 2ª companhia, já cá temos, há muito,  o António Murta, ex-alf mil inf Minas e Armadilhas (que tem mais de 90 referências, sendo autor da notável série "Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513"); e ainda o José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Cripto): ambos estiveram en Nhala, 1973/74 (estiveram em Aldfeia Formosa, Cumbijã e Nhala);

(iii) há  um quinto camarada, o Fernando Costa (ou Fernando Silva da Costa), ex-fur mil trms d
a CCS/BCAÇ 4513, que esteve em Aldeia Formosa (infelizmente já falecido, em 2018, segundo informação da página do Facebook, do batalhão; tem 17 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 25/10/2009; vamos fazer-lhe um poste In Memoriam: só agora, cinco anos depois temos conhecimento desta triste notícia).
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terça-feira, 22 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24577: In Memoriam (483): Senhora Enfermeira Maria Manuela Gonçalves Beja dos Santos (08/03/1937-22/08/2023), irmã do nosso camarada Mário Beja Santos

IN MEMORIAM

Maria Manuela Gonçalves Beja dos Santos (08/03/1937-22/08/2023)


A mana Manuela e a sua devoção semanal na visita aos meus militares sinistrados

Mário Beja Santos

Mantivemos sempre uma relação extremosa, toda a vida, admiração com muito afeto recíproco. Adorava a sua profissão, começou numa instituição de saúde no Bairro Alto apoiando filhos de prostitutas e confessava que uma das suas maiores alegrias acontecera, muitos anos mais tarde, descia a rua do Alecrim, ouviu alguém aos gritos “enfermeira Manuela, enfermeira Manuela!”, uma mulher um tanto espaventosamente vestida atravessou a rua acompanhada de um adolescente, “Não se lembra de mim? Sou a mãe do Bruno que a senhora tratou sempre com grande carinho, deu-lhe as vacinas, fazia-lhe muitas festas, ainda hoje o Bruno fala de si”. E o Bruno ali ao lado da mãe sorria, dulcificado, nunca esquecera aquela profissional que o ajudara na infância. O seu principal mistério foi nos Serviços Clínicos da GNR, nas Janelas Verdes, fundamentalmente na pediatria. Mas não fugia a outras colaborações, como apoiar a colónia de férias da GNR, ali para os lados da Caparica, onde a fui visitar algumas vezes.

Mal chego à Guiné, e começaram as doenças e os sinistros. Entrado no Cuor, impõe-se imediatamente levar um soldado ao médico, Jolá Indjai, está prostrado e tosse constantemente. O médico adverte: tuberculizou, tem que ir para a metrópole, aqui não temos tratamento para ele. O Jolá leva algum pecúlio e uma folha com endereços. Dois meses depois chega o seu primeiro aerograma: “Alfero, veio cá no sábado a sua irmã, trouxe-me doces, deixou dinheiro e promete vir cá todos os sábados.” Anos mais tarde, os meus sobrinhos confirmavam: “Enquanto almoçávamos, a minha mãe ia preparando as coisas que ia entregar no anexo do Hospital Militar, na rua Artilharia 1, era sempre assim que começávamos o passeio de sábado.” A mana mandava cartas: “Ao princípio custou-me muito, mesmo sendo enfermeira custa ver tanto jovem mutilado e pela primeira vez na vida vi um ser humano sem braços e pernas. O Jolá partiu para o Norte, chegou o Paulo, tem o rosto todo despedaçado, perdeu um olho e tem um braço tolhido, penso que tu já sabes que vai ficar muito deficiente. Pediu-me roupa, se tu lhe podias mandar cola, perguntei-lhe se queria líquida ou em tubo, ele disse-me que é um fruto que não há cá, tu fazes a compra e mandas-me, eu levo-lhe.”

Os acidentados e doentes sucederam-se uns aos outros. Logo a seguir ao Paulo Ribeiro Semedo foi o Fodé Dahaba, brutalmente atingido por um fornilho, a lista não diminuiu, e os sábados à tarde não pararam quando regressei da Guiné. Mamadu Camará, que ingressara na 2.ª Companhia de Comandos Africana foi ferido num calcanhar numa operação em Salancaur, no Sul. Tudo se tentou, o pé engrenou, houve que o amputar. “Se foi teu soldado, volto ao anexo do Hospital Militar Principal, há que lhe dar companhia e apoio.”

Guardo uma nota curiosa que era o facto de haver uma dependência da Manutenção Militar ali bem perto onde se compravam bolachas de nome Tarata e Capitão, massas e outros géneros alimentícios a preços bem abordáveis, ia lá abastecer-me depois de visitar o Mamadu.

A mana Manuela faleceu ao início do dia de hoje, tivera um AVC em 30 de dezembro de 2016, ficou a viver num lar junto à escola em que se diplomou, a Escola de Enfermagem de S. Vicente Paulo, aqui faleceu. Todos aqueles doentes e sinistrados que ela visitou oriundos da Guiné, outros oriundos da metrópole, sofrendo de perturbações psiquiátricas ou com fraturas no calcâneo, nunca a esqueceram. Para meu pesar, a maior parte deles são hoje estrelas que nos alumiam. Mal sabia esta jovem enfermeira, a pousar no jardim da sua escola, que aqui iria fazer muito mais tarde voluntariado e aqui adormeceria para sempre.

Nos seus 75 anos houve festa, irrecusavelmente tomei a palavra para lembrar o que todos os presentes sabiam, a sua bondade para ajudar, lembrei que era uma mulher permanentemente ajoujada de sacos, recolhia e distribuía, isto em permanência. Gostava do seu petisco e era uma mulher bem divertida. Um dia estávamos a almoçar na Cooperativa Militar, na rua de S. José, entrou o antigo ministro das Finanças, Joaquim Pina Moura, com quem eu convivi num órgão constitucional, já ele estava muitíssimo doente, arrastando-se, levantei-me e fui cumprimentá-lo, e nisto a mana exclamou em voz alta: “Ai senhor doutor, como eu gostava de ver o meu irmão tão bem vestido como o senhor!” O Pina Moura fez um sorriso amarelo e marchou para a sua mesa. “Sim, Mário, devias andar vestido como estes senhores, essa mania da roupa comprada na Feira da Ladra tem que acabar.”

É muito penoso perder uma mana assim. Quando, de madrugada, a minha sobrinha me deu a saber o terrível que já prevíamos, sucederam-se as recordações, o que ela fizera pela minha gente guineense e não só, o primeiro banho à minha filha mais velha, os passeios com as sobrinhas, a permanente crítica ao meu modo de vestir, o seu telefonema às 6 da manhã em 24 de abril de 1974, a prevenir-me que havia uma revolução na rua e que partia as Janelas Verdes.

Perdi uma irmã adorada e a excelsa cuidadora de quem adoeceu e se acidentou na Guiné, um verdadeiro símbolo vivo de que a enfermeira atua em qualquer campo, na paz e na guerra.

O meu único consolo é que Deus já te recebeu no paraíso; e guardo para o meu todo o sempre o teu magnífico exemplo de solicitude e disponibilidade.

O anexo do Hospital Militar Principal convivia praticamente com a Manutenção Militar, na Rua Artilharia 1

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Nota dos editores:

Especialmente ao nosso camarada Mário Beja Santos e à sua sobrinha, deixamos o nosso pesar pela perda da sua irmã, e mãe, assim como o nosso abraço solidário.
A senhora Enfermeira Maria Manuela será, a partir de hoje, mais uma das estrelas que nos alumiam neste espaço temporal que medeia a nossa vida terrestre e a partida para a poeira cósmica.
CV

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24483: In Memoriam (482): Notícia do falecimento de um dos filhos do nosso camarada Eduardo Moutinho Santos, o Jaime, com 56 anos de idade. Cerimónias fúnebres, amanhã, dia 18 de Julho, pelas 15 horas, no Centro Funerário-Crematório da Lapa (Igreja), Rua de São Brás - Porto

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24483: In Memoriam (482): Notícia do falecimento de um dos filhos do nosso camarada Eduardo Moutinho Santos, o Jaime, com 56 anos de idade. Cerimónias fúnebres, amanhã, dia 18 de Julho, pelas 15 horas, no Centro Funerário-Crematório da Lapa (Igreja), Rua de São Brás - Porto


1. SMS do nosso camarada Eduardo Moutinho Santos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2366, Jolmete e Quinhámel, e ex-Cap Mil Grad, CMDT da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, chegada há poucos minutos ao telemóvel do coeditor CV:

Amigo(a).
A cerimónia do funeral do meu filho Jaime é às 15,00 horas de amanhã - 18/07/2023 no Centro Funerário - Crematório da Lapa (Igreja), na Rua de São Brás, 1, no Porto.
Velório entre as 10,30 e as 15,00 horas.

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Notas de CV

1 - Já ontem, domingo, o nosso camarada José Teixeira nos havia mandado a seguinte SMS:

Bom dia amigos.
Lamento informar que faleceu um filho do Capitão Moutinho Santos. Tinha 52 anos. Teve uma paragem cardíaca.
Quando tiver mais notícias, informo.

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2 - Perante tão grande dor, como esta, a da perda de um filho, não temos palavras para confortar o nosso amigo Eduardo Moutinho Santos, a sua esposa e o outro filho do casal, apenas podemos deixar o nosso abraço solidário e a certeza de que estamos com eles nesta hora dramática.
Para os demais familiares, as nossas sentidas condolências.

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24456: In Memoriam (481): Licínio Monteiro Cabral (Lamego, 1948 - Porto, 2022), ex-fur mil op esp, MA, CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72)

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24456: In Memoriam (481): Licínio Monteiro Cabral (Lamego, 1948 - Porto, 2022), ex-fur mil op esp, MA, CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72)


Licínio Monteiro Cabral (Lamego, 1948 - Porto, 2022)

Foto de cronologia da sua página do  Facebook (Com a devida vénia...)

1. Por informação de um amigo nosso, o dr. Joaquim Pinho, médico do trabalho, com data de 5 de agosto de 2022,  soubemos que tinha falecido, no Porto, em 31 de janeiro  desse ano, de doença de evolução prolongada, o ex-fur mil op esp e de Minas e Armadilhas, Licinio Monteir0 Cabral, CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72).

Na altura, não demos a devida atenção ao nome deste nosso camarada que, afinal, tinha página no Facebook:

(i) era natural de Lamego;

(ii) andou no Grande Colégio Universal, no Porto (turma de 1969);

(iii) vivia no Porto;

(iv) era casado;

(v) estava reformado da empresa Altice.

Infelizmente não partilhou nenhuma foto do tempo da Guiné.

2. Havia uma referência a este nosso camarada,  no poste P11057 (**), com uma mensagem sua que voltamos a reproduzir:

Data: 4 de Fevereiro de 2013

Assunto: CCaç 2792 - Catió e Cabedu - 190/72

Caro Dr. Luís Graça:

Soube do Blogue através de um amigo de Coimbra [provavelmente o dr.  Joaquim Pinho, médico do trabalho].

Estive em Catió e Cabedu – Fur Mil Cabral, integrado na CCaç 2792, com a especialidade de "Operações Especiais" e "Minas e Armadilhas" 
[nº mecanográfico 02465269].

Acho que a Guiné, na minha memória, já a tinha arrumado num cantinho, não fosse saber da morte no ano passado do meu Comandante de Companhia, o Cap Augusto José Monteiro Valente, homem que eu admirava.

Vou enviar algumas coisas da Tabanca. Vou ao baú das (más?) memórias.

Agradeço o acolhimento no Blogue. Cumprimentos, Licínio Cabral.


3. Infelizmente, o Licínio Cabral nunca nos chegou a mandar  nem textos nem fotos com as suas (boas e más) memórias... nem muito menos  a responder ao nosso convite para integrar a Tabanca Grande. 

Por isso, a CCAÇ 2792 continua sem nenhuma representação no nosso blogue, o que é triste.  Dos militares desta companhia com o curso de operações especiais, havia, além do fur mil Licínio Monteiro Cabral, o cap inf Monteiro Valente, o alf mil J0rge Manuel A. O. de Quinta, e o fur mil  Manuel Resende da Rocha.

Com o atraso de ano e meio, enviamos à sua família e aos seus amigos mais íntimos os nossos pêsames pela sua perda. E fazemos questão de  honrar aqui a sua memória: é nosso dever não deixar os camaradas da Guiné na "vala comum do esquecimento" (***).

(...) Camarada Licínio Cabral:

Dispensemos o tratamento cerimonial. Estivemos os dois na Guiné, em 1969/71, eu, e tu em 1970/72... Isso basta para criar uma corrente subterrânea de cumplicidade, camaradagem, empatia, entre nós dois, entre tu e demais camaradas que integram a nossa Tabanca Grande (nome também dado ao nosso blogue, e à comunidade virtual que se reúne à sua volta)...

Más memórias, camarada? Quem as não tem, ou não teve? Estamos aqui justamente para "exorcizá-las" e fazer as nossas velhas contas com o passado, os nossos verdes anos, passados na guerra e na Guiné... 

E as boas? Também as houve, certamente... 

Umas e outras, as más e as boas,  podem e devem ser partilhadas... Fazemos "blogoterapia", partilhamos memórias, sentimentos, emoções, afetos, crenças, ilusões, preconceitos, estereótipos, utopias, valores, interesses...

Partilhar, porquê e com quem? 

Por muitas razões, até por "dever de memória", por obrigação (moral) para com os nossos filhos e netos... E, talvez mais importante ainda, por uma questão de dignidade, por nós, por todos nós, combatentes de um lado e doutro, que fizemos aquela guerra estúpida e inútil (como todas as guerras)... e no final fomos todos "perdedores"...

Manda duas fotos tuas, digitalizadas, que eu terei muito gosto em apresentar-te aos mais de 600 grã-tabanqueiros 
[à data, 5/2/2013], que se sentam à volta do poilão, mágico, fraterno, protetor, da Tabanca Grande. 

Se quiseres e puderes, manda também mais fotos do teu álbum, sobre Catió, Cabedú e outros lugares (quentes) que estão na nossa memória... De preferência, com legendas... Os créditos fotográficos serão sempre teus. (...)

(...) Se aceitares entrar para esta "grande família" (a jóia são apenas 2 fotos + 1 história), passas a ser o primeiro representante da CCAÇ 2792... É verdade, não temos ninguém... Fala-nos ainda do capitão Monteiro Valente, cuja memória queremos também recordar e honrar. (...)

4. De acordo com a história da CCAÇ 2972, o fur mil at inf (sic), nº mec. 02463269, Licínio Monteiro  Cabral foi louvado pelo Comandante Militar, a par  do fur mil op esp (sic), nº mec. 19311770, Manuel Resende da Rocha.

Por outro lado, havia apenas dois fur mil de minas e armadilhas, na lista com a composição do pessoal: o Aurélio da Conceição R. Fialho (nº mec. 09744169) e  o  António Augusto N. da Cunha (nº mec.11707069). Pode tratar-se de um lapso... Infelizmente, o Licínio Cabral já não está cá, na Terra da Alegria, para esclarecer esta dúvida...

(Revisão e fixação de texto / negritos , itálicos e parênteses retos: LG)

(***) Último pposte da série > 23 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24426: In Memoriam (480): Carlos Nuno Carronda Rodrigues (1948-2023), ex-alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1970/72), cor inf ref... Passa a integrar a título póstumo a Tabanca Grande, sob o n.º 876