Mostrar mensagens com a etiqueta Rui Chamusco. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rui Chamusco. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24466: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte III: 1 e 2 de abril de 2023


Timor Leste > Posição relativa de Boebau e da Escola de São Francisco de Assis, nas montanhas de Liquiç
á. Liquiçá é a sede do munícipio, com cerca de 20 mil habitantes. Recorde-se que em Abril de 1999, na sequência da campanha de terror que antecedeu o referendo sobre a independência, mais de 200 pessoas foram mortas na igreja católica de Liquiçá, quando membros da milícia Besi Merah Putih, apoiados por soldados e polícias indonésias, atacaram a igreja. De Dili a Boebau, em plena montanha, são cerca de 50 km, que em viatura podem demorar a percorrer 4 ou 5 horas na época da monção...

Fotografia: página do Facebook da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (com a devdia vénia...)



1. Continuação da publicação de alguns excertos das crónicas que o  nosso amigo Rui Chamusco (professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã, natural de Malcata, concelho de Sabugal, cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste) nos mandou, na sequència da sua 4º viagem àquele país lusófono, e no âmbito do projeto ". (Esteve lá já 4 vezes, em 2016, 2018, 2019 e agora em 2023, de março a maio; é juntamente com a família Sobral um dos grandes pilares deste projeto de solidariedade com o povo timorense.)


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos)  (*)

Parte III - 1 e 2 de abril de 2023

01.04.2023, sábado - Cobras: receios, medos e preocupações

Logo de manhã, enquanto nos deleitávamos com as lindas paisagens que se avistam, aparece o Nico (Joanico) com uma ceira às costas carregando plantas de abacate para plantação. É então que ele conta: “quando ia pôr às costas vi uma 'somodo' (cobra venenosa) nestas plantas.”  De repente se desenvacilhou dela, evitando ser mordido.

Desta cobra já eu sabia que mora por aqui. Só que o Ti António Bahasa (com certeza por falar a língua dos indonésios) contou que agora aparecem cobras novas diferentes. Uma é toda branca, e a outra é vermellha no ventre e castanha no dorso. Ele a contar e a gente a arrepiar-se. Pelo sim e pelo não, vale mais estar atento e precaver-se, não vá algum bichinho deste fazer-nos uma visita. 

E porque será que todos temos alguma repugnância e algum receio de falar destas criaturas?

01.04, 2023, sábado - Lista de prioridades

Quase sempre que vimos à Boebau trazemos na mente de passar em revista a ESFA para ver o que faz falta e quais são as prioridades. Desta vez também não fugiu à regra.

E, vai daí, em reunião com as pessoas responsávéis, toca a anotar o que vimos e ouvimos:

(i) Construção da cozinha: é uma exigência da Direção Escolar Municipal para que seja prestado o apoio à merenda escolar dos quatro anos do 1.º ciclo. Vamos a ver aonde iremos buscar ajudas para isso.

(ii) Substituição de lâmpadas no edifício escolar (16) e na casa dos professores (4).

(iii) Substituição de vidro na sala São Francisco.

(iv) Pintura de metade da fachada da escola. A pintura das paredes e das colunas está muito desgastada. Falta implantar nesta gente hábitos de higiene que preservem mais estes bens.

(v) Elemento identificativo (pintura, recorte?) na parede lateral direita, com o dizer “ESCOLA SÃO FRANCISCO DE ASSIS”.

(vi) Construção de muro ao longo do caminho que suporte o desabamento de terras.

(vii) Substituição do triplex nas salas de aula.

Como vemos, há sempre coisas a fazer para a manutenção e conservação da ESFA. Que a vontade e os meios para tal não nos faltem, e que Deus não nos desampare.

Há que referir também que há uma lista de material escolar necessário mas que, felizmente, vai havendo pessoas e entidades que nos vão ajudando nestas necessidades

01.04.2023 - “Loro mono / Loro sa’e”

Vale a pena subir às montanhas, vale a pena vir a Boebau para contemplar esta luxuriante natureza, onde o astro rei se mostra com todo o seu esplendor. “Louvado meu Senhor pelo irmão sol que faz o dia e nos iluminas. Ele é belo e radiante com todo  seu esplendor. De Ti Altíssimo nos dá a imagem”. (Francisco de Assis)

O “loro mono” de ontem à chegada, estendendo-se e sumindo pelo vale até Atabai e pelas montanhas do ocidente, e o “loro sa’e” no dia seguinte, vindo dos lados do oriente. Impressionante o seu esplendor!... 

Entretanto, o dia que decorre com mais encontros, mais reuniões, com mais decisões. Tanta coisa há que fazer ainda!... Para já, e por exigência da direção geral, há que construir uma cozinha fora do edifício escolar, para preparar a “merenda”, oferta deste organismo. Vamos a isso, que alguém há-de ajudar!... 

Depois, a lista de material escolar necessário, pintura de espaços, frontespício lateral, muro de proteção de estrada, substituição de lâmpadas (quase todos fundidas), estantes e armários para arrumação de material, etc, etc... Há sempre coisas a fazer.

E, tal e qual como o sol, há mar e mar, há ir e voltar. Uma decisão de momento: vamos voltar para Dili. Ou seja, mais uma vez o caminho do calvário a percorrer. Eu até já nem sei se é melhor a subir ou a descer. O que importa é que tudo corra bem. 

Com a comitiva aumentada (Fátima mais as duas crianças) e alguns presentes de Boebau (aidilas de 5 Kg e feijão foré), bamboleando até Hepu onde fizemos uma pequena paragem para visitar esta grande família Galocho (mais de 20 pessoas) e entregar o saco de prendas que a madrinha Rosa Henriques enviou de New York para a afilhada Tessa. Um  oásis em meio da viagem!


01.04.2023, sábado - “Basok” ao jantar

Eu sei lá o que a gente come por aqui! Perguntaram-me se queria comer “Basolok”. 

  O que é isso?  − perguntei. 
− Comida da China  − diz a Adobe.

 Vamos experimentar. Soube-me bem? Soube. O que comi? Não sei. Tinha carne, que diziam ser de vaca mas também poderia ser de cão. É comer, fechar os olhos e saborear. O resto pouco importa. E só assim conseguiremos sobreviver, seja onde for, em qualquer parte de mundo. Como diz o ditado latino: “De gustibus non est disputantibus” (de gostos não se discute).


02.04.2023, domingo - Fé, cultura e religião

Hoje é Domingo de Ramos. Também em Timor, país de maioria católica, se vibra com as celebrações religiosas desta festividade. Já ontem se via muita gente com ramos de palmeira nas motos, pois tinham ido a apanhar os ramos para a procissão  dos ramos de amanhã. 

Acredito na fé de toda esta gente, mas dou comigo a pensar que há muita falta de esclarecimento, de “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Eu sei que todos estes acontecimentos mobilizam e dão atividade a quem dispõe de muito tempo livre. E, na falta de melhor, é preferível fazer alguma coisa que não fazer nada. Mas, a mistura de valores e a confusão que daí vem, questionam-nos muitas vezes sobre os nossos comportamentos e os comportamentos dos outros. Fé ou fezada? Rituais religiosos ou folclore? Religião ou cerimónias?...

Com todo o respeito para quem acredita e pratica à risca tais atos, penso que há uma 
grande caminhada a fazer.

(Continua)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos / subtítulos: LG)

_____________

Nota do editor:

( *) Postes anteriores da série:

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24453: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte II: 23, 26 e 31 de março de 2023


Foto nº 1


Foto nº 2

Timor Leste > Fevereiro de 2018 >  Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, inaugurada em 19 de março de 2018. E os difíceis acessos a Boebau (na foto nº 2
, o Rui Chamusco teve de se apear da moto, ei-lo em segundo plano, à frente da moto e do condutor).  Sáo cerca de 50 km, de Dili até Boebau, na montanha, que podem demorar 4 a 5 horas, na época da monção.

Fotos  da página do Facebook da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (com a devdia vénia...)


Timor Leste > 20 de março de 2023 > Alunos e pessoal da Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá. Envergam as camisolas recém-chegadas de Portugal.

Foto de Rui Chamusco, publicada em "Jornal Tornado - Jornal Global para a Lusofonia" > Uma escola luso-timorense esquecida nas montanhas de Timor-Leste, por J.T. Matebian, em Timor-Leste,  21 de março de 2023 (Com a devida vénia...)


Lourinhã > Praia da Areia Branca >  2 de dezembro de 2017 >  O
 Rui Chamusco e o Gaspar Sobral. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. O nosso amigo  Rui Chamusco (que ainda não é membro da  Tabanca Grande),  professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã, natural de Malcata, concelho de Sabugal, é cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste. 

A ASTIL conseguiu concretizar um dos seus  projetos, a construção da Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, Timor Leste ou Timor Loro Sa'e, a terra do sol nascente.

Este projeto nasceu de um conversa entre dois amigos, em 2015: Gaspar Sobral (timorense residente em Portugal, topógrafo, retornado de Angola, em 1975) e o Rui Chamusco. O Gaspar "manifestou-me o seu grande desejo de construir uma escola na terra dos seus ascendentes em Boebau, pois na visita que lhes fizera em 2000 verificara que havia muitas crianças sem escolaridade. De imediato, eu como professor aposentado e livre de obrigações, anui ao seu desejo, respondendo prontamente: 'conta comigo'  "(...)

Em fevereiro de 2016, o Rui e o Gaspar foram  a Timor Leste visitar a localidade de Boebau (município de Liquiçá) e avaliar as necessidades no terreno: 

"O Chefe de Suco informou-nos, através dos cadernos de registo, do número de crianças que aí viviam. Mais ou menos 400, das quais só 111 iam às escolas mais próximas. Por consulta presencial, o povo pediu que fosse construída uma escola. E assim fizemos."

A construção Escola São Francisco de Assis – Paz e Bem foi inteiramente financiada por fundos recolhos pela ASTIL (*). A organização e o funcionamento da ESFA continuam a ser assegurados pela ASTIL. 

Foi inaugurada em 19 de março de 2018 " com a presença de gente muito importante (Embaixador de Portugal, representante do Núncio Apostólico, Director da Escola Portuguesa de Díli, coordenador da Caixa Geral de Depósitos, Directora da Fundação Oriente, Director da Educação do Município de Liquiçá, Diretor da Polícia Municipal), e muitos amigos e povo de Boebau e Manati."... 

Mas ainda não tem um professor, português ou timorense,  destacado pelo ministério da educação:

(...) "Este ano frequentam a ESFA 88 crianças no ensino pré-escolar e primário. Com muito esforço a ASTIL de Portugal e a ASTILMB (Manati/Boebau) têm conseguido manter a escola em funcionamento, graças ao voluntariado de amigos portugueses e timorenses. 

As crianças que a frequentam são todas oriundas de famílias pobres, e por isso tudo é gratuito excepto o pagamento de ordenados aos professores. 

Ainda não temos professores portugueses ou timorenses destacados pelos ministérios de educação. Muitas promessas, muitos aplausos, mas nada de concreto que nos ajude a encontrar uma solução. Este é o nosso grande problema, que urge resolver. Disto depende a sustentabilidade da ESFA. Pedimos encarecidamente que nos ajudem. SOS! " (...)

(Declarações de Rui Chamusco ao"Jornal Tornado - Jornal Global para a Lusofonia" > Uma escola luso-timorense esquecida nas montanhas de Timor-Leste, por J.T. Matebian, em Timor-Leste 21 Março, 2023) (Com a devida vénia...)

Rui Chamusco, presidente da direção da ASTIL, voltou, depois da pandemia, a Timor Leste, agora pela 4ª vez, no passado dia 4 de março, para poder participar das cerimónias do 5.º aniversário da inauguração da escola e resolver problemas pandentes.

Do diário do Rui Chamusco, selecionámos, com a sua devida autorização, alguns excertos que nos falam não só deste projeto, tão acarinhado pela ASTIL (e a sua congénere timorense, a ASTILMB), como do quotidiano de Timor "Loro Sa'e", o país lusófono que fica mais longe de todos nós, fisicamente falando, mas não seguramente ao nível do carinho, da solidariedade e da amizade dos portugueses.


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos) 

Parte II - 23, 26 e 31 de março de 2023


23.03.203, quinta feira - As receitas do Dr Eustáquio.

Já não é a primeira vez que escrevo sobre os conhecimentos que o Eustáquio (irmão

do Gaspar Sobral) revela nas mais diferentes áreas. A universidade da vida conferiu-lhe o grau de doutor, com toda a justiça. Sei que a casca do ailok, tomada em forma de chá, acalma as dores de barriga; sei que o chá de erva tira as dores de cabeça; sei que o chá feito da casca de ailok tira as dores de estômago. E eu sei lá quanta coisa mais jé aprendi com este doutor “Desenrasca”.

Desta vez, como o meu pé direito tem chamado a atenção devido às dores e ao inchaço que apresenta, o Eustáquio tentou logo aliviar-me deste fardo, e contou-me a seguinte história passada com ele.

Depois de 3 anos a viver nas montanhas devido a invasão dos indonésios, ele e a irmã Bene começaram a apresentar alguns sinais físicos preocupantes, talvez causados por carência alimentar, e que se traduzia em inchaço das pernas no seu caso, e inchaço de todo o corpo na irmã Bene. 

Da irmã tratou a mãe, conhecedora de muitos segredos da natureza, e que com plantas selecionadas tratou de aplicar inalações e plasmas de folhas, com resultados milagrosos. Quanto a ele, contou-me, em sonho lhe apareceu um velhinha que lhe disse: “vai encontrar as folhas de 'farinha borracha', 'hahy oan metan', 'trompeta'. Aquece-as no fogo e aplica-as nas pernas e pés inchados”. E assim fez. Com poucas aplicações os inchaços tinham desaparecido.

Como nestas coisas não tenho nada a perder, talvez até a ganhar, aceitei que fizesse o mesmo comigo. Depois de procurar as folhas das plantas referidas, fez a aplicação. Então não é que as dores e o inchaço estão quase desaparecidos!?

E esta, hein!...


26.03.2023, domingo  - Alif, meu amigo

Alif (Ali+f= Ali,  da parte do pai Alino, e f,  da parte da mãe Fátima) é o nome pelo qual, familiarmente, chamamos o Hermenegildo. Uma criança franzina que fraquentou a Escola São Francisco de Assis, em Boebau, e que agora está em Ailok Laran na casa da família Eustáquio (Painino). 

À Aurora (mulhar do Eustáquio) chama mãe, e a mim abô Rui. De manhã está em casa, e de tarde frequenta a escola pública São Mateus, aqui bem perto de nós. É quase sempre ele o mensageiro que me vem chamar para as refeições. Com dificuldade, vai aprendendo algumas palavras em português mas, como todas as crianças, deseja saber e falar muitas mais.

Hoje quando me veio chamar, fiquei estupefato com o seu português. “Abô Rui arroz come”. Para bom entendedor meia palavra basta. Qual gramática, qual quê?!

E eu a pensar, a língua portuguesa é a segunda língua oficial de Timor Leste. Mas quando é que estas crianças pobres terão acesso à sua aprendizagem? Escola Portuguesa de Dili, escolas Cafe nos diversos distritos (12). Tudo bem. E as outras ciranças que não têm o privilégio ou a sorte de as frequentar? Quantos Alif(s) não existem neste país?!


29.03.2023, quarta feira - Sem rede, sem comunicações

Acontece em todo o lado, mas aqui com alguma frequência. A internet deixa de funcionar, e então é uma desgraça. Parece que tudo pára, que o marasmo se instala e não se sabe o que fazer. Trabalhos online interrompidos, ligações impossíveis de fazer, músicas que se deixam de ouvir, e mais... e mais... As contingências do noso tempo, das novas tecnologias. 

Resta-nos ao menos podemos escrever e guardar o que escrevemos, o que já é muito bom. É a velha história do copo meio cheio de água. E, se a situação nos afeta individualmente, o que dizer das empresas que negoceiam online, das editoras de jornais, das escolas e universidades que dependem da informática? (...)


 (...) 
31.03.2023, sexta feira  - Contrariedades

O dia de hoje estava destinado para irmos à direção escolar de Liquiçá, e de lá seguirmos para Boebau, ao encontro solicitado pela ESFA. Azar doa azares! De Boebau informam-nos que tem chovido muito e que hoje o céu também está muito carregado. Sabendo do mau estado dos caminhos provocado pelas enchurradas, o Eustáquio achou por bem adiar a viagem. Iremos logo que houver condições. E vamos lá nós então desfazer o saco, à espera de melhores dias.

Sendo assim, vamos só até Liquiçá para serem assinados os papéis solicitados pela direção escolar, e conversarmos com o Dr. Carlos Lopes sobre a assistência à nossa escola.

31.03.2023, sexta feira  - E, de repente...

E, de repente, tudo muda. É assim a vida! O Eustáquio aparece de novo e ordena: “Tiu, prepara tudo para irmos a Boebau”. E lá fomos nós.

Em Liquiçá, houve uma paragem demorada para irmos à direção escolar entregar documentação; para ir a casa da prodessora Teresa carregar uma caixa de material escolar; para comprar três colchões destinados à casa dos professores; e para almoçar.

A seguir vem o caminho do calvário, com precalços e mais precalços, saltos e abanões que nos escangalham o corpo e afligem o olhar. Não fossem as belas paisagens e as gentes destas bandas que se desfazem em sorrisos abertos e nos cumprimentam à nossa passagem e tudo seria ainda mais difícil.

Mas pronto, depois de algumas horas para fazermos alguns quilómetros, eis-nos chegados sãos e salvos. Feitos os cumprimentos habituais e as arrumações, a Adobe preparou um bom petisco para a ceia, e toca a reunir e trabalhar. Foram tratados assuntos pendentes da ESFA e, devido ao cansaço, fomos descansar. Coube à comitiva (eu, o Eustáquio e a Adobe) estrear os colhões que, mesmo no chão, assentaram que nem uma luva. Uma noite plena de sons da natureza, de alguns receios, e de “pára-arranca” no sono. Amanhã há mais...

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos: LG)
__________

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24446: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte I, 19 e 21 de março de 2023


Timor Leste > Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, inaugurada em 2018. Foto de cronologia da página do Facebook da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (com a devida vénia...)


1. O nosso amigo  Rui Chamusco, membro da antiga Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, professor reformado, natural de Malcata, concelho de Sabugal, a viver na Lourinhã,  é cofundador e líder  da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste. 

A ASTIl conseguiu concretizar um dos seus projetos, a construção da Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, Timor Leste. A construção da ESFA foi inteiramente financiada por fundos recolhos pela ASTIL (*). Inaugurada há cinco anos, a organização e o funcionamento da ESFA continuam a ser assegurados pela ASTIL.

Rui Chamusco, presidente da direção da ASTIL, voltou, depois da pandemia, a Timor Leste, em 4 de março de 2023, para poder participar das cerimónias do 5.º aniversário da inauguração da escola e resolver problemas pendentes (Vd. aqui como surgiu o projeto da ESFA).

Do diário do Rui Chamusco, de volta às montanahs de Liquiçá, pela quarta vez,  selecionámos, com a sua devida autorização, alguns excertos que nos  falam não só deste projeto, tão acarinhado pela ASTIL, como do quotidiano de Timor Leste,  terra do sol nascente ("Loro sa'e"), o país lusófono que fica mais longe de todos nós, fisicamente falando, mas não seguramente ao nível do carinho e da amizade dos portugueses.

Em 5 de abril último, mandou-nos o "Pack 3 das Crónicas sobre Timor Leste" (cobrindo o período de 17 de março a 6 de abril de 2023), com a seguinte mensagem:

(...) Estimados sócios e amigos da Astil e do Projeto de Solidariedade em Timor Leste.

É com muita alegria que vos envio o pack 3 das Crónicas que vou escrevendo durante esta 4.ª estadia neste país irmão. Por elas podereis estar a par das minhas (nossas) andanças e afazeres em prol do projeto de solidariedade que todos abraçamos de alma e coração. Solicito a vossa paciência para suportar tantos relatos, que nem sempre estão bem descritos, e aceito todas as vossa correções e reparos.

Que a luz da Páscoa nos faça ver melhor toda a beleza que há no mundo e nos ajude a fazer deste mundo um mundo melhor.

Com estima e consideração por cada um de vós, aqui vai o meu grande abraço, na certeza de que vamos continuar unidos nesta tarefa e projeto de solidariedade.
Todo vosso, Rui Chamusco" (..:)


Lourinhã > Praia da Areia Branca >  2 de dezembro de 2017 > Almoço de um grupo de amigos de Timor Leste, no restaurante Foz: Rui Chamusco, o casal Sobral (Gaspar e Maria da Glória) (os très cofundadores da ASTIL), casal João Crisóstomo e Vilma, e casal Luís Graça e Alice Carneiro e ainda o nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019). 

Na foto, o Rui Chamusco e o Gaspar Sobral. Foi o Eduardo quem apresentou o seu colega e amigo Rui Chamusco ao João Crisóstomo, ativista luso-americano  da causa da independência de Timor Leste.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos) 

Parte I - 17, 19 e 21 de março de 2023


17.03.2023, sexta-feira - Encontros imediatos / Visita surpesa

Instigado pelo amigo Ascenso (muito obrigado amigo pela tua impertinência), eu mais o Eustáquio fomos ao Hotel Timor, na tentativa de podermos encontrar e falar com a Dra. Paula Teixeira e os outros elementos da comitiva do ministério da educação de Portugal. 

(...) De expetativa em expetativa, de olhar em olhar íamos controlando as entradas, até um carro diplomático chegou à porta do hotel, com as ilustres +ersonagens. Rapidamente corri para a porta da entrada e pedi licença para cumprimentar a dra Paula Teixeira, que me reconheceu e me saudou com toda a simpatia que já lhe reconhecemos. 

Conhecedora já do nosso projeto e das dificuldades da Escola São Francisco de Assis em Boebau / Manati, foi esclarecendo os ilustres colegas do que se estava a passar. Mas, para grande surpresa e satisfação minha, outra personagem ilustre se aproximou, a Dra. Manuela Bairos, embaixadora de Portugal em Dili/Timor Leste, e que me identificou como o professor Rui Chamusco de quem já ouvira falar devido ao seu envolvimento no projeto de solidariedade “uma escola nas montanhas de Liquiçá, em Boebau / Manati”. 

Depois de uma saudação calorosa, perguntou-me de imediato:” Então é no Domingo a comemoração do 5º aniversário da Escola?!... Eu também vou...” Fiquei tão contente, que não cabia em mim. “É uma grande honra e uma enorme alegria que a Sra Embaixadora nos dá. Muito obrigado!."... E ficou logo combinada a viagem de Dili para Boebau no dia 19.(...)
 

19.03.2023, domingo - 5.º Aniversário da inauguração da Escola São Francisco de Assis “Paz e Bem” (ESFA)

Chegou finalmente o dia da comemoração do 5.º aniversário da inauguração da ESFA.

Muita ansiedade, alguma preocupação sobre a viagem, grande azáfama em preparar o evento. À hora marcada, frente ao Hotel Timor, em Dili,  lá estamos nós (Eustáquio, Mário Louro, Mariana, Adobe, Monizia e eu) prontos para acolher a chegada da Sra. Embaixadora que, passados alguns minutos se fez presente. 


Depois das saudações, organizou-se o transporte até Liquiçá: Na picup da escola seguiram o motorista Eustáquio, os professores Mário Louro e Mariana Gomes, a Adobe e a Monízia; no carro da embaixada a senhora embaixadora Dra Manuela Bairos (condutora) e eu próprio. 

Em Liquiçá juntou-se à comitiva a prodessora Teresa Costa (coordenadora da Escola Cafe), a professora Cristina Breda, o senhor Dr. Carlos Lopes (diretor da educação distrital) e o senhor João (motorista da escola) que conduziu o terceiro veículo da comitiva.

A partir da escola Cafe de Liquiçá, começa a grande aventura do caminho até
 Boebau. Um percurso com muitos precalços, buracos e e mais buracos, pedras inesperadas, lamas escorregadias, curvas e contracurvas, subidas e descidas arrepiantes, pessoas e animais ocupando as vias já de si estreitas e perigosas. Um autêntico “cabo das tormentas”. Compensavam-nos as paisagens deslumbrantes que se estendiam por montes e vales. Valeu-nos a perícia dos motoristas, com destaque para o senhor João que nos safou de situações embaraçosas.

E por fim, chegamos a , a terra prometida. Uma grande emoção de aqui voltar. Ambiente de festa em frente da escola, com o povo e sobretudo as crianças com os rituais de acolhimento caracteríticos (danças, imposição dos tais, ramos de flores, palmas, beijos e abraços. Muita emoção e algumas lágrimas impossível de conter.

Depois, o ritual muito próprio desta região: oferta de areka, folha de malus e cal para mascar, ou tabaco para inalar. Seguem-se os discursos de boas vindas e os discursos dos convidados. Sobre a mesa, são colocados cocos que o Cesáreo foi colher e prepar e que saborosamente fomos consumindo. Ao som de músicas e canções cantaram-se os “parabéns”, cortou-see distribui-se o bolo. É uma satisfação enorme ver e ouvir estas crianças (e não só) cantar canções portuguesas: o malhão, as modinhas, viva a máusica, etc, etc... Cantam com a alma e o coração.

Depois do almoço, com ementa timorense à qual não faltou uma garrafa de vinho do Porto para o brinde, fzemos a visita à “casa dos professores” , que a Astil de Portugal patrocinou, donde se observam paisagens do outro mundo: montes de Ermera, ribeira de Laoeli, enxtensão do vale até Atabai já junto ao mar. Valeu a pena o esforço dispendido para aqui chegar. Como diz a professora Cristina,  “ isto enche-me a alma”.

De regresso à escola, já todo o mundo dançava. Mas foi sobretudo a dança das crianças que nos cativou e levou a associarmo-nos a elas (menos eu que ando coxo).

Depois foi a hora do adeus. Muita gratidão, muitos beijos e abraços, muitos “beija-
mãos” das crianças, e algumas lágrimas. Eu promenti que dentro em pouco vou voltar, e estarei uns dias com eles. Assim o farei.

E agora outra vez a amargura do caminho. Isto é mesmo para gente valente, que saiba suportar tanto baloiço, alguns arrepios, algum cansaço e outras contrariedades.

Mesmo assim, fomos brindados com a paisagem de uma cascata impressionante, que vertia as suas águas em queda até ao caminho por onde passamos. O restante caminho fez-se bem, até Aipêlo e até Dili.

 Junto ao Hotel Timor de novo, para agradecermos mais uma vez a visita da sra embaixadora Manuela Bairos e louvarmos a sua coragem e simpatia para connosco. 

“ No queremos a un hombre pregonero / Queremos a un hombre / Que se embarre connosotros / Que viva connosotros / Que bebe connosotros el vino en las tabernas. / Los otros no interessan / Los otros no interessan.” 

É de gente assim que nós precisamos. Bem haja,  Dra Manuela. Não iremos esquecer a sua presença e proximidade. Que São Francisco de Assis a proteja.


21.03.2023, terça feira - Estamos sempre a aprender, de surpresa em surpresa.

Ao percorrermos o trajeto de Ailok Laran para Dili, um percurso penível devido ao mau estado dos caminhos que mais parece a “via dolorosa”, o Eustáquio que tudo faz para evitar os saltos e sobressaltos, muda de direção pensando que o outro caminho seria melhor. Eis então quando, o caminho escolhido estava interrompido. “ Por quê não se pode passar?” perguntei eu. “Parece que há morto ou ‘barlak’ (festa de noivado)”. E vai daí, toca a virar à esquerda à procura de outra solução. 

Aqui é assim: interrompe-se a rua, a circulação, não sendo necessária qualquer autorização. E eu a pensar “se isto fosse em Portugal... Ai! Ai!"

Mais à frente, noutro cruzamento, havia um ferro espetado no chão com um pano
branco a servir de bandeira. 

− Que é isto, Eustáquio?

 Foi criança que morreu. Se é gente grande,  coloca pano preto.

Sempre a aprender, até morrer...

[Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG]
___________

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22744: Efemérides (355): Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã, 1952-Torres Vedras, 2019): dois anos de saudade (Rui Chamusco)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Lourinhã, Vimeiro, 1 out 1952- Torres Vedras, 23 nov 2019). Membro da  nossa Tabanca Grande em 31 de agosto de 2011.


HÁ DOIS ANOS

Há dois anos que o amigo, irmão, Eduardo Jorge nos deixou.
Partiu para o lado de lá, sem qualquer despedida, 
sem que ninguém estivesse à espera do que aconteceu. 

Na véspera, sexta feira dia 22, ao almoço, 
tinha me dado a notícia de que iria ser operado 
para remover uma pedra no rim, 
mas que tudo iria correr bem. 

Mal sabia eu que nunca mais estaríamos juntos, neste mundo, 
partilhando momentos de amizade única. 
O Eduardo era para mim um irmão, 
sempre pronto a ajudar-me, a sosorrer-me. 
Era o meu cuidador, 
sobretudo em momentos em que a minha saúde mais precisava.

A sua presença física faz-nos falta,
 ainda que acreditemos de que ele está presente, 
mesmo sem o vermos e lhe tocarmos.

Tudo o que dissermos,
 todas as explicações,
 todas as lembranças que nos possam ocorrer,
 não substituem a falta que ele nos faz.

Por isso, Eduardo, os teus amigos e conhecidos, 
e sobretudo os teus famíliares, te recordam com saudade. 
e prometemos que jamais te iremos esquecer. 


UM GRANDE ABRAÇO de todos nós.
 
Rui Chamusco
membro da antiga Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, 
professor reformado, 
natural de Malcata / Sabugal, a viver na Lourinhã / 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21723: In Memoriam (379): as minhas manas freiras, franciscanas hospitaleiras, Maria Augusta Crisóstomo e Emília de Jesus Bárbara Crisóstomo, que acabam de morrer em Portugal, vítimas de Covid-19, e cujas vidas foram uma grande história de amor a Deus, aos pais e ao próximo (João Crisóstomo, Nova Iorque)



Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > Lar de Paradas > s/d > O João Crisóstomo, na  "última foto com as duas  minhas manas": no Lar das Paradas,  fomos visitar minha irmã mais velha, Maria Rosa (na cadeira de rodas) e apresentar-lhe o seu último bisneto." As manas freiras do João, as irmãs Franciscanas Hospitaleira Maria Augusta Crisóstomo e Emília de Jesus Bárbara Crisóstomo, aparecem em segundo plano.
 
Foto (e legenda): © João Crisóstomo (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Através do nosso comum amigo, Rui Chamusco, tivemos conhecimento do infortúnio que atingiu o João Crisóstomo que, no fim do ano,  perdeu duas das suas irmãs, vítimas de Covid-19, "as duas minhas manas freiras, Maria Augusta  Crisóstomo e Emília de Jesus Bárbara Crisóstomo".

John Crisostomo / João Crisóstomo [ luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes; Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado com a eslovena Vilma desde 2013; tem mais de 125 referências no nosso blogue; acabei de falar com ele, já agendou para o mês de outubro de 2021 a festa da família Crisóstomo & Crispim, já reservada, desde o ano passado, para o convento do Varatojo.


É uma  família  notável, a dos Crisóstomos & Crispins, "especialmente pela sua vertente religiosa", como o João nos explica: "um frade/ irmão franciscano que era meu tio; 6 padres e oito freiras, das quais três eram minhas irmãs  e os outros/as eram todos primos direitos"...

Socorrendo-nos da mensagem que ele entretanto nos mandou, no final do ano:

"As minhas irmãs eram  membros da Ordem das irmãs franciscanas hospitaleiras portuguesas, dedicando as suas vidas a fazer bem a outros, sem nunca esquecerem os seus deveres de filhos e família e de que a caridade começa em casa e de que as obrigações e responsabilidades para com o nosso semelhante começam por aqueles que nos são mais queridos. 

"Lembro que, quando meus pais já velhinhos precisavam de ajuda e os outros filhos, incluindo eu, estávamos longe e sem condições de os poder ajudar pessoalmente, elas foram ter com a Madre Superiora: que queriam dar assistência aos meus pais na nossa casa, onde tinham nascido, propondo-se revezarem-se  uma cada ano. 

"Eu lembro-me bem dos tempos em que   a minha casa  não tinha água, que era preciso ir buscar  ao poço  com uma bilha,  e o poço ficava a  uma certa distância no meio da vinha... dos tempos quando  não havia electricidade… e  as amenidades eram poucas e as dificuldades e privações eram muitas. E elas sabiam bem disso. Mas a minha mãe,   com Alzheimer e meu pai muito velhinhom  precisavam de ajuda.    

"Como resposta foi-lhes dito [, às manas freiras,]  que uma vez que agora  eram membros da ordem não lhes era possível irem tratar dos nossos pais na nossa casa. E elas então com uma coragem que fizeram de minhas manas as minhas heroínas também, responderam que então tinham muita pena mas que iam deixar a ordem para poderem tratar dos meus pais. 

"Perante este amor  para com meus pais e esta inesperada coragem de  consciência,   tudo se resolveu e   foi-lhes concedido o que pretendiam :   a partir daí alternavam-se,    indo  então cada uma delas passar um ano em minha casa, sujeitas às adversidades e privações que há muito não experimentavam nas suas  vidas de convento.  

"Sem deixarem de dedicar as suas vidas aos seus semelhantes,  elas souberam pôr tudo no devido contexto, de que a caridade começa em nossa casa: não podemos  honrar e amar a Deus esquecendo o nosso semelhante; mas não podemos amar o nosso semelhante longínquo, sem amar primeiro aqueles mais próximos de nós, começando pelos nossos pais e irmãos.

"A minha irmã Maria das Dores faleceu já há muitos anos, após uma   longa convalescença que nunca chegou a ser completa,  depois de ter  sido esfaqueada por um lunático, que, recém saído da prisão , assim consta,  havia jurado matar a primeira pessoa que encontrasse ao sair da prisão. O acaso quis que fosse uma freira .. e era a minha irmã. 

"As outras duas, por motivos de idade e de saúde estavam já as duas num convento/lar em Leiria. Na semana passada,  a Covid-19 atacou esse lar e quando telefonei apenas três pessoas não  estavam  contaminadas.  Uma das primeiras vítimas  foi a minha irmã Emília que foi levada para o Hospital de Leiria. A Maria Augusta adoeceu logo depois, mas  ficou no lar. 

"Ontem,  dia 30 de Dezembro, telefonaram-me a dizer que a  minha mana Maria Augusta  tinha falecido de manhã.  E.  ao fim do dia,  recebi outro telefonema  de que a outra minha mana  Emília que estava no hospital tinha acabado de falecer também. As duas no mesmo dia!

"Como último destino aqui nesta terra  vão ser sepultadas no mesmo jazigo de meus pais, em Póvoa de Penafirme, Torres Vedras.   É justo e próprio que o amor que para eles tiveram  continue bem lembrado  aqui, ficando juntos depois da morte; e  com eles  lá e cá restem agora juntos também. 

"No dia primeiro de Janeiro as suas almas serão lembradas ao Senhor numa missa às 10.30 na  Igreja de St. Cyril, uma Igreja eslovena em  Nova Iorque, no número  62 da  St. Marks Place. Pelas conhecidas razões esta missa  não terá assistência,  e será levada a efeito via Zoom.
  
"E no dia 10 de Janeiro as minhas manas serão lembradas numa missa às 12.00 na Igreja franciscana de Varatojo, Torres Vedras.

"Convido todos os que queiram associarem-se em espírito a estes acontecimentos. Para mim, além do pedido de generosa misericórdia ao Senhor, esta é também uma missa de Accão de Graças ao Senhor pelas manas que me Ele deu.

"João Crisóstomo, Nova Iorque"
 _________

Nota do editor:

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21686: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (27): Rui Chamusco, cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste





1. Mensagem de nosso amigo Rui Chamusco, membro da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, professor reformado, natural de Malcata / Sabugal, a viver na Lourinhã, cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste.

 
Date: segunda, 21/12/2020 à(s) 16:26
Subject: Notícias de Timor Leste
 


ASTIL - Projeto de Solidariedade em Timor Leste

 


Estimados Amigos, Sócios, Padrinhos e Madrinhas

 

Nesta época natalícia, e apesar de todos os condicionamentos, não podia deixar de enviar-vos esta mensagem que, à semelhança de anos anteriores, vos quer desejar Boas Festas de Natal e de Ano Novo, assim como dar-vos algumas notícias referentes ao nosso Projeto de Solidariedade em Timor Leste.

 

Embora fisicamente ausentes deste país do sol nascente (lorosae), as notícias que constantemente nos chegam, graças aos novos meios de comunicação (whatsApp, facebook, instagram, telemóvel...) têm-nos mantido a par das atividades que lá se vêm desenvolvendo, das quais pretendo destacar:

 

(i) O final do ano escolar na Escola São Francisco de Assis "Paz e Bem", em Boebau / Manati. 


Este ano frequentaram a escola três grupos: Grupo A e grupo B do pré escolar; grupo C 1ºano do ensino primário. Como todos sabem, as dificuldades têm sido enormes, devido à falta de professores credenciados. Graças ao esforço extraordinário de algumas pessoas, das quais o João Moniz (Eustáquio) se evidencia, o trabalho da nossa escola tem sido reconhecido pela Direção Escolar de Liquiçá.


Da nossa parte, em Portugal, tudo temos feito para que se resolva quanto antes este problema da colocação de professores. Umas vezes esperançados, outras vezes enganados, mas não desistimos de bater a todas as portas. Pode ser que alguma se abra, até porque é Natal...

 

(ii) Uma notícia que muito nos agrada: este ano haverá (creio que pela primeira vez na história) Missa da Meia Noite de Natal na Escola São Francisco de Assis. E também haverá no dia de Natal. 


As crianças e adultos já vibram com o acontecimento, e preparam com entusiasmo estas celebrações. Quanto eu não daria para lá estar também...


A casa residência dos professores vai ser a hospedaria do amo (padre) que irá presidir a estas celebrações.

 

(iii) Com o final do ano escolar em Timor Leste, é a altura certa dos padrinhos e madrinhas serem informados do aproveitamento escolar dos seus afilhados, Por isso lhes peço que exijam o envio dos resultados que estão registados na caderneta escolar do aluno. Hoje em dia quase todos têm família ou amigos com telemóvel que podem fazer esse envio.

 

Sei que estes tempos são difíceis para todos, mas o espírito natalício que felizmente nos invade vai ajudar-nos com certeza a ultrapassar estas provações. Melhores dias virão...

 

Pedindo as benção do Deus Menino para todos vós e as vossas famílias, e sempre ao vosso dispor

 

rui chamusco


_______________


Nota do editor:


Último poste da série > 24 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21685: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (26): O Natal, a família e os amigos (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21571: In Memoriam (373): Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte I (Rui Chamusco e João Crisóstomo)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Lourinhã, Vimeiro,  1 out 1952- Torres Vedras, 23 nov 2019). Ingressou na nossa Tabanca Grande em 31 de agosto de 2011 (*). 

Tem cerca de 60 referências no nosso blogue.  Hoje, às 11h30,  é-lhe prestado uma pequena homenagem no cemitério do Vimeiro onde respousam os seus restos mortais. 

Um número muito restrito de amigos,colegas e camaradas juntam-se à São (esposa) e ao João (filho, que vive em  Lisboa,o outro,o Rui, está em Inglaterra), para juntos fazermos-lhe a pequena homenagem que esteve prevista para o 12 dia de Outubro, 2ª feira, no grande convívio anual, tradicionalmente organizado por ele (até 2019), por ocasião da Festa de Ribamar, e que este ano não se realizou por causa da pandemia de Covid-19. (**)



Lourinhã > Praia do Areal Sul > 19 de novembro de 2020 >Pôr do sol. 

Foto de L.G. (2020)


In Memoriam >  Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte I (Rui Chamusco e João Crisóstomo) (***)



Rui Chamusco, natural da Malcata, Sabugal, professor de música, reformado,
 Escola C + S de Ribamar, e amimador do projeto de solidariedade 
"Uma Escola por Timor"


(i) Rui Chamusco (Sabugal e Lourinhã) > Eduardo, o professor, o colega, o amigo, o irmão que toda a gente quer (queria) ter. 

Foi em finais de Julho de 1995 que tive a ocasião de encontrar pela primeira vez o Eduardo. Ele como presidente do conselho diretivo da Escola C+S de Ribamar, e eu como professor de Educação Musical colocado em concurso nacional nesta escola. As primeiras impressões não foram das melhores, uma vez que o informei logo do meu pedido de destacamento ao serviço do município do Sabugal de onde provinha.

A reação do Eduardo, que posteriormente veio a revelar a mim e a muitos outros amigos, foi de pensar para consigo: “ oxalá que lhe dêm o destacamento. Caso contrário será mais um grande ausente, com muitas faltas, uma vez que vem de tão longe (mais de trezentos quilómetros)”.

E porque Deus escreve direito por linhas tortas, o destacamento não me foi concedido, pelo que tive de arrumar a minha trouxa e vir lecionar para a C+S de Ribamar. Entretanto, tive a promessa de que poderia contar com o destacamento para o próximo ano letivo 1996/1997.

Só que durante este ano já começado criou-se tal empatia com os alunos, colegas, pessoal administrativo e auxiliar, e sobretudo com o professor Edurdo Jorge, que no final do ano letivo decidi continuar nesta escola até que um dia decidisse outra coisa. De ano em ano, assim se passaram quinze anos, até ao momento da minha aposentação.

Recordo com muita saudade o nosso envolvimento em tantos projetos educativos: Recordo com saudade as pontes e os laços que criamos e promovemos entra as gentes da serra (Malcata) e do mar(Ribamar). Recordo as caminhadas por ele organizadas no oeste e nas beiras. Recordo as muitas amizades, comuns, que nos mantinham em constante contato e atividade. Mas, recordo e agradeço sobretudo toda a atenção e solicitude que ele me dedicava, particularmente durante a última década, uma vez que a minha ausência da minha residência oficial na Lourinhã era muito comum, nomeadamente durante as minhas três estadias em Timor Leste. Não esqueço de que foi ele que me deu a conhecer os grandes amigos e irmãos João e Vilma Crisóstomo. 

Agora mesmo estou banhado em lágrimas, porque o Eduardo foi, particularmente durante o últimno mês da sua vida, o meu amparo e protção, cuidando de mim como se fosse o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs, durante todo tempo que estive internado no hospital de Torres Vedras. Afinal, eu que estava doente e foi ele que morreu. Ainda hoje pergunto a Deus, autor da vida, porquê foi assim. Os desígnios de Deus são insondáveis...

Continuo a contar com a presença espiritual do Eduardo, falando com ele sem o ver nem ouvir, mas sei que ele me vê ouve, e por isso nunca o esquecerei, até ao dia em que nos encontremos de novo, num estado diferente mas real e verdadeiro.

Amigos assim SEMPRE!...


Ter um amigo é bom
Vê-lo partir faz sofrer 

Encontrei no meu caminho
Um rosto que me sorriu
E passei a ter saudades
Quando esse bem me fugiu... 

Fiquei olhando as estrelas
Cada noite à luz do luar
Confiei-lhe a minha dor
E aprendi a esperar...

O meu amigo voltou
Abri-lhe as minhas janelas
Quando procurei sorrir
Só encontrei as estrelas... 

Voltou a mim a saudade
Foi-se embora o meu amigo
Mas eu fiquei a ter asas
Só por o ter conhecido...



Nota: Esta canção era para ter sido tocada e cantada por mim no dia do seu funeral. Mas a emoção não mo permitiu, pelo que aqui vos deixo o poema.  

Nota do editor LG: Em 3 de outubro passado o Rui Chamusco mandou-nos o  texto  reproduzido acima, com a seguinte mensagem, por email:

(...) Caro amigo Luís Graça:

Espero que tudo esteja bem convosco.

Como bem compreenderás, não podia ficar indiferente ao teu repto de dar testemunho sobre o nosso amigo Eduardo. Pus-me a escrever e ao corrente do pensamento saiu este pequeno artigo que te envio. As memórias e recordações concernantes à nossa cumplicidade e amizade são imensas, incapaz de as descrever em livro ou artigo. Por isso a insignificância do que acabo de escrever.

Penso que, embora a homenagem do dia 12 do corrente mês não possa ter lugar, devemos pensar em algo para o dia 23 de Novembro, passado um ano da sua partida. Espero indicações tuas. (...)




João Crisóstomo, ativista social, e a esposa Vilma Kracum 
(Queens, Nova Iorque)


(ii) João Crisóstomo e Vilma Kracun (Nova Iorque) > Lembrando o Eduardo a 23 de Novembro
Caro Luís Graca e demais camaradas “Eduardianos”,

Não posso estar pessoalmente no Vimeiro. amanhã, mas como todos aqueles em semelhantes condições, alguns dos quais até já expressaram neste blogue a dor pela perca e a sua saudade do nosso Eduardo. Estarei lá bem presente também em espírito e saudade.

Numa tentativa de mitigar esta minha frustração de não me poder aí deslocar, peguei no telefone: Não consegui falar com os filhos (,não sei se tenho o número certo do João em Lisboa, mas não consegui ligação; e quanto ao Rui na Inglaterra, na falta de resposta, tive de deixar mensagem na máquina; saberá pelo menos que eu, e outros com certeza, voaremos amanhã a Inglaterra para lhe dar o nosso abraço de amizade); mas consegui falar com a São, na sua casa no Sobreiro Curvo, Torres Vedras onde estive várias vezes (, além de grandes amigos somos vizinhos, da mesma freguesia de A-dos-Cunhados, a uns escassos minutos um do outro.) 

Não preciso entrar em detalhes, salvo que me senti assim muito mais perto dela por ter podido ouvir do outro lado da linha a sua própria voz. E falei também com o Rui Chamusco, grande e especial amigo de Eduardo, com quem falo quase todos os dias. 

Foi o Eduardo que um dia na praia de Santa Rita , no restaurante ‘Grão de Areia” nos apresentou,"para que pudéssemos partilhar idéias", uma vez que ambos estávamos envolvidos em Timor Leste. Hoje a conversa foi ainda mais vivida do que normalmente, pois ao fim de uns minutos falávamos do Eduardo.

E quando o Rui me disse "Olha, João, dentro de minutos vai fazer exactamente um ano que nos reunimos para almoçar ; mal sabiamos nós que era o nosso almoço de despedida e que não nos tornaríamos a ver" , eu não pude deixar de ver a sua emoção que, contagiante, eu experimentei também.

Creio que não preciso dizer mais.

Amanhã vou estar com todos vocês.

João (e Vilma) Crisóstomo, Nova Iorque, 22 de novembro de 2020

PS - Já com este E mail acabado, quando me preparava para o enviar, o telefone tocou: Era o Rui, respondendo da Inglaterra à chamada/mensagem que lhe deixei há uma hora atrás. E com esta chamada veio de novo a emoção: eu estava a falar com o filho do Eduardo, que "parecia nem saber o que dizer”, comovido e grato pelo homenagem de todos nós ao seu pai, não só pelo que vai ter lugar amanhã no Vimeiro mas pela enchurrada de mensagens e sentimentos de todos nós e de que tem estado a tomar conhecimento.

A ele e ao seu irmão gémeo, João, assim como à São o meu/nosso muito especial abraço.
João e Vilma
___________

Notas do editor:



(...) Estive [, na Guiné, em Bissalanca,] na BA12 de 20 de janeiro de 1973 (, triste data, a do assassínio de Amilcar Cabral, ) a 2 de setembro de 1974, colocado na EDT (Esquadra de Defesa Terrestre) como Alferes miliciano da Polícia Aérea, onde era conhecido por Ferreira.

Quero aqui enviar um abraço especial ao (então Tenente PilAv) [Miguel]Pessoa, um dos primeiros senão o primeiro piloto a ser atingido por um míssil Strela e que felizmente conseguiu ejectar-se e ser resgatado pelos paraquedistas. Constato com satisfação que está de boa saúde e tem responsabilidades no blogue e fiquei agora a saber também que casou com a Enf Pára-quedista Giselda a quem saúdo igualmente. Pela foto actual e tanto quanto me lembro das suas feições, passados estes 38 anos, não mudou muito, está com óptimo aspecto, o que é de saudar.

Depois de vir da Guiné, e como era voluntário na Força Aérea por 6 anos,  passei pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS (Gabinete de Imprensa) e pelo Estado Maior General das Forças Armadas (1ª Divisão) donde passei à disponibilidade em junho de 1977.

Entretanto tirei o curso de Instrutores de Educação Física e, mais tarde, a licenciatura em Administração Escolar, realizando o percurso normal de professor até uma determinada altura,  a que se seguiram 15 anos de ligação à gestão escolar, dos quais 12 como presidente. Voltei a ser unicamente professor nestes últimos 9 anos lectivos acabando a minha carreira profissional em Abril último. (...)

(**) Vd, postes de


25 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20380: In Memoriam (355): Um alfabravo (ABraço), Eduardo, até qualquer dia!

(***) Último poste da série > 22 de outubro de  2020 > Guiné 61/74 - P21474: In Memoriam (372): Soldado At Art João Fernandes Caridade (1946-1969), falecido em acidente de viação no dia 4 de Maio de 1969, em Buruntuma (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20804: Ser solidário (230): Viva a Escola São Francisco de Assis "Paz e Bem", em Boibau, Manati, Liquiçá, Timor Leste (Rui Chamusco)

Rui Chamusco,
Lourinhã, 2016
1. Mensagem do nosso amigo  Rui Chamusco, membro da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, professor reformado, natural de Malcata / Sabugal, a viver na Lourinhã,  cofundador e líder  da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste.


Date: quinta, 2/04/2020 à(s) 11:38

Subject: Astil Timor Leste



ASTIL (Associação de Amigos Solidários com Timor Leste)

Estimados Sócios e amigos

Hoje seria para mim e para a Glória Sobral (esposa do Gaspar) um dia especial, caso se pudesse concretizar o nosso plano, porque estava marcado a nossa viagem para Timor Leste a fim de podermos ajudar e impulsionar alguns dos nossos projetos de solidariedade em curso.

Quis Deus que assim não fosse, devido às circunstâncias que nos abrangem a todos e que tanto nos preocupem. Esperamos, com ansiedade, que estas limitações passem depressa, a fim de darmos cumprimento à nossa missão solidária.

Quero, no entanto, informar-vos de que as nossas diligências continuam, através das redes sociais. Junto do ministério da educação de Portugal temos procurado, com insistência, o apoio necessário para o destacamento de um(a) educador(a) e de um(a) professor(a) para a Escola São Francisco de Assis "Paz e Bem", em Boibau, Manati, Liquiçá, Timor Leste e aguardamos, com esperança, que nos seja dada uma resposta positiva.

A "casa do professor" está quase concluída, faltando aplicar as loiças sanitárias e equipar os quartos (3) e a cozinha (fogão, frigorífico, loiças diversas).

A campanha "pik up", veículo ao serviço da Escola São Francisco de Assis, está em curso e, logo que possa contactarei alguns amigos que, de certeza, nos irão ajudar.

O programa de apadrinhamento de crianças necessitadas continua nos moldes já conhecidos, dando cada padrinho o apoio possível ao seu afilhado. Continuamos a insistir que o objetivo principal deste programa é o estabelecimento de relações, de modo a ajudar indiretamente cada criança/jovem na aprendizagem e desenvolvimento da língua portuguesa, a segunda língua oficial de Timor Leste. Peço desculpa a todas as madrinhas e padrinhos da falta de resposta dos afilhados aos seus esforços de comunicação, e prometo-lhes que, quando eu regressar, farei tudo o que puder para que haja uma resposta adequada dos apadrinhados.

Como muitos de vós.  estou em casa, respeitando e acatando as ordens emanadas da DGSaúde  e dos nossos governantes. Não sabendo até quando teremos de viver nestas condições, prometo-vos que logo que me seja possível e aconselhado, regressarei a Timor Leste, terra dos nossos sonhos e projetos, em cumprimento dos programas do nosso projeto de solidariedade. As crianças e os jovens que apoiamos chamam por nós. O seu sorriso de agradecimento cativam-nos. Com eles e com todos vós no coração, aqui vos deixo o meu abraço amigo

Que Deus tenha compaixão de nós e permita que nos voltemos a encontrar, o mais breve possível.

Rui Chamusco, prof
_____________

Nota do editor: