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terça-feira, 21 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11603: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (52): Respostas (nºs 113/114/115): José Augusto Ribeiro, ex-Fur Mil da CART 566; Manuel Dias Pinheiro Gomes, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM e Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208

1. Respostas ao inquérito do nosso camarada José Augusto Ribeiro, ex-Fur Mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal,  Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965):


(1) Quando é que descobriste o blogue?

R - Descobri o Blogue no dia 26 de Dezembro de 2012.

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)?

R - Através de pesquisas no Google, quando procurava temas relacionados com a guerra colonial na Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?

R - Sou membro da nossa Tabanca Grande desde 5 de Janeiro de 2013 com o número 597.

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)?

R - Vejo o Blogue quase diariamente, à noite, quando estou à espera do sono.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?

R - Já mandei material para o Blogue. Fotografias do Sal (Cabo Verde), Bissau, Bissorã e Olossato. Enviei também alguns textos e um filme sobre a CArt 566 realizado pelo Comandante da Companhia.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?

R - Conheço bem a nossa página do Facebook, Tabanca Grande, Luís Graça. Tenho como endereço: https://www.facebook.com/jose.mirandaribeiro.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?

R - Ultimamente tenho ido menos vezes consultar o Blogue, do que o Facebook por este, ser novidade para mim.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?

R - Gosto mais do Blogue, porque nos dá mais informações sobre a Guerra Colonial na Guiné, fala dos nossos camaradas conhecidos e desconhecidos, que agora, muitos já passaram a ser do meu conhecimento.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?

R - Nestes quatro meses, não encontrei nada, que mereça a classificação “de não gostar”. De um modo geral, tudo me tem agradado. Se encontrar alguma vez, algo que não concorde, saberei fazer a minha crítica construtiva.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

R - Tenho tido algumas dificuldades, em aceder ao Blogue, mas a pouco e pouco vou aprendendo a procurar os assuntos, que mais me têm cativado. O meu maior problema é escrever nos espaços apropriados. Vou tentar vencer esta dificuldade, porque eu sou “um jovem” interessado em aprender e as minhas netas dão-me lições de Informática, em troca das explicações de Matemática que habitualmente lhes dou.

Em relação à lentidão no acesso ao Blogue e ao Facebook, a que se refere o Inquérito, informo que,  para mim, não tem havido qualquer lentidão.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

R - Como encontrei o Blogue, há relativamente pouco tempo, o que ele representa para mim é o que ele representou no início. O Blogue e a nossa página no Facebook representa para mim o reviver de tempos passados, que nunca mais esquecerei. É a falar nos episódios difíceis, onde eu fui protagonista, e que me marcaram psicologicamente, que encontro a “cura” para o meu stress de guerra.

Creio que foi uma ótima ideia a sua criação e oxalá continue, cada vez com mais entusiasmo e que os camaradas mais novos, não o deixem morrer, pois que muitos temas, aqui abordados, poderão mais tarde contribuir para a história da Guerra Colonial, em especial no que se relaciona com os militares que nela participaram. 

Nas invasões francesas, por exemplo, só se fala em generais, Junot, Massena, Ney, Loison (o Maneta), Claussel, Solignae, etc. e do lado das tropas portuguesas fala-se excecionalmente no Furriel Vitorino de Barros Carvalhais, que comandou um grupo de 15 académicos (milicianos), que com a ajuda de muitos populares impediram as tropas francesas de entrarem na cidade de Coimbra. 

Quem defende a sua Pátria, a sua terra, a sua família tem mais força, mais coragem do que quem ataca. Da nossa Guerra Colonial poderá falar-se, um dia, nos valentes soldados de qualquer secção de 9 homens, muitas vezes com poucas munições, que tiveram de se defender de grupos inimigos, com mais de 200 elementos. 

Na minha opinião, nós na Guiné defendiamo-nos, a nós próprios e aos nossos companheiros. Um dia, num domingo de manhã, depois de ter chovido abundantemente toda a noite, recebi ordens para ir com a minha Secção realizar uma patrulha de reconhecimento nos arredores do Olossato. Na minha Secção tinha três elementos voluntários africanos, um mandiga, outro balanta e o terceiro era manjaco, cujos nomes já passaram ao esquecimento. O mandinga, era quase o meu braço direito, ia sempre perto de mim e fazia-me observar muitas anormalidades. Naquele dia, repentinamente mandou parar todos, e disse-me que queria ir sozinho à frente para observar. 
Falou numa linguagem clara que era quase a Língua Portuguesa, Eu concordei e ficámos todos parados em alerta. O mandinga volta para trás e disse: - Vêem aqui estes passos, de pés descalços a saírem do capim? Foi alguém (deles) que veio ver se a armadilha, que aqui terá colocado, já rebentou, porque depois voltou para trás. Disse isto, mostrando-nos as pegadas em sentido contrário. 

Com as facas do mato preparámos umas varas compridas cortadas de uma árvore que parecia um salgueiro. Com as varas esgravatámos aquele chão ainda encharcado da chuva da noite anterior. Finalmente encontrámos, a poucos metros, uma mina antipessoal que tinha o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos. Qualquer um de nós poderia ter ficado sem uma perna, como já acontecera antes. Nenhum era especialista em minas e armadilhas, por isso, levámos aquela mina com todo o cuidado, na palma da mão até ao quartel. 

Cerca de 100 metros, antes de entrarmos pela porta do lado de Bissorã, vimos um papel pregado numa árvore, que dizia: “Salazaristas filhos da puta, ide-vos embora. Esta terra é nossa”. 
Estas palavras deram-me muito que pensar. Só vi este problema a ser resolvido, ao chegarmos ao 25 de Abril. 
  
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?

R - Nunca participei em qualquer encontro da Tabanca Grande.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?

R - Já estou inscrito para o próximo Encontro Nacional que se irá realizar em Monte Real, no dia 8 de Junho.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

R - Sou otimista e por isso acho que este Blogue ainda terá fôlego, força anímica e garra para continuar por mais alguns anos, mas é preciso que todos vão contribuindo, e fazendo pequenas intervenções, que possam motivar alguns dos nossos camaradas, que já se “sentem velhos” para relembrar o passado.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

R - Não tenho críticas a fazer, por enquanto, mas, como já disse anteriormente, se as fizer algum dia, serão críticas construtivas.

Como comentário quero confessar que me sinto triste de ser o único “tabanqueiro” da CArt 566. 
Já fiz, sem sucesso, vários apelos aos “Bravos e Sempre Leais”, meus camaradas de Companhia, muitos deles que comparecem todos os anos na Serra do Pilar, onde temos uma cerimónia religiosa e na Parada daquele Quartel uma cerimónia militar, onde o nosso Ex-Comandante, a quem se deve todo o êxito da Companhia, coloca uma coroa de flores, com guarda de honra e ao toque de clarins, junto ao painel de pedra que contém o nome de todos os camaradas, daquela unidade, mortos em combate. O dia termina com um longo almoço, no Restaurante Boucinha, em Avintes, que é do nosso camarada Madureira. Ali o General Albuquerque Nogueira, que continua a ser a alma da CArt 566, recorda-nos, nos seus discursos “o esforço daqueles jovens na flor da idade, que deixaram a família, as namoradas e os amigos, para cumprirem o dever…”

José Augusto Miranda Ribeiro

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2. Respostas ao questionário do nosso camarada Manuel Dias Pinheiro Gomes (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM / Agrupamento de Transmissões da Guiné, Catió e Bissau, 1970/72): 

1 - Em 23-12-2011. 

2 - Através do camarada Hélder de Sousa.

3 - [Sou membro da Tabanca Grande,] desde Agosto 2012. 

4 - [Visito o blogue] todos os dias.

5 - Pouco mas já mandei.

6 - Sim, conheço.

7 - Mais ao blogue.

8 - O passado que eu não conhecia.

9 - Gosto de tudo. 

10 - Não nunca tive ] dificuldades de acesso ao blogue].

11 - Representa as memorias dos tempos que passei na Guiné.

12 - Ainda não.

13 - Sim,  estou com ideias de estar presente [no VIIi Encontro Nacional, em Monte Real, dia 8 de junho].

14 - Penso que sim, ainda tem muito caminho para andar.

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3. Respostas ao questionário do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, MansabáMansoa e Bissau, 1970/72):

(1) Quando é que descobriste o blogue? 

R - Em 2010.

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

R - Através do nosso camarada Manuel Traquina, no exercício da minha atividade profissional.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando? 

R - Sim, desde 2011.05.21.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

R - 1 a 2 vezes por semana.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 

R - Tenho mandado, condicionado à disponibilidade temporal e às ocorrências. Penso continuar. 

 (6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

R - Não.

 (7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 

R - Ao Blogue. 

 (8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

 R - As verdades.

 (9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

R - As inverdades.

 (10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

R - Não. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

R - O despertar de emoções só compreendidas por quem as viveu. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

R - Sim. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 

R - Sim.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 

R - Com certeza que sim, até que haja um ex-combatente da Guiné “de pé”.
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Nota do editor:

Último poste da série de 20 de Maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11601: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (51): Respostas (nºs 111/112): Carlos Sousa (CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha, 1968/69); e António Barbosa (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74)

domingo, 14 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11390: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (6): Resposta nº 13: Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70); Resposta nº 14: Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 12 de Abril de 2013 com a resposta ao questionário sobre o nosso Blogue:

Rewsposta nº 13

(1) Quando é que descobriste o blogue ?  
 - Em Outubro de 2009.

(2) Como e através de quem ?
  

- Através de uma entrevista, na Antena 1, ao Beja Santos.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?  

 - Desde que descobri o blogue em Outubro de 2009.

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ?
  

- Sempre que ligo o PC. Uma ou duas vezes por dia.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
  
- Já mandei quase tudo que tinha para mandar. Em meu nome há 107 referências.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)
  

- Não gosto do Facebook.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
  

- Portanto, só ao blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - No blogue, no geral gosto de tudo, excepto…

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - O que gosto menos no blogue é de textos que nada têm a ver com a Guiné, como por exemplo os parabéns de aniversário.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
  

- Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
  

- O blogue teve, tem e terá uma importância extrema nesta fase da minha vida. Andei 40 anos esquecido da Guiné, mas depois vim a rever camaradas, que duma maneira ou outra, me proporcionaram momentos inesquecíveis. Foi o blogue que me levou a conviver nos almoços das quartas-feiras na Tabanca Pequena, em Matosinhos. Foi o blogue e esses camaradas que fizeram com que tivesse ido à Guiné. Foi o blogue e a ida à Guiné que me proporcionou rever locais e pessoas que não via à 40 anos, situações que me levaram às lágrimas. Foi o blogue e a ida à Guiné que fez com que acabasse por publicar o NA KONTRA KA KONTRA, o livro da minha vida.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?
  

- Já participei em dois.

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real ?
  

- Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
  

- Claro que o blogue ainda tem muita força anímica. (o regulamento do blogue não exclui a política?)

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
 

- Pelo que disse no ponto 11 tenho muito a agradecer ao blogue, nas pessoas do Luís e do Carlos que me aturou ao longo da publicação dos meus textos.

40 anos as separam
Fotos: © Fernando Gouveia. Todos os direitos reservados

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2. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 14 de Abril de 2013 com as suas respostas ao nosso questionário:

Resposta nº 14

(1) Quando é que descobriste o blogue?
- Não tenho presente a data, mas julgo que em meados de 2009.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
- Através do Germano Santos, camarada que esteve também na Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
Desde a data em que tomei conhecimento deste espaço e das condições necessárias.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

 - Diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
- Já mandei. Não vejo interesse ou necessidade de enviar mais a não ser em casos pontuais.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

- Conheço.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 

- Não.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

- Do Blogue gosto essencialmente da sua existência. Estão de parabéns o autor e os seus colaboradores permanentes. O Facebook não utilizo regularmente.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

- As vaidades individuais e as picardias fora de tom, desnecessárias quando não estão em consonância de opiniões e praticadas por pessoas que dizem respeitarem-se.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

- Se essas dificuldades existem não tenho dado por elas, a não ser quando a velocidade da minha Internet é fraca.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

- Serviu para me reencontrar, suavizar o espírito, lembrar-me a mim e aos outros que não valeu a pena o esforço da guerra, que nunca vale. Serviu e serve para conhecer outros que, como eu, por lá andaram e com quem tenho o prazer de ir partilhando alguns momentos do resto da vida, minha e deles.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

- Já.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 

- É ainda cedo para poder decidir.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

- Se continuar a procurar manter o espírito para que foi criado julgo que sim, caso contrário passa a ser apenas e só mais um Blogue.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer;
- Já dei a minha opinião, nada justifica repetir…
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Nota do editor:

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11388: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (5): Respostas de Gumerzindo Silva (Alemanha), Veríssimo Ferreira, Gilda Brandão

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11072: Memória dos lugares (211): Bafatá, Natal de 1970, a minha primeira bebedeira (Campelo de Sousa)

Bafatá, Natal de 1970


1. Mensagem do nosso camarada Campelo de Sousa*, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista (STM), Bafatá e Nova Lamego, 1970/72, com data de 5 de Fevereiro de 2013:

Como prometido cá vai a minha primeira foto que,  como podeis verificar,  vai autenticada com o meu selo pessoal que desde já autoriza a sua publicação, cópia e reprodução.

Como podeis ver, esta foto foi tirada na noite de Natal de 1970 no Posto de Rádio em Bafatá. Este pessoal não era todo radiotelegrafista, estavam aqui também operadores de mensagens e operadores cripto que estavam de folga a beber uns valentes copos,  como se pode ver!

E vou contar já um segredo que fica aqui só para nós!!!!

Foi nesta noite de Natal que eu apanhei a minha primeira bebedeira! Ainda hoje falo nisso ao meu filho e à minha mulher. Andei três dias doente.

Só os operadores que estavam de serviço nessa noite se livraram de apanhar tão grande bebedeira.

Outras fotos seguirão.

Cumprimentos,
Campelo de Sousa
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11051: Tabanca Grande (384): Manuel Isidro Campelo de Sousa, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista dos STM (Bafatá e Nova Lamego, 1970/72)

Vd. último poste da série de 6 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11065: Memória dos lugares (210): Também estive na ponte Caium, dois meses, antes de acabar a minha comissão em Camajabá (Abel Santos, ex-sold at, CART 1742, Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11051: Tabanca Grande (384): Manuel Isidro Campelo de Sousa, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista dos STM (Bafatá e Nova Lamego, 1970/72)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Manuel Isidro Campelo de Sousa*, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista (STM), Bafatá e Nova Lamego, 1970/72, com data de 30 de Janeiro de 2013:

Com os melhores cumprimentos,
Em anexo segue a minha identificação com as duas fotos pedidas; para que possa fazer parte desta grandiosa obra editada por vós, e que jamais possa cair no esquecimento das gerações futuras !!!

Para todo o elenco editor do blog um abraço;
Campelo de Sousa


A minha apresentação:
Nome: Manuel Isidro Campelo de Sousa
Posto: 1º Cabo Radiotelegrafista
Arma: Transmissões.
Quartel Regimento de Transmissões - Arca D'Água – Porto. 
Início de comissão na Guiné (desembarque em Bissau): 24-09-1970
Localidades onde prestei serviço: (STM) Posto de Rádio em Bafatá e Posto de Rádio em Nova Lamego (Gabu).
Fim da Comissão e regresso à metrópole: 14-10-1972

O meu Blog:



2. A minha ida para a Guiné


Foi na manhã do dia 18 de SETEMBRO do ANO de 1970 que eu embarquei em Lisboa no cais de Alcântara a caminho da GUERRA na Guiné, a bordo do navio ANA MAFALDA.

Na hora do embarque, os oficiais foram distribuídos pelos beliches dos "camarotes", o SOLDADO, como de costume nestas e noutras situações, foi mandado para o porão, amontoados como sardinhas em lata, onde não se conseguia respirar e estavam montados uns beliches de ferro com umas enxergas em cima, e onde casa de banho não havia.

Foi uma bela viagem, como devem calcular, com os baldes dos dejectos do porão a serem despejados borda fora de manhã e ao fim da tarde.

Eu, pessoalmente também enjoei e de que maneira. Recordo-me que, mais ou menos dois ou três dias depois de termos partido de Lisboa já em alto mar, durante a madrugada uns jogavam a vermelhinha, outros escreviam cartas à família, outros enjoados vomitavam, e, um ou outro estaria a dormir, quando as sirenes do barco começaram a roncar, porque havia incêndio no compartimento das máquinas que faziam mover o barco.

Toca a levantar a toda a pressa, não houve tempo para calçar nem vestir, agarrar os coletes salva vidas para a eventualidade de termos de nos atirar ao mar, e fomos evacuados a toda a pressa para a proa do navio, pois havia fumo por todos os lados. Era noite escura, só se conseguia ver estrelas no céu e ouvia-se a água a bater no casco do barco!

Foi um daqueles sustos que mesmo aos 22 anos de idade deixam marcas para o resto da vida.
Ainda hoje não gosto de andar de barco! Estivemos quase a noite inteira parados em alto mar até ser reparada a máquina que tinha ficado danificada com o incêndio, depois lá continuamos a viagem até à Guiné, chegando e atracando em Bissau na manhã do dia 24 de Setembro de 1970.


3. Comentário de CV:

Caro camarada Campelo de Sousa, és mais um ex-militar das Transmissões a juntar-se ao já numeroso grupo de camaradas desta Arma que fazem parte da nossa tertúlia.

Já fui espreitar o teu Blogue, muito bem apresentado, dedicado essencialmente à tua terra e à região do Douro, mais propriamente da margem esquerda deste rio, já pertencente ao Distrito de Viseu. Acho que estou certo.

Encontrei também no teu blogue duas alusões à tua vida militar, de onde retirei a tua ida para a Guiné no navio Ana Mafalda, que também me levou a mim e a tantos e tantos camaradas desta tertúlia.

Das muitas obrigações que assumimos quando ingressamos nesta tertúlia, contribuir com algumas histórias e fotos do nosso tempo de ex-combatentes são das principais. Podemos também colaborar comentando, chamando a atenção para algo menos verdadeiro, não porque alguém tenha mentido deliberadamente mas porque foi traído pela memória, ajudando portanto a elaborar esta memória futura, mesmo com as imperfeições próprias das histórias contadas na primeira pessoa. Isto tudo para te dizer que ficamos à espera das tuas memórias escritas e em fotografias. Andaste por Bafatá e Nova Lamego, terás muito para contar, dizemos nós.

Acabo deixando em nome dos editores e da tertúlia, um abraço de boas-vindas.
Ficamos por aqui ao teu dispor para qualquer dúvida que tenhas.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 28 DE MAIO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8342: O Nosso Livro de Visitas (112): Campelo de Sousa, ex-radiotelegrafista de rendição individual (Bafatá, 1970; Nova Lamego, 1971/72), relembrando a sua passagem por Bambadinca

Vd. último poste da série de 24 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10995: Tabanca Grande (383): José António Gomes de Sousa, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 3404/BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10405: Passatempos de verão (12): Mensagem bem humorada (Álvaro Vasconcelos)

1. Mensagem bem humorada do nosso camarada Álvaro Vasconcelos (ex-1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72), com data de 9 de Setembro de 2012:

Bom domingo, estimado Carlos Vinhal.
Cumprimentos nossos. Espero que tenham aproveitado bem, gozando os dias de descanso que retiraram ao calendário do Blogue em saudoso interregno tão bem disfarçado pelo estimado Luís Graça ao qual remeto um XI  (Olá Alice), e a toda a gente, desde Candoz à Lourinhã, terra de dinossaurios.
Cumprimento também o Eduardo Magalhães Ribeiro, o Virgínio Briote, o Humberto Reis o Hélder Sousa, o Jorge Cabral, o Zé Martins, Torcato, Belarmino... todos os demais!

Hoje completa mais um ano a Camariga Filomena Sampaio. Obrigado por teres apresentado em nome de todos nós mais esta saudação. Bem hajas por seres constantemente um atento portador dessa (mais uma!...) tarefa. Sabes, meu irmão?... És um camarada daqueles!...

A propósito do aparecimento do Tony Sacavém a aludir ao PIFAS com uma gravação formidável, como o Luís tão bem sublinhou, e para eu cumprir com mais uma ajuda ao nosso Tertúlio - (Luís, meu corazon bondoso não esqueço o teu sulicitu d`há meses) - , fui ao fundo do baú e descobri uma fotografia d´um dos dois foguetes 122mm lançados sobre Aldeia Formosa, no dia 20 de Fevereiro de 1971.


Este foi o que não rebentou. Foi fotografado, tanto quanto me lembro - e se não estou p´rá qui a meter água - , por um camarada, Júlio César, Furriel Fotocine que operava em comissão na região do Quebo/Tombali, do qual não tenho noticias, infelizmente... mais um!

Estou convicto que esse lançamento de Fev de 71, foi mais um, dos ensaios primitivos dessa arma do PAIGC (era Chinoca ou Prestroykiano) . Chego a esta conclusão, pelo que o nosso Blogue nos tem dado a conhecer, ... terá sido assim?!...

É claro que tinham ocorrido mais flagelações dessa foguetada, a 10 e 14 de Janeiro, tanto quanto a pesquisa permite lembrar. Em Bissau, aquele flagelito (que cagaço p´ralguns, com o respeito devido!) relatado na gravação extraordinária que o Tony nos maravilhou - e maravilhará podermos continuar a auscultar -, aconteceu em Junho de 1971, antes da Raça!... - Ai meu rico Stº. António, S. João e S. Pedro (d`Áfurada), num murri nu mato, vou sacumbir aqui!-.

Posto isto e para abrilhantar ... também anexo uma foto, tirada em Out de 1970, quando eu estava de serviço no Rádio, posto STM lá n´Aldeia!... Oh maralha do STM ... lembram-se?!... Xiça penico ... que coisa boa! ... será qu´há mais?... no meio de pó e teias de aranha,... talvez!


Gente deliciosa, Tertúlio/Camarigos, eu não esqueço nenhum(a), nesta coisa aurículo/ventricular que me vai batendo aqui do lado esquerdo, ... até um dia destes!...
Álvaro Fazcancelas


E.T. (P´ra safar, que vai a lápis) 

Sabem, estimados sexo/a seis/sete/oitocentistas, esta disposição escrivã bem humorada, é p´ra disfarçar o doloroso momento! ... 
Chegamos onde o Judas borrou as calças, como vociferava, nos anos 60, o meu avô paterno, carinhosamente tratado por Paicelos, lá do Grilo!...
Quíus padiu!... como dizia a minha avozinha materna, de Sta. Leocádia. 
Tud´in Baião, ganda cumcêlho, do Destitro du Puôrto, cidade d´umde sou natural. 
Munto gustaba de ser analfaberto e num ter passado o que passei p´ra qui chegar!... 
Fozgaçe. 
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10387: Passatempos de verão (11): Foto(de)composição ou o fim de um (passa)tempo...ou simplesmente uma sequência fotográfica à procura de uma legenda (Luís Graça)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10289: Tabanca Grande (355): Manuel Dias Pinheiro Gomes, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM / Agrupamento de Transmissões da Guiné (Catió e Bissau, 1970/72)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Manuel Dias Pinheiro Gomes (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM / Agrupamento de Transmissões da Guiné, Catió e Bissau, 1970/72), com data de 17 de Agosto de 2012:

Caro amigo Carlos Vinhal
Sou: Manuel Dias Pinheiro Gomes.
Ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM do Agrupamento de Transmissões.
Cheguei à Guiné em 24 de Agosto de 1970  e regressei à metrópole a 08 de Agosto de 1972.
Estive em Catió entre Agosto de 1970 e Julho de 1971, seguindo para Bissau em Agosto onde permaneci até ao fim da comissão. Neste espaço de tempo ainda estive cerca de um mês em Nova Lamego.

Aceitando o convite público do nosso camarada António de Melo, não posso deixar de pertencer a essa grande família. Espero o teu bom recebimento.

Junto envio uma foto do tempo de serviço militar e outra da vida civil.

Um muito obrigado e um grande abraço do amigo
Manuel Gomes


2. Comentário de CV:

Caro Manuel, não sei como vais querer ser conhecido na tertúlia, se por Manuel Gomes ou Manuel Pinheiro, depois dirás.

Resolveste aceitar o desafio do camarada António Melo, e o meu convite, para te juntares à tertúlia. Serás bem recebido porque além de seres um camarada da Guiné, és um daqueles portugueses que enfrenta a vida na diáspora, e isso toca-nos especialmente.
Temos muitos camaradas da tertúlia espalhados pelos mais diversos cantos do mundo que mantêm contacto connosco e colaboração regular no Blogue. Tu és um dos que estão mais perto, Espanha, ao contrário de alguns camaradas, como o José Belo, bem lá no Norte da Europa, quase a tocar o Polo, ou outros que estão radicados no Brasil, América do Norte e Canadá, por exemplo.

Vamos então recordar um pouco do que escreveste ao camarada António Melo e que foi publicado no Poste 10222*:

[...] Assentei praça no RI8 em Braga no dia 28 de Julho de 1969. Aí fiz a instrução e no dia 28 de Setembro do mesmo ano fui para o Porto para o Regimento de Transmissões na Arca d'Água, aí estive fazendo a especialidade de Radiotelegrafista até ao dia 22/2/1970. Passei ao Regimento de Transmissões, fui promovido a 1.º Cabo e aí fiz um estágio muito bom, onde fazia de Cabo Dia e algum Cabo de Reforço. Como já tinha muito tempo pensava que já não ia à guerra, mas a notícia chegou no dia 25/6/1970, o 1.º Cabo Radiotelegrafista NM 114485/69 vai para a Guiné. Embarquei no Uíge no dia 18/07/1970 e chegou o periquito à Guiné no dia 24/07/1970. Como ia em rendição individual fui no porão da mercadoria, bom depois de dois dias de viagem chegou o pior o enjoo mas tudo passou.

Chegando a Bissau lá fomos para o Quartel General a que o Agrupamento de Transmissões estava adido, só mais tarde já no ano 1973 tinha as suas instalações próprias. Chegando a Bissau me dão uma folha para preencher na qual havia uma pergunta, se tinha algum familiar na Guiné, como tinha um primo, diz o Manuel: tenho um primo! Então havia um colega que estava esperando transporte para Catió, esse já não foi para Catió e foi o Manuel, tendo o outro ido para Piche. Quando chegou o dia de ir para Catió lá fui por mar, deram-me então uma ração de combate mas não água. Ia com os marinheiros e mais embarcações de civis, esses senhores marinheiros bebendo as suas cervejas e comendo a sua boa comida e o pobre do Manuel olhando para eles que nem sequer perguntaram se queria água ou comida.[...]

O melhor é ir ler o resto da tua estória ao poste porque vale o trabalho.

Esperando que tenhas mais memórias em carteira, ficamos à espera delas.

Recebe desde já o abraço de boas-vindas da tertúlia e dos editores, que te é devido, e instala-te porque estás entre camarigos (camaradas+amigos).

O teu camarigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10222: O Mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (59): Catió, a emigração em Espanha e o nosso Blogue unem dois camaradas (António Melo / Manuel Pinheiro)

Vd. último poste da série de 15 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10267: Tabanca Grande (354): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor-Auto da CCS/BCAÇ 4512 (Farim, 1972/74)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10195: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (12): O senhor Major Calixto

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 22 de Julho de 2012:

Caros Editor e Co-Editores
Como sei que a 'produção' afrouxa, aqui me atrevo a enviar um texto que, se entenderem, podem publicar.
Trata-se de algo de que senti o impulso de escrever pois tudo o que aí relato é verdade, com um ou outro pormenor que possa estar menos exacto, e que no fundo é para fazer a minha justiça a alguém que lá e naquelas circunstâncias pode não ter sido (ainda hoje) bem compreendido.

As fotos que vos envio têm créditos que devem ser atribuídos, a mim mesmo na foto a preto e branco em que estou com os Furriéis Centeno e Herlander, a João Moura na foto do conjunto do Quartel e a Eduardo T. Lopes, da CART 3332, as restantes. Na foto de conjunto, que é pouco antes da minha chegada a Piche pode-se ver a Porta de Armas com a árvore que nessa altura ainda não tinha a base cimentada, vê-se o edifício identificado com o 11 como sendo o do Comando, atrás desse local pode-se ver o edifício com a viatura do STM, o edifício com o 4 era a messe de sargentos e oficiais e o espaço assinalado entre o 6 e o 14 foi onde se construiu o novo Posto do STM.

Saudações.
Hélder Sousa


HISTÓRIAS EM TEMPOS DE GUERRA (12)
 

 O SR. MAJOR CALIXTO

Os antecedentes

Já vos macei várias vezes com os meus relatos mas, para um melhor enquadramento desta história, volto a referir que aparecendo na Guiné em rendição individual, sendo Furriel Miliciano de Transmissões e pertencendo ao STM, fui incumbido de ir até Piche com a missão de insistir com o comando da Unidade que à data, início de Dezembro de 1970, lá estava sediada desde Agosto desse ano, o BCAV 2922, para providenciarem a rápida construção dum edifício próprio para alojar o Posto de Transmissões do STM que até ao momento funcionava numa viatura que seria necessária para outras actividades, em Bissau ou onde viesse a ser aplicada.

Vista geral do Quartel de Piche

Foto: © João Pereira da Costa (2012). Direitos reservados.

Quando lá cheguei o Batalhão estava a ser comandado interinamente pelo 2.º comandante, o Sr. Major Cav António Calixto, já que o 1.º comandante, o Sr. Tenente-Coronel Cav Chaves Guimarães (que me dizem já ter falecido), tinha sido ‘retirado’ para a ‘Metrópole’, como então se dizia. Uma ‘história cabeluda’ conforme as ‘vozes da caserna’, as quais também me alertaram para ter cuidado com o “Major Calixto”, que ‘era uma fera’. Foi exactamente ao Sr. Major António Calixto que me apresentei informando que iria tomar conta do Posto do STM, sem me alongar em mais detalhes ou outras indicações sobre a missão principal.

Por essa época cantavam-se algumas canções, fados, coisas assim, lá por Piche, nos convívios do pessoal e uma delas, rezava assim:

Foisimbora o Guimarãããães 
foisimboooora o Guimarãããães  
Foisimbooora pra Lisboa 
Se levasse o Calixto e o Paulo 
Se levasse o Calixto e o Paulo 
Isso é que era coisa boa.

O tom era bastante lamentoso, choroso mesmo, e no início quando comecei a ouvir pensei que se tratava de uma homenagem a algum camarada que tivesse morrido (foi-se embora o Guimarães…) não sabia que Guimarães era o nome do Comandante ausente e inicialmente pensava que o ‘embora’ era mortal, mas depois o ‘ir para Lisboa’ levou-me a pensar que seria ferido. Quando a seguir vem as referências ao “Calixto” e ao “Paulo” é que me esclareceram tratarem-se dos Majores da Unidade, sendo o “Calixto” o 2.º comandante e que agora chefiava o Batalhão interinamente e o “Paulo”, o Sr. Major Mendes Paulo (também entretanto falecido), que era o Major de Operações.

Obviamente que se tratava daquele tipo de reacção do pessoal que ‘sente’ que as chefias é que determinam as situações e que ‘rebelando-se’ contra elas, o ‘mal’ fica exorcizado. Quem não se lembra daquela espécie de ‘grito de guerra’ que se ouvia muitas vezes de “tirem-me daqui!”, “estou farto deles’! a que se seguia muitas vezes também um coro de vozes a dizer “então corta-os”! Esses ‘eles’ eram todos os que hierarquicamente estavam acima da cadeia de comando de quem se sentia ‘encurralado’.

Ora bem, este tipo de indicações apenas dá para caracterizar muito superficialmente uma situação mas dá para entender que havia por li algum temor. Como pretendo apenas falar do Sr. Major Calixto vou ficar pelo que a ele diz respeito.

E quero fazê-lo porque acho que é devido e merecido.

Ainda recentemente (16 de Junho passado) estive em Estremoz no convívio organizado no RC3 para comemorar os 40 anos do regresso do referido BCAV 2922 e de que o nosso ‘tabanqueiro’ Francisco Palma fez relato para o Blogue, onde tive a oportunidade de conversar com o Sr. Major (hoje Coronel) António Calixto e lembrar-lhe alguns episódios que irei agora também relatar. E porque alguns dos que por lá estiveram ainda pareciam ter mais temor que respeito, quero aqui deixar o meu testemunho público do que me parece ser justo referir.

Perguntando eu porque diziam que “o Calixto” era ‘uma fera’ não me conseguiam adiantar nada que não fosse configurável com uma exigência de disciplina e rigor que o Major procurava incutir no pessoal. E, pergunto eu, isso não era fundamental para manter a ‘pele sem furos’? Tanto quanto sei acho que o Sr. Major não utilizou a pedagogia do ‘pontapé no cú’ já aqui revelada como método eficaz para fazer dum determinado pelotão, autodenominado “Foxtrote”, de que o nosso conhecido e amigo Zé Dinis tem vindo a relatar a história, uma força disciplinada, organizada, solidária e… intacta!

Diziam-me: “ah, ele às vezes passava por um e dizia – ‘ainda não apanhaste uma ‘porrada’? vamos ter que tratar disso!’ Francamente, não me parece grande coisa, e nunca fui testemunha de tal coisa.

Por isso, considero que a acção do Sr. Major Calixto foi, em geral, benéfica para o conjunto dos militares que integraram aquele aquartelamento e que a disciplina e o rigor nunca fizeram mal a ninguém. Bem pelo contrário. Se hoje houvesse mais atributos desses em muitos lugares de decisão, e para não politizar esta questão fico-me apenas pela referência a membros do Governo, andaríamos todos muito melhor. Se questionassem as posições políticas e as convicções do Sr. Major talvez se pudesse encontrar alguma base de entendimento, agora a disciplina, não! E com o Sr. Major Calixto aprendi alguma coisa, lições de vida, que partilho então seguidamente.


O primeiro ‘embate’

Na noite do primeiro dia em Piche fui para a messe comum, de sargentos e oficiais, sendo que os primeiros tinham duas 'mesas' em que a primeira delas era para a generalidade dos sargentos (furriéis incluídos, obviamente) e a segunda para os poucos que estavam de serviço ou tinham qualquer impedimento para estarem na primeira ‘mesa’ sendo que essa segunda ‘mesa’ coincidia com a dos oficiais. Como era novato na zona fui na primeira mesa acompanhar a maioria dos furriéis que tinham sido meus contemporâneos na recruta em Santarém, como por exemplo o nosso tertuliano Luís Borrega, fui conversando e ao mesmo tempo arquitectando o que pensava ser a melhor maneira de abordar o assunto da tal missão principal que me levava a Piche, tendo em conta o aviso que me tinham feito sobre a ‘fera’.

Antes de ir para lá tinha estado naturalmente com o pessoal que iria chefiar, inteirei-me da situação, de cada um deles, do trabalho, do Posto e do que se poderia saber sobre a localização da tal construção. Mostraram-me um local que se dizia estar reservado para tal, quase em frente à messe de oficiais, que já tinha a base escavada até cerca de 1 metro abaixo do solo e com enrocamento de 60 centímetros a toda a volta excepto num ponto que se dizia ir ser a entrada e cuja continuidade de construção tinha sido parada por falta de material ou por outras prioridades, que o meu pessoal não me soube dizer.

Munido dessa informação resolvi-me a ‘enfrentar a fera’ segundo o meu esquema mental, que me pareceu o mais adequado. Então fui-me deixando ficar na messe até perceber que o Major Calixto se preparava para se levantar. Antecipei-me, saí, e fiquei no alpendre como quem está (e estava de facto) a saborear a primeira noite de mato, a absorver cheiros, sons, e até cores. O Major saiu, viu-me e perguntou amavelmente que tal achava o Quartel, as instalações, o pessoal, etc.. É preciso que se diga que, tendo feito a recruta em Santarém, sabia bem como impressionar, pelo aprumo, pelo rigor e também por alguns ‘tiques’ próprios, os homens dessa Arma.

Aproveitando a ‘deixa’ das instalações fui directo ao assunto e disse-lhe:  
- Meu Major, há pouco quando me apresentei, não houve oportunidade para lhe dar conta da totalidade da minha missão e que é de que venho incumbido pelo meu comando do STM de Bissau para lhe pedir que avance rapidamente para a construção do edifício para o Posto pois a viatura está a fazer muita falta para outras missões.

Até aqui, tudo bem, tudo normal. Mas a seguir joguei forte, conforme tinha pensado durante o jantar e disse:
- Tenho a indicação para fazer reportes semanais para Bissau a dar conta do avanço dos trabalhos. O meu Major pode-me dizer como estamos quanto a isso?

Estão a ver a situação, estão? Um fedelho de 22 anos, um Furriel, a colocar um Major, a “fera”, na situação de lhe ‘dar satisfações’ para depois as reportar para Bissau? Nessa ocasião o Sr Major ‘fechou’ a cara, olhou-me de-alto-a-baixo e disse secamente:
- Pode informar que não está nada feito!.

Ora bem, sabendo eu o que já sabia e que acima vos dei conta, disse para os meus botões: “ou já ganhaste isto ou vais ter um amigo à perna”.

No dia 1 de Abril de 1971 tive o grato gosto de enviar o último reporte: “posto concluído”! E concluo também que da premissa que acima coloquei não só ‘ganhei isto’ como também ganhei um amigo, e não foi ‘à perna’, pois o Sr. Major deve ter gostado (nunca falámos disso mas foi o que me deu a entender na despedida) da minha atitude assertiva.


Aprendizagem

Há sempre quem teorize sobre as benfeitorias da vida militar e há também quem a diabolize. Neste caso que vos vou relatar, passado naturalmente entre mim e o Sr. Major, fiquei com a lição do que se espera de quem tem por missão mandar e/ou comandar. Foi assim.

Numa bela manhã, já no ano de 1971 mas que não sei precisar bem quando, embora a minha sensibilidade aponte para o mês de Fevereiro, o Sr. Major precisou de mim e mandou-me chamar pouco depois do café da manhã.

Acontece que por esses dias o Posto estava desfalcado de pessoal porque dos cinco operadores que o compunham tinha um de férias e dois manifestamente inoperacionais com fortes ataques de paludismo. Nessas circunstâncias decidi que eu próprio faria o turno mais penoso (não era mau de todo no trabalho com a chave de morse), pelas dificuldades das condições de captação, das interferências atmosféricas, do esforço resultante da solidão, ou seja o nocturno, que podia ser bastante pacífico em termos de necessidades de comunicação ou a exigir grande tensão por actividade que, naqueles momentos se traduziam quase sempre por mensagens tipo “zulu”. Nas circunstâncias fiquei com a responsabilidade de assegurar a operacionalidade do Posto desde as 20 horas até às 8 da manhã, ficando cada um dos outros dois operadores com 6 horas cada qual.

Como podem calcular, depois de uma noite ‘directa’, cerca das 10 horas, mais coisa menos coisa, quando fui chamado, estava no começo do primeiro sono e devia estar completamente ‘pedrado’. Deste modo, entre a chamada do Sr. Major, irem-me acordar, reagir, levantar-me e colocar-me em condições apresentáveis, demorou algum tempo, mais do que seria esperado por quem me chamou. E disso mesmo fui confrontado pelo Sr. Major Calixto que, aparentemente incomodado pelo que pensaria tratar-se de algum acto de desobediência ou resistência ao comando, lá tratou de me verberar fortemente para a necessidade da rápida e pronta resposta às solicitações do Comando. Quando lhe relatei o que se passava e a razão pela qual não me tinha apresentado mais prontamente, pois tinha estado a trabalhar com a chave de morse toda a noite, o Sr. Major Calixto disse-me:
- Você não está aqui para trabalhar, está aqui para dirigir e disciplinar os seus homens, não se esqueça disto!

E não esqueci!

Foi uma lição. Fiquei a saber que fossem quais fossem as circunstâncias, não deveria haver misturas entre comandantes e comandados. Percebo o que me queria transmitir e não deixo de entender a sua relativa validade mas, como em quase tudo na vida, segundo a minha perspectiva, é preciso ter sempre em conta cada circunstância e agir a partir dessa análise.


Piche, Março de 1971 > Centeno, Hélder e Herlander

Foto: © Hélder Sousa (2012). Direitos reservados.


Reconhecimento

Uma outra passagem com alguns aspectos interessantes dos meus contactos com o Sr. Major Calixto passou-se numa noite quente (qual não era?) nos finais de Março ou princípio de Abril de 71.

Nessa noite, já depois da hora de jantar, estava com outros furriéis amigos, o Centeno, o Herlander e o Sobreira, a conversar recostados numa base cimentada que envolvia uma grande árvore que ficava no meio da parada de entrada, frente ao Comando. Como de costume, a conversa versava vários temas e entre eles também às vezes se questionava a justeza da nossa presença ali, naquelas circunstâncias, a natureza da guerra, o nosso futuro como cidadãos, como País, etc.

Onde nós estávamos predominava a escuridão mas na zona do Comando as luzes interiores deixavam ver quem lá estava, bem assim como a porta aberta trazia-nos alguns sons do que por lá se ia passando. E parece que a inversa também.

Em dada altura o Alferes do Pel Art, cujo nome agora não me ocorre, irrompe pelo Comando e ouvimos o Sr. Major perguntar-lhe se havia algum problema, se as zonas de tiro para a batida à zona que se fazia logo de manhã para a área da construção da estrada que estava a ser feita pela Tecnil já estavam determinadas e foi aí que ele disse que andava à procura do Furriel Centeno para ultimar esses preparativos mas que não o consegui encontrar. Sem mais delongas também ouvimos o Sr. Major dizer “procure ali debaixo da árvore que deve estar lá com o pessoal da Oposição”.

Como podem calcular a expressão utilizada e o conceito que lhe estava subjacente deixou o pessoal preocupado sobre que e quais consequências isso poderia ter. Na verdade, não se passou nada, pelo menos que saiba, e quanto a isso acho que se pode admitir que o Sr. Major Calixto resolveu utilizar alguma dose de ‘paternalismo’, afinal nós tínhamos 22, 23 anos e é próprio da juventude ser irreverente.


Despedida

O outro, e último, momento significativo dos meus contactos com o Sr. Major Calixto, que só voltei a ver agora no Encontro do BCAV 2922, ou sejam 41 anos depois, foi exactamente quando lhe fui apresentar as minhas despedidas no meu regresso a Bissau com a missão cumprida, o Posto construído, equipado, com um outro Furriel Valério a substituir-me.

Foi uma conversa a dois, com a disciplina militar pelo meio, é certo, mas de uma elegância e nobreza que ainda hoje me faz vir aqui a terreiro honrar o trabalho que o Major Calixto fez em Piche. Não sei qual foi o seu percurso após o 25 de Abril, da sua ‘conversão’ ou não à ‘nova situação’, isso não é relevante para esta análise, que procura falar do ano de 1971. Apenas me interessa deixar aqui o testemunho de que apesar de tudo o que atrás relatei, nesse dia, nessa hora, olhámo-nos nos olhos, agradeci-lhe a hospitalidade, as ‘lições de vida’ e também a sua compreensão e ele também me disse que tinha tido grato gosto em me ter como colaborador, que lamentava que me fosse embora e que me desejava felicidades e sucesso na vida futura, não deixando também de me recomendar ‘prudência’.


Francisco Palma, Hélder Sousa e Coronel Aantónio Calixto

Hélder Sousa, Coronel António Calixto e Francisco Palma

Major António Calixto e Luís Borrega

Fotos: © Eduardo T. Lopes (2012). Direitos reservados.


Conclusão

Fica assim concluída a reportagem de alguns episódios da minha passagem/estadia por Piche, na perspectiva de que senti a necessidade de dizer a alguns dos amigos que por lá foram integrados no BCAV 2922 que não partilho a ideia do Sr. Major Calixto ser ‘uma fera’, mas sim um disciplinador, e provavelmente aquele que, dadas as circunstâncias da saída precoce do 1.º Comandante com baixa à psiquiatria após 3 meses de mato, a Unidade necessitaria para assim manter níveis elevados de concentração.

Um abraço, e boas férias para aqueles de vocês que as tiverem!
Hélder Sousa
Fur. Mil. Transmissões TSF
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Setembro de 2011 > > Guiné 63/74 - P8790: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (11): A primeira missão - parte II

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9846: Tabanca Grande (335): Maximino Guimarães Alves, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões de Bissau, 1972/74

1. Em mensagem do dia 25 de Abril de 2012, recebemos as fotos da praxe do nosso camarada e novo tertuliano Maximino Alves, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM, Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões de Bissau, 1972/74. Passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 554.


2. Lembremos o que nos disse o camarada Maximino num comentário deixado no P3498, que por sua vez deu origem ao P9799*:

Chamo-me Maximino Guimarães Alves, sou de Fafe, Minho.

Como Radiotelegrafista do STM a minha comissão na Guiné foi no Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões (Outubro de 1972 a Agosto de 1974).

O 1º Centro de Escuta onde fiz serviço ficava fora do quartel. Era numa das vivendas do lado de fora, quase em frente à Intendência... O 2º Centro de Escuta, quase no fim da minha comissão, já era junto a um dos blocos de casernas novas, perto do campo de futebol e do refeitório.

Recordo, do Centro de Escuta, o Furriel Santos Pereira, (fazia dupla comigo durante os serviços nocturnos, excelente parceiro, tradutor das mensagens que recebíamos), Garcia, Faustino Estanqueiro, Faustino Pinto de Jesus, Páscoa, Fur. Meira, Adelino Rei, Couto, e muitos outros que não me lembro o nome agora...

Terminei as segundas férias no dia 21 de Abril de 1974 regressando à Guiné no dia 22 de Abril de manhã. Iniciei o serviço precisamente no dia 25 de Abril de manhã, já no Centro de Escuta novo.

O que o Furriel Hélder Valério diz sobre o Centro de Escuta é exacto. Consistia, no que ao meu serviço dizia respeito, em receber mensagens em morse, normalmente com o texto em francês que depois eram traduzidas se fossem em texto normal, ou descodificadas pelos criptos se fossem codificadas.

Também gravávamos programas da BBC, Voz da América, discursos do Amílcar Cabral, da esposa, conhecida por Maria «Turra», etc...

No primeiro ano no Agrupamento, íamos almoçar e jantar ao Quartel General que fazia «fronteira» com o nosso... Só em 1973 tivemos o nosso refeitório novo que, por sinal, era excelente. Tenho várias fotografias do quartel e do centro de escuta. Gostava de as partilhar. O que devo fazer?


Também posso informar que vai haver um encontro no dia 5 de Maio, nos Arcos de Valdevez, de antigos militares do Agrupamento de Transmissões da Guiné. É organizado pelo Garcia. Se alguém estiver interessado posso fornecer o contacto dele.
O meu email é: maxalves@netcabo.pt


3. Comentário de CV:

Caro Maximino, este poste é só para te apresentar formalmente como novo camarada à tertúlia do nosso Blogue.

Já te apresentaste no Poste 9799, pelo que já sabemos seres um minhoto de Fafe, terra onde ninguém fanfe.

Do teu percurso militar, que se confinou felizmente para ti a Bissau, já sabemos alguma coisa, mas muito mais queremos saber porque este Blogue ainda tem muitas páginas em branco.

Resta-me dar-te o habitual e indispensável abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

O teu camarada
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)

Vd. último poste da série de 1 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9840: Tabanca Grande (334): Leopoldo Correia, ex-Fur Mil da CART 564 (Guiné, 1963/65)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9816: Memória dos lugares (183): STM - Aldeia Formosa e Bissau (Álvaro Vasconcelos)

 


1. Mensagem do nosso camarada Álvaro Vasconcelos*, 1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72, com data de 17 de Abril de 2012:

Amigo e Camarada Carlos Vinhal.
No "fundo do baú", encontrei o que de seguida descrevo com a devida permissão de aceitamento:



Esta fotografia de camaradas que compunham a equipa de futebol que tomou parte num torneio inter-companhias, no ano de formação do Agrupamento de Transmissões da Guiné, reporto-me a Novembro de 1971.

Que "ronco" hein!... Na foto estamos 14 elementos da Arma de Transmissões e a grande maioria era do STM: Centro Emissor, Centro Receptor e Centro de Escuta.
Eu sou último da direita. Alguns deles embarcaram comigo, em rendição individual, no "Carvalho Araújo" em Julho de 1970: por exemplo o Marques, um camarada de Braga que não encontro há muitos anos, é o primeiro da esquerda, dos que estamos de joelho em terra!
 

Nesta fotografia, de menor qualidade em termos de definição*, estou com o camarada Agostinho Barbosa, também Radiotelegrafista do STM, numa apresentação dos "utensílios" onde transportávamos o "rancho" que íamos buscar à cozinha da CCS em Aldeia Formosa.
Na travessa que eu portava, serviam-nos o "conduto", na "lata de chouriços", transportava-se a sopa: o Agostinho leva o "casqueiro" (o pão) na mão esquerda e o "Baco" (com a graça de Deus) na direita.

Era a refeição de almoço para a malta do Posto de Rádio do STM, composto por quatro elementos a saber:
N.º Mec 14449460 - Agostinho Barbosa;
N.º Mec 17056768 (a "velhice" - António M. Silva Monteiro;
N.º Mec 19949269 - Adriano Duarte Costa
e eu, o N.º Mec 08025769.


 E por último uma Guia de Entrega do nosso "pré", respeitante a Fevereiro de 1971 !...

Um abraço do tamanho da Tabanca Grande
Álvaro Vasconcelos
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9568: O PIFAS, de saudosa memória (6): Recebia, via Marconi, a chave do Totobola e transmitia-a depois ao camarada João Paulo Diniz, do PFA (Álvaro Vasconcelos, Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões de Bissau, jun 71/jul 72)

Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9772: Memória dos lugares (182): O Xime - Esclarecimentos (Sousa de Castro)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74), deixado no Poste 3498*:

Chamo-me Maximino Guimarães Alves, sou de Fafe, Minho.

Como Radiotelegrafista do STM a minha comissão na Guiné foi no Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões (Outubro de 1972 a Agosto de 1974).

O 1º Centro de Escuta onde fiz serviço ficava fora do quartel. Era numa das vivendas do lado de fora, quase em frente à Intendência... O 2º Centro de Escuta, quase no fim da minha comissão, já era junto a um dos blocos de casernas novas, perto do campo de futebol e do refeitório.

Recordo, do Centro de Escuta, o Furriel Santos Pereira, (fazia dupla comigo durante os serviços nocturnos, excelente parceiro, tradutor das mensagens que recebíamos), Garcia, Faustino Estanqueiro, Faustino Pinto de Jesus, Páscoa, Fur. Meira, Adelino Rei, Couto, e muitos outros que não me lembro o nome agora...

Terminei as segundas férias no dia 21 de Abril de 1974 regressando à Guiné no dia 22 de Abril de manhã. Iniciei o serviço precisamente no dia 25 de Abril de manhã, já no Centro de Escuta novo.

O que o Furriel Hélder Valério diz sobre o Centro de Escuta é exacto. Consistia, no que ao meu serviço dizia respeito, em receber mensagens em morse, normalmente com o texto em francês que depois eram traduzidas se fossem em texto normal, ou descodificadas pelos criptos se fossem codificadas.

Também gravávamos programas da BBC, Voz da América, discursos do Amílcar Cabral, da esposa, conhecida por Maria «Turra», etc...

No primeiro ano no Agrupamento, íamos almoçar e jantar ao Quartel General que fazia «fronteira» com o nosso... Só em 1973 tivemos o nosso refeitório novo que, por sinal, era excelente. Tenho várias fotografias do quartel e do centro de escuta. Gostava de as partilhar. O que devo fazer?


Também posso informar que vai haver um encontro no dia 5 de Maio, nos Arcos de Valdevez, de antigos militares do Agrupamento de Transmissões da Guiné. É organizado pelo Garcia. Se alguém estiver interessado posso fornecer o contacto dele.
O meu email é: maxalves@netcabo.pt


2. Comentário de CV:

Caro camarada Maximino, se quiseres engrossar a fileira dos camaradas das Transmissões deste Blogue, envia uma foto actual e outra do teu tempo de Guiné, de preferência tipo passe e diz-nos qual foi o teu posto militar.
Já sabemos a data em que foste para a Guiné, a data de regresso e onde fizeste serviço, mas muito mais terás para nos dizeres dos tempos passados em Bissau, principalmente nos meses mais próximos do antes e do pós 25 de Abril.

Ficamos a aguardar as tuas mensagens, descodificadas e desclassificadas, que deverás enviar para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para um dos co-editores Carlos Vinhal e/ou Eduardo Magalhães Ribeiro.

Recebe um abraço dos camaradas das Transmissões deste Blogue e não só.
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9753: O Nosso Livro de Visitas (132): Não se preocupem se não der notícias - só estamos sem eletricidade porque o gasóleo acabou! (Anabela Pires, Iemberém, Cantanhez)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Guiné 63/74 – P9767: Convívios (416): XXX Almoço/Convívio do STM 1961/64, Beja - 26 de Maio de 2012 (Mário Costa)


1. O nosso Amigo e Camarada Mário Costa, ex-1º. Cabo Op.Cripto no STM, 1961/64, solicita-nos a divulgação da festa anual da sua unidade.

Camaradas,

Mais uma vez solicito a publicação de dois apelos, para possibilitar a presença do maior de Camaradas ex-Combatentes que possam estar interessados em encontrar-se connosco em Beja, no próximo dia 26 de Maio, para matar saudades de tudo aquilo que preencheu uma grande parte do melhor da nossa juventude. 








Um grande abraço para todos do,
Mário Costa
1º. Cabo Op. Cripto 101/59
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Nota de MR:

Vd. último poste desta série em:



quarta-feira, 7 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9574: O PIFAS, de saudosa memória (7): Quando a malta do SPM dava música... e o Armando Carvalheda e o Carlos Fernandes eram locutores... (Hélder Sousa, Armando Pires, António Carvalho)

1. Comentários ao poste P9558


(i) Hélder Valério  


 Caros camaradas:


Sim, também me lembro do PFA  que, na gíria, era mais conhecido pelo PIFAS, conforme comentário anterior do Henrique Cerqueira. Mas, neste momento, a 'sintonia' está fraca, tenho que me esforçar mais para conseguir obter 'imagens radiofónicas' mais nítidas.


O Rodero refere o Vítor Raposeiro como fazendo parte de um grupo que andou tocando pelos aquartelamentos. Disso não tenho ideia, mas já enviei mail ao Raposeiro para me falar disso ou, então, enviar directamente ao Blogue.


Do que sei, e disso com toda a certeza (porque eu estava lá), é que o Vítor não chegou a integrar a Escuta. Esteve em vários locais nas suas funções relacionadas com o STM:  Bissau, Bambadinca, Aldeia Formosa, Bula (ou Buba?), etc. mas na Escuta, não.


Dum modo geral, nessa época, era vulgar encontrar nos elementos das Transmissões camaradas que tinham relação estreita com a música. Faz sentido: a musicalidade do morse podia ser mais facilmente apreendida por essas pessoas.


Assim, naquela época, na Guiné, estiveram o Vítor Barros, o Eduardo Pinto e o Dutra Figueiredo,  elementos integrantes de um conjunto de Viseu, Os Tubarões, que foi um dos que foi à final do Concurso Yé-Yé no Cinema Monumental, em Lisboa. 


O Vítor Raposeiro era também (e é porque ainda está no activo) um excelente guitarrista e tocava num conjunto com alguma projecção aqui em Setúbal, o mesmo sucedendo com o meu amigo e camarada Nelson Batalha. Também o J. Manuel Fanha, que tocava órgão, era dum grupo de Tomar, foi do meu curso e esteve comigo na Escuta mas que me lembre só animava as noites no Chez Toi...


Vou aguardar por eventuais notícias dos meus amigos para poder avançar. Até lá, um abraço.
Hélder S.
  
(ii) Armando Pires

Se os documentalistas da nossa Tabanca Grande procuram que possa escrever a história do PIFAS, também podem contactar o Armando Carvalhêda (*), locutor da RDP-Antena 1,  e o Carlos Fernandes,  também locutor da RDP,  mas já reformado mas que o Carvalheda pode contactar. 


Curiosamente, quando fui para a Guiné, em fevereiro de 69, levava comigo uma carta para entregar à direcção do PIFAS, visto que também era locutor de rádio. Por razões que não interessam para esta história, não entreguei a carta.


(iii) António Carvalho:


Caros Tabanqueiros: Já por estes lados falei do Fernando Eurico Sales Lopes, primeiro Fur Mil Trms da minha companhia. Ele trabalhou no PIFAS  entre julho de 72 e meados de 1974. Nunca mais o vi. Foi por aqui referido que está em Macau. Tentei contactá-lo mas sem sucesso.


Era e espero que ainda seja e esteja bem disposto. Se ele aceder a este blogue  aproveito para lhe mandar um grande abraço. (**)


Carvalho de Mampatá

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Notas do editor:

(*) Armando Carvalhêda [, foto à esquerda, cortesia do blogue Expressões Lusitanas]:

(...) "Música ao vivo cantada na nossa língua. Um programa de Armando Carvalhêda.Desde 1996, a ANTENA 1 tem no ar o programa VIVA A MÚSICA!, único espaço regular no panorama áudio-visual nacional que apresenta semanalmente, durante uma hora música cantada na nossa língua, ao vivo e em directo. O programa desenrola-se no Teatro da Luz, em frente ao Colégio Militar, em Lisboa, todas as Quinta-feiras, entre as 15h00 e as 16h00 [, com repetição aos Domingos às 14:07], e é produzido por Ana Sofia Carvalhêda e realizado e apresentado por Armando Carvalhêda. Por aqui desfilaram já quase todas as grandes figuras da música cantada em português como são os exemplos de: Carlos do Carmo, Pedro Abrunhosa, Ala dos Namorados, António Chainho, Vitorino, Jorge Palma, Mariza, Gal Costa, Tito Paris, Sérgio Godinho, Paulo Gonzo, Pedro Barroso, Camané, GNR, Rui Veloso, Paulo de Carvalho, Rio Grande e Delfins, entre muitas dezenas de outros. Endereço de email: viva.musica@rtp.pt  (...) (Fonte: RTP)




(**) Vd. último poste da série > 6 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9568: O PIFAS, de saudosa memória (6): Recebia, via Marconi, a chave do Totobola e transmitia-a depois ao camarada João Paulo Diniz, do PFA (Álvaro Vasconcelos, Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões de Bissau, jun 71/jul 72)

terça-feira, 6 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9570: Convívios (399): Caldeirada na Tabanca de Setúbal, ou do Sado (Miguel Pessoa / Hélder Sousa)

1. O nosso camarada e tertuliano Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado), homem do ar mas dado aos prazeres terrestres, entre os quais o bem comer, conta-nos como, sendo um centrista, bloguisticamente falando, foi até ao sul, acompanhado da sua inseparável esposa Giselda, participar numa caldeirada da futura Tabanca de Setúbal (ou do Sado, a ver vamos).



2. Já repararam que quem está no cerne da questão, a criação da Tabanca de Setúbal, é um outro nosso camarada, que pelo ar se fartou de enviar tiriris e tirirás, não fosse ele um dos homens dos STM, Hélder Valério de Sousa. 
Fiquemos atentos ao seu comunicado oficial:

Caros camaradas

Esta minha comunicação tem por objectivo dar conta do Encontro/almoço/convívio ocorrido em Setúbal com vista a dar corpo ao arranque do que pode vir a ser a "Tabanca de Setúbal", como lhe chamámos, embora considere agora que ficará melhor se lhe chamarmos "Tabanca do Sado", por ser mais abrangente e frustrar possíveis bairrismos...

Vai também no sentido de explicar os antecedentes, justificar porque não foi feita maior divulgação e procurar projectar o que pode vir a partir daqui.

Esta iniciativa teve por base o facto de amigos vários pressionarem no sentido de também se fazer em Setúbal em encontro/convívio/almoço à semelhança do que, inspirados pela existência da chamada "Tabanca Grande", que na prática é a reunião anual dos amigos relacionados com o Blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", a qual, por sua vez motivou e/ou inspirou reuniões semelhantes, mas com menos espaço de tempo de intervalo, consubstanciadas nas "Tabanca de Matosinhos", "Tabanca do Centro", "Tabanca da Linha", "Tabanca dos Melros", etc.

A primeira vez que abordei o assunto foi com o Benjamim Durães que opinou ser talvez interessante não fazer sempre na mesma terra mas sim rodar pelo Distrito: em Setúbal, em Almada, no Barreiro, em Sesimbra e por aí fora. A ideia parece boa mas é de difícil concretização porque exige muita disponibilidade e capacidade logística apreciável, pelo menos se não for possível 'encomendar' essas tarefas aos habitantes locais.

Depois disso houve várias pressões para se fazer qualquer coisa mas o "arranque" é sempre difícil. Há algum tempo atrás, completamente por acaso, o Branquinho e o Zé Dinis encontraram-se no mesmo restaurante, à mesma hora, sem qualquer combinação, em razão das suas viagens próprias. O Branquinho pareceu reconhecer o Dinis, meteu-se com ele, chamaram-me e assim surgiu a notícia na "Tabanca Grande" do primeiro Encontro da "Tabanca de Setúbal". Uma espécie de "ano zero" adaptado às actividades comensais.

Daí para cá fui congeminando como se poderia materializar um Encontro mais alargado. Tive alguns contactos bilaterais com o Vítor Raposeiro e outros, mas não se chegou a concretizar nada.

Agora, aproveitando o pretexto do "festival de caldeiradas", habitual nesta época do ano em que a sardinha ainda está longe de estar boa (mas os alcorrazes, os massacotes, os carapaus, os salmonetes, por exemplo, estão!) entendi ser oportuno 'deitar mãos à obra' até para ver como se correspondia com as 'vontades' do pessoal e aproveitar lições para eventuais futuras realizações.

O meu pensamento foi no sentido de contactar os naturais ou viventes em Setúbal (claro que devo ter cometido falhas, mas só falha quem faz) e mais uns quantos de cada localidade aqui à volta e de que eu tinha endereço, sempre baseado, é claro, no pessoal que de algum modo está relacionado com a "Tabanca Grande". E também dei conhecimento a um ou outro (casos do Zé Dinis e do Zé Brás) que não sendo ou vivendo no Distrito, mantenho relações de camaradagem mais estreita, que vêm do tempo em que se criou o que se chamou o "Grupo do Cadaval" para ajudar a concretizar o livro "História de Portugal em Sextilhas" do Manuel Maia.

Penso que não há lamentações quanto ao almoço, que correu bem, até fomos brindados com o que pareceu ser o início da 'época das chuvas', ficando no ar a recomendação para haver novo Encontro/almoço havendo contudo recomendações para se tentar arranjar outro espaço que eventualmente possa levar mais gente (estimou-se em 30...), com estacionamento e local para se tomar bebida (antes e/ou depois), havendo também o alvitre de que o melhor dia será ao sábado... pois vamos ver!

O meu muito obrigado a todos os que puderam estar e dar vida ao acontecimento. Nunca é demais realçar a presença das nossas estimadas enfermeiras paraquedistas, para além, é claro, de todos os outros, principalmente os que de mais longe vieram.

Aos que não puderam estar e disso deram conta, os meus desejos que na próxima possam estar.
Aos que, por qualquer motivo, não compareceram nem tiveram oportunidade de dar alguma satisfação para a sua ausência, o meu desejo que o conhecimento do evento os entusiasmem e possam vir em futura realização.

O meu abraço
Hélder Sousa
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Março de 2012 > Guiné 63/74 – P9565: Convívios (319): Pessoal da CART 3567 (Mansabá, 1972/74), Penafiel, dia 24 de Março de 2012