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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18592: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXX: As minhas estadias por Bissau (ii): setembro, depois de chegar a 21, vindo de avião


Foto nº 9 > Bissau > Setembro de 1967 > O Biafra, a "morança" dos oficiais. Quatel general (QG), em Santa Luzia.


Foto nº 14 >  Bissau > Setembro de 1967 >Vista geral da piscina do Clube de Oficiais do Quartel General, em Santa Luzia




Foto nº  21 > Bissau, setembro de 1967 > Piscina vazia no Clube de Oficiais




Foto nº 15 > Bissau, finais de setembro de 1967 > Na piscina do Clube de Oficiais do QG de Santa Luzia. Deve ter sido o primeiro banho ou duche em terras do CTIG.




F22 –  Bissau > Setembro de 1967 >Na piscina do Clube de Oficiais, com um empregado (trabalhador) local. 




Foto nº 18 >  Bissau > Setembro de 1967 > No Bar do Clube militar de oficiais do QG, em Santa Luzia, com um camarada de ocasião que não conhecia, é um cabo,  talvez trabalhando na messe, conversando sobre qualquer coisa.



Foto nº 16 >   Bissau > Fins de Setembro de 1967 >– Numa rua da Baixa, pobre, suja, velha, a cidade velha, penso ser na zona comercial, onde se localizava a Casa Pintosinho e a Taufik Saad e outras. Penso que estou metido num grupo de amigos, e alguém tirou a foto, acho que estou de camisa branca.



Foto nº 17 > Bissau > Fins de Setembro de 1967 > Numa rua da capital, numa zona menos central, mais para junto da marginal e do porto, ainda ando vestido com a primeira farda que vesti, a farda número dois. 



Foto nº 17 A > Bissau > Fins de Setembro de 1967 >   Rua: detalhe



Foto nº 20 > Bissau > Setembro de 1967 > – Vista interior da Igreja e Catedral de Bissau. Fui lá algumas vezes. [Ou não será antes a capela do Hospital Militar, HM 241 ?]



Foto nº 10 A > Monumento e estátua de Mouzinho de Albuquerque. Ficava localizada no QG da Amura, onde se faziam as reuniões dos Comandos Chefes [QG/CTIG]


Foto nº 10 > Bisssau, setembro de 1967 > Monumento e estátua de Mouzinho de Albuquerque. Ficava localizada no QG da Amura, onde se faziam as reuniões dos Comandos Chefes [QG/CTIG]


Guiné > Bissau > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já meia centena de referências no nosso blogue:
Mensagem de 24 de abril último:


Caro Luís,

Conforme te disse ontem, tenho pronta outra reportagem sobre o Tema - As minhas estadias em Bissau - Parte I.

É um ficheiro com 79 fotos, variadas e algumas de algum interesse, mostrar Bissau a muita gente que nunca conheceu.

Eu tenho de ir agrupando por temas, embora muitas fotos estejam noutros temas e são em Bissau também, como é o caso das reportagens de Tomaz e Caetano e outras, como o render da guarda do governador, etc.

Depois como tenho tantas, sem temas específicos, vou juntando num ficheiro, talvez com um numero exagerado, mas só se aproveita as que interessam. Para mim, eu vou fazendo o meu arquivo definitivo, e vou arrumando assim as coisas, senão perco-me.

As fotos estão numeradas, não estão por ordem cronológica, apenas por mês e anos (67, 68, 69). e em cada uma tem o seu número e um resumo de que se trata, a data, quer seja o dia, o mês ou apenas o ano, conforme aquilo que sei.

Depois temos o relatório da Legendagem (...)

  Virgilio Teixeira

24-04-2018

2. Gniné 1967/69 - Álbum de Temas: T031 – Bissau - Parte 1 > (ii) Setembro de 1967 > > Legendagem


F09 – Bissaut, setembro 1967. Este é o pavilhão e dormitório dos oficiais, localizado no clube de oficiais de Santa Luzia no Q.G. Para quem não conheceu esta zona, trata-se de um barracão de madeira, pré-fabricado, com dezenas de camas de ferro e algumas redes mosquiteiro. Era um espaço muito fraco, e servia para alojar todos os oficiais milicianos que chegavam de (ou partiam para)  a metrópole, ou passavam férias em Bissau ou em Consulta Externa e tratamentos no HM 241, ou para tratar de assuntos da sua unidade, que era o meu caso. 

Tinha fracas condições de tudo, por isso lhe chamavam ‘O Biafra’,  com referência à guerra do Biafra (no Katanga – Congo Belga) que se vivia naquela altura de 67. Ficava no melhor local de Bissau, no Clube com o mesmo nome, com bar, sala de refeições, amplos jardins e piscina bem tratados, mas,  apesar disso,  das muitas vezes que frequentei Bissau, não ficava lá sempre, algumas vezes ou ficava no Pilão.  nas tabancas, ou no Grande Hotel, só que este era caro e tinha de pagar. 

O Biafra foi o meu primeiro alojamento no dia em que cheguei à Guiné, em 21 de setembro de 1967. A foto é uns dias depois de já ter adquirido a máquina fotográfica, e depois de ir a Nova Lamego e voltar uns dias depois. 

F10 – Monumento e estátua de Mouzinho de Albuquerque. Ficava localizada no QG da Amura, onde se faziam as reuniões dos Comandos Chefes sobre a situação e operações na Guiné. Depois de deixarmos aquilo após o 25 de Abril de 74 deitaram abaixo a estátua e colocaram lá outra dos chefes dos movimentos do PAIGC.

F14 – Vista geral da piscina no Clube de Oficiais do QG de Santa Luzia. Possivelmente deve ter sido uma das fotos do primeiro rolo da minha máquina fotográfica, que comprei na famosa Casa Pintosinho a prestações, como tantas outras coisas, e comecei logo ainda antes do final de Setembro a iniciar a arte de fotografar, aprendendo, mas longe de pensar a sério na fotografia, pois poderia ter feito muito melhor. 

Após chegar ao CTIG em 21 de setembro de 1967, fui para Nova Lamego passados dois dias. Depois, em finais do mesmo mês,  voltei a Bissau para tratar dos meus assuntos na «CC» - Chefia de Contabilidade, que ficava mesmo perto da piscina do Clube, e por isso muitas vezes ali estive pela proximidade dos locais. Bissau, fins de Setembro de 67.

F15 – Na piscina do Clube de Oficiais do QG de Santa Luzia. Deve ter sido o primeiro banho ou duche em terras do CTIG. Bissau, fins de Set 67.

F16 – Numa rua de Bissau, pobre, suja, velha, a cidade velha, penso ser na zona comercial, onde se localizava a Casa Pintosinho e a Taufik Saad e outras. Penso que estou metido num grupo de amigos, e alguém tirou a foto, acho que estou de camisa branca. Bissau, fins Set 67.

F17 – Numa rua da capital numa zona menos central, mais para junto da marginal e do porto, ainda ando vestido com a primeira farda que vesti, a farda número um. Bissau finais de Set67.

F18 – No Bar do Clube militar de oficiais do QG, em Santa Luzia, com um camarada de ocasião que não conhecia, é um cabo talvez trabalhando na messe, conversando sobre qualquer coisa. Bissau, Set 67.

F20 – Vista interior da Igreja e Catedral de Bissau. Fui lá algumas vezes. Bissau, Set 67.

F21 – Piscina do Clube de oficiais do QG Santa Luzia. Vazia sem água. Bissau, Set67.

F22 – Na piscina do Clube de oficiais, com um empregado (trabalhador) local. Bissau Set67.

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Nota do editor:

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17868: O nosso livro de visitas (195): José Claudino da Silva, ex-1º cabo condutor auto, 3ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74, autor do livro de ficção "Desertor 6520" (Lisboa, Chiado Editora, 2016, 418 pp.)


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CCAÇ / BART 6520/72 (1972/74) > O 1º cabo condutor auto José Claudino da Silva, junto a um memorial de uma companhia que passou por ali em 1966/68. (Tudo indica que seja a CCAÇ 1624 que, segundo a ficha da unidade,  esteve em Fulacunda, Catió, Fulacunda, Bolama, Mejo, Porto Gole, Fulacunda, entre novembro de 1966 e agosto de 1968: vd. verso do memorial, na foto a seguir, de 2015).

Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 24 de outubro de 2015 >  O que resta do memorial da CCAÇ 1624 / BART 1896, assinalando a morte de dois militares portugueses: sold nº 17765, Saliu Djassi, natural de Fulacunda,  morto em combate, em 13/1/67, sepultado em Bissau; e sold nº 9028766, Guilherme [Alberto] Moreira, natural de Mirandela, morto em combate, em 21/1/68, sepultado em Milhais, Mirandela.... Ambos pertenciam *a CCAÇ 1624.

Sobre o sítio escreveu a nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo, turista acidental que passou por aqui a caminho de Bafatá: " (...) Fulacunda, local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou, as crianças quase não existem e... os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos"...

Foto (e legenda): © Adelaide Barata Carrêlo (2016), Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. M
ensagem de José Claudino da Silva com data de 3 do corrente:

Sou o ex-combatente, 1º cabo condutor, José Claudino da Silva.

Em 2016 publiquei um romance de ficção, com partes reais da Guerra Colonial. Em homenagem ao meu Batalhão dei-lhe o titulo "DESERTOR 6520" [Lisboa, Chiado Editora, 2016, 418 pp.].

Durante os cerca de dois anos que permaneci em Fulacunda, escrevi todos os dias. Penso ter em meu poder cerca de meio milhão de palavras escritas à minha namorada, que se transformou em minha esposa e que guardamos até hoje.

Após 45 anos, decidi reler o que escrevi e honestamente, parece-me que a minha guerra, não teve nada a ver com as variadíssimas histórias de guerra, que li escritas por camaradas nossos.

Não quero publicar a minha visão da guerra aos 22/ 23/24 anos, sem ter o aval de alguém,  como o senhor,  que penso ser das pessoas mais esclarecidas pelas publicações que tenho lido. Por isso o meu apelo, é se estaria disposto a dar-me a sua opinião,  mesmo antes das correcções que terei de fazer no texto a publicar.

Nesse sentido,  se concordar, enviarei o texto original para este mail,  informo que terá cerca de 30.000 palavras.

Um abraço. José Claudino da Silva


2. Resposta do nosso editor, na volta do correiro:

Camarada, teremos muito gosto em ler o teu manuscrito e dar-te a nossa opinião de amigos e camaradas mas também de críticos literários...

Conta com a nossa boa vontade, colaboração ativa e sigilo... Poderás, depois, se assim o entenderes, publicar alguns excertos no nosso blogue...Ficas desde já convidado para integrar a nossa Tabanca Grande: somos já 755 camaradas e amigos da Guiné...

Uma dúvida... És do BART 6520/72 ou do BART 6520/73 ?

Um abraço do Luís Graça

3. O José Claudino mandou-me 2 textos para apreciação, a título confidencial, do seu manuscrito, correspondente a dois pequenos capítulos: 40º. 16 horas no mato;  44º. O Fnado. E respondeu aos meus pedidos de esclarecimento, em mensagem de 4 do corrente:

Obrigado pelo vossa resposta.

Envio dois capítulos para terem uma ideia do meu estilo de escrita. O que está entre aspas, foi o que escrevi na Guiné há 45 anos Em breve enviarei o texto completo.

Pertenci ao BART 6520/72 (que tinha a CCS em Tite, a 1ª Cart em Jabaadá; e 2ª Cart em Nova Sintra. e nós, 3ª Cart,  em Fulacunda entre 1972/74).

A companhia que fomos render foi a CART 2772,  conhecida como "Os Capicuas".

Terei gosto em colaborar no blogue.

Retribuo o abraço,  José Claudino


4. Resposta do editor, no mesmo dia:

José, pela amostra, temos escrita e escritor, tens garra, o que escreves e escreveste tem interesse documental... Falas sobre ti e a nossa geração, sacrificada e desprezada... Depois dirás o que publicar (ou não) no blogue... A tua ideia é publicar em livro ? É isso ? E,  se sim, já tens contactos com editoras ?

Acho que não vale a pena hoje fazer "autocensura"... Sei que há temas delicados, como a nossa sexualidade (, porra, tínhamos 21/22 anos, e as esposas ou as namoradas ficaram longe, a milhares de quilómetros!)... Por outro lado, há questões sobre as quais estávamos mal informados: caso da Mutilação Genital Feminina, a poligamia, o casamento, as diferenças étnicas e linguísticas... Atenção, o "fanado" é mais antigo que o Islão e a islamização...

Acho intelectualmenet honesto, da tua parte, discriminares os textos de há 45 anos e os textos de hoje... Quanto às fotos, deves legendá-las e atribuir-lhes os respetivos créditos autorais (no caso de não serem tuas)...

Diz-me onde moras... tens aqui o meu nº de telemóvel (...) 

Um Alfabravo (ABraço)... Luís Graça

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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17867: (Ex)citações (324): os memoriais de Buruntuma (CART 1742, 1967/69) e Ponte Caium (3º Gr Comb, CCAÇ 3546, Piche, 1972/74): Abel Santos, António Rosinha, Carlos Alexandre e Valdemar Queiroz



Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CART 1742, "Os Panteras" (1967/69) > Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > Memorial, sob a forma de lua em quarto crescente, desenhado por João Fernando Lemos dos Santos, ex-Soldado Condutor Auto> "Que os vivos mereçam os nossos mortos"... Ao fundo, à esquerda a capelinha, cujo desenho é da  autoria do José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67) (*)

Foto (e legenda): © Abel Santos (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Gabú > Piche > Destacamento de Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 1973: monumento construído pelo pessoal destacado na ponte, do 3º Gr Comb, localizado no tabuleiro da ponte, no lado esquerdo, no sentido Piche-Buruntuma. O desenho é da autoria de Carlos Alexandre e, originalmente, tinha a forma de lua em quarto minguante.

Na foto, vê-se em primeiro plano, sentado na base do monumento, o Teixeira, de barbas; em segundo plano, e da esquerda para a direita, o Florimundo Rocha (condutor, natural da Praia da Rocha, Portimão); o Carlos Alexandre (radiotelefonista, natural de Peniche, que estava e está ligado à construção naval, com a profissão de carpinteiro naval), do qual só se vê a cara; e o Manuel da Conceição Sobral (natural de Cercal do Alentejo, Santiago do Cacém, ajudante de padeiro do Jacinto Cristina no destacamento). Ao lado do Rocha, à sua esquerda, vê-se o pequeno oratório tendo, na sua base, inscrita a legenda "Nem só de pão vive o homem"...

Foto (e legenda): © Carlos Alexandre (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. 



Guiné-Bissau > Região de Gabú  > Ponte Caium > Abril de 2010 > Monumento de homenagem aos bravos de Caium, os mortos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold Ap Can [Apontador de Canhão s/r ] Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste, Guiné, 72/74".

É espantoso como, 37 anos depois, o nosso camarada Eduardo Campos, ao passar por lá, tenha conseguido captar esta imagem do memorial ainda quase intacto (falta-lhe a cruz que o encimava) e em razoável estado de conservação... Noutros sítios, estes monumentos funerários deixados pelas tropa portuguesa foram vandalizados ou destruídos (pela ação humana, incúria, inclemência do tempo, etc.).

O memorial da Ponte Caium é mais recente (1973) do que o de Buruntuma, da CART 1742 (1967/69). À primeira vista, parece haver  algumas semelhanças na forma e elementos decorativos (a meia lua, o sol...) dos dois monumentos. Não sabemos se o Carlos Alexandre, que desenhou o monumento da ponte de Caium,  conhecia o de Buruntuma, de visita ou de fotografia. É um pormenor um dia a esclarecer por ele. O de Buruntuma é seguramente mais antigo, são quatro anos de diferença.

Em tempos o Carlos Alexandre deu-nos a seguinte a informação sobre o desenho e a construção do memorial: 

 "O monumento foi desenhado e realizado com a participação de quase todo o grupo [,3º  Gr Comb, da CCç 3546, sediada em Piche] e todo ele foi construído com areia, cimento e ferro. Foi desenhado e recortado no chão, forrado a papel para não colar e cheio de cimento, ferro e pedras. Ao ser levado para o sítio onde ainda hoje está, partiu-se a ponta que fazia o seguimento da meia lua. Como não podia ser reparado, optamos por fazer uma pequena escadaria e uma cruz." (**)

Foto (e legenda): © Eduardo Campos (2010) .Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Guiné > Zona Leste > Região de Gabú > Setor de Piche > Carta de Piche > Localização (assinalada a amarelo) da Ponte do Rio Caium, na estrada Piche (a sudoeste)-Buruntuma (a nordeste, junto à fronteira com a Guiné-Conacri), sensivelmente a meio entre as duas localidades. O Rio Caium corre para sul, sendo um afluente do Rio Coli (que separa os dois países, num largo troço da fronteira leste).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)

1. Comentários ao poste P17862 (***)

(i) Abel Santos:

O memorial da Ponte Caium terá sido a peça "mais artística" que nós deixámos na Guiné, de homenagem aos nossos mortos ?

Há uma mais acima da Ponte Caium, em Buruntuma, que é uma peça arquitectónica que pede meças com qualquer outra deixada por nós na Guiné Portuguesa.

(ii) António Rosinha:

Já se passaram vários anos, palmilhei de jipe, pelo menos duas vezes, aquele percurso desértico da Ponde Caium até Buruntuma [, na fronteira,]  e lembro-me que os restos das instalações lá continuavam e não estavam totalmente abandonadas.

Tenho ideia que nalguma das instalações ou ao redor delas, fazia-se a feira à maneira dos muçulmanos...tabaco, limões, mancarra, óleo, etc.

Corri aquilo tudo numa altura em que não era nadinha simpático, aos olhos de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira, andar de máquina a tiracolo,  de maneira que tudo o que guardo, é de memória.

No meio daquela tristeza de terras e gente semi-abandonadas, por volta de 1991/92/93, até davam nas vistas aqueles restos de instalações junto à fronteira, mas não me lembro que o que restava, chamasse tanto atenção como a ponte de Caium.


(iii) Valdemar Queiroz:

Só de ouvir falar, neste caso de ler, sobre a Ponte Caium me arrepio todo. Vejam as várias fotos publicadas no nosso blogue. É de arrepiar.

Um quartel, ou um destacamento edificado em cima de uma ponte não lembra ao diabo. O meu Pelotão, agora não me lembro quando e porquê, foi ao destacamento da Ponte Caium, talvez levar mantimentos e munições.

Julgo que seriam mais ou menos 40 homens dentro duns pequenos casebres de bidões com brita nos lados laterais da Ponte e em todo o seu comprimento. Quase todos em tronco nu, com um olhar turvo, magros e com cara e corpo de cor amarelada. Quase todos tinham este aspecto. Fiquei muito impressionado e nunca mais me vou esquecer.

Este memorial é duma grande nota artística e felizmente que ainda permanece em pé e de boa saúde. Valha-nos isso, todos aqueles homens que estiveram destacados na Ponte Caium bem o merecem. (****)

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16049: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (8): A bonita e original capelinha de Buruntuma, de estética modernista (José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67)


domingo, 15 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17862: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (52): Das pequenas recordações dos vários quartéis a mais artística que ficou lá a "apodrecer", foi o memorial na ponte de Caium


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte Caium > Abril de 2010 > Dois monumentos de homenagem aos bravos de Caium, constituídos por: (i) Memorial aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold Ap Can [Apontador de Canhão s/r ]Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste. Guiné- 72/74"; (ii) Pequeno oratório com a legenda "Nem só de pão vive o homem. Guiné, 1972-1974". A foto é do Eduardo Campos que por lá passou em Abril de 2010.

Na altura (em novembro de 2010), escrevemos  o seguinte:

 "É espantoso como, 37 anos depois, o memorial p.d. esteja ainda quase intacto (falta-lhe a cruz que o encimava) e em razoável estado de conservação... Noutros sítios, estes monumentos deixados pelas tropa portuguesa foram vandalizados ou pura e simplesmente destruídos. Hoje, pelo contrário, há uma tentativa para os recuperar. Estamos no nordeste, em pleno chão fula, próximo da fronteira com a Guiné-Conacri, a meio caminho entre Piche e Buruntuma".

Foto: © Eduardo Campos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário de Antº Rosinha (*), a propósito do memorial aos mortos da CART 1525 (Bissorá, 1966/67), entretanto "canibalizado" em data recente (enter 2011 e 2017):

[António Rosinha, foto à esquerda, Angola, 1961

(i) beirão, tem acaba mais de 100 referência no nosso blogue, 

(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como autor e comentador;

(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;

(iv) fez o serviço militar em Angola, foi fur mil, em 1961/62;

(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário';;

(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';

(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;

(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';

(ix) pelo seu bom senso, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 0chamar os bois pelos cornos';

(x) Ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ] (**)


Tenho que emitir a opinião daquilo que vi e senti e pressenti sobre o assunto.

Ou seja, porque ficou mais ou menos tudo intocado e abandonado, ou aproveitado para qualquer utilidade das poucas coisas que restaram da presença das tropas que foram da metrópole para as ex-colónias?

Não sei se sabem que todos os quarteis de Bissau foram aproveitados na integra, e com os mesmos nomes:Artilharia, Força Aérea, Engenharia, etc,

Em Gabu, Catió, Cufar e noutros lugares ou para quarteis ou para armazens ou para moranças, fez-s algum aproveitamento, deixando tudo intocado até o pau da bandeira foi aproveitado.

Apenas as estátuas foram derrubadas, e porque foi Luís Cabral a ordenar, caso contrário ainda hoje estariam lá com capim à volta e criar musgo e verdete.

Para mim, reacionário, quase tanto como muitos velhos régulos que foram fuzilados, a apatia e o negativismo e a decepção que aquela "vitória" do PAIGC trouxe à Guiné foi tão grande, que toda a gente ficou anos e anos de braços caídos sem energia para fazer qualquer coisa daquelas lembranças coloniais, ou ao menos faze-las desaparecer de vez.

Até porque para fazer qualquer coisa monumental ou não, era preciso "patacon" e para isso os suecos, os soviéticos e cubanos, ou mesmo alguns kamaradas lusos, para essas coisas não havia peditório.

A muito custo lá foram as estátuas para o forte de Cacheu, talvez alguem da velha metrópole terá aguentado os custos.

Em Luanda porque havia dinheiro, foi destruir e fazer à maneira do MPLA, não à vontade dos angolanos ou de outros partidos.

Das pequenas recordações dos vários quarteis a mais artística que ficou lá a "apodrecer", foi o memorial na ponte de Caium, que já mis que uma vez apareceu em foto neste blog. (***=
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17856: (De) Caras (98): os três antigos bravos comandantes de pelotão da Companhia de Milícias nº 17, de apelido Camará, o Quebá, o Sitafá e o Bacai, recordados no memorial aos mortos da CART 1525, Bissorã, 1966/67 (Rogério Freire / Adrião Mateus)

(**) Último poste da série > 17 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17056: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (51): Pelo mundo, ninguém aprecia os nossos Generais, só os nossos Santos... (A propósito do bisavô materno do escritor e nosso camarada Antónioo Lobo Antunes, o gen José Joaquim Machado, 1847-1925)

(***) Vd. poste de  1 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7203: Memória dos lugares (108): A Ponte Caium e o monumento, construído por nós, e dedicado aos nossos mortos: Cardoso, Torrão, Gonçalves, Fernandes, Santos, Silva (Carlos Alexandre, radiotelefonista, natural de Peniche, 3º Gr Comb, CCAÇ 3546, 1972/74)

Vd. também  postes de:

3 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9438: Memória dos lugares (173): Ponte Caium e o seu monumento, em ruínas (Pepito / Magalhães Ribeiro)

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17856: (De) Caras (96): os três antigos bravos comandantes de pelotão da Companhia de Milícias nº 17, de apelido Camará, o Quebá, o Sitafá e o Bacai, recordados no memorial aos mortos da CART 1525, Bissorã, 1966/67 (Rogério Freire / Adrião Mateus)


Foto nº 1 B


Foto nº 1 A



Foto nº 1 

Guiné > Região do Óio > Bissorã > CART 1525 > Galeria de Fotos >   "Os três Comandantes dos Pelotões de Milícia de Bissorã: Bacai Camará,  alferes de 2ª Linha Quebá Camará e Sitafá Camará  [, junto a armamento capturado ao inimigo em 3 de fevereiro de 1967 em Conjogude]


Foto (e legenda) : © Adrião Mateus  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].(Cortesia do sítio da CART 1525 > Galeria de Fotos, de que é administrador o nosso grã-tabanqueiro Rogério Freire)



1. Comentário do nosso camarada Rogério Freire (ex-alf mil, MA, CART 1525, "Os Falcõe", Bissorã, 1966/67) ao poste P17853 (*):

(...) O Quebá e o Citafá Camará eram comandantes de pelotão da milícia. Eram irmãos e ambos foram promovidos a alferes [de 2ª linha] durante a nossa Comissão. O Quebá veio com um prémio a Portugal.

O Quebá foi ferido com gravidade em combate por duas vezes durante a nossa comissão: a primeira em 5 de dezembro de 1966 na Operação Bissilão, ao Biambi; e e na segunda vez em 9 de junho de 1967 na Operação Bizarma, ao Tiligi.

Foram dois heróis a quem entregávamos as nossas vidas quando íamos para o mato ...e foram muitos milhares de portugueses que, ao longo do tempo em que eles estiveram ao serviço das NT, a eles se entregavam durante a noite pelas bolanhas fora a caminho do objetivo.

Triste ... Triste mesmo é que eu li no Diário de Notícias uns meses depois da saída das NT da Guiné (1974 ou 1975) que, tanto o Quebá como o Citafá, tinham sido fuzilados pelo PAIGC ... abandonados à sua sorte pela forma infeliz com que a descolonização foi efectuada.

Caro amigo ... sugiro uma visita ao nosso Historial (não sei se haverá outros documentos tão completos disponíveis na Internet) publicado no nosso site em www.cart1525.com. Lá encontrarás muita informação. Páginas 109/110 nº 4 - Valorização das Forças Nativas.

Quanto ao [José] Ramos ...

Pág. 35/36 do Historial: 7. Operação FURÃO II, QUERÉ, 21MAI66

RESULTADOS 
Memorial da CART 1525,
em Bissorã (*)

- Foram feitos 10 mortos confirmados ao IN, entre os quais se conta um natural de São Tomé, José Ramos, responsável pela base de BANCOLENE, o qual foi trazido para Bissorã. (...) (**)

2. Informação adicional que encontramos na legenda da foto nº 0015, do Adrião Mateus (ex-fur mil mec auto), publicada em CART 1525 > Galeria de Fotos:


(...) "Os 3 Comandantes dos Pelotões de Milícia de Bissorã: Bacai Camará,  alferes de 2ª Linha Quebá Camará e Sitafá Camará.

"Os dois últimos foram premiados com o prémio 'Governador da Guiné' por terem prestado serviços de extraordinária valia às nossas tropas, com exceptional valor e coragem com brilhantes actuações em combate, reveladores da sua alta determinação e patriotismo. Foram condecorados e vieram a Portugal em inícios de 1968 conhecer a capital da que consideravam a sua Pátria.

"Depois do 25 de Abril estes valorosos militares portugueses que consideravam Portugal a sua Pátria foram abandonados pelo governo português e foram assassinados pelas tropas do PAIGC, durante a governação do Presidente da Guiné Bissau Luís Cabral, sem qualquer julgamento ou meio de defesa, perante um pelotão de fuzilamento Cremos que os seus restos mortais foram depositados numa vala comum em Mansoa". (..)


3. Excerto do Historial da CART 1525, pág. 109/110 (com a devia vénia):

(...) VALORIZAÇÃO DAS FORÇAS  NATIVAS

(...) Aquando da nossa chegada a esta vila, viemos encontrar dois pelotões da Companhia de Milícia nº 17 e uma Companhia de Polícia Administrativa, constituída a 4 pelotões. A actividade destas forças era bem diversa e, assim, enquanto que a Milícia era empenhada em operações, encabeçando as colunas, à Polícia Administrativa era atribuído um papel secundário, saindo para o mato apenas integrada em colunas-auto, para colaborar nas picagens de estrada.

Dependia a Milícia da CCAÇ 1419, para todos os efeitos, ao passo que a Polícia Administrativa, como o nome indica, disciplinar e administrativamente estava subordinada à Administração, podendo contudo dispor-se dela operacionalmente, sempre que as circunstâncias o exigissem. Assim, desde a chegada da nossa CART até cerca do 10º mês de comissão, altura em que a CCAÇ  1419 foi para Mansabá, apenas podia haver um conhecimento relativo da verdadeira situação dessas forças nativas e das dificuldades ou problemas que poderiam ter.

Passou então o comando militar de Bissorã para a CART 1525 e, consequentemente, a dependência das referidas forças. A constituição das mesmas não foi alterada, não só por que vinha do antecedente, mas também porque, salvo algumas e poucas excepções, se provou que estava correcta. A Milícia continuou assim com Quebá Camará, no comando do pelotão nº 157 e Bacai Camará comandando o nº 158, estando a cargo de Citafá Camará e Landim Camará as funções de guias e informadores da NT.

(...) Mas, à medida que o tempo foi decorrendo, começaram a surgir outros problemas, da mais variada ordem. Estes, uma vez apresentados ao Comandante da CART 1525, mereceram sempre a melhor atenção e respeito, tentando dar-lhe a devida solução, dentro das suas possibilidades.

Os guias Citafá Camará e Landim Camará acusavam o peso dos anos e não podiam manter o mesmo ritmo em que até aí tinham sido utilizados e a Milícia, a começar nos seus comandantes, não tinha ainda visto premiado o seu valor, quer individual, quer colectivamente.

As numerosas operações que se seguiram reforçaram mais profundamente, no Comandante da CART [1525], o real mérito que as forças nativas possuíam e do qual já se tinha algum conhecimento. Com base nos relatórios dessas operaçõe surgiram as primeiras citações e o primeiro objectivo foi conseguido,  a promoção a alferes de 2ª linha de Quebá Camará e de Citafá Camará, na realidade, dentre todos, os mais merecedores, por tantos e tão relevantes serviços prestados. 

Estas duas promoções, que há muito haviam sido prometidas, mas sem que efectivamente se concretizassem, causaram natural júbilo, não só aos galardoados, mas também aos seus subordinados e à maioria da população nativa que muito os estima. 

Posteriormente foi ainda proposto, também para ser promovido a alferes de 2ª linha, o outro comandante de pelotão de Milícia, Bacai Camará. Seguiram-se propostas de Cruzes de Guerra para dois comandantes de secção de Milícia, Bacar Camará e Bajeba Jana e para o comandante de pelotão de Polícia Administrativa, Pedro Sambajuma. A culminar foram ainda propostas para o Prémio do Governador da Guiné,  deslocação à Metrópole os já referidos Quebá Camará e Citafá Camará.

 (...) Não foram, contudo, descurados outros problemas que se nos apresentavam, pelo que surgiram bastantes oportunidades de se ajudarem os elementos das forças nativas, conseguindo-se coberturas de zinco para as casas de alguns deles, emprestando-lhes dinheiro e arranjando-lhes alguns géneros alimentícios, nas alturas mais difíceis. Os processos para a concessão de subsídios aos feridos e incapacitados seguiram o seu curso normal, aguardando apenas o deferimento superior e aos mortos a nossa homenagem foi prestada com a inscrição do seu nome no monumento de reconhecimento a Bissorã, por nós erigido.

Quando se abandonou Bissorã e para mostrar o nosso incontestável reconhecimento e apreço pelas forças da Milícia local, foi por nós elaborada [uma] proposta de louvor que, mais tarde, veio a ser considerada pelos Comandos Superiores" (...)
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(**)  Último poste da série > 15 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17770: (De) Caras (97): O AVC na primeira pessoa e o processo de recuperação e reintegração (José Saúde)

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17853: Fotos à procura de... uma legenda (93): O monumento aos mortos em combate, erigido em Bissorã pela CART 1525, "Os Falcões"... Metamorfoses: 1966, 2011 e 2017




Foto nº 1 > Guiné > Região do Óio > Bissorã > CART 1525 (1966/68) > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate. Inaugurado no dia 26 de fevereiro de 1967, data do 1º aniversário da chegada da CART 1525 a Bissorã. Trabalho de autoria e execução, da parte de escultura, do 1º cabo radiotelegrafista José Hilário da Silva Portela, com a colaboração de outros militares da Companhia. Foto de Adrião Mateus, ex-fur mil da CART 1525."

Foto (e legenda):  página da  CART 1525 > Galeria de Fotos [com a devida vénia...] [editada pelo Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné]



Foto nº 2  >  Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate, pela CART  1525 (Bissorã, 1966/68)



Foto nº 3  > Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate, pela CART 1525 (Bissorã, 1966/68)


Foto nº 3A

Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > 2011 >  O mesmo monumento, 44 anos depois... Foto tirada pelo José Gomes, da ONG Ajuda Amiga, na sua visita à Guiné-Bissau em fevereiro de 2011.

Legenda: "Homenagem aos que tombaram: Furriel [Armindo Vieira] Veloso;  1º Cabo [Acácio P. ] Rafael; 1º Cabo [José A. da S. ] Craveiro;  Pol Adm [Polícia Administrativa]  Paulo Gomes; Milícia Aia Mané; Milícia "Chico" [Mamadu] Seidi ; Mílicia Braima Duca [?]; Milícia Seni Camará."

Foto (e legenda):  página da  CART 1525 > Galeria de Fotos [com a devida vénia...][com a devida vénia...] [editada pelo Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 


Foto nº 4A


Foto nº 4B


Foto nº 4C

Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > 2017 > 3 de abril de 2017 > "O colega Vitorino e um elemento da Administração local, junto a memorial que recorda a presença por aquelas paragens da Companhia de Artilharia 1525 (CART 1525)" (*)

Na lápide, parcialmente tapada, pode ler-se: "Homenagen aos guineenses Queba Camará, Citafá [ou Santifá ?] Camará, Bacai [?] Camará, que combateram do lado exército português por uma Guiné portuguesa; ao cabo-verdiano do PAIGC [?] Ramos, morto em combate pela [...]"

Foto (e legenda): © A. Acílio Azevedo (20017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  É apropriado falar de "metamorfoses" a propósito deste monumento que, passados estes anos todos, ainda lá está, "de pedra e cal", embora quase engolido pelas moranças que cresceram como cogumelos... 

Foi erigido em 26/2/1966 pela malta da CART 1525, em reconhecimento à vila de Bissorã e em homenagem aos mortos da companhia e subunidades adidas (Foto nº 1) Tinha a forma de uma pirâmide, encimada pelo brasão dos "Falcões" e da sua divisão "Mais Forte, Mais Alto"...
Tinha uma bela envolvente exterior, situando-se, como se presume, dentro do perímetro do quartel. Em 2011, com a expansão da povoação, o monumento ficou "emparedado"... E a sua cor original desapareceu...

Em 2017, aparece com um outro aspeto exterior: alguém o pintou com as cores (vermelho, verde e amarelo) da bandeira da Guiné-Bissau e acrescentou-lhe uma "lápide", que nos parece ser de mármore  (Foto nº 4).

2. Pode-se falar de "canibalização" ou de simples reaproveitamento do monumento ? Terá sido uma iniciativa da adminstração local, homenageando (i) 3 antigos combatentes, muito provavelmene naturais do concelho de Bissorã, que morreram sob a bandeira do exército português;  e, ao mesmo tempo, o que não é normal, (ii) um combatente cabo-verdiano do PAIGC, de apelido Ramos, igualmente morto em combate ?...

Quem seria este Ramos, e qual a sua ligação a Bissorã ?  E quem foram exatamente estes combatentes do exército português, guineenses, de apelido Camará ? No caso do combatente do PAIGC, não nos ocorre à memória nenhum dirigente ou militante conhecido, de apelido Ramos, para além dos irmãos Domingos e Pedro Ramos, mas esses não eram cabo-verdianos, tanto quanto sei...

Talvez algum dos nossos leitores nos possa ajudar a completar a legenda... (**)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17844: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (7): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (continuação) (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17623: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XIII: Quarenta nos depois, continuavam a reunir-se e a homenagear os seus mortos...



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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943). 

Faria depois da Escola de Sargentos de Águeda, tal como o futuro cap SGE e escritor Manuel Ferreira (1917-1992), mobilizado como furriel miliciano pelo RI 7 (Leiria) (esteve no Mindelo entre 1941 e 1946). 

Promovido a alferes, o José Rebelo comandou a GNR em Tavira, até 1968. Colaborava com regularidade, no jornal "Povo Algarvio", onde o nosso camarada Manuel Amaro o conheceu, pessoalmente. Em 1969, já capitão, foi o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa.

É  muito provável que já não esteja entre os vivos. De qualquer modo, é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão, cabendo-nos por isso honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluíram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.


[Foto, à esquerda, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]


2. A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

Recorde-se que se trata de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no semanário regional, "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira.

A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos nessa altura, tem 76 páginas, inumeradas. As páginas que publicamos hoje [cap XV],  não vêm numeradas no livro. [corresponderiam às pp pp. 52 a  57].

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

Quarenta anos do seu regresso, os expedicionários do Onze  conrtinuavam a reunir-se e a homenager os seus mortos. É um ritual universal, que aontece em todos os países, em todas as épocas, em todas as guerras... (LG)

PS - Nesta cerimónia, realizada em Setúbal, em 9 de abril de 1981,  esteve presente  o cor inf Luís Casanova Ferreira (1931-2015) que fez duas comissões no CTIG (1964/66 e 1970/74) e foi um dos capitães de Abril. Provavelmente na sua qualidade de antigo comandante do RI 11, tendo passado à reserva justamente nesse ano de 1981.

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