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terça-feira, 19 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1088: Pensamento do dia (7): Capitão do Exército Português: 'O filho da p... do Tenente traiu-me miseravelmente' (João Tunes)


Fonte: Água Lisa (6), blogue do João Tunes > 12 de Setembro de 2006 > Da história da guerra colonial (com a devida vénia...).

Na imagem, uma mensagem enviada por um Capitão do Exército Colonial para o seu Posto de Comando, durante a famosa “Operação Mar Verde” (*), dando conta da deserção de uma companhia de comandos africanos (1).



(*) – Invasão da Guiné-Conacry em Novembro de 1970, arquitectada e comandada por Alpoím Calvão, com o patrocínio de Marcelo Caetano, Spínola e PIDE. A operação destinava-se a liquidar Amílcar Cabral e toda a direcção do PAIGC, assassinar o Presidente Sekou Touré, substituir o governo da Guiné-Conacry por um “governo amigo dos colonialistas portugueses” e libertar os prisioneiros militares portugueses das cadeias do PAIGC. Só o último objectivo foi alcançado.

Nas “baixas do lado português”, contabiliza-se, além de alguns mortos e feridos, a deserção de uma companhia (1) de comandos coloniais-africanos (que seriam, posteriormente, todos liquidados) e a condenação veemente e barulhenta da comunidade internacional que isolou ainda mais o colonialismo português.

Até ao presente momento, o Estado Português ainda não pediu desculpas ou sequer reconheceu a realização desta invasão de um país estrangeiro e soberano. Também sobra como curiosidade misteriosa desta Operação o facto de os milhares de kalashnikov que armaram os invasores terem sido compradas pela PIDE à União Soviética através do comerciante de armas e cavaleiro tauromático Zoio.

A “Operação Mar Verde” está excelentemente descrita e analisada num livro do jornalista António Luís Marinho (de onde copiámos a mensagem na imagem).

João Tunes
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Nota de L.G.

(1) Julgo haver aqui um lapso do João: trata-se de um grupo de combate, comandado pelo tenente graduado Januário, e não propriamente de uma companhia inteira. A equipa Sierra era comandada pelo capitão-parquedista Lopes Morais, e tinha como missão a destruição dos Migs russos, estaccionados no aeroporto de Conacri.

Vd. entre outros os seguintes posts:

11 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIII: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

4 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXVII: Antologia (12): Op Mar Verde (Alpoím Galvão)

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P1010: Pensamento do dia (6): O único rio a sério, na nossa terra, é o Corubal (Amílcar Cabral) (Luís Graça)

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Rio Corubal > 2001 > Os rápidos de Cussilinta

Foto: © David J. Guimarães (2005)

Texto de Amílcar Cabral (com adaptações de L.G.):

Na Guiné, terra cortada por braços de mar, que nós chamamos rios, mas que no fundo não são rios:
(i) Farim só é rio para lá de Candjambari;
(ii) o Geba só é rio de Bambadinca para cima, e por vezes mesmo para lá de Bambadinca há água salgada;
(iii) Mansoa só é rio depois de Mansoa para cima, já a caminho de Sara, perto de Caroalo;
(iv) Buba, esse não é rio de lado nenhum, porque até chegarmos a terra seca, é só água salgada;
(v) Cumbidjâ, Tombali, são todos braços de mar, a não ser na parte superior com um bocadinho e água doce na época das chuvas, sobretudo o rio de Bedanda, que vem a Balana buscar água doce.
(vi) O único rio de facto a sério, na nossa terra, é o Corubal.

Esta é uma realidade muito importante para nós, porque se, por um lado, temos muitos portos para entrar na nossa terra, com barcos, por outro podem ver o perigo que isso representa para nós. Se a nossa terra fosse toda fechada, com as andanças todas em que estamos nesta luta, o tuga já estava desesperado porque os quartéis não tinham comida. Mas como eles têm barcos e a nossa gente não ataca bastante os barcos, eles podem usar os barcos de mar para levar comida e material aos seus quartéis do interior" (...)

Fonte: Extractos de: CABRAL, Amílcar - A arma da teoria: unidade e luta. Volume I. 2ª ed. Lisboa: Seara Nova. 1978. (Obras Escolhidas de Amílcar Cabral. Textos coordenados por Mário de Andrade). p. 135.

domingo, 16 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P962: Pensamento do dia (5): Português, sem dúvida(s) (Joaquim Mexia Alves)

Como diz o Joaquim Mexia Alves, no seu blogue, apresentando-se ele próprio à comunidade bloguista: (...) "Pai e Avô. Português sem dúvidas. Serviço militar cumprido e comprido".

Recorde-se que ele deambulou pela Guiné entre Dezembro de 1971 e Dezembro de 1973, tendo passado pela CART 3492 (Xitole), Pel Caç Nat 52 (Bambadinca) e CCAÇ 15 (Mansoa), como Alf Mil Op Especiais (1)... E que é hoje um conhecido empresário do sector do turismo (e do termalismo)...

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Nota de L.G.

(1) Vd. posts de

13 de Juho de 2006 > Guiné 63/74 - P958: 'Gajos das tropas africanas eram doidos' (Joaquim Mexia Alves, CART 3492, Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15)


11 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P952: Evocando o libanês Jamil Nasser, do Xitole (Joaquim Mexia Alves, 1971/73)

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P942: Pensamento do dia (4): De raiva vai tudo à frente (Paulo Raposo)

1. Pensemos no exemplo dos nossos putos que, no campeonato do mundo de futebol, souberam dar um bom exemplo do que é um grupo coeso e motivado para o sucesso. Não se esqueçam que, como disse um guru da liderança, "quando o trabalho do melhor líder fica feito, as pessoas dizem: Fomos nós que o fizemos"... Vamos lá continuar a blogar, a recordar, a rir, a cantar, a chorar... Por mim, vocês têm via verde... (LG)

2. Comentário do Paulo Raposo:

Se ninguém picar a nossa indolência, ninguém se mexe. Faltou neste jogo esse toque, tal como recebemos e reagimos com a Holanda. De raiva vai tudo à frente.

Um quebra-costelas do

Paulo

terça-feira, 4 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P937: Pensamento do dia (3): televisão em Missirá (Sousa de Castro)

"Não sabia que que para os lados de Missirá havia TV para ver o Sporting" (Sousa de Castro, comentando um excerto da última estória cabraliana) (1)

"(...) Natural de uma aldeia perdida na Serra da Estrela, foi ele,[o Casto], que, apresentado em Missirá, me pediu para ir ver na Televisão o Jogo do Sporting nessa noite, à tasca da Muda, ali à esquina...

"Filho do Sacristão, ou talvez do Padre, o Casto era Virgem, e de uma inocência absoluta"...

Comentário de L.G.:

O Jorge Cabral tinha duas preocupações com o seu pessoal, militar e civil: a segurança e o bem-estar...E para ele não havia impossíveis, como por exemplo instalar uma parabólica em Missirá... O exército nunca reconheceu devidamente o valor de oficiais milicianos como este.

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Nota de L.G.

(1) Vd. post anterior, de 4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto

Guiné 63/74 - P933: Pensamento do dia (2): as três tropas (José Neto)

O Zé Neto escreveu-me há dias a protestar, e com razão, por lhe mandar a correspondência para o SPM errado... Aproveitou para se queixar das mazelas do corpo e da alma. Ele tem sido um herói, resistindo estoicamnente à tentação do cigarro... Mas agora vem a factura: o organismo a libertar-se da nicotina, os sintomas da síndroma da abstinência, etc.

(...) "Continuas a usar o meu endereço inicial da Clix, o tal dos poucos megas, embora em tempo oportuno eu te tivesse pedido para mudar para este, ou seja, para js.neto@clix.pt".

Mas o bom humor vem felizmente ao de cima neste homem - o nosso veterano - com quem tive o privilégio, há dias, de falar, pelo telefone, permitindo-me conhecê-lo um pouco melhor.

Diz o Zé: "Agora que a poeira já assentou quero apenas dizer-te que fiz três comissões em África e sempre convivi com a dura realidade das três tropas, a saber: Tropa de Cheque (a FA e seus subsídios), Tropa de Chique (a Marinha e as suas vaidades) e a Tropa de Choque (os Zés da macaca). Tenho, nas minhas memórias, passagens de rir e chorar que vivi com essa gente. Pela minha parte não valem as cinco ou seis batidas no teclado que estou a gastar com eles.

"Já vai longa a birra.

"Um abração do
Zé Neto"

Comentário de L.G.:

Força, Zé!... Só não posso concordar contigo: tu és uma excelente contador de estórias. Fico à espera dessas cinco ou seis batidas de teclado...

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P928: Pensamento do dia (1): Cadetes, estamos na idade sexy (Paulo Raposo)


Mafra > Escola Prática de Infantaria (EPI) > 1968 > Cerimónia do Juramento de Bandeira > Desfile dos novos militares onde se integrava o Paulo Raposo, frente ao Convento de Mafra. Amanhã, 1 de Julho, eles voltam lá, para o Grande Encontro da 2ª Incorporação, de 10 de Abril de 1967, do Curso de Oficiais Milicianos da EPI...

Foto: © Paulo Raposo (2006)


É assim a vida:
aos 10 ser criança;
aos 20, selvagem;
aos 30, ou domado ou nunca;
aos 40, sábio;
aos 50, rico;
aos 60, ou bom ou nunca...

Julgo que já estamos na idade sexy, portanto...

Somos a geração de OURO.

Mas... será que nós estamos em condições de passar aquilo que nossos pais sofreram, calados, com o nosso afastamento?

Será que nossos filhos têm o espírito de sacrifio que nós tivemos?

Vai um abraço quebra-costelas para o pessoal todo.

Paulo Lage Raposo

PS - No próximo sábado, dia 1 de Julho, em Mafra, às 11h00 grande encontro de ex-cadetes da 2ª incorporação de 1967! (1)

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Nota de L.G.

(1) Vd. post de 7 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXII: Encontro do Curso de Oficiais Milicianos da EPI, 2ª Incorporação de 1967