Mostrar mensagens com a etiqueta turismo de saudade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta turismo de saudade. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12226: Crónicas das minhas viagens à Guiné-Bissau (José Martins Rodrigues) (3): A minha primeira viagem em 1998 - A descoberta da nova realidade

1. Terceiro episódio da série do nosso camarada José Martins Rodrigues (ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72), dedicada às suas viagens de saudade à Guiné-Bissau, a primeira efectuada em 1998.




CRÓNICAS DAS MINHAS VIAGENS À GUINÉ-BISSAU


A PRIMEIRA VIAGEM - 1998

3 – Acompanhem-me na descoberta da nova realidade, porventura imaginada, entre Bissau e Bafatá.

Bem cedo, porque tínhamos pela frente uma viagem de 150 quilómetros até Geba, a cerca de 10 quilómetros de Bafatá, e ainda era preciso trocar escudos por francos CFA, descemos ao piso térreo do Hotti Bissau para o pequeno-almoço. De seguida, à porta do hotel, fomos receber o jipe que havíamos contratado. Para meu espanto, aparece-nos uma Pick-Up que sabia ser muito incómoda e sem o ar condicionado exigido. Recusei com veemência a viatura, exibindo cópia do fax em que constava o que tínhamos acordado. Após alguma discussão e, com a ajuda de Candé, o nosso condutor, guia e segurança, conseguimos que nos entregassem um jipe Nissan Patrol, praticamente novo e todo artilhado de cromados, imagem a condizer com o estatuto que o seu proprietário aparentava. Fomos até ao mercado, zona comercial no centro da cidade de Bissau.

Aqui adquirimos os necessários Francos CFA e percebi que as viaturas eram a imagem da ostentação na cidade. Neste percurso, tivemos que passar junto do mercado de Bandim. Era uma imensa confusão de viaturas misturadas com pessoas. Ultrapassagens sem regras, buzinadelas constantes e nas bermas de tudo se vendia. Plásticos, calçado, roupas, mobílias, frutas, etc. etc. etc.
A caminho do centro da cidade, fui registando imagens de abandono e degradação de vivendas, edifícios e estabelecimentos comerciais. O que não tinha utilidade para a vida possível, foi definhando ao longo dos anos. As necessidades agora eram outras.

Partimos para Bafatá. Estava previsto chegarmos ao Club Capé a tempo do almoço que nos esperava. A estrada era alcatroada mas, em muitos troços, era um verdadeiro calvário de cavernas, o que obrigava a circular pelas bermas por ser o mal menor. Enquanto se ouvia música guineense e notícias no rádio do jipe, a imagem mais marcante em muitos quilómetros deste trajecto, para além das tabancas, das bolanhas e cursos de água, eram as verdadeiras florestas de cajueiros. O sol a pique, um calor abrasador que o ar condicionado tornava suportável, especialmente para as senhoras, e uma vegetação que lutava contra a secura, compunham a paisagem que desfilava perante o nosso olhar. Já próximos de Bafatá, a rádio anunciava a decisão do Presidente Nino Vieira de demitir Ansumane Mané da chefia do Estado Maior por alegada venda de armas aos guerrilheiros de Casamanse.

De Bafatá e até ao Club Capé, aldeamento turístico em que iríamos ficar alojados durante três noites, o trajecto era efectuado em picada, a espaços bastante maltratada. Chegamos tarde, cerca das quinze horas para almoçar e muito cansados pela dura viagem. Após um delicioso e retemperador banho, foi-nos servida uma deliciosa refeição de bife de gazela acompanhada da “nossa” indispensável Superbock bem fresquinha. Esta unidade turística era composta por quartos bungalow inseridos num belo jardim, com vários mangueiros e com os seus frutos ali bem à nossa mão. Num bungalow central ficavam a sala de estar, de jogos e a sala de jantar. Uma bonita e bem cuidada piscina completava o equipamento. Um pequeno paraíso na Guiné. Após a refeição, o “nosso” Candé iria regressar a Bissau. Ajudou-nos a resolver o problema do jipe, fez baixar as cordas das ”fronteiras” que fomos passando e transmitiu-nos um grande sentimento de segurança.

Saciado o apetite e relaxados do corpo, surgiu o espaço e o tempo para os primeiros comentários sobre as aventuras até aí vividas. Para o meu irmão e esposa que já tinham estado no Senegal dois anos antes, o que mais salientaram, pela negativa, foi a pobreza das infra-estruturas patente nas cidades de Bissau e Bafatá. Para a minha esposa, tudo era estranho. Desde a elevadíssima temperatura, à hora em que almoçámos, até à paisagem, que ela jamais imaginara. Para ela, o mundo era a imagem da terra que a viu crescer e eu não esperava outra reacção. Até esse momento fui “bebendo” todos os sinais que tocavam os meus sentidos. Sentia uma enorme alegria interior. Há momentos na vida para os quais não se encontra explicação razoável. Eu estava a viver um desses momentos. Passámos o resto da tarde confortavelmente instalados nas espreguiçadeiras da piscina. Ao jantar, junto à piscina, foi-nos servido um grelhado de caça, que incluía porco de mato e rolas. As senhoras estranharam o paladar da carne de caça. Olhando o horizonte, afastado das luzes, contemplei aquela noite tão escura, tão escura. Até isso ficou gravado.

Amanhã será um dia muito especial. Irei visitar o “meu” quartel, as tabancas e a “minha gente”. Carrego no peito o desejo incontido de abraçar a população do Xitole e, tentar encontrar alguém que tenha partilhado comigo aquela fase da minha vida. Este desejo esteve aprisionado anos demais e iria finalmente ser solto. Quantos de nós não sufocam perante a impossibilidade de o fazerem.

Fomos dormir. Amanhã será o dia de todas as emoções. Até me assusta o que me espera.

(Continua)

Negociando a troca da viatura

Na cidade, para trocar moeda

A caminho de Bafatá

Picada entre Bafatá e o Hotel Capé

Já próximo do Capé, paragem para recolher e saborear Caju

Fim de tarde, na piscina do Capé

Clube Capé, arredores de Bafatá

Avenida principal de Bafatá

Este filme mostra os momentos da partida do aeroporto de Sá Carneiro, as primeiras impressões de Bissau e a ida até Bafatá
____________

Nota do editor

Último poste da série de 24 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12195: Crónicas das minhas viagens à Guiné-Bissau (José Martins Rodrigues) (2): A minha primeira viagem em 1998

domingo, 27 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12208: Coimbra Hotel & Spa- Bissau – Preços especiais para os ex_Combatentes.



1. Camaradas, recebi do Miguel Lopes Nunes, gerente do Coimbra Hotel & Spa- Bissau, um pedido de divulgação, entre a malta ex-Combatente, da qualidade e preços que nos são oferecidos por aquela instituição.

Exmo senhor, Muito obrigado por ter aceite o convite de amizade. De Bissau venho por esta forma oferecer os n/s préstimos, enquanto hotel sito em Bissau, (Coimbra Hotel & Spa- Bissau ) para acolher eventuais viagens de v/s colaboradores e companheiros de armas (que tenham estado na GB no tempo da Guerra ), que visitem ou queiram visitar a GB. Manifestamos a n/ disponibilidade para ajudar logisticamente nas viagens. O meu email é : zulupreto@gmail.com

M cumtrs Miguel Lopes Nunes

Noites/ estadias no Coimbra Hotel & Spa em Bissau – três pessoas em suites , ou seja, há suites que têm uma sala com sofá-cama e o quarto com duas camas de solteiro. Nestas suites podem ficar alojadas 3 pessoas. Temos 5 suites novas nestas circunstâncias; 2 suites especiais; 3 suites normais ; ou seja 10 suites onde se podem alojar comodamente 30 pessoas. Faríamos neste caso um preço especial para 3 pessoas em suite, com pequeno-almoço para os 3, a 120 euros por suite. Cada noite ocupada, 120 euros. Daria pois 40 euros por pessoa.

No caso de quererem um quarto com duas camas para duas pessoas apenas em regime de alojamento e pequeno-almoço, contaríamos com 100 euros por quarto, dando pois neste caso 50 euros por pessoa.

Para vossa orientação os nossos preços são 115 euros para uma pessoa em promoção de pensão completa e 130 euros para uma pessoa sem promoção, alojada em quarto normal ou 187 euros em suite quando 1 pessoa alojada em suite simples. Estes preços permitem dar-vos uma orientação sobre os preços que se praticam e como os preços que lhes estou a dar são de facto muito bons para este caso específico.

Na eventualidade de quererem almoçar e jantar no restaurante do hotel, teriam de contar com 6.000 francos cefas (1 euro = 656 francos, logo 6.000 francos são 9,14 euros por almoço ou jantar por pessoa em regime de buffet c/ tudo incluído).

Os jipes para os passeios não são nossos ; nós temos uma amiga que no-los alugam. O preço normal seria 180 euros por dia com motorista por cada Jipe. Mas estou em crer que, se forem vários jipes e se não calhar numa época de eleições em que eles estão todos alugados, poderíamos alugar jipes a 100 euros por dia. Cada Jipe tem 2 lugares à frente, 3 a meio e 2 lá atrás. Contamos pois com 100 euros Jipe incluindo um motorista. O Jipe é entregue com o depósito cheio; teremos de o reencher para o devolver à dona no final do passeio. 

Mais informação em:


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12195: Crónicas das minhas viagens à Guiné-Bissau (José Martins Rodrigues) (2): A minha primeira viagem em 1998 - O primeiro dia em solo da Guiné-Bissau

1. Segundo episódio da nova série do nosso camarada José Martins Rodrigues (ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72), dedicada às suas viagens de saudade à Guiné-Bissau, a primeira efectuada em 1998.




CRÓNICAS DAS MINHAS VIAGENS À GUINÉ-BISSAU

A PRIMEIRA VIAGEM - 1998 

2 - Acompanhem-me, até ao nascer do primeiro dia em solo da Guiné-Bissau

Éramos quatro pessoas, dois irmãos e suas esposas. Aprazamos a data da partida do Porto com destino a Bissau para o dia 5 de Abril de 1998. Já na posse dos bilhetes de avião, dos seguros e das vacinas, a minha cunhada, uma senhora francesa pouco dada a arriscadas aventuras, convenceu-me a contratar os serviços de um guia/segurança, exigência que me apressei a concretizar. A minha esposa, preparava-se para ter o seu baptismo de voo. A viagem do Porto a Lisboa, apesar de curta, foi bastante turbulenta devido ao tempo invernoso da época. Foi um tormento para ela. Enquanto aguardávamos o voo de ligação a Bissau, segredava-me que, se os 40 minutos do Porto a Lisboa haviam sido tão difíceis, o que não seriam as mais de 4 horas até Bissau. Tentei serená-la. Partimos depois das 21h30 em voo da TAP numa viagem que se revelou muito confortável.

Chegámos a Bissau ao início da madrugada. Desse momento guardo imagens e emoções de grande impacto. À saída do aparelho e, apesar da hora, eram aquele calor e aqueles odores que senti tão familiares. Era a primeira confrontação com os registos que a minha memória retinha. Sentia uma imensa e inexplicável alegria, como aquela criança a quem oferecem o brinquedo que já não sonhava receber. Só por vergonha e algum pudor, não beijei o solo que acabara de pisar. Era um momento único. Percebi que amava aquela terra, que senti também como minha. Amo esta terra não porque tivesse que ser. Mas porque, pela mais singela das ofertas ou por cada abraço partilhado com as suas gentes recebemos em troca demonstrações de gratidão e afecto. E, quando nos tocam assim, ficamos rendidos ao brilho de felicidade daqueles olhares, que é a forma mais genuína de nos dizerem como somos bem-vindos na sua terra. Só quem como nós, que aqui deixamos parte da nossa juventude, entenderá este turbilhão de emoções. Sentia-me tão feliz e tão jovem, que cheguei a duvidar que já haviam passado 26 anos desde que havíamos partido.

Os que me acompanhavam, limitavam-se a gerir o sufoco do calor, a tentarem decifrar o que conseguiam ver e, a registar as minhas reacções.

O dia da chegada do voo semanal da TAP era uma verdadeira romaria junto da antiga gare do Aeroporto Osvaldo Vieira. Era um mundo de gente que nos olhava com naturalidade, era o amarelo e azul dos táxis e dos toca-toca, na expectativa de um serviço. As primeiras impressões diziam-me que havia uma ligação muito forte a tudo o que vinha de Portugal. Não senti qualquer sentimento de insegurança. Tinha sido a terra de todos os medos e agora era a terra da descoberta de tudo e de nada. Lá estava o guineense que nos iria transportar, ostentando uma placa identificando o Hotti-Bissau. Assim se chamava o Hotel em que ficaríamos alojados na primeira noite, ou o que dela sobraria.

Deitamo-nos já alta madrugada. Dormir não seria propriamente a minha prioridade. O que mais ansiosamente desejava era assistir ao nascimento daquele primeiro dia, aos primeiros brilhos do Sol por detrás daquela palmeira que estava no caminho do meu olhar, lá para os lados da cidade de Bissau. Debruçado na janela do terceiro piso do hotel virada para a avenida e, munido da minha Sony, esperei por esses momentos. Defronte do hotel ficavam dois edifícios de três ou quatro pisos, que na época eram ocupados pela cooperação dos países de Leste e, um pouco mais à esquerda, uma estrada cruzava a avenida. Registei os primeiros raios do Sol, até que o seu brilho me castigou, e assisti assim ao nascimento daquele desejado dia que se adivinhava prometedor. Junto à vedação, do lado exterior do hotel, uma papaieira exibia os seus frutos e logo ao lado, lá estava uma paragem dos transportes de passageiros. Era o amarelo e azul dos táxis e dos toca- toca. De todas as direcções surgiam pessoas. Começava o formigueiro humano, num vai-vem agitado de quem procura sobreviver conforme as condicionantes desta terra.

Todos os meus sentidos estavam agora preparados para saborear novas emoções.

Bem cedo, começamos a fazer os preparativos para desfrutarmos do primeiro dia de viagem, que nos iria levar até Bafatá.

(Continua)

Já a bordo, a caminho de Bissau

A boa disposição a bordo, a caminho de Bissau

Fachada do Hotel Hotti-Bissau

Assistindo ao nascer do dia, na varanda do Hotel

O movimento ao início do dia em Bissau
____________

Nota do editor

Primeiro poste da série de 17 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12162: Crónicas das minhas viagens à Guiné-Bissau (José Martins Rodrigues) (1): A asfixiante e inadiável ideia de voltar

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9428: Turismo de saudade (3): Fotos da cidade Bissau em 07 de Janeiro de 2012 (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Dizia-nos no poste* anterior o nosso camarada José Francisco Robalo Borrego (Ten Cor (R), que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda , 1970/72) que no dia 7 de Janeiro de 2012 fez em Bissau um passeio a pé, ida e volta, recordando outros tempos, desde o Quartel-general, Santa Luzia, até ao cais do Pidjiguiti, aproveitando para tirar algumas fotos na cidade.

Quando regressava para Santa Luzia, pedi uma informação a um guineense, na casa dos 60, sobre uma rua o qual se prontificou a informar-me e depois de eu lhe dizer que tinha lá estado, há quarenta anos, na guerra colonial, ele disse-me que também tinha sido combatente da liberdade da pátria, ou seja, do PAIGC, mas que agora éramos amigos, o que eu concordei plenamente com ele. Fomos andando no mesmo sentido e ele amavelmente ia-me transmitindo as alterações geográficas, entretanto, ocorridas. No fim, abraçámo-nos desejando boa sorte mútua.na sua mensagem de 19 de Janeiro de 2012:

Aqui ficam algumas fotos da cidade de Bissau actualmente:

Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira da Guiné-Bissau

Forte da Amura

Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau

Mercado de Bandim

Catedral de Santa Luzia

Estátua de Amílcar Cabral na Rotunda do Aeroporto

Ex-Batalhão de Intendência

Ex-Liceu Honório Barreto

Os Toca-toca, popular meio de transporte da Guiné-Bissau

CONCLUSÃO:

Foram cinco dias intensos e à excepção de Santa Luzia e das unidades e órgãos militares que dela faziam parte, todos os outros locais que visitei, fi-lo pela primeira vez. Por falta de tempo não visitei Bajocunda, minha primeira saída para o mato, mas quem sabe, talvez numa próxima oportunidade!

Despeço-me com um abraço de amizade a todos os ex-combatentes portugueses e guineenses.
José Francisco Robalo Borrego
TCOR (R)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9420: Turismo de saudade (2): Mini-diário e fotos da minha visita à Guiné-Bissau (José Francisco Borrego)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9420: Turismo de saudade (2): Mini-diário e fotos da minha visita à Guiné-Bissau (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Dizia-nos o nosso camarada José Francisco Robalo Borrego*, Ten Cor (R), que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), na sua mensagem de 19 de Janeiro de 2012:

Há uns anos a esta parte, despertou em mim o desejo de voltar à Guiné, volvidos 40 anos, para matar saudades dos locais por onde andei e conversar com os guineenses de quem guardo boas recordações.

Era uma questão de tempo e de oportunidade para concretizar a minha vontade. Esse dia chegou e lá fui eu até Bissau de 4 a 12 de Janeiro do corrente ano.

Aqui está o seu mini-diário, pretexto para vermos algumas das fotos que testemunham a sua visita de saudade à Guiné-Bissau.


05-01-2012
Chegada à Guiné pelas 14 horas. Deslocação para os aposentos e descanso, após o almoço.

A famosa Pensão Central

06-01-2012
Viagem ao Canchungo (Ex-Teixeira Pinto) com passagem por Safim, Có e Pelundo. De assinalar que o Rio Mansoa tem uma bela ponte, construída por espanhóis, ao que consta, com portagem e tudo! A estátua de Teixeira Pinto foi retirada e guardada num museu, segundo me disseram, restando a pedra que a suportava.

Canchungo (Ex-Teixeira Pinto)

Ponte sobre o Rio Mansoa

07-01-2012
Passeio a pé, ida e volta, recordando outros tempos, desde o Quartel-general, Santa Luzia, até ao cais do Pidjiguiti, aproveitando para tirar algumas fotos na cidade.

Quando regressava para Santa Luzia, pedi uma informação a um guineense, na casa dos 60, sobre uma rua o qual se prontificou a informar-me e depois de eu lhe dizer que tinha lá estado, há quarenta anos, na guerra colonial, ele disse-me que também tinha sido combatente da liberdade da pátria, ou seja, do PAIGC, mas que agora éramos amigos, o que eu concordei plenamente com ele. Fomos andando no mesmo sentido e ele amavelmente ia-me transmitindo as alterações geográficas, entretanto, ocorridas. No fim, abraçámo-nos desejando boa sorte mútua.

(Nota do editor: As fotos deste dia, referentes a Bissau, serão publicadas em próximo poste)

08-01-2012
Passeio a Quinhamel onde almocei e pude saborear a bela ostra com uns amigos.

09-01-2012
Visita à minha antiga unidade (GA7), transformada em escola secundária – a Unificada Escola 23 de Janeiro. Conversei alguns instantes com o director a quem pedi autorização para visitar o estabelecimento;

Antiga Casa da Guarda do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

10-01-2012
Visita ao hospital de Comura, antiga leprosaria, assim denominado, quando foi fundado e que sempre foi campo de acção pastoral dos Frades Franciscanos. Aliás, presentemente o Director Clínico é um frade médico português – Frei Vítor Farinha Henriques. Como ficava em caminho, aproveitei e dei uma saltada a Prabis.

Hospital de Comura

11-01-12
Visita relâmpago, com uns amigos, da parte da manhã, ao quartel do Cumeré com passagem por Nhacra, onde fomos muito bem recebidos pelo senhor comandante que nos mostrou a unidade e que me autorizou a tirar algumas fotografias. O Cumeré é um local conhecido de muitos camaradas nossos, porque era ali que geralmente o senhor general Spínola dava as boas vindas às tropas que chegavam à Guiné e fazia as suas habituais exortações patrióticas! Da parte da tarde foram feitas as despedidas, arrumar a mala, descansar um pouco, porque o voo de regresso saiu de Bissau pelas 02h30 da madrugada, aterrando em Lisboa cerca das 06h30 do dia 12 de Janeiro.

Edifício Rec. Cumeré

Ruínas da Igreja do Quartel de Cumeré

Parada do Quartel de Cumeré

Porta D'Armas do Quartel de Cumeré

(Continua)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9391: Turismo de saudade (1): Gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento (José Francisco Borrego)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9391: Turismo de saudade (1): Gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 19 de Janeiro de 2012:

Há uns anos a esta parte, despertou em mim o desejo de voltar à Guiné, volvidos 40 anos, para matar saudades dos locais por onde andei e conversar com os guineenses de quem guardo boas recordações.

Era uma questão de tempo e de oportunidade para concretizar a minha vontade. Esse dia chegou e lá fui eu até Bissau de 4 a 12 de Janeiro do corrente ano.

Fiquei surpreendido pela positiva com o que vi: Bissau cresceu cerca de dez vezes mais. Muitas construções coloniais foram substituídas por construções feitas pelos chineses, nomeadamente, em Santa Luzia, para alojamento de militares.

A antiga messe de sargentos foi destruída, dando origem a outro edifício.

A antiga messe de oficiais é hoje o Hotel Azalai, uma das unidades hoteleiras mais importantes de Bissau, segundo fontes não oficiais. Bissau está uma cidade muito movimentada com os seus táxis de cores azul e branca e os autocarros de amarelo e azul conhecidos pelos “Toca-Toca”, os quais cruzam constantemente a cidade e os seus arredores, transportando as pessoas para os mais diversos sítios como Antula, Bairro Militar, Quelele, Enterramento, Empantcha e outros num grande frenesim.

Culturalmente, Bissau também me pareceu uma cidade bem servida de ensino básico, secundário e universitário a avaliar pela quantidade de alunos que vi junto dos estabelecimentos de ensino.

O uso do telemóvel também me pareceu mais ou menos generalizado.

O Mercado do Bandim, continua igual a si próprio, ou seja, sempre apinhado de gente e ali vende-se de tudo!

Do aeroporto de Bissalanca, hoje Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, sai uma via rápida, de três faixas de ambos os sentidos, até Bissau o que torna os transportes mais rápidos. Mas quem optar por outros destinos, também encontra estradas com bom piso.

Como não podia de deixar de ser, visitei, com alguma demora, a minha antiga unidade, em Santa Luzia, o Grupo de Artilharia N.º 7, herdeiro a partir de Julho de 1970, da Bateria de Artilharia de Campanha n.º 1. O aquartelamento foi adaptado ao ensino e hoje é a Escola Secundária Unificadora 23 de Janeiro desde o 1.º ao 12.º ano.

No meu planeamento, mencionei uma visita ao cemitério da Liga dos Combatentes em Bissau, o que fiz, prestando uma homenagem aos nossos camaradas ali sepultados até 1964.

Em resumo, gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento.

A má reputação da Guiné fora de portas, nada tem a ver com a realidade guineense. A Guiné é um País pacífico e os guineenses continuam afáveis e acolhedores, a quem desejo do fundo de mim mesmo a melhor sorte deste mundo!

Anexo: Junto 1 foto do antigo palácio do governador em reconstrução; 2 fotos do ex-GA7; 1 foto do cemitério da LC; 1 foto da antiga messe de sargtºs e uma foto da ex-messe de oficiais.

Um abraço amigo do
JOSÉ BORREGO

Antigo Palácio do Governador em reconstrução

Antiga Casa da Guarda do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

Panorâmica do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

Cemitério em Bissau da Liga dos Combatentes

Local da antiga Messe dos Sargentos de Bissau

Antiga Messe dos Oficiais de Bissau, hoje o Hotel Azalai

Fotos: © José Francisco Robalo Borrego (2012). Direitos reservados.
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (José Francisco Borrego)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8006: Blogpoesia (134): Ai Guiné, Guiné (6) (Albino Silva)


Guiné-Bissau > Arquipélago dos Gijagós > Ilhas de Bubaque e Rubane (a sudoeste da ilha de Bolama) > 12 de Dezembro de 2009 > Encantos e armadilhas da(s) ilha(s)... paradisíaca(s) (Bubaque e Rubane).

Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Quinto poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:


AI GUINÉ GUINÉ (6)

Eu disse adeus à Guiné 
mas prometi lá voltar
e, para te fazer feliz,
ia aí não para lutar...

Dizer adeus é difícil 
mas eu ainda fui capaz
deitar os olhos a Bissau 
e à Guiné desejar Paz...

Ainda hoje fico contente 
e sempre com a mesma Fé
de ouvir falar em Paz, 
muita Paz para a Guiné...

Paz precisa teu povo,
todos a querem com certeza,
não terem o cheiro à pólvora 
mas antes sim da Natureza...

É tão lindo, ó Guiné,
ver crianças a sorrir
em vez de chorar de fome 
e sempre sempre a fugir...

Com os cestos na cabeça,
crianças ao colo da mãe,
entre picadas e capim 
procuram Paz mais além...

Desde que te deixei Guiné,
com os anos a passar,
por assim gostar de ti, 
gostava de te visitar...

Eu já estive decidido 
a ti,  Guiné,  visitar
fazer o que não tinha feito, 
em ti, Guiné,  passear...

Visitar toda a Guiné 
era a minha intenção
e ver todos os cantinhos,
que eram do meu Batalhão...

Desde Bissau a Tite, 
Nova Lamego ou Farim,
Bafatá ou Bubaque, 
a Mansoa eu ia sim...

Também ia ao Cacheu, 
Teixeira Pinto e a Có,
a Bolama e S. Domingos, 
ao Guileje e Catió...

Se te fosse visitar 
e a Guiné bem conhecer,
Cidades, tabancas e mato, 
pois eu tudo queria ver...

Picadas e carreirinhos, 
até bolanhas e palmeiras,
rapazes fazendo cestos, 
Mulher grande as esteiras...

Eu queria ver de tudo, 
ó Guiné,  ainda és querida,
andar pelas tuas matas 
ou estradas de terra batida...

Gostava de ver na Guiné,  
tudo aquilo que não vi,
para assim puder juntar 
aquilo que conheci...

Gostava de ir nas tabancas, 
todas elas visitar,
tratar bem as guineenses 
e bom mesinho lhes dar...

Nas tabancas em consultas, 
os xaropes que eu dava,
quase sempre do melhor, 
até a badjuda gostava...

A todas eu medicava 
e sempre as tratava bem,
e àquelas que me pediam, 
eu dava picas também...

(Continua)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7999: Blogpoesia (133): Ai Guiné, Guiné (5) (Albino Silva)