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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20344: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte I


Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010 > Vista aérea do centro histórico: Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República, que partia da Praça do Império), ao fundo o cais do Pidjiguiti (ou Pindgiguiti, como se escreve agora...), o porto de Bissau,  o ilhéu de Rei... Em primeiro plano, à esquerda, parece-me o edifício da administração civil da época colonial, hoje é a sede o ministério da Justiça.  O edifício a seguir, branco, no cruzamento da Av Amílcar Cabral com a Rua 19 de Setembro é a RTP África.


Foto nº 2 > Guiné- Bissau > Bissau > c. 2010 > Vista aérea do centro histórico: Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República, que partia da Praça do Império). Em primeiro plano, a Catedral de Bissau.


Foto nº 11 > Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010>  A fachada da Catedral de Bissau (ou  Sé Catedral de Nossa Senhora da Candelária). Foi consagrada em 1950. E em 1977 passou a ser a sede da diocese de Bissau, criada nesse ano.


Foto nº 6 > Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010 > CEIBA Hotel Bissau | Um hotel de 4 estrelas, sito na Av dos Combatentes da Liberdade da Pátria.


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 >  Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República), ao fundo o Palácio Presidencial e a Praça dos Heróis da Liberdade da Patria (, antiga Praça do Império). O antigo palácio do Governador ardeu na sequência da guerra civl de 1998/99, tendo sido posteriormente reconstruído pela República Popular da China.(sem grande respeito, diga-se de passagem, pela traça original).


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 >   Em segundo plano, à direota, o Hospital Nacional Simão Mendes, na Av Pansau na Isna, paralela à Av Amílcar Cabral.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 > Bissau Velho,  o forte da Amura (hoje Panteão Nacional), o porto, o ilhéu do Rei...


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 > Porto de Bissau...


Foto nº 8   > Guiné.Bissau > Bissau > c.  2010 > Ao centro, o Palácio Colinas de Boé, sede da Assembleia Nacional Popular (Parlamento),sito na Av Francisco Mendes... O edífício, de arquitetura moderna,  foi construida pela China. Foi inaugurado em 2005. à esquerda, frente ao Palácio Colinas do Boé, fica o CEIBA Hotel.


Foto nº 7   > Guiné.Bissau > Bissau > c. 2015/16/17 > Mais uma vista aérea da cidade, com o CEIBA Hotel à direita, na Av Francisco Mendes. Há aqui um rotunda, no lado direito, vem a Av Brasil, depois continuada pela R Ermelinda Gomes.


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Av Combatentes da Liberdade da Pátria  > Veja-se o caos do trânsito. Esta avenida é a que nos leva até ao aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a uma  distância de 7,5 quilómetros.

(...) "Começa-se a entrar nos bairros periféricos e extremamente populosos de Bissau como o Bairro da Ajuda, o Bairro Militar ou o Bairro do Quelelé.

Sem se sair da avenida de duas faixas de cada lado (muitas vezes três!), e já depois de passar a Rotunda da Chapa de Bissau, encontra-se do lado direito a Grande Mesquita de Bissau. Mais à frente, do lado esquerdo, a Embaixada da União Europeia e de alguns países, a sede do BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental), o Palácio da Justiça e o complexo que acolhe o gabinete do Primeiro-Ministro e alguns dos ministérios governamentais – a Primatura" (...). Fonte: Guia Turístico: À descoberta da Guiné.Bissau, 2ª ed. revista e atualizada. (Da autoria de  Joana Benzinho e Marta Rosa | Afectos com Letras - ONGD, 2018, 176 pp.)


Foto nº 6  > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Antigo edifício da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau, sita na Av Amílcar Cabral, do lado esquerdo de quem desce da antiga Praça do Império.


Foto nº 10  > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Parece ver-se ao centro o "relvado" do Estádio Lino Correia.

Fotos:  © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):

Data - 7/11/2019, 12h49

Assunto - Fotos da Guiné-Bissau, da década de 2010

Luís:

Estas fotos, com vistas aéreas de Bissaum, são de um amigo meu... Têm interesse ? Se sim, publica...

Pois, o pior são as legendas.

Trata-se de um amigo que ainda espera que eu vá lá à Guiné, com tudo pago e "chauffeur" privativo.

Eu tenho mais de 100 fotos, nem sei, que ele me mandou...  Talvez mais, são minhas, para meu uso, os créditos fotográficos vou ter de lhe perguntar se ele quer ver aqui o seu nome e do seu Hotel e Restaurante.

Foram enviadas por email, em lotes de 40 e mais, por isso devo ter mais de uma centena.

Mas não sei descarregar de uma forma fácil, estas tive de as editar uma a uma e guardar numa pasta o que é muito chato de fazer. 

Não sei como arranjar mais desculpas para me furtar à tal viagem à Guiné, pois já não tenho idade para isso.

Quem nunca mais lá voltou mais, nomeadamente a Bissau, vai ter algum curiosidade em ver como é a cidade hoje, mais de meio século depois... Há ainda alguns pontos de referência fáceis de identificar: a Catedral, o antigo Palácio do Governador,  a Amura, o porto... Podes numeras as fotos e acrescentar as legendas que entenderes... Estiveste lá em 2008, ainda te lembras de alguma coisa... Eu só lá voltei em 1984 e 1985...

Um abraço para todos,
Virgílio Teixeira

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20172: Fotos à procura de... uma legenda (119): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte II: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)


Foto º 121

Foto nº 123

Foto nº 128
 

Foto nº 130 


Foto nº 206


Foto nº 202 


Foto nº 203 


Foto nº 75


Foto nº 204


 Foto nº 217


Foto nº  251



Foto nº 260


Foto nº 201


Foto nº 274


Foto nº 91 


Foto nº 204
 


Foto nº 262


Foto nº 254
   


Foto nº 108 


Foto nº 98
 


Foto nº 70

 Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  O Festival Todos já tem um público fiel. O seu mérito é o de ajudar a contribuir para que Lisboa seja cada vez mais uma cidade inclusiva... Tal como o  nosso blogue, "onde cabem todos, com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa"...

Da Mouraria à Graça, do Poço dos Negros à Colina de Santana, já foram 11 edições, muitas e boas andanças... E até já os turistas se associam à festa... Alguém vandalizou a planta do jardim da cerca da Graça, escrevendo em inglês: "Tourists please... leave us" [, Senhores/as turistas, por favor deixem-nos em paz!]... 

Lisboa é já um cidade que sofre da síndroma do "sobreturismo", como Veneza, por exemplo ? Ainda não me apercebi da hostilidade para com os turistas... Este é apenas um "grafito"  antiturista... Não andei à procura, mas não encontrei mais...

Tudo começou no Martins Moniz / Intendente, em  2009... E ainda bem, por se tratar de uma zona "mal afamada", "estigmatizada", onde poucos forasteiros se aventuravam à noite... Hoje dizem-me que tem 6 mil habitantes, a Mouraria, e mais de 50 nacionalidades e etnias  representadas entre a sua população... mas a Câmara Municipal de Lisboa anda à nora, não sabe o que fazer ao tão maltratado largo Martins Moniz... Já vem sendo maltratado, pelo menos do tempo do Estado Novo...

Desgraçadamente este ano estava todo "entaipado". As gentes daqui, a "moirama",  reivindicam este espaço até como contraponto à baixa pombalina que foi tomada de assalto pelo "turistame"...Na  miradouro da Senhora do Monte, um casal de turistas brasileiros pergunta-me o caminho para chegar à Mouraria... Levei-nos pelo Carocol da Graça até ao jardim da Cerca... Perguntaram-me, com santa ingenuidade, se ainda viviam lá mouros ou se os matamos todos...

Enquanto vou ali e já venho, à Clínica da Reboleira onde o Francisco Silva e o João Correia me esperam para uma artroscopia ao joelho esquerdo (, espero voltar, já na 4ª ou 5ª feira, ao convívio da Tabanca Grande), deixo-vos com a continuação das minhas fotos do Festival Todos 2019, uma seleção das 570 que fiz este fim de semana...  Façam, se fazem favor,  pelo menos um comentário a alguma(s)  delas.   

Alfabravo, Luís.

PS - Este ano o tradicional  talher de plástico foi destronado pela nossa olaria portuguesa.. Os pratos e os copos eram de barro. E os talheres de madeira...Palmas para a organização e para a animação do  largo da Graça, a cargo do grupo de teatro O Bando. 
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Nota do editor:

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17266: Notas de leitura (948): A Revista Panorama, editada pelo SNI – Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, dedicou o número 5/6, II Série, de 1952, à Africa Portuguesa (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Fevereiro de 2016:

Queridos amigos,
A revista Panorama, como é de todos sabido, era uma publicação pró-regime e muitas vezes nela apareciam artigos referentes ao Império.
Este número é dedicado à África Portuguesa e prendia-se com um acontecimento turístico, o IV Congresso Internacional de Turismo Africano, que se realizou em Lourenço Marques. O artigo referente à Guiné mostra-nos uma paisagem de Canhabaque (Bijagós), vemos habitação de Manjacos, embarcação dos Bijagós, cavaleiros Fulas do Boé e o jazigo dos régulos dos Mancanhas, em Bula.
Texto apologético para quem gostasse de safaris ou se sentisse atraído por certos prodígios da natureza, que aqui se deixam registados.

Um abraço do
Mário


A Guiné na Revista Panorama, 1952

Beja Santos

A revista Panorama era editada pelo SNI – Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo. O seu número 5/6, II Série, de 1952, foi dedicado à África Portuguesa. A Guiné foi credora de quatro páginas. Importa esclarecer que este número sobre África Portuguesa privilegiava o turismo, tudo quanto se vai ler é para o potencial turista da época.

Primeiro, o acesso. Para o articulista, é fácil e cómodo: as grandes linhas aéreas da Europa e da América do Norte para a África do Sul, e da Europa para o Brasil e Argentina, têm ponto obrigatório de aterragem em Dakar – e uma carreira semanal de aviões liga Dakar a Bissau e outra, via Ziguinchor permite a comunicação aérea com Dakar e o resto do mundo. No meu livro “Mulher Grande”, foi o itinerário que organizei para Benedita Estevão, viajou de Lisboa até Dakar, Albano Toscano foi esperá-la a Ziguinchor, dali seguiram para Susana, onde casarão.

Mas o turista também podia optar pela via marítima, havia uma carreira quinzenal direta a Bissau, regressando pela Praia e por S. Vicente, podia também passar pela Madeira.

Segundo, o leitor prepare-se para ler o incrível. “As estradas de bom piso sulcam o território em todos os sentidos, assegurando o trânsito em qualquer época, com chuvas ou bom tempo”. Nunca há empecilhos: pontes a substituir as jangadas, garantindo segurança e rapidez.


Terceiro, chegámos à exuberância da fauna e da flora: “Certas zonas são ricas de caça, aves de plumagem desvairada e berrante, antílopes, por vezes o leopardo (onça) e o búfalo, por toda a parte as formações geométricas dos patos bravos evolucionando ou descansado nos pântanos e charcos, as pintadas e pesadonas galinhas-do-mato, enormes perdizes, lebres e caçapos”. O autor, Vieira Ferreira, entusiasma-se na sua escrita mexida e remexida, é assim que ele gosta de imprimir a vivacidade às coisas: “E a teoria infindável dos monos, nas árvores, em multidão nas estradas, brincalhotando ou renhindo, baloiçando-se, pinchando acrobacias, arremedando macaquices”. Segue-se outra forma de exuberância: “Depois, a presença dos rios, canais, bolanhas e lalas, esmalta a paisagem de superfícies espelhentas, suas largas faixas lisas lentamente deslizando, em curvas longas, marginadas de compactas muralhas verdes de arvoredo altíssimo e camalhões inextrincáveis de arbustos emaranhados; e regulares bacias, onde a pauta dos regos do cultivo do arroz ondula os fundos, em pequenas dunas paralelas e longíssimas, regulares e submersas; tufos de mangal e nódoas floridas de lotos, mal escondendo esverdinhadas estagnações de águas paradas – é sempre um inesperado acompanhamento líquido, quebrando a continuidade da floresta, irrompendo por todos os lados”.


Viu-se que o articulista consultou ou seus contemporâneos, repescou uma síntese de M. Marques Mano que é de grande beleza, a propósito da influência absorvente das marés na zona litoral: “… o mar, duas vezes por dia, arremessa contra a terra, em toda a largura da costa, massas de água de 6,5 metros de altura. O volume colossal desta maré enche as bacias hidrográficas até transbordar; mas logo se escoa até as deixar esgotadas; e outra vez é arremessado com uma energia portentosa”.
“Os estuários da colónia, poderia dizer-se, são alimentados só pelo mar: não o são pelos afluentes, muito poucos e escassos. Os estuários, por sua vez, alimentam as bacias hidrográficas. Acima do nível da baixa-mar não há rios: há leitos lodosos, abertos e enxutos, que circulam entre bandas verdes de mangal no eixo das lezírias. A enchente jorra pela boca daqueles labirintos de fossos de lodo e, seis horas depois, fluem rios majestosos, amplos, abertos ao sol, em altos corredores de verdura tão sagrada que através ela se não veem as margens, em percursos tão longos que as velas levam dias a subi-los. Seis horas depois, como por encanto, os rios desaparecem e, no lugar deles, deixam uma vastíssima rede de valas lobregas. Seis horas mais tarde, os rios renascem em toda a majestade; de novo se esgotam e de novo renascem” (Visita à Guiné, no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, Volume 2, 1947, n.º 6).

E temos igualmente o fenómeno do macaréu, mais um prodígio para aguçar o apetite do turista: “A corrente que desce, comprime a onda imensa da maré que quer subir, provocando a acumulação das águas na embocadura; depois, o mar acaba por vencer o rio, e a vaga salgada, ruidosa, indomável, altíssima, em rolo espumante, galga a superfície do rio, rugindo, alagando, invencível e brutal, de maior, descomunal volume nas marés vivas”.

Jazigo dos régulos dos Mancanhas, Bula

Muitas orientações são sugeridas ao turista, a quem se recorda que existe o tornado, pitorescas casas circulares, cada uma das etnias tem formas próprias de agrinaldar os exteriores e interiores. Há os costumes guerreiros ou pacíficos, há batuques e cerimónias, o turista que esteja atento ao vestuário e atitudes de cada um, pois são dissimilantes os de Felupe com o Balanta, O Bijagó com o Fula, há muçulmanos solenes, Bijagós com saiotes de ráfia, os Papéis mais europeizados, há alfanges e punhais. Enfim, a paisagem humana completa a paisagem natural e faz de uma visita à Guiné um raro prazer turístico. E temos a moderna Bissau com os seus pequenos hotéis, o Bissau velho ao lado da Amura. Que o leitor não abstraia de que estávamos no início da década de 1950, propõe-se ao turista que estivesse atento ao que tinha para ver: estádio, museu-biblioteca, palácio do governo, bairros residenciais, burgo comercial, avenidas de arvoredo florido e, a poucos quilómetros, o magnífico aeroporto em acabamento. E dirige-nos uma nota para aquele rincão que muito tocou: “É em Bolama – a melancólica cidade morrente – que reside o supremo encanto das povoações que os brancos ergueram nestas partes. Antiga capital, ainda hoje mostra os restos das sua senhorial grandeza, em edifícios públicos, praça do conjunto, carateres de negros e mestiços; e uma nostalgia tão doce, um tal conformismo amargo e suave com a decadência e a morte, uma atmosfera de saudade e triste resignação que nos penetra e emociona”.

Qual seria o leitor que iria resistir a tantas atrações, a tanto feitiço africano?
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17250: Notas de leitura (947): "Em Tempos de Inocência", por António Pinto da França, Prefácio, 2006 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 4 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17205: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte X: Foram mil e regressaram menos de quinhentos... Recordações do Fernando Pais, emigrado nos Estados Unidos da América





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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).

O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:

(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).

Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).


[Foto, à direita,  do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]


Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [de 42 a 45] não vêm numeradas no livro. Destaque para a transcrição de um excerto do diário de um dos expedicionários, Fernando Pais (, entretanto emigrado na América):

"(...) A Ilha [do Sal] é seca, árida e arienta, outras vezes parece terra queimada, da sua origem vulcânica; andamos mil metros, temos a visão da miragem; depois essa miragem desaparece. Aqui não há hortaliças, nem legumes nem frutas, pois que ela não possui água, dado que não chove. A que existe  em pequena quantidade é salobra e salgada; os meus companheiros diziam que ela era boa, digestiva e purgativa, mas no fim de uns três dias tivemos que a deixar, pois as diarreias  de sangue e as fortes dores intestinais e depois as baixas à Enfermaria, onde os medicamentos próprios não abundavan, a tal nos obrigavam.

"Parece que a desolação e a morte caíram sobre algumas palhotas que enconteri num pequeno morro ao norte da Terra Boa, isto entre a Palmeira e a Pedra Lume" (...)

Para além de 16 mortos, o batalhão expedicionário do RI 11 terá tido um número impressionante de baixas por doença, cerca de metade, segundo o depoimento do nosso autor, o José Rebelo.Ao fim de 20 meses de permanência na Ilha do Sal, e na véspera de partir para a Ilha de Santo Antão, os expedicionários doOnze estavam reduzido a 16 oficiais, 22 sargentos e 460 praças...

Hoje quem escolhe a "ilha paradisíaca do Sal" como destino turístico, não faz a mínima ideia do que era esta "terra do demo" (José Rebelo) há três quartos de século atrás...

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Nota do editor:

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14176: Historiografia da presença portuguesa em África (53): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte V (Mário Vasconcelos): 4 firmas de Bissau: Benjamim Correia (fundada em 1913), NOSOCO (francesa), Augusto Pinto Lda, e C. J. Matoso (talho moderno)








Fotos: © Mário Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação de anúncios de casas comerciais, da Guiné. Reproduzidos, com a devida vénia, da em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*). Tem inegável interesse documental.

São uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, deste edição, no espólio do seu falecido pai.

E, a propósito, faz hoje 52 anos que se iniciou, oficial ou oficiosamente, a guerra colonial na Guiné, com o ataque a Tite, na região de Quínara, em 23 de janeiro de 1963. Tenhamos um pensamento de homenagem a todas as vítimas desta guerra, civis e miliaters,  de ambos os lados.


2. Numa destas firmas, a NOSOCO - Nouvclle Société Commerciale Africaine [e não Africane, mais uma gralha], com sucursais em Bafatá, Farim, Bolama, Bissorã, Sonaco e Nova Lamego, trabalharam camaradas nossos como o Mário Dias [. ex-srgt comando, reformado], bem como o pai do nosso amigo Herbert Lopes, mas também conhecidos militantes do PAIGC, como o João Rosa, que guarda-livros...

A NOSOCO era então uma das principais firmas da Guiné, na opinião (qualificada) do nosso amigo e camarada Mário Dias, a propósito dos acontecimentos de 3 de agosto de 1959, no cais do Pidjuiguiti: "as principais casas comerciais da Guiné (vou designá-las pelo nome abreviado como eram conhecidas, Casa Gouveia (CUF), NOSOCO, Eduardo Guedes, Ultramarina e Barbosas & Comandita, tinham ao seu serviço frotas de lanchas - umas à vela e outras a motor - que utilizavam no serviço de cabotagem transportando mercadorias para os seus estabelecimentos comerciais e, no regresso, traziam para Bissau os produtos da terra, principalmente mancarra e arroz. A maioria deste tráfego era pelo rio Geba, até Bafatá e, para o Sul, até Catió e Cacine."

Segundo Carlos Domingos Gomes. Cadogo Pai, as empresas francesas sediadas na Guiné (SCOA, NOSOCO,  CFAO) começaram a ter problemas de liberdade comercial, face à posição monopolista da Casa Gouveia, ligada ao grupo CUF. O Luís Cabral, meio irmão de Amílcar Cabral, era empregado da Casa Gouveia, guarda-livros. As casas comerciais de Bissau, tal como o futebol e o 1º curso de sargentos milicianos, de 1959, deram fornadas de gente... ao PAIGC!


Guiné > Bissalanca > c. 1958/59 > Fotografia tirada na despedida do gerente da NOSOCO, Monsieur Boris, que nesse dia regressava a Paris (está ao centro de fato e gravata). O João [da Silva] Rosa, o guarda-livros, [e que foi um dos fundadores do MLG - Movimento de Libertação da Guiné e um dos primeiros contactos políticos de Amílcar Cabral, tendo feito reuniões clandestinas, na sua casa, com o próprio Amílcar Cabral e outros nacionalistas guineenses, segundo informação do Leopoldo Amado, e que morreu em 1961, no hospital, na sequência da sua prisão pela PIDE], está na segunda fila à direita; à sua frente, o 2º da direita é o Toi Cabral. Os restantes elementos da foto são alguns (quase todos) dos empregados do escritório da NOSOCO em Bissau (MD)

O terceiro elemento do grupo, a contar da esquerda, é Armando Duarte Lopes, o pai do nosso amigo Nelson Herbert, e velha glória do futebol guineense... (Esteve em 1943 no Mindelo, sua terra natal, integrado numa força expedicionária, vinda do continente, que veio reforçar o sistema de defesa da Ilha de São Vicente durante a II Guerra Mundial; viveu depois, trabalhou e casou em Bissau.

Como nos relembrou o Nelson, o pai era então "um jovem, robusto, futebolista conhecido na Guiné (Armando Bufallo Bill, seu nome de guerra, o melhor de futebolista da UDIB, do Benfica de Bissau, internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa..). Foi encarregado, por muitos anos, do porto fluvial de Bambadinca, e ainda se lembra de episódios do djunda djunda (braço de ferro) entre a JAPG (Junta Autónoma dos Portos da Guine) e a tropa, relativamente a um batelão, propriedade do primeiro e que fazia regularmente o trajecto Bambadinca-Bissau, mas que a tropa insistia em açambarcar... para revolta das população da zona leste, já que dessa boleia dependia o escoamento da produção local (caprinos e produtos hortícolas) para os mercados de Bissau... (Seria o BOR?).

O apelido Herbert vem de outro lado, de um avô materno francês, que foi o representante local, na Guiné, da CFAO - Compagnie Française de l'Afrique Occidentale, fundada em 1887, e que continua a ser um importante grupo económico, líder da distribuição especializada em África e nos territórios franceses do Ultramar.

Foto: © Mário Dias (2006) . Todos os direitos reservado

2. Temos inúmeros postes sobre a cidade de Bissau. Alguns de nós fizemos lá comissão, tendo por isso um conhecimento das suas ruas, praças, monumentos,  restaurantes, esplanadas, casas comerciais, etc.  É o caso por exemplo do nosso camarada Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo  trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70):

Vd. poste de 20 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

Outros camaradas viveram lá anets e depois da tropa, acompanhando o progresso da cidade, nos anos 50/60, como foi o caso do Mário Dias (ex-srgt comando, ref, trabalhou e viveu em Bissau na sua aolescência e juventude, tendo frequentado em 1959 o 1º curso de sargentos milicianos que se realizou no CTIG):


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