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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18688: Notas de leitura (1070): História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema; Editorial Franciscana, Braga, 1982 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Junho de 2016:

Queridos amigos,
A história da evangelização/missionação dos Rios de Guiné do Cabo Verde não é o que se possa chamar uma história feliz ou com desfecho cor-de-rosa. Era a extensão da costa, entre o rio Senegal e a Serra Leoa, as zonas de resgate tinha forte concorrência estrangeira; era o clima mortífero e a natural incapacidade dos missionários se afoitarem pelas florestas adentro.
O bispo de Cabo Verde e da Guiné também não dispunha de recursos; a figura do Visitador era pouco menos do que inútil em termos de ação missionária. Por ali calcorrearam várias ordens religiosas, entramos agora, depois da Restauração numa nova leva missionária com os Franciscanos à cabeça.
É desse tempo que temos um relato espantoso, o de frei André de Faro, um quase romance de aventuras.

Um abraço do
Mário


História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema (2)

Beja Santos

Escreveu-se no número anterior que foram magros os frutos da evangelização colhidos na Guiné durante o primeiro século da sua descoberta, quando Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador em 1434, até 1533, ano da criação da diocese de Cabo Verde e Guiné.

Vejamos agora o que Henrique Pinto Rema escreve sobre as primeiras missões da Costa da Guiné no período correspondente entre 1533 e 1640.

O território para cima do rio Senegal pertencia à arquidiocese do Funchal, fixado por Bula Papal, em Agosto de 1536, pelo que não se fará nenhuma menção a este espaço. A presença de um homem branco na Costa da Guiné, insista-se, foi sempre diminuta. A Costa da Guiné era escolhida como lugar de castigo para grandes delinquentes. A partir de certa altura, o Cabido da Diocese de Cabo Verde enviava durante a Quaresma um sacerdote às feitorias dos europeus radicados na costa. Este sacerdote era conhecido pela designação de “Visitador”.

Pouco menos do que inútil foi a ação missionária destes visitadores. No entanto, temos que ter em conta as missões que ocorreram, de um modo geral com saltos de fracasso. Consideram-se os Jesuítas os primeiros missionários da Guiné, não pelo trabalho realizado, mas pela orgânica impressa à sua ação. Na verdade, de acordo com a documentação existente, esforçaram-se por planear a fixação de missões, estudando a sua logística e o seu acompanhamento. Tiveram discrepâncias com o Bispo de Cabo Verde até que abandonaram definitivamente a missão da Guiné em 1617; desta forma, do interregno político dos Filipes sobrepôs-se o interregno religioso. Em 1657, virão os franciscanos portugueses que ainda encontraram na região restos de frades capuchos espanhóis.

Para não cansar o leitor, vejamos em primeiro lugar uma panorâmica das missões religiosas na segunda metade do século XVI. Sabe-se pelo Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde, do Capitão André Álvares de Almada, que era flagrante o desamparo espiritual dos portugueses europeus. Escreve textualmente: “E à míngua de não haver quem pregue a palavra de Deus se não se salvem muitos gentios destes, e estão muitos dos nossos lançados vivendo em pecado mortal sem se apartarem dele, morrendo nele por falta de médicos da alma”.

A instituição do Visitador, faça-se notar, continuará até ao século XIX. Os Visitadores acumulavam muitas vezes as suas funções com as de vigários das praças, sobretudo da de Cacheu. Na segunda metade do século XVI, o mais notável empório comercial português na terra firme da Guiné situava-se no rio Grande de Buba. A maior povoação era no Porto da Cruz, em Guinala. Por aqui andaram em 1584 uns frades carmelitas descalços, mas foi uma falhada tentativa de fixar uma missão carmelita na Guiné. Frei Cipriano, carmelita, escreveu de Cacheu ao Bispo de Cabo Verde acerca da visita de um rei de Caió, D. Bernardo, juntamente com 300 súbitos, a pedir o batismo e uma igreja no seu reino. André Álvares de Almada, refere no seu Tratado a pessoa de João Pinto, padre preto, natural da Guiné, evangelizando em região hoje pertencente ao Senegal. Almada fala dos negros Jalofos “que começam no rio Senegal”: “Esta nação dos Jalofos é mais dificultosa em receber a fé de Jesus Cristo Nosso Senhor que todas as outras nações dos negros da Guiné, porque quase todos seguem a seita de Mafoma. E no ano de 1589 foi um clérigo preto por nome João Pinto àquele reino para os fazer cristãos e não fez fruto algum neles, e por isso se foi para outras nações”.

Numa relação acerca da vida comercial, social e religiosa do arquipélago de Cabo Verde e da Costa da Guiné, com data de Janeiro de 1582 e assinado pelo Sargento-Mor Francisco de Andrade ficamos a saber que havia dez resgates incluindo Cabo Verde, rio da Gâmbia, rio de S. Domingos, rio Grande, ilhas dos Bijagós, rio Nuno e Serra Leoa. Mas os franceses já possuíam uma porção preponderante em vários resgates.

Vejamos agora as missões dos Jesuítas nos anos 1600 a 1609. Há uma narrativa do padre Barreira que é um documento de grande importância intitulada considerações sobre a terra firme da Guiné e Serra Leoa e alguns ritos e costumes da gente dela. Para ele, a Guiné começava no rio Senegal e acabava na Serra Leoa. Nessas viagens o padre Barreira era acompanhado por outra figura de relevo a quem devemos um relato importante, o padre Manuel Álvares. Referiu-se atrás as grandes questiúnculas entre o Bispo de Cabo Verde e o Provincial dos Jesuítas, estes consideraram não haver condições mínimas para o seu trabalho evangélico.

Em finais de 1652, o padre António Vieira passa pelo arquipélago de Cabo Verde a caminho do Brasil. Nas suas cartas procura mover influências, pois sente grande dor das “infinitas almas remidas com o sangue de Cristo que não há quem as alumie com a luz da fé”. E regista numa carta a André Fernandes, bispo eleito do Japão: “Há aqui clérigos e cónegos tão negros como azeviche, mas tão compostos, tão autorizados, tão doutos, tão grandes músicos, tão discretos e morigerados, que podem fazer inveja aos que lá vemos nas nossas catedrais”.

Com a saída dos Jesuítas de uma vez para sempre da Guiné, irão tomar-lhes o lugar os Franciscanos. Vejamos agora a primeira missão Franciscana na Guiné, entre os séculos XVII e XVIII.

No final do domínio Filipino, dá-se pela presença de frades capuchinhos que foram encarados como ingerência francesa na região, viram-se muito hostilizados e retiraram-se em meados de 1638, alegando o clima mortífero.

Com a Restauração chegou a missão dos capuchinhos espanhóis que vingará durante cerca de 40 anos, terminado porém de forma pouco inglória. É um período de enormes tensões, com muitas queixas contra os religiosos estrangeiros, logo a seguir à restauração falava-se me espionagem dos missionários espanhóis a viver na região. Veio a comprovar-se serem boatos totalmente infundados.

A história da nova leva missionária franciscana portuguesa é contada com todo o pormenor (e que sedutor pormenor!) por frei André de Faro em Peregrinação de André de Faro à Terra dos Gentios, saboreia-se o prazer de um romance de aventuras. É uma época turbulenta, são anos cheios de tensão aqueles em que André de Faro parte de Lisboa e se oferece aos perigos da Guiné. Recorde-se que D. João de Áustria invade o Alentejo, parecia que os Bragança estavam perdidos, o Conde de Castelo Melhor, graças a um golpe de Estado, passou a governar o país, resolveram-se os combates de Ameixial e Castelo Rodrigo, no Oriente os holandeses apoderam-se de Ceilão, Cananor, Cochim, entre outras possessões.

Vejamos então a épica contada por André de Faro.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 21 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18659: Notas de leitura (1068): História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema; Editorial Franciscana, Braga, 1982 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 25 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18676: Notas de leitura (1069): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (36) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24580: Historiografia da presença portuguesa em África (382): Um importante ensaio sobre a missionação franciscana na Guiné e Rios da Guiné, século XVIII na "Revista Itinerarium", ano LXVIII, n.º 228, julho-dezembro de 2022 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Janeiro de 2023:

Queridos amigos,
Esta revista Itinerarium está a revelar-se uma importante fonte de consulta sobre as missões católicas, são olhares que complementam a obra clássica do Padre Henrique Pinto Rema. Este investigador, Padre Manuel Pereira Gonçalves dá-nos um relato sobre a missionação dos franciscanos observantes em pleno século XVII, a partir de 1656. Convém recordar que D. João IV se viu a braços com a hostilidade espanhola na região, que também se manifestava na missionação, daí os esforços para robustecer a capitania de Cacheu e o apoio que deu à obra missionária, esta centrava.se na diocese de Cabo Verde e o autor aproveita para fazer uma síntese histórica que aqui se plasma por se lhe conferir bastante rigor. Ele irá falar sobre a Província da Soledade na missão de Cabo Verde e da Guiné, mas antes dá-nos uma apreciável nota do trabalho desenvolvido pela Província de Nossa Senhora da Piedade. Daremos seguimento ao trabalho do Padre Manuel Gonçalves fazendo depois uma recensão de um artigo publicado na mesma revista intitulado "Recordações da guerra civil de Bissau (1998/1999)" pelo então vigário geral da diocese, Padre João Dias Vicente.

Um abraço do
Mário



Um importante ensaio sobre a missionação franciscana na Guiné e Rios da Guiné, século XVIII (1)

Mário Beja Santos

Confesso que desconhecia por inteiro os trabalhos que o Padre Manuel Pereira Gonçalves tem dedicado à Guiné e este seu trabalho publicado na "Revista Itinerarium" (revista semestral de cultura publicada pelos Franciscanos de Portugal), ano LXVIII, n.º 228, julho-dezembro de 2022, como o leitor comprovará, introduz elementos novos face ao que já sabemos, sobretudo depois das incontornáveis investigações do Padre Henrique Pinto Rema.

O seu trabalho intitula-se "A Missionação dos Franciscanos Observantes (1656-1700), na Guiné ou nos Rios da Guiné". Começa por concordar com a opinião do Padre Henrique Pinto Rema quanto à área da diocese de Cabo Verde, limites traçados pela bula de ereção da diocese com data de 31 de janeiro de 1533: “A nossa diocese abrange o arquipélago de Cabo Verde e a terra firme da costa da Guiné, desde o rio Gâmbia, perto do promontório ou lugar do Cabo das Palmas até ao rio de Santo André. Segundo a Bula Pro Excellenti, os extremos Norte e Sul da nova Diocese distam 350 léguas, ou seja, cerca de 2100 quilómetros. O território para cima do rio Senegal pertencia à arquidiocese do Funchal.” Observa que a presença portuguesa na Guiné foi praticamente nula nos séculos XVIII e XIX e que para tal situação contribuiu a presença de países melhor apetrechados, económica e militarmente, e que punham permanentemente em causa a existência da nossa soberania. Os portugueses também se viram condicionados pela guerra de corso. No século XVII, os Rios da Guiné, apesar do sentido indefinido segundo os textos legais, faziam parte da área da jurisdição da capitania de Cabo Verde, cujo governador tinha poder sobre o Capitão-Mor de Cacheu.

Indo mais atrás, o autor fala do período entre 1432 e 1438 quando os Rios da Guiné eram sinónimo de Etiópia Menor. Cadamosto foi o primeiro a demandar esta baixa região da Etiópia e a contatar a população negra. Iniciou a sua primeira viagem em 22 de março de 1453, a segunda decorreu em 1456, terá sido nesta que descobriu quatro ilhas cabo-verdianas: Boavista, Santiago, Maio e Sal. Valentim Fernandes refere duas Etiópias, a primeira corre e estende-se pela costa do rio Senegal até ao Cabo da Boa Esperança. E do dito rio até este cabo são 1340 léguas. O outro nome da baixa Etiópia é Guiné. No seu roteiro, Valentim Fernandes fala das duas Etiópias, dizendo que a segunda, a Etópia Superior começa no rio Indo, além do grande reino da Pérsia, do qual a Índia este nome tomou. Mais tarde, Jerónimo Munzer, viajante e cientista alemão, manifestou interesse pelas navegações portuguesas e enviou por Martinho da Boémia uma carta dirigida a D. João II aconselhando-o a descobrir o caminho marítimo para a Índia pelo Ocidente. No ano seguinte, em 1494, ele próprio veio a Portugal, falou com D. João II, das conversas havidas e das suas impressões de viagens deixou o livro Itinerarium. O Padre Manuel Pereira Gonçalves refere também as viagens e trabalho do Padre Manuel Álvares, Jesuíta, que escreveu uma obra Etiópia Menor, o Padre Baltazar Barreira, que missionou na Guiné e que também deixou um precioso relato. Antes destes autores, também André Donelha deixou uma descrição da região, sabemos que esteve pelo menos três vezes na Guiné ao serviço da armada de António Velho Tinoco, provedor da fazenda real das ilhas de Cabo Verde.

Mais precisa que a descrição de André Donelha é a obra "Duas Descrições Seiscentistas da Guiné deixada por Francisco de Lemos Coelho, no século XVII. Como realça o autor, trata-se de uma obra indispensável para um levantamento geográfico e etnográfico desta Etiópia Menor. A documentação histórica subsequente refere de forma indiferenciada os Rios da Guiné ou os Rios da Guiné e Cabo Verde. Lembra também o autor que as ilhas dos Bijagós aparecessem no trabalho do Padre Manuel Álvares. Outros relatos vão conferir importância ao Rio Nuno, não muito longe do Rio Tombali. A importância do Rio Nuno para os portugueses reside na história do seu nome e ainda na abundância de marfim e tintas. Navegando em direção a Sul chega-se ao Rio Verga, próximo está o cabo que tem o mesmo nome. Por fim, temos a Serra Leoa, há testemunhos desse itinerário através dos escritos do Padre Fernão Guerreiro e do Padre Manuel Álvares. Para o autor é absolutamente certo que a descoberta da Serra Leoa se deve ao navegador Pedro de Sintra que foi um pouco mais além do atual território, chegando mesmo à Libéria. O navegador Luís Cadamosto faz referência em pormenor a esta viagem. Em 1462, Pedro de Sintra iniciou uma nova viagem com apenas duas caravelas e desembarcou numa das ilhas dos Bijagós. E prosseguiu viagem, passou pela montanha da Serra Leoa (está-se em crer que este nome deriva do grande rugido que ali se faz sentir por causa das trovoadas). E chegou ao Cabo das Palmas e Rio de Santo André, limite da diocese de Cabo Verde e Guiné, recorde-se que este cabo foi descoberto no reinado de D. Afonso V, em 1469, a mando de Fernão Gomes.

E o autor começa a sua exposição sobre a Província de Nossa Senhora da Piedade, o apoio dado pelo rei D. João IV à Missão de Cabo Verde. É neste apostolado em Cabo Verde que dois franciscanos vão à Guiné: Frei Paulo do Lordelo e Frei Sebastião de S. Vicente, eram portadores de um projeto muito específico, lançar os alicerces do hospício de Cacheu. Na povoação de Cacheu, no século XVI, viviam 800 cristãos ou assim considerados. Os dois religiosos estiveram alguns meses no ensino da região cristã e depois seguiram para o reino dos Banhuns. Foram muito bem recebidos pelo rei da terra, ali ergueram uma pequena capela. E depois estes dois franciscanos fizeram uma longa viagem, tinham como meta a Serra Leoa, passaram por Bissau e o Rio Nuno. Esta missão franciscana entusiasmou outros religiosos. Surgiu uma segunda leva de missionários, em 1662, 12 religiosos capuchos da Província da Piedade marcam presença. E em 1663, Frei André de Faro e Frei Salvador de Taveiro chegam a Cacheu e daqui partem para o território dos Banhuns. Mas o autor não deixa de nos advertir que por volta de 1670 a evangelização do continente não era nada brilhante. E depois de nos ter falado sobre esta Província de Nossa Senhora da Piedade vai referenciar a Província da Soledade na missão de Cabo Verde e da Guiné.

O que será importante reter? A Guiné e a missão de Cabo Verde nos finais do século XVII e durante o século XVIII não atraíram vocações. Só um iluminado era capaz de partir para locais tão difíceis sem saber o que de bom iria encontrar.

Mapa da Costa da Guiné (adaptado de Nuno da Silva Gonçalves, Os Jesuítas e a missão de Cabo Verde (1604-1642), Lisboa, ed. Brotéria, 1996.)

Peregrinação Mariana em Geba, 2013
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24557: Historiografia da presença portuguesa em África (381): 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, Porto, 1934, os memoráveis clichés fotográficos de Domingos Alvão (Mário Beja Santos)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16636: Os nossos capelães (5): Relação, até à sua independência, dos Capelães Militares que prestaram serviço no Comando Territorial Independente da Guiné desde 1961 até 1974 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Outubro de 2016:

Queridos amigos,

Foi no decurso da leitura da incontornável obra "História das Missões Católicas da Guiné", por Henrique Pinto Rema, Editorial Franciscana, 1982 que encontrei entre as páginas 709 e 712 esta relação que convirá fazer parte da documentação do blogue.

Aparecem nomes de padres que escreveram as suas memórias, caso de Abel Gonçalves e Mário de Oliveira, felizmente vivos, e mencionados no nosso blogue. e Arsénio Puim, que conheci em Bambadinca.

Bom seria que todos eles deixassem memórias sobre o que viram e experimentaram. O padre Pinto Rema observa que muitas vezes estes capelães substituíram os missionários e a inversa também foi verdadeira, refere concretamente Bolama, Bambadinca, Catió, Cacheu, Bissorã, Teixeira Pinto, Mansoa e Bigene. Também na falta ou ausência de capelães militares os missionários desempenhavam as funções religiosas essenciais de capelães nas unidades.
Uma história por fazer.

Um abraço do
Mário



Com a devida vénia a "História das Missões Católicas da Guiné", por Henrique Pinto Rema, Editorial Franciscana, 1982
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13616: Os nossos capelães (4): O bispo de Madarsuma, capelão-mor das Forças Armadas, em Gandembel, no natal de 1968 (Idálio Reis, ex-alf mil, CCAÇ 2317, Gandembel / Balana, 1968/69)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24105: Notas de leitura (1559): Histórias Coloniais, por Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus; A Esfera dos Livros, 2013 - Pidjiquiti, 3 de agosto de 1959: para cada um a sua verdade (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Junho de 2020:

Queridos amigos,
Evento de indiscutível importância para o futuro da Guiné, o que se passou no cais do Pidjiquiti em 3 de agosto de 1959 foi alvo de diferentes olhares e os números apontados estão longe de coincidir. O PAIGC manifestou sempre uma certa reserva em chamar a si a greve. A hipótese posta por Leopoldo Amado foi que teria sido Rafael Barbosa e o seu Movimento de Libertação para a Guiné a dinamizá-la, parece próxima da realidade. Mas foi mesmo um momento de viragem, as autoridades sabiam perfeitamente que houvera mudanças nos países vizinhos, um já independente e o outro a caminho, era fatal a aspiração nacionalista.

Um abraço do
Mário



Pidjiquiti, 3 de agosto de 1959: para cada um a sua verdade

Mário Beja Santos

Histórias Coloniais, por Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, A Esfera dos Livros, 2013, reúne a descrição de uma série de conflitos sociais que ocorreram nas antigas colónias portuguesas e que deixaram rasto para os movimentos de libertação, entre eles o massacre de Batepá, 1953, S. Tomé; a greve do Pidjiquiti, 1959, Guiné; a manifestação de Mueda, 1960, Moçambique; a greve da Baixa de Cassange, 1961 Angola, e o motim 1-2-3, 1966 Macau.

Foquemo-nos nos acontecimentos do Pidjiquiti. Nunca se demonstrou qualquer associação causa-efeito entre a greve de marinheiros e estivadores, mormente da etnia Manjaca, e as atividades do PAIGC. Há muita fabulação e os testemunhos posteriores são contraditórios. Luís Cabral, por exemplo, não insinua nem ao de leve a existência de uma associação. Isto para desdizer o que escrevem os autores, isto é, de que entre a meia centena de membros ativos do PAI (primeira designação do PAIGC) contavam-se marinheiros e estivadores, isto dito a cru e com o que se segue faz subentender o que os factos históricos não demonstram. Verdade era a miséria em que viviam estes trabalhadores: “Os salários mensais variavam entre os 150 e os 300 escudos. E por cada viagem, o tripulante recebia para alimentação certa quantidade de arroz e mais uns 50 centavos para o molho. Ora, o transporte de cabotagem era o que garantia mais elevados lucros às empresas, pois os custos por tonelada transportada estavam entre os mais baratos. Encorajados pelo descontentamento dos estivadores, cuja situação também era escandalosamente má, os marinheiros fizeram saber às empresas que estavam decididos a parar o trabalho se as suas reivindicações não fossem atendidas”. Mas nada aconteceu e veio a greve.

Os autores relevam as diferentes versões a que tiveram acesso, a do Tenente Sousa Guimarães, a de um responsável da Sociedade Comercial Ultramarina, a da PIDE e a do Padre Franciscano Henrique Pinto Rema. Sousa Guimarães envia uma carta em 18 de agosto ao Comandante Salgueiro Rego, alude ao impedimento feito pelos marinheiros da saída de uma lancha da Casa Gouveia, dois agentes da PIDE prenderam três dos identificados, os grevistas revoltaram-se, o patrão-mor chamou a PSP. Começa a pancadaria, dá-se a agressão dos 2 chefes da Polícia, vem então um corpo de agentes da PSP, há tiroteio, e ele escreve que destes acontecimentos resultaram 4 mortos, e vários feridos do lado grevista. A versão da Sociedade Comercial Ultramarina anda próxima da anterior, refere mortos, gente ferida e fugitiva, tendo os feridos sido retirados das embarcações e da água e conduzidos ao hospital, resultaram 7 mortos e numerosos feridos, destes viriam a falecer mais 3 ou 4. A versão da PIDE refere a precipitação dos acontecimentos, os grevistas a tentar libertar os companheiros detidos, as agressões aos polícias, atirando paus, remos e tijolos contra o piquete da Polícia. Houve detenções, o número de mortos foi de 12 e o de feridos de umas dezenas. A própria Polícia publica uma lista identificando 8 mortos. O Padre Henrique Pinto Rema diz explicitamente que estes trabalhadores respondiam às solicitações do Partido, não conseguiu haver diálogo entre as duas partes em confronto, houve 17 guardas feridos e a Polícia começou a matar em força, no final houve uns 13 a 15 mortos e mais cadáveres de marítimos e estivadores foram arrastados pelas águas do Geba, não se sabendo ao certo quantos.

A propaganda do PAI anunciou 50 mortos. Contudo, Amílcar Cabral, numa carta enviada ao angolano Lúcio Lara, refere 24 mortos e 35 feridos. Todo este grave acidente demorou a sanar, os grevistas fizeram exigências, reclamaram a libertação dos presos, aumentos de salários, a saída de António Carreira, gerente da Casa Gouveia, e também a do encarregado da secção marítima da Sociedade Comercial Ultramarina, atribuíram-lhes responsabilidades pelas mortes.

Para a PIDE, tudo se devia essencialmente ao contexto externo, ao papel catalisador da independência da República da Guiné e das emissões da Rádio Conacri, de infiltrações perniciosas. Já na década de 1990, Carlos Fabião, que foi o último Governador da Guiné, atribuía os acontecimentos do Pidjiquiti a três causas: o não cumprimento do administrador da Casa Gouveia da indicação dada pela CUF em Lisboa, no sentido de aumentar os salários aos trabalhadores; um desentendimento entre a PIDE e a administração civil; um ajuste de contas entre polícias Papéis e estivadores Manjacos. Todo este incidente irá transformar-se num símbolo de combate pela libertação, no decurso da reunião do PAI de 19 de setembro de 1959, em que Amílcar Cabral está presente, o líder procura retirar os devidos ensinamentos, a subversão deverá centrar-se nas zonas rurais, era inevitável a partir de agora caminhar-se para a luta armada, ficou decidido a transferência para o exterior de uma parte da Direção do Partido.
Aqui se recorda que há mais interpretações e testemunhos sobre os incidentes do Pidjiquiti. Já se escreveu sobre o relatório do Comando da Defesa Marítima, que vem apenso à História dos Fuzileiros, 3.º volume, dedicado à Guiné, de Luís Sanches de Baêna, Comissão Cultural da Marinha, 2006. António Duarte Silva, no seu livro "Invenção e Construção da Guiné-Bissau", Almedina, 2010, refere abundantemente estes factos a partir da página 102, apontam-se 9 mortos, 15 feridos de certa gravidade e hospitalidades e 23 marítimos presos. O autor recorda que este número de 9 se limita aos cadáveres transportados para a casa mortuária e que nenhum dos relatórios oficiais refere os grevistas que foram abatidos pelos guardas e mesmo alguns civis quando fugiam pela lama e lodo e cujos cadáveres foram arrastados pelas águas do rio Geba. António Duarte Silva cita o historiador Leopoldo Amado, o PAI não teria tido diretamente uma ação naquilo que veio a desembocar em Pidjiquiti. Terão sido ativistas do Movimento de Libertação da Guiné a empenhar-se. Rafael Barbosa era membro deste Movimento de Libertação da Guiné e reconheceu ter sido um dos responsáveis da questão do Pidjiquiti. Barbosa vai estabelecer um pacto com Cabral, o MLG fundiu-se com o PAI.
Em "Os cronistas desconhecidos do canal do Geba", Húmus Edições, 2019, relato a partir da página 252 a versão apresentada pelo responsável do BNU da Guiné. Dirá que houve 12 mortos, 15 feridos e a prisão de muitos e a fuga de alguns. Voltará a escrever em 20 de agosto anunciando que se voltara à normalidade e informa Lisboa do seguinte:
“Há a deplorar o número de vítimas resultantes da repressão prontamente efetuada na medida adequada à intensidade da investida dos amotinados e lamenta-se que estes tenham recorrido à greve como meio de revelar as suas reivindicações, numa ocasião em que o Governo da Província, por intermédio da Secção Permanente do Conselho do Governo estava há tempos procedendo ao estudo do ajustamento dos salários dos trabalhadores indígenas. Verifica-se com satisfação que a vida no cais retomou o seu ritmo normal e que cessou a perturbação provocada na economia da Província pela suspensão da atividade comercial portuária”.

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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24094: Notas de leitura (1558): Fernanda de Castro, uma figura de proa da literatura colonial guineense, autora de livros como África Raiz e Mariazinha (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25121: Notas de leitura (1662): "Os três rostos da Igreja Católica na Guiné" (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
O levantamento efetuado por Frei Vicente respeitante à missionação católica na Guiné é uma leitura pessoal que em nada colide com a obra de referência do Padre Henrique Pinto Rema. Este missionário procedeu a uma leitura de três momentos históricos de tal missionação: a que vai da criação da Diocese de Cabo Verde até 1932, um segundo momento que se estende com o regresso dos missionários até 1977; e a partir desta data um período que ele designa por igreja particular contemporânea, igual a todas as outras, pobres e ricas, projetada por bispos de grande prestígio e exemplaridade. Intervindo na educação, saúde e apoio social, tendo um ensino de gabarito, gestão de instituições de saúde com funcionamento impecável, criando escolas de artes e ofícios, um pouco por toda a parte, justifica-se a confiança deste missionário na crescente projeção desta comunidade de fiéis que não conhece qualquer hostilidade por parte da comunidade islâmica com quem dialoga nas diferentes áreas da sua intervenção.

Um abraço do
Mário



Os três rostos da Igreja Católica na Guiné (2)

Mário Beja Santos

Na mesma revista Itinerarium n.º 227, referente ao primeiro semestre de 2022, dos franciscanos missionários, donde, aliás, já fizemos referência ao Diário do Padre Macedo que testemunhou os primeiros anos da independência da Guiné-Bissau, vem um artigo assinado por Frei João Dias Vicente intitulado “Os três rostos da Igreja Católica na Guiné”, cujo teor merece ser referenciado por alguns aspetos inovadores da leitura historiográfica e religiosa que ele faz. Recorde-se sumariamente o que se escreveu no texto anterior. Sem detrimento da visão global enunciada na obra de referência do Padre Henrique Pinto Rema, "História das Missões Católicas da Guiné", Frei Vicente divide todo o período histórico da missionação em três momentos maiores: a partir de 1533, data da criação da Diocese de Cabo Verde, que inclui os Rios de Guiné, até 1932, data do regresso aos Rios de Guiné dos franciscanos; o segundo momento compreende o período de 1932 a 1977, data da criação da Diocese de Bissau e escolha do primeiro bispo; e o terceiro momento estende-se de 1977 aos nossos dias.

Quanto ao primeiro momento, o autor detalha diferentes fases de missionação, não esquece os padres jesuítas, dois deles, Padres Baltazar Barreira e Manuel Álvares, deixaram informações escritas de grande importância. Assim chegamos ao virar do século XVIII, permanecem na região da Guiné os Franciscanos da Soledade, prestando assistência nas principais praças existentes. Entrara-se num período de decadência das missões, a presença portuguesa estreitara-se e pode dizer-se que a situação política nos Rios de Guiné, na segunda metade do século XVIII, era altamente problemática. Em 1778, as Praças da Guiné sob o domínio português eram: Bissau, Cacheu, Geba, Farim e Ziguinchor. As intrigas e o divisionismo entre autoridades civis e eclesiásticas eram constantes. E escreve dizendo que se os frades deram frequentemente escândalo na sua vida moral e religiosa e no desrespeito, as autoridades civis, por sua vez, não eram melhores.

São tempos de crise de vocações, tempos de crise na atividade missionária franciscana na Guiné. Não admira que em 1802 só houvesse 3 frades na Guiné, em 1806 eram apenas 4 (2 em Bissau e 2 em Cacheu); os últimos frades na Guiné terão existido provavelmente até 1823, como certifica o Procurador-Geral da Província da Soledade. A partir de 1824, os relatórios do mesmo Procurador-Geral já só falam das suas missões de Cabo Verde, sinal de que na Guiné já não estaria nenhum frade. A extinção das Ordens Religiosas em Portugal veio confirmar oficialmente o fim da presença franciscana da Soledade na Guiné.

Foram os sacerdotes do clero regular que aguentaram sozinhos os esforços por manter na Guiné a assistência religiosa possível nas principais praças sob domínio português. O Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim forneceu uns 19 sacerdotes entre 1855 até 1910 que trabalharam na Guiné e 3 deles eram mesmo naturais da região. Do Seminário-Liceu de Cabo Verde, desde 1866 até 1910 saíram 7 sacerdotes que trabalharam na Guiné. Em 1932 haveria em toda a Guiné apenas 3 sacerdotes do clero secular. Frei Vicente caracteriza esta primeira etapa da envangelização nos Rios de Guiné como predominantemente sacramental e sobretudo batismal. Os missionários não conseguiram ter recurso a catequistas leigos que pudessem ajudar a manter a fé dos cristãos e a garantir melhor a preparação dos futuros batizandos.

A segunda etapa (1932 até 1977) é marcada pelo regresso ou vinda de congregações religiosas já com forte preocupação social, regressaram os franciscanos portugueses, vieram as franciscanas hospitaleiras portuguesas; em 1940, passou a existir uma missão com completa autonomia da Diocese de Cabo Verde. A envangelização processou-se através das escolas. Lançou-se o ensino médio liceal com o Colégio Católico de Bissau, mas durou pouco tempo (1943-1945). Graças ao Acordo Missionário (1940) ficou aberto o caminho a missionários não portugueses e o Papa Pio XII criou a Missão sui juris presidida por um Prefeito Apostólico. Os primeiros missionários não portugueses chegaram em 1947, eram os padres do Instituto Pontifício das Missões Estrangeiras, seguiram-se outras missões italianas. Criou-se em 1969 o Seminário da Guiné (primeiro em Bafatá e depois Bissau), mas só passou a ter sucesso quando se construiu a Escola Interna do Seminário, o primeiro sacerdote que saiu deste Seminário foi o Padre José Câmnate na Bissign, será o primeiro bispo guineense nomeado pelo Papa João Paulo II. Esta segunda etapa assentou predominantemente na educação, na saúde e na promoção social, criaram-se infraestruturas que ainda hoje são referências na Guiné: leprosaria de Cumura, o Hospital-Geral de Cumura, o dispensário-maternidade de Quinhamel, os postos sanitários das missões de Catió, Mansoa, Bambadinca, Suzana, entre outros; foram criadas pequenas escolas práticas de aprendizagem de ofícios, casos das pequenas escolas de carpintaria, apareceu inclusivamente o jornal "O Arauto"; Frei Vicente chama a esta igreja a de tempos de missão que se adaptou às variadas dificuldades do período da luta de libertação, que soube ter uma posição ao mesmo tempo colaborante nas tarefas da reconstrução nacional e simultaneamente de crítica em relação à ideologia oficial do marxismo-leninismo.

O terceiro momento vai de 1977 a 2021, Frei Vicente define-o como o rosto de uma igreja particular contemporânea, porque passou a ser uma igreja igual a todas as outras igrejas do mundo. A Igreja Católica na Guiné-Bissau não é alvo de nenhuma hostilidade por parte do credo maioritário islâmico. O primeiro bispo, Dom Settimio Arturo Ferrazzetta, distinguiu-se pela sua simplicidade e bom relacionamento com toda a gente, já fisicamente prostrado, durante a guerra civil de 1998-1999, pôs-se ao caminho para dialogar com os dois contendores, acompanhado por outras entidades religiosas. Com ele, a Igreja Católica deu um salto. Depois de Dom Settimio, virão mais 3 bispos, Dom José Câmnate na Bissign (que resignou em 2020), o brasileiro Dom Pedro Carlos Zilli, bispo de Bafatá e Dom José Lampra Cà. Esta igreja particular está orientada tendencialmente por pastores locais. O lema de Dom José Câmnate na Bissign era a bem-aventurança evangélica: bem-aventurados os construtores da paz. Dom Pedro Carlos Zilli granjeou com enorme prestígio na sua Diocese de Bafatá. Em 2001, em Bafatá, as paróquias existentes eram 8, os sacerdotes diocesanos eram 6, as irmãs religiosas 24, os seminaristas maiores 3; mas em 2017 os sacerdotes já eram 27, os seminaristas maiores 13, os leigos missionários 16 e as religiosas 25. O seu funeral em Bafatá foi impressionante, tempos depois era comum verem-se pessoas com camisolas com o lema de Dom Pedro Zilli: o amor jamais passará.

E o trabalho de Frei Vicente culmina com a apresentação do que eram em 2021 a organização religiosa e leiga da Guiné-Bissau.

Fachada da capelinha de Nossa Senhora da Natividade em Cacheu, o mais antigo templo católico da Guiné
Missa na Guiné-Bissau, imagem do Arquivo Missionárias da Consolata, com a devida vénia
Fiéis católicos guineenses estiveram reunidos, de 8 a 9 de novembro corrente, na peregrinação Mariana 2017, na cidade de Cacheu. A peregrinação deste ano decorreu sob o lema “Maria ka bu medi pabia bu otcha graça diante di Deus (Maria não tenhais medo porque encontrastes a Graça do Pai, tradução livre)”
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Notas do editor:

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Último poste da série de 26 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25112: Notas de leitura (1661): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (9) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23533: Historiografia da presença portuguesa em África (330): Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Novembro de 2021:

Queridos amigos,
É mais a riqueza do olhar, a sinceridade do proselitismo que nos atrai na prosa do Padre António Joaquim Dias que labutou na Guiné cerca de oito anos e meio e regressou a Portugal em 1942 publicando as suas impressões e a história do regresso dos Franciscanos à Guiné no Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira. Recordo que estes apontamentos seguramente foram tidos em conta pelo Padre Henrique Pinto Rema responsável por aquele que é seguramente o mais completo estudo sobre a história das missões católicas da Guiné, infelizmente esgotado. A vivacíssima descrição do Padre Dias permite-nos igualmente tomar nota do estado de desenvolvimento da Guiné, a importância que se atribuía à navegação marítima na ausência de infraestruturas rodoviárias e também se pode verificar pela leitura que ele faz do mosaico étnico, o que então era tido como conhecimento etnográfico, etnológico e antropológico.

Um abraço do
Mário



Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (2)

Mário Beja Santos

Que grande surpresa, estas Impressões da Guiné escritas por um missionário que ali viveu mais de oito anos, são documentos que ele vai publicando ao longo dos anos no Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira, ainda não sei o que nos reserva este conjunto de cartapácios, a verdade é que há imagens magníficas sobretudo no noticiário guineense. O padre António Joaquim Dias escreve como se estivesse a conversar com o leitor e agora prepara-se para viajar, falando-nos do território, cita um relatório datado de 1928 intitulado “Missão Botânica e de Reconhecimento Agrícola. Relatório sobre a flora da Guiné Portuguesa”, é seu autor o engenheiro agrónomo António de Figueiredo Gomes e Sousa: “O solo da parte plana é formado exclusivamente de aluviões argilosas, misturadas até certo ponto de sedimentos arenáceos, as quais derivam, ao que parece, de fortes arrastamentos das terras altas do Futa-Djalon, sob a ação de grandes cursos de água, hoje extintos, que tiveram no território um largo delta, como se depreende da existência dos longos estuários dos rios Cacheu, Geba, Grande de Buba e Cacine, e da constituição e localização das ilhas dos Bijagós”.

E o mesmo autor faz referências à geologia, distinguindo as terras altas e rochosas do Boé, bastante arenosas, de vegetação pobre e de pouca fauna, e em que predominam as laterites férricas e as terras baixas com os seus pântanos e os leitos dos rios, e depois dissera sobre bolanhas e lalas, que se acham desprovidas de sedimentos arenáceos, e tece o seguinte comentário: “Argila e húmus, roubados às terras pelas chuvas torrenciais, são carreados em quantidade para os rios e para o mar, pelas inundações e pelas marés ao retirarem”. E assim se compreende estes rios, canais e braços de mar que recortam o território em quase todas as direções. E pretende explicar ao leitor algo que lhe possa passar despercebido: “Os rios tomam os nomes das povoações indígenas principais que banham ou ainda os das regiões que servem. O mesmo rio recebe, às vezes, nomes diferentes, segundo a altura do seu percurso. Isto explica-se pelo isolamento em que viveram as tribos até aos nossos dias. Compreende-se como o rio Cacheu teve, pelo menos, os nomes de Cacheu, São Domingos e Farim; e o Corubal mantém ainda os de Cocoli, Gabú, etc.”.

E faz uma pequena descrição dos diferentes rios, só como curiosidade vejamos o que ele escreve sobre o Rio Grande de Bolola ou Buba:
“Teve importância, nos séculos passados, quando o negócio se movimentava nas povoações das suas margens: Biguba ou Buba, Guinala ou Quínara, Bisségue ou Cubisseque e Balola ou Bulola. Hoje serve a minúscula povoação de Buba, onde se bifurca para terminar quase logo, e ainda as propriedades agrícolas ou pontas, poucas e decadentes. Este esteiro de água salgada, cheio de braços enganosos para todos os lados, vai roendo a região de Quínara, da qual já desanexou as ilhas de Bolama e das Cobras, como também ajudara o Tombali a desanexar da zona do Cubisseque a Ilha dos Escravos. Como seus parceiros, o Cumbidjã, ajudado por braços de mar a quem chamaram rios, apressa-se a esfacelar o chão dos Nalus; mas Tombali, Cumbijã e Cacine, especialmente os dois primeiros, constituem estradas magníficas para a saída do não menos belo arroz daquela zona, de que é centro e metrópole comercial a povoação de Catió, recentemente elevada a sede de Administração Civil”.

E dá-nos seguidamente uma descrição da organização administrativa da Guiné, recorda o leitor que temos por vezes noticiário a que o estudioso não pode ficar indiferente, será o caso da descrição da missão dos Felupes em que se vê uma imagem da casa em construção que serve de igreja, escola e residência missionária, apraz registar um comentário sobre esta etnia: “Bastam-se a si mesmos. No seu chão encontram tudo o que lhes é indispensável para a vida. A palmeira dá-lhes o coconote, o azeite e o vinho, e o solo arroz em abundância. E não têm outras necessidades. Pelo que a vida lhes corre mansamente. Os portugueses cedo tentaram infiltrar-se entre eles, mas encontraram uma oposição pertinaz. Os mesmos cabo-verdianos que tão habilmente penetraram nas terras de outras tribos da Guiné, quando se aventuravam ao país dos Felupes levavam uma vida de receios”.

Encontrei igualmente neste fecundo Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira outros textos intercalados com as memórias do Padre António Joaquim Dias que darão leitura estimulante a quem investiga as coisas da Guiné. Logo um primeiro texto sobre o primeiro decénio da missão franciscana da Guiné, haverá um comentário da redação a dizer que saiu do punho do mesmo Padre António Joaquim Dias. Não nos esqueçamos que estamos nos primeiros anos da década de 1940, foi mais precisamente em 1942 que o Padre Dias voltou da Guiné e já tinha preparado um texto para publicação. Lembra-nos que cerca de vinte anos atrás o Governo Português, logo na pessoa do comandante João Belo, empenhara-se no ressurgimento missionário das colónias como complemento indispensável a “nossa colonização integral e classicamente portuguesa”.

O prelado diocesano não dispunha de clero para esta ressurreição na Guiné e no final do ano de 1929 foi tomada a decisão pela Direção das Missões de Cabo Verde em organizar o serviço missionário na Guiné, contava com o apoio da legislação promulgada pelo governador Leite de Magalhães. Foram os Franciscanos que aqui retornaram, foi nomeado Vigário-Geral o Cónego António Miranda de Magalhães que desconhecia a Guiné, elaborou um plano organizativo que o Padre Dias considerou enfermar de vários defeitos essenciais. Foi em 1932 que se constituiu a primeira Missão Franciscana da Guiné que aqui chegou em fevereiro desse ano, de Bolama foram a Bissau e depois a Cacheu. Não havia onde albergar os missionários em Cacheu, lá se arranjou um velho casarão, os autóctones cederam algum mobiliário e o Padre Dias comenta que era uma instalação verdadeiramente franciscana. Os recém-chegados dirigiram-se ao Vigário-Geral propondo uma missão católica central onde coubesse a formação de escolas para o ensino profissional e agrícola, propunha-se Bula para sede desta missão, para aproveitar os edifícios do Estado, o Vigário-Geral aceitou a transferência de Cacheu para Bula, vários missionários foram colocados em Cacheu e Farim.

O Padre Dias descreve os edifícios de Bula e o entusiasmo manifestado por muitos autóctones, as crianças iam à escola primária e tece o seguinte comentário:
“Os Manjacos do Churo tinham oferecido resistência tenaz ao pacificador da Guiné, Teixeira Pinto, mas acolheram bem a escola missionária, como ser um meio ainda absolutamente indígena e gentio. Foi situada a poucos metros da residência do régulo, foi feita de pau a pique, coberta a palha. Aberta por um professor indígena contratado, passou, depois, aos cuidados do auxiliar secular europeu António José de Sousa, que para ali fora de bom grado. Dormia, coitado, a um canto da escola, incomodamente, e cozinhava para si mesmo, ao fim da aula”.

No ano de 1933, aumentou o pessoal missionário com quatro Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas para educação de raparigas indígenas num internato de Bula. O Governo da Colónia concedeu verba para a criação de uma escola em Bula, em regime de internato, para professores e indígenas de ambos os sexos. Alargou-se o sistema educativo ao regulado de Có, construiu-se ali escola missionária. As irmãs tratavam dos doentes, ele fala no tratamento de úlceras por vezes horripilantes. Em 1934 chegou o novo Vigário-Geral, veio acompanhado de mais dois missionários. Um comerciante de Farim, Mário Lima Wahnon, cedera às missões gratuitamente 2000 metros quadrados de terreno para construção de uma igreja, só que faltou verba para as obras, os ofícios religiosos eram celebrados num edifício dispensado por uma casa comercial francesa. Entrou em funcionamento o internato masculino de Bula e a respetiva escola, só que este missionário adoeceu gravemente, foi uma operação delicada manter aberta a escola de Có.
Veremos seguidamente a evolução missionária entre 1935 e 1937 e vamos sentir o olhar perscrutante do Padre Dias a falar das diferentes etnias.

(continua)

Frei Henrique Pinto Rema, Palácio de Belém, 9 de outubro de 2018, condecorado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23513: Historiografia da presença portuguesa em África (329): Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (1) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23401: Notas de leitura (1460): “O percurso geográfico e missionário de Baltasar Barreira em Cabo Verde, Guiné, Serra Leoa”, por Graça Maria Correia de Castro; Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 2001 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Outubro de 2019:

Queridos amigos,
Serão os franciscanos o pilar fundamental da missionação católica na região da Guiné, está historicamente comprovado, basta ler a obra exemplar do padre Henrique Pinto Rema. Os jesuítas fizeram uma aposta forte, entre Cabo Verde, Guiné e Serra Leoa. Iam impulsionados por um museu apostólico considerado difícil de conciliar com as adversidades do terreno e a crítica frontal à natureza do tráfico de escravos. Inflexíveis em negociar os trâmites do seu apostolado, morreram ou tiveram que regressar com a saúde abalada. A correspondência do superior da missão, Baltasar Barreira, é encarada pelos estudiosos e investigadores da Guiné como documentação histórica de grande interesse para o estudo da presença portuguesa na região.

Um abraço do
Mário



Baltasar Barreira e a sua importância na literatura de viagens do século XVII

Beja Santos

A obra intitula-se “O percurso geográfico e missionário de Baltasar Barreira em Cabo Verde, Guiné, Serra Leoa”, por Graça Maria Correia de Castro, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 2001. No escopo essencial da obra, vê-se a autora a analisar um conjunto de cartas missivas do missionário jesuíta Baltazar Barreira, Superior da Missão de Cabo Verde e da Costa da Guiné, escritas ao longo de oito anos, entre 1604 e 1612. Em Portugal governam os Filipes, pululam os corsários, as dificuldades da missionação revelavam-se insuperáveis. Os jesuítas estavam sediados em Cabo Verde e ansiavam por missionar em terra firme, sabiam que iam ser confrontados com animistas e convertidos ao islamismo. Houve a pretensão de instalar uma administração civil e militar na Serra Leoa, mas não houve sucesso. A desistência dos jesuítas estará relacionada com a ausência de apoio temporal, não queriam fazer missionação sem a presença de soldados.

Tudo começa por parecer que ia correr bem, com o batismo do rei em Serra Leoa. Na costa da Guiné, os jesuítas apoiavam-se em lançados e residentes, não podiam contar com mais nada, e caminhando mais para norte havia já um avanço do islamismo instalado com estruturas de ensino e culto a funcionar. Baltasar Barreira contava com colaboradores entusiastas mas que morreram cedo. Sendo responsável pela missão, Baltasar Barreira procura sensibilizar os poderes político e religioso, fala com toda a franqueza, pede apoios de toda a ordem, o que ele escreveu bem como os outros jesuítas é um contributo do maior relevo para a história das missões católicas e para a história deste local da costa africana. Vários estudiosos serviram-se das informações de Baltasar Barreira, é o caso de António Carreira.

Os jesuítas chegaram a África munidos da profunda superioridade da sua cultura, vinham ardorosos para a conversão dos gentios. Por um lado, tudo parecia fácil dado haver uma estreita ligação entre a Coroa e a Igreja, estava ainda de pé o “direito de Padroado”, concedido aos reis portugueses por sucessivos Papas. Portugal assumia a convicção de que era nação missionária por excelência. Recorde-se que em Goa havia uma diocese independente que se estendia do Cabo da Boa Esperança à China. A partir de Goa, dirigiam-se as missões de Moçambique e Etiópia. Para esta missionação mobilizaram-se franciscanos, agostinianos, teatinos, carmelitas, jesuítas, fundavam igrejas e conventos. Malaca, conquistada por volta de 1511, era a base do apostolado missionário.

O primeiro Bispado de Cabo Verde e Guiné foi criado por volta de 1533, compreendia Cabo Verde e a costa ocidental africana, desde o rio Gâmbia até ao Cabo das Palmas, portanto um extensíssimo território, a colonização do homem branco era muito fraca. Como tudo era adverso para a missionação, a evangelização na costa da Guiné realizava-se em regime deambulatório a partir da sede, em Santiago. Recorde-se que a população das ilhas usufruía de regalias para comerciar entre os portos da Guiné e os da Serra Leoa, desde que utilizasse apenas produtos do arquipélago. Mas as transgressões eram muitas, os “lançados” sabotavam as diretrizes régias. E a concorrência estrangeira impunha-se, chegavam atraídos pelo comércio de escravos, cedo se soube na Europa que o ouro aqui não abundava.

A autora esboça o que era o ideal missionário dos jesuítas, o que os distinguia das outras ordens religiosas. Dá-nos igualmente uma nota histórica dos antecedentes dos jesuítas em Cabo Verde e de como se processou a missionação com Baltasar Barreira. A colisão frontal dos jesuítas era com o mercado de escravos, não só em África como no Brasil.

Toda esta documentação cabe no âmbito da chamada literatura de viagens dada a riqueza das descrições de Baltasar Barreira não só sobre as ilhas como sobre a costa africana. Descreve aos seus destinatários a história dos povos, a distância entre os reinos, como constroem as suas habitações, quais os seus recursos, enumera reinos, quantifica e qualifica produtos da terra (madeiras, frutas, as aves, o algodão, o marfim, a cera, o gado, as ostras…). Um tanto paradoxalmente, enquanto está atento ao humano e à paisagem, mostra-se de uma grande incompreensão em relação à religiosidade africana. É minucioso nos tempos reais da viagem entre as ilhas e o continente.

E vale a pena registar o que a autora escreve em jeito de conclusão:
“De Cabo Verde narra-se a forma de governo português e a hierarquização social constituída por uma minoria de homens livres e uma maioria de escravos onde era possível a miscigenação de várias etnias. A situação económica das ilhas era difícil, na origem da qual estavam núcleos temáticos tais como as secas, a fome, a carestia, o desamparo face ao corso e à pirataria proveniente da concorrência estrangeira.
A costa africana, sobretudo a Serra Leoa, constitui a vertente panegírica do relato, quer pelas descrições entusiastas da riqueza da terra, quer pelo clima e paisagem paradisíacos, quer pela boa disposição dos régulos em receber a nova religião. A veemência do jesuíta para que se fundasse colégio naquela região chegou ao ponto de citar, numa das suas epístolas, excertos de uma carta de Pedro Álvares Pereira, manifestando o desejo de auxílio necessário para que aí se implantasse a Companhia.

Foi na Serra Leoa que a evangelização de Baltasar Barreira atingiu o maior sucesso, durante cerca de dois anos, continuada depois pelo seu companheiro Manuel Álvares. O método da persuasão encetado pelas relações de amizade entre o Padre e os Povos, os presentes aos régulos, os convites para as cerimónias e festas religiosas, figuravam sempre em primeiro plano, como função persuasiva.
A herança cultural aliada ao desejo de Baltasar Barreira criar um clero local a partir da construção de um colégio que também servisse de seminário, levou a que os outros padres que se encontravam no arquipélago ensinassem a ler a algumas crianças, e o próprio superior a trazer consigo meninos, filhos de chefes africanos, para que se instruíssem em sua companhia e se tornassem padres também.

Estas cartas missivas têm um louvor permanente à Companhia (…). A programação que Baltasar Barreira imprime, como superior da missão e destinador de um programa narrativo evangelizador, coloca em destaque uma imagem de missionário exemplar que em todos os caminhos é protegido por Deus, destinador último, e a quem nunca se esquece agradecer”
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Uma imagem ideal da missionação, muito divulgada durante o Estado Novo.
Henrique Pinto Rema, missionário franciscano, autor da mais importante obra sobre a missionação na Guiné, a ser condecorado pelo Presidente da República.
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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23388: Notas de leitura (1459): “Ébano”, por Ryszard Kapuscinski; Livros do Brasil/Porto Editora, 2018, o mais espantoso trabalho jornalístico sobre a nova África (3) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23755: Historiografia da presença portuguesa em África (341): Centena e meia de referências bibliográficas sobre a Guiné-Bissau, da autoria de missionários, portugueses, italianos, guineenses e outros (Fr João Vicente, ofm)


Portal Diamoci Una Mano In Guine Bissau (em italiano e português)



Folha de rosto da página, na Net, "Dioceses da Guiné-Bissau", em português e italiano. Disponível aqui, embora a página esteja com "bugs" ou erros informáticos que impedem a sua visualização correta e completa. Não conseguimos encontrar a página no Arquivo.pt


1.  As missões e os missionários, nomeadamente católicos, estão profundamente ligados à história da presença portuguesa em África, e em particular, na Guiné-Bissau... Vários camaradas nossos, a começar pelo Beja Santos, o Paulo Salgado, o Arsénio Puim, e eu próprio,  têm fornecido aos nossos leitores diverso material de interesse para o conhecimento e aprofundamento deste tema. 

Além disso, vários missionários, italianos, ligados ao PIME - Pontifício Instituto para as Missões Exteriores, são referidos aqui no nosso blogue: Mario Faccioli (1922-2015), António Grillo (1925-2014), Lino Bicari, Salvatore Cammilleri, Arturo Biasutti... Por uma razão ou outra, têm (ou tiveram) uma relação especial com a Guiné-Bissau e o seu povo (**). Tinham sede em Bafatá e, em 1970/71, o alferes graduado capelão e membro da nossa Tabanca Grande, Arsénio Puim, da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), frequentava com alguma regularidade a sua casa, como ele lembra no poste P6193 (**):

 "Foi na Casa destes que me 'refugiei' algumas vezes, para desanuviar o espírito do clima de guerra, para falar com outros colegas, para retemperar um bocadinho as forças e levar em diante, com a autenticidade que sempre prezei, a missão de padre da Igreja no Exército."

Na página acima referida, "Dioceses da Guiné-Bissau", encontrámos esta preciosa nota bibliográfica, assinada por  fr. João Vicente, ofm, com centena e meia de referência a trabalhos (alguns publicados em livro), da autoria de missionários, portugueses, italianos e outros, que escreveram sobre a Guiné-Bissau. Mas a maioria são italianos, e alguns com formação etnográfica e linguística. Vamos aqui reproduzi-la, essa nota, om a devida vénia. 

Refira-se que há autores que são já conhecidos, pelo menos de nome,  dos nossos leitores: é o caso, por exemplo,  do cónego Marcelino Marques de Barros, que tem 10 referências no nosso blogue; ou do padre Henrique Pinto Rema (n=9)


O que diferentes Missionários da Guiné-Bissau escreveram sobre a própria Guiné-Bissau

Por Fr. João Vicente, ofm

Introdução

O que se escreve não é tudo na vida, nem mesmo o mais importante. Mas também não deixa de ser verdade que “os escritos permanecem”, ao passo que as simples palavras…“o vento as leva”! Escrever é uma forma de lutar contra o esquecimento e a morte, além de ser também uma valorização e um sinal de respeito pelo trabalho dos nossos irmãos e irmãs. Infelizmente, os Missionários da Guiné-Bissau, tão generosos no trabalho pastoral e social, são frequentemente bastante descuidados no sentido de fixarem por escrito as alegrias e tristezas de seu trabalho missionário!

Mas, graças a Deus, também há alguns Missionários que são sensíveis a este valor do testemunho escrito e é graças a eles que o legado de cada geração se vai passando às gerações seguintes e é também desta maneira que nos habituamos a experimentar e a apreciar o valor e a felicidade de sermos uma grande Família espiritual ainda em crescimento: a Igreja-Família de Deus na Guiné-Bissau, que desde há mais de 400 anos se vem afirmando gradualmente no espaço geográfico onde nos encontramos, com algumas páginas brilhantes mas também com outras páginas sombrias, na sua missão de ser, apesar da fraqueza humana de seus membros, “sinal visível” e “fermento” do Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo, o Seu Mestre e Senhor.

Com base nestes pensamentos, comecei há vários meses a coligir os escritos dos Missionários que viveram e trabalharam na Guiné-Bissau (mesmo que por um tempo muito breve) e que escreveram sobre as várias realidades deste país da África Ocidental.

Ao fim da recolha feita – e para surpresa minha! - tomei consciência de que, apesar da recolha não ser ainda exaustiva (algum dia o poderá ser?), ela revela já claramente que muitas e variadas coisas foram já realizadas mas que, infelizmente, quase todos os trabalhos escritos continuam ainda à espera de poderem ser impressos, apresentando-se apenas como simples escritos “policopiados”, ou seja: com um número reduzido de cópias, espalhadas por um pequeno grupo de amigos e frequentemente de difícil consulta para o grande público. 

São mais de 150 as obras aqui referenciadas, a maior parte delas dos últimos 50 anos, como é compreensível. No fim da leitura das mesmas, o leitor poderá, também ele, julgar do seu real valor e novidade.

Em termos de apresentação exterior das obras recolhidas, para distinguir as que são já impressas das que são apenas “policopiadas”, eu coloquei à frente das policopiadas justamente a designação “Policopiado”. Das que são já impressas, nada se diz, justamente para distinguir umas das outras mais facilmente.

Ficaria muito feliz e interiormente recompensado se viesse a saber que alguém, depois de ler estas linhas, se decide a completá-las ou corrigi-las, com outras referências aos trabalhos escritos de Missionários não referidos nesta minha recolha, ou com o apontar de alguma incorrecção nos documentos que agora apresento. De facto, não me iludo de que, em História, as recolhas são sempre incompletas e, consequentemente, a Verdade histórica nunca é definitiva !.

Na apresentação dos vários trabalhos escritos, seguirei a ordem alfabética, apenas por facilidades de consulta. Vejamos então:


ÁLVARES (P. Manuel), Etiopia Menor e Descrição Geographica da Serra Leoa (ano de 1616). Manuscrito existente na Sociedade de Geografia de Lisboa. Ano de 1616.

AMBONA (António), La famiglia Jola come fondamento della comunità cristiana e luogo della “traditio” della fede. Tese de licenciatura em Missiologia, na Pontifícia Universidade Urbaniana, Roma, 2009. Policopiado.

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BANHAL (Alberto Essondon), A Evangelização no mundo Felupe. Dissertação de fim de curso teológico, no Seminário Interdiocesano de Bissau, ano de 2010. Policopiado.

BARREIRO (Admir Cristiano), A figura do Divino no mundo tradicional Balanta (Patche). Dissertação de fim de curso teológico no Seminário Interdiocesano de Bissau, ano de 2009. Policopiado.

BARROS (Marcelino Marques de), “Guiné Portugueza, ou breve notícia sobre alguns dos seus uzos, costumes, língua e origem de seus povos”, in Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 1882.

BARROS (Marcelino Marques de), Sete Cartas aos padres do Seminário de Sernache do Bonjardim, entre 1868 e 1878, sobre variados aspectos da vida na Guiné, in Annaes das Missões Portuguezas Ultramarinas, Almanach de lembranças luzo-brasileiro, etc. Algumas dessas cartas foram já publicadas em nosso estudo “Subsídios para a biografia do sacerdote guineense Marcelino Marques de Barros (1844-1929)”, in Lusitania Sacra, 2ª série, 4 (Lisboa, 1992), pp.438-455.

BARROS (Marcelino Marques de), “Guiné Portugueza, Rios de Farim e de S.Domingos, rio de Bissau, as portas e as chaves dos rios Boduco e Farato”, Bolama, 4-10-1880, in Annaes das Missões Ultramarinas, 1889.

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VICENTE (João Dias), Guinea Bissau, Guiné-Bissau. (Livro de divulgação sobre variados aspectos da vida e história da Guiné-Bissau,, em versão italiana e portuguesa, publicado em Verona no ano de 2004, com valiosas fotos de Alessandro Tosatto)..

Fr. João Vicente, ofm

Fonte:  http://www.gbissau.org/diocese/Public_missionarios.htm (com a devida vénia...)

[ Revisão / fixação de texto / negritos / links, para efeitos de publicação deste poste: LG ]

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(**) Vd. poste de 20 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6193: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69 / Mai 71) (9): Os padres missionários italianos de Bafatá

(...) A primeira vez [que fui à Casa dos Padres Missionários Italianos em Bafatá] foi em meados de Junho de 1970 quando decorreu ali um encontro dos capelães militares do Sector Leste - Bafatá, Bambadinca, Galomaro, Nova Lamego e Piche – promovido e orientado pelo Capelão Chefe da Guiné.

Foram dois dias preenchidos com diversas reuniões de trabalho, onde os capelães presentes puderam, num ambiente de agradável convívio, analisar e reflectir sobre a sua missão e actividades, naturalmente vistas sob ângulos de opinião diferentes.

A encerrar o encontro teve lugar uma concelebração eucarística de ronco, um tanto ao estilo da Igreja no tempo do Estado Novo, que o Capelão Chefe Gamboa sabia muito bem valorizar, em que estiveram presentes autoridades militares e civis, assim como um bom grupo de chefes religiosos muçulmanos. À cerimónia, a que se pretendeu retirar qualquer conotação política e militar, deu-se o nome de Celebração Eucarística pela Unidade.

Lembro que ainda antes de regressarem às suas Unidades, os capelães foram brindados, pelo Comando Militar de Bafatá, com um longo roteiro pela zona norte, acompanhados dum pequeno pelotão de segurança, visitando os aquartelementos de Cantuboel, Cambaju e Fajonquito, que nos disseram ficar a cerca de 500 metros do Senegal.

Voltei a estar na hospitaleira Casa dos Padres Missionários Italianos, pelo menos, mais duas vezes, por menos tempo. Eram sempre excelentes ocasiões de repouso e de convívio, assim como de troca de opiniões sobre temas então muito actuais e vividos intensamente por muitas pessoas dentro da Igreja, como fascismo e colonialismo, Exército e Igreja, guerra e Guiné, além de outros temas de cariz religioso e eclesiástico.

Pude, assim, conhecer e aquilatar do trabalho que os Padres Missionários Italianos desenvolviam na Guiné, levados pelo seu espírito missionário arejado e contando com algum apoio financeiro do Governo Português. Um trabalho profundo, enraizado e isento, que assentou, essencialmente, na formação de cidadãos da própria Guiné, de forma que o desenvolvimento desta terra se pudesse fazer a partir de dentro, pelos próprios guineenses. Para isso, haviam fundado e dirigiam um Seminário em Bafatá, já então no terceiro ano de existência, e sei que projectavam construir um outro em Bissau, visando a formação de sacerdotes e catequistas nativos, sem os desenraizar do meio nem desafricanizar.

Uma acção que foi reconhecida por quantos tiveram oportunidade e interesse de observar o desempenho da Igreja na Guiné e dela esperavam que assumisse uma acção capaz de semear nesta terra o Evangelho, no seu espírito de justiça, liberdade e progresso.

Amílcar Cabral, numa entrevista dada depois da célebre recepção dos três líderes dos Movimentos africanos pelo Papa Paulo VI em princípios de 1971, e em que faz um forte ataque à Igreja na Guiné por considerar esta estar comprometida com a guerra colonial, não deixou de expressar o seu apreço pelos Padres italianos de Bafatá, assim como pelo Pe. António Grillo, que havia sido expulso na sequência do caso de Samba Silate. Uma imprudência de Amílcar Cabral, a meu ver, por poder dar origem a certos juízos políticos, na verdade infundados. (...)

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Vd. ainda postes de: