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sábado, 17 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3751: Fauna & flora (11): O babuíno da Guiné ou... cabrito pé de rocha (Vitor Junqueira)

Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 > Destacamento de Banjara > 1968 > Quando a fome era negra, até cabrito pé de rocha se come... Só que em Bissau o periquito Vitor Junqueira estava longe de imaginar que o dito cabrito era... macaco-cão! (*)...

Nesta foto, um macaco fidalgo caiu numa armadilha dos militares da CART 1690, de trágica memória... (Recorde-se que esta companhia, a que pertenceu o nosso querido amigo e camarada A. Marques Lopes, da Tabanca de Matosinhos, hoje Cor DFA Ref, sofreu 1 morto e 11 desaparecidos - levados para Conacri - num ataque do PAIGC, contra o destacamento de Cantacunda, na noite de 10 para 11 de Abril de 1968).

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados.


1. Do Vitor Junqueiro, que é médico, residente em Pombal (não é no Pmbal!), membro da nossa Tabanca Grande, organizador do nosso 2º Encontro Nacional, de saudosa memória (Pombal, 2007), pai e avô babado, portentoso contador de histórias (com H), ex-garboso oficial da nossa ex-gloriosa marinha mercante, ex-Alf Mil Inf, CCAÇ 2753 - Os Barões (Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá ,1970/72)... Além disso, um belo amigo e um grande camarada, a quem agradecemos mais este contributo para o nosso blogue:

Caros editores,

A propósito do interesse académico que as nossas lembranças de ex-combatentes da Guiné possam apresentar para os estudiosos do macaco cão (**), aqui vai o meu contributo.

1 - A ZA da minha companhia, incluindo áreas limítrofes, pode definir-se grosso modo como uma faixa de território com cerca de dez quilómetros para cada lado do eixo Mansabá-Farim (região do Oio). Conheci bem a região por tê-la patrulhado inúmeras vezes.

2 - No princípio da década de 70 (70, 71 e 72), um babuíno conhecido pela tropa sob a designação de macaco-cão, proliferava neste território.

Julgávamos nós que o nome do animal teria a ver não apenas com a anatomia do focinho, a fazer lembrar o do cão, mas também pelas vocalizações dos adultos que muito se assemelhavam às dos caninos. Os machos mais corpulentos teriam à volta de 15 a 18 kg, as fêmeas pesariam entre os 10 e os 12 Kg.

3 - As famílias (bandos) eram numerosas constituídas por cerca de vinte a trinta elementos. Numa deslocação em coluna de Farim a Mansabá, podiam avistar-se quatro ou cinco grupos ao longo do percurso. Pareciam não temer os humanos nem tão pouco as viaturas militares, permitindo facilmente a nossa aproximação a menos de cinquenta metros.

4 - Cada família aparentava obedecer a um único macho adulto que, regra geral, "se empoleirava" num ponto conspícuo como por exemplo um baga-baga ou os ramos secos e desfolhados de uma árvore morta. Desse posto estratégico, controlavam a família enquanto esta se alimentava no solo ao mesmo tempo que vigiavam o que se passava em seu redor.

5 - Mais para o interior, grupos com idêntica constituição podiam ser encontrados na proximidade de antigas tabancas onde procuravam alimento com base em plantas de cultivo que cresciam espontaneamente, após o abandono destas áreas pelas respectivas populações. Aí encontravam também abundância de frutos como mangos e citrinos.

6 - O florescimento destas colónias pode atribuir-se ao facto de, o seu predador mais importante e praticamente único - o homem - ter sido desalojado de vastas áreas, quer por iniciativa própria para fugir à tragédia da guerra, quer devido à política de reagrupamento de tabancas. Deste modo, foram abandonados (destruídos) centenas destes aglomerados dispersos por todo o território. Não havendo habitantes não há caçadores e, assim, a pressão sobre o macaco-cão como fonte de alimento aliviou notavelmente.

7 - Para abater um destes animais, não basta ser caçador, tem que se ser um bom atirador! Se o animal não for atingido num ponto vital como a metade posterior da cabeça ou a coluna cervical, o bicho não cai. Atingido por vários projécteis noutra zona, pode até comportar-se como se não fosse nada com ele, acabando por ir morrer longe da vista do caçarreta para sua grande humilhação.

8 - Outro indicador da abundância destes babuínos pode encontrar-se na frequência com que caíam nas armadilhas montadas pela tropa. Quando se tratava de fêmeas com filhotes, estes podiam ficar por longos períodos (dias?), junto ao corpo das mães. Nestas circunstâncias e se encontradas a tempo, as crias eram geralmente adoptadas pelos militares que tinham para com elas cuidados e desvelos de verdadeiros pais!

9 - Confirmo que as manifestações de sofrimento dos bebés babuínos, sejam elas a dor física, a fome, o medo ou outras emoções que na nossa brutalidade estamos a anos luz de entender, são verdadeiramente pungentes.

10 - Pela minha parte, este é o fim da macacada a que me atirei, picado pelo Jorge Picado que no seu último poste me incita ao pronunciamento.

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1266: Estórias de Bissau (1): Cabrito pé de rocha, manga di sabe (Vitor Junqueira)

(**) Vd. postes da série Fauna & Flora:

16 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3750: Fauna & flora (10): Um par de Macacos à solta em Nova Sintra. (Herlander Simões)

16 de Janeio de 2008 > Guiné 63/74 - P3747: Fauna & flora (9): Do macaco-cão ao macaco-fidalgo... à mesa (José Nunes / Artur Conceição)

13 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3734: Fauna & flora (8): O estudo do Papio hamadryas papio (Maria Joana Ferreira Silva)

13 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3733: Fauna & flora (7): Babuínos, chimpanzés, caçadores, militares, pitéus e... turismo científico (Pepito)

13 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3732: Fauna & flora (6): A mensagem da Maria Joana e a resposta do Patrício Ribeiro

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P3727: Fauna & flora (5): Coluna de Macacos Kom dizimada na estrada de Cutia para Mansabá. (Jorge Picado)

11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3722: Fauna & flora (4): Tudo o que sabemos sobre o macaco-kom (Jorge Teixeira / António Costa)

11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3721: Fauna & flora (3): Mais histórias de macacos (Henrique Cabral / Luís Faria)

11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63774 - P3720: Fauna & flora (2): Os macacos-cães do nosso tempo (Luís Graça / J. Mexia Alves)

10 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3714: Fauna & flora (1): Pedido de apoio para investigação científica sobre o Macaco-Cão (Maria Joana Silva)

quinta-feira, 8 de março de 2007

Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)





Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Nas três primeiras fotos, um dari, em cativeiro (na primeira foto, vê-se a Inês, a filha do Xico Allen); as duas últimas fotos são de um babuíno, macaco-cão (sancu, macaco, em crioulo).

De um modo geral, as populações da Guiné-Bissau, não islamizadas, perseguem, caçam e comem o sancu. Sobretudo depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão aumentou. Quanto ao dari, o chimpanzé da mata do Cantanhez, há uma maior respeito pelas suas semelhanças com o ser humano. No entanto, o seu habitat está condicionado pelas actividades humanas (expansaão das áreas de cultivo). Há cerca de 7 milhões de anos, havia um antepassado ancestral. Há cinco anos que uma equipa de investigadores portugueses monitoriza a população de daris no sul da Guiné.

Fotos: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados



1. Reportagem TSF > Dari, Primata como Nós > 2 de Março de 2007 .

No sul da Guiné-Bissau, o chimpanzé tem nome de gente. Na pista de Dari, uma equipa de cientistas portugueses estuda, há cinco anos, os chimpanzés das matas de Cantanhez com o objectivo de ajudar a salvar uma espécie ameaçada, sobretudo pela redução do seu habitat e pela dificil coexistência com as populações humanas do sul da Guiné-Bissau (e do norte da Guiné-Conacri).

A par do chimpanzé (em tempos, um homem, ferreiro, que Deus transformou, por castigo, em alimária, segundo as lendas locais), há outros primatas e outros mamíferos como o búfalo e até o elefante na mata do Cantanhez.

O dari (chimpanzé) é mais difícil de encontrar que o macaco-cão ou babuíno, o quel por sua vez, e infelizmente, começou a ser mais procurado, como peça de caça e como iguaria, a partir dos anos 80, devido à maior raridade de outros animais, como os cervídeos (2). No tempo da guerra colonial, não era frequente o consumo de carne de macaco, pelo menos na zona leste habitada sobretudo por populações islamizadas (fulas e mandingas), muito embora o macaco-cão fosse muitas vezes baleado quando invadia os campos de mancarra (amendoím). Contudo, de entre os nossos camaradas houve quem tivesse comido macaco por cabrito (3)...

Um conhecido jornalista da TSF, Carlos Vaz Marques, passou 15 dias com o grupo de investigadores, coordenado pelas primatólogas portuguesas Catarina Casanova (37 anos, Universidade Técnica de Lisboa) e Cláudia Sousa (31 anos, Universidade Nova de Lisboa), e que inclui alunos de mestrado e doutoramento. A partir de Jemberem (vd. carta de Cacine), a companhou o quotidiano das caminhadas pelo mato, da recolha de vestígios, das conversas com os habitantes das tabancas e testemunhou o encontro com um grupo de chimpanzés, guardando o registo sonoro desse momento raro e seguramente emocionante.

Dari, Primata como Nós é uma grande (e belíssima) reportagem de Carlos Vaz Marques com montagem e sonorização de Alexandrina Guerreiro.

A reportagem inclui também excertos de conversas com os guias e com os cientistas, incluindo parte de um entrevista, a uma rádio local, dada pela Catarina, a qual fez questão de sublinhar a importância que a protecção do dari (e de outras espécies animais) tem para o desenvolvimento do ecoturismo e para a subsistência das populações do Cantanhez. Este é também um objectivo prosseguido pelo projecto Guiledje, da AD - Acção para o Desenvolvimento, liderada pelo nosso amigo e tertuliano Pepito.

Aqui fica o link para o registo áudio (cerca de 43 minutos), no sítio da TSF, que aconselho vivamente a ouvirem.

2. Entretanto, o nosso camarada José Martins, acaba de me mandar uma mensagem relacionada com a notícia, dada acima.

Caro Luís

Votos de boa saúde e boa disposição.

Silêncio quebrado para informar que, amanhã, sexta-feira, dia 9 de Março, vai para o ar, nas ondas da TSF, depois das notícias das 19 horas, uma reportagem sobre a Guiné. Título: Guerra do Patacão...

Disseram o tema especifico, passando alguns excertos, mas não consegui reter, nem confirmar com a rádio.

Se achares por bem, divulga.

Um abraço

José Martins

Comentário de L.G.:

Zé, confirmei na TSF. Deve ser a continuação da reportagem do Carlos Vaz Marques, que acaba de regressar da Guiné-Bissau, segundo me informaram da estação. Convidamos os nossos amigos e camaradas da Guiné a sintonizar a TSF, amanhã, às 19h. A emissão da TSF pode ser ouvida On Line, enquanto os nossos tertulianos vêem as últimas do nosso blogue.

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. outra notícia da TSF relacionada com Catarina Casanova: TSF on line > 1 de Setembro de 2005 > Chimpazés e homens têm mapa genético semelhante

(2) Provérbios em crioulo da Guiné, relacionados com o sancu (macaco) (alguns, com variantes):
I sancu di dus matu (= é macaco de dois matos)

Kal dia ku sancu fala jugude manteña si ka pa rispitu di kacur; (i) Kal dia ku sancu fala Sakala manteña si i ka na disgustu di kacur (= quando é que o macaco cumprimenta o abutre a não ser no velório do cachorro)

Kon kuma lebsimenti na rosta ki sta; (i) Kon kuma lepsimentu i na uju; (ii) Kon kuma lebsimentu na uju ki sta nel (= o macaco-cão diz que a ofensa está no rosto)

Rabu di sancu i kunpridu, ma si bu rikitil i ta sinti dur; (i) Rabu di sancu i kunpridu, ma si bu na rikitil i ta sinti (= o rabo do macaco é comprido, mas se você o beliscar ele sentirá)

Sancu beju, gelgelidora ka ta manda i kuspi manpatas ki ieki (= o macaco velho, o coceguento não manda cuspir no mampatás que enche a boca)

Sancu ka ta fala kuma si fiju fiu; (i) Tudu fiu ki fiu, nunka bu ka ta fala kuma bu fiju fiu; (ii) Tudu fiu ku bu fiu, bu ka ta fala kuma bu fiju fiu (= o macaco nunca diz que seu filho é feio)

Sancu ka ta jukta i fika si rabu; (i) Sancu ka ta jukuta pa i fika si rabu (= o macaco não pula sem levar o rabo consigo)

Sancu kunsi po ki ta fural uju; (i) Kon kuma i ka kunsi po ku ta matal, ma i kunsi kil ku ta fural uju (= o macaco conhece o pau que lhe furou o olho)

Sancu nega papia pa ka paga dasa (= o macaco não fala para não pagar imposto)

Si bu oja sancu ba fonti, sibi kuma i ka leba kalma (= se você vir o macaco indo à fonte, saiba que não leva cabaça)

Uju di sancu dalgadu, ma ningen ka ta pui la dedu (= o olho do macaco é pequeno, mas ninguém põe o dedo nele)

Fonte: Instituto de Letras da Universidade de Brasília > Provérbios crioulo-guineenses

(3) Vd. post de 11 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1266: Estórias de Bissau (1): Cabrito pé de rocha, manga di sabe (Vitor Junqueira)

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1115: O Destacamento do Mato Cão, no tempo em que comandei o Pel Caç Nat 52 (1972/73) (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Cuor > Destacamento de Mato Cão > 1973 > Pel Caç Nat 52 > A travessia do Rio Geba fazia-se de Sintex, a remos. Na foto, o Alf Mil Joaquim Mexia Alves, de pé, empunhando uma G3.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Cuor > Destacamento de Mato Cão > 1973 > Pel Caç Nat 52 > O Alferes Mil Joaquim Mexia Alves, com o Tomango Baldé, um dos mais antigos soldados do Pelotão, segurando um macaco-cão.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Cuor > Destacamento de Mato Cão > 1973 > Pel Caç Nat 52 > Os precários abrigos existentes no tempo do Alf Mil Joaquim Mexia Alves, aqui na sua residência.

Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2006)


Caros Luís e Mário:

Do que me lembro, não cheguei a conhecer o Alf Wanhon Reis, pois quando cheguei ao Pelotão ele estava sem Oficial.

Ao que sei, o 52 esteve em Fá [Mandinga] , tendo vindo depois para a Ponte de Udunduma, na estrada Bambadinca/Xime. Foi lá que tomei o comando do Pelotão, em meados de 72.

Penso, pois não me consigo lembrar com clareza, que uma das secções do Pelotão poderia estar no reordenamento dos Nhabijões, junto a Bambadinca, tendo sido depois reentegrada no Pelotão quando em Setembro/Outubro (?) de 72 fomos colocados no Mato Cão (1).

No Mato Cão estava, salvo o erro o [Pel Caç Nat] 63, por isso o Jorge Cabral deverá estar certo quanto à inauguração do Destacamento de Mato Cão, que depois foi colocado em Fá.

Penso que o Mato Cão foi instalado para dar mais segurança àquele troço do Rio Geba e sobretudo para defender o ordenamento dos Nhabijões, entretanto construído do outro lado do Rio Geba (2).

Se as condições no Mato Cão eram péssimas, sem luz nem água, tomávamos banho num poço junto ao rio com latas de conservas de fruta, na Ponte de Udunduma ainda eram piores, tendo apenas a vantagem de estarmos mais perto de Bambadinca, o que me permitia de vez em quando tomar um banho mais decente.

Ao Mato Cão chegava-se apenas de Sintex, a remos, e a ida a Bambadinca, para além do cruzeiro de barco, tinha depois uma caminhada a pé até ao quartel.

Estivemos ali, ao que me lembro até meados de 73, quando fui colocado na CCAÇ15, [em Mansoa,]um pouco a meu pedido em Bissau, pois queria sair das ordens daquele comando de Batalhão [o BART 3873, Bambadinca, 1972/74]. Um dia conto a história.

Ao que sei antes do Natal de 73 o [Pel Caç Nat ] 52 voltou para Fá. A partir daí já nada sei.

Junto várias fotografias do Mato Cão, numa delas está o mesmo macaco-cão, e o Tomango Baldé, que penso seria um dos mais antigos do Pelotão.

A 24 retrata a minha residência, a 32 é o Tomango Baldé que penso seria um dos mais antigos do Pelotão.

Abraço
Joaquim Mexia Alves
___________

Notas de L.G.

(1) Sobre este destacamento, ver ainda os posts de:
22 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

28 nde Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

(...) "Possibilidades do IN:
" (i) No plano militar:
" (i) Manter as acções de fogo sobre os aquartelanentos das NT; (ii) Intensificar as acções de guerrilha preferencialnente sobre as tabancas em autodefesa, pelotões de milícia e seus itinerários de socorro; (iii) Realizar acções de reconhecimento nos regulados de Badora e Cossé, a partir dos regulados de Xime, Bissari e Corubal; (iv) Utilizar as linhas de infiltração que do Boé conduzem aos regulados de Xime e Bissari através da faixa norte do regulado do Corubal, e que da área Xime-Mansambo conduzem à estrada Bambadinca-Mansambo; (v) Efectuar acções de barragem á navegação no RGeba, em especial nas áreas de Ponta Varela e Mato Cão; (vi) Reagir à acção de contrapenetração das NT" (...).

28 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCVIII: 'turras brancos' em Bissaque, uma ficcção cabraliana (Luís Graça)

30 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1039: O Pel Caç Nat 52 no Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1045: Pedido ao Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52) para ajudar a desvendar o passado (Beja Santos)

6 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1049: O destacamento de Mato Cão (Paulo Santiago)

7 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)


(2) Sobre o reordenameno de Nhabijões, vd. posts de:

28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIV: Nhabijões: quando um balanta a menos era um turra a menos (Luís Graça);

2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão (Luís Graça) ;

21 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCII: O reordenamento de Nhabijões (1969/70) (Luís Graça);

23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça).


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...







Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > 1972 > Babuíno, "macaco-cão"  (em cativeiro), Herlander Simões (hominídeo, da espécie "Homo Sapiens Sapiens" e cão (doméstico). (*)

Fotos do nosso camarada Herlander Simões, fur mil, que passou pelo CTIG entre maio de 72 e janeiro de 74. Destinado à CCAÇ 16 (onde nunca chegou a ser colocado) foi primeiro para os "Duros" de Nova Sintra (CART 2771, onde esteve seis meses) e posteriormente para os "Gringos" de Guileje (CCAÇ 3477, 1971/73), entretanto já sediados em Nhacra.

Fotos : © Herlânder Simões (2008). Todos os direitos reservados [dição: Blogue Lu+ís Graça & Camaradas da Guiné]

I. INQUÉRITO 'ON LINE': 

"NUNCA COMI MACACO-CÃO (BABUÍNO) NA GUINÉ"





Total de respostas > 110 (100,0%)



1. Nunca comi > 71 (64,5%)

2. Comi e não gostei > 10 (9, 1%)

3. Comi e gostei 18 (16,4%)

4. Não tenho a certeza se comi > 11 (10,0%)




O inquérito terminou em 17/11/2016, às 7h32. (**)



II. Comentários:

(i) Tabanca Grande

Os mais cínicos ou os mais realistas dirão: "Quando a fome aperta, vai tudo!"... Os europeus, que conheceram a tragédia da II Guerra Mundial, e tiveram os seus países ocupados, e raparam fome da mais negra (por ex, os russos na Estalinegrado cercada pelo exército nazi...) comeram tudo o que era comestível e tudo o que era intragável, desde animais domésticos, a ratos e a cadáveres humanos...

Quem somos nós, descendente de ainda recentes recoletores-caçadores (... ainda não há muito, c. 10 mil anos!), para dizer: "Macaco, nunca!"... Por isso,o meu juízo sobre os comedores de macaco é muito relativo...Os meus amigos do Norte são incapazes de comer caracóis e caracoletas...


(ii) Augusto Silva Santos


Tanto quanto me recordo, julgo que comi uma vez macaco por engano... Por engano, porque me garantiram estar a comer cabra de mato, e só no fim me disseram tratar-se realmente de macaco. O que é certo é que me soube muito bem, e até parecia cabrito. Recordo ainda de comer outras "iguarias",  tais como  pombos verdes, rolas, periquitos, hipopótamo, cabra de mato, porco-espinho, etc. bem como outra "bicharada" com que o Dandi (comandante da milícia) nos brindava depois das suas caçadas nocturnas. Como se costuma dizer, "tudo o que vinha à rede era peixe", ou seja, tudo o que pudesse evitar as conservas das rações de combate, e até o arroz com marmelada (que cheguei a comer) ou com "estilhaços" de carne ou peixe, era bom.

(iii) Jorge Picado

Julgo que numa das minhas recordações publicadas nesta nossa Tabanca Grande, referi o que me aconteceu num certo final de dia, lá no magnifico "resort" de Cutia, bem ao lado do Morés. Quando já preparado para o lauto banquete de fim da tarde, no magnifico restaurante ao ar livre, sob as frondosas copas daquelas esbeltas e grandes árvores que ladeavam a estrada, aguardava calmamente a hora do repasto...,sou surpreendido por um "alegre rancho" de nativas, esposas dos camaradas guineenses do Pel Caç Nat 61, "chefiadas" pelo respectivo cmdt do mesmo, que me vinham presentear com uns nacos de "saborosa carne fresca" - segundo diziam - e por elas preparados. 

Apanharam-me "descalço",  como por vezes se diz, pois eu bem sabia que se tratava de "peças de caça" obtidas no decorrer da coluna de manhã para Mansabá e que tanto me marcara pela negativa (***).

Mas, "capitan, tem de provar"; "é uma oferta di nós". E o malandro do Simeão Ferreira (***) a ajudar... é preciso ter atenção com a Psico, meu capitão... e retribuir com algum vinho que elas querem...

E foi assim que eu passei a ser também "um dos que não merecem confiança". Engoli dois pedaços de carne e enfiei logo uma boa golada de "um qualquer Barca Velha" que por lá abundava, retribuindo generosamente, possivelmente com um garrafão de tintol baptizado.

Não sei qual a espécie em causa, mas para a questão em causa tanto faz. 


(iv) João Silva

Comi, sim, em Bambadinca e na [CCAÇ] 12. Já não recordo o nome do nosso cozinheiro africano que nos presenteou com uma caldeirada de macaco-cão. Estava bom mas a carne era pouca em relação aos ossos que eram muitos. A messe de oficiais e sargentos era separada do batalhão e tinha ementa diferente, consequência do estatuto da companhia de caçadores 12. Este menu não se voltou a repetir, deduzo que pela falta de sucesso perante o pessoal ou por determinação do capitão Simão. No fim deste verão estive com ele na casa de um amigo comum que é companheiro dele em Évora,  onde ambos são ortopedistas,  e não me recordei deste banquete.


Sim,  nós,  Marados,  uma vez em Gadamael  cozinhámos um., com esparguete. É uma carne doce. Não gostei.

(vi) Candido Cunha 

Tal como nós , é um dos 163 primatas conhecidos. Uma grande vergonha, que eu desconhecia que tinha acontecido.

(vii) Antº Rosinha

O Com, não o "avec", mas o macaco, macaco-kom, foi a "ração de combate",  por excelência e por necessidade, dos Combatentes da Liberdade da Pátria, pois que havendo já alguma tradição no consumo desse "petisco", tornou-se como que prato nacional.

Nos primeiros anos de independência, era vulgar ver alguém, caminhando ao longo dos caminhos com um animal amarrado a um pau ao ombro e uma Kalash na mão.

O povo compreendia este consumo com a maior naturalidade.

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  16 de janeiro de  2009 > Guiné 63/74 - P3750: Fauna & flora (10): Um par de Macacos à solta em Nova Sintra. (Herlander Simões)


(**) Últimos postes da série: 



Vd. também poste de 14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos.

(...) Não posso precisar o dia, mas foi um daqueles em que saímos de Cutia para Mansabá afim de receber a coluna que íamos escoltar até Mansoa. Eram ainda só as viaturas militares, as duas primeiras com soldados africanos (que julgo seriam do Pel Caç Nat 61) e eu, invariavelmente na terceira com pessoal da CCaç 2589, seguindo-se as restantes, quando por alturas da zona (não "aldeia") de Mamboncó rebenta um tiroteio de G-3 à minha frente. Mas que valente susto me pregaram aqueles guineenses... e tudo para ver quem conseguia matar mais macacos.

Um grande bando, adultos, jovens e muito jovens (alguns pela mão talvez de fêmeas), atravessaram a estrada que, naquele local,  era ladeada por revestimento arbóreo relativamente denso, mesmo à frente do início da coluna e os soldados africanos não estiveram com meias medidas. Atiraram a matar, de rajada e tudo, incitando os condutores a passarem por cima deles, ao mesmo tempo que saltavam dos Unimogs e atiravam com os mortos e feridos para cima das viaturas.

O choro dos feridos, grandes ou pequenos, era nitidamente humano. Posso garantir que os mais pequeninos gemiam nitidamente como os nossos bébés. E eu que tinha os meus filhos ainda bem pequenos, lembrava-me bem desses gemidos e choro...Fiquei bastante traumatizado e nem quis olhar para "os troféus" que os soldados exibiam. Sei que lhes passei uma descompostura, mas eles nem ligaram. (...) 

(***) Alf Mil Simeão Ferreira, hoje médico nas Termas de Monte Real... Foi cmdt do Pel Caç Nat 61 (Cutia, 1970/72 )

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19716: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004: repescando velhos postes (1): Um dos bu..rakos em que vivemos: o destacamento do Mato Cão, na margem direita do rio Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca (Joaquim Mexia Alves)


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão >  Pel Caç Nat 52 (1973 /74) >   Vista do Rio Geba e bolanha de Nhabijoes,  partir do "planalto" do Mato Cão. (*)


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão >  Pel Caç Nat 52 (1973 /74) >  O "nosso quartel" (**)


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão >  Pel Caç Nat 52 (1973 /74) >  As instalações do pessoal, ao fundo, e o comandante do destacamento visto de "mandinga", já "apanhado do clima"... (***)

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O Ten Cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o Alf Médico Vilar e o Alf Mil Paulo Santiago, instrutor de milícias, com um jacaré do rio Geba... (****)

Foto tirada em Novembro ou Dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O alf mil Joaquim Mexia Alves, posando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé. (*****)


Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > Vista parcial das modelares instalações do 'resort' turístico... (*****)


Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > "A chegada à estância era sempre um momento vivido com prazer"... O sintex era a única ligação... à outra margem do Rio Geba (e nomeadamente, a Bambadina). (*****)

Fotos (e legendas): © Joaquim Mexia Alves (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Em homenagem ao Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro, membro da comissão organizadora do Encontro Nacional da Tabanca Grande, desde 2010, ex-alf mil da CART 3492, (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15, (Mansoa) (1971/73), fomos "revisitar" um dos seus muitos postes, aqui publicados, e reproduzimos alguns excertos da "deliciosa" e "bem humorada" descrição de um dos "aposentos bunkerizados" (ou "bu...rakos") em que viveu, no TO da Guiné: o destacamento de Mato Cão, no setor L1 (Bambadinca), sito na margem direita do Gebo Estreito,  no troço entre o Xime e Bambadinca. A função do destacamento era,. primordialmente, garantir a segurança do tráfego fluvial, que vinha de (e ia para Bissau)... Na época, o rio era navegável até Bafatá, mas o grosso da navegação civil fazia-se até Bambadinca, e os navios da marinha (LDG) aportavam ao Xime.

Socorremo-nos de algumas fotos suas,  do Paulo Santiago e do Luís Mourato Oliveira (, o qual foi  o último comandante do Pel Caç Nat 52 a passar pelo "bu...rako" do Mato Cão).  

(...) Chegava-se ao Mato Cão, (tiro-lhe o de), vindo de Bambadinca, pelo rio Geba, de sintex a remos, aportando aos restos de um antigo cais (?), onde se desembarcava.

(...) Logo à esquerda, e com vista para a bolanha do lado do Enxalé, ficava o complexo dos balneários, sobretudo a zona de duches. Dado o clima ameno e soalheiro, estes duches ficavam ao ar livre, e eram constituídos por um buraco no chão, que dava acesso a um poço, cheio de uma água leitosa, e que respondia inteiramente aos melhores padrões da qualidade de águas domésticas.

Os utentes colocavam-se à volta do referido buraco e, alegremente, todos nus em franca camaradagem, (nada de más interpretações!), utilizavam uma espécie de terrina da sopa, em alumínio da tropa, presa por umas cordas, e que, trazida à superfície cheia de água, era a mesma retirada da referida terrina com umas estéticas latas de pêssego em calda, derramando depois os militares a água sobre as suas cabeças para procederem aos seus banhos de limpeza.

Para se chegar ao destacamento propriamente dito, subia-se então uma ladeira íngreme, (o burrinho da água só a conseguia subir em marcha atrás), acedendo-se então à parada à volta da qual, mais coisa menos coisa, se desenvolvia todo o complexo militar.

À esquerda, salvo o erro, ficavam os espaldões de dois morteiros 81 e respectivas instalações, dormitórios do pessoal do pelotão de morteiros. Um pouco mais à frente e do lado direito ficava o bar e a sala de banquetes, toda forrada a chapas de zinco e assim também coberta, sendo aberta do lado da frente para o exterior, como convém a instalações de férias em climas tropicais.

A arca a pitrol refrescava as cervejas que o pessoal ia com todo o prazer consumindo. Fazia também algum gelo para dar mais alegria aos uísques emborcados, sobretudo ao fim da tarde.

(...) Os quartos de dormir eram todos situados abaixo do chão, cavados na terra, para que assim não se perdesse o calor que tanta falta fazia nas longas noites de Inverno da Guiné!

Por cima, o telhado, de chapas de zinco, era sustentado normalmente em paus de cibo, que assentavam em graciosos bidões cheios de uma massa de cimento e terra. Lembro-me de como era agradável o jogo que então fazia, quando deitado na cama, os ratos, de quando em vez, passeavam por cima do mosquiteiro, e com pancadas secas os projectava contra o tecto, voltando depois a cair sobre o mosquiteiro. (...)

No espaço central deste planalto, (porque o Mato Cão era um pequeno planalto), erguiam-se as tabancas do pessoal africano do Bando do 52.

Tudo estava rodeado de umas incompreensíveis valas sobretudo para o lado Sinchã Corubal, Madina, Belel, junto à qual, se a memória não me atraiçoa, estava uma guarita térrea com uma metralhadora Breda.

Ao fim da tarde, e na esplanada do bar e sala de banquetes, bebendo umas cervejas e uns uísques, o pessoal esperava ansioso o ligar da iluminação pública, o que curiosamente nunca acontecia, talvez pelo facto de não haver gerador no Mato Cão.

Bem, o Mato Cão era um verdadeiro Bu…rako, tendo apenas a vantagem, valha-nos isso, do pessoal amigo do PAIGC não ter incomodado muito durante a minha estadia. (...)

Ah,… uma coisa boa… tinha um lindíssimo Pôr-do-Sol! (*****)


Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bambadinca (1955) > Escala de 1/50 mil > Detalhes: posição relativa de Bambadinca, Nhabijões, Mato Cão, Missirá, Sancorlá e Salá. O PAIGC só mandava (alguma coisa), a partir de Salá... tendo "barracas", mas a noroeste, na zona de Madina / Belel). Já no OIo havia a "base central" de Sara Sarauol... O destacamento, mais a norte de Bambadinca, no setor L1. era Missirá,  guarnecido por um Pel Caç Nat (52 ou 63, em diferentes períodos) e um pelotão de milícias... Vários camaradas nossos, membros da Tabanca Grande, andaram por outros sítios, "pouco recomendáveis"...  A Madina/ Belel (que já não vem neste excerto do mapa) ia-se uma vez por ano, na época seca...para dar e levar porrada.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de novembro de  novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16706: De Cufar a Mato Cão, histórias de Luís Mourato Oliveira, o último cmdt do Pel Caç Nat 52 (2) - Experiências gastronómicas (Parte II): Restaurante do Mato Cão: sugestões de canibalismo ("iscas de fígado de 'bandido' com elas"), "pãezinhos crocantes com chouriço" e... "macaco cão [babuíno] no forno com batatas a murro"!...

(**) Vd. poste de  7 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16808: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (5): o destacamento de Mato Cão - Parte I

(***) Vd. poste de  9 de janeiro de  2017 > Guiné 61/74 - P16936: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (8): o comandante do destacamento de Mato Cão "travestido" de... mandinga

(****) Vd. poste de 11 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4321: Os Bu...rakos em que vivemos (9): No Mato Cão, com o Ten-Cor Polidoro Monteiro, em finais de 1971 (Paulo Santiago)

(*****) Vs. poste de 11 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4317: Os Bu...rakos em que vivemos (8): Estância de férias Mato de Cão, junto ao Rio Geba (J. Mexia Alves)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3768: Fauna & flora (14): Mascote, no prato e até para chapéu. Em Paiúnca, Guileje, Cumbijã...(J. Casimiro de Carvalho/Vasco da Gama)

Acerca do macaco cão

1. Mensagem do José Casimiro Carvalho





Aqui vai uma das minhas mascotes (macaca). Tive-a em Paúnca (Pirada).
Era normal em Guileje, quando andávamos em patrulha, vermos ao longe os macacos. Em grupos de cerca de 15 que, quando nos viam, paravam com ar desafiador e ladravam e depois seguiam.

Um nativo com o escalpe de um macaco cão na cabeça (era uso). Zona de Nhala.

Em Cumbijã matei um macaco cão com um tiro de G-3, tirei-lhe a cabeça e a pele e levei-o para o quartel de Colibuia. Nessa noite foi um petisco.
Coisas da idade. Hoje não o faria.
Espero ter ajudado.

J Carvalho
2. Mensagem de Vasco da Gama
Vi-os, aos macacos-cães, às dezenas entre Colibuia e o Cumbijã. À medida que a estrada ia avançando, eles começavam a escassear.
Nunca os observei com olhar científico, mas na zona acima referenciada, sobretudo numa extensa bolanha, quase todos os dias, a coluna que regressava ao Cumbijã, os avistava a atravessarem em bandos a estrada vindos de sul em direcção ao norte.
Recordo-me perfeitamente da forma ordeira como faziam a travessia da estrada em bicha de pirilau, e como os de maior porte se colocavam no meio da estrada para que os mais pequenos passassem em segurança! Isto eu testemunho.
Um camarada da minha companhia, o primeiro cabo cripto Melo enviou-me uma fotografia e um pequeno texto que eu te vou reencaminhar. No meu aquartelamento deram-me a provar macaco cão. Lembro-me perfeitamente de ter trincado um naco de carne que era só músculo e não fui capaz de engolir o que quer que fosse. Peço desculpa pelo modesto contributo, mas quem dá o que tem....
Vasco da Gama
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Notas de vb:
Último artigo da série em
19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3758: Fauna & flora (13): Macaco cão a ladrar, gente do PAIGC a chegar (Joaquim Mexia Alves)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3750: Fauna & flora (10): Um par de Macacos à solta em Nova Sintra. (Herlander Simões)

O Macaco cão da Guiné


Mensagem para a Maria Joana (não sei ainda se é assim que queres que eu te trate):

1. Aqui tens mais uma resposta às tuas perguntas.

2. Outra coisa: tens tido algum contacto com a ONG AD que tem projectos para Guileje e o Cantanhez ? Tens procurado o seu apoio ? Conheces alguém desta organização ? Estás, vais estar ou estiveste na Guiné-Bissau, recentemente?

3. Recebi os teus mails, com o resumo do teu projecto e a tua manifestação de interesse em "integrar" a Tabanca Grande...

Saudações bloguísticas.

LG

Mensagem de Herlander Simões (1), de 12 de Janeiro de 2008

Macaco cão. Foto de Herlander Simões.

Caro Luís Graça!


Na minha passagem pela Guiné tive algum contacto com os chamados macacos cão, com mais frequência na zona de Nova Sintra, onde andavam salvo erro, dois à solta no quartel.






Cheguei a fazer algumas caçadas naquela zona e era frequente vermos bandos desses macacos com os seus gritos que quase pareciam cães a ladrar. Era voz corrente entre a população que a carne desses animais era muito apreciada nalgumas zonas. Ainda hoje estou convencido que comi carne desse animal e o grande responsável foi o malandro do Furriel enfermeiro de Nova Sintra, do qual infelizmente já não recordo o nome.

Era frequente fazermos petiscos com o produto das caçadas que eu e o meu grupo fazíamos e onde o dito Furriel tinha lugar cativo. Certo dia fomos convidados pelo mesmo para um petisco feito por ele que, salvo erro, nos disse que ia fazer cabrito assado. No final do repasto toda a gente perguntava que carne tão saborosa era aquela pois era certo que cabrito não era. Ele nunca nos disse o que comemos, mas todos ficámos desconfiados que era macaco, pois o seu riso malandro assim nos fez crer. Se alguém dos "Duros" de Nova Sintra ler este texto e souber algo sobre este assunto, agradecia que me contactassem.

Junto, em anexo, algumas fotos que tirei com macacos cão, onde numa delas se vê um desses macacos a guerrear com um cão.

Espero que este meu pequeno contributo possa ajudar alguma coisa sobre o tema em questão.

Cumprimentos,

Herlander Simões

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Notas de vb:

1. Herlander Simões foi Furriel Miliciano na Guiné entre Maio de 72 e Janeiro de 74. Destinado à CCAÇ 16 (onde nunca cheguou a ser colocado) foi primeiro para os "Duros" de Nova Sintra e posteriormente para os "Gringos" de Guileje (CCAÇ 3477, 1971/73), entretanto já sediados em Nhacra.

2. Último artigos publicados em

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17677: Fotos à procura de... uma legenda (88): "Pietá"... O fotógrafo indiano, Avinash Lodhi, captou o desespero de uma fêmea de macaco Rhesus que abraça a cria inanimada (Luís Mourato Oliveira)


"Pietá"...Um fotógrafo indiano captou o momento em uma macaca abraça com força a cria, que aparentemente estava inconsciente. "Foi um momento raro, especialmente entre animais", disse o fotógrafo Avinash Lodhi.

Segundo informação do DN - Diário de Notícias, de 11 de maio de 2017, a fotografia foi tirada em Jabalpur, no estado indiano de Madhya Pradesh e publicada nas redes sociais. "A imagem tem comovido vários utilizadores e tornou-se viral."... Um momento raro, entre animais, comentou o fotógrafo.

O animal parece-nos ser uma fêmea de  macaco Rhesus, uma das 15 quinze espécies de macacos existentes no subcontinente indiano. De acordo com a investigação dos primatólogos, os macacos Rhesus demonstram uma variedade de habilidades cognitivas complexas, como a capacidade de fazer avaliações psicológicas, entender regras elementares e avaliar os seus próprios estados mentais. Inclusive, parecem reconhecer-se ao espelho, tendo por isso algum tipo de autoconsciêncua. Já em 2014, os utentes de uma estação de comboio em Kampur, na Índia, assistiram a um cena incrível: a de macaco Rhesus, eletrocutado, a ser objeto de assistência  e reanimação  por outro macaco Rhesus.

[Imagem enviada e legendada por Luís Mourato Oliveira. Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné... Reprodução com a devida vénia...]


1. Mensagem do Luís Mourato Oliveira, com data de 22 de junho (complementada com informação sobre a foto em 15 do corrente):


[foto à esquerda, Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf CCAÇ 4740, Cufar, 1972/73, e Pel Caç Nat 52, Bambadinca e Mato Cão, 1973/74; membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 730]

Quando há algum tempo escrevi para a Tabanca Grande “Quatro Aventuras Gastronómicas na Guiné” (*) ,  fi-lo com o propósito de deixar um testemunho das limitações que existiam na obtenção de alguns géneros alimentares e também recordar o recurso à imaginação e improviso com que os militares em campanha ultrapassavam essas mesmas dificuldades.

Não contava, o que me deu muita satisfação, que um dos textos enviados, “ Macaco em Mato de Cão”, gerasse polémica e discussão tendo ainda originando um inquérito feito no Blog e no Facebook, sobre as opiniões gustativas dos camaradas que experimentaram esse prato. (**)

Um camarada criticou vivamente essa prática gastronómica que qualificou de quase canibalismo e quem a praticava de “não serem boas rolhas”,  tendo eu assumido com algum humor que me enquadrava nessa categoria.

Há alguns dias uma fotografia trouxe-me à memória a discussão travada na altura. Foi produzida por um fotógrafo indiano [, Avinash Lodhi,]. que captou o desespero de uma macaca que abraçava a cria inanimada e a imagem trouxe-me imediatamente à memória a Pietà que Miguel Ângelo esculpiu quando tinha apenas vinte e três anos e que é das obras de arte que mais emoções me produziram. 

Na Pietà a mãe de Jesus sustenta o corpo do filho morto com resignação pela morte e talvez a serenidade da sua expressão na escultura já represente a esperança da ressurreição. Na macaca o que mais impressiona é o enorme desespero e revolta de uma perda para ela irrecuperável.

Hoje seria para mim impossível repetir o exercício relatado em “Macaco em Mato de Cão”, não pelo efeito da fotografia, mas por toda a vivência de mais de quarenta anos que modificaram mais de forma invisível o meu comportamento, bem como os camaradas da minha geração com experiência similares que as transformações físicas que vamos sofrendo, o que me leva a ponderar sobre que tipo de pessoas éramos quando jovens num cenário de guerra e qual o limite que a educação e a ética impunham para os nossos comportamentos de então?

Questiono-me se,  sem as experiências vividas, como teríamos evoluído como seres humanos e se a nossa visão de humanidade seria hoje critica aos comportamentos dos nossos vinte anos?

Todos nós “crescemos” no mesmo sentido ético e dentro dos mesmos valores após as experiências vividas?

Sem rejeitar nada do passado, em transportar quaisquer sentimentos de culpa ou complexos pelos momentos vividos naquele período, quero acreditar que a vida e as experiências adquiridas nos encaminharam para ciclos distintos de comportamento difíceis de explicar porque muitas vezes antagónicos.

Quero acreditar que o processo de evolução das nossas vidas nos conduz à aprendizagem e aperfeiçoamento permanente a padrões de humanidade e compaixão por todos os seres que connosco coabitam neste Mundo e à rejeição dos caminhos fáceis de trilhar do egocentrismo, da violência e da escuridão. (***)

Luís Mourato Oliveira


Nota: A cria que na fotografia parece ter morrido estava apenas inconsciente e após ter recuperado a macaca mostrou de novo alegria e “macaquices”.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16706: De Cufar a Mato Cão, histórias de Luís Mourato Oliveira, o último cmdt do Pel Caç Nat 52 (2) - Experiências gastronómicas (Parte II): Restaurante do Mato Cão: sugestões de canibalismo, bom pão e melhor... macaco cão no forno com batatas!

(**) Vd. 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...

(ªªª) Último poste da série > 26 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17620: Fotos à procura de...uma legenda (87): o luxo de um "petromax" da Casa Hipólito nas noites escuras como breu...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3769: Fauna & flora (15): Macaco cão à mesa de Ponte Maqué e o "Buba" na Orion...(Raul Albino/M. Lema Santos)

O Macaco cão


1. do Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá, Olossato, 1968/70


Ementa: Macaco-cão

Com este título pareço estar a fazer apologia da confecção deste animal para fins alimentares. Puro engano. Não pretendo mais do que relatar um acontecimento não militar que se passou com o meu 3º Grupo de Combate da CCaç. 2402, quando destacado na protecção da Ponte Maqué, situada perto do Olossato.
Por este relato, um pouco fora do contexto, podemos pelo menos afirmar que esta espécie de mamífero existiu em 1969 nesta região. Também possuímos no quartel, como mascote, um exemplar fêmea desta espécie, muito jovem de poucos meses, adquirida por um militar a um nativo que a encontrou no mato.


Equipa reforçada de cozinheiros em pleno esforço de confecção.

Que dizer deste trabalho de equipa na confecção da Ceia de Natal de 1969 na Ponte Maqué? Este esforço culinário pertence ao 3º Grupo de Combate e a ementa a ser confeccionada era um macaco-cão caído numa das várias armadilhas que serviam de protecção à guarnição militar aí instalada.
Pela compenetração destes exímios cozinheiros, bem podem imaginar a iguaria que daqui saiu. Depois de cozinhado, foi-me dado a provar pensando eles que eu não sabia o que era o petisco. Eu, apesar de saber de antemão, tive de fingir que não sabia e arriscar a sua prova. E não é que aquilo estava realmente saboroso?... Não foram poucos os que se deliciaram com este género de gastronomia exótica, feita a partir de jibóia, macaco ou abutre, entre outros, se bem que tenhamos de confessar que a maioria dos apreciadores, nunca ou só bastante mais tarde, chegaram a saber aquilo que tinham comido.

2. do Manuel Lema Santos, ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, LFG Orion, Guiné, 1966-1972.

Só agora respondo porque nem sabia onde tinha guardado as fotos correspondentes ao tema!

Ao serviço da Marinha de Guerra, estive na Guiné de 1966 a 1968 e, durante esse tempo, tivemos sempre a bordo, como mascote, um pequeno macaco babuíno (seria?) que penso corresponder à descrição dos pequenos "macacos kom" (corresponderá?) que já vi referidos em alguns sites que, por curiosidade, procurei.
Se assim não for agradeço-lhe a correcção porque fico a saber mais qualquer coisa que nada...e corrijo.
A minha ignorância na matéria pode estabelecer facilmente confusão e nada ter a ver com a especificidade e conhecimento do assunto tratado, pelo que lhe peço a simples observação e crítica da imagem que coloquei no meu próprio blogue em
http://www.reservanaval.blogspot.com/.

Tenho mais duas fotografias que se tiverem algum interesse - são de fraca qualidade fotográfica - enviarei com prazer.

Recordo-me de alguns pormenores de personalidade que já fizeram rir os meus filhos. O "Buba", convivia com toda a guarnição, era agressivo e respondia sempre a qualquer provocação brincada, preferencialmente tentando devolver o mesmo tipo de provocação em sentido contrário.


O macaco kom, baptizado de "Buba", mascote da LFG “Orion”. Foto extraída do blogue (1) http://reservanaval.blogspot.com/. Com a devida vénia e os agradecimentos ao Manuel Lema Santos.
Foi amestrado por vários elementos da guarnição com algumas brincadeiras jocosas, típicas de "marinheiro" que executava com determinada palavra ou mesmo uma frase curta.
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Notas de vb:
1. Reserva Naval , espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval.
E espaço também para quase todos os militares do Exército que andaram pelas terras e rios da Guiné.
2. Último artigo da série em

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E


Foto nº 1



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Duas imagens que queremos ver banidas para sempre: na foto nº 1, um chimpanzé em cativeiro;  na foto, aparece também a Inés, filha do Xico Allen...Na foto nº2, um babuíno, macaco-cão ("sancu", em crioulo), segura a mão de um outro elemento da "comitiva humana" de que a Inês faz parte...

Fotos (e legenda) : © Hugo Costa  (2006). Todos direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Observações: 

O chimpanzé  não é macaco, é símio ( "dari", em crioulo)... O "dari", o "sancu" e a Inês pertencem à ordem dos Primatas... O "dari" é um símio e a Inês um(a)hominídeo(a), ambos têm cerca de 98% do mesmo ADN... O "dari" é um Pan (género) Troglodytes (espécie). A Inês, um exemplar da espécie Homo Sapiens Sapiens. 

Por sua vez, o macaco-cão (babuíno) é um antropóide cercopitecídeo do género Papio... 

Os três têm em comum um antepassado longínquo, que remonta há 70 milhões, antes da extinção dos dinossauros... O "sancu" e o "dari" são espécies ameaçadas, o "dari" é seguramente o que vai desaparecer primeiro, depois talvez o "sancu" e a seguir o ser humano...

De um modo geral, as populações da Guiné-Bissau, não muçulmanas, caçam e comem o "sancu". No "mato", no tempo da "guerra de libertação", o macaco.cão fornecia muita da proteína animal de que precisavam os guerrilheiros do PAIGC, e as populações sob o seu controlo... Sobretudo depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão aumentou (*). Hoje é, infelizmente, produto-gourmet nalguns restaurantes de Bissau...

Quanto ao "dari", o chimpanzé da matas do Cantanhez e do Boé , há em princípio um maior respeito pelas suas semelhanças com o ser humano. Os muçulmanos respeitam-nos pro ser um homem, um ferreiro que não respeitava as   Mas os juvenis são objeto de tráfico... O habitat do "dari" está condicionado pelas atividades humanas (além da caça, o risco de epidemias, a expansão das áreas de cultivo, e nomeadamente do caju, e a desmatação ilegal para extração de madeiras exóticas, como o pau de sangue, exportado para a China).


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um "dari" (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, ainda com relativa abundância como o macaco fidalgo ("fatango", em crioulo). Duvido que algum de nós, durante a guerra colonial, tenha visto algum "dari" no seu habitat... As regiões a que hoje está confinado (Cantanhez e Boé) foram palco de guerra entre 1961 e 1974 e,  antes disso, de caça e tráfico animal.


Diz a lenda (guineense) que o "dari", em tempos, era um homem, um ferreiro, que Deus transformou em animal selvagem, por castigo, por não respeitar o dia de descanso da semana... 

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, 
 de A a Z: 
[Em construção, desde 2007]

Letras D / E

1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (**), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (***). Entradas das letras D e E:


Dari - Chimpanzé (das matas do Cantanhez e do Boé) (crioulo)

DC 3 - Avião de transporte (FAP) 

DC 6 - Avião de transporte (FAP) 

DCON - Missão de acompanhamento (FAP) 



Degtyarev [ou Dectyarev RDP] - Metralhadora ligeira, de calibre 7,62 mm x 39 mm, m/13 , 1953 de origem soviética (PAIGC) Metralhadora ligeira Dectyarev RDP, calibre 7,62 x 39 mm, m/13,  (Origem: ex-URSS)(PAIGC)

Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC) 

Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria) 

Dest - Destacamento 

Dest A - Destacamento A 

DFA - Deficiente das Forças Armadas 

DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais 

Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje) 

Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo) 

Djila - Vd. Gila 

Djubi - (i) Olha! (crioulo); (ii) mas também criança, menino


Djurtu -  Mabeco, ou cão selvagem (crioulo);  "djurtus" é a alcunha da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau.

DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte; também era usado como PCV  - Posto de Comando Volante(FAP), que os "infantes" abominavam...

Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP) 

Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP) 

EAMA - Escola de Aplicação Militar de Angola, com sede em Nova Lisboa (hoje, Huambo)

ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)


EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal) 

Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)

Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria) 

Enf - Enfermeiro 

Enf Para - Enfermeira paraquedista 

Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP) 

EP - Exército Popular (PAIGC)


EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)

EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém) 

EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica (gíria)ou ainda Entrada Para o Infermo (gíria)

EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]

Esp - Espingarda 

Esp Aut - Espingarda Automática




Esp Aut FN (Vd. FN) - Espingarda automática, de calibre 7,62 mm, FN FAL [, acrónimo de Fabrique National, Fusil Automatique Léger]. De origem belga (1954), equipou as NT no início da guerra colonial.

Esp Aut G3 {Vd. G3]- A Gewehr 3 (G3) (em alemão, Gewehr quer dizer espingarda) é uma espingarda automática, de fabrico alemão (1959), usada pelo Exército Português durante a guerra colonial, e recentemente descontinuada (em setembro de 2019). De calibre NATO (7.62 × 51 mm), tinha como rival, do lado do PAIGC, a famigerada Kalash!



Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP) 


Espaldão (de obus, de morteiro...) - Termo usado em engenharia militar para designar um  anteparo de uma trincheira ou fortificação, que serve para proteger a artilharia (ou armas pesadas de infantaria) e a respetiva guarnição.

Esq - Esquadrão 

Esq Mort - Esquadrão de Morteiro 

Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP) 





Um caça Fiat G.91 R/4 dos “Tigres” da Guiné.




Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão) 

Estado Novo - Regime político que vigorou em Portugal, de 1933 a 1974. Foi antecedido pela Ditadura Militar que, com o golpe de Estado de 28 de maio de 1926, pôs fim à República (1910-1926).

Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria) 
 
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de: 


21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...


14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos...

(**) Vd. postes anteriores da série:

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A


(***) Vd. 22 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18548: O nosso livro de estilo (11): Proverbiário da Tabanca Grande, 4ª edição revista e aumentada: "Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida"...