domingo, 23 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3505: Album fotográfico de Santos Oliveira (5): Tite, Outubro de 1965


1. Continuição do Álbum fotográfico do nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf do Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, apresentamos a quinta série de fotos relacionadas com aspectos e acontecimentos em Tite, região de Quínara.


Fotos (e legendas): © Santos Oliveira (2008). Direitos reservados.





Tite > Macaco Fidalgo. Imagem de autor desconhecido


Tite > Ronco. Imagem de autor desconhecido

Tite > Setembro de 1965 > Saudades

Tite > Setembro de 1965 > Pista

Tite > Setembro de 1965 > Alguns camaradas da CCS do BCAÇ 1860 e da CCAÇ 797

Tite > Outubro de 1965 > Com orfã adoptada pelo BCAÇ 1860

Tite > Outubro de 1965 > Saindo a Porta d'Armas

Tite > Outubro de 1965

Tite > Outubro de 1965 > Com o Duarte

Tite > Outubro de 1965
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Nota de CV:

Vd. postes da série de:

15 de Outubro de 2008 Guiné 63/74 - P3318: Album fotográfico de Santos Oliveira (1): Tite

6 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3416: Album fotográfico de Santos Oliveira (2): Tite, Tempestade tropical

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3434: Album fotográfico de Santos Oliveira (3): Tite, dia de ronco

15 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3458: Album fotográfico de Santos Oliveira (4): Tite

Guiné 63/74 - P3504: Em busca de... (53): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599, Guiné, 1964/66 (José Matos)

1. Mensagem de José Matos com data de 21 de Novembro de 2008, querendo saber dos companheiros de seu pai, o nosso camarada de nome também José Matos.

Caro Luis Graça

O meu pai (José Matos) esteve na Guiné em 1964-66 na Companhia de Cavalaria n.º 677; Batalhão de Caçadores n.º 599. Era Furriel Miliciano e gostava de saber de colegas que estiveram com ele nessa Unidade e que o conheceram.
Será que podia publicar este post no blogue?

José Matos


2. Em 23 de Novembro foi emitida a seguinte mensagem à tertúlia:

Caros camaradas
Mais um pedido de um filho de um nosso camarada que quer saber onde param os seus companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599, que esteve na Guiné entre 1964/66.

Se alguém tiver uma pista, pode-a mandar directamente ao José Matos ou para o nosso Blogue.

Muito obrigado e continuação de bom Domingo.

Um abraço do
Carlos Vinhal

3. Comentário de CV

Este apelo do nosso camarada José matos é extensivo a todos os nossos leitores, pelo que qualquer informação deve ser dirigida a ele ou a nós.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3473: Em busca de... (52): Ernesto, balanta de Bula, lançador de roquetes... (António Matos)

Guiné 63/74 - P3503: Controvérsias (11): O início da guerra (Tite, 23 de Janeiro de 1963) e a estreia da G3 alemã, em 1961 (Santos Oliveira)

1. Mensagem do Santos Oliveira, com data de 22 de Novembro

Luis e Mário [Dias]

Acabo de chegar e tomar conhecimento desta mensagem para conhecimento. Não me foi solicitada opinião, mas dou-a na mesma; posso vir a ser controverso, mas também não possuo documentos que possam atestar a veracidade do que digo. Foi o que apurei no tempo.


Luis

A tua questão e a do nosso Camarada Alberto Nascimento (*), na minha opinião pessoal, não tem muito a clarificar.


(i) Escaramuças antes do início oficial ou oficioso da Guerra, em 23 de Janeiro de 1973

Escaramuças, desde a fundação do PAIGC, aconteciam com mais frequência que as que são conhecidas e/ou registadas. Eram casos de Polícia. O PAIGC necessitava de alimento para a sua causa, pelo que os problemas com os Comerciantes, menos colaboracionistas, foram mais que muitos, mas passavam por ser questões de índole social. Quando não eram resolvidas pelos Chefes de Posto e dos seus Cipaios, era activada a segunda fase, ou seja, a intervenção da PIDE; esta, agia de acordo com o seu Estatuto de Toda Poderosa e “ordenava” a intervenção do Exército que agia e era utilizado como se de Polícia se tratasse. Não havia que justificar o que quer que fosse. Os Castros da época nem pestanejavam e mandavam avançar.

Dos primeiros ou últimos tiros dados antes de Tite, podemos confirmar que se disparam imensos. Podemos falar de Pidjiguiti. Foi aqui que começou? Foi em Farim? Em que ficamos? É que o tema era a “sublevação” social e não a reivindicação da Independência.

Dos poucos Documentos que consegui ler em Tite e das muitas vozes que consegui ouvir entre os mais antigos, conseguindo comparar com o que havia documentado, tirava as ilacções que agora vou reportando. Era um dos assuntos que me fascinava porque havia uma transmissão oral em contraposição com a quase total ausência de Documentação que o atestasse. Veja-se o exemplo gritante do início oficial da Guerra.

Em Tite, uns quantos documentos designavam por um desacato de elementos de fora da jurisdição e que obrigou as NT a reagirem a tiro. Referências aos mortos e feridos e mais nada. A descrição notável do Gabriel Moura, que o Camarada e Amigo Carlos Silva, herdeiro e depositário do Documento já trancrito em Poste (**), tanto quanto conheço, corresponde perfeitamente à realidade do tempo. Confirmei a descrição de factos ao Carlos Silva antes da sua publicação no Blogue. Dessa conversa guardo em memória de que até ele se sentia um tanto céptico. Deficiência Profissional de Advogado, que me perdoe a revelação deste meu sentimento. A sua reacção em nada me surpreendeu, porque é esse o sentimento que encontro nos Camaradas que percorreram os mesmos trajectos uns escassos dois anos depois.

Os mais antigos, os dos primeiros tempos, como o Mário Dias, o Colaço, o Alberto Nascimento, sabem que as informações que o Exército possuia, eram as da PIDE; a 5ª Divisão existia a trabalhar o que já estava trabalhado, decidido e muitas vezes já executado. A informação, a verdadeira, corria, sim, de boca a boca. As comunicações militares, CTMs, eram filtradas e manipuladas segundo conveniências incompreensíveis, das outras, só se estivessemos a uns escassos 2 Km. Esta a minha opinião do que vivi, acompanhei com raiva e com raiva o senti. Daí a importância que se tornou em o Ponto de Encontro, denominado 5ª Divisão, que foi o Café Bento, em Bissau. Alí parava tudo quanto vinha do Mato e a transmissão oral era o modo comum de Informação.

(ii) Agora as famosas e magníficas G3

Vou responder-te pelas perguntas que hás feito ao meu amigo Mário Dias (*).

(a) No meu Curso de Sargentos Milicianos de 63, existiam G3 (Alemãs) e FN suficientes e necessárias ao treino total de Manipulação (montagem, desmontagem) e de Tiro; no entanto, a Mauser era Arma atribuida para o Curso.

(b) A G3 foi conhecida nessa altura, foi na data, em parceria com a FN, o meu brilharete em Tiro Instintivo, mas que não consta dos meus registos individuais.

(c) Como é referido acima, as escaramuças existiam mas não tinham carácter de Guerrilha. As G3 que o nosso Camarada Alberto Nascimento recebeu, teriam sido as que nos foram facultadas pela NATO para utilização dentro do âmbito da Organização e de que Portugal fazia parte. Como se percebe pela descrição do Gabriel Moura (Pel Mort19/ Bcaç 237, 1961 a 1963), as G3 estavam encaixotadas e apenas havia meia dúzia delas em Serviço. A Mauser era a Arma do Batalhão. Deve ter sido um recurso ousado, embora apressado, o ter equipado aquela Unidade para a sua deslocação á região de Farim. Dúvidas não existem de que estas Armas já estavam no Bcaç 237 desde 1961, mas não em utilização oficial.

Esta Brochura do Gabriel Moura (**) bem merecia ser devidamente Editada e Publicada para conhecimento de todos os Camaradas, sobretudo dos que por lá chegaram depois de 65 (pensariam que estavam noutra Guerra ou que era Ficção).

(d) Perante o exposto, não parece ter sido ficção o início das hostilidades a 23 Jan 63, com o ataque ao Quartel de Tite. Data coincidente por ambas as partes.

Acrescento um Comentário aos Comentários do Mexia e do Colaço ao Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim (...) (*):

(e) Joaquim Mexia refere, e muito bem, que a Arma G3 não fazia parte do Equipamento do seu irmão, numa zona de Guerra activa e em pleno desenvolvimento;

(f) O Colaço reporta, igualmente muito correcto, que a Licença de produção em Portugal da G3, só se adquiriu em 1962. Mas a verdade é que as Armas que estavam no território da Guiné, como disse, eram originais (alemãs) e que eram parte da nossa participação na NATO (OTAN), pelo que a sua utilização seria ilegal (como os F86-Sabre, os Lockeed P2V-5, etc.). A prudência aconselhava... A partir de 64 começaram a chegar as G3-FBP e então tudo ficou bem. Já era legal.

É quanto sei e posso dizer. Espero merecer a Vossa compreensão para se poder escrever, com verdade, a História desta Guerra na Guiné, pese, embora, que nos sobrem mais dúvidas que certezas.

A todos, o meu mais sincero abraço
Santos Oliveira

2. Comentário de L.G:

Camarada Santos Oliveira: obrigado pelas tuas preciosas informações. O facto de ter-te dado conhecimento do mail, a ti e outros camaradas mais velhinhos (de 1961 a 1963...), era na esperança de poder suscitar também a tua opinião. Em boa hora o fizeste. Há montes de coisas que não vêm (nem nunca virão) nos documentos oficiais ou oficiosos da tropa. Há coisas que só se podem conhecer, ou vir a conhecer, pelo método do boca a boca... Este método tem, de algum modo, funcionado no nosso bogue... LG

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Nota de L.G.:

(*) Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf do Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66., membro da nossa Tabanca Grande desde 24 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2301: Tabanca Grande (41): Santos Oliveira, 2.º Sarg Mil de Armas Pesadas Inf.ª (Como, Cufar e Tite, 1964/66)


Vd. postes mais recentes:

15 de Outubro de 2008 Guiné 63/74 - P3318: Album fotográfico de Santos Oliveira (1): Tite

6 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3416: Album fotográfico de Santos Oliveira (2): Tite, Tempestade tropical

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3434: Album fotográfico de Santos Oliveira (3): Tite, dia de ronco

15 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3458: Album fotográfico de Santos Oliveira (4): Tite

18 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3332: O meu baptismo de fogo (13): Tite, 1964 (Santos Oliveira)

15 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2352: Ilha do Como: os bravos de um Pelotão de Morteiros, o 912, que nunca existiu... (Santos Oliveira)

21 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3222: Convívios (84): Pessoal dos BCAÇ 237 e 599, Pel Mort 912, Pel Caç 955 e Pel AM Daimler 807 (Santos Oliveira)

4 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3021: Os nossos regressos (6): Regressei a olhar para trás...(Santos Oliveira)
Vd. psotes de:

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3499: Controvérsias (10): Vi em 1961 chegarem, a Bissau, as primeiras tropas equipadas com a espingarda automática G3 (Mário Dias)

21 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim, em Julho de 1961, com a G3, com o 1º Gr Comb da CCAÇ 84 (Alberto Nacimento)

(**) Vd. postes de:

11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3294: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte I) (Carlos Silva / Gabriel Moura )

12 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3298: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte II) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

13 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3308: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte III) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

Guiné 63/74 - P3502: In Memoriam (16): José Maria Fernandes Carvalho foi a sepultar no dia 18 de Novembro de 2008, em Travanca-Amarante (Albano Costa)

1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa, com data de 19 de Novembro de 2008:

Caros editores:

Estas são algumas fotos que fiz no dia do funeral do José Maria Fernandes Carvalho (*), cuja família pôde finalmente fazer o seu luto.

A cerimónia realizou-se em Travanca, Amarante, ontem dia 18, conforme estava anunciado.

A irmã do José Maria, D. Teresa, em conversa comigo, disse: - Hoje não é dia para sentimentos, mas sim de alegria.

Deu para perceber que estando um pouco nervosa, também estava a sentir-se muito feliz, por ver os restos mortais de seu irmão serem sepultados na sua terra Natal, ao fim de 42 anos.

A D. Teresa fez uma autêntica maratona para conseguir trasladar o seu irmão. Foi à Guiné-Bissau, ao cemitério de Bolama assistir a exumação do corpo para finalmente o ver ser sepultado em Travanca, Amarante, na companhia da família e amigos. Também fizeram questão de estar presentes, eu, Xico Allen, José Manuel, que veio da Régua, e o Carvalho de Gondomar.

Albano C osta


Foto 1 > Levantamento dos restos mortais na capela de S. Sebastião

Foto 2 > Transporte dos restos mortais para o interior do Mosteiro de Travanca

Foto 3 > Vista do interior do Mosteiro de Travanca, na altura da missa pelo malogrado José Maria

Foto 4 > Guarda de Honra Militar no exterior do Mosteiro, aguardando a saída dos restos mortais do José Maria, para seguir em direcção ao cemitério local

Foto 5 > O cortejo fúnebre a caminho do cemitério de Travanca

Foto 6 > Últimas cerimónias religiosas, antes da descida ao Campo Santo

Fotos e legendas: © Albano Costa (2008). Direitos reservados.

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 200 > Guiné 63/74 - P3461: In Memoriam (14): Finalmente em Portugal o corpo do camarada José Maria Fernandes Carvalho (Albano Costa)

Vd. último poste da série de 17 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3469: In Memoriam (15): Foi hoje a sepultar Mário Ferreira (José Teixeira)

sábado, 22 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

COMANDO DE AGRUPAMENTO OPERACIONAL N.º 1

CAOP 1 - Guiné, 1968/74 - Divisa: Onde Necessário

Constituído por rendições individuais

Criação em 08 de Janeiro de 1968
Extinção em 01 de Julho de 1974

Em 27 de Janeiro de 1968 instalou-se em Teixeira Pinto, abrangendo as áreas dos sectores de Teixeira Pinto e Bula. Alargou a sua área em 12 de Março de 1969 ao subsector de Có, em 05 de Setembro de 1969 ao subsector de Cacheu e em 01 de Julho de 1969 ao Sector O7 em Pelundo

Em 01 de Agosto de 1970 passa a designar-se como CAOP Oeste e em 22 de Agosto de 1970 CAOP 1, tendo assumido o comando dos subsectores de Cacheu e Bacile, em 28 de Janeiro de 1971.

Em 01 de Fevereiro de 1973 é transferido para Mansoa, assumindo o comando dos sectores de Bissorã, Mansoa, Bula e Nhacra.

A 21 de Março de 1973 destaca elementos para a criação do CAOP 3 e em 02 de Janeiro de 1974 foi transferido para Cufar, com a responsabilidade dos sectores de Aldeia Formosa, Catió, Cadique e Gadamael.

Jorge Picado
Ex-Cap Mil
José Martins
ex-Fur Mil Trms Inf


BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 2885

Batalhão de Caçadores 2885 - Guiné, 1969/71 - Divisa: Nós Somos Capazes

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 – Tomar

Embarque em 07 de Maio de 1969
Desembarque em 13 de Maio de 1969

Regresso em 25 de Fevereiro 1971

Divisa – Nós Somos Capazes

Em 14 de Maio de 1969 assumiu o Sector O4, sediado em Mansoa, com os subsectores de Mansoa e Porto Gole.

Em 23 de Outubro de 1969 recebe o subsector de Mansabá.

Em 29 de Outubro de 1969 cede o subsector de Porto Gole e em 15 de Novembro de 1969 recebe o subsector de Jugudul.

Tem como subunidades a CCaç 2587, a CCaç 2588 e a CCaç 2589, que se mantêm na sua área de acção.

Jorge Picado
Ex-Cap Mil
José Martins
ex-Fur Mil Trms Inf


COMPANHIA DE ARTILHARIA N.º 2732



CART 2732 - Guiné, 1970/72 - Divisa: Nam Acha Quem Por Armas Lhe Resista

Mobilizada no GAG 2 - Funchal - Madeira

Embarque em 13 de Abril de 1970
Desembarque em 17 de Abril de 1970

Regresso em 19 de Março de 1972

Divisa - Nam Acham Quem Por Armas Lhe Resista

Em 21 de Abril de 1970 chegou a Mansabá, onde se instalou.
Ficou dependente operacionalmente do BCAÇ 2885.
Por sua vez, ficaram adidas à CART 2732: o Pel Caç Nat 57, o Pel Art 21, O Pel Mil 253, 1 Esq Mort 81 e 2 AML Daimler.

Em 11 de Novembro de 1970 deixa de pertencer ao BCAÇ 2885, passando a estar integrada no COP 6, cujo comando ficou instalado em Mansabá.

Em Fevereiro de 1972 deixa Mansabá, sendo substituída pela CCAÇ 2753.

Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA


COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 5

CCAÇ 5 - 1961/71 - Divisa: Justos e Valorosos

A CCAÇ 5 teve origem na 3.ª Companhia de Caçadores Indígenas (criada em 1961), alterando o nome para Companhia de Caçadores 5 em 1 de Abril de 1967. Teve a sede em Nova Lamego (actual Gabu) e destacamentos em Canjadude, Che-che e Cabuca.
Em Agosto de 1968 passou a ser responsável pelo subsector de Canjadude.
Em 20 de Agosto de 1974 foi desactivada e extinta, após entrega do aquartelamento ao PAIGC.

José Martins
ex-Fur Mil Trms Inf
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

Guiné 63/74 - P3500: Blogoterapia (75): Entrei para a Tabanca de maneira um pouco desabrida...(António Matos)


Mais contentes ou menos contentes, todos compraram bilhete para a 1ª fila do blogue!




O meu "estatuto" de piriquito enquanto tertuliano do "Guiné 63/74" leva-me a ser um pouco contido na formulação de algumas opiniões no que diz respeito ao blogue ele próprio, com o receio de virem de lá os "velhinhos" e mandarem uma fogachada do quilé e acagaçarem-me todo e depois fico inibido e não escrevo mais.

Eu entrei para a Tabanca de maneira um pouco desabrida porque não tinha lido nada sobre alguns procedimentos que lhe estariam inerentes, mas somente porque outro tertuliano ma indicou.
Porque colaboro noutros blogues onde os textos são editados pelos próprios, atirei-me de cabeça e comecei a produzir, ainda que a triagem que os editores terão necessidade de fazer, possa ser algo desmotivante pela desactualização dos mesmos.

Reconheço que há bloguistas que por disponibilidade de tempo, por melhor manuseamento das ferramentas, por questões de memória, por prazer em escrever, etc., são mais produtivos do que outros e não deveriam, por isso, ser colocados em fila de espera.
Claro que o critério editorial pertence aos editores e estas achegas não pretendem ser mais do que isso ,para que eles possam também ponderar sobre a dinâmica a imprimir ao blogue.

Uma coisa parece-me pacífica : quanto maior a solicitação de entradas de textos, melhor !
Não me preocupa não ter tempo de ler todas as entradas do dia! Leio-as amanhã!
A faculdade de poder fazer pesquisas por tema ou por nome do camarada, por exemplo, pode permitir-me o critério mais acertado na exploração do blogue.
Isto é um pouco como consultar um dicionário. Não é para ser lido de fio a pavio, ao quilómetro !
Aliás, muitas vezes queremos relacionar acontecimentos e isso leva-nos a leituras cruzadas donde, não é grave não ler a última publicação na hora da sua edição.
Como nota de rodapé, e se isso me for permitido, gostava de reforçar a ideia já exposta de que as nossas estórias deverão ter o cariz de estórias contadas no regalo da lareira, intimistas, sentimentais, como se tivéssemos os nossos netos a ouvirem-nos, embevecidos até que adormecessem...
Provavelmente o futuro trará uma inversão no desenvolvimento deste sítio numa lógica de maior adaptação do blogue aos tertulianos em desfavor dos tertulianos ao blogue. Será ?
Vale a pena pensar nisto ...


António Matos
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Nota: artigo da série em

Guiné 63/74 - P3499: Controvérsias (10): Vi em 1961 chegarem, a Bissau, as primeiras tropas equipadas com a espingarda automática G3 (Mário Dias)




Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 84 > 1961 > O Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, da CCAÇ 84, com o capacete na mão, e o seu camarada e amigo Maximino, de G3 ao ombro (*).

Foto: © Alberto Nascimento (2008) Direitos reservados


A G3, espingarda automática, de calibre 7,62 mm,de origem alemã, começou a aparecer na Guiné em meados de 1961... Com punho e fuste de madeira.


1. Resposta do Mário Dias a um pedido de esclarecimento do editor, Luís Graça, sobre a G3 e o início da sua introdução no TO da Guiné (vd. ponto 2).

Comandante Luís:

Mais uma vez me fazes "descalçar as tamancas e largar a ronceirice de gato enroscado no borralho" para responder às tuas dúvidas e lançar alguma luz sobre questões levantadas na nossa Tabanca Grande. Sobre elas recordo o seguinte:

I- Em 1959, ano em que "fui às sortes", ainda não havia "G3" na Guiné. Era a velha Mauser.

II- Vi as "G3" pela primeira vez a uma (duas?) companhia(s) que em 1961 chegou(chegaram) à Guiné,  constituindo a segunda vaga de reforço de tropas. Também duas companhias da Caçadores especiais que para lá foram em 1962 já iam armadas de "G3".

A primeira a ser enviada para a Guiné, ainda em 1959 no seguimento dos acontecimentos de Pidjiguiti, foi uma companhia mobilizada e pertencente ao Batalhão de Caçadores 5 (Campolide) cujo comandante era o capitão Ressano Garcia. Ainda iam armados com Mauser.

III- De facto os primeiros actos de guerra foram em 1961 na área de S. Domingos e Varela feitos pela FLING, organização cuja existência o PAIGC procura ignorar. Era precisamente a referida Companhia de Caçadores 5 que aí se encontrava e aguentou os ataques.

Quanto aos acontecimentos de Guidaje relatados pelo Alberto Nascimento (*) não me recordo deles nem me lembro de os ouvir comentar em Bissau onde tudo se ia sabendo, tal como aconteceu no caso de S. Domingos. Talvez por não ter chegado a haver "troca de tiros" entre os "beligerantes" conforme julgo entender da descrição feita. É possível que algo me tenha escapado pois nessa altura, 1961, já tinha passado à peluda e estava a trabalhar no Sindicato.

A controvérsia gerada sobre a data da utilização da "G3" na Guiné deve-se ao entendimento que alguns têm de, tendo essa arma começado a ser fabricada em Braço de Prata apenas em 1963, então só a partir dessa altura ela esteve disponível. Nada disso, pois as primeiras G3 que equiparam o exército foram cedidas (vendidas?) pela Alemanha e sobretudo pela Espanha e tinham a coronha e o guarda-mão de madeira ao contrário das fabricadas em Portugal que passaram a ser de material plástico. Alguns se lembrarão certamente de ver as primeiras a que me refiro.

Espero ter contribuído para o esclarecimento desta questão da "G3" e continuo à disposição para clarificar dúvidas que estejam ao meu alcance.

Um abraço para todos os "moradores da tabanca".

Mário Dias


2. Pedido de esclarecimento enviado anteriormente ao Mário Dias, pelo editor do blogue L.G.:

Mário:

Eu sei que queres que te deixem em paz, nas tuas tamanquinhas, à lareira, a curtir a tua musiquinha... Mas acontece que tu és o pai de nós (como dizem ainda hoje alguns guineenses, a nosso respeito, a respeito de nós, tugas...). Tu és o pai da velhice, uma testemunha privilegiada dos acontecimentos político-militares na Guiné entre 1959 e 1966... Na nossa Tabanca Grande tens o estatuto de Homem Grande, de mauro, de sábio, de marabu... Se fosses fula, tratava-te por Cherno (tio), Cherno Mário Dias...

É por isso que, de vez em quando, eu venho pedir-te dois cêntimos para este peditório: refiro-me às nossas blogarias, esta conversa mole e amigável, que vamos mantendo entre antigos camaradas de armas, que querem esclarecer (e esclarecer-se sobre) alguns aspectos da nossa história, a pequena e a grande...

Hoje as questões que eu te ponho, meu caro Cherno Mário Dias, são as seguintes:

(i) No teu curso de sargentos milicianos, em 1959, ainda não tinhas obviamente a G3, mas sim eventualmente a Mauser; certo ?

(ii) Em que data é conheceste a G3, menina que tu, de resto, nunca trocarias pela Kalash; (Publicámos um excelente poste teu, sobre as qualidades e as virtudes da menina G3):

(iii) Tens conhecimento de escaramuças, na região do Cacheu (Guidage) ou no Óio (Farim), em meados de 1961 ? O nosso amigo e camarada Alberto Nascimento, soldado condutor auto da CCAÇ 84 (1961/63), foi em coluna, a Farim, nesse mês e ano, a partir de Bissau, para socorrer os comerciantes e população de Guidaje... E já levava a G3, como testemunham inequivocamente as fotos que publicámos...

É um testemunho precioso que nos obriga a contestar a ficção do PAIGC que estabeleceu a data do ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963, como a data oficial do início da luta de libertação, se bem que a fundação do PAIGC (ou melhor, do PAI) seja de 1956...

As escaramuças de que eu já tinha ouvido falar, em 1961, eram as do chão dos felupes, em São Domingos e Varela, ligadas a gente da FLING... Confirmas ?

Para terminar: Sabes mais alguma coisa que queiras partilhar com os teus amigos e camaradas da Guiné ? E, já agora, por onde andavas em 1961 ? Sei que em 1960 andavas a dar instrução militar como 1º cabo miliciano...

Sei que és um homem de palavra, que medes as palavras, e que detestas as luzes da ribalta. Mas já em tempos tive que discordar de ti, quando me pediste discrição em relação à história do Domingos Ramos, alegando que os mais fantáticos do PAIGC nunca entenderiam o estranho comportamento dos dois amigos inimgos (tu e ele)...

Cito o qu então escrevi:

"Estou em total desacordo contigo neste ponto: acho que tens a 'obrigação' (histórica, moral…) de divulgar este momento (raro, se não único…) em que dois antigos camaradas e amigos se encontram, de armas na mão, em campos opostos... Esta história é fabulosa e diz muito dos grandes seres humanos (e dos grandes profissionais) que vocês eram (e tu continuas a ser, agora 'paisano')…


"Não creio que os 'fanáticos' do PAIGC ou dos teus 'comandos' saibam entender estas coisas da grandeza da alma... Que faria o Domingos Ramos, se fosse vivo ? Morreria com este segredo ? Eu acho que esta história já não te pertence mais, desde o momento em que a partilhas comigo ou com outros amigos… Fazia-te bem divulgá-la… Mas eu respeito inteiramente a tua decisão"...

Felizmente, tu reconsideraste, de imediato, a tua posiçáo, e eu tive a o privilégio de publicar, em 2 de Fevereiro de 2006, na I Série do nosso blogue, uma das histórias mais fantásticas e bonitas que eu já ouvi sobre a amizade entre homens, e que tocou muitos dos nossos amigo e camaradas da Guiné.

Um Alfa Bravo, querido Mário.
Luis

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3459: Histórias da velhice (1): Eu e o 1º Pelotão da CCAÇ 84 em Farim, em Julho de 1961, em socorro de... Guidaje (Alberto Nascimento)

21 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim, em Julho de 1961, com a G3, com o 1º Gr Comb da CCAÇ 84 (Alberto Nacimento)


(**) Sobre a G3, Hedder & Koch G3 ou HK G3 > Vd. Wikipédia

A G3 (em alemão: Gewehr 3, Espingarda 3) é uma espingarda automática fabricada pela Heckler & Koch (daí ser também conhecida por HK G3) e adoptada como a espingarda de serviço pela Bundeswehr (Exército Alemão) em 1959 (e até 2001), e depois por outros exércitos, nomeadamente dos países da NATO.

A G3 é tipicamente um espingarda, de calibre 7,62 mm, capaz de fogo semi-automático ou totalmente automático. Pode ainda ser anexada uma baioneta à G3. Foi desenvolvida pelos engenheiros da Mauser. A versão original da G3 era com punho e fuste de madeira.


Do mesmo fabricante é a HK 21, a metralhadoras em calibre 7,62, igualmente usada pelas NT nos TO da Guiné, Angola e Moçambique.

Face à Guerra do Ultramar, no incío dos anos 60, e ao embargo de armas imposto a Portugal pelo Governo Kenedy, uma nova arma. Por causa do embargo dos Estados Unidos, na época do Kenedy, a escolha acabou por cair num outro país da NATO, a Alemanha, disposto em transferir a tecnologia para a fabricação da arma em Portugal, neste caso para a Fábrica de Braço de Prata.

Quando chegou a África, em comparação com as antigas armas ligeiras das forças armadas a G3 era vista como extremamente sofisticada. Tratava-se de uma arma automática, que podia disparar rapidamente uma considerável quantidade de munição.

Foi necessário bastante treino de forma que a tropa se habituasse a entender que a posição normal da arma deveria ser a posição tiro-a-tiro, porque do ponto de vista operacional, gastar rapidamente a munição no meio do mato, seria um problema.

Em 1965, já o número de espingardas automáticas G3 tinha ultrapassado as 150.000 nas forças armadas, e mesmo assim, ainda existiam em funcionamento 15.000 espingardas automáticas FN, fornecidas de emergência pelo exército alemão, antes da introdução da G3.

17 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2445: Em louvor da G3, no duelo com a AK47 (Mário Dias)

27 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2485: O nosso armamento no princípio da guerra: G-3, FN, Uzi (Santos Oliveira)

(...) Notas de L.G.:

(...) "Sobre armamento usado pelo Exército Português no início da guerra colonial / guerra do ultramar, vd. sítio do Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra:

(...) "Para acorrer às necessidades imediatas, a RFA [República Federal Alemã] prontificou-se a ceder, dos seus stocks, 15 000 espingardas FN usadas, sem restrições de emprego, que deveriam ser devolvidas depois de beneficiadas e à medida que fossem fabricadas as G-3. De facto, foram recebidas 14 867 FN por esta via, mas quanto à devolução, parece não ter havido pressa, porquanto, em 1965, havia já cerca de 140 000 G-3 de fabrico nacional e estas FN continuavam em Portugal.

"Ainda quanto às espingardas FN, foram também adquiridas directamente à fábrica, ou através de outros utilizadores (África do Sul). Mais concretamente, dado o carácter de urgência, houve um lote de armas cedido por este país dos seus próprios stocks, posteriormente repostos pela fábrica belga. No total seriam fornecidas cerca de 12 500 destas armas.

"Antes da adopção da G-3, a distribuição prevista de armas automáticas era a de FN para Moçambique e de G-3 para Angola, mas problemas políticos levaram a que, em certo período, a G-3 fosse mantida “fora de vistas” nesta última. O total de armas adquiridas, antes do fabrico nacional, foi de 8000 G-3, 12 500 FN belgas e de 14 500 FN alemãs, repartidas pela metrópole, Guiné, Angola, Moçambique e Timor.

"A produção julgada necessária em Junho de 1961 era de 105 000 armas, sendo 75 000 para a metrópole e 30 000 para o ultramar. O conceito inicial era de manter na metrópole o número de armas destinadas à instrução e ter em depósito as necessárias para equipar as unidades mobilizadas, mas o futuro se encarregaria de inverter esta distribuição. É curioso notar que só por despacho de 18/9/65 do CEMGFA a G-3 foi considerada 'arma regulamentar'. (...)
.

Guiné 63/74 - P3498: No 25 de Abril eu estava em... (6) Agrupamento de Transmissões, Bissau (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem de Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, com data de 11 de Novembro de 2008:

Estimados Editores,

Caro Carlos Vinhal,

Não me esqueci do pedido para escrever como foram as coisas depois do 25 de Abril de 1974, mas andei a ver como poderia organizar isso e encontrei como solução aquela que envio em ficheiro.

Ficam inteiramente à vontade para publicarem ou não.

Os nomes mencionados são quase todos de amigos de quem há muito não sei o paradeiro, não deixaram de ser amigos e indico-os porque poderá haver quem, também conhecendo-os e sabendo onde estão, possa convidá-los a participarem. Admito que aconteça com eles o que comigo aconteceu, não fosse um outro camarada e só por acaso descobriria este blogue.

Pronto, está dito o essencial e o que queria.

Comecei a dar volta ao baú e descobri lá um poema que foi adaptado por um alferes miliciano de uma companhia que estava em Aldeia Formosa. Foi impresso em postais de Boas Festas e serviu para enviarem no Natal de 1972. Estou a tentar descobrir um desses postais, só tive dois, mas parece-me tarefa difícil. Se houver alguém que se lembre ou tenha um postal do Natal de 1972 de uma companhia de Aldeia Formosa ajuda, não devem ter havido muitos, especialmente impressos. Tem inclusive o crachá dessa companhia que eu não me recordo qual era. Poderá também ajudar à recolha de emblemas e crachás feita pelo nosso outro camarada da tabanca. Pela minha parte vou tentar descobrir o crachá do Agrupamento de Transmissões para vos enviar.

O estar com todos sem fazer parte de ninguém tem destas coisas.

Um abraço,
BS


2. E Depois do 25 de Abril
por Belarmino Sardinha

Quando se contam Estórias que poderão fazer parte da História, estas, embora verdadeiras, só devem ser história depois de despidas da emotividade colocada na narrativa de quem, vivendo as situações, não conseguiu libertar-se de as descrever apaixonadamente, mesmo que devidamente documentadas.

Continuo assim empenhado em contar estórias, não podendo fazê-lo de outra forma por não me sentir habilitado a mais, embora o que escrevi seja verdade indesmentível, deixo para quem, especialista na matéria e melhor do que eu, possa fazê-lo ao reescrever e enquadrar as coisas no lugar correcto.

Após clarificada a minha posição para utilizar o termo Estória e não História, procurarei redigir novo rascunho acerca do que me foi sugerido, contar como foram vividos os dias, em Bissau, após 25 de Abril de 1974.

Pouco posso dizer, tinha praticamente a comissão acabada, em Abril de 1974. Se houvesse uma maior afluência ou adesão dos camaradas que como eu estiveram lá nos anos de 1972/74 era bom. Esperemos que se sintam motivados e respondam, pronto.

Ao longo do texto procurarei deixar alguns nomes, de conhecidos e amigos (espero que todos eles me desculpem), que foram protagonistas de acontecimentos que, não só pelas suas posições mas também por força delas, poderão ajudar a completar a História. Quem sabe se os editores ou outros camaradas, com trabalho feito, não conseguirão motivá-los e ajudá-los a integrarem o blogue.

Após grande agitação no Agrupamento de Transmissões, uns dois ou três dias imediatamente anteriores ao 25 de Abril de 1974, por parte de alguns oficiais que perguntavam com frequência se tinha vindo esta ou aquela mensagem, acordámos todos, os que não estavam de serviço, com a certeza de que algo se tinha passado na noite de 24 para 25 de Abril de 1974.

O nosso comandante, à data tenente-coronel, Mateus da Silva (*), tinha substituído interinamente o então Governador e Chefe Supremo da Forças Armadas Bettencourt Rodrigues. Esta situação manteve-se durante e até à chegada do Coronel, graduado em Brigadeiro, Carlos Fabião.

Foi este o nosso despertar, no Agrupamento de Transmissões, no dia da revolução dos cravos.

Como as rotinas de serviço nada tivessem de diferente e as possibilidades de procurarmos nova ocupação não fossem possíveis, havia também que manter a rotina das horas vagas, ir até ao centro de Bissau, beber umas cervejas, comer nos locais habituais ou naquele que era o mais recente, O Ninho , na estrada para o QG e assim passarmos o tempo que faltava.

Contudo essa rotina complicou-se em Bissau nos dias seguintes ou em quaisquer outros locais que não os quartéis. Começámos a ser insultados com palavras como vai-te embora para a tua terra ou fora daqui e até agredidos ou pelo menos essa tentativa, próprio de alturas de mudanças desta natureza, pelo que era impensável andar sem ser em grupo.

Isso obrigou a diversas intervenções da polícia militar, com alguma firmeza, pois as coisas ficavam, por vezes, bastante difíceis e quase sempre para os militares. O ambiente no meio civil nunca mais foi calmo e tranquilo como até então. Onde não havia guerra começava agora a inflamar-se a situação. Nessa altura julgo estar ainda lá, na PM, no Forte da Amura, o então alferes miliciano Fernando Pinto.

Mas também dentro dos quartéis se registaram mudanças, há muito que no Agrupamento de Transmissões falávamos nas condições que tínhamos nos nossos quartos (desculpem-me os camaradas que estavam ou estiveram em condições péssimas e lamentáveis, conheci algumas. Tenho sempre dito que fui bafejado pela sorte e que estive sempre bem. Tal como o apanhado num acidente mas que acaba sempre por ter sorte. Enfim, adiante. Não podia fazer este relato sem dizer isto), onde não cabíamos todos se chegava alguém vindo do interior.

Como trabalhávamos por turnos, de quatro horas, alguém tinha que ceder a cama, por vezes mais do que um até, caso contrário o camarada não dormia, montava uma tenda ou arranjava outro qualquer expediente.

Aproveitámos os ventos de mudança e até o segundo comandante, um Major pouco simpático cujo nome não me recordo, passou a ser uma simpatia e andou a ver as nossas instalações e a ouvir as queixas que tínhamos. Digo-o com conhecimento por ter feito parte do grupo que o acompanhou e expôs a situação. É claro que houve algumas melhorias, mas pouco pude acompanhá-las devido ao meu regresso em Julho de 1974, após cumpridos 24 meses e vinte dias.

Os festejos continuavam e eram uma realidade, ouvia-se agora na Rádio os diferentes grupos de militares que lá iam dando voz, havendo mesmo militares que lá iam cantar, alguns em coro. Recordo um que interpretou um dos hinos do 25 de Abril de 1974, Grândola, Vila Morena do saudoso Zeca Afonso. Refira-se que na altura era, salvo erro, Director da Rádio o conhecido autor de obras musicais Nuno Nazareth Fernandes, também ele à data alferes miliciano de engenharia.

Estas as pinceladas rápidas que posso dar sobre a vida após 25 de Abril de 1974 na cidade de Bissau. Ouvia-se dizer que no interior havia já confraternização e visitas dos elementos do PAIGC aos quartéis. Não pude testemunhar nenhum desses acontecimentos.

Acrescento ainda outro nome, o do ex-furriel miliciano Carlos Santos Pereira (**), que se encontrava lá também nessa altura e tratava de uma área ainda aqui não falada ou, pelo menos não vista por mim, os serviços de escuta, onde eram ouvidas todas as emissões de rádio do Senegal e Conacry e eram efectuadas ainda outras escutas.
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Notas do B.S.:

(*) O Tenente-Coronel Mateus da Silva, além de militar, era, e digo era porque apenas o conheci naqueles anos, entenda-se, uma pessoa de agradável trato com todos os militares, sendo frequente a sua presença em partidas de futebol dentro do quartel.

Posteriormente, já na Metrópole, integrou uma das administrações, à data CTT/TLP, onde trabalharam alguns dos ex-militares do Agrupamento de Transmissões.

(**) Também ele, além de poder falar sobre o assunto que era feito pelo serviço de escuta, e relatar a vida após 25 de Abril de 1974, pode contar porque foi até Bigene, durante uns três meses. Mas melhor que ninguém ele o poderá explicar.

Trata-se do jornalista Santos Pereira, convidado das televisões para falar sobre os conflitos na Tetchénia e nos Balcans e com obras publicadas na editora Cotovia.
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3262: No 25 de Abril eu estava em... (3): Gadamael e depois Cufar (José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152)

Vd. última colaboração de Belarmino Sardinha em 29 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3377: O meu baptismo de fogo (19): Como, porquê e não só (Belarmino Sardinha)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3497: O Nosso Livro de Visitas (45): Augusto Pereira da 2.ª CART/BART 6521 e António Ribeiro, ex-Fur Mil



Augusto Fernando Araújo Pereira

1. Mensagem de Augusto Fernando Araújo Pereira, com data de 22 de Setembro de 2008:

Em breve darei mais noticias

um abraço
augusto pereira

Augusto Pereira Nº 078/643/72
Incorporado em 08 de Maio de 1972
Embarquei para a Guiné em 27 de Dezembro de 1972
Batalhão 6521 - 2ª C. Art.
Desembarquei em Lisboa a 25 de Agosto de 1974

2. Comentário de CV

Caro camarada Augusto Pereira, depois da tua curta mensagem, esperámos algum tempo por notícias tuas, mas nunca mais disseste nada.

Esperamos o teu próximo contacto para nos contares algo mais sobre o teu Batalhão, sobre a tua Companhia e especialmente sobre ti. Qual era o teu posto e a tua especialidade, onde vives, etc.

Recebe um abraço da Tertúlia e aparece na Tabanca Grande porque temos a porta sempre aberta.
CV


Ex- Fur Mil António Ribeiro

1. Comentário do nosso camarada António Ribeiro, ex-Fur Mil, deixado no poste de 22 de Outubro de 2008 Guiné 63/74 - P3342: O meu baptismo de fogo (15): Estrada de Buba-Aldeia Formosa, 22 de Julho de 1968 (José Teixeira):

Participei na coluna Buba/Aldeia Formosa que levou os obuses. Eu ia a pé junto ao matador (viatura) que transportava o primeiro obus. Quem também ia na viatura atingida pela mina, causa da morte do radiotelegrafista, era o capitão Rei, que, milagrosamente, não ficou ferido não obstante ter sido projectado a mais de quatro metros de altura.

Por força das circunstâncias era eu que comandava os pelotões de artilharia não obstante ser furriel miliciano.

Estou a escrever "Guiné-1967/1969 Episódios da guerra colonial".

Caso haja interesse para qualquer troca de impressões deixo o meu contacto (*)

Um grande abraço a todos.
21/11/2008
António Ribeiro

2. Caro António Ribeiro

Obrigado pelo teu comentário ao poste 3342.

Julgo que referes o facto de estares a escrever um livro sobre a tua comissão de serviço na Guiné. Estamos disponíveis para a devida divulgação do mesmo, quando estiver em ordem de publicação e/ou apresentação pública.

Se tiveres tempo disponível, sem prejuízo do teu livro, podes aderir à nossa Tabanca Grande (Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné), onde serás bem recebido e onde poderás contar algumas das tuas experiências enquanto combatente na Guiné.

Em nome dos editores e da tertúlia deixo-te um abraço.
CV
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Notas de CV

(*) Endereço electrónico e número de telemóvel a fornecer a quem o solicitar.

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3475: O Nosso Livro de Visitas (44): Fernando Inácio

Guiné 63/74 - P3496: Hospital Militar Principal: Fazendo mini-caixões antes de ser mobilizado (António Santos)


O actual Hospital Militar Principal, à Estrela, em Lisboa, instalado num antigo convento, nasceu de uma vasta rede de hospitais militares portugueses, criada no reinado de D. João IV por ocasião da Restauração, na década de 1640. Sofreu sucessivos aumentos e remodelações. Em 1961, foi criado o Centro Ambulatório de Doentes e Convalescentes, o famigerado Anexo de Campolide, por onde passaram milhares de camarados nossos , feridos graves, evacuados dos três teatros de operações da Guerra do Ultramar. Esse Centro ocupou as antigas instalações do Aquartelamemnto de Campolide, onde até então funcionava o Regimento de Artilharia nº 1.

Vd. Sítio do Hospital Militar Principal > Instituição


1. Mensagem de António Santos (*):

Camaradas e amigos da tabanca grande e pequena.

Saúde para todos.

LG/CV/VB.

O Luís escreveu no poste 3485 (**), passo a citar:

" É estranho que ao fim de 3 anos e meio de blogue ainda não tenhamos aqui o testemunho, na primeira pessoa do singular, de um camarada que tenha passado pela Estrela", fim de citação.

Eu não estou na pele da primeira pessoa do singular, mas já que o Luís puxou pelo assunto, eu vou contar o que se passou comigo, e de certeza com muitos mais camaradas.

Este é um assunto que tenho evitado contar, por motivos óbvios, porque devem compreender quando se escreve no blogue sobre estropiados, nem calculam o que se passa na minha cabeça, as recordações de muitas das situações que vi e vivi no HMP.

Ainda hoje não sei o porquê de, após o terminus da especialidade de TRMS de Infantaria, me terem enviado para o HMP em diligência. Quando lá cheguei, e talvez pela minha profissão de então (Estofador de móveis, portanto trabalhava com madeira), fui mandado para a carpintaria que na época se situava num local chamado a cerca. Era onde estavam algumas oficinas, esse local ficava mesmo por trás da Basílica da Estrela, esta descrição toda para quem não conhece o local mas, pelo menos, já viu a Basílica na TV.

Portanto, cá o rapaz, querendo ou não, tinha que ver o resultado da guerra, nas deambulações diárias pelo hospital, incluindo anexo e urgências. E embora não fosse propriamente um menino que tivesse vivido em redoma de vidro, aquelas imagens chocavam os mais fortes, eles eram de cadeiras de rodas, de canadianas, (agora), na altura eram muletas, cabeças rapadas cheias de cicatrizes, só entrava nas enfermarias quando tinha que ser, uma vez mandaram que fosse à morgue mudar uma fechadura, etc.

Como se não chegasse para pôr o bom do militar a bater mal, o meu trabalho principal na carpintaria era fazer caixas, caixões em miniatura para as pernas que os cirurgiões iam cortando. Quando tocava o telefone com origem na medicina, era certo, só havia 2 perguntas, 90 ou 1.20, isto em centímetros, e dependia por onde o cirurgião cortava.

Passados que foram 2 meses e meio de HMP, fui mobilizado para a Guiné. Não foi, não é fácil recordar situações destas.

Um alfa bravo, para todos.

AS
SPM 2558
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. os postes do nosso amigo e camarada António Santos (Recorde-se que ele foi, na outra incarnação, Sold Trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74, é membro da nossa Tabanca Grande desde 15 de Maio de 2006; mora em Caneças, mas é (ou era...) um puto reguila, alfacinha):

11 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3439: Falando sobre o seu amigo Gregório (António Santos)

23 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3089: Antropologia (7): As tabuinhas das escolas corânicas: tradutor de árabe, precisa-se (A. Santos / Luís Graça)

31 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2393: Álbum das Glórias (36): O meu Racal TR 28-B2 (António Santos, Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74)

7 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1821: Armamento do PAIGG (2): Mísseis terra-terra Katyusha ou foguetões 122 mm (A. Santos)

23 de Maio de 2007> Guiné 63/74 - P1781: Ambulância do PAIGC, de fabrico soviético, capturada pelo Marcelino da Mata, em Copá (A. Santos)

20 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1448: Os quatro comandantes da CCAÇ 2586 (A. Santos)

12 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1422: A derrocada do Leste e a mina que desgraçou o meu amigo de infância André, da CCAV 3864 (A. Santos)

27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1216: A batalha (esquecida) de Canquelifá, em Março de 1974 (A. Santos)

22 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1103: Breve historial do BCAÇ 1911 e do BCAÇ 1912 (A. Santos)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1097: Imagens chocantes do cemitério de Bambadinca (A. Santos)

4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P934: Da Casa da Mariquinhas do Gabu à Senhora Malária que me atacou seis vezes (A. Santos, Pel Mort 4574)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P900: O 25 de Abril em Nova Lamego (A. Santos, Pel Mort 4574/72)

21 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P892: Memórias de Nova Lamego com o Pel Mort 4574/72 (A. Santos)

29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXI: Os cagaços de um periquito a caminho do Gabu (A. Santos, Pel Mort 4574/72)

8 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXIV: Nunca digas jamais (António Santos, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego)

(**) Vd. poste de 20 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3485: Gloriosos malucos das máquinas voadoras (13): Os MAN - Mecânicos de Material Aéreo e o outro lado da guerra (João Coelho)

(...) "O João Coelho, que é um leitor atento e apaixonado do nosso blogue, e membro da nossa Tabanca Grande, é daqueles camaradas das Força Aérea que, nunca tendo estando em serviço na BA 12, Bissalanca, Guiné, esteve perto de nós, dos nossos feridos graves, recambiados para Lisboa, para esse outro inferno que era (imagino!) o Hospital Militar Principal, à Estrela, mais os seus anexos...

"É estranho que ao fim de 3 anos e meio de blogue ainda não tenhamos aqui o testemunho, na primeira pessoa do singular, de um camarada que tenha passado pela Estrela" (...)

Guiné 63/74 - P3495: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (18): Vem nos manuais de sobrevivência, está lá tudo..

Retirada? É por escalões...


Paulo Santiago

ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 53
Saltinho 1970/72



entre o Quirafo e Corubal, zona do Cantoro, onde se notam áreas sem mata.

Lá pelos idos de Março de 71, houve um, mais um, patrulhamento para as bandas do Cantoro, a quem já chamei rio, mas o rio, melhor linha de água, chamava-se Quebeiel, correcção que faço após conversa, em Março/08, com o ex-IN, comandante Paulo Malú.

Cantoro era a zona de mata, pouco densa, que se estendia praticamente desde o Quirafo até à foz do Quebeiel no Corubal.
Voltando ao patrulhamento. Dois grupos de combate, o Pel Caç Nat 53, comandado por mim, e o 1ºgrupo da CCaç 2701, comandado pelo Fur Mil Josué, na ausência do Alf Mil Julião.
Saímos do Saltinho às 04h00, direcção a Madina Buco, donde tinha saído o pelotão, lá destacado, a picar a estrada até ao Quirafo. Antes de continuar, devo dizer que as saídas do Saltinho, nestas ocasiões, em que metia distribuição de ração de combate, gerava uma tremenda confusão entre os militares do 53, onde a maioria muçulmana procurava quem trocasse os enlatados com carne de porco pelos de carne de vaca. Acabava por haver solução.

Chegados ao Quirafo, vá de apear e seguir a butes até ao Corubal. Com mata pouco densa, grandes extensões sem vegetação, época seca, o calor, a sufocar, era um suplício, sendo que o dito rio Cantoro/Quebeiel só próximo da foz, nesta altura do ano, apresentava umas poças de água com bicharada minúscula, mas à falta de outra também esta se bebia. Dormimos uma noite por aquelas bandas tendo regressado ao Saltinho pela hora do almoço. Estava lá o Major Sousa Teles, 2ºcomandante do batalhão de Galomaro, bom homem, mas que daquela guerra não percebia puto, que pergunta ao Josué, que vinha com cara de chateado, pudera, como tinha corrido o patrulhamento.
- Oh meu Major, um gajo passa muita sede para aquelas bandas. O Cantoro só tem umas poças de água que não dão para encher dois cantis e daqui a três meses aquilo é um mar de água onde ninguém passa.
Resposta do Major Teles:
- Josué tem de ler os manuais de sobrevivência, vem lá tudo explicado, a seca do rio é aparente você cava meio metro, encontra água e até...peixes. E continua com a lição:
- Quanto à passagem, quando existe muita água também há solução: levam uma corda aí com uns 100 metros, um militar que saiba nadar agarra numa ponta e vai amarrá-la a uma árvore na outra banda, depois passam todos com uma mão na corda.
Já se encontravam, nesta fase, mais militares a assistir a esta lição e o Alf Mil Oliveira diz:
- Meu Major, passaram todos para o lado de lá do Cantoro, encontram um bi-grupo do IN, são forçados a retirar, como fazer essa retirada?
- Oh Oliveira, essa pergunta não tem cabimento. Retirada? É por escalões...vem nos livros.

P.S.: Conheci dois Sousa Teles, irmãos, ambos Majores, um era este de Galomaro, de Infantaria, o outro conheci-o em Bambadinca, de Artilharia, 2ºcomandante do batalhão do Mexia Alves.
Com este, artilheiro, tive pouco contacto, mas o bastante para perceber que eram diferentes.

_________

Notas: Artigos da série em

9 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3189: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (17): Instrutor de milícias em Bambadinca (Out 1971).

Guiné 63/74 - P3494: Histórias de um oficial da CHERET (José Paracana) (1): Alfero, quer parte cabaço ?


Texto e foto: © José Paracana (2008). Direitos reservados

1. Mensagem de 19 de Novembro de 2008, do nosso camarada José Paracana (*)

Assunto - Contributo


Queridos camaradas do glorioso blogue em que perpassa a história dos combatentes no TO da Guiné-Bissau, nos idos de 60 a 74!

Tenho alguns documentos originais, referentes à guerrilha que assolou o pequeno território africano. Para já, tenho que os descobrir, mas hei-de os descobrir quando menos os procurar, como é costume!

Dado que fui oficial de segurança das transmissões (Cheret) (**), no QG, em Bissau, são do âmbito aqui citado, e têm o seu interesse realtivo!

Hoje, porém, vou narrar o que a fotos inclusa me suscitou. Nomeadamente as bajudas que nelas figuram.

Passeando pelas ruas da cidade, depois de acabado o serviço, à paisana, era frequente vir até à baixa, à zona dos cafés e bares. Não raro topava com a africana oferta, expressada por homens meio andrajosos e, por certo, sem contemplações pelas desgarçadas filhas ou familiares
que dominariam. O palavreado era simples e conciso:
- Alfero!? Quer parte cabaço? Tem bajuda novinha...! - E depois aventava os pesos que queria em paga!

Sabe-se que a cultura africana é bem diversa, nestas questões de arranjar algum dinheiro com base no proxenetismo praticado. Para ter mulher o pessoal compra, se tiver meios... Para nós europeus, a transacção é repugnante e abjecta. Mas não é momento já para reprovações, numa terra onde há e havia tantas... provações! O estômago ou o vício falavam mais alto, e no masculino! Era assim. Oxalá possa ter mudado... Por cá, infelizmente, é a escravatura ou a pedofilia!!!

Pronto. No futuro continuarei a propor mais textos que descrevam e iluminem a minha guerra, passada à volta da escuta-rádio, com cerca de vinte camaradas (cabos) a gravar o que mais adiante contarei!

Saúde e boas memórias!

José Paracana (*)
ex-alferes miliciano,
QG, Bissau,
CTIG, 1971/73

________

Notas de L. G.:

(*) Vd. postes de

23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3230: Tabanca Grande (89): José Paracana, ex-Alf Mil, Analista de Segurança das Transmissões, QG do CTIG, 1971/73

13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3201: O Nosso Livro de Visitas (26): José Paracana, ex-Alf Mil, QG do CTIG, 1971/73

(**) CHERET: Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões, criada em 1959, em substituição da CHECIE (Chefia de Cifra do Exército), cuja criação data de 1952.

Hoje há o Centro de Informações e Segurança Militar (CISM), enquanto unidade da Estrutura Base do Exército, directamente dependente do Comando Operacional do Exército Português, instalada na Ajuda, em Lisboa. Tem a responsabilidades pelas actividades de criptologia, informações, contra-informação e segurança militar do Exército.

Guiné 63/74 - P3493: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (10): Eh mulher! Bó tem sanju na barriga... (Alberto Branquinho)

Paternidade instantânea

Alberto Branquinho
ex-alf mil CArt 1689
1967/69

Em sentido contrário aproximava-se uma mulher em adiantado estado de gravidez, caminhando com dificuldade, amparada ao muro.

O sargento, que estava a observá-la:
– Ó meu alferes, escute lá esta.


Então, dirigindo-se à mulher grávida:
– Eh mulher! Bô tem sanju na bariga…
Ela disparou imediatamente:
– É, noss’ sargenti. Fidju di bô.
__________

Notas de vb: Artigos da série em

3 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3395: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (9): Tempo de Gandembel...(Alberto Branquinho)

Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim, em Julho de 1961, com a G3, com o 1º Gr Comb da CCAÇ 84 (Alberto Nascimento)

(i) Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 84 > 1961 > "Eu, à esquerda, com capacete na mão, e o meu camarada e amigo Maximino, de G3 ao ombro"

Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 84 > 1961 > "Eu, num baga-baga, com a G3, a armar-me aos cucos"

Guiné > Bissau > 1961 > "Numa formatura, ainda em 1961, em Bissau, depois do meu pelotão regressar de Farim, frente ao palácio do governador, Peixoto Correia... já todos os camaradas estão equipados com G3".

Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Buruntuma > CCAÇ 84 > Fevereiro ou Março de 1962 > "Na zona dos Bucurés, a malta da companhia, com a G3"

Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 84 > 1962 > "Mais uma pose para a fotografia, a G3 sem carregador".

Fotos e legendas: © Alberto Nascimento (2008) Direitos reservados

1. Mensagem, de 18 de Novembro, do Alberto Nascimento, a quem tinha, há dias, desafiado para me mandar fotos com a G3 (Alberto: Não tens uma foto tua... com a G3 ? Há malta incrédula com a tua história... G3 na Guiné em Julho de 1961 ?!... Um abração. Luís):

Amigo Luís

Para esclarecimento sobre o Caso G3, só posso confirmar o que escrevi para o blogue (*): Em Julho de 61 o meu pelotão recebeu a G3 e deslocou-se de urgência para Farim (**).

(i) Reenvio uma fotografia tirada juntamente com o camarada e amigo Maximino, (falecido em 2005), após um reconhecimento na zona. Do meu equipamento apenas tenho o cinto com os carregadores da G3 e o capacete, mas aquilo que o Maximino tem ao ombro é uma G3:

(ii) Envio outra fotografia, também de Farim, daquelas que se tiram “a armar aos cucos”, também com a G3;

(iii) Os restantes camaradas da companhia devem ter recebido a arma algum tempo depois, porque na formatura que fizemos ainda em 1961, em Bissau, depois do meu pelotão regressar de Farim, frente ao palácio do governador (Peixoto Correia), no render da parada, ou da guarda, ou coisa do género, já todos os camaradas estão equipados com G3;

(iv) Do destacamento seguinte, Buruntuma, Fevereiro ou Março de 1962, reenvio uma fotografia tirada na zona dos Bucurés, onde se pode verificar que os militares usam a G3;

(v) Do destacamento de Piche, mais uma pose só para a fotografia, com G3 mas sem carregador.

Do destacamento seguinte, Bambadinca, já falei de G3 quando relatei a operação Samba Silate (***), mas lamentavelmente não tenho fotografias com G3 para enviar.

Com ou sem licença, fabricadas ou não pela Fábrica Nacional de Braço de Prata, esta é a realidade e embora admita falhar quando menciono este ou aquele mês nas deslocações para os vários destacamentos, a ida para Farim e o recebimento da G3 são um dado que está absolutamente correcto, seja qual fôr a data convencionada para o início da história da guerra na Guiné e, com todo o respeito, as opiniões divergentes dos camaradas quanto a este assunto das G3.

Um Grande Abraço

Alberto Nascimento

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3459: Histórias da velhice (1): Eu e o 1º Pelotão da CCAÇ 84 em Farim, em Julho de 1961, em socorro de... Guidaje (Alberto Nascimento)

(**) Vejam os seguintes comentários:

(...) Joaquim Mexia Alves

Não coloco obviamente em causa esta história, mas tenho de achar muito estranhas as datas. Não só por tudo aquilo que se julga saber, mas porque um meu irmão mais velho embarcou para Angola em 62 e, ao que me lembro, fez toda a comissão com a Mauser.Haveria já na Guiné a G3?Talvez, não digo que não!

Abraço camarigo
Joaquim Mexia Alves

José Colaço

É bem possível haver aqui um desfasamento de um ano porque só em 1962 é que a FMBP - Fábrica Nacional de Braço de Prata conseguiu licença para fabricar a HK G3. A minha companhia quando chegou a Guiné em Dezembro de 1963 recebeu a G3. Mas lembro que só na última semana quando estávamos a aguardar embarque, é que apareceu por lá uma G3a cheirar a nova para treino. Toda a instrução tinha sido com a velha mauser.

Um alfa bravo. Colaço


(**) Vd. último poste desta série 28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3374: Controvérsias (8): Cherno Rachide Djaló: um agente duplo ? (José Teixeira / Manuel Amaro / Torcato Mendonça)

(***) Vd. poste de 11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2930: Bambadinca, 1963: Terror em Samba Silate e Poindom (Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84, 1961/63

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3491: O meu enquadramento sócio-político-financeiro, religioso e académico na Guerra do Ultramar (III). António Matos.



Nem em férias se deixava de pensar na Guerra

Ao tentar fazer uma retrospectiva que me permita classificar o período mais complicado daqueles dois anos passados na Guiné, julgo que não errarei se disser que foi aquele que sobreveio ao 2º período de férias que vim passar à Metrópole.

Foi, de facto, pungente, uma vez que o menino que tinha ido para a guerra se fizera rapidamente homem à custa de doses maciças de experiências traumatizantes e nunca antes imaginadas como fazendo parte do seu espólio de vida.

Assistir à morte a tiro de um camarada ou ao esquartejar dum corpo por via de um engenho bélico, provoca alterações comportamentais que não consigo descrever tal a sua bestialidade.
Endurece-nos a alma e o coração, e questiona-nos sobre o porquê da selvática obsessão que o homem tem em ferir e matar o semelhante por um prazer sórdido, não se confinando a meras questões de sobrevivência.
No reino animal não há outro que o faça, e isso é alarmante.
A guerra inicia o processo; a vida moderna dá-lhe continuidade !
Este é, definitivamente, assunto para ser dissecado por António Damásio nos seus estudos sobre o cérebro e as emoções humanas, deixando para nós a observação silenciosa das consequências incompreendidas.
E essas variam de acordo com a estrutura de cada um ; há os que conseguem regenerar os bons neurónios e há aqueles a quem a substituição dos fusíveis sensoriais não se tornou possível deixando-se cair na lascívia da loucura.

Vivia-se o período entre Abril 1972 e Setembro 1972.


Durante o período de férias, soltaram-se-me os meus monstros na perspectiva dum regresso para uma realidade já sobejamente conhecida e não desejada.
Os dias passados essencialmente em família já eram vividos em regime de countdown o que provocava uma tensão crescente mas que, curiosamente, fazia despertar o sentimento de solidariedade para com os camaradas que se mantinham no teatro das operações e isso fazia aumentar a adrenalina que nos impulsionava para a luta pela vida.

A despedida e o regresso à Guiné foram dificílimos, ainda que animado por se estar na recta final da comissão. Talvez por isso mesmo...

Foi um final para nervos de aço pelo cariz extremamente psicológico a que fomos submetidos.
Nos últimos dias, uma verdadeira acção de terrorismo desencadeada pelo IN, em Bula, destruiu o resto da moral que nos restava ao vermos as consequências da deflagração de uma armadilha na mesa dum café existente na terra, repleto de soldados que se desdobravam em despedidas de amigos feitos, e das namoradas dos últimos 2 anos, algumas das quais com filhos cuja assumpção de paternidade assustava alguns hipotéticos pais...

Foi com este espírito perturbado mas a gozar os primeiros laivos de liberdade que embarcámos no Boeing da Força Aérea para a derradeira experiência para muitos soldados que foi o baptismo de voo.
Quatro horas depois, com a Ponte 25 de Abril em cenário majestoso, não se conseguiram evitar lágrimas de uma alegria imensa, com um sentimento de missão cumprida e o desejo dum abraço amado que tardava, malgré tout.

Seguiram-se 36 anos de outras guerras mas onde os ensinamentos daquela dão azo a uma douta sabedoria que urge preservar.
Este meu texto pretende ser o fechar do ciclo do meu enquadramento pessoal naquele conflito.
Tentei transmitir, sem pretenciosismos, a maneira como o vivi e como dele me aproveitei como trampolim para uma vida que pretendi coerente, realista e feliz.
Se os vindouros quiserem e puderem lucrar alguma coisa com estas descrições, fico satisfeito.


António Matos

ex-Alf Mil da CCaç 2790

Bula 1970/72

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Notas: Artigo relacionado em

Guiné 63/74 - P3490: Em 10 Setembro de 1974 nas bancas de Bissau, "A Voz da Guiné", o 1º jornal da nova República. (Eduardo Magalhães Ribeiro)


"A Voz da Guiné", o primeiro jornal da nova República da Guiné-Bissau




Amigos Vinhal, Luís e Briote

Envio aqui anexo mais algum material que poderá ficar bem no blogue.
O primeiro jornal da Guiné livre "A VOZ DA GUINÉ", com a data de 10 de Setembro de 1974, relembro que temos no blogue, em posts anteriores, a descrição e fotos da cerimónia da cerimónia de entrega oficial do poder político ao P.A.I.G.C., que ocorreu no quartel em Mansoa, em 9 de Setembro desse mesmo ano.


cópia da 1ª página do 1º nº da "Voz da Guiné". Ficamos a aguardar as outras 3 e tentaremos reproduzi-las na íntegra. Gratos ao Eduardo M. Ribeiro pelo envio de mais um documento de indiscutível interesse.

O jornal é constituído por 4 páginas, todas idênticas à primeira, em que a nova bandeira da Guiné-Bissau ocupa meias páginas. Se acharem interessante enviarei as outras 3 páginas para publicação.

Anexo também algumas palavras de indignação, que escrevi sobre o comportamento político em relação aos ex-Combatentes da Guerra da Ultramar; "Sombras desta pseudo-democracia", pois a falta de aplicação prática da lei 9 /2002, e o ostracismo a que somos votados provoca o espanto e a indignação, até de alguns dos nossos "putos" que, apercebendo-se de tamanha injustiça, acham inacreditável e inaceitável tal atitude.


Sombras desta pseudo-democracia!

Éramos uns “putos”... feitos Homens!
Arrancados aos bancos dos liceus
Largando mães, namoradas, esposas...
Enfiados em quartéis... longe dos seus

Éramos uns “putos”... mas tesos!
Sabíamos que o destino era a guerra
Lá... muito longe... em meio hostil...
Pleno de mata, trilho, rio e serra

Éramos uns “putos”... com vinte anos!
Que crescemos mais rapidamente
Cientes que a "coisa" era… séria
Cheia de riscos... perigosamente!

Éramos uns “putos”... mas solidários!
Soubemos ultrapassar as dificuldades
À custa de vasto suor e muito sangue...
Algumas cicatrizes e enfermidades

Éramos uns “putos”... quase imberbes!
Instruídos p'ra matar... custa a crer!
Imbuídos duma obsessão suprema;
Acima de tudo... sobreviver!

Éramos uns “putos”... uma geração!
Lidamos com as privações e a morte
Cada um teve a sua missão
Com maior ou menor dose de sorte

Éramos uns “putos”... temperados!
Quantas vezes superamos as fraquezas
Para dar uma ilusão de sermos fortes
De modo a derrotar dores e tristezas!

Éramos uns “putos”... Grandes… enfim!
Fomos lá... cumprir... melhor ou pior!
Cada um com seus receios... medos!
Em nome dum Império duro e opressor

Hoje estes “putos”... já são avós!
E uma coisa estranham... revoltados!
O repugnante ostracismo político
A que, como ex-combatentes, são votados!

Quando pensaram: “Cumpri com a PÁTRIA!”
Descobriram, digamos que... espantados!
"Somos sombras desta pseudo-democracia!”
Pura e simplesmente... ignorados!"

Cientes que os voluntários foram poucos
E os que não fugiram foram bastantes
A indignação é tanto mais e revoltante…
Quanto os sentimentos são frustrantes

Rezando pelos que entretanto vão “partindo”
Vão dando continuidade à vida… desgostosos
Desta imensa e repulsiva ingratidão
Por parte de políticos velhacos e rancorosos

Mantendo porém… firmes a sua esperança
Que neste país após a “abrilada”
Políticos com sentido e Amor Pátrio
Lhes prestem justiça e… mais nada

Porque tudo deram… do seu melhor!
Por vezes… sabe Deus com que sacrifícios
Dez mil morreram na flor da idade, e…
Milhares ainda sofrem mil malefícios!

Trocando experiências e memórias
Estes homens convivem entre si… alegremente
Tornam-se amigos, camaradas... irmãos…
Entre palavras, risos e choros... intestinamente!

Ainda agora acabei de ouvir na TV que nos E.U.A. (país de grandes contradições e maldizeres), o patriotismo e a estima pelos seus veteranos de guerra, são valores que o povo cultiva e respeita com o maior rigor e carinho, ainda que o mesmo povo pene, nos dias de hoje, sobre algumas das mais negras vicissitudes do seu passado histórico.
(...)

Um abraço amigo do Pira de Mansoa

M.R.

Eduardo Magalhães Ribeiro
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Notas:


1. Eduardo Magalhães Ribeiro (ex-furriel miliciano O. E. da CCS do BCAÇ 4612), em 9 de Setembro de 1974 arreou a última bandeira portuguesa, no quartel de Mansoa, na presença de representantes do PAIGC que, por sua vez, hastearam a bandeira da nova República da Guiné-Bissau.

2. Artigos do Autor em