sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5353: Notas de leitura (38): Prefácio ao livro do Manuel Maia, História de Portugal em Sextilhas, a ser lançado na Tabanca de Matosinhos, em 9/12/09 (Luís Graça)


Prefácio (1º versão, posteriormente modificada e abreviada), de Luís Graça, ao livro de Manuel Maia, História de Portugal em Sextilhas (Editora Esses & Erres, 2009) (*)

Um pequeno grupo de homens, generosos e solidários, que têm em comum a experiência da guerra colonial na Guiné-Bissau (1963/74), sob o comando do Vasco da Gama, e onde se incluem – é justo citá-los – os nomes do Hélder Sousa, José Manuel Dinis e Belarmino Sardinha [ e eventualmente outros que seria injusto omitir] – deu corpo à ideia, já há uns meses acalentada no nosso blogue, de publicar A História de Portugal em Sextilhas, do nosso camarada Manuel Maia.


Pedem-me agora um prefácio, ou seja , um texto preliminar, claro, conciso, e preciso, que vem antes da obra, onde se fala do autor, do conteúdo e, às vezes, do próprio making of do livro… (Etimologicamente, o termo vem do latim praefactionem, a acção de falar ao princípio de)…

Falemos, pois, do poeta e das suas musas, já que é de poesia (épica) que se trata. Conheci, virtualmente falando, o Manuel Maia quando ele me escreveu para o blogue Luis Graça e Camaradas da Guiné, apresentando-se em Fevereiro de 2009: “Português dos quatro costados, apreciador de ditados populares (…), sou licenciado em História [ pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto ] e pretendo (…) enviar a história da minha Companhia em sextilhas (…) onde são respeitados os cânones desta vertente poética”…

Logo percebi, pelo mail e pelas primeiras estrofes recebidas, que, para além do sangue, suor e lágrimas, havia ali talento a rodos, e que a sua musa inspiradora era a Guiné, sedutora, da cor do ébano, mas também verde e vermelha….


Furriel miliciano da 2.ª CCAÇ – Os Terríveis, do BCAÇ 4610, andou por desvairadas terras, entre o purgatório e o inferno, de Bissum Naga (sector de Bula, região do Cacheu, a norte de Bissau) a Cafal Balanta e Cafine (zona do Cantanhez, região de Tombali, a sul), entre 1972 e 1974… A (re)ocupação do Cantanhez é descrita, por ele, como um “trabalho insano(…) nove ou dez meses ali passados, naquela zona minguada de tudo menos de mosquitos e balas”…

Ao ler e inserir no blogue as suas primeiras sextilhas, logo o alcunhei, com irreverência e humor, de “Camões do Cantanhez”, “bardo do Cafal Balanta”… Não lhe regateei elogios:

“E, olha, parabéns, pela arte e engenho de narrar, com humor, os feitos gloriosos dos Terríveis que ousaram penetrar no Santo dos Santos, que era, para o PAIGC, o Cantanhez. Furriel Maia, estás aprovado com 20 valores. São trinta e três sextilhas, ou seja, estrofes de seis versos de dez sílabas métricas. Não os revi todos, mas batem certo: são mesmo decassílabos... Ou não fosses tu um homem de letras, e quiçá um émulo de Camões.... O Camões do Cantanhez!”…

E acrescentava:


“Fico a aguardar o resto do poema épico, agora a entrar - espero bem - no mítico Cantanhez, lá por alturas de Novembro/Dezembro de 1972, quando o velho Spínola decidiu reconquistar e ocupar essas míticas terras de Tombali, numa prova de força contra o PAIGC: Cobumba, Chugué, Caboxanque, Cadique, Cafal, Cafine, Jemberém”…

E assim nasceu mais um Cancioneiro, no nosso blogue, o Cancioneiro do Cantanhez…

Os primeiros fãs das sextilhas do Manuel Maia não tardaram a revelar-se, até que, no início de Maio de 2009, o novo membro do nosso blogue submeteu à apreciação dos editores a sua História de Portugal em Sextilhas, que foi mandando segundo uma ordem cronológica (dos primórdios da nacionalidade, às quatro dinastias da nossa monarquia, e até ao fim da República, em 1926).


Em carteira, ficava – segundo confidências do poeta (cuja voz ouvi hoje e pela primeira vez ao telefone) – a futura História da Guerra Colonial em Sextilhas, outro trabalho insano que vai desafiar a sua imaginação, o seu talento, as suas musas e o seu saber, vivencial, poético e historiográfico…  E o mote até pode ser este, de um qualquer anónimo poeta popular, que uma leitora do blogue, Maria Teresa Parreira, nascida em 1957, em Castro Verde, cita de cor, ligado às suas memórias de infância, quando os militares partiam para a guerra:

Lá vai mais um barco
para o Ultramar,
levam nossos filhos
p'ra irem lutar.

P´ra irem lutar
deixam cá cadilhos,
para o Ultramar
levam nossos filhos.


Os portugueses têm um fascínio pela poesia oral, desde o tempo (medieval) dos trovadores da corte e dos cantadores de feira, e esta que hoje ganha forma, em letra de imprensa, é para ser lida em voz alta, em público ou em privado, em tertúlia ou no espaço mais íntimo do lar, na escola ou no quartel. Tem um propósito lúdico mas também didáctico… Não é um livro de história, é mais do que isso: é uma narrativa épica, baseada no conhecimento dos factos históricos (alguns mitológicos), da sua sequência e do seu contexto, em que é o poeta, o artista (e não o historiador, o cientista) quem mais ordena…


Mas desengane-se quem pensar que a imaginação e a liberdade criativa do artista não são compagináveis com o rigor historiográfico… Por detrás destas 4 centenas de estrofes, estão anos de labor, de pesquisa bibliográfica, de estudo, de leitura, de reflexão… Inéditas, ainda não divulgadas no nosso blogue, são as cerca de oito dezenas de estrofes respeitantes ao período que vai da Ditadura Militar (1926-1932) ao fim Estado Novo, em 1974.

Quanto resto, é sabido que o nosso Portugal foi (e ainda é) um país de poetas e de soldados onde a poesia não enchia a barriga do pobre, é verdade, mas onde o soldo do soldado também não dava para a caneta, a tinta e o papel... Mesmo assim, ontem como hoje, a malta escreve, e canta, até o dedo doer, até a voz doer...É o teu fado, Manel, meu vate, nosso bardo, nosso épico...Alegras-nos a alma, aguças-nos a curiosidade intelectual, enriqueces a nossa cultura e a nossa história, dás um bela lição a quem te quiser ler, os mais novos e os mais velhos...


É costume dizer-se que os portugueses conhecem mal a sua própria história, porque se calhar a escola, a nossa escola, a nossa escolinha, não nos ensinou amar, de alma e coração, os nossos poetas, os nossos heróis, os nossos santos, a amar e a criticar os nossos reis, os nossos comandantes, o nossa elite dirigente... Por que só critica quem ama, e só se critica quem se ama…

O que o Manuel Maia nos oferece, fruto do seu talento e saber, produzido com generosidade e paixão, é poesia, é pedagogia, é amor às nossas coisas, à nossa Pátria... São as nossas raízes, é a nossa idiossincrasia, é a nossa identidade...

Não tenhamos pejo nem pudor de ser e de cantar o que fomos e o que somos… O conhecimento do passado e do presente (e a poesia é também uma forma de conhecimento, não sendo aliás incompatível com o conhecimento, científico, erudito, académico, da história) é a também ponte levadiça que, mesmo com valas, fossas e cavalos de frisa logo a seguir, nos abre horizontes sobre o que haveremos de ser e o que seremos… Mal vai o povo a quem for amputada a memória do seu passado…


Termino, transcrevendo a primeira das belas estrofes que o autor dedicou ao grande Camões, sua figura tutelar (a outra creio que é o Bocage, truculento, iconoclasta, irreverente, selvagem, livre, pobre e magoado):

(…) Camões lhe dedicou sua grande obra
que mostra o peito luso ter de sobra
a força, a coragem e ousadia
que afasta, de uma vez, velhos temores
ao galgar mar, vencer Adamastores
que o mito popular criara um dia...


Fica bem, Manel, tu e as tuas musas.

Lisboa, 9 de Outubro de 2009 / Porto, 27 de Novembro de 2009

Luís Graça,
Sociólogo,
Doutor em Saúde Pública (ENSP/UNL)
Criador e editor do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5335: Agenda Cultural (47): Lançamento do livro do Manuel Maia, dia 9 de Dezembro, em Matosinhos (José Manuel Dinis)

27 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5165: Agenda Cultural (36): A sair, em breve, o livro da História de Portugal em Sextilhas, do nosso camarada Manuel Maia

29 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4755: Blogpoesia (55): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (IX Parte): Do início da República à Grande Guerra (1910/17

Guiné 63/74 - P5352: Patronos e Padroeiros (José Martins) (2): Exército - Arma de Artilharia - Santa Bárbara





1. Segundo poste da série Patronos e Padroeiros das Armas do Exército Português, um trabalho de pesquisa do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil, Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70).





PATRONOS E PADROEIROS - II

EXÉRCITO - ARMA DE ARTILHARIA – SANTA BÁRBARA



Barbara, nasceu nos finais do Século III, na cidade de Nicodémia, actual Izmit na Turquia, filha única de Dióscoro, um rico e nobre habitante do Império Romano.

Tendo necessidade de viajar e não querendo deixar a filha desprotegida no meio de uma sociedade corrupta, resolveu deixá-la fechada numa torre. É que além de ser bela tinha muitos pretendentes para com ela casar, mas que recusava sistematicamente.

Dióscoro, seu pai, receoso de que a atitude da filha se devia ao facto de ter estado muitos anos fechada na torre, permitiu que fosse conhecer a cidade. Durante a visita teve contacto com os cristãos que lhe transmitiram os ideais do catolicismo, a vida de Jesus e o mistério da Santíssima Trindade. Algum tempo depois, um padre vindo de Alexandria, baptizou-a.

Para melhorar as condições de habitabilidade da torre onde Bárbara passava a maior parte do tempo, mandou construir uma casa de banho com duas janelas. Pouco tempo depois, voltou a ausentar-se.

Durante esse tempo, Bárbara mandou rasgar uma terceira janela no quarto de banho da torre, além de mandar esculpir uma cruz sobre a fonte. Quando voltou, ao ver as alterações operadas, questionou a filha, tendo esta dito que aqueles eram os símbolos da sua nova fé.
Vendo que a sua filha recusava a fé dos Deuses do Olimpo, denunciou-a ao Prefeito Martiniano que a mandou torturar, mas sem qualquer resultado, pelo que acabou condenada à morte.

Barbara, com os seios cortados, foi levada para fora da cidade, onde o próprio pai a degolou.
Quando a sua cabeça tombou no chão, um forte trovão ribombou, fazendo tremer céus e terra, enquanto um relâmpago atingiu o corpo de Dióscoro, que tombou por terra sem vida. Isto passou-se em Nicodémia, no século IV.

A partir dessa altura, Santa Bárbara, venerada pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa, passou a ser a padroeira dos Artilheiros, mineiros e dos que lidam com o fogo, tendo a sua Festa litúrgica em 4 de Dezembro.

Santa Bárbara, foi proclamada Patrono da Arma de Artilharia pela Portaria de 6 de Maio de 1959 e Ordem do Exército (1.ª Série), de 30 de Maio seguinte.

José Marcelino Martins – 24 de Novembro de 2009
[Organizado a partir de imagens e textos da Wikipédia]

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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 26 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5347: Patronos e Padroeiros (José Martins) (1): Exército - Arma de Infantaria - D. Nuno Álvares Pereira

Guiné 63/74 - P5351: Álbum fotográfico de Tomás Carneiro (1): Fotos do Cumeré





1. Mensagem de Tomás Carneiro, ex-1.º Cabo Condutor da CCAÇ 4745/73 - Águias de Binta, nosso Camarada que vive nos Açores, com data de 25 de Novembro de 2009:


Fotos do Cumeré

Olá Camaradas,

Bom dia a todos. Hoje resolvi mandar algumas fotos do meu tempo na Guiné. Estas foram obtidas ainda no Cumeré, logo no 1º ou 2º dia.


Na foto 1, estão colegas da minha freguesia de Capelas. Em cima, da esquerda p/ a direita: António Cordeiro, José Reis, Tobias Câmara e Miguel Botelho. Em baixo: João Pimenta e José Revoredo.


O Reis naquele momento estava em Bissau, para seguir de férias para os Açores. Não sei qual era a companhia dele. Os outros cinco são dos “Gringos do Guileje”, que estavam sediados em Nhacra, Julho de 73.
Foto 2, da esquerda p/ a direita: Moreira (da minha CCAÇ), Francisco Cabral, Eu e o Humberto Viveiros. O outro elemento é da minha CCAÇ, mas de quem não me lembro do seu nome. O Cabral e o Viveiros são dos “Bebés” que estavam no Dugal.

Na foto 3, são os mesmos da foto 2.

Na foto 4: um africano que se encontrava ali connosco, o David Martins (mecânico auto da minha CCAÇ) e Eu.
Camaradas, eu estou aqui a tentar escrever alguma coisa no tempo e no espaço correctos. Como sabem muitos açorianos saíram destas ilhas, do meio da bruma, para melhorar a sua vida. Mesmo da minha CCAÇ não é fácil eu encontrar alguém. Aqui mesmo ao lado, tenho um vizinho dos Bebés e um pouco mais longe outro dos Gringos. Eu já falei com o Cordeiro dos Gringos, ele diz que não quer falar mais em coisas da guerra.



Eu imprimi uma foto do Guileje e do seu Capitão, com o Zé Carioca e o Sérgio Sousa, quando eles foram à Guine, em Fevereiro/Março de 2008. Estão com uma imagem de Nª Senhora de Fátima, por lá encontrada.

Por hoje é só, meus amigos.

Um abraço a todos do tamanho da nossa camaradagem, que corre ligeira na crista de uma onda gigante, desde o meio do Atlântico.

Tomás Carneiro
1º Cabo Cond CCAÇ 4745

Fotos: © Tomás Carneiro (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5350: O Nosso Livro de Visitas (71): João Pereira, filho do nosso camarada Vitorino Dores Pereira, ex-1.º Cabo Enf no HM 241, 1965/67

1. Mensagem de João Rodrigo Pereira, com data de 23 de Novembro de 2009, filho do nosso camarada Vitorino Dores Pereira, ex-1.º Cabo Enfermeiro que prestou serviço no HM 241 de Bissau nos anos de 1965/67:

Numa visita ao vosso site, reparei que tinham muitas recordações sobre a Guiné.
Deve estar a estranhar, ser tão novo e já estar interessado nas histórias do ultramar, mas o meu interesse também é dar um pouco de lembranças ao meu pai, que tanto me fala da Guiné.
Andamos os dois na internet a tentar descobrir mais um pouco, dos colegas, das fotos, e encontramos o vosso site, acontece que como têm tanta informação, é difícil encontrar aquilo que desejamos.

O meu pai chama-se Vitorino Dores Pereira, era 1.º Cabo Enfermeiro, e esteve a trabalhar no Hospital militar da Guiné-Bissau (bloco operatório), entre 1965-1967.

Se nos puder ajudar, seria muito gratificante, e agradável o meu pai rever o que passou, encontrar colegas, e falar de tudo quer coisas boas quer coisas más.

Cumprimentos e aguardarei um mail seu.
João Rodrigo Pereira
rodrigo.pereira@arval.pt




2. Comentário de CV:

Caro João, pouco mais podemos ajudar do que publicitar os desejos de seu pai.

Se quiser ler uns quantos postes do nosso Blogue relacionados com o Hospital Militar de Bissau, deixo-lhe os respectivos endereços:

Guiné 63/74 - P3486: Tabanca Grande (98): António Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70

Guiné 63/74 - P3511: O meu baptismo de fogo (23): Uma vacina para o enjoo... (António Paiva)

Guiné 63/74 - P3615: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (1): Corrida com triste fim

Guiné 63/74 - P3641: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (2): Aventura de Domingo

Guiné 63/74 - P3775: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (3): Ir a Mansoa, não é perigoso?

Guiné 63/74 - P3917: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (4): Não cobiçar a mulher do próximo

Guiné 63/74 - P4058: Memória dos lugares (20): Hospital Militar 241 de Bissau (António Paiva)

Guiné 63/74 - P4083: Memória dos lugares (21): Hospital Militar 241 de Bissau (Carlos Cardoso)

Guiné 63/74 - P4143: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva ) (5): A Justiça Militar ou um processo... kafkiano

Guiné 63/74 - P4203: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (6): É uma alegria a notícia de que se vai ser pai

Guiné 63/74 - P4432: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (7): 4 dias de inferno em Junho de 1969

Guiné 63/74 - P4613: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (8): Pôr os pontos nos "is"

Guiné 63/74 - P4910: Os Nossos Médicos (3): Os especialistas eram poucos, e não gostavam de ir para... o mato (Armandino Alves, CCAÇ 1589, 1966/68)

Poderá encontrar outros postes que de algum modo se refiram ao HM 241 ou a saúde se uma maneira geral.

Fica aqui também o pedido de seu pai para o caso de algum camarada dele ler este poste e o queira contactar, para o fazer através do seu endereço electrónico.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5308: O Nosso Livro de Visitas (70): Daniel de Matos, ex-Fur Mil, CCAÇ 3518 (Gadamael, 1972/74)

Guiné 63/74 – P5349: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (29): O COP4 (Mário Pinto/José Teixeira/Vasco da Gama/Carlos Farinha)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos uma mensagem com o seu 29º texto, que é o complemento do poste P5322. A complexidade da matéria abordada, contou com as preciosas colaborações dos nossos Camaradas José Teixeira (1.º Cabo Enf da CCAÇ 2381 - Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), Vasco da Gama (Cap Mil da CCAV 8351 – Cumbijã -, 1972/74) e Carlos Farinha (Alf Mil da CART 6250 - Mampatá e Aldeia Formosa -, 1972/74):

ZONA DE GUERRA NO COP4 (BUBA-ALDEIA FORMOSA)

2.º Semestre de 1969


Com o abandono da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa, a transição do COP4 para o Quebo e a deslocação de todas as forças humanas e material bélico que se encontravam naquela ZA, para outros locais do Território da Guiné, o Sector passou por uma acalmia aparente.

Durante um curto período de tempo, os Altos Comandos do Sector puderam assim planear e organizar a estratégia para o futuro.

Foi então criado o Plano de Operações do COP4, a que foi dado o nome de Orfeu Oriental, tendo a minha companhia passado a Companhia de Intervenção. A quadrícula foi aquartelada na Tabanca de Mampatá, com as seguintes ordens operacionais e ZA:

CART 2519,
Pel Caç Nat 68,
Pel Milª 137,
Esq Pel Mort 2138.

1) Impedir ou, no mínimo, dificultar ao máximo os movimentos do IN, no eixo Unal-Missirá-Uane-Portugol, para o que se orientou o esforço sobre as linhas de infiltração materializadas sobre: Baramboli-Missirá-Iero/Saldé-Sara/Dibane-Uane-Sardonha, (com especial incidência sobre esta área), efectuando constantes:

- Reconhecimentos da Região;
- Emboscadas;
- Minagem e armadilhamento;
- Patrulhas na Estrada Buba-Aldeia Formosa;
- Organização e segurança na defesa de Mampatá.

Às forças instaladas em Aldeia Formosa, foram dadas as seguintes missões integradas no Plano Operacional "Orfeu Oriental":

-Impedimento a todo o custo da fixação e da infiltração do IN, para Oeste da linha definida por Saltinho-Contabane-Bongofé (abandonada)-Fronteira, para o que procedia a:

- Patrulhamentos, Reconhecimentos na sua ZA;
- Emboscadas, Minagem e Armadilhamento dos trilhos compreendidos entre Gandembel-Gamã-Aldeia Formosa;
- Coordenação das suas acções com as outras forças: CART 2519, CCAÇ 2464 e CCAÇ 2465.

Em Aldeia Formosa:

BCAÇ 2834,
CCAÇ 2464 ( mais tarde, em Novembro, a CCAÇ.2615),
CCAÇ 1792 - Lenços azuis (que foram rendidos pela CART 2521),
Pel Fox 2022,
Pel Nat 60,
Pel Mort 1242,
Pel Obuses 14.

Em Chamarra:

Pel Nat 58,
Em Nhala,
Em Novembro, CCAÇ 2614,
Esq Pel Mort 2138.

Em Buba:

CCAÇ 2382 ( mais tarde, em Novembro, CCAÇ 2616),
Pel Milª,
Dest Fuzas 7,
Pel Mort 2138,
1 Gr Comb da 2381 (até Novembro de 1969).

Em Nhala:

2º Gr Comb da CCAÇ2382

Estas eram as forças em presença, que iriam, nos tempos que se seguiram, assegurar a estabilidade do Sector e deter a penetração do IN para a zona do XITOLE.

O IN concentrou os seus efectivos na região de Unal-Missirá-Sara Dibane, em que se empenhou ao máximo no impedimento do cumprimento das missões das NT, colocando minas, realizando emboscadas, atacando e flagelando os nossos aquartelamentos.

Foi referenciado neste período um Bi-Grupo do PAIGC, designado por “Comando de Estaline”, comandado pelo Malagueta Man, que desenvolveu intensa actividade nesta ZA.

Nos meses de Julho e Agosto de 1969, as actividades do IN enfrentadas pelas nossas tropas, foi quase nula, resumindo-se a algumas flagelações aos aquartelamentos de Mampatá, Buba, Chamarra e Aldeia Formosa, e a colocação de minas nos nossos itinerários, com maior incidência na estrada (velha) Buba-Aldeia Formosa, registando-se duas emboscadas de pouca envergadura.

As NT neste período actuaram em conformidade, com o plano operacional "Orfeu Oriental", patrulhando, emboscando e minando os habituais trilhos de infiltração do IN, conforme a sua ZA. Em 15AGO69, efectuou-se a intercepção, em Uane, de um Grupo de Combate IN de 20 elementos, que se deslocava no sentido Sul-Norte, tendo o mesmo conseguido retirar, provavelmente com várias baixas, devido aos rastos de sangue encontrados na área do combate.

Nos meses de Setembro e Outubro de 1969, registou-se um abrandamento significativo das acções do IN na ZA, devido em parte à época das chuvas e ao estado dos itinerários que se encontravam todos praticamente intransitáveis para as NT. No mesmo período, verificaram-se dois ataques a Mampatá e Chamarra, e um a Aldeia Formosa. O aquartelamento de Buba, sofreu o maior ataque da ZA.

Em 10 de Outubro de 1969, 5 Bi-Grupos, estimados em 300 elementos, comandados pelo célebre Cap. Peralta (Cubano), armados com artilharia ligeira e canhões s/ recuo atacou Buba, tendo tomado posições de tiro na margem do rio, frente a Buba. O IN foi repelido com diversas baixas, retirando para Sul.

As NT continuaram a desencadear as acções previstas no plano operacional, tendo emboscado uma coluna de abastecimento inimiga, no carreiro de Missirá, causando-lhe 2 mortos confirmados e a captura de diverso material de guerra didáctico, alimentar e logístico.

Novembro e Dezembro de 1969. No princípio do mês de Novembro foi desfeito o COP4, sendo substituído pelo Comando do BCAÇ 2892. Chegaram três Companhias de “periquitos” á ZA, as CCAÇ 2614, CCAÇ 2615 e CCAÇ 2616, ficando estas distribuídas por Aldeia Formosa, Nhala e Buba, substituindo as CCAÇ 2382, 2464 e 2465.

Com estas alterações no Sector, o Comando do BCAÇ 2892, elaborou outro plano operacional, designado por plano de operações "Galgos Ligeiros", cujo plano de acção era semelhante ao anterior, tendo mudado simplesmente as companhias intervenientes.

No mês de Novembro de 1969, a actividade foi nula, não se registando acções relevantes, muito por causa da época das chuvas, que, como é óbvio, limitava a prática de tais acções. As NT limitaram-se a patrulhar e emboscar, em itinerários de possível penetração do IN.

Houve, no entanto, fora da nossa ZA uma operação, no dia 17NOV69, denominada "Operação Jovi" que foi efectuada no corredor de Guileje e resultou na captura do Cap. Peralta, tendo Aldeia Formosa servido de base de apoio.

Em Dezembro de 1969, com a época das chuvas a terminar, o IN retomou as suas actividades de infiltração e o número de acções de combate cresceu de intensidade, terminando assim aquele breve período de acalmia, que foi a época das chuvas.

O IN neste período flagelou à distancia com armas pesadas Aldeia Formosa, Buba e Mampatá, sem qualquer consequência.

O PAIGC efectuou um ataque de grande dimensão a Chamarra, no dia 21DEZ69, sendo repelido pelas NT, e, na retirada, foi emboscado por um Grupo de Combate da CART 2519, que lhe provocou várias baixas. Na mesma acção, tinha saído um Grupo de Combate da mesma Companhia, em auxílio ao destacamento da Chamarra, que veio a confrontar o IN em debandada, junto a Colibuia, eliminando 4 dos seus homens, confirmados no terreno, e capturado material diverso. As NT sofreram nesse confronto 4 feridos ligeiros, 2 furriéis e 2 Soldados.

Também se registou neste período, no âmbito da operação “Galgos Ligeiros", no corredor de Missirá, que um Grupo de Combate da CART 2519, em Iero Salde, emboscou um grupo IN (estimado em 20 elementos), que circulava pela linha de infiltração no sentido Unal-Uane, infligindo-lhe 5 mortos confirmados e a captura de vário material de guerra.

Com o abaixamento dos caudais dos rios que atravessavam a ZA, retomaram-se as colunas entre Buba-Aldeia Formosa, vindo a registar-se neste período, o levantamento de minas anti-carro e anti-pessoal na estrada velha, nomeadamente junto a Sare Usso, Uane e Bolanha dos Passarinhos. Verificou-se o rebentamento de um fornilho, com a destruição da viatura e 2 feridos graves das NT.

Ainda houve o registo de uma flagelação à coluna de abastecimento, no dia 12DEZ69, aquando do regresso de Buba, entre Uane e Sare Usso.

Um Grupo de Combate da CCAÇ 2615, reforçado com elementos da CART 2521, sofreu 3 emboscadas dum grupo numeroso de inimigos, junto ao rio Balana, no trilho Bungofé, tendo sido feridos 2 soldados da nossa milícia. O IN retirou para junto da fronteira, perseguido pelas NT, deixando no terreno vários rastos de sangue. Há a registar o apoio de um héli-canhão, que ajudou a dispersar o IN.

Registe-se também a visita do COMCHEF nesta altura às unidades da ZA para desejar as Boas Festas.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5348: O assédio a Guidaje em Maio de 1973, algumas achegas (Miguel Pessoa)

O nosso camarada Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref, BA 12, Bissalanca, 1972/74, deixou este comentário no Poste 5300*:

Achei muito interessante a descrição dos factos de 6 de Abril, que são bastante fiéis ao que aconteceu. Não quero no entanto deixar de apresentar umas pequenas correcções e algumas achegas ao que foi dito.

- Quando se refere o Comandante da Base de Bissalanca, situado em Bigene, suponho que será o Comandante das Forças Pára-quedistas envolvidas na busca e não alguém da Base Aérea.

- O Tenente Coronel Brito foi abatido na zona de Afiá, no sul, no dia 28 de Março - a 25 de Março foi abatido o Tenente Pessoa, mas este foi recuperado no dia seguinte.

- O Major Mantovanni não era 2.º Comandante do GO1201 - aliás esse lugar não existia, era o Oficial de Operações do GO1201 (um Major) quem substituia o Cmdt Grupo na sua indisponibilidade. O Major Mantovanni era o oficial de ligação da Força Aérea no Quartel General, em Bissau; para efeitos de voo estava adido à Esquadra 121, onde voava T-6 e DO-27. Nesse dia 6 de Abril apresentou-se na Unidade e voluntariou-se para efectuar a missão em que acabou por perder a vida.

- O militar do BENG ferido no ataque da manhã (José Crespo Silva - o "Zé de Guidaje" referido num poste já publicado neste blogue) foi evacuado num DO-27 com o apoio da Enfermeira Giselda; esta ainda voltou a Guidaje num 2.º DO-27 com o Furriel Carvalho, para evacuar o civil ferido; no percurso foram alvejados por um Strela e tiveram que aterrar em Bigene. Para substituir este avião saíu então de Bissau outro DO-27 pilotado pelo Furriel Ferreira, levando o Major Mariz e o Enfermeiro (1.º Cabo Cóias) - o avião que é referido no poste - e que nunca mais foi encontrado.

Com estes comentários apenas pretendo esclarecer e/ou complementar alguns factos que estão ainda hoje bem presentes na nossa memória, não tirando qualquer mérito ao que é descrito no Poste de forma tão pormenorizada.

Abraço
Miguel Pessoa
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Notas de CV:

Vd. postes de 19 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5300: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - I Parte (José Manuel Pechorrro)
e
21 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5310: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - II Parte (José Manuel Pechorrro)

Guiné 63/74 - P5347: Patronos e Padroeiros (José Martins) (1): Exército - Arma de Infantaria - D. Nuno Álvares Pereira



1. Estamos a dar início à publicação de um trabalho de pesquisa do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil, Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), dedicado aos Patronos e Padroeiros das Armas do Exército Português.

Começamos pela Infantaria e pelo seu Patrono D. Nuno Álvares Pereira.




PATRONOS E PADROEIROS - I

EXÉRCITO - ARMA DE INFANTARIA – D. NUNO ÁLVARES PEREIRA


Nuno Álvares Pereira, nasceu a 24 de Junho de 1360, filho natural de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e de D. Iria Gonçalves, dama da corte de D. Fernando.

Cresceu na casa paterna, tendo entrado ao serviço do Rei D. Fernando, aos treze anos, como Pajem. Aos 16 anos casa, cumprindo desejo paterno, com D. Leonor de Alvim, fidalga de entre Douro e Minho, viúva, para cujas terra se desloca o casal.

Deste casamento nasceram três filhos, mas só sobreviveu a filha, D. Beatriz Pereira de Alvim que, pelo seu casamento com D. Afonso, filho natural do Mestre de Avis D. João, veio a dar origem à Casa de Bragança, que veio a reinar em Portugal a partir de 1640.

Foi nomeado Fronteiro-Mor de Além Tejo, tendo vencido os castelhanos em 6 de Abril de 1384 na Batalha de Atoleiros, em que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal. D. João Mestre de Avis e Defensor do Reino pela vontade do Povo, nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

Com a realização das Cortes de Coimbra, realizadas em 6 de Abril de 1384, que reconhece D. João Mestre de Avis como Rei de Portugal, origina a invasão do reino pelo rei de Castela através da Beira Alta, tomando a direcção de Lisboa.

A 14 de Agosto de 1385 mostra o seu génio militar, enfrentando um exército superior e mais bem armado, em Aljubarrota, infringindo-lhe nova derrota. Perseguidos, os castelhanos, voltam a ser derrotados em Valverde.

Em 22 de Agosto de 1415, tomou parte na expedição comandada pelo Rei de Portugal, D. João I, que conquistou Ceuta, cidade islâmica no Norte de África, sendo, por isso, um dos primeiros combatentes portugueses de África.

Sendo D. Nuno Álvares Pereira Condestável de Portugal, Mordomo-mor da Corte, 2.º Conde de Arraiolos, 7.º Conde de Barcelos e 3.º Conde de Ourém, deixou todas as suas honrarias e distribuiu todos os seus bens, recolhendo ao Convento do Carmo, que tinha mandado construir, a suas expensas, como irmão donato, o mais simples dos simples dos irmãos, tomando o nome de Frei Nuno de Santa Maria, vindo a falecer em 1 de Novembro de 1431.

Logo após a sua morte e em várias outras ocasiões, foi solicitado ao Papa o reconhecimento, por parte da Igreja Católica, a sua condição de Santo, o que veio a culminar com a sua Beatificação em 23 de Janeiro de 1918, durante o decorrer da I Grande Guerra, no pontificado de Bento XV.

D. Nuno Álvares Pereira ou Frei Nuno de Santa Maria, foi proclamado Patrono da Arma de Infantaria pela Portaria n.º 11.044 de 30 de Julho e Ordem do Exército n.º 6 (1.ª Série), de 31 de Julho seguinte.

Em 26 de Abril de 2009, e após a reabertura do processo, foi proclamando Santo, tendo festividade católica em 6 de Novembro.

José Marcelino Martins – 24 de Novembro de 2009
[Organizado a partir de imagens e textos da Wikipédia]

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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5319: Em busca de... (103): Procuro informações sobre… (José Martins)

Guiné 63/74 - P5346: Não-estórias de guerra (3): A minha Escola (Manuel Amaro)

1. Mensagem de Manuel Amaro (ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71), com data de 23 de Novembro de 2009: Caros Editores, Junto envio mais uma Não-estória de guerra, desta vez sobre a Escola. Um Abraço, Manuel Amaro 


  Não-estórias de guerra:A Escola 


 Hoje venho falar sobre sobre a Escola, a minha Escola. Que escrito assim, até pode parecer que é apenas uma. Mas, não. São duas Escolas. Uma em Aldeia Formosa. A outra em Nhala. Nem imaginam como eu gostaria de vos falar de outras Escolas. Do Colégio do Bom Sucesso. Ou do Externato da Princesa Santa Joana. Mas não. A minha Escola, a nossa Escola, é Aldeia Formosa e Nhala, nos anos lectivos de 1969/70 e 1970/71. 

 Eu cumpri estes dois anos lectivos, com um prazer enorme. O primeiro foi incompleto, porque o PAIGC atacou e era preciso travar o inimigo. Claro que o Comandante tinha uma “arma secreta”, para resolver a questão. E lá avançou o professor, mesmo em prejuízo da escola. Em Nhala fiz o ano completo. É certo que, em qualquer terra, por todo o globo, ser o Professor, é ter um estatuto social diferente, para melhor, em relação à maioria da população local. Frequentemente recebia doses de bananas, ananases, mangas, até galinhas e frangos… que o maqueiro da CCS transformava em “grambrinescos” petiscos. Mesmo em tempo de guerra, em Aldeia Formosa e Nhala. 

 No início não foi fácil. O edifício destinado à Escola ainda estava em construção. As aulas começaram numa tenda, com bancos de madeira e os alunos escreviam com o caderno apoiado nas pernas. No primeiro dia de aulas compareceram todos os alunos matriculados. Bem vestidos, lavados, alguns de sandálias, um dos mais crescidos apresentou-se mesmo com sapatos e meias, mas a maior parte “calçados” à moda de Aldeia Formosa. No entanto fiquei bem impressionado. Era quase uma Escola a sério. Passados uns dias comecei a notar algum desleixo na higiene, mas o que mais me impressionava, além da ausência de sapatos, eram os narizes sujos, tão sujos… O meu primeiro impulso foi dizer, ou gritar… não aguento… Mas depois, lembrei-me que na civilizada Metrópole também havia gente assim. Alguns, com honras de figurar em excelentes obras da literatura portuguesa. Vitorino Nemésio escreveu (e falou na RTP), sobre um seu colega de carteira na Escola Primária, na Ilha do Faial, que andava sempre ranhoso e de vez em quando limpava o nariz à manga da camisa, que utilizava meses a fio, sem ser lavada. “O Marcos”, de Miguel Torga, é apresentado de “…penugem arrebitada e com duas torcidas de ranho no nariz”. Ao ser-lhe dito para se assoar, fê-lo, de imediato, à manga do casaco. 

 Mas aquela turma, a minha turma, cheia de ranho, nem sequer tinha mangas, nem de camisa, nem de casaco. No máximo tinham fraldas de camisa. Sim, isso eles tinham. Então adoptei o sistema de, sempre que necessário, fazia o gesto na direcção do nariz, o aluno saía da aula e voltava com o nariz limpo, ou pelo menos sem ranho. Não sei como faziam e jamais tive essa curiosidade. A surpresa agradável é que aquelas crianças eram muito inteligentes. E apesar de terem entre sete e 12 anos, tinham uma boa capacidade de aprendizagem e de raciocínio. Todos? Não, mas a maioria deles, sim. 

 Um dia contei-lhes a história do aluno madeirense (que me desculpem todos os madeirenses), que, perante a imagem do tubérculo, soletrava b+a=ba… t+a=ta… t+a=ta… e depois dizia… Semelha. Perceberam perfeitamente. Riram e prometeram que não iriam cometer esse tipo de erros. Para o ensino da aritmética, comecei por requisitar, no depósito de géneros, um saco de grão de bico, de forma a que todas as operações enunciadas no quadro fossem representadas fisicamente por grãos. Aos grãos de bico, umas vezes chamávamos soldados, outras vezes ananases, outras vezes pães… 

 E apesar das condições precárias nunca deixei de completar o programa com aulas de educação física, música/canto e jogos infantis. Passados mais de 38 anos, ainda tenho saudades da minha Escola. As fotos anexas constituem prova. Nunca foram destruídas. Jamais serão arquivadas. 

  Em tempo: Porque falamos de memórias não quero deixar de referir que, enquanto Professor, eu dependia de uma hierarquia constituída por Pedro Pezzarat Correia, (major), no BCAÇ 2892 e Otelo Saraiva de Carvalho (capitão) e António Ramalho Eanes (major), ambos na REP ACAP, em Bissau. 

 Manuel Amaro


 
Posto Escolar Militar de Aldeia Formosa, Dez 1969

Aldeia Formosa, 1970 - Recreio (visita de um furriel da CArt 2521)
Nhala, 1971 - Educação Física no Campo de Futebol
Nhala, 1971 - Os melhores em acção Fotos e legendas: © Manuel Amaro (2009). Direitos reservados

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Nota de CV: 

Guiné 63/74 - P5345: Ser solidário (46): Ajuda Amiga-Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento apoia a Guiné-Bissau (Carlos Fortunato)

Ajuda Amiga - Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento


A Ajuda Amiga é uma associação que nasceu oficialmente a 17 de Julho de 2008, a partir de um movimento de antigos combatentes que estiveram na Guiné, e todos os anos envia para lá um contentor com ajuda humanitária, e de apoio ao desenvolvimento, o próximo seguirá no inicio do mês de Fevereiro de 2010, estando actualmente a angariar bens para o mesmo.

Actualmente a Ajuda Amiga possui armazéns para recolha de bens na Amadora (antigo quartel dos Comandos), Caldas da Rainha e Coimbra, na Guiné-Bissau possui Núcleos para apoiar a distribuição e os projectos em Bissau, Bissorã e Farim.

Os membros da Ajuda Amiga acompanham sempre a descarga e a distribuição do contentor, mas são eles que financiam as suas próprias deslocações.

A quota de sócio é apenas 25 euros ano, e aqui fica o convite para aderirem à Ajuda Amiga, e para visitarem o nosso site em http://ajudaamiga.com.sapo.pt/, pois todos os meses publicamos ali as nossas actividades.

O presidente da Direcção da Ajuda Amiga é o Carlos Fortunato, e o Presidente da Mesa da Assembleia-geral é o Carlos Silva, ambos membros da nossa tertúlia.

Carlos Fortunato
Presidente da Ajuda Amiga
E-mail: jcfortunato@yahoo.com
Telemóvel 935 247 306

Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua do Alecrim, 8, 1.º Dto.
2770 - 007 Paço de Arcos

ONGD - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Entidade com o Estatuto de Utilidade Pública
NIPC 508617919
Site http://ajudaamiga.com.sapo.pt/
E-mail: ajudaamiga2008@yahoo.com
Telemóvel 93 714 9143
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5259: Ser solidário (45): Falando do apoio americano aos seus Veteranos de Guerra (José da Câmara)

Guiné 63/74 - P5344: Notas de leitura (37): Quem Mandou Matar Amílcar Cabral?, de José Pedro Castanheira (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Novembro de 2009:

Carlos e Luís,
Soube-me muito bem reler o José Pedro Castanheira, o enigma persiste, é espantoso como desapareceram todas as provas, salvo a do ódio que deixou raízes e que eu vivi durante aqueles anos da nossa guerra, e confirmei em 1991.
O que é estranho é todos se recusarem a perguntar o que verdadeiramente está por detrás destes rancores.

Um abraço do
Mário


Quem mandou matar Amílcar Cabral?
Por Beja Santos

Na noite de 20 de Janeiro de 1973, à porta da sua residência na Guiné-Conacri, Amílcar Cabral foi assassinado a tiro por companheiros de luta: Inocêncio Kani desfechou o primeiro tiro, outro (ainda não identificado) deu-lhe os tiros de misericórdia.

Iniciava-se, com este assassínio, um processo de identificação das razões de um crime, nada está apurado, escreveram-se milhares de páginas em relatórios, artigos, livros, depoimentos. Desapareceram todas as provas do processo movido aos conspiradores e suspeitos (declarações escritas e cassetes).

Ao longo dos anos, desenvolveram-se hipóteses sobre quem verdadeiramente o mandou matar, organizou o crime e tentou um golpe de Estado no interior do PAIGC. A reportagem de José Pedro Castanheira Quem mandou matar Amílcar Cabral? (Relógio d’Água Editores, 1995) continua a ser o documento mais interessante para analisar esta tragédia, o que abona o mal-estar que este assassinato ainda hoje provoca entre os protagonistas e os investigadores que acabam por desistir devido à sinuosidade dos depoimentos dos vivos e à incapacidade de decifrar a eliminação de provas. Por isso, vale a pena relê-lo, à luz dos ensinamentos dos últimos 15 anos.

Durante anos, insistia-se na tecla de um assassinato promovido pela PIDE/DGS, a partir de Lisboa ou de Bissau. Tratar-se-ia de uma operação cuidadosamente montada envolvendo pelo menos dois dos mais importantes cabecilhas da conspiração, Mamadu Turé e Aristides Barbosa, antigos tarrafalistas [, prisioneiros do Tarrafal,] que teriam sido aliciados para o crime.

Esta argumentação, veio-se a provar, não tinha fundamento, nenhum documento se encontrou nos arquivos da PIDE/DGS onde existem os nomes dos informadores que colaboraram com a PIDE/DGS e que tiveram acesso ao topo da hierarquia do PAIGC. As declarações arrancadas aos assassinos e suspeitos, que confessaram tal ligação, foram arrancadas com violência abominável, como mais tarde se veio a saber.

Não existem provas do braço longo do ditador Sékou Turé, que inequivocamente detestava a popularidade de Cabral, cujo prestígio aumentava de ano para ano, na cena internacional. Nunca se apresentou uma prova fidedigna do envolvimento do ditador ou da sua polícia secreta na divisão no interior dos dirigentes e centenas de militantes do PAIGC que operavam em Conacri ou noutros pontos da República da Guiné. Com o tempo, também se veio a perceber que o assassinato de Amílcar Cabral foi um golpe duro nos planos de Spínola que acalentou negociações com o dirigente máximo do PAIGC.

A reportagem de José Pedro Castanheira mantêm-se actual, investigou em todas as direcções e não é por acaso que o seu trabalho foi galardoado com dois importantes prémios do jornalismo: pesquisou a vida de Cabral, os seus estudos em Lisboa, as suas amizades com futuros dirigentes africanos, os seus trabalhos na Guiné, a formação do PAIGC, a sua residência em Marrocos depois de ter passado à clandestinidade, a consolidação do seu pensamento, a luta armada a partir de 1963, o crescente prestígio internacional, o seu trabalho político no PAIGC, em África, no mundo.

O jornalista explora, em torno do assassinato, outras especulações de outras tentativas para liquidar o dirigente mítico. Recorda-nos que em Março de 1972 ele próprio denunciara um plano para “destruir o partido por dentro”. Segundo o documento que distribuiu, haveria três fases: (i) infiltração de agentes africanos preparados pela PIDE e fomento da discórdia entre guineenses contra cabo-verdianos; (ii) criação de uma “direcção paralela” aglutinando esses descontentes infiltrados; (iii) contactos com partidos e governos de países vizinhos no sentido de se obter apoio, admitindo-se mesmo a liquidação física do secretário-geral do PAIGC.

Contou Manuel Alegre que Cabral lhe disse um dia em Argel: “Se um dia for assassinado, sê-lo-ei, provavelmente, por um homem do meu povo, do partido e talvez mesmo da primeira hora”. E Alegre comentou: “Foi uma previsão premonitória”.

Provado, verdadeiramente provado, sabe-se que pelas 23 horas de 20 de Janeiro de 1973, Amílcar regressou a casa na companhia da mulher. Aguarda-os um jipe de onde saltam vários militantes armados. Um deles é Inocêncio Kani, um veterano do PAIGC, ex-membro do Comité Central e ex-comandante da Marinha de Guerra. Querem prender Cabral, ele resiste, Kani dispara a pistola a queima-roupa, tê-lo-á atingido no fígado. Um seu companheiro, nunca identificado, disparou uma curta rajada de metralhadora AK, atingindo-o na cabeça.

Um outro grupo liderado pelo chefe dos guardas capturou Aristides Pereira e levaram-no para uma vedeta do PAIGC. Aristides Pereira disse sempre que o informaram que o iam levar para Bissau. Três embarcações zarpam do porto de Conacri, presume-se que para atingir Bissau. E um outro grupo apodera-se da prisão do partido de onde foram libertados quadros guineenses do PAIGC, sobretudo os cabecilhas da conjura.

Os conspiradores foram às instalações do partido onde detiveram aos molhos dirigentes cabo-verdianos, incluindo a mulher de Cabral. Os cabecilhas foram à presença de Sékou Turé que desmantelou a conspiração, prendendo-os e mandando perseguir as embarcações. Começara o estranho processo, com dezenas de acusados, cúmplices e suspeitos. O dirigente do inquérito foi Fidelis Almada que mais tarde veio denunciar as monstruosidades cometidas. Viveu-se um clima de terror estalinista, nem Nino Vieira escapou.

Quem ganhou com o crime, é sempre a pergunta obrigatória. As concepções de Spínola ficaram prejudicadas com o desaparecimento de Cabral. O governo de Caetano e os dirigentes militares portugueses como o general Costa Gomes não desconheciam a escalada armamentista do PAIGC, com alto patrocínio soviético: estavam já formados os utilizadores dos mísseis Strela, estavam em formação os pilotos que iriam trabalhar com os MIG, o dispositivo de combate naval, previa-se, ia ser temível.

O desaparecimento de Cabral, por conseguinte, em nada iria diminuir o esforço de guerra do PAIGC, altamente moralizado pelo apoio internacional e pelos sucessos militares. Passando em revista os potenciais responsáveis, Castanheira detém-se numa figura espantosa digna de um grande romance de John Le Carré: Rafael Barbosa. Porque Barbosa ultrapassa o extraordinário: fundador do Movimento de Libertação da Guiné, dinamizador de greves, colaborador de Amílcar Cabral, agitador em Bissau, preso, eleito presidente do PAIGC durante a prisão, continua a receber e a orientar agitadores na prisão, liberto por Spínola a quem promete publicamente que será tão bom português quanto o comandante-chefe das Forças Armadas.

Depois, após a independência, escapa a todos os processos, a todas as ameaças de execução. Igualmente nunca se comprovou qualquer ligação entre Barbosa e os matadores de Cabral.

Fora inúmeros os agentes e os intermediários que o PAIGC e Spínola utilizaram, foi graças a eles que trocaram correspondência e chegaram a preparar encontros. Alpoim Calvão dirá sempre que teve um intermediário em Londres que levava e trazia o correio de Luís Cabral. De toda a investigação, Castanheira não encontra um só papel que comprove a existência de uma conspiração para matar Cabral.

Estamos a acabar, Castanheira refere as dissensões profundas entre guineenses e cabo-verdianos. Foram tão marcantes e evidentes, que todos os dirigentes do PAIGC fugiram à frontalidade dos factos. Sabe-se hoje que não havia sustentação histórica e cultural para ficcionar uma vida comum entre a Guiné e Cabo Verde. Tudo quanto aconteceu na Guiné a partir de 1974 tem a ver com o pesadelo dessa arquitectura ficcionada: perseguições, maquinação de complôs, afastamento dos cabo-verdianos, a tragédia tribalista, novos complôs, incapacidade de governação, dirigentes pirómanos, guerra civil, formação de grupos passadores de droga.

Perderam-se as provas do processo do assassínio de Cabral, eram seguramente incómodas para as diferentes partes. Como nas tragédias de Shakespeare, Cabral sonhou uma pátria impossível, de acordo com o seu código genético. Como sempre, a história e cultura revoltaram-se. Foram e são demónios à solta. E a Guiné continua a carecer de apaziguamento, reconciliação, desígnio. Corre-se ainda o risco de haver uma segunda morte de Cabral.
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5337: Notas de leitura (36): Os Movimentos Independentistas, o Islão e o Poder Português de Francisco Proença Garcia (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P5343: Bibliografia (31): Lançamento do livro de Manuel Rebocho, na ADFA, Lisboa, 17/11/09: Foto-reportagem

ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas > Lisboa > Av Padre Cruz > 17 de Novembro de 2009 > 18h > Lançamento do livro de Manuel Godinho Rebocho, Elites Militares e a Guerra de África (Lisboa, Editora Roma, Colecção Guerra Colonial, nº 8, 2009, 486 pp, c. 18 €). Além do autor, estiveram presentes também familiares e amigos, com destaque para a sua esposa Maria Jacinta e seus filhos Cláudia Leonor e Nuno Miguel. O livro é dedicado pelo autor "aos que, na Guerra de África, deram de si à Pátria e a Pátria nada lhes deu". Há, para já, dois vídeos com a II e a última partes da apresentação do livro, feita pelo seu autor nesta sessão. Vd. a nossa conta no You Tube> Nhabijoes. O Manuel Rebocho é actualmente empresário na Guiné-Bissau, no sector das pescas.

ADFA > Lisboa > 17 de Novembro de 2009 > Apresentação do livro: na mesa, da esquerda para a direita, o Dr. Manuel Joaquim Branco, o autor, Doutor Manuel Godinho Rebocho, o José Arruda, a Prof Doutora Maria José Stock, da Universidade de Évora (e orientadora da tese de doutoramento em sociologia do nosso camarada Manuel Rebocho, discutida e aprovada em provas públicas, na Universidade de Évora, em 2005) e, na ponta direita, o editor Dr. José Vicente (Editora Roma)

O presidente da Direcção Nacional da ADFA, José Eduardo Gaspar Arruda, antigo combatente no TO de Moçambique, e que tive o prazer de conhecer pessoalmente nesta ocasião, tendo-lhe apresentado as saudações de toda a nossa Tabanca Grande. O Arruda convidou-me, por sua vez, para comparecer na festa dos 35 anos do jornal ELO, na segunda-feira seguinte, dia 20 (Por razões da minha vida profissional, não pude infelizmente lá estar, nesse dia e hora).

A Prof Doutora Maria José Stock, da Universidade de Évora, que fez a apreciação da obra do ponto de vista teórico-metodológico.

Ao Dr. Manuel Joaquim Branco, antigo combatente em Moçambique, e dirigente da ADFA (delegação de Évora), coube a segunda e última apresentação da obra. O ex-Alferes Miliciano e deficiente das Forças Armadas, é licenciado e mestre em História. Assina o prefácio do livro.

O editor, Dr. José Vicente (Roma Editora) à direita, que também falou, no início, do livro e da colecção "Guerra Colonial" (com este, são oito títulos publicados sobre este tópico)

O Cor Armando Ramos (Exército), sócio da ADFA, segundo creio, antigo camarada da Academia Militar do Miguel Pessoa (são do mesmo curso e reencontraram-se nesta ocasião)... O Armando Ramos fez uma defesa, emocionada, da obra, num curto período de perguntas e respostas que acabou por ser concedido à audiência, maioritariamente constituída por sócios da ADFA. O Ministro da Defesa Nacional (se não estou em erro) fez-se representar por um dos seus assessores, oficial da Marinha.

Um antigo combatente que faz trabalho volunário da ADFA, o Orlando Pineda, membro da nossa Tabanca Grande (fez anos a 15 deste mês), aqui fotografado com o Miguel Pessoa (um dos pouco antigos oficiais formados na Academia Militar, e combatentes da guerra colonial, presentes nesta sessão de lançamento de uma obra considerada por muitos deles como "polémica", no mínimo)

Dignos representantes da nossa Tabanca Grande: da esquerda para a direita, Miguel Pessoa, José Casimiro Carvalho, Eduardo Campos, Jorge Cabral, José Martins e Belmiro Sardinha... Outros camaradas presentes, que me recordo de ter visto: Carlos Silva e António Dâmaso (BCP 12, além da Giselda Pessoa.


As antigas enfermeiras pára-quedistas Gidelda Pessoa e Zulmira André, em conversa com o Miguel Pessoa. Convidei a Zulmira a integrar o nosso blogue e escrever histórias da guerra colonial na Guiné, a seis mãos (com a colaboração da nossa Giselda e do nosso Miguel).

Fotos e legendas: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

O livro do Manuel Godinho Rebocho (de que farei oportunamente uma recensão crítica, quando tiver tempo e vagar) tem um título algo enganador... A tese original de doutoramento - discutida e apresentada em provas públicas na Universidade de Évora, em 2005, com arguição do Prof Doutor Adriano Moreira (ISCSP/UTL), e aprovada por unanimidade pelo júri -, chama-se A Formação das Elites Militares em Portugal de 1900 a 1975. Possivelmente por sugestão do editor e dos seus serviços de marketing, o livro passou a ter uma título mais comercial, enquadrando-se melhor na coleção "Guerra Colonial", da Roma Editora (Lisboa). Aqui fica, para já a estrutura do livro, através dos seus principais capítulos e páginas. O Capítulo dedicado à guerra colonial, o III, tem cerca de 150 páginas, um terço do total.

Nota autor, prefácio e introdução (pp. 17-43)
I. Enquadramento da investigação (pp. 45-86)
II. A formação base das elites militares (pp. 87-219)
III. A guerra de África e o desempenho das elites militares (pp. 220- 374)
IV. Comportamento das elites militares no pós-marcelismo (pp. 375-439)
V. Conclusões (pp. 440-462).

As páginas finais incluem pósfácio/depoimentos, fontes e bibliografia, índice dos diagramas, mapas, quadros e anexos. Entre os três depoimentos publicados enontra-se o nosso camarada de tertúlia José Pereira Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Esp, CCAV 8350 - Piratas de Guileje, 1972/74). De entre as fotografias que ilustram o livro há várias dos nossos camaradas Albano Costa e J. Casimiro Carvalho.
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Nota de L.G.: