domingo, 17 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8120: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (5) : Aqui ficam os caminhos da C.CAÇ. 763 “Os Lassas” (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas” - Cufar -, 1965/66, enviou-nos hoje a sua dedicatória aos 7 aninhos do blogue.
Ao 7º Aniversário do nosso Blogue
Camaradas desta Grande Família, atabancados nesta maravilhosa aventura de deixar escrito na primeira pessoa, com as suas próprias mãos, a verdadeira história do comportamento do Soldado Português na Guerra da Guiné, não estando preparado para grande discurso de ocasião, não quero, no entanto, deixar passar sem uma palavra de gratidão.

Para o Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Brito e Eduardo Magalhães Ribeiro e todos os que têm colaborado neste trabalho extraordinário que se tem feito em prol do conhecimento da verdadeira vida, dos jovens Portugueses que participaram na dura experiência da guerra em terras daquela maravilhosa Guiné.

Não é grande a minha colaboração no Blogue, mas tenho a esperança de ainda vir a revelar grandes momentos da minha vivência e da actuação da minha Companhia que fundou o aquartelamento de Cufar.

A vida é composta de encontros e desencontros. Só que aqui nesta bela Tabanca Grande, foram muitos os encontros e poucos os desencontros.
Aqui revi, aqui criei grandes amigos e aqui escrevi experiências que contribuirão para o conhecimento de uma guerra com grande cariz político e oportunistamente "esquecida" entretanto, pelos diversos governos desta nossa Nação.

Aqui ficam os caminhos da CCAÇ 763 - “Os Lassas” -, alcunha dado pelos irmãos (adversário na altura) que combatiam do outro lado.
Para aqueles que em comentários ou escritos, de qualquer modo não fui o irmão e o companheiro ideal, aqui ficam registadas as minhas desculpas.
Também quero apresentar a todos os combatentes da guerra na Guiné, o meu fraterno abraço do tamanho do Cumbijã!

Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:



Guiné 63/74 - P8119: Tabanca Grande (276): Armandino Carvalho Santos, ex-1.º Cabo da CART 3494/BART 3873, Xime, Enxalé e Mansambo, 1971/74

1. Mensagem do dia 28 de Março de 2011 do nosso camarada Armandino Carvalho Santos que em terras de França organizou a sua vida e nos lê:

Bom dia, chamo-me Armandino Carvalho Santos, ex-1° Cabo n° 141316 do 2° GCOMB/CART 3494/BART 3873.

Cheguei à Guiné no dia 28 de Dezembro de 1971.
Cumpri a comissão de serviço no Xime, Enxalé e Mansambo.
Regressei a 2 de Abril de 1974.

Gostaria de fazer parte da Tabanca Grande pelo que mando as minhas fotos.

O meu contacto é: sergeds@voila.fr e moro em Villa Molière 94500 Champigny sur Marne - França.


Fico à espera das vossas notícias
Muito obrigado.
Armandino Carvalho Santos.



2. Comentário de CV:

Caro Armandino, bem-vindo à nossa Tabanca Grande.
À boa maneira do Blogue, se não te importares, o tratamento vai ser por tu.
É para nós um especial prazer receber camaradas, que como tu, escolheram a diáspora para refazer uma vida interrompida em plena juventude para participar na guerra.  Esperamos que todos os teus desejos se tenham concretizado e que o sacrifício resultante do afastamento da família e da  terra que te viu nascer, tenham sido compensadores. Hoje terás por terras de França os teus filhos e netos pelo que neste momento a tua família nuclear está aí junto de ti.

Já que te juntaste a nós, poderás, além de colaborar, contando as tuas histórias e enviando as tuas fotos, divulgar pelos teus amigos aí de França, ex-combatentes da Guiné, o nosso blogue, convidando-os a aderir e a participar nele.

Ao terminar, deixo-te um abraço de boas vindas em nome dos editores e da tertúlia. Ficamos à espera das tuas próximas mensagens.

O teu novo camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8082: Tabanca Grande (275): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546 (Piche e Ponte Caium, 1972/74), chegado aqui por mão da sua filha, Susana Rocha

Guiné 63/74 - P8118: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (4) : Não é o filho pródigo de volta a uma casa que tem como sua! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 15 de Abril, a seguinte mensagem:
Um pequeno texto em tom de olá a todos!
Não! Não é o filho pródigo de volta a uma casa que tem como sua;
que ajudou a construir enquanto teve tijolos disponíveis;
que refez uma ou outra parede que se inclinava perigosamente desacautelando a integridade intelectual bem mais do que a física;
que se ausentou para outras paragens;
que tentou novas abordagens que a expectativa espicaçava;
que se emociona num crescendo à medida que o tempo passa e lhe vêm à memória cenas duma vida ultrajada;
não! não! não!
Não é um filho pródigo quem aqui vos vem visitar por um mero sentimentalismo bacoco a pedir meças às exaltadas consciências de outros pródigos mais ou menos bacocos também...
Em 10 de Novembro de 1971, comemorei o meu 23º aniversário.
Em vez dum bolo tive um prato de arroz com arroz;
Em vez de velas, iluminava aquela noite um petromax;
Em vez do frio invernoso a que estava habituado nos Novembros, tive uma noite quentíssima...
Em vez de palmas e alfarreás, tive um tiroteio!

Passaram-se 40 anos e sou localizado por um ex-furriel do Esquadrão das Panhards de Bula que me socorreu em Augusto Barros naquela longínqua noite...

Os bons demónios que há em nós também dormem e também se agitam quando sobressaltados...

Comoveu-me o Leonel Olhero pela gentileza do seu contacto via facebook naquele dia de 2010...

Daí a ser convidado para o almoço de confraternização das suas gentes, foi um ápice!

Estive lá (Coimbra) e foi muito bom reconhecer outros camaradas como o ex-alferes Barbosa (O Bigodes) e o ex-capitão Ruben.

O ambiente e o espírito foi-me familiar, razão pela qual considerei um verdadeiro clik para vir aqui postar este testemunho em prol das amizades feitas naqueles tempos e que perduram, pesem embora as 4 dezenas de anos de silêncios que as tecnologias, finalmente, desfizeram.

Abraços,
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:
16 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8113: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (3): Que rica é a nossa Tabanca (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P8117: Parabéns a você (246): Agradecimento de Luís Faria

1. Mensagem de Luís Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 17 de Abril de 2011:

Amigo Carlos
Antes do mais, é meu desejo que tudo esteja bem contigo,convosco , neste Domingo de Ramos que me traz saudades.

Depois quero agradecer-te as palavras que me endereçaste pelo meu aniversário e pelo trabalho que tiveste na preparação da página (?),penitenciando-me por só agora o fazer.

De seguida queria pedir-te o favor de,se achares viável e oportuno, publicares o meu agradecimento ( anexo) a todos os que com gentileza se manifestaram. Não o publiquei em comentário por só ontem os ter lido e julgar que nesta altura já não será muito visível, devido a ter saído de página(?).

Se assim o não achares, avisa, certo?

Um grande abraço amigo e tudo de bom
Luis Faria



Meus Irmanados convivas Amigas e Amigos
Os anos de vida vão-se encastelando no corpo, deixando as suas marcas, fragilizando-o com maior ou menor intensidade, enfraquecendo por si só a força física sentida na juventude que afinal nos uniu, ou melhor, irmanou.

Na inversa, o espírito robustece-se com a passagem desses mesmos anos e no seu conhecimento, alimentando-se de recordações e de saberes adquiridos, de experiências vividas, de observações e comparações evolutivas do saber e do viver, à luz de uma serenidade e maturidade que só a passagem do tempo consegue proporcionar.

Com a aprendizagem que a longa vida nos oferta, mudam perspectivas de a encarar e muito do que não era considerado importante, relevante, de valorizar, passa a sê-lo, porque encarado e sentido de uma outra forma, resultado de uma vivência mais ou menos preenchida em que vai assentando o futuro.

Revivem-se amizades dos tempos de juventude, vivem-se mais recentes e novas, apreciando-as de modo diferente, mas cultivando todas com novo sabor e saber.

A todos vós, meus amigos ergo o meu copo de cristal com tintol verdasco, em agradecimento verdadeiro por se terem junto ao festejo do meu aniversário, manifestando-se por todas aquelas palavras de expressão tradutora na certa, de sentimentos e votos que me enchem a Alma.

Ergo-o também:

À vossa saúde e independência.
À vossa qualidade de vida.
À vossa amizade.
Ao Amor
À Vida

Luís Faria
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8103: Parabéns a você (245): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf da CCS/BCAÇ 2851 (Mansabá e Galomaro, 1968/70), um rapaz que trocou a Figueira da Foz pelo Porto... (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8116: Convívios (313): Convívio da Magnífica Tabanca da Linha (José Dinis)

1. O nosso Camarada José Manuel Matos Dinis, (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679 - Bajocunda -, 1970/71), enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas,

Em primeiro lugar quero saudá-los e desejar-vos bom apetite para as coisas boas da vida.

CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA

Comunico-vos que é já no próximo dia 28 de Abril, 5ª feira, que se realiza o almoço de antiguidades guineenses, conforme programa já revelado.

Será na Adega Camponesa, por trás do novo Hospital de Cascais, no Cabreiro, Alcabideche.

A hora de encontro será pelas 12H30.

A despesa será de 15,20 euros.

O tlm. do restaurante 919 981 969.

Peço ao Miguel o favor de me dar o contacto do Alberto Branquinho, um candidato a residente na Linha, e que já abraçou estes convívios durante o último almoço, em Algés.

Também o Rosales e o Rogério têm contactos que me escapam.

São ainda poucos os inscritos, mas peço-vos a indicação da inscrição com a brevidade possível, no sentido de confirmar as reservas junto do restaurante (até ao dia 25).

Há senhoras que acompanham os maridos, e é uma prática desejável. Como dizia um gajo que conheci, a presença feminina dá uma nota de alegria na paisagem. Não é tudo, mas também é verdade.

Em contactos dispersos com alguns camaradas, tem-me sido dito que gostariam de comparecer, e para não deixar de avisar. É o que estou a fazer, e podem divulgar o evento para se considerarem outras inscrições até ao dia 25.

O que nos une é a passagem que fizemos pela GUINÉ, onde se cimentaram laços de camaradagem, respeito e amizade. Todos gostamos de recordar vivências extravagantes, e lá fomos certamente totalistas de cerca de dois anos.

Também se podem fazer inventários de bazukadas que cada um consumiu; ou de quem se apresentava com melhor aspecto por recorrer mais frequentemente aos serviços da lavadeira. Houve sempre gajos vaidosos.

Lista de inscritos: Armando Pires; A. Graça de Abreu (que chega da China na véspera); A. Santos e Rui Silva (duas estreias); Marques e Gina; Exmo Sr Cmdt Rosales (legenda da Linha que joga em casa) e cá o escrevente humilde e dedicado.

Abraços fraternos
JD

P.S. - (sem conotações políticas, é apenas um pos-scriptum): afinal na lista de inscritos faltava o casal Fitas, o Mário e a Helena. Também já posso anunciar a inscrição de outro casal: os Pessoa, o Miguel e a Giselda. Não sei se formalmente é assim, ou se devia inverter, para efeitos de apresentação, a ordem dos membros de cada casal. Isto é muito pouca prática de amanuense.
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Notas de M.R.:

Vd. último poste sobre este amigável convívio em:



Vd. também o último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P8115: Convívios (312): 12º Convívio da Companhia de Caçadores 3491, dia 21 de Maio em Lousada (Luís Dias)


1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos um convite, com pedido de publicação, da festa da sua Unidade.

Camaradas,
Solicito a publicação do Convívio da CCAÇ 3491 (Dulombi/Galomaro) - 1971/74 -, que se irá realizar no próximo dia 21 de Maio, em Lousada, cujo convite se anexa, bem como a ementa e mapa de localização do local.
Com um forte abraço
Luís Dias
Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872


12º CONVÍVIO COMPANHIA DE CAÇADORES 3491
Caros amigos e camaradas de guerra, é com enorme prazer e alegria que venho pelo presente convidar-vos para o 12º convívio comemorativo do 37º aniversário da nossa chegada ao país que nos viu partir para a guerra, e a todos os que regressaram e que ainda se encontram entre nós.
Este ano cabe-me a mim receber-vos na minha terra, em Lousada onde, juntos, iremos recordar e comemorar tempos que nunca iremos esquecer.
É com esse espírito, que te espero a ti, e a quem contigo quiser aparecer, no próximo dia 21 de Maio, pelas 11.00 horas, no Restaurante “Salão Nunes”, sito na Rua do Jogo, nº 241 – 4620 – 022 Aveleda, Lousada (ver mapa anexo).
Aguarda-se confirmação até ao dia 30 de Abril de 2011, pela mesma via, telefone ou e-mail.
Este ano também vos pedimos que caso disponham de fotografias (com os respectivos comentários), nos sejam enviadas via e-mail. Telefone: 255 829 565919101921 E-mail: josemoveisribeiro@hotmail.com
O Camarada,
José Ribeiro
EMENTA
Entradas: Melão c/ presunto, Bolinhos de bacalhau, Croquetes de carne, Rissóis de carne e peixe, Panados à Inglesa, Panadinhos de frango, Caprichos do mar, Amêijoas, Barrinhas de pescada, Grelhados mistos, Bola de carne, Salpicão e Presunto caseiros, Moelas quentes e Rojões c/ castanhas.
Sobremesas: Bolo do Evento, Pudim Caseiro, Bolos, Gelados, Tartes variadas, Rolos diversos Frutas, Centro de frutas (normais/tropicais) e Salada de fruta ou Fruta Laminada.
Pratos Quentes: Canja ou Creme de Legumes.
Prato de Peixe: Bacalhau à Moda da casa e Pescada.
Prato de Carne: Borrego assado no forno c/abacaxi, Lombo de Porco assado c/ castanhas e Vitela assada c/ castanhas.
Garrafeira: Vinho Verde (branco / tinto / espadeiro), Vinhos Maduros (branco / tinto), Porta da Ravessa, Reguengos e Borba.
Refrigerantes: Cerveja c/ e s/ álcool.
Espumantes: Asti-Gância, Raposeira e Fita Azul.
Bar Digestivos: Bagaceira, Licores e Cafés (Bar Aberto).
Preço p/ pessoa: 35 Euros.
Duas Alternativas (Porto – Lousada ):
1ª - à A3 Braga – A4 Ermesinde – Continuar pela A4 (+/- 40 Km) Sair para Felgueiras / A42 Lousada / A7 Guimarães (saída 14) Ultima saída: Lixa / Caíde de Rei (saída 15)
2ª - à A3 Braga – A41 Paços de Ferreira – A42 Lousada Ultima Saída: Lousada / Alvarenga / Silvares (Saída 7)
Nota: Nas saídas das Auto-Estradas seguir as placas indicativas do restaurante:
“Salão Nunes – Rua do Jogo – Aveleda – Lousada”
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P8114: (Ex)citações (137): Mansambo, a emoção do Torcato Mendonça, o memorial da CART 2339 (1968/69)...




Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CCAÇ 2404 (1968/70) >  1970 >   O memorial deixada pela  CART 2339 (Os Viriatos, Fá e Mansambo, 1968/69), que construiu de raiz este aquartelamento. Havia duas lápidas... Uma com a lista nominal dos mortos (ilegível na foto)... Outra com a seguinte mensagem: "AOS VINDOUROS: O aquartelamento de Mansambo foi construído pela CART 2339. Respeita-a como tal é, pois nas suas paredes há suor, lágrimas e um pouco do seu sangue. Inaugurado em 21JAN69".


Foto: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados


1. O bravo de Mansambo que foi (e felizmente continua a ser) o nosso querido camarada e amigo Torcato Mendonça, merece mais este foto do Arlindo Teixeira (Fur Mil At Inf, da CCAÇ 12, 1969/71), tirada em 1970, ao tempo da CCAÇ 2404...

Trata-se do memorial lá deixado pela CART 2339 que construiu aquele magnífico aquartelamento com sangue, suor e lágrimas... A CCAÇ 12, os periquitos da CCAÇ 12, ainda fizeram operações com os velhinhos da CART 2339, e lá dormiram ou dormitaram algumas vezes...

A emoção do Torcato deixada em comentário ao poste P8112, merece ser levada à categoria de poste... Merece ser objecto da minha cumplicidade... Afinal, aquele lugar também me diz muito, diz muito à malta da CCAÇ 12...

Torcato, mesmo fora de Lisboa, na Lourinhã - depois de um fabuloso robalo escalado ao almoço e de uma esplendorosa tarde de praia -, e mesmo limitado em termos de recursos (bloguísticos),  não quero deixar de agradecer o teu comentário emocionado e de te saudar,  presenteando-te com mais este mimo, mais esta foto do meu camarada Arlindo Roda (tenho o álbum fotográfico dele, inteirinho, no meu portátil)... Quero que, mais logo, domingo de manhã, a possas ver e apreciar, quando abrires o computador.

Cuida-me bem desse coraçãozinho!(LG)


Que raio de sobressalto. Que abalo eu senti ao ver este escrito e fotos. As fotos de Mansambo. Fiquei o raio de um velho combatente,  não devia dizer. Fiquei emocionado e incapaz de ler. Saí e fui tomar o pequeno-almoço.


Abri a TV e, desgraçadamente, dela brotava tanta massa cinzenta vinda com as palavras de cérebros privilegiados que disse:
- Raios,  levem-me de volta a Mansambo!…


Só agora vim ver novamente e vale a pena. É tormento, eu sei, mas ver aquele aquartelamento dá-me aperto no peito. Auxilia os arames. Está um pouco diferente. A Santinha não sei se é a mesma. O Nicho não é. As instalações,  o Memorial, o poço,  etc. Como alguém disse (Manuel Joaquim?), tenho saudades daquilo ou da juventude perdida?


Esta [CCAÇ] 2404 foi render-nos,[, a nós, CART 2339]. Depois a Carta, Galo Corubal onde fizemos a 1ª Operação (com louvor colectivo,  porra!), a puta da foz do Bissari onde o meu Grupo sofreu a maior “batida”, quatro feridos, e o resto, o resto.


Caramba,  já estou igual, já passou o aperto…AQUILO NUNCA SAIRÁ, faz parte de mim. Depois de ter corrido tanto, de não saber bem de onde sou, vê-se no B I ? Será? Vejo Mansambo e…a raiva foi tanta que destruíram tudo…Alá falará com eles…ai fala, fala…


Bom fim-de-semana Camaradas (ex-militares que os tempos…) (Cont)

No fim do comentário diz cont... não continua e desculpem , o cont e o desabafo do escrito. O envio borregou mas os deuses e Irãs de Pedra da Tabanca de Mansambo ajudaram-me . Parti em dois e saiu tudo...como? Os Irãs é que sabem e certamente juntaram as partes desavindas. Podiam ajudaram certos fala baratos...

Torcato Mendonça_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 12 de Abril de 2011 > 12 de Abril de 2011> Guiné 63/74 - P8088: (Ex)citações (136): Dois milhões e meio de visitantes, os meus parabéns! (Felismina Costa)



sábado, 16 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8113: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (3): Que rica é a nossa Tabanca (1) (Albino Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de  10 de Abril de 2011:

Carlos Vinhal
Como ultimamente tenho tido mais tempo, vou escrevendo umas coisinhas. Como já percebeste pelo título acima, não podia deixar de escrever algo para a nossa Tabanca que está de parabéns por ter ultrapassado já os dois milhões e meio de visitas. Brevemente chegará aos três milhões, disso não tenho dúvidas.

Escrevi desta forma porque dia a dia a visito, ficando assim a saber mais histórias dos meus camaradas e eles a saber de mim.

Fico muito grato à Tabanca Grande por este tempo que me tem dispensado, especialmente a ti Carlos, pois tens sido o meu Editor, e sei bem o trabalho que te tenho dado.

De uma coisa podem ter a certeza, a nossa Tabanca é Grande, e eu irei contribuir para que ela seja cada vez maior.

Deixo um abraço a todos os tertulianos, em especial a todos os que aqui passam muito tempo das sua vidas,
sendo o Carlos um deles.



QUE RICA É A NOSSA TABANCA, foi o Tema que escolhi...
Albino Silva




QUE RICA É A NOSSA TABANCA (1)

Que rica é nossa Tabanca
está como nunca esteve igual
com Histórias de camaradas
eu faço dela o meu Jornal.

Dois milhões e meio de visitas
este número já ultrapassado
pois cada vez são muitos mais
em querer ver o nosso passado.

Que rica é nossa Tabanca
com camaradas para a visitar
lendo o que outros escreveram
e depois também eles contar.

Que rica é nossa Tabanca
com a certeza de não haver igual
pois por mim a considero e é
a verdadeira História de Portugal.

Que rica é nossa Tabanca
tenho orgulho em a visitar
pois nos conta somente a verdade
do nosso tempo de Ultramar.

Que rica é nossa Tabanca
e tão Grande que ela é
sendo mesmo especial
para quem esteve na Guiné.

Que rica é nossa Tabanca
que ao contar nossa História
conta tudo o que é verdade
e nos alivia a nossa memoria.

Que rica é nossa Tabanca
que nos mostra tanto que ler
mostra-nos fotos do passado
e até muitos filmes para ver.

Que rica é nossa Tabanca
que nos conta coisas daquela terra
o que cada um por lá passou
com tantos anos de guerra.

Que rica é nossa Tabanca
com testemunhos do passado
que lendo ainda alguns casos
me deixam muito emocionado.

Que rica é nossa Tabanca
por camaradas como eu
fazer dela o nosso arquivo
de um passado que não esqueceu.

Que rica é nossa Tabanca
a que jamais quero esquecer
só fico triste com imensa pena
não ser todo o País em a ver.

Que rica é nossa Tabanca
e tua mensagem aqui cabe
para mostrar ao pobre País
aquilo que nem sequer ele sabe.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8075: Blogpoesia (142): O que me fizeste Guiné (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 14 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8101: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (2): Como o tempo passa! ... (Rui Felício, CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70)

Guiné 63/74 - P8112: A minha CCAÇ 12 (17): 14 e 15 de Fevereiro de 1970: Op Bodião Decidido, com a CCAÇ 2404 (Mansambo) e a CART 2413 (Xitole) em Satecuta, na margem diireita do Rio Corubal: morto um guerrilheiro e apreendido um RPG2


Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > Meados de 1970 > Três furriéis da CCAÇ 12 (Em primeiro, plano António Branquinho, do lado direito; em segundo lado, da direita para a esquerdaTony Levezinho e Arlindo Roda), mais o Fur Mil Enf José Alberto Coelho,  +em primeiro plano, à esquerda, por ocasião de uma coluna logística Bambadinca- Xitole... Os quatros posaram para a fotografia  junto do memorial aos mortos da CART 2413 (Xitole, 1968/70), uma companhia com quem a CCAÇ 12 fez diversas operações no seu sector, entre elas, a Op Bodião Decididio, a seguir descrita. Esta subunidade, que será substituída pela CCART 2716 (1970/72), teve 4 mortos, a saber (e de acordo com a lápide constante da imagem acima):


(i) Sold At Manuel de Sousa Branco, natural de Areosa, Rio Tinto,  Godomar, CART 2413/BCAÇ 2852, morto em combate, 25/10/1968.  Os restos mortais estão no cemitério da sua Freguesia Natal (segundo a completíssima  lista publicada pelo portal Utramar Terraweb, relativa aos mortos da guerra do Ultramar do concelho de Gondomar; acrescente-se: não só a mais completa como a mais fiável da lista dos mortos da guerra do ultramar, disponível na Internet);


(ii) Sold At Joaquim Gomes Dias Vale de Ossos, natural de Fradelos, Vila Nova de Famalicão, morto por afogamento em 7/11/1968. Está sepultaddo no cemitério da sua Freguesia  Natal (Fonte: Portal Ultramar Terraweb);


(iii) Sold At Crispim Almeida da Costa, natural de Monte Calvo, Romariz, Santa Maria da Feira, falecido por doença em  3/4/1969 doença, e sepultado no cemitério da sua Freguesia Natal (Fonte: Portal Ultramar Terraweb);


(iv) Sold At Mário Ferreira de Azevedo, nascido em Cavadas, V ermoim, Maia, falecido também por doença, em 22/12/1969, e sepultado no cemitério concelhio (Fonte: Portal Ultramar Terraweb).





Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CCAÇ 2404 (1968/70) > Finais de 1969 ou princípios de 1970 >   Aspecto geral do aquartelamento... Esta foi outra subunidade com a qual a CCAÇ 12 também fez várias operações, como a Op Bodião Decidido, abaixo relatada. Como fez com a sua antecedente, a CART 2339 (1968/69), que construiu de raiz este aquartelamento.





Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CCAÇ 2404 (1968/70) > Finais de 1969 ou princípios de 1970 >  Descarregamento de sacos de uma viatura GMC... Todas as colunas logísticas aos aquartelamentos a sul de Bambadinca e a norte do Rio Corubal (Mansambo, Xitole e Saltinho) paravam obrigatoriamente aqui... Daqui também partiram diversas operações, com a CCAÇ 12, tanto no subsector de Mansambo como no do Xitole.




Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CCAÇ 2404 (1968/70) > Finais de 1969, princípios de 1970  ou meados de 1970 > Nicho com a imagem da Virgem Maria, e os dizeres "Senhora  Protege a CC 2404".


Fotos: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados







Guiné > Zona leste > Sector L1 > Mapa do Xime (1961) > Escala 1/50000 > Detalhes, a posição relativa de Satecuta, na margem direita do Rio Corubal, parte do triângulo Galo Corubal - Seco Braima - Satecuta... A leste, a estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho e o destacamento da Ponte dos Fulas (que era guarnecido, em Fevereiro de 1970, por forças da CART 2413, do Xitole). A verde, as posições das NT (fora da imagem: Mansambo, a norte; Xitole, a sul).


A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*), por Luís Graç


(8) Fevereiro de 1970


(82) Fevereiro de 1970 > Op Bodião Decidido: uma operação com sucesso na área de Satecuta





Foi realizada em 14 e 15 de Fevereiro de 1970 para uma batida à área de Satecuta até ao Rio Corubal, por forças da CCAÇ 2404 (Mansambo), CART 2413 (Xitole) (**)  e CCAÇ 12 (1º, 2º e 4º Gr Comb), constituindo respectivamente os Destacamentos A, B e C, num total de mais de 200 homens (7 Grupos de combate).


Recorde-se que a CCAÇ 12, constituída por soldados africanos e quadros e especialistas metropolitanos - estes de rendição individual- ,  era uma unidade de intervenção, sediada em Bambadinca, às ordens do BCAÇ 2852, até Maio ou Junho de de 1970, e depois do BART 2917, até ao final da comissão dos quadros e e especialistas metropolitanos, em Fevereiro de 1971).




Tratou-se de um patrulhamento ofensivo com emboscadas nas regiões de (Vd. mapa do Xime):


(i) Mansambo, Culobó, (Xime 4H6-46), Seco Braima, Culobó, (Xime 4H6-46),


(ii) Xitole, Ponte dos Fulas, Satecuta, Bissau Novo, Benate, Ponte dos Fulas, Xitole…


Um ano atrás, por ocasião do planeamento da Op Lança Afiada (8 a 19 de Março de 1969), o comando do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) descrevia assim a situação do IN na área de Galo Corubal - Sactecuta - Seco Braima:


"(...) Galo Corubal – Localização (1455 1145 D4 ou E4), no fundo do palmar e a cerca de 300 m do Rio Corubal. O acesso tem sido feito pelo Norte do Rio Pulon desde a estrada Xitole-Mansambo, mas as NT têm-se perdido por vezes. O acesso, atrvés do Rio Pulon, próximo da foz, por Seco Braima, pode ser feito na época seca. Efectivos e armamento: Considerados poucos, mas com MP, ML, Mort LGRFog.

"Satecuta – Localização (1455 1145 D2 ou E2 ou F2), a oeste de Seco Braima. Acesso idêntic o ao de Galo Corubal. Em meados de 67, apresentava grande actividade IN. O acampamento foi detsruído em Maio de 68, baixando a actividade IN. Efectivos: ignoram-se mas parecem dispor de MP, ML, Mort LGRFog." (...)



De acordo com o plano estabelecido para a Op Bodião Decidido, os 3 Dest saíram de Mansambo e Xitole às 5h00 do dia D 14 de Fevereiro de 1970]), percorrendo a estrada Xitole-Mansambo até ao ponto de encontro, que atingiram cerca de 3 horas depois (área de Culôbo, a sul da Ponte do Rio Jagarajá). 


Para saírem àquela hora de Mansambo, os 3 Gr de Comb da CCAÇ já se tinham deslocado umas largas horas antes, de Bambadinca para Mansambo. Tal significou que alguém teve de picar a estrada e montar segurança na ZA da CCAÇ 2404. Nessa noite (de 13 para 14), obviamente ninguém dormiu. Tal como não dormiu na noite seguinte… Soldados e quadros da CCAÇ 12 eram um bando de noctívagos e sonâmbulos (tendo passado muitos milhares de horas em emboscadas nocturnas ou em vigília, antes de partir para o mato, às 4 da madrugada)… Estávamos então em plena estação seca…


Após uma rápida reunião dos Comandantes dos Dest, iniciou-se a progressão a corta-mato, em direcção à região Xime 4B5-58, onde fizeram paragem para descanso e almoço, entre as 12h00 e as 16h00.  Pelas 17h00 do dia 14.  o local foi atingido o local escolhido para pernoita e montagem de emboscadas nocturnas (em Xime 4A8-48). 


Repare-se como escassos quilómetros em linha recta, nas matas da Guiné, levavam um dia a percorrer em corta-mato…Quando o sol estava a pique, não havia outro remédio senão procurar a sombra protectora e a fresquidão da orla da mata, circundante de uma bolanha ou lala, até às 4h00 da tarde… Homens e bichos reduziam ao mínimo a sua penosa actividade fisiológica…


Verificou-se, através de vestígios, que o IN tinha reconhecido o trilho utilizado pelas NT durante a Op Navalha Polida , em 2-3 de Janeiro de 1970, na regiãode Seco Braima), embora não tivessem sido detectadas quaisquer minas ou armadilhas. Seco Braima era um dos vértices do temível triângulo (ou península) Galo Corubal - Satecuta - Seco Braima, na margem direita do Rio Corubal (aí justamente onde vai desaguar o Rio Pulom).


Às 4h00 da manhã do dia D + 1 (ou seja,  15 de Fevereiro), os Dest continuaram a progressão até atingirem um trilho muito batido na região Xime 4 F2 – 29. Aí ficou emboscado o Dest B (CCAÇ 2404), reforçado por 1 Gr Comb do Dest C (CCAÇ 12), enquanto os outros Dest seguiram em direcção a Satecuta.


Pelas 7h00, o Dest B (CART 2413) avistou 1 grupo IN de 15/20 elementos, tendo-o deixado aproximar-se. No momento oportuno, e denotando grande disciplina e sangue frio, os homens da frente abriram fogo,  causando 1 morto deixado no terreno (um roqueteiro),  e feridos prováveis. Houve um gasto mínimo de munições (1 dilagrama e 1 carregador de G-3). Foi apreendido ao IN um RPG-2 (LGFog) e várias granadas.


O IN dispersou imediatamente e flagelou o Dest B quando alguns elementos deste foram à zona de morte a fim de verificar os resultados colhidos.


Os Dest A e C foram também flagelados com fogo de morteiro e armas automáticas, não reagindo para não revelar a sua localização exacta e movimentando-se apenas para conseguir estabelecer ligação com o Dest B.


Uma vez que toda a população e elementos IN da área (península  Galo Corubal - Satecuta - Seco Braima) tinham ficado alertados, devido à troca de tiros, as NT após uma batida muito rápida retiraram de forma a evitar quaisquer emboscada de outros grupos IN vindos de Seco Braima ou Galo Corubal.


O ponto de reunião inicial (Culôbo) foi atingido cerca das 10h00 do dia 15 de Fevereiro, regressando depois as NT aos seus aquartelamentos, uns às 11h30 (CART 2413, Xitole) e outros uma hora mais tarde (CCAÇ 2404, Mansambo, juntamente com a CCAÇ 12, que depois seguiu para Bambadinca em coluna auto).


Constatou-se que o IN, depois da Op Navalha Polida, tinha redobrado de vigilância, patrulhando constantemente a região entre Seco Braima e Galo Corubal a avaliar pelos trilhos feitos.


Verificou-se também que por vezes executa tiros à distância na tentativa de localizar as NT e posteriormente montar-lhes embocadas, especialmente no regresso. No presente caso, as NT não tiveram qualquer reacção pelo fogo, o que malogrou as intenções do IN.


Transcrição da Mensagem 676/C COM-CHEFE (REP/OPE): “COM-CHEFE manifesta seu agrado realização Op Bodião Decidido e resultados obtidos”


Em geral, o Com-Chefe só mandava mensagens destas quando havia grande ronco: no mínimo, apreensão de material de guerra, prisioneiros ou mortos IN, confirmados no terreno. Os burocratas da guerra do ar condicionado, em Bissau, sabiam que, por sistema, os operacionais, os do mato, tinham tendência para amplificar e até hiperbolizar os seus feitos heróicos e contabilizar baixas no papel que não tinham qualquer correspondência no terreno… Em suma, todos, do alferes ao tenente coronel, queriam ficar bem na fotografia... Por causa das dúvidas, os pára-quedistas do BCP 12 fotografavam os cadáveres, quando havia tempo e vagar para isso…


(83) Op Leão Nómada: Biro, 24 de Fevereiro


A 24 de Fevereiro de 1970, efectua-se outra operação a nível de Batalhão, a fim de executar um golpe de mão conjugado com emboscadas em linha e batida na área compreendida entre o Rio Samba Uriel, o limite da ZA das CART 2413 e CCAÇ 2404 e estrada Xitole-Mansambo.


É de notar que neste sector (L1) qualquer operação implicava a afectação de importantes meios humanos: no mínimo, dois destacamentos, 6 grupos de combate, duas ou mais companhias... A desproporção de meios era flagrante: levávamos entre 150 a 250 homens, para andar à caça de 15 a 30 guerrilheiros (menos de um bigrupo)... Esta região tinha sido. um ano antes,  palco de uma megaoperação, que mobilizara 1200 homens, entre miliatres e carregadores: Op Lança Afiada, de 8 a 18 de Março de 1969 (vd poste da I Série,  de 14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal).


Das declarações prestadas pelo prisioneiro Festa Na Lona (capturado em 21 de Janeiro, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única), ficou a saber-se que o IN tinha um acampamento na região de Biro, junto à margem direita do Rio Bissari depois da confluência com o Rio Samba Uriel. Os efectivos eram estimados em 30 elementos, divididos em 2 grupos de 15 e dispondo de Mort 60, LGFog e armas automáticas.


A Op Leão Nómada  foi realizada por forças da CCAÇ 2404 (Mansambo), a 2 Gr Comb, e da CCAÇ 12 (2º e 4º Gr Comb), formando o Dest A; e ainda pela  CART 2413 (Xitole), a 2 Gr Comb reforçados (Dest B).


O prisioneiro Festa Na Lona serviu de guia. No decorrer da acção, quando as NT progrediam na região de Galoiel/Biro, ouviram tiros de reconhecimento e aviso feitos pelo IN.


Encontraram-se trilhos batidos (especialmente o trilho assinalado na carta que conduz à foz do Rio Bissari e daí à região de Galo Corubal, apresentando indícios de ser utilizado por pequenos grupos IN em acções de patrulhamento) e grandes extensões de capim queimado, mas as NT não conseguiram localizar o acampamento IN.


No mínimo temos de reconhecer a coragem e a coerência dos combatentes do PAIGC que, mesmo sob as duras condições (físicas e psicológicas) de cativeiro, eram capazes de nos ludibriar, a nós e aos nossos guias (fulas e mandingas), de modo a pôr a salvo os seus camaradas e a população afecta à guerrilha...Já vimos como, em operação anterior, a Op Boga Destemida, outro prisioneiro, Jomel Nanquitande, balanta,  conseguira fugir, debaixo de fogo, algemado e provavelmente ferido (*)... Houve mais casos destes no Sector L1 (já aqui relatados: estou-me a lembrar da Op Anda Cá, na região de Madina/Belel, em 22/23 de Fevereiro de 1969, vd. depoimento de Beja Santos)...


Nunca cheguei a saber qual foi o destino dado ao Festa Na Lona, provavelmente recambiado para a região do Gabu, para ser de novo interrogado e forçado a servir de guia às NT... (Se é que a sua história era verdadeira e consistente, o pertencer a uma unidade do Gabu e estar na região do Xime a passar... férias!).


Menos de ano e meio depois, em Julho de 1971, as NT (incluindo a CCAÇ 12, forças de Mansambo - CART 2714,  e do Xitole - CART 2716 ) voltam a Satecuta... A Op Quadrilha Sagaz já aqui foi relatada... De batalhão para batalhão, as operações pareciam ser feitas a papel químico...


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Fontes consultadas:

História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Cap. II. pp. 28-29.Policopiado


História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Policopiado

Diário de um Tuga, de Luís Graça. Manuscrito



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Notas do editor:


(*) Vd. último poste da série > 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8071: A minha CCAÇ 12 (16): O 1º Cabo Galvão, ferido duas vezes em 9 de Fevereiro de 1970, segunda feira de Carnaval...Uma violenta emboscada em L em Gundagué Beafada, Xime (Op Boga Destemida)


(**) CART 2413:  Independente, foi mobilizada pelo RAP 2. Partiu para a Guiné em 11 de Agosto de 1968 e regressou a 18 de Junho de 1970. Esteve em  Fá Mandinga e Xitole. Comandantes:  Cap Art Raul Alberto Laranjeira Henriques; Cap Inf José Medina Ramos. Por seu turno, a CCAÇ 2404 (Mansambo) fazia parte do BCAÇ 2852.

Guiné 63/74 - P8111: FAP (65): Falando do nosso destacamento em Nova Lamego (Gil Moutinho)



1. O nosso Camarada Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pilav - BA12 -, Bissalanca, 1972/73, régulo da Tabanca dos Melros, enviou-nos em 14 de Abril a seguinte mensagem.
Camaradas,
Falando do nosso destacamento em Nova Lamego, para além de contar as minhas experiências, também fazer algumas considerações “em jeito”de comentário ao poste P7807 do nosso Tenente [António Martins] de Matos, publicado na Tabanca Grande.


Malta da FAP na BA 12 em Bissalanca

Já foi referido que por um período de 1 semana, eram destacados meios aéreos para N. Lamego, que consistiam em uma DO, um Héli e um Hélicanhão, com três pilotos, dois mecânicos e um atirador do canhão (não sei se foi sempre assim e desde quando).
Curiosamente na minha caderneta de voo (é o único auxílio da minha memória) constatei que, quase em fim de comissão, fiz duas semanas seguidas, não me recordando minimamente das razões para tal.
Tudo isto para que houvesse proximidade às Tropas no terreno e evitar as demoras de uma deslocação da Base.
Só era destacado um piloto, quando já tivesse alguma experiência do TO da Guiné e quase sempre um miliciano, pois os do quadro, mais velhos (não necessariamente mais experientes no Ultramar) tinham quase sempre família e residiam na cidade, não sendo escalados, salvo excepções.
Se a memória não falha, um dos pilotos teria que ser sempre um oficial (faria parte das NEP), mesmo que não fosse mais antigo e experiente no TO.
A FA estaria assim à altura, com oficialato, para dignas relações com as FT e respectiva colaboração sendo de véspera programado toda a actividade aérea, excepto para as evacuações por motivos óbvios.
A excepção eram as evacuações, pela manhãzinha, porque de véspera já não era possível. O meu primeiro contacto com o Leste, ainda muito pira, foi numa viagem a Pirada e ia correndo tudo muito mal (ver no blogue especialistas da BA12, o poste 1040, de 14 de Junho de 2009).
Eu de DO, para além de evacuações, deslocava-me onde fosse necessário e por indicações das chefias das FT em sintonia com as regras acordadas para a colaboração com a FA.
Nessas viagens, habitualmente eram visitadas as Companhias no mato a partir da sede do Batalhão pelo Comandante respectivo e, para além deste, transportávamos víveres frescos, carga geral e o sempre apreciado correio, para além de outros militares em deslocação.
As viagens eram sempre de curta duração e mesmo acumuladas dificilmente esgotavam as horas disponíveis.
Quando tínhamos evacuações é que se fazia muitas horas de pilotagem, pois cheguei no mesmo dia a ir duas vezes a Bissau e tudo somado a perfazer 5 horas seguidas.
Claro que à noite, porque estávamos soltos, se calhar nos excedíamos do normal. A manhã podia começar com o pequeno-almoço na varanda do Mounir, quase em frente dos nossos alojamentos, onde se começava com ovos mexidos e salada de tomate, acompanhado com chá frio e café com mezinha.
Por vezes tínhamos sobremesa com fruta fresca e chocolate (onde é que já ouvi isto?) nos fundos do estabelecimento do nosso amigo (só nos recomendava que lavássemos com sabão no fim).
Também aqui ele cozinhava, eventualmente, alguma caça que o canhão abatia para os esfomeados.

Insiro esta foto esclarecedora (soldado condutor do Exército, Olímpio, eu, Direitinho, Vítor Afonso e Cardoso de cócoras. Falta o mecânico da DO, podia ser o Falcão, Pascoal ou outro).

Nunca me preocupei com o excesso de horas para além do pré definido, eu gostava muito de voar, com 20/21 anos tudo é possível, e percebia que o meio aéreo era importante para as tropas no terreno.
Nunca me senti usado com excesso de horas, pois em todos os momentos éramos comandantes da aeronave e tínhamos regras bem definidas para cumprir se o quisesse, e tinha o manche na mão (faca e queijo).

Nunca me senti um rapazito, sim um rapazinho que tendo feito 20 anos a 5 Março 72, embarquei a 6 Abril. Tinha contudo uma formação de cerca de ano e meio de cursos e tirocínios, rigorosamente igual à dos oficiais do mesmo curso, base para evolução adquirida na permanência na Guiné. Tinha mais-valia a experiência e capacidade de cada um, que propriamente o posto.

Recentemente, eu como muitos outros, comecei a conviver, nos blogues, tabancas e tertúlias, com outros ex Combatentes de outras armas, nomeadamente do Exercito, e comecei a conhecer melhor a realidade dos apelidados “burakos”, o que na época não aconteceu pois muitas vezes nem chegava a parar o motor do avião (nas evacuações acontecia) ou permanecíamos pouco tempo, não havendo tempo para grandes convívios sendo sempre muito bem recebido, um reconhecimento da nossa colaboração, nomeadamente nas evacuações e transporte de correio.

Descarregando os sacos de correio...

Havia locais (bu...rakos) que nos recebiam duma maneira quase surreal. Lembro-me de Guileje onde nos recebiam com bebidas na pista (nada de álcool), pensava eu que um barman de casaca branca, mas o Cor. Coutinho disse-me que era uma bajuda.

Do libré tenho a certeza, não sei onde. Alguém me ajuda? Na base de Bissalanca, o SPM (Serviços Postais Militares) tinha permanentemente um camião, estrategicamente estacionado, e sempre bem fornecido, que atento às movimentações de saídas de aeronaves nos solicitava o transporte de correio em sacos para os nossos destinos.

Agora olho com mais respeito e admiração para estes combatentes de todos os “bu...rakos” da Guiné.
Fui educado, em novo, a respeitar os pais, os mais velhos, os professores e as autoridades, e na tropa os superiores.

Agora respeito mais os outros valores: competência, personalidade, honestidade, etc e não os galões, títulos, canudos e cargos imerecidos. Isto vem a propósito do malogrado T. Cor Brito, onde para além do posto, também era competente e justo.

Um dia também me atrasei no começo de uma missão, cerca de meia hora a mais de cama, não em destacamento, e na chegada da mesma fui confrontado pelo meu chefe de esquadra, capitão x, e a minha desculpa não foi aceite, mesmo tendo cumprido a missão na íntegra.

Resultou na perda de uma viagem extra, bónus, de Nord à Metrópole, que por escala e antiguidade, era concedida aos pilotos e outros, para alguns lugares disponíveis, e mesmo sendo cansativa, sempre eram alguns dias em casa. Na altura fiquei triste e tentei demover da decisão o chefe do Grupo Operacional T. C. Brito.

Andei dois dias a rondar o seu gabinete sem coragem para o abordar (Os chefes, o respeito e a timidez!). Não consegui e só mais tarde é que aceitei e compreendi que ele não iria alterar a decisão/recomendação do Capitão. Respeitava-o como homem e como chefe.

Um abraço,
Gil Moutinho
Fur Mil Pilav da BA12

Fotos: © Gil Moutinho (2011). Todos os direitos reservados
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: