sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9375: Excertos do Diário do António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (5): ): "Uma novidade, os guerrilheiros utilizaram viaturas blindadas na flagelação a Bedanda [, em 31 de março de 1974]"...

1. O nosso camarada e amigo, António Graça de Abreu (AGA), era um homem bem informado  (e melhor formado) lá no CAOP1, e por onde andou no TO da Guiné: Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, entre meados de 1972 e as vésperas do 25 de abril de 1974... 

Não admira por isso que haja, pelo menos, uma referência aos "blindados" do PAIGC (leia-se: dos seus "amigos soviéticos")(*), que terão sido utilizados, sem grande efeito prático (a não ser eventualmente psicológico) num ataque ou flagelação a Bedanda,
em 31 de março de 1974... 

Eis aqui esse excerto do seu Diário da Guiné, 1972/74, de que temos, por gentileza e generosidade suas, um ficheiro em word, o mesmo que serviu de base à edição do livro Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp). (**)

Sobre os famosos blindados do PAIGC (que, na prática,  não jogaram nenhum papel efetivo nesta guerra, pelo menos a ponto de desequilibrar os pratos da balança...), escreveu-me há tempos [ 13 de janeiro de 2010,] o Nuno Rubim o seguinte:

(...) "Luís, junto te envio cópia de um documento emanado pela 2ª Rep / Com-Chefe Guiné sobre os BRDM 2. Também existem no AHM [, Arquivo Histórico Militar,] referências ao modelo 1.

"Há uma carta do A. Cabral para o Pedro Pires (Dez 72 ) a 'sugerir' a utilização dos blindados nos ataques a alguns dos nossos aquartelamentos fronteiriços no Sul. Na Net encontrarás farta documentação sobre essas viaturas [...].

O nosso camarada António Rodrigues, em comentário ao blogue do Sousa de Castro, CART 3494 & Camaradas da Guiné, poste P136, de 9 do corrente, diz que estas viaturas blindadas já tinha usado antes, em Copá, no nordeste da Guiné (Aliás, já o tinha escrito, antes no nosso blogue, em poste de 23 de novembro de 2010):

(...) "Eu e os meus camaradas, enfrentamos essas mesmas viaturas [ duas,] durante o forte ataque desencadeado pelo PAICG a Copá, na noite de 7 para 8 de Janeiro de 1974, tendo uma delas derrubado o arame farpado e penetrado dentro de Copá cerca de 10 metros. António Rodrigues  1ª. CCAV / BCAV 8323 Copá 73/74" (...).

Diz-se neste Poste que o PAIGC a 31 de Março de 1974 apareceu com viaturas blindadas no ataque a Bedanda (Cubucaré).

Na realidade, ainda não se sabe com rigor que tipo de viaturas se tratava... É mais provável  que se tratasse de veículos de reconhecimento, anfíbios (tipo BRDM),  ou de viaturas de reeconhecimento para transporte de tropas (tipo BTR)... De qualquer a sua utilização na Guiné de viaturas blindadas, por parte do PAIGC (mas também pelas NT), estava muito condicionada por diversos fatores adversos: geografia, hidrografia, clima... Os especialistas da guerra colonial Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes escreveram o seguinte sobre as "viaturas de combate" do PAIGC:

(...)" Em fevereiro de 1974, foram referenciadas viaturas pesadas paraa rebocar morteiros de 120 mm no Norte da Guiné, zona de Canquelifá, junto à fronteira com o Senegal. Dias mais tarde foram detectadas, em ataque à guarnição portuguesa de Bedanda, no Interior-Sul do território, viaturas blindadas provavelmente  BRDM, BTR, PT-76 ou PT-34, todas de origem soviética". (In: Afonso, A.; Gomes, C. M. - Guerra colonial: Angola, Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d, p. 259).

2. Aqui vai o excerto do Diário do AGA (com a devida vénia):


 (...) Cufar, 3 de Abril de 1974

A guerra está feia. Bedanda embrulhou durante todo o dia, um ataque tremendo, doze horas consecutivas de fogo. A festa só acabou à noite com uma espécie de cerco à povoação levado a cabo pelos homens do PAIGC.

Em Cufar, tão próximo, além de distinguirmos nitidamente as rajadas de metralhadora de mistura com os rebentamentos dos RPG, foguetões e canhão, à noite viam-se as balas tracejantes e as explosões no ar.

Uma novidade, os guerrilheiros utilizaram viaturas blindadas na flagelação a Bedanda. Existe uma estrada que vem da Guiné-Conacry, passa junto a Guileje – abandonada pela tropa portuguesa, – entra pela região do Cantanhez e termina em Bedanda. O IN está a utilizar esse percurso para deslocar camiões carregados com todo o tipo de armamento, em seguida é só despejar sobre os aquartelamentos portugueses mais expostos e fáceis de alcançar, como Chugué, Caboxanque, Cobumba, Bedanda, Cadique e Jemberém.

Bedanda é uma povoação grande, a maior do sul da Guiné depois de Catió. Terá uns cinco mil habitantes e ontem já se falava em abandonar o aquartelamento. A população africana saiu da vila, ficando por próximo.

Bedanda levou com mais de sessenta foguetões e centenas e centenas de granadas de RPG, morteiro e canhão sem recuo. Foi medonho, há muita coisa destruída, mas tiveram sorte, contam-se apenas dois feridos, um furriel e um negro que levou um tiro nas costas. A tropa passou mais de doze horas metida nas valas.

Espera-se novo ataque a Bedanda. As NT já foram remuniciadas e há promessa de se enviarem mais militares para defender a terra. Os guerrilheiros também devem ter ido descansar e reabastecer-se.

Todas estas flagelações, apesar de serem destinadas aos vizinhos do lado, deixam marcas em todos nós. São horas, dias, meses a ouvir continuamente o atroar dos canhões da guerra. Eu ando um bocado desconexo, excitado, “apanhado”. Quase não tenho dormido, são as sensações finais, o cansaço, o desamor à mistura com o alvoroço do regresso a casa. (...)

______________

Notas do editor:

(*) Vd.poste de 18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição e adaptação de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)

(**) Último poste da série > 14 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9352: Excertos do Diário do António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (4): Os foguetões 122 mm que vi, ouvi e contei ao longo de quase dois anos...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9374: Memórias de Manuel Joaquim (4): Que parvo que eu fui, e uma mãe que apanhou um grande susto

1. Mensagem de Manuel Joaquim* (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67), com data de 6 de Janeiro de 2012:

Meus queridos camaradas,

Aqui vai mais um "textito" que talvez tenha algum interesse, "Que parvo que eu fui!". Pois é, fui parvo naquela altura mas não me serviu de aviso para evitar outras parvoíces ao longo da vida.

Abraço grande
Manuel Joaquim


Memórias de Manuel Joaquim (4)

Que parvo que eu fui!

Julho/1965. No Campo Militar de Sta. Margarida o BCaç 1857 preparava a sua ida para a Guiné, marcada para o fim do mês. No início das manhãs respirava-se um ar seco, com alguma frescura . Naquela manhã também mas, para nós, adivinhava-se um dia ainda mais tórrido que os anteriores, a dar-nos cabo do físico nos terrenos do Campo.

Não me lembro de quase nada no que se refere aos exercícios militares a não ser que, desta vez e a dada altura, coube à minha Secção fazer qualquer coisa do género patrulhamento. Desta missão guardo na memória coisa pouca, algumas imagens e sensações. Lembro-me de uma paisagem agreste pouco arborizada, de sofrer um calor intenso envolto em aromas fortes vindos do pisoteio de plantas secas que cobriam um solo também seco, e por vezes pedregoso, nada “amigo” como também o não era um mato cheio de estevas cujas folhas pareciam expelir um óleo irritante que se nos agarrava às mãos e à cara.

Neste ambiente, a água dos cantis “voou” rapidamente e a sede apareceu. Não se esperou muito para ouvir vozes a suspirar por água. Demos por um ribeiro seco e vimos no seu leito, a alguma distância, uns tufos de verdura, sinal de água. A missão de patrulhamento (?) passou para segundo plano em relação à busca de água, seguimos o ribeiro em direção ao tufo de plantas verdes e viçosas mas água foi coisa que se não viu. Vi sim algo inesperado, uma aldeia ali perto. Mandei um soldado ler a placa que vislumbrei numa estrada, umas dezenas de metros abaixo, de modo a confirmar-me a nossa posição e a deixar-me mais descansado.

Carregueira, gritou-se da estrada.

Ao ouvir tal nome lembrei-me logo do meu amigo Formigo, na altura furriel miliciano vagomestre na Guiné e meu colega professor primário. É a sua aldeia natal!

A sede exasperava alguns. (Sede? Aquilo era sede? A Guiné irá mostrar-nos o que é ter sede!). O cansaço era muito, a jornada longa e a Carregueira ali tão perto! Que tal uma saidinha rápida para matar a sede e saber como estava o meu amigo? Há uns tempos já largos tinha-me escrito do Ingoré. Falei nisto à malta e, claro, este “convite à dança” foi logo aceite, efusivamente. Resolvi fazer uma pausa na “guerra”, saindo da área militar. Apanha-se a estrada e ala, a caminho da aldeia. Perguntei à primeira pessoa que encontrámos se sabia onde morava um militar que estava na guerra da Guiné, chamado Formigo.

- Olhem, é mesmo ali, aquela casa com um café (ou disse taberna?) na parte de baixo. A mãe dele deve lá estar a aviar.

E lá fomos todos contentes, não havia melhor lugar para matar a sede!

- Oh nosso cabo miliciano, se tiverem pena de nós talvez nos dêem de beber e apareça qualquer coisinha para trincar ...

- Sei lá, água darão mas comida... deve ser difícil. Não querias mais nada?!

Chegados à dita casa lá vou pela porta adentro, a Secção inteira atrás de mim toda “artilhada” de espingarda ao ombro mas com um ar abatido de cansaço, um cansaço real mas nitidamente exagerado. Deviam querer impressionar a senhora que até tinha um filho na tropa!

Ao entrar, enquanto os olhos se adaptavam à luz interior, vi um vulto a deslocar-se rapidamente à minha frente. Ao melhorar a visão reparei numa senhora a olhar para nós com ar interrogativo, por detrás do balcão.

- Bom dia, minha senhora!
- Bom dia, o que desejam?
- A senhora é a mãe do Joaquim Formigo Caetano? Sou um amigo...

Fui interrompido por algo que ela disse mas que não entendi e vi-a cambalear como se fosse desmaiar. Um pouco depois perguntou, muito aflita e ansiosa:

- Aconteceu-lhe alguma coisa? O que é que foi? Ai o meu filho!

- Não, não! Não aconteceu nada! É que eu sou amigo dele, queria saber como é que ele está! Vimos aqui para beber alguma coisa, estamos com muita sede, estamos em Sta. Margarida. Ao ver o nome de Carregueira lembrei-me do meu amigo Formigo, sabe, vivemos na mesma pensão em Leiria durante três anos e fomos colegas de curso. Ele está bem? ...

Enquanto durou a explicação a senhora lá se foi acalmando lentamente até que perguntou, num tom de voz seco e impessoal:

- O que querem beber?

Bebi água mas não fui acompanhado por aí além. A maior parte do grupo preferiu outras bebidas mais “finas”. Não esperavam pagar, pelos vistos! Enquanto bebíamos fui falando com a senhora acerca da minha convivência com o filho, da nossa amizade, da minha próxima ida para a Guiné, ela falou-me do pouco que dizia saber da vida do filho na guerra, etc. Passaram-se assim uns bons minutos de agradável conversa.

- Bem, muito obrigado pela sua atenção mas temos de ir embora. Quanto é a conta?

- São ... ( esqueci o valor)

Olhei para o grupo. Com que então queriam borla?! Vasculhei os bolsos sabendo que de lá não saía nada mas a ver se alguém se adiantava com uma moedita ou dizia alguma coisa. “Nicles”, tudo calado! Lá tive que ir a um bolso mais recolhido e puxar por uma nota guardada para outros gastos que não aqueles ali! Mas tudo bem, a culpa era toda minha, não tinha que me queixar de nada.

Despedidas feitas, abastecemo-nos de água numa fonte ali perto e lá regressámos ao Campo com um sério aviso a todos: “Espero que ninguém dê com a língua nos dentes! Não me lixem!

Tínhamos que completar a missão e uns bons quilómetros para andar até ao quartel.

Voltaram aqueles aromas fortes (agora rarefeitos por causa do calor), vindos do mato e de alguns pinheiros e eucaliptos dispersos e voltámos a ser fustigados pelas folhas pegajosas das estevas mais altas que, ainda hoje, me vêm à memória de vez em quando...

Foi só então, no regresso a Sta. Margarida e ao recordar a aflição daquela mãe, que tomei consciência da asneira que tinha praticado (“devíamos ter bebido primeiro e só depois eu falar do Formigo, que estúpido!”).

******

O silêncio sobre esta “fuga” não foi, na altura, quebrado por ninguém. Quanto ao melindre da situação havida na mercearia acho que só eu dei por ele (e isto só depois!). Nunca esqueci este episódio. Não pela infração militar cometida mas pelo pânico causado àquela senhora, a quem apareci abruptamente como um possível mensageiro da desgraça, trazendo notícias sobre o seu filho combatente na Guiné. Logo que o reencontrei, pedi-lhe que apresentasse as minhas desculpas à sua mãe. Mas estas desculpas não apagaram a asneira que pratiquei. Apetece-me dizer, parafraseando o título de uma canção recentemente na berra,

- Que parvo que eu fui!
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9341: Memórias de Manuel Joaquim (3): Est-il un ennemi?

Guiné 63/74 – P9373: In Memoriam (105): António da Costa e Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2659/BCAÇ 2905 (Guiné, 1970/71)

IN MEMORIAM

António da Costa e Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2659/BCAÇ 2905


1. Mensagem do nossos camarada Júlio César (ex-1º Cabo, CCAÇ 2659/BCAÇ 2905, Cacheu, 1970/71), com data de hoje:

É sempre com muita saudade que recordamos os amigos e de tempos a tempos as más notícias entram na nossa casa como intrusos indesejaveis.

Assim aconteceu ontem, pela voz do camarigo Albuquerque.

Faleceu o Costa e Silva, dizia-me ele com voz sofrida.

António da Costa e Silva, natural de Vila do Conde, sempre muito amigo do “seu” Rio Ave, foi Furriel Miliciano na Companhia de Caçadores 2659, que esteve no Cacheu nos anos de 1970 e 1971, integrada no Batalhão de Caçadores 2905, no sector de Teixeira Pinto.

O seu funeral realiza-se amanhã, pelas 14,30 na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, em Vila do Conde

Descansa em Paz, meu bom amigo

Júlio César Ferreira
Ex-1º Cabo da CCaç 2659


2. Os editores e a tertúlia deste Blogue endereçam à enlutada família do nosso camarada Costa e Silva as mais sentidas condolências pela morte do seu ente querido.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9343: In Memoriam (104): Carlos Adrião Geraldes (1941-2012), ex-Alf Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66

Guiné 63/74 - P9372: Documentos (14): Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte II)


Capa do relatório da 2ª Rep / CTIG

Nota dizendo que "o relatório que se segue abrange o período de 1JAN73 a 15Ou74"...




1ª parte do índice do relatório (pág. 1)

2ª parte do índice do relatório (pág. 1)





3ª parte do índice do relatório (pág. 2)

 

Início da pág. 3 (presume-se) do relatório com as seguintes indicações: "SECRETO. Exemplar nº [em branco] . CL/QG/CTIG. 2ª Repartição. 2810hFev75... Relatório da 2ª Rep CC/FAG (Relativo ao período de 1Jan73 a 15Out74)"...



Pág. 13 do relatório: Síntese da atividade do PAIGC: Ano de 1972, ano de 1973, ano de 1973 até 30Abr73, ano de 1974 até 30Abr874....

[Leitura: Nos 4 primeiros meses de 1974 - em relação ao mesmo período do ano anterior - houve (i) um aumento de cerca de 30% das ações de fogo do IN sobre os nossos destacamentos, e das emboscadas ofensivas; (ii) triplicaram os ataques a embarcações; (iii)  houve 2,3 vezes mais minas e armadilhas e outras ações de interdição de itinerários; (iv) houve um aumento de 60% das ações de terrorismo].


Última página do relatório (pág. 74), com a assinatura do chefe da 2ª rep, maj inf Tito José Barroso Capela.


1. Em cima: Algumas das páginas, digitalizadas,  do relatório da 2ª rep/CTIG, que nos foram foi gentilmente enviadas pelo Luís Gonçalves Vaz, a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM  Henrique Gonçalves Vaz, último chefe do estado-maior do CTIG (1973/74), entretanto falecido em 2001 (*).

Recorde-se que o nosso amigo Luís Gonçalvez Vaz, hoje professor do ensino básico, no distrito de Braga, vivia em Bissau e frequentava o Liceu Honório Barreto quando se deu o 25 de abril de 1974.  

O Luís também nos enviou, para publicação, uma resenha biográfica do seu pai, profusamente ilustrada, incluindo fotos das suas comissões de serviço em Angola (1963/65) e na Guiné (1973/74). No CTIG, o cor cav Henrique Gonçalves Vaz serviu como chefe do estado maior, sob as ordens do gen Spínola, do gen Bettencourt Rodrigues e, a seguir ao 25 de Abril, do comodoro Almeida Brandão (, com-chefe interino, sendo governador o brigadeiro graduado Carlos Fabião). Não pertenceu ao MFA, como nos esclareceu o filho.

(...) "Envio-vos algumas imagens do Relatório da 2ª Rep/CTIG,  conforme o Luís [Graça] me pediu.


"O Relatório tem 74 páginas, é datado de 28 de Fevereiro de 1975 (data da sua publicação), não está numerado (exemplar para o CEM?), mas é um original pelo aspecto, e está assinado pelo Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela. E como podem ver, o carimbo de 'SECRETO', está a vermelho, logo deve ser um exemplar original". (...).

O nome do chefe da 2ª Rep /CTIG já aqui tinha sido citado em poste anterior, de 11 de novembro último, referente à troca dos últimos prisioneiros do PAIGG e das NT, ocorrida em 14 de setembro de 1974, em Aldeia Formosa (hoje, Quebo):

(...) "Estiveram presentes nesse ato, pelas nossas tropas, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela (Chefe da 2ª Rep. do QG), o Major de Artilharia Aragão, o Capitão-tenente Patrício, o capitão de Infantaria Manarte e o Furriel miliciano Elias (da 2ª Rep./QG/CTIG)". (...)

De acordo com as normas editoriais do nosso blogue, a publicação destes documentos (oficiais ou oficiosos, quer das NT, quer do PAIGC, ou de outra origem), não implica qualquer tomada de posição dos editores a favor ou contra o seu conteúdo, importância documental, relevância historiográfica ou outros critérios. O propósito da sua publicação é, pois, meramente informativo. Compete aos nossos leitores fazer a sua avalição crítica.


Imagens: © Luís Gonçalves Vaz (2011). Todos os direitos reservados.

______________

Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior da série > 18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)

Guiné 63/74 - P9371: Parabéns a você (369): José Crisóstomo Lucas, ex-Alf Mil da CCAÇ 2617 (Guiné, 1969/71) e Manuel Mata, ex-1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas do Esq Rec Fox 2640 (Guiné, 1969/71)

____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9367: Parabéns a você (368): Luís Rainha, ex-Alf Mil Comando (Guiné, 1964/66)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9370: (Ex)citações (172): Que riqueza este nosso blogue! (Hilário Peixeiro, ex-Cmdt da CCAÇ 2403, 1968/70)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 20090 > 18h00 > Barco e pescador de Cananima, aldeia piscatória frente a Cacine, situada na margem direita do Rio Cacine... Não existia no tempo da guerra, não vinha no mapa...

Foto: ©
João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados .


1. Comentário, com data de 3 do corrente,  de Hilário Peixeiro, ao Poste P9296(*) (Recorde-se que este nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande, foi comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70; é atualmente coronel na reforma):

 Caro Luís:

Como admiro quem, em meia dúzia de linhas, consegue exprimir os sentimentos e emoções vividos por tantos milhares dos que passaram por 13 longos anos de guerra,quando eu, em mil páginas, não o saberia fazer.

Que riqueza este nosso blogue onde nos encontramos de coração aberto ao que de melhor tem o ser humano.

Obrigado aos seus administradores com votos não só de um Feliz Ano Novo mas de longa vida para continuarem esta possibilidade de melhor nos recordarmos. (**)

Hilário Peixeiro
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P9296: Blogpoesia (174): Dies irae! (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 4 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9311: (Ex)citações (171): A propósito de citações e comentário do Mais Velho (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P9369: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (12): Fragmentos Genuínos - 10




FRAGMENTOS GENUÍNOS - 9

Por Carlos Rios,
Ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66






Os fulas
História

Os fulas, cuja origem apresenta algumas dúvidas, é um povo com 80% de pastores nómadas, com um pequeno grupo de sedentários, localizados em distintos países do Sahel, do Chade até o Senegal. Adotam diferentes nomes: sokoto, macina, kano-bororro. Etnicamente são diferentes de outros povos africanos; são de pele mais clara e nariz mais reto. Aliam-se aos negros sedentários, de cuja mescla com os sereres originaram os tucolores, os futandés e os toronkes, importantes grupos do vale do Senegal. Seu auge político foi nos séculos XVIII e XIX, quando conquistaram importantes territórios. Seus primeiros contatos com o islamismo teve lugar no século XVI, como os de outros grupos do Sahel. No século XIX se converteram ao islamismo na totalidade da população.

Situação política
Os fulas de Níger e Senegal tiveram guerra com as tropas francesas e inglesas se opondo a colonização. Nos territórios ingleses (Nigéria) alguns fulas se misturaram com os hausa e adotaram sua língua. Formando a classe governante da Nigéria.

Economia
A maioria são pastores, ainda que haja grupos agrícolas (sokoto) e urbanos. Em alguns países mantém importantes posições políticas e econômicas.

Cultura e educação
A sua sociedade está marcada pelo sistema de castas que compreende: nobres, servos, comerciantes, pastores, poetas e artesãos em couro e madeira, com um arraigado sentimento conservador. Os fulas consideram-se autênticos muçulmanos, ainda que conservem muitos costumes pagãos entre eles. A educação realiza-se nas escolas corânicas.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Estes são os povos sem pinga de hábitos ou tradições portuguesas, onde assisti com um misto de incompreensão e mistério história e modos de viver, de arreigado tradicionalismo que estavam nas antípodas do que estava em mim interiorizado.

Guiné: Amuletos de prata usados por mandingas e fulas" Os mandingas eram quase exclusivamente os artífices destes produtos.


Preparando-se para trepar e recolher os cachos de den-den (palma).

O vinho de palma (siri) também é recolhido lá no alto, onde são colocados recipientes, feitos de folhas, a aparar o líquido que escorre depois de feita uma incisão na base dos estames das flores. Consoante a hora a que é recolhido assim é o seu gosto e grau de álcool. Deve ser bebido no próprio dia.
As flores depois de reduzidas a cinza são usadas na agricultura devido ao seu grande valor em potássio

E lá vai ele a caminho…cá em baixo estão os ajudantes para apanhar.


Etnia Felupe

Os Felupes vivem a norte do rio Cacheu, de São Domingos a Varela, junto da fronteira com a região de Casamansa da vizinha República do Senegal.

Imagem de um baga-aga. Era construído por formigas e tão duro como cimento. Era o abrigo preferido do In, e local donde nunca descolava o Cap. C. assim que havia a mais pequena bernarda.


São referidos como praticantes de canibalismo no passado, são coleccionadores de cabeças dos inimigos que guardam ou entregam ao feiticeiro, e usam com muita perícia arcos com flechas envenenadas .
São igualmente grandes lutadores, fazendo da luta a sua paixão pelo desporto tão vulgarizado, prende-o empolga-o, constituindo um verdadeiro espectáculo. Esta etnia é famosa pela sua combatividade e independência, sendo perfeitamente autónomos, tendo o seu território e fazendo incursões frequentes no Senegal.

Outra actividade notável e que me foi dado observar sub-repticiamente é a sua arte de pesca: a bordo de uma canoa manufacturada pelos próprios num tronco de árvore, dois homens, enquanto um manobra a embarcação, o outro na proa da mesma com um arco e flecha permanece imóvel disparando sempre infalivelmente.

Canoa dos Felupes - Ei-los preparados para a faina da pesca. Importa dizer que este tipo de embarcação era muito usado pelas diversas etnias, tendo em linha de conta o tipo orográfico do território.

Fabricação de tijolos com molde e argamassa para depois secarem ao sol. A argamassa para os blocos era feita de barro e excrementos de gado vacuum. Eram extremamente rígidos e curiosamente não exalavam mau cheiro.

Decorrida que é a maior parte da vida que considero activa e recolhidos desta os exemplos e ensinamentos que neste momento de meditação e retrospectiva, me fazem pensar no Mundo, percurso esse feito de alguns momentos de esfuziante alegria e na maior parte da mesma, de luta e cruéis e dramáticas peripécias, em que a guerra colonial, para a qual foram arrastadas mais que uma geração e que teve a maior transcendência na formação e estruturação do pensamento a maneira de ser de cada um de nós, teve grande importância, e que depois de na minha opinião, julgo ter constatado, pela displicência e menosprezo com que fomos tratados nas semi-clausuras em que se mantinham os restos da carne para canhão, doentes e estropiados que se mantiveram na dependência do Estado, no meu caso foram seis anos de dolorosas peripécias, teremos sido dispensados e ignorados.

Carnaxide, 20 de Dezembro de 2011
CARLOS RIOS

Todos os homens buscam a felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, embora revestido de visões diferentes. O desejo só dá o último passo com este fim. É isto que motiva as ações de todos os homens, mesmo dos que tiram a própria vida.
(Blaise Pascal)

Somente aqueles que nunca deram um tiro, nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos, é que clamam por sangue, vingança e mais desolação. A guerra é o inferno.
(Gen. William T. Sherman)

Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.
(Jean-Paul Sartre)

Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras.
(Sigmund Freud)

O homem tem que estabelecer um final para a guerra, senão, a guerra estabelecerá um final para a humanidade.
(John F. Kennedy)

Nossos livros de escola glorificam a guerra e escondem seus horrores. Eles incutem ódio nas veias das crianças. Eu preferiria ensinar paz do que guerra. Eu preferiria incutir amor do que ódio.
(Albert Einstein)

A paz é igual a uma grande roda humana, enquanto todos estiverem de mãos dadas, as armas estarão no chão.
Tiago Bicalho

Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la.
Rabindranath Tagore
____________

Nota de CV:

Vd. postes da série de:

28 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9279: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (3): Fragmentos Genuínos - 1

30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9289: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (4): Fragmentos Genuínos - 2

2 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9302: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (5): Fragmentos Genuínos - 3

4 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9310: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (6): Fragmentos Genuínos - 4

6 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9320: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (7): Fragmentos Genuínos - 5

9 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9336: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (8): Fragmentos Genuínos - 6

11 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9342: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (9): Fragmentos Genuínos - 7

13 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9350: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (10): Fragmentos Genuínos - 8
e
16 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9362: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (11): Fragmentos Genuínos - 9

Guiné 63/74 - P9368: Documentos (13): Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)





Guiné > Chão Manjaco > Pelundo > 1973 > O Coronel Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74), comandando exercícios com fogos reais, no Pelundo, na zona oeste da Guiné.

Fotos: © Luís Gonçalves Vaz (2011). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, com data de 8 do corrente, enviada por Luís Gonçalves Vaz, que estava no 25 de  Abril de 1974 em Bissau, sendo filho do Cor Cav Coronel Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG:



 (...) Conforme prometi envio-vos mais um artigo sobre a "Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974". Limitei-me a adaptar e transcrever certos excertos de um Dossiê Secreto, que faz parte do arquivo do meu pai,   autenticado pelo Chefe da 2ª Repartição, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela. Leiam-no e vejam, dentro dos vosso critérios,  se tem interesse para publicação no Blogue. Acho que a classificação deste Dossiê, com o tempo deve ter sido "desclassificado", podendo ser publicado, não acham? (...)


2. Situação Militar no Teatro de Operações da Guiné no ano de 1974 > Parte I



Adaptação e transcrição de alguns Excertos do "Relatório da 2ª Repartição do QG do CTIG”, autenticado pelo Chefe da 2ª Repartição, o Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela.


A partir de Janeiro de de 1974, o PAIGC passava verdadeiramente à ofensiva, a qual se caracterizava pela definição de duas áreas de incidência de esforço, diametralmente opostas, uma no extremo Nordeste do Teatro de Operações onde desenvolvia a Operação “Abel Djassi” (pseudónimo de Amílcar Cabral) e a outra a sul, no Cubucaré, para o que inclusivamente tinha constituído um novo órgão coordenador das operações de guerrilha nesta Zona, o Comando Sul.

As ações foram desencadeadas, numa e noutra das Áreas referidas, com base em novas unidades, das FARP, e com largo emprego de Artilharia e Armas Pesadas, nomeadamente Morteiro 120 mm e Fog 122mm.

Foto (à direita): Nino e Cabral. Font6e: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


Além destes meios,  os Mísseis SA-7 Strela eram frequentemente utilizados, o que limitava grandemente o apoio da Força Aérea às guarnições terrestres e, a 31 de Março de 1974, apareciam as viaturas blindadas,  em Bedanda (Cubucaré), o que confirmava o grande aumento de potencial, assim como a crescente capacidade táctica e sobretudo logística do PAIGC.


Nas restantes áreas do Teatro de Operações  da Guiné aumentava igualmente de modo significativo a atividade de guerrilha dispersa em superfície, com relevo para o emprego de engenhos explosivos e ações de terrorismo urbano que alastravam até à própria capital (Bissau). Como exemplo citam-se as 17 flagelações com armas pesadas a outros tantos Aquartelamentos ou Povoações, num único dia (20 de Janeiro de 1974, data do aniversário da morte de Amílcar Cabral), o rebentamento de engenhos explosivos num café de Bissau (26 de Fevereiro de 74) que provocou um morto e a sabotagem no próprio QG/CTIG (em 22 de Fevereiro de 74), onde parte do edifício principal foi destruído.




Foto (à esquerda): SA-7b Grail Strela.  
O SA-7b possuía um novo motor de propulsão e um novo sistema de identificação, o que lhe permitiu passar a aquisição de alvos de 3,6 km para 4,2 km, e aumentar a velocidade de 430 m/s para 500 m/s.

Fonte: http://www.armyrecognition.com/



No sul a ofensiva aí realizada permitia ao PAIGC o controlo efetivo de uma área de razoável superfície em que se inseria o “corredor” de Guileje, percorrido frequentemente por viaturas das FARP, e que confinava com outra vasta área abandonada pelas Nossas Tropas desde 1969 – o Boé.

Foto (à direita): Guiné, 1973 -  Guerrilheiros deslocando-se num carro blindado [, BRDM 2, de origem soviética] . Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



Em Abril de 1974, dado o “Esgotamento das Reservas” do Comando-Chefe, previa-se que o relançamento da Ofensiva no saliente Nordeste, orientava para sul, tornaria iminemte o abandono de Canquelifá  e o consequente isolamento de Buruntuma. Admitia-se ser intenção do PAIGC, unir a bolsa assim conquistada com a Região do Boé, por sua vez ligada à Zona onde se localizava o Corredor de Guileje, mais a sul, concretizando deste modo, uma ocupação territorial efetiva que carecia para reforçar a imagem do Estado da Guiné Bissau, parcialmente ocupado pelas Forças Armadas Portuguesas.


Foto (à esquerda) - Jacto Fiat G-91 da FAP, abatido por míssil Strela. Fonte:   Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



Nas áreas de incidência de esforços referidos, a situação era de tal modo grave - para a maioria das guarnições das Nossas Tropas, cujos sistemas de defesa não dispunham de “Obras de Fortificação”, que pudessem resistir com eficácia às novas armas pesadas do PAIGC, - que o Comandante Chefe alertava do facto o Estado Maior Geral das Forças Armadas, a 20 de Abril de 1974 (vésperas do Golpe Militar de 25 de Abril) por uma Nota que concluía nos seguintes termos:


“O facto de ter sido confirmada parte das notícias atrás mencionadas pela utilização de viaturas blindadas no ataque a Bedanad, confere certa verosimilhança às restantes notícias que referem a existência de Novas Armas Antiaéreas ou outras, pelo que aquela utilização e o conjunto de circunstâncias descritas na presente Nota, nomeadamente a análise das fotografias juntas, são motivo de grande preocupação para este Comando-Chefe, cumprindo-lhe assinalar as consequências que podem resultar da possível evolução do potencial de combate do PAIGC ou do seu eventual reforço com novos meios das Forças Armadas da Guiné, quer quanto à capacidade de resistência das Guarnições Militares que porventura sejam atacadas, quer às limitações de intervenção com meios à disposição do Comandante-Chefe, em especial meios aéreos. “


Após os resultados obtidos pela guerrilha a partir do início do ano, com ações maciças desencadeadas a nordeste do território e no Cubucaré, a Sul, que se traduziram no abandono de Copá pelas nossas tropas e no desequilíbrio das guarnições de Bedanda e Jemberem, o PAIGC tinha planeado e preparava-se para lançar nova ofensiva, no final da época seca de 1974 (Maio e Junho), a fim de explorar aqueles resultados.

Foto (à direita): Guiné, Bedanda, 1970: Resposta do Obus 14 a ataque de foguetes Katiusha, de 122 mm. Foto gentilmente cedida pelo Cor Cav na reforma Ayalla Botto (CCAÇ 6) ao Hugo Moura Ferreira. Fonte: BLogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



Logo que tomou conhecimento do Movimento das Forças Armadas (MFA), a 25 de Abril de 74, o Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) chegou a expedir ordens, no seguimento do que estava planeado, para que fossem desencadeadas ações com todos os meios disponíveis, com o objetivo evidente de tirar partido da situação em curso e explorar, de imediato, qualquer possível perturbação que admitiu pudesse existir no seio das nossas tropas.


No entanto a ofensiva planeada não chegou a concretizar-se e, inclusive,  a partir do início de Maio,  registou-se um nítido abaixamento da atividade de guerrilha.


Ao longo de todo o mês de Maio de 74 foi, de facto, notado um ligeiro aumento de atividade durante a segunda semana, seguido de novo decréscimo no final da mesma, o qual continuou posteriormente regular e constante.


A redução acentuada de atividade resultava de, em 21 de Maio, pouco antes do início da 1ª fase das conversações em Londres, o Secretariado do Governo do PAIGC ter difundido a seguinte ordem às FARP (documento com doze instruções):


(...) 11º) Devemos estar preparados para reagir violentamente contra todas as ações do Inimigo, 12º) Lembramos a todos os Militantes e combatentes que mais do que nunca é necessário estarmos vigilantes e que não podemos confraternizar com as Forças Inimigas enquanto não ficar claramente decidida a sua evacuação da Nossa Terra de acordo com os objetivos fundamentais da Luta que são: A Independência total e imediata do nosso Povo da Guiné e Cabo Verde. Estas decisões correspondem à situação Política e Militar do momento e devem ser estreitamente cumpridas. Saudações a todos os Camaradas. (...)

Apesar das determinações do SG [Secretariado Geral] do PAIGC, anteriormente descritas, não deixaram dúvidas sobre o adiamento das Operações de Guerrilha até nova ordem. Alguns grupos combatentes continuaram a ignorá-las durante vários dias, nomeadamente a Norte, na Região onde o corredor de Lamel intercepta o Itinerário Farim-Jumbembem, e no Sul, no Sector do Cubucaré.

Por outro lado o comando das FARP continuou a expedir ordens para o planeamento e preparação, até ao fim de Maio (de 1974), de diversas operações, em especial na Zona Sul, as quais seriam desencadeadas se o andamento ou o resultado das conversações de Londres (de 25 a 31 e Maio) não fossem aceitáveis.

Adaptado por: Luís Gonçalves Vaz  (Tabanqueiro 530)

(Continua)

Guiné 63/74 - P9367: Parabéns a você (368): Luís Rainha, ex-Alf Mil Comando (Guiné, 1964/66)

____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9348: Parabéns a você (367): Maria Ivone Reis, 83 anos: enfermeiras, paraquedistas, amigas, companheiras de aventura e camaradas para sempre! (Maria Arminda)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9366: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: Cachil, Agosto. Parte III (José Colaço)


1. O nosso camarada José Colaço, (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), enviou-nos a última parte da narração iniciada nos postes P9351 e P9360.

Agosto de 1964
Parte III

Agosto de 1964, mês de decisões a nível de comando chefe. Os trabalhos da construção do quartel estavam concluídos. Entretanto de Catió - comando de sector -, não aconselhavam as batidas à mata do Cachil, situação que eu nunca consegui perceber.

Mas sabia-se que era importante, naquela fase e por evidente estratégia militar, limpar todo o caminho entre Catió e Cufar.

Assim, no dia 3 de Agosto, quase todos os efectivos da companhia foram mobilizados para mais uma tentativa de ocupar a zona de Cufar - a célebre mata do Cantanhêz.

O dia não foi feliz para a 557 que sofreu 2 feridos graves em combate: o "ilhéu" - 2º sargento Manuel Conde -, e o soldado António Belo, ambos foram evacuados para o hospital 241, em Bissau, após o que seguiram para o hospital militar da Estrela, em Lisboa.

Para as forças que nos acompanhavam o dia também foi mau, pois o sargento vagomestre do 7º destacamento morreu nesse dia vítima de uma granada de bazuca do inimigo.

O regresso tinha que ser no próprio dia, porque o aquartelamento do Cachil ficou com uma segurança bastante fragilizada e exposto a eventual ocupação por parte da guerrilha.

A 26 de Agosto, cerca das 12 horas, sofremos um ataque amigo. A secção que tinha ido no dia anterior a Catió, para proceder ao abastecimento de água, regressava ao Cachil, quando foi sobrevoada por 2 aviões F86, que habitualmente patrulhavam o espaço aéreo e procuravam sinais de movimento inimigo no terreno. Os pilotos confundiram os nossos homens com elementos do PAIGC e começaram a metralhar o cais. O pessoal refugiou-se como pôde na bolanha e ninguém ficou ferido, mas alguns dos jerricans da água ficaram furados.

Nós no quartel estávamos desesperados sem meios para reagir, porque não possuíamos qualquer tipo de comunicação com os F86. A única coisa que fizemos, rapidamente, foi correr para o cais com a bandeira nacional, tendo 4 de nós pegado em cada uma das pontas, para que os pilotos vissem que éramos forças amigas e terminassem de imediato aquele ataque "amigo".

Foto nº P1170591.JPG - Um F86 a picar na direcção do cais do Cachil. A justificação que foi dada pelo estado-maior da força aérea em Bissau, foi que os pilotos eram novos (periquitos) sem experiência na Guiné. Se já era muito raro ouvir no Cachil o zoado de um motor de um avião, a partir desse dia até 27/11/1964, dia em que a CCaç 557 saiu do Cachil, o silêncio a nível de aviões foi total. 

Foto nº 1170620.JPG - 27/11/1964, o adeus ao Cachil, a CCaç 557 saía da porta de armas rendida pela CCaç 728. 

Foto nº 1170622.JPG - A LDM202 no cais do Cachil, com todo os elementos da CCaç 557 no seu seio.  



Foto nº1170625.JPG - A LDM202 na passagem por Bolama com A CCaç 557 a bordo.


Foto nº 1170627.JPG - A LDM202 quando foi obrigada a parar por falta de água para navegar, devido à maré baixa.


Fotos nº 11706228.JPG - A LDM202 “estacionada” num extenso banco de areia, onde permanecemos 3 ou 4 horas. Tempo que deu para que cada um desse largas à sua criatividade, onde se evidenciou a pesca desportiva. Na companhia haviam alguns camaradas algarvios que eram pescadores profissionais, que aqui mostraram bem os seus dotes. 


Fotos nº 11706229.JPG - Idem foto anterior.

Foto nº 1170632 JPG - Chegada e apresentação em Bissau.

Termino aqui esta pequena resenha da estada da CCcaç 557 na operação tridente, que decorreu na Ilha do Como, Cachil.

Nota: As fotos, todas elas, são de fraca qualidade devido aos meios que havia naquele tempo e, além disso, foram reproduzidas de slides de um DVD que tenho da estada, na Guiné, da Companhia de Caçadores 557.

José Colaço
Soldado Trms da CCAÇ 557

Fotos: © José Colaço (2011). Todos os direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:

Vd. os dois postes anteriores desta série em:


14 DE JANEIRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9351: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: o ignorado Agrupamento E (CCAÇ 557): Parte I (José Colaço)


Guiné 63/74 - P9365: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte V): 'Decifrado' o nome do comandante do PAIGC, Bobo Keita (Luís Gonçalves Vaz)

1. Mensagem de hoje, do nosso tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz:

Data: 17 de Janeiro de 2012 16:24

Assunto: Esclarecimentos da nota do Coronel Henrique Vaz do dia 11 de Outubro de 1974

Caro Sousa de Castro, caro Luís Graça:


Consegui "decifrar" dois dos nomes dos Comandantes do PAIGC que reuniram com o meu pai no dia 11 de Outubro de 1974, para planearem a entrega de Aquartelamentos ao PAIGC. Como tal peço-vos o favor de substituir a nota em questão (*) pela seguinte:

Bissau, 11 de Outubro de 1974

"... Tivemos às 15H00, na Amura uma reunião com os comandantes do PAIGC, comandante Gazela, comandante BOBO KEITA e o comandante ... (... do próprio) Correia, sobre a entrega dos quartéis de Sta Luzia e outros. ..."

"... Fomos jantar ao Palácio, julgo que todos ou a maioria dos oficiais do Quadro Permanente presentes na Guiné. Jantar volante, simpático e descontraído, num ambiente alegre e ... . Anedotas contadas pelo Coronel Lemos e pelo Major Lemos Alves. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz

(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
____________


Nota de LGV:

Comandante BOBO KEITA: Fez parte de todas as delegações do PAIGC que negociaram o reconhecimento da independência da Guiné-Bissau, depois do 25 de Abril. Morreu em Lisboa em Janeiro de 2009.

Comandante GAZELA:  Cabral de Almada, conhecido por "Comandante Gazela" (na nota do coronel Henrique Vaz só o refere como GAZELA)


Abraço
Luís Beleza Vaz (**)
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 DE DEZEMBRO DE 2011 > Guiné 63/74 - P9203: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte III) (Luís Gonçalves Vaz): Set / Out 1974


(**) Último poste da série > 5 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9317: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte IV): Agosto de 1974: ainda o caso do BCAV 8320/72 (Bula, 1972/74) (Luís Gonçalves Vaz)

Guiné 63/74 - P9364: Agenda cultural (182): Lançamento do livro Guerra Colonial e Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: o caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado, dia 24 de Janeiro de 2012, pelas 18h30 no Centro de Informação Urbana de Lisboa, Picoas Plaza


Convite para assistir ao lançamento de livro

'Guerra Colonial e Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: o caso da Guiné-Bissau',  de Leopoldo Amado

Dia 24 de janeiro de 2012, pelas 18h30, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, Picoas Plaza, Rua do Viriato, 1

Resumo

"Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional (1950-1974): o caso da Guiné-Bissau" é um exercício historiográfico que teve por escopo essencial o incremento do estado actual do conhecimento da temática, tanto pela via de confrontação de visões, de documentação vária e de leituras advenientes das duas realidades da mesma guerra, como pela assunção deliberada de uma postura metodológica de permanente dissecação diacrónica, estrutural e conjuntural, dos vários contextos que conferem a esta guerra particularidades próprias e únicas, quando comparada, por exemplo, com as que ocorreram em Angola ou Moçambique.

A obra condensa um esforço de compreensão dos meandros históricos que, por um lado, quase levaram o Exército português a um colapso militar na Guiné-Bissau, e, por outro, quase catapultaram o PAIGC para a galeria histórica dos movimentos de libertação nacional do chamado Terceiro Mundo que se destacaram na luta anticolonial.

Trata-se de uma adaptação para o grande público da tese de doutoramento que, em 2007, Leopoldo Amado apresentou à Universidade de Lisboa.


Leopoldo Amado nasceu em 1960 no Sul da Guiné-Bissau. Licenciou-se em História em 1985 pela Faculdade Letras de Lisboa - Universidade Clássica de Lisboa.

Antes de voltar à Guiné-Bissau em 1989, concluiu em 1987 o Curso de pós-graduação em Relações Internacionais (Estudos Islâmicos) pela extinta Universidade Internacional de Lisboa e frequenta entre os os 1987-1989 o curso de mestrado em Estudos Africanos no Institituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.

Na Guiné-Bissau, tornou-se investigador do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas). Nesse país, desempenhou, sucessivamente, as funções de: Director do mensário "Baguera"; Director Comercial do Geta-Bissau (empresa privada); Vice-Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos; Director do "Tcholoná", única Revista Cultural então existe no país. Trabalhou ainda na Guiné-Bissau como consultor nacional e internacional, destacando-se, entre outros, os trabalhos em matéria de gestão de projectos e planificação estratégica, desenvolvidos com a UNICEF, PLAN INTERNATIONAL, PNUD, FNUAP, RADDA BARNEN e AMNISTIA INTERNACIONAL, para além das funções de correspondente e de comentador político da BCC, Rádio France International, Voz de América, RDP África e RTP África.

No além-fronteiras, com sede em Cabo Verde, e cobrindo outros países como Senegal, Guiné-Bissau, Gana, Guiné-Conacri e Gâmbia, trabalhou ainda como Director do SPHAC - Projecto da UNESCO para a Salvaguarda do Património Histórico da África Contemporânea, entre os anos 1995 à 2001.

Posteriormente, em Portugal, antes de concluir um Doutoramento em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa (2007), trabalhou como Secretário Executivo da “Guineáspora” (Fórum Mundial dos guineenses na Diáspora), tendo posteriormente regressado a Cabo Verde, onde, desta feita, trabalha junto da Uni-CV (Universidade Pública local), desde 2008 à esta parte, desempenhando aí, designadamente, as funções de docência em cursos de graduação (licenciaturas em História e Ciências Sociais) e em cursos de pós-graduação (mestrado em Ciências Sociais), para além de outras funções que assumiu, concomitante e alternadamente, como sejam as de Coordenador de Curso de História (Chefe de Departamento) e de Presidente do Departamento (Faculdade) de Ciências Sociais e Humanas.

[Com a devida vénia ao CES Lisboa - Centro de Estudos Sociais]


Curriculum Vitae

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

• Nome: Leopoldo Victor Teixeira Amado
• Filiação: Mateus Teixeira da Silva Amado e Cipriana Araújo de Almeida Martins Amado.
• Naturalidade: Guiné-Bissau.
• Data de nascimento: 19 de Junho de 1960.
• Nacionalidade: Guineense
• Habilitações Académicas: Doutoramento em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa.

2. HABILITAÇÕES ACADÉMICAS

• 1967– 1971 – Ensino primário na Escola Central de Bolama;
• 1971 – 73 – Ensino complementar básico do ciclo preparatório em Bissau;
• 1973 – 1979 – Curso complementar dos liceus;
• 1980 – 00 – Curso dirigido de formação de professores liceais;
• 1881 – 1986 – Licenciatura em História pela Universidade de Lisboa;
• 1987 – 00 – Curso de pós graduação em Relações Internacionais (Estudos Islâmicos, Universidade Internacional de Lisboa);
• 1989 – 91 – Frequentou o Mestrado em Estudos Africanos pelo Instituto de Ciências Políticas e Sociais de Lisboa;
• 2007-00 –Concluiu Doutoramento em História Contemporânea, Universidade de Lisboa.

3. ACÇÕES DE FORMAÇÃO

• 1989– 00 – Participou na cidade do Porto num seminário promovido pela Embaixada de Angola sobre “O desenvolvimento da Literatura e das Ciências Sociais nos PALOP";
• 1990/00 – Participou em Vila Real, Trás – os – Montes, Portugal, num seminário sobre a metodologia de investigação em Ciências Sociais, promovido pela Universidade de Trás – os – Montes;
• 1990 – 00 – Promovido pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau), participou com prelector no Congresso Internacional “Bolama Caminho Longe”:
• 1990 – 00 – Promovido pelo INEP, participou num seminário sobre “Negociações e Estratégia”;
• 1990– 00 – Promovido pelo INEP e Universidade “Cheik Anta Diop”, em Dakar, participou num seminário sobre "Metodologia de investigação Histórica em África";
• 1991 – 00 – Participou no Instituto de Investigação Científica Tropical de Lisboa num seminário sobre a problemática da investigação social em África;
• 1991 – 00 – Participou na Universidade “Cheik Anta Diop”, Dakar, num seminário promovido pela CODESRIA, sobre a metodologia de investigação histórica em África;
• 1992 – 00 – Participou em Bissau numa acção de formação promovida pela SOLIDAMI (extinta plataforma das ONG’s guineenses) sobre a elaboração, gestão e seguimento de Projectos;
• 1993 – 00 – Participou em Dakar num seminário promovido pela Radda Barnen (organização sueca dos direitos da criança) sobre a Aplicação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças;
• 1993 – 00 – Participou em Dakar num seminário promovido pelo ENDA TIERS MONDE sobre a Gestão de Projectos de desenvolvimento, abordagem social e avaliação participativa;
• 1995 – 00 – Participou em Abidjan, Costa do Marfim, numa acção de formação organizada pela Coalition des organisations de la société civil sobre a “Elaboração, gestão e seguimento de Projectos”;
• 1996– 00 – Participou em Portugal em vários seminários sobre a problemática dos direitos Humanos, promovido pela CIVITAS;
• 1996b – 00 – Promovido pela UNICEF – BISSAU, participou numa acção de formação dos formadores em matéria de Planificação Estratégica por objectivos e avaliação de Projectos;
• 1997 – 00 – Participou em Bissau numa acção de formação sobre os Direitos da Criança, promovido pela AMIC (Associação dos amigos da criança)
• Participou no Workshop sobre a "A situação das crianças em situação particularmente difícil: crianças de rua, crianças trabalhadoras e crianças desprovidas de meio familiar adequado";
• 1997 – 00 – Promovido pela ACÇÃO PENAL INTERNACIONAL, participou em Genebra num seminário sobre "Os fundamentos jurídico-internacionais dos Direitos Humanos";
• 1997 – 00 – Participou em Lisboa no Congresso Internacional de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, promovido pelo Comissão para a comemoração dos descobrimentos portugueses;
• 1998 – 00 – Participou em Lisboa num seminário sobre" A indivisibilidade dos Direitos Humanos”, promovido pela CIVITAS";
• 1998 – 00 – Promovido pela Universidade “Cheik Anta Diop” e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa), participou em Dakar, Senegal, num seminário sobre a metodologia de elaboração histórica em África;
• 1999 – 00 – Promovido pelo Centro de Estudos Africanos do ISCTE, participou numa Conferência de Reflexão sobre o conflito político-militar, na Guiné-Bissau;
• 2000 – 00 – Promovido pela Câmara Municipal de Belo Horizonte – Brasil, participou no Congresso internacional sobre as literaturas de Língua Portuguesa;
• 2000 – 00 – A convite da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau e da Fundação "Mário Soares", foi prelector em Bissau (Centro Cultural Português) de uma conferência subordinada ao tema: "A Actualidade do pensamento político de Amílcar Cabral";
• 2003 – 00 – Promovido pela CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) participou num seminário internacional de historiadores africanos de Língua portuguesa;
• 2004 – 00 – Participou em Durban, (África do Sul) na II Convenção Internacional da World Movement for Democracy;
• 2005 – 00 – Promovido pelo CODESRIA, participou em Bissau numa acção de formação destinada aos doutorandos e mestrandos dos PALOP, com um seminário sobre a metodologia de produção científica em Ciências Sociais em África;
• 2005 - Participou em Istambul (Turquia) na III Convenção da World Movement for Democracy;
• 2006 – 00 – Participou como prelector num seminário organizado pelo Centro de Estudos de História Contemporânea do ISCTE, sob o tema “Colonialismo e guerras coloniais”.
• 2010 – Proferiu uma conferência sobre a historiografia cabo-verdiana na Universidade de Gran Canárias em Las Palmas;

4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

• 1976 – 1979 – Trabalhou como professor primário em Canchungo e Bissau;
• 1979 – 00 – Trabalhou como professor do Ensino Básico Complementar na Escola "Justado Vieira”, Guiné-Bissau";
• 1979 – 1980 – Trabalhou, em comissão de serviço, como redactor principal da Revista do Ministério da Educação da Guiné-Bissau;
• 1980 – 81 – Trabalhou como professor do Liceu Regional de Bafatá, onde desempenhou a função do Presidente do Conselho Técnico;
• 1986 – 88 – Foi bolseiro de investigação do extinto Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (actual Instituto Camões), tendo nessa qualidade produzidos estudos sobre a Literatura Colonial Portuguesa;
• 1988 – 89 – Trabalhou na Embaixada de Angola em Portugal como assessor do Departamento Cultural, com as funções específicas de redactor principal da Revista “Angolé, Artes & Letras;
• 1989 – 91 – Trabalhou como investigador permanente do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau), onde actualmente é investigador associado;
• 1991 – 00 – Trabalhou como consultor nas pesquisas tendentes ao zoneamento da Guiné-Bissau, pela UICN – União Internacional para a conservação da natureza;
• 1991 – 00 – Trabalhou como Consultor da USAID no estudo sobre "Mercado de Castanha de Caju” na Guiné-Bissau;
• 1991 – 93 – Trabalhou como Director Comercial do "Geta-Bissau", na altura a maior empresa privada da Guiné-Bissau;
• 1994 – Passou a desempenhar as funções de comentador político junto à imprensa guineense e internacional, designadamente junto a Rádio Difusão Nacional, Rádio “Pindjiguiti”, Rádio “Bombolom”, Diário de Bissau, (Guiné-Bissau) “RDP-África” (Portugal), Rádio Renascença Internacional (Portugal), RTP África (Portugal), Voz de América, Rádio das Nações Unidas e BBC;
• 1994 – 96 – Desempenhou na Guiné-Bissau as funções de Director do mensário "Baguera";
• 1994 – 95 – Trabalhou na Guiné-Bissau como consultor da Radda Barnen (ONG sueca) na elaboração do estudo sobre "A situação das crianças fulas, mandingas, balantas e papel";
• 1994 – 96 – Trabalhou como Coordenador de Projectos da AMIC – Associação dos amigos da Criança: associativismo; jardins-de-infância; Infra-estruturas escolares e sociais; monitorização acções comunitárias de desenvolvimento (educação saúde e actividades produtivas); seguimento E avaliação de Projectos.
• 1994 – 96 – Trabalhou como consultor da UNICEF e da Radda Barnen, dirigindo várias acções de formação de formadores em Bissau e no interior do país, em matéria de organização comunitária, gestão participativa e Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças;
• 1994 – 96 – Trabalhou na Avaliação do Programa trienal da UNICEF-BISSAU;
• 1995 – 97 – Desempenhou as funções de Director da Revista "Tcholoná", única Revista Cultural então existente na Guiné-Bissau;
• 1995 – 97 – Trabalhou como Coordenador de Projectos da Liga Guineense dos Direitos Humanos;
• 1996 – 00 – Trabalhou como consultor da PLAN INTERNATIONAL no âmbito da Planificação Estratégica e Programação do novo ciclo de acções e Projectos dessa ONG internacional;
• 1996– 00 – Trabalhou em Bordéus e Paris como consultor da Editora Nathan e École International de Bordeaux na elaboração, como co-autor, do livro Anthologie Littéraire de l' Afrique de l' Ouest;
• 1996 – 00 – Trabalhou como consultor da UNICEF no exercício de Planificação Estratégica por objectivos e Programação do um novo ciclo de acções e Projectos;
• 1996 – 00 – Trabalhou na Guiné-Bissau como consultor na Planificação Estratégica por objectivos para o FNUAP, onde teve responsabilidades pelo sector "Advocacy/Plaidoyer";
• 1996 – 00 – Trabalhou como professor de Literaturas Africanas de expressão portuguesa na Escola Normal Superior “Tchico Té” em Bissau;
• 1997 – 2000 – Desempenhou as funções de Vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos;
• 1997 – 00 – Produção, realização e apresentação de inúmeros programas radiofónicos de interesse público e pesquisa histórica: Rádio Difusão Nacional da Guiné-Bissau e “Rádio “Pindjiguiti”;
• 1997- 00 - Trabalhou como consultor da Plan International/Bissau na Avaliação do Programa Nacional “O Sistema de apadrinhamento de crianças da Guiné-Bissau”;
• 1997 – 1998 – Trabalhou como consultor da UNESCO, desempenhando as funções de Investigador do SPHAC (Projecto de Salvaguarda do Património Histórico da África Contemporânea): os casos da luta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, com sede na cidade da Praia, Cabo Verde;
• 1998 – 00 – Trabalhou como consultor da Amnistia Internacional em Moçambique (Maputo, Beira, Nampula, Nacala e Nacala-Porto) e Joanesburgo (África do Sul), na elaboração do relatório de 1998 sobre os direitos Humanos em Moçambique e na África do Sul;
• 1999 – Após o conflito armado de 1998 na Guiné-Bissau, trabalhou na área de Projectos como consultor contratado da AMIC (Associação dos Amigos da Criança) e da L.G.D.H (Liga Guineense dos Direitos Humanos);
• 1999 – 2001 – Assumiu as funções de Coordenador do Projecto SPHAC da UNESCO (Projecto de Salvaguarda do Património Histórico da África Contemporânea), de que resultou a elaboração do livro Uma Luta, Um Partido, Dois países, de Aristides Pereira, ex-Presidente da República de Cabo Verde;
• 2001 – 2005 – Prelector de várias conferências, seminários e colóquios na Guiné-Bissau, Portugal, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Senegal, Guiné-Conakry, Angola, Brasil, Moçambique, Togo, Nigéria, Costa de Marfim e outros países;
• 2005 – 2006 – Consultor contratado da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) onde realizou um inventário critico (comentado) do espólio documental, bibliográfico e arquivístico;
• 2005 – 2006 – Participação na Guiné-Bissau no Exercício de Avaliação do Projecto “Compreender e ajudar as crianças Talibés”, projecto desenvolvido em parceria pela AMIC (Associação dos Amigos da Criança e a PLAN INTERNACIONAL
• . 2008 – Professor convidado de História Contemporânea de África no Curso de verão da Universidade em Cambrilis, promovido pela Universidade Rovira i Virgili, Tarragona, Espanha;
• 2008 – Arguente principal nas provas de dissertação da tese de mestrado de Antero Monteiro Fernandes, intitulado “Guiné e Cabo Verde: da Unidade à separação”, defendida em Abril de 2008 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto;
• 2008 – 2010 – Chefe de Departamento de História da Universidade de Cabo Verde
• 2010 – 2011 – Presidente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Cabo Verde.

• É actualmente:

- Director Executivo do Instituto “Amílcar Cabral” de História Contemporânea, Estudos Estratégicos e Internacionais (em constituição na Guiné-Bissau);
- Investigador Auxiliar do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (Portugal);
-Professor Convidado da Faculdade de Jornalismo da Universidade do Porto;
- Secretário Executivo da Guineáspora – Fórum Mundial de Guineenses na Diáspora, desde 2003 (com sede em Lisboa);
- Membro do Management Committee do ADF (Africain Democracy Forum), desde 2003 (com sede no Quénia);
- É desde Outubro de 2005 consultor da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) em Lisboa, Portugal;
- É desde 2007 colaborador da ONG guineense AD (Acção para o Desenvolvimento) no Projecto de resgate da memória história de Guiledje/guerra colonial/guerra de libertação nacional.
- Investigador de Pós-Doutoramento em História Contemporânea junto ao CES (Centro de Estudos Sociais) da Universidade de Coimbra.

5. TRABALHOS PUBLICADOS/ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIAS

• 1976 – 1981 – Autor de inúmeros artigos na extinta revista do Ministério da Educação Nacional da Guiné-Bissau;
• 1976 – 1981 – Autor de vários artigos e textos de análise e crítica literária publicados no trissemanário "Nô Pintcha” da Guiné-Bissau;
• 1981 – 1989 – Autor de vários estudos sobre a comunidade africana em Portugal dispersos em jornais e revistas de especialidade (extinto jornal “África” e Angolê Artes & Letras”);
• 1986 – Autor da monografia "A Literatura Colonial Portuguesa – 1850 aos nossos dias", apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, Universidade Clássica;
• 1986 – 1989 – Autor de inúmeros estudos literários publicados na Revista "Ler", Lisboa;
• 1989 – 1991 – Autor de vários estudos publicados sobre a Literatura Colonial Guineense, publicados na Revista “Soronda”, do INEP;
• 1989 – 1991 – Autor de várias monografias de índole histórico-sociológica sobre a Guiné-Bissau, publicadas na Revista “Soronda” do INEP;
• 1990 – Co-autor do livro Bolama – Caminho Longe, INEP, Bissau, 1990;
• Auto do estudo “A literatura colonial Guineense”, In: Soranda: Revista de Estudos Guineenses, Nº 9 (Jan. 1990), p. 73- 93, INEP, Bissau;
• 1991 – 1994 – Assíduo articulista do jornal "Baguera", Bissau;
• 1994 – “A escola de Domingas Samy” : entre a expectativa e a esperança”, publicado na Revista Tcholoná”, n. 2-3, p 40-42.
• 1995 – “Negritude no mundo afro-português”, In: Tcholona. - n. 4 (1995), p 4-6, 1995. Bissau;
• 1996 – 1998 – Autor de vários Relatórios da L.G.D.G. (Liga Guineense dos Direitos Humanos) sobre a situação dos Direitos Humanos na Guiné-Bissau e nos PALOP;
• 1996 – Co-autor da Antologie Littéraire de L’Afrique de l' Oest, Nathan, Paris, 1996;
• 1996 – 2001 – Assíduo articulista do jornal Diário de Bissau;
• 1997 – Co-autor do livro, Bolama, Caminho Longe – Entre a cobiça dos homens e a Esperança, INEP;
• 1989 – 1991 – Assíduo articulista do jornal "Correio de Bissau";
• 1989 – 2001 – Autor de inúmeros prefácios de obras literárias alusivas à Guiné-Bissau: “Eco do Pranto”, colectânea de poemas dedicados a criança em “Contos de N`Nori”, de Carlos Edmilson M. Vieira, 2000; e “Stera di Thur”, de Rui Jorge, 2001;
• 1991 – 2007 – Colaborador de revistas e jornais publicados em Portugal: “Lusófono” e “África Lusófona”, “Público”, “Diário de Notícias” e Revista Cientifica Studia Africana (Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto);
• 1998 – Autor do Estudo sobre a situação social das crianças na Guiné-Bissau”, UNICEF, Bissau;
• 2000 – Autor de vários Relatórios Anuais sobre a situação dos Direitos Humanos na Guiné-Bissau;
• 2002 – “Da embriologia nacionalista à guerra de libertação na Guiné-Bissau”, publicada na Revista “Soronda”, INEP, Guiné-Bissau;
• 2003 – “Simbólica de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau”, Estudo publicado na Revista “Soronda”, INEP, Guiné-Bissau;
• 2004 – “Guiné: Gadamael, Guidadje e Guiledje”, Estudo publicada na Revista “Soronda”, INEP, Guiné-Bissau;
• 2005 – Co-autor do livro Cabral no cruzamento de épocas – Comunicações e discursos produzidos no II Simpósio Internacional Amílcar Cabral, Fundação Amílcar Cabral, Alfa comunicações, Praia, Cabo Verde, 2005.
• 2006 – “30 anos de independência da Guiné-Bissau”, Estudo publicado na Revista Africana Studia, Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, 2006.
• 2008 – “Génese e evolução do sentido estratégico-táctico do Corredor de Guiledje no contexto da luta de libertação da Guiné-Bissau”, Comunicação apresentada ao Simpósio Internacional de Guiledje, Bissau, 1 ao 8 de Março de 2008.
• 2008 – No prelo (a sair em breve), Guerra Colonial versus guerra de libertação: o caso da Guiné-Bissau”, Edições do IPAD, Lisboa.
• 2008 – No prelo, Guineidade e Africanidade” – Estudos, Ensaios, Crónicas e Outros Textos, Praia/Lisboa.
• Organizador em 2007 do Simpósio Internacional sobre Guiledje, Bissau, Guiné-Bissau, o qual juntou ex-combatentes do Exército colonial e do Exército de Libertação, para além de intelectuais e estudiosos sobre a temática;
• Organizador do Simpósio Internacional “Cidade Velha e a Cultura Afro-Mundo: o futuro do passado”que reuniu mais de 6 dezenas de especialistas da História do Mundo Atlântico, da Escravatura e da História Moderna de Universidades africanas (Universidade de Cabo Verde incluído), Brasil e Caraíbas, da Madeira e dos Açores, da Grã-Bretanha, da Bélgica e da França.

6. LÍNGUAS

. Crioulo da Guiné-Bissau e Cabo-Verde – Fala e escreve Muito Bem;
. Português – Fala e escreve Muito Bem;
. Francês – Fala e escreve Bem;
. Inglês – Fala, lê e escreve razoavelmente Bem;
. Espanhol – Fala, lê e escreve razoavelmente Bem
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9356: Agenda cultural (181): Laboratório das Artes, Guimarães: Exposição sobre a guerra de África, de 20/1 a 25/2/2012: Convite do autor, Manuel Botelho