sexta-feira, 16 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9613: Notas de leitura (342): O Boletim Geral do Ultramar (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 13 de Fevereiro de 2012:

Queridos amigos,
Mais algumas anotações sobre a versão edulcorada de uma guerra exclusivamente ditada por gente que atacava e que prontamente retirava, obrigando as Forças Armadas a um policiamento incessante. Não sendo prodigiosa estas técnicas de ocultação, a verdade é que não era possível dimensionar o ecrã da guerra, quais os efetivos, as dificuldades e, sobretudo, onde estava o inimigo e qual a sua massa específica. Muitas vezes, era pelas notas oficiosas que se ficava a saber que o conflito se estendia para lá das fronteiras. Mas a neblina informativa estava bem montada, entre “nós” e os “outros” a distância podia ser enorme ou uma pura ficção.

Um abraço do
Mário


A guerra da Guiné no Boletim Geral do Ultramar (3)

Beja Santos

Não é de mais insistir que o Boletim publicado pela Agência-Geral do Ultramar* não é fonte de surpresas e achados sobre a evolução da guerra da Guiné. O Boletim era uma publicação oficiosa, veiculava os discursos dos governantes, noticiava eventos, encerrava doutrinação ideológica, havia recensão de obras e muita informação, até mesmo notas de ministérios. É, no entanto, um bom barómetro para se aferir o que o regime pretendia transmitir como corrente de pensamento: não existia guerra, existia uma agressão do exterior; as ações combativas tinham um termo eufemístico, eram policiamento contra um terrorismo que ameaçava populações; é deliberadamente esbatida a fronteira entre o político e o militar, quando um ministro visita uma povoação é recebido em delírio, vitorioso, aparecem sempre ali uns militares, há umas reuniões misturadas com inaugurações, etc. E durante anos deu-se uma imagem de brandos costumes e de uma enorme tenacidade a expulsar bandoleiros que acidentalmente voltavam como num movimento de eterno retorno.

Entra-se agora no ano de 1967. Estamos em Fevereiro, e chega a Bissau o ministro da Defesa Nacional, General Gomes de Araújo. Endereça uma saudação aos guineenses: “Nesta hora de luta imposta do exterior”. E tece um elogio: “As Forças Armadas e todos os que com ela colaboram nesta missão sagrada têm-na cumprido brilhantemente”. O ministro, surpreendentemente, não se confina às viagens da praxe: visita o Leste, incluindo Madina do Boé e Beli; almoça em Bambadinca e segue depois para Jabadá; no dia seguinte deslocou-se a Tite, Bedanda e Bolama. Depois, a 15, no percurso para Mansabá e Farim, “teve ocasião de sobrevoar diversas obras em curso”. Presumivelmente por meios aéreos, visitou Guidage, Ingoré, Ingorezinho e S. Domingos. A 16, esteve em Cutia, Mansoa, Biambe, Bula “onde assistiu ao regresso de elementos que recorriam de uma ação e ouviu um relato sobre a situação. Chegou a Lisboa a 20, onde discursou: posso transmitir ao país que o moral das tropas é extremamente elevado e que a consciência da missão é perfeita e que o espírito de determinação é invulgar”. E deixa bem claro: "na Guiné não houve nem há insurreição, nem sublevação. As populações, sempre que atacadas pelos terroristas, acolhem-se ao abrigo das Forças Armadas”. Nesse mesmo mês é conferida posse ao novo secretário-geral da província da Guiné, Dr. José Manuel Marques Palmeirim.

Em Abril, graças à TAP que instituíra o Prémio Governador da Guiné, estão de férias na Metrópole o Alferes de 2.ª Linha Samba Ganha Baldé, régulo de Joladu, o Guarda de Polícia Administrativa Calilo Sibedé e o Marinheiro Fuzileiro Especial Amândio Rodrigues Coelho. Em 19 de Maio, Salazar recebe os desportistas do Ténis Clube de Bissau que vieram jogar para a Taça de Portugal. Os jornalistas logo apontam a vontade indómita dos guineenses superarem com serenidade a fúria destruidora dos terroristas a Sul do estrangeiro.

Em Junho, são contemplados com o Prémio Governador da Guiné o Soldado Manuel Aires da Costa, o Guia Auxiliar Chefe Malan Djassi e o Caçador Aleu Mari.

Em Julho, o Governador Schulz veio a Lisboa e discursa: “O inimigo tem sido batido e tem sofrido pesadas baixas humanas e em material em todas as zonas da Província onde aparece. Enquanto o inimigo persistir nos seus traiçoeiros e cobardes ataques às populações, que de forma alguma querem esta guerra, nós ali estaremos para o bater, até que definitivamente seja expulso e nenhum resto nas terras da Guiné”. Fica-se também a saber que o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa vai promover a realização do Concurso Científico e Literário, contemplando ciências exatas (Prémio Honório Barreto), ciências especulativas (Prémio Edmundo Correia Lopes) e literatura (Prémio Sena Barcelos).

Em Setembro desse ano, temos uma nova nota oficiosa do Ministério dos Negócios Estrangeiros por causa da violação da fronteira senegalesa. Mais uma vez, é tudo um embuste, um delírio de gente maldosa. A explicação é bem simples: “Na noite de 5 para 6 de Agosto último alguns elementos terroristas, vindos de território senegalês, atravessaram a fronteira com a província portuguesa da Guiné e atacaram a povoação de Cossolol Catetia. Neste ataque, os terroristas utilizaram morteiros, metralhadoras pesadas e pistolas-metralhadoras. A população reagiu em legítima defesa. As Forças Armadas Portuguesas, em consonância com as suas instruções permanentes, não ultrapassaram os limites do território nacional".

E assim chegamos a 1968. Logo no primeiro número, Amândio César escreve sobre o Natal na poesia portuguesa e quanto à Guiné ilustra com um poeta combatente, Armor Pires Mota e este seu poema:

Natal nos corpos caídos,
Varados pela metralha:
Jovens de olhos turvos de sangue
E angústia de metralha.

Natal nos olhos vencidos
Dos homens que fogem as ruas
As esquinas e as luas
Com medo da sua sombra.

Natal na selva entre pássaros e serpentes,
(O Menino gosta de meninos negros,
Mas nem sabem que Ele existe!).

Natal para as crianças nuas,
De mãos sujas de brincar,
Brincando nas mãos e nos olhos
Um sonho triste.

Natal nos corpos caídos,
Varados pela metralha:
Jovens de olhos turvos de sangue
E angústia de mortalha.

Natal de granadas no seio
E morte nas mãos acesas,
Não Natal!

O Almirante Thomaz visitou em Fevereiro a Guiné, viajou a bordo do paquete “Funchal”. De acordo com o boletim, a comunidade islâmica trata o presidente da República como o emir de todos os portugueses. Um fula desabafa para um jornalista: “Se os portugueses se fossem embora, ainda tínhamos de continuar a guerra, até acabar com o último fula: isto é o que afirmam os terroristas”.

Em 28 de Março, temos uma nota do Ministério da Defesa Nacional a propósito de uma avioneta, que, devido a uma avaria, tinha aterrado em Aldeia Formosa, tratava-se de um bimotor de fabrico russo com matrícula da República da Guiné, transportava seis passageiros, todos de nacionalidade maliana, pertenciam à delegação da República do Mali à conferência dos estados confinantes com o rio do Senegal. A nota é intimidatória: “Em mais de uma ocasião alguns grupos de terroristas, baseados na República da Guiné capturaram em território da província cinco militares portugueses, entre os quais o 1.º Sargento António de Sousa Lobato, e levaram-nos para aquele país onde os têm conservado num regime que se tem de classificar de cárcere privado. O governo português determinou o internamento do referido avião e dos tripulantes, e declara que estes só serão entregues quando forem libertados os cinco militares portugueses”.

Em Abril, na maior das discrições, Arnaldo Schulz termina a sua comissão de 4 anos. Salazar vai nomear o novo Governador e Comandante-Chefe, alguém que traz uma áurea de prestígio de Angola.
A era de Spínola vai começar.

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9468: Notas de leitura (331): O Boletim Geral do Ultramar (2) (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 12 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9598: Notas de leitura (341): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (5) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9612: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (5): Lista de oficiais CEM do QG do CTIG (Luís Gonçalves Vaz)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Foto nº 5

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... 

Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008), no último dia do evento. Na foto nº 1, o Coronel de Cavalaria do Exército Português, Carlos Matos Gomes, na situação de reforma, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra como Nó Cego, Soldadó ou Fala-me de África (que assina sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz)... É também um conhecido historiógrafo da guerra do ultramar / guerra colonial, co-autor, juntamente com Aniceto Afonso, de diversas publicações.

Na foto nº 2, Matos Gomes está junto do catalão Josep Sánchez Cervelló, professor universitário, em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa... Por detrás, vê-se o edifício, em ruína, da antiga (se não me engano)  2ª Rep do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. 

Na foto, por detrás do Matos Gomes, vê-se o edifício, em ruína, da antiga 2ª Rep (salvo erro) do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes...


Nas fotos nºs 3 e 4, vemos o Matos Gomes a servir de cicerone ao Paulo Santiago e a mim próprio. Entre os edifícios históricos, há o do antigo Com-Chefe (foto nº5). Foi aí que um grupo de conspiradores entrou de rompante no gabinete do Com-Chefe, e deu voz de prisão ao General Bettencourt Rodrigues, na manhã de  26 de Aril de 1974, o chamado golpe de Estado do MFA na Guiné. Portanto, foi na Amura e não no palácio do Governador que tudo aconteceu...

Desse grupo de oficiais revoltosos faziam parte Ten Cor Mateus da Silva (Eng Trms) (*), Ten Cor Maia e Costa (Eng), Maj Folques (Cmd), Maj Mensurado (Pára), Cap Simões da Silva (Art), Cap Sales Golias (Eng Trms), Cap Matos Gomes (Cmd), Cap Batista da Silva (Cmd), Cap Saiegh (Cmd Africanos), Cap Ten Pessoa Brandão (Armada ) e Cap Mil José Manuel Barroso.

Matos Gomes, na altura capitão do Batalhão de Comandos da Guiné, foi um dos protagonistas do 25 de Abril neste palco da história recente dos nossos dois países.. Voltou lá, à Amura,  34 anos depois...

Hoje, na Amura, repousam os restos mortais de Amílcar Cabral e de outros combatentes da liberdade da pátria, como Osvaldo Vieira, Domingos Ramos, Tina Silá, Pansau Na Isna, 'Nino' Vieira, etc. (LG).


Fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.




1. Mensagem do nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, com data de hoje:


 Data: 15 de Março de 2012 15:03
Assunto: Lista de Oficiais do QG do CTIG

Olá,  Luís:


Conforme solicitaste, aí vai a lista de oficiais do QG, a saber:


Em  1973/74, eram estes os oficiais do QG (O meu pai, o ten cor Ventura e o major Cabrinha, sei que estiveram até ao fim de 74):

Chefe do Estado-Maior - Coronel do CEM, Henrique Gonçalves Vaz

Chefe da 1ª Repartição - Tenente-coronel do CEM Cunha Ventura

Chefe da 2ª/3ª Repartição - Major do CEM Cabrinha (foi este oficial que representou o meu pai, CEM/CTIG e CCFAG na altura, na cerimónia de transmissão de soberania em 9 de Setembro, em Mansoa) [, cerimónia onde esteve também em destaque o nosso co-editor, o ex-Fur Mil Op Esp / Ranger Eduardo Magalhães Ribeiro]

Chefe da 4ª Repartição - Tenente-coronel do CEM Morgado

Chefe de Serviço de Transportes - Tenente-coronel de Infantaria Monsanto Fonseca

[Notas do LGV: (i) CEM - Corpo do Estado Maior (oficiais com o curso complementar de Estado Maior no Instituto de Altos Estudos Militares);  (ii) recorde-se, por outro lado, que em 17 de Agosto de 1974 foi  oficialmente criado o QG unificado para o CC (Comando Chefe) e CTIG . Assim, a 2ª Rep, por exemplo, passou a designar-se 2ª Rep do CC/FAG, ou seja, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]...

Abraço

Luís Beleza Vaz
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Nota do editor:


Último poste  da série > 13 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9602: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (4): Documentação referente a negociações entre Portugal e o PAIGC com vista à desmobilização das tropas africanas que combateram por Portugal (Carlos Filipe)

(*) Vd. aqui excerto das declarações do Gen Mateus da Silva, no âmbito do seu depoimento sobre a  descolonização (Estudos Gerais da Arrábida, painel dedicado à Guiné, 29 de agosto de 1995):

(...)  No dia 26 de Abril, logo de manhã, nós, este grupo que estava mais ligado, reunimo-nos no Batalhão de Pára-quedistas, em Bissau, às 8.30h, a discutir o que havíamos de fazer. E foi nessa reunião que decidimos intervir e, digamos, fazer aquilo a que eu chamo um golpe militar em Bissau, que na altura não teria esta percepção, mas, a posteriori, considero que de facto foi um golpe militar. (...)

(...) Às 9h (era feriado municipal em Bissau), fomos ao gabinete do comandante-naval, comodoro Almeida Brandão, convidá-lo a ser o nosso futuro comandante-chefe. Também tem piada porque, antes de destituirmos o governador, já estávamos a convidar o futuro
comandante-chefe. O comodoro hesitou um bocado e disse que não podia aceitar. Nós até queríamos que ele também fosse logo connosco ao gabinete do Bettencourt Rodrigues. Recusou-se mas acabou por dizer que aceitava ser comandante-chefe. Em seguida, ainda passámos pelo Palácio do Governador mas ele não estava, estava no comando-chefe na Amura. Fomos então à Amura. Na altura, houve uma companhia da polícia militar que cercou o comando-chefe, e também havia tropas pára-quedistas nossas que estavam ali à volta.

Entrámos de rompante no gabinete do general Bettencourt Rodrigues, o ajudante meteu-se à frente e levou um pinhão que voou por ali adentro… A porta abriu-se de escantilhão e nós entrámos. Agora imaginem, do ponto de vista do general comandante-chefe, que vê um grupo aí de doze oficiais, entrarem-lhe assim pelo gabinete… Ele ficou logo desequilibrado psicologicamente.


(...) O general Bettencourt Rodrigues perguntou se estava preso, e este também é um aspecto que acho muito interessante. É evidente que ele estava pelo menos bastante coagido, mas eu disse: «Não, o meu general não está preso, simplesmente vai ao palácio, faz as suas malas e embarca hoje no avião para Lisboa.» E foi o que ele fez, mas muito civilizadamente. (...)

Guiné 63/74 – P9611: Convívios (402): II Encontro do pessoal que passou por Bedanda, dia 26 de Maio de 2012 na região da Bairrada (António Teixeira)



2.º ENCONTRO DE BEDANDENSES 
DIA 26 DE MAIO DE 2012
REGIÃO DA BAIRRADA


Mensagem do nosso camarada António Teixeira, ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda, 1971/73 dirigida a todos os "bedandenses":

O nosso 2.º Encontro está já com data marcada. Será a 26 de Maio.

Quanto ao local (muito provavelmente vamos ao leitão da Bairrada, como no ano passado), será confirmado em breve.

Se por acaso aparecer por aqui algum BEDANDENSE que não tenha sido contactado, por favor que entre em contacto comigo.

Grande abraço
António Teixeira
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Vd. último poste da série de 14 de Março de 2012 > Guiné 63/74 – P9605: Convívios (322): 17º Encontro do Pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), no passado dia 3, em Cantanhede, com a presença de conhecidos tabanqueiros: para além de mim, o Luís Nabais, o Ernestino Caniço, o César Dias e o Luís Camões (Jorge Picado)

Guiné 63/74 - P9610: O Nosso Livro de Visitas (130): Ex-Cap Inf Diamantino Ribeiro André, comandante da CCAÇ 2406 (Olossato e Saltinho, 1968/70), e ex-presidente da CM de Proença-a-Nova, ouviu-nos na rádio e quer ir ao nosso VII Encontro Nacional, em 21 de Abril próximo


Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852, 1968/70) > Saltinho > CCAÇ 2406 (Os Tigres do Saltinho, 1968/70) > Foto provavelmente do 2º semestre de 1969, por ocasião de coluna logística Bambadinca - Saltinho. Na foto, o Arlindo Roda, Fur Mil da CCAÇ 12 (1969/71)

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados


1. Telefonou há dias, ao nosso editor Luís Graça, o antigo Comandante da CCAÇ 2406 (Olossato e Saltinho, 1968/70) (*), o ex-Cap Inf Diamantino Ribeiro André, hoje Ten Cor Inf Ref. Tinha ouvido na rádio (no programa matinal Emoções, do João Paulo Diniz, na Antena 1, sábado passado) o anúncio de um grande encontro da malta da Guiné... Queria referir-se ao  nosso VII Encontro Nacional, a realizar no próximo dia 21 de Abril, em Monte Real.

O motivo do contacto telefónico era para se regozijar pela iniciativa (a de juntar os camaradas e amigos da Guiné) e para mandar a sua inscrição, juntamente com a da esposa.

O Diamantino Ribeiro André saiu da carreira militar e foi autarca, até há pouco tempo, tendo sido durante largos anos presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco. Vive em Sobreira Formosa, vila e freguesia de Proença-a-Nova. Continua a ir aos convívios anuais da sua antiga companhia, a CCAÇ 2406.

Não conhecia o nosso blogue, mas o Luís Graça aproveitou a ocasião para o convidar a dar uma vista de olhos e a ingressar na nossa Tabanca Grande. O nosso camarada pertencia ao BCAÇ 2852, ao qual estava adida a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, a Companhia africana do nosso editor, e que foi algumas vezes ao Saltinho em colunas logísticas, ainda no tempo do Capitão Diamantino Ribeiro André.

Da CCAÇ 2406, Tigres do Saltinho (1968/70), faz parte da nossa Tabanca Grande, desde agosto de 2009, o António Dias (Adolfo,  para os amigos), ex-Alf Mil, a quem esperamos ver, finalmente, no nosso encontro de Monte Real, este ano.

Também há tempos fomos contactados pelo António Pádua, que não chegou a responder ao nosso convite para ingressar na Tabanca Grande, nem a mandar as fotografias da CCAÇ 2406 que queria partilhar connosco. Mandou-nos as boas festas este ano. Sabemos que vive em Ovar, e está ligado ao Externato e Escolinha de São Miguel (**).
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Notas dos editores:

(*) Recorde-se alguns dados sobre esta subunidade orgânica do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

A CCAÇ 2406 foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2 – Abrantes; embarcou em 24jul68; desembarcou em 30jul68; regressou em 28mai70. Divisa: “Sacrifícios não Contamos”.

Em 30jun68 seguiu para o Olossato para treino operacional e intervenção, destacando forças para Banjará e Maqué. Em 20fev69 seguiu para o Saltinho assumindo a responsabilidade do subsetor (que pertencia então Setor L1). Destacou forças para, temporariamente, guarnecerem Xime, Quirafo, Cansamangue e Sibchã Maunde Bucó.

Em 07nov69 passou para o setor L5 (Galomaro), mantendo as suas forças no Saltinho com forças em Cansamangue e Cansongo. A 10mai70 seguiu para Bissau para efectuar o regresso. Comandante: Cap Inf Diamantino Rodrigues André.

Ao mesmo BCaç 2852 (Setor 1, Bambadinca, 1968/70) pertenciam a CCAÇ 2404 (Teixeira Pinto, Binar e Mansambo) e a CCAÇ 2405 (Mansoa, Galomaro, Dulombi).

(**) Vd. Poste de 29 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2995: O Nosso Livro de Visitas (19): António Pádua (CCAÇ 2406, Olossato e Saltinho, 1968/70)

Vd. último poste da série de 15 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9609: O Nosso Livro de Visitas (129): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

Guiné 63/74 - P9609: O Nosso Livro de Visitas (129): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

1. No passado dia 2 de Março chegou até nós uma mensagem do nosso camarada Carlos Pedreño Ferreira, que se intitula "leitor periquito", nos seguintes termos:

Bom dia!
Estou inscrito para ler no meu mail as novas entradas do v/blogue faz pouco tempo.
Estive na Guiné como Furriel de Informações/Operações de OUT71 a AGO73, primeiro ano no COMBIS em Brá e depois na criação do COP8 em NHACRA (FEV72 a AGO73).

Leio com interesse histórico/afectivo os relatos vivenciados pelos que lá estiveram e comparo-os, procuro nas minhas memórias (vividas ou documentais: tinha acesso a toda a documentação classificada) enquadras as suas vivências que marcaram uma geração.

PARABÉNS pela vossa iniciativa que penso única sobre um TO. (não conheço outras sobre outros TOs).

Gostava de poder adquirir o livro do Idálio Reis. É possível ter acesso ao seu mail ou outro contacto?

Um grande abraço
Carlos Pedreño Ferreira


2. Comentário de CV:

Caro camarada Carlos Ferreira, muito obrigado pelo teu contacto.
Julgo que a esta hora já terás recebido notícias do nosso camarada Idálio Reis, quanto ao modo como podes ter o seu livro, mas ficas desde já com a informação de que o mesmo vai ser oficialmente lançado no nosso VII Encontro (dia 21 de Abril em Monte Real) e distribuído gratuitamente a que estiver presente, de acordo com a vontade expressa do seu autor.

Sendo tu um leitor recente do nosso Blogue, como fazes crer, poderás desde já tomar a iniciativa de te juntares à tertúlia, e a teu modo contribuir para o nosso registo de memórias. Terás muita informação, que entretanto está desclassificada, e poderás torná-la publica através da nossa página. Além disso reterás algumas recordações e peripécias que poderás contar, assim como fotos da época.

No caso de resolveres aderir à tertúlia, manda-nos uma foto actual e outra do tempo de Guiné (tipo passe de preferência), uma pequena história ou texto de apresentação e fotos a ilustrar. Quem sabe, um dia, a exemplo do camarada Idálio Reis, possas tu também editar um livro teu.

Aqui fica um abraço da tertúlia e dos editores.
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9592: O Nosso Livro de Visitas (128): José Faia Pires Correia, Cor Art Ref, último comandante do GA7 (Bissau, 1974)

Guiné 63/74 - P9608: Tabanca Grande (325): António Eduardo Jerónimo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873 (Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano António Eduardo Jerónimo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74:

Sou: António Eduardo Jerónimo Ferreira

Natural e residente em Moleanos, aldeia do concelho de Alcobaça onde nasci a 15 de Maio de 1950. Assentei praça no GCTA (Trem Auto) em Lisboa.

Fui mobilizado no RAP 3 Figueira da Foz para a CART 3493/BART 3873, para a Guiné.

Embarquei no dia 24 de Janeiro de 1972, (fui de avião) e regressei com a minha Companhia a 2 de Abril de 1974.

A minha Especialidade era Condutor (o 1.º Cabo Jerónimo)

Locais por onde andei: Mansambo, breves dias de passagem em Fá Mandinga, Cobumba, e por último Bissau, no Combis.

A primeira coisa que fiz mal comecei a mexer no computador ainda que timidamente, (ainda hoje) foi escrever o que foi o meu tempo de Guiné tendo em vista deixar para memória futura. Por essa altura ainda não conhecia o vosso blogue. Tudo que me lembrei escrevi pelo que te envio esse trabalho de onde podes retirar alguns excertos se assim o entenderes. Não será muito o tempo que tens para ver todo o trabalho, verás se, e quando for possível.

Dentro de poucos dias enviarei as fotos para poder (com muito gosto) fazer parte do vosso grupo.


2. comentário de CV:

Caro camarada António Ferreira, para o Blogue, António Eduardo Ferreira, para não confundir com um marcador já existente, António Ferreira, um camarada que morreu em combate na emboscada de Quirafo de má memória, sê bem-vindo à Tabanca Grande.

O trabalho que nos enviaste está bem desenvolvido e irá ser publicado por capítulos. Era óptimo se pudesses enviar algumas fotos para ilustrar as diversas etapas e acontecimentos que relatas Se puderes, envia porque estamos sempre a tempo de as publicar.

Já que estamos a falar de fotografias, não te esqueças das à civil e militar para encimar os teus postes. Se não as tiveres em tipo passe, manda outras em qualquer formato com tamanho suficiente para eu editar.

O trabalho que temos em mão não invalida o envio de outras histórias de que te venhas a recordar. O nosso espólio é essencialmente composto por narrativas de experiências vividas na primeira pessoa e constituirá um manancial de informação para memória futura.

Antes de publicar a primeira parte do teu trabalho, envio-te em nome da tertúlia e dos editores o tradicional abraço de boas-vindas.

Carlos Vinhal

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O TEMPO QUE NINGUÉM QUERIA (1)

Mobilização e partida para a Guiné

Por António Eduardo Ferreira

Depois de doze meses de tropa na Metrópole, era chegada a minha vez de partir para a guerra, a juntar aos doze já passados foram mais vinte seis e alguns dias na Guiné.

Ao iniciar a descrição do meu tempo de Guiné, espero que a minha memória me ajude, pois passados cerca de 38 anos, é quase certo que algumas coisas tenham caído no esquecimento.

Dia 22 de Janeiro de 1972, pela madrugada fui levar a minha esposa ao hospital do Sitio da Nazaré, (ao tempo a maternidade que dava apoio às parturientes da nossa terra) onde poucas horas depois viria a nascer o nosso primeiro filho, o Paulo.

Ao fim da tarde fui à visita, mesmo sabendo não os voltar a ver nos tempos mais próximos… na hora da despedida disse apenas até amanhã! Embora soubesse que na manhã do dia seguinte haveria de tomar o autocarro até Lisboa a fim de embarcar para a Guiné.

E assim aconteceu, cheguei a Lisboa por volta das 14 horas. Apresentei-me no Depósito Geral de Adidos, onde me foi dito que a nossa partida estava prevista para as cinco horas da madrugada. Como não havia transportes rápidos, como acontece agora, nada mais me restava que não fosse passar esse tempo divagando pela cidade de Lisboa, tentando esquecer, esquecer tudo… creio que por momentos cheguei a esquecer-me que existia!

Fui até à rua Gama Barros, onde tinha umas pessoas de família, estive por lá até próximo da meia noite, como a viagem ia ser feita de avião foi-me pedido por um familiar, para levar dois frangos assados para o irmão que estava a prestar serviço no Hospital Militar de Bissau, estava muito frio, (à hora da partida estavam quatro graus em Lisboa), fiz o trajecto da rua Gama Barros até ao quartel na Calçada da Ajuda a pé, levando comigo apenas os frangos que me tinha comprometido a entregar quando chegasse a Bissau. 

Era meia-noite, mais ou menos a meio da avenida João XXI, estava uma porta aberta de onde saiu um cão «pastor alemão» investindo contra mim, não sei se ele teria vontade de me fazer mal, mas o medo que tive foi muito, quando chegava perto de mim eu parava, ele parava também mas não deixava de ladrar, eu começava a andar ele investia de novo, eu já não sabia que fazer, pensei… e a única maneira que via de me ver livre dele talvez fosse dar-lhe os frangos, mas será que a pessoa com quem me havia comprometido a levá-los ia acreditar nesta verdade que cheirava a mentira?... 

Era natural que deixasse dúvidas, mas à medida que me ia afastando da porta de onde o cão tinha saído, ele voltou para casa, para meu grande alívio e os frangos lá chegaram ao destino.

Cerca das cinco horas da manhã embarquei no avião (creio ter sido um DC6) que me levou até Bissau, tendo antes feito escala em Cabo Verde no então aeroporto dos Espargos na ilha do Sal, viajou no mesmo avião uma enfermeira pára-quedista que eu desconhecia existirem, ignorância minha.

Foi para mim o primeiro grande choque de temperaturas, em Lisboa estavam quatro graus, ao chegar a Cabo Verde estavam trinta, o primeiro aviso que a partir dali tudo ia ser diferente, passado uma hora voltamos a voar até Bissau, onde à tardinha aterramos no aeroporto de Bissalanca.

Ao desembarcar foi para mim a confusão total, uma temperatura elevadíssima para quem horas antes partira de um sítio muito frio, ver os nativos das mais variadas etnias trajando de forma impensável para mim, carregados de amuletos, brincos nas orelhas, arames no nariz, nos braços, outros com a cara pintada… coisa por mim nunca antes vista, e a que eu e alguns menos esclarecidos, atribuíamos a povos primitivos (que dizer agora da nossa juventude!?). Quando saímos do aeroporto estavam à nossa espera viaturas militares que nos levaram para o Depósito Geral de Adidos em Brá, onde eu viria a estar cerca de um mês.

Depois de me ter apresentado no quartel, fui levar os frangos que horas antes tivera na iminência de dar ao cão, a cada minuto que passava, a confusão na minha mente era ainda maior… para além da temperatura, os muitos negros que eu não estava habituado a ver, todo aquele movimento militar que eu também não fazia ideia que fosse assim. Viaturas carregadas de homens com o respectivo material de guerra, entrando e saindo da cidade, os helicópteros subindo e descendo junto ao Hospital Militar, soldados por todo lado, uns, prestando serviço em Bissau, outros que vinham de férias para a cidade, outros ainda para a metrópole, e alguns que se encontravam à espera de embarque para regressar ao mato. E os que tinham a comissão cumprida, e esperavam o dia mais desejado… o do regresso à Metrópole.

Durante cerca de um mês estive neste ambiente sem ter qualquer noticia da terra, com a agravante de não saber nada da minha mulher e do meu filho, que tinham ficado na maternidade e eu apenas tinha visto durante alguns minutos. Depois chegou o dia de partir para o mato onde me fui juntar à minha Companhia, que tinha seguido alguns dias antes por via marítima tendo ido tirar a I.A.O (instrução de adaptação operacional) nos subúrbios de Bissau.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9603: Tabanca Grande (324): Alberto Sardinha, ex-Desempanador Auto da CCS/BCAÇ 1877 (Teixeira Pinto e Bafatá, 1966/67)

Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...


1. Resultados da sondagem que correu no nosso blogue, de 8 a 14 de março de 2012... Pergunta: "Com que regularidade ouvias, no teu tempo, o programa de rádio das Forças Armadas, PFA ou PIFAS ?"

Responderam um total de 116 leitores. Naturalmente que os resultados não se podem generalizar... É uma mera consulta de opinião com resultados meramente indicativos ou tendenciais...



Assim, cerca de 2/3 dos respondentes conheciam e ouviam o PFA ou PIFAS: cerca de 39% ouviam-no "todos os quase todos os dias"; os restantes 27% só mais esporadicamente...

O restante terço que não ouvia o PFA ou PIFAS, apresenta as suas razões:

- 6% do pessoal não se interessa por este tipo de programas de rádio;
- 13% não tinham aparelho de rádio ou tinham dificuldade, no mato, em sintonizar o programa;
- Os outros 15% não são do tempo do PIFAS que, ao que sabemos, nasce no tempo do "consulado" de Spínola...

Obrigado a todos os que tiveram a gentileza de responder ao nosso pedido...

2.  Reproduzem-se a seguir alguns mails de camaradas nossos sobre a sondagem:

(i) José Paracana [, ex-alferes miliciano, da Cheret, QG, Bissau, CTIG, 1971/73]




Viva lá, camarada LG!



Posso informar que eu sempre estive no QG, em Bissau. E lembro que ouvia diariamente o Pifas! Uma tarde até estive ao microfone da rádio porque um sr. sargento (cujo nome esqueci), que estava à frente de uma das rubricas da estação, convidava à intervenção. E eu fui falar sobre Coimbra: a dos estudantes e suas praxes académicas. Descrevi as sessões de gozo dos caloiros; dos seus julgamentos (na cabe da Real República dos Kágados), da queima das fitas e sua organização, das Latadas,etc.


Lembro que, fugindo completamente à censura (anos 1961-1966) porque a Pide não actuava antes dos cortejos - empunhei um cartaz onde se escreveu o seguinte: "Em Lisboa há um Te(n)rreiro com 42 buracos/ tachos!" Claro que o visado era o Almirante do bacalhau...


Continuação do bom trabalho e até breve!


Abraço do José Paracana
 
(ii) Antonio Sampaio [, ex-Alf Mil na CCAÇ 15 e Cap Mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:
  
 Amigo, gostava de colaborar, mas com verdade. Não me recordo nada desse programa. Enquanto estive em Mansoa, tinha concerteza possibilidade de o ouvir. Depois em Barro já seria mais episódico. De qualquer maneira nunca fui muito de “telefonia”.


Recordo no entanto um bom amigo que esteve também em Mansoa e depois foi para a Rádio Bissau. Era já locutor na RR  [Rádio Renascença,] cá e conseguiu sair do mato para a cidade lá. Era o Fernando de Sousa (actualmente no internacional da SIC).  Por curiosidade o contacto directo com os tiros, só o teve muito mais tarde em Angola quando fazia uma reportagem no tempo da guerra civil. A coluna em que se deslocava foi atacada quando ele estava a fazer um directo. Um abraço, António Sampaio

(iii) Belmiro Tavares [,ex-Alf Mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66]

Caro Companheiro,

No meu tempo, que eu saiba, não havia PFA... nem PIFAS.

A Rádio Bissau trabalhava poucas horas por dia; havia um programa afamado – discos pedidos. Por mais estranho que pareça o disco – de longe – mais pedido era: “O Tango dos Barbudos”.


Aquele Abraço,
Belmiro Tavares


[Nota do editor: Belmiro, quem não se lembra, nos bailes dos bombeiros das nossas parvónias, de ouvir, em aordeão ou até guitarra elétrica, esse clássicos do tango, o Tango dos Barbudos ? ... Há músicas que levaremos para tumba e para a longa viagem do além, tal como a pensavam os antigos egípcios... Se calhar este tango, ouvido no rádio a pilhas em Binar, é um deles... BAqui tens uma versão instrumental, no You Tube, para matares saudades... E já  agora fica também com esta versão, mais fraquinha, em guitarras elétrica, duns rapazes do teu tempo, 1966... Os Blusões  Negros].


(iv) José Pereira [ex-1.º Cabo Inf, 3.ª CCAÇ e CCAÇ 5, Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68]

 Olá, sou o Zé Pereira, estive na CCAÇ 3 e na CCAÇ  5, na zona de Nova Lamego. Bepois vim para Bissau aguardar embarque e estive a fazer servico no Comando Chefe e no PFA onde estava o João Paulo Diniz, em 68 lembro-me muito bem o chefe era o major Magalhães.


Um abraço, José Pereira
 
[Nota do editor: Zé Pereira, há dias falei com o José Paulo Diniz, ele disse-me que esteve em Bissau, de entre agosto de 1970 e agosto de 1972 (mais ou menos)... Logo não poderá ser do teu tempo. Deves estar a fazer confusão com outro nome. Mas podemos esclarecer isso no nosso próximo encontro, em Monte Real, no dia 21 de abril... Ele vai lá estar. E tu ? Um abraço].


(v) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74):

Meu Caro Camarada Carlos Vinhal,

No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau !

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19H30 às 23H00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

Um abraço de amizade do camarigo,
Ricardo Figueiredo
Fur Mil At Art da 2ªCart/Bart 6523
Cabuca-Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9589: O PIFAS, de saudosa memória (8): "Emoções", programa de música, Antena 1, sábado, 10 de março, das 5 às 7h da manhã: ouvir a voz do João Paulo Diniz, 40 anos depois...

Guiné 63/74 - P9606: Parabéns a você (392): António Batista, ex-Sold At da CCAÇ 3490 / BART 3872, prisioneiro do PAIGG (Guiné, 1972/74)



Sobre o António Batista, ver mais postes aqui.

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Nota do editor:

quarta-feira, 14 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9605: Convívios (401): 17º Encontro do Pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), no passado dia 3, em Cantanhede, com a presença de conhecidos tabanqueiros: para além de mim, o Luís Nabais, o Ernestino Caniço, o César Dias e o Luís Camões (Jorge Picado)

Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 7 de Março de 2012:


Caro Carlos
Envio-te um pequeno apontamento relativo ao "Encontro do Pessoal do BCaç 2885", para conhecimento e divulgação na Tabanca Grande.
Ao mesmo tempo aproveito para me inscrever no almoço de Monte Real.


Abraços
Jorge Picado


17.º ENCONTRO DO PESSOAL DO BCAÇ 2885
(Mansoa, 1969/71)

Este novo Encontro decorreu no passado sábado, dia 3 de Março.  no Restaurante Pingão, sito na Quinta do mesmo nome em Ançã, terra do concelho de Cantanhede.








Depois de um longo período invernoso sem ponta de chuva, eis que este dia se apresentou nubloso e chuvoso, obrigando os numerosos “jovens” e seus familiares a recolherem mais cedo ao interior do vasto salão, privando-os de maior tempo de convívio ao ar livre. Mas como o ditado diz “Bodas (festejos) molhadas por longos anos festejadas”, pode ser um bom sinal de que estes Encontros ainda tenham uma longa duração.


O mais veterano deste “Agrupamento” continuou a ser o ex-Cap Inf Fernando do Amaral Campos Sarmento, que era o Cmdt da CCaç 2588 e, dos conhecidos desta Tabanca, há a registar, além deste “escriba”, a presença do Luís Nabais (CCS), do Ernestíno Caniço (que era o Cmdt do Pel Rec Daimler 2208), do César Dias (CCS) e do Luís Camões (CCaç 2589).


Confraternizou-se, trocaram-se lembranças mais agradáveis, recordaram-se passagens mais amargas e homenagearam-se os que partiram, guardando-se um respeitoso minuto de silêncio.


Junto fotografias do encontro:



A “representação” da CCaç 2589, na qual identifico: de pé, começando da esquerda, Rufino Correia; Fernando Cabrita; António Ramos; Jorge Picado; Adelino Machado; Cunha; Carlos Costa; Jorge Cabrita; Moreira; Armando Alves; José Brogegas; Francisco Ramos; Mário Ramos; Martins (creio que o ultimo “pira” da unidade); José Torres; de joelhos, Pinto; Victor Vieira; “Avintes”; Luís Camões; Monteiro; João Ferreira e Amândio Aires.



Carlos Costa o 1.º Cabo condutor do “meu” jeep, oferecendo-me alguns exemplares das suas fotografias dessa época, também a serem observadas pelo Armando Alves que foi Sold At.



Nesta, rindo-me duma piada que o Moisir Pires, ex-Alf. Mil Mec., disse quando cumprimentava o José Brogegas, ex-Sold At, que sem nunca ter visto fazer pão, foi transformado em padeiro no Destacamento de Infandre.



Três dos “Tabanqueiros” presentes, antes do aparecimento da chuva, já “esbranquiçados e um tanto descapotáveis”, mas ainda prontos para “dar ao dente”: da esquerda para a direita, Luis Nabais,  Ernestino Caniço e Jorge Picado.


E por hoje é tudo.


Se no próximo ano formos vivos, a saúde permitir e a troika deixar, lá estaremos novamente, em qualquer local, para celebrarmos mais um aniversário.


Abraços para todos os camarigos.
Jorge Picado

Texto e fotos: © Jorge Picado  (2012). Todos os direitos reservados.
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Notas de CV:


(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9197: In Memoriam (99): Homenagem aos combatentes mortos em todas as guerras em que as FAP estiveram envolvidas (Jorge Picado)


Vd. último poste da série de 9 de Março de 2012 > Guiné 63/74 – P9588: Convívios (321): Pessoal da CCS/BCAÇ 1861, dia 21 de Abril de 2012 em Ansião - Leiria (Júlio César)

terça-feira, 13 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9604: O Nosso Blogue em Números (30): Pela primeira vez Cabo Verde está no "top ten" dos países que...nos visitam

Gáfico: Nº de visitas ("page views) ao nosso blogue, de 7 a 12 de março de 2012... A linha a vermelha indica a tendência do período...




1. Segundo o nosso contador (que é free, de borla), o Bravenet Free Counter, ontem, 2ª feira, 12 de março de 2012,  batemos mais um pequeno recorde: foi o dia em tivemos mais visitas, em oito anos de existência,  mais exatamente 4786 "page views"... Eis aqui o apanhado dos seis dias: Total=23880. Média diária: 3980

Mon, March 12, 2012 > 4,786
Sun, March 11, 2012  > 3,655
Sat, March 10, 2012   > 3,429
Fri, March 09, 2012   > 4,036
Thu, March 08, 2012  > 3,600
Wed, March 07, 2012 > 4,374

O nosso melhor dia da semana continua a ser a segunda feira (15,6% do total das visitas), seguido da terça (15,1%)... Os dois piores dias são o sábado (11,9%) e o domingo (13,1%)... As nossas duas horas (o "pico da audiância) é das 14/15h e das 15/16h: com 8,2% e 7,7% do total das visitas, respetivamente... As piores horas correspondem ao período que vai das 21h às 24h: menos de 1,8% do total...
 
Considerando apenas os dois primeiros meses deste ano, e ainda segundo as contas do Bravenet, tivemos cerca de 210 mil visitas...

Até ao final de dezembro de 2011: 3158400.
Janeiro de 2012: c. 110 mil.
Fevereiro: c. 100 mil.
Início de Março: 3368400.
Hoje, 13 de março, às 22h25: 3418890

Atingiremos os 3 milhões e meio de visitas no início do próximo mês de abril. Recorde-se que ultrapassámos os 3 milhões de visitas na 1ª quinzena de novembro de 2011. Os 2 milhões de visitas tinham sido atingidos em meados de setembro de 2010.

Já na segunda quinzena de novembro tínhamos mudado  o visual do nosso blogue. No dia 28, 2ª feira, desse mês utrapassámos, pela primeira vez, em quase oito anos de vida do blogue, a fasquia das 4 mil visitas num só dia… O que em parte é explicado pela nova interface do Blogger (o nosso servidor) que tem outras funcionalidades tais como a possibilidade de partilha dos nossos postes com a(s) nossa(s) página(s) no Facebook, nomeadamente a Tabanca Grande_Luís Graça_Guiné.

O número de membros inscritos na Tabanca Grande era de 542, o que quer dizer que desde o início de outubro de 2011 entraram mais 22 membros... Em Abril de 2011 celebrámos a entrada do nº 500. Em final de 2009, éramos 390, em Maio andávamos pelos 410 e em meados de Setembro de 2010 estávamos a caminhos dos 450. A média de entrada de novos desde Setembro de 2010 até agora anda à volta dos 5 por mês, ou um por semana...

Éramos pouco mais do que 100, em meados de 2006, quando passámos da I para a II Série (a atual) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

O número de inscritos no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande que se vai realizar em 21 de abril próximo, em Monte Real, era de 87 (Compare-se com o final fe inscritos no ano passado: 110).

Utilizando agora outr fonte, o nosso prórpio servidor, o Blogger, podemos saber quem nos visita, por país (em relação a um histórico de pouco mais de um milhão e meio de visitas. O interessante é vermos, depois de Portugal (que continua a frente com 72,3% das visitantes) e do Brasil (que vem em segundo, com 13,4%), é vermos outro país lusófono, Cabo Verde, no "top ten": cerca de 0,2% do total de visitas feitas ao nosso blogue, vêm de Cabo Verde (Vd. quadro a seguir).



Quanto ao número médio de postes diários publicados nestes primeiros 72 dias do ano de 2012 é ligeiramente inferior à média ao ano passado: 4,2 (em 2012), contra 4,8 (em 2011), e 5,4 (em 2010, o ano em que batemos o recorde com um total de 1955 postes publicados).

Num histórico de cerca de 31 mil comentários, temos 2125 referentes aos primeiros 72 dias do ano de 2012, o que dá em média 29,5 comentários por dia / 885 por mês...


Amigos, camaradas, camarigos: Quem lê o nosso blogue, quem o edita, quem nele escreve, quem nele comenta, quem o critica, quem o elogia, quem o alimenta e acarinha, quem o divulga..., tem direito a saber as contas com que nos (des)cosemos... Aqui ficam. Esperemos que nos deem cavaco (em inglês, "feedback").

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Nota  do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9239: O nosso blogue em números (29): Opinião sobre o novo visual

Guiné 63/74 - P9603: Tabanca Grande (324): Alberto Sardinha, ex-Soldado Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCAÇ 1877 (Teixeira Pinto e Bafatá, 1966/67)

No dia 19 de Fevereiro de 2012, recebemos esta curta mensagem do nosso novo tertuliano, camarada Alberto Sardinha, ex-Soldado Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCAÇ 1877, Teixeira Pinto e Bafatá, 1966/67:

Fui Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCaç 1877

Cheguei à Guiné em 1966, fiquei em Bissau no Quartel da Amura durante 9 meses, de seguida fui para Brá, perto do Aeroporto de Bissau, dali para Teixeira Pinto, dali para Bafatá.

Sou natural de Ponte de Sor e resido no Seixal

Estandarte do BCAÇ 1877 mobilizado pelo RI 15 de Tomar. Este Batalhão composto pelas Companhias operacionais 1499; 1500 e 1501, tinha como divisa "Firmes e Constantes"

Um abraço para todos os camaradas que fazem parte deste Blogue.

19/02/2012
Alberto Sardinha


2. Comentário do editor:

Caro Alberto Sardinha, desculpa começar esta conversa brincando, mas não és o primeiro da espécie no nosso Blogue, porque temos um tertuliano, dos velhinhos, chamado Belarmino Sardinha. Se quisermos continuar ainda no meio aquático encontraremos os camaradas Fernando Chapouto e Robalo Borrego.

Passemos para terra firme para te dizer que esperamos que as tuas próximas mensagens venham mais compostas. Há sempre uma história para contar, já que todos nós guardamos na nossa memória peripécias várias. Terás por aí fotos que te lembrarão situações boas e más.
Como desempanador foste muitas vezes ao mato recuperar viaturas avariadas ou atoladas? Nos quartéis improvisavam quando não havia sobressalentes à mão?
Como vez já te sugeri assuntos para desenvolveres.

Ficamos então à espera das tuas próximas notícias. Até lá recebe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 29 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9549: Tabanca Grande (323): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74)

Guiné 63/74 - P9602: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (4): Documentação referente a negociações entre Portugal e o PAIGC com vista à desmobilização das tropas africanas que combateram por Portugal (Carlos Filipe)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho* (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 18 de Fevereiro de 2012:

Carlos Vinhal, Luís Graça e restantes editores.

Não querendo sobrepor-me aos excelentes e oportunos relatórios do Luís Gonçalves Vaz, que trouxe ao blogue de forma documental o que até aqui se falava entre nós, mas sem o rigor que é necessário para o aprofundar de conhecimentos sobre o que na verdade se passou, venho pôr à disposição da Tabanca Grande este documento, entre outros, que guardo desde o meu despedimento (desalojado à bomba - Emissores da Buraca) na Rádio Renascença em 1975.


Talvez ajude a fazer luz sobre as intenções e negociações entre Portugal e o PAIGC sobre a desmobilização das tropas africanas que combateram sob bandeira portuguesa.


Entre outras coisas ressalta a divisão em facções dentro dos comandos africanos e proposta de retirar para Portugal os elementos que mais dificuldade teriam em ser aceites pelas novas autoridades em virtude do seu passado.


Um abraço para todos.


PS. pessoal: 99,9 % dos sublinhados, são meus. Podem dar a introdução que entenderem conveniente.


Obrigado.
Carlos Filipe

2. Nota dos editores:

Por norma, e de acordo com a nossa deontologia, o blogue não deve publicar documentos anónimos, apócrifos, de autoria duvidosa ou desconhecida. Fazemos sempre questão de validar os documentos que aqui chegam,  começando por averiguar a sua proveniência, origem, autoria, ano, editor, local de edição ou impressão, etc.

Pedimos ao Carlos Filipe para tentar saber qual a origem ou proveniência do documento, a data em que foi emitido, etc.... Trata-se de uma cópia de um documento original, datilografado, que é uma espécie de ata da reunião havida em 29 de julho de 1974, em Cacine, entre uma delegação portuguesa, encabeçada entre o brigadeiro graduado Carlos Fabião, último governador da Guiné e com-chefe, e uma delegação do PAIGC, chefiada por Júlio Carvalho (comandante Julinho, como era mais conhecido nas fileiras do PAIGC). O original devia ter  uma capa, uma folha de rosto, com indicação da Repartição do QG/CC que elaborou o documento... Mas também pode ser um documento pessoal, ou até um rasccunho de acta, elaborado por alguns dos oficiais portugueses que participaram nesta reunião...

O conteúdo do documenrto não nos parece dever ser posto em causa.  Ainda não confirmámos a data e local desta reunião. No depoimento do Carlos Fabião, em 2002, no âmbito dos Estudos Gerais da Arrábida sobre o processo de descolonização,  o último governador da Guiné não faz uma referência específica a esta reunião de Cacine... Ele fala dos comandos, do Marcelino da Mata (de que era muito amigo), etc., mas não refere esta reunião, uma de entre muitas que deve ter tido com delegações do PAIGC, na sequência das negociações de paz e do plano de retração das NT.

Sobre a origem do documento, disse-nos o Carlos Filipe: "Caros, Luís Graça e Carlos Vinhal, não me dispensaria de enviar também a capa do documento se existisse. Mas, estarão a imaginar o ambiente da época e o local (rádio) onde caía lá tudo de comunicados. Entre a muita azáfama que tinha como ocupante da Emissora, só nas últimas horas é que tentei ''salvar'' o que na ocasião me interessava. Portanto não posso fazer nada. Um abração p/ ambos e um obrigado".Publica-se o documento com estas ressalvas. No Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, fom,os encontrar um documento sobre a Guuiné Bissau, com texto e fotos do Cap Duran Clemente. Publicam-se, com a devida dénia, duas fotos com dois dos protagonistas desta reuniãod e 29 de julho: netse caso, o Júlio Carvalho, caboverdiano, DO paigc,  e o comandante Patríci, da nossa Marinha, por ocasião da "transferência de poderes", em Cacine, em 12 de agosto de 1974. LG/CV.




Guiné > Região de Tombali > Cacine > 12 de agosto de 1974 (?) > Júlio Carvalho e comandante Patrício, presumivelmente por ocasião da cerimónia de "transferências de poderes", entre o PAIG e as Forças Armadas Portuguesas. Fotos do Cap Duran Clemente. Cortesia de Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.



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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9012: Blogoterapia (191): Na varanda e a Guiné-Bissau (Carlos Filipe)

Vd último poste da série 12 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9535: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (3): A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (Luís Gonçalves Vaz / Manuel Beleza Ferraz)


Guiné 63/74 - P9601: Nós da memória (Torcato Mendonça) (14): O percevejo e o flautista - Fotos falantes IV

Mansambo > Foto falante 36 - IV série






1. Texto e Fotos Falantes (IV Série) do nosso camarada Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69) para integrar os seus "Nós da memória".






NÓS DA MEMÓRIA - 14
(…desatemos, aos poucos, alguns…)

10 – O Percevejo e o Flautista

Foto a merecer legenda mais alongada.
Nela já se vêem bem os balneários, a zona de protecção ao poço e parte de um abrigo caiado de branco. Esse pormenor é que motivou esta recordação.

O abrigo, em parte caiado de branco, e aquele lavatório eram um luxo. Recordar a importância que tinha para nós aquele poço, aberto muitos meses depois do início da construção do aquartelamento, e os balneários. Antes toda a água vinha da fonte e os banhos eram lá tomados e com segurança à volta. Não só por uma questão de segurança mas, isso sim, porque era muito mais natural a higiene ser feita assim com normalidade. Além disso, quase toda a água vinha dali e tinha qualidade.

Aquele luxo, de uma bacia de plástico colocada em cima de uma cadeira e o fundo de branco caiado, ficou a dever-se aos percevejos. Não era um local qualquer. Na metade daquele abrigo em L era o comando, messe de oficiais e sargentos, bar, centro de convívio e muito mais. Parece é um espaço exíguo. Pois com certeza que podia assim considerado mas, com engenho e boa vontade virava a Salão Diamante. Até um frigorífico a petróleo tinha, com um contra. Este frigorífico tinha um vidro circular a proteger a chama. Se os obuses 10.5 trabalhavam e o vidro não tivesse sido retirado, ia para o caneco. Uma maçada.

Porque apareceu ali uma parede caiada? Devido a uma praga, a uma infestação de percevejos.
Apareceram silenciosamente. Viajaram, um dia, em alguns velhos colchões de palha que acompanhavam, indevidamente, digo eu agora, os verdes colchões de espuma.

Em pouco tempo, devido a um afrodisíaco qualquer ou porque eram mesmo assim, reproduziram-se e espalharam-se pelos abrigos. Instalaram-se nos buraquitos dos blocos de cimento, nas camas, mosquiteiros e onde lhes fosse mais confortável. Eram os senhores dos abrigos.

Não era nada confortável, para os humanos, a partilha do espaço. Eram bichos de ataque nocturno, para isso já tínhamos os mosquitos e outros bem mais fortes para lá dos arames. Estes, os percevejos, sugavam o sangue. Eram esmagados facilmente. Só que o cheiro a coentros e a pasta deixada era incomodativa. Aberta uma luz rapidamente desertavam. Curta deserção pois voltavam ao ataque mal a escuridão voltasse. Uns sem vergonha.

Para conter ou acabar com ataques sugadores vieram gentes peritas em desinfestações. Foi uma balbúrdia mas a bicharada desapareceu. Parecia, se bem me lembro, um milagre. Como isto de milagres é controverso ainda pensei que tinha sido alguém que atacara pela calada. Porque não, como na lenda, um Flautista de Hamelin e, á falta de ratos – que os havia mas fazendo parte da mobília – tocara o Flautista a sua flauta e os percevejos atrás dele caminharam até á fonte ou acampamento IN. Porque não?

O interior dos abrigos foi bem caiado. Certamente sobrou cal, para futura eventualidade de regresso de tão incómodos bicharocos. Foram então caiados alguns locais mais. Os menos visíveis, claro, ou tínhamos alvos para alinhamento de pontaria IN. Para isso já bastava a enorme árvore por onde eram alinhadas as armas pesadas, sem grandes resultados depois dos 10.5.

Eu vos digo que a cal tornou tudo mais bonito. Pareciam casas. Só as víamos em Bambadinca ou Bafatá, principalmente em Bafatá. Casas com portas e janelas, de branco e outras cores pintadas e com homens, mulheres e crianças. Gentes com sorrisos e vestidos com roupas de cores diferentes do verde-azeitona ou do camuflado.

Eu vi também muitas em Bissau quando ia de férias. Desanuviava e ria feliz. Mas questiono eu? E os soldados que não tiveram essa oportunidade e estiveram 23 meses no mato? Um fulano ficava atormentado ou pior.

Não será assim?
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9582: Nós da memória (Torcato Mendonça) (13): Mansambo - Fotos falantes IV