domingo, 20 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12178: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (1): Preâmbulo

1. Vamos começar a publicar hoje mais um interessante trabalho de compilação do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado às Escolas Práticas das Armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Transmissões e Engenharia, que, como ele próprio diz no preâmbulo agora apresentado, vão integrar a Escola de Armas que ficará sediada nas instalações da EPI, em Mafra.

A ideia do camarada José Martins, é deixar para memória futura a história das Armas agora extintas por mais esta reestruturação.










Guiné 63/74 - P12177: Ser solidário (152): A ONGD Ajuda Amiga, com sede em Paço de Arcos, Oeiras, envia para Bissau, através da Portline, um contentor de 40 HC ou sejam, 20 toneladas. São 1144 caixas, mais de 80% das quais com livros, material escolar, roupas e calçado... O navio deve ter chegado a 14 do corrente.



Oeiras > 21/7/2010 > Reunião entre a direção da Ajuda Amiga. com sede em Paço de Arcos  (Dra. Cristina Ferreira, Dr. Carlos Fortunato e Dr. Carlos Silva), e a direção da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau (Eng. agr. Carlos Schwarz, "Pepito", e eng. agr. Isabel Levy Ribeiro)

Fonte: Ajuda Amiga (2010) [ Reproduzido com a devida vénia]


1. Notícias dos nossos camaradas e amigos da Ajuda Amiga::

O Contentor de Ajuda Humanitária e de Apoio ao Desenvolvimento da Ajuda Amiga deu mais um passo na sua caminhada para Bissau; nos dias 16 e 17/9/2013, com a ajuda de 26 voluntários foram carregados 7 camiões que levaram as 22 toneladas de material que tínhamos no nosso Armazém na Amadora para a Portline Logistics, em Camarate.

O  contentor enviado é o maior que a Portline possui, é um 40 HC, isto é, tem 40 pés mas por ser um HC é mais alto que os 40 normais, e este era um HC especial porque era também mais largo, nunca tínhamos enviado um contentor tão grande.

A partida do navio estava marcada para o dia 28-09-2013, e a sua chegada a Bissau estava prevista para o dia 14-10-2013.

No total seguiram no contentor 1.144 caixas, com os tipos de artigos descritos a seguir:


                                              Caixas

Tipo de Artigo
Nº 
%
Livros e Material Escolar
426
37,2
Roupa e Calçado
634
55,4
Mobiliário
58
5,1
Equipamentos e Ferramentas
1
0,1
Brinquedos
9
0,8
Diversos
16
1,4
Total de caixas
1144
100,0



A conclusão do processo de desalfandegamento só deverá estar concluída no fim de Novembro (a estação seca inicia-se em Novembro), nessa data as caixas serão distribuídos nas instalações da Cooperação Portuguesa (Embaixada de Portugal), seguindo depois as mesmas para os diversos destinos.

Os destinos serão: (i)  os Setores de Bissorã e de Farim, em que a distribuição será assegurada pela Ajuda Amiga com o apoio dos seus voluntários locais e (ii)  e Bissau e o Sector de Cacheu , que serão beneficiados através da colaboração com a AD - Acção para o Desenvolvimento, com a Ajuda Amiga tem uma parceria, e que coordenará as actividades em Bissau, através do seu Director Executivo, o  Eng. Carlos Schwarz, o noss amigo Pepito, tal como em anos anteriores.

A  preparação dos bens a enviar no contentor de 2014, que seguirá no inicio de Janeiro, já está muito adiantada, aguardando alguns donativos para ser finalizada.

Em 2014, tendo em atenção as intenções  de participação manifestadas, é previsível que o grupo de associados que se deslocará para acompanhar o processo de distribuição, verificação do uso dado aos bens anteriores, identificação de necessidades e realização de acções de formação, seja mais numeroso do que o habitual.

2. Comentário de L.G.:

Falando há dias com o Carlos Silva, no almoço de convívio da Tabanca da Linha, no passado dia 17,  tive conhecimento de mais esta iniciativa solidária da Ajuda Amiga, iniciativa que merece ser amplamente divulgada e aplaudida, para mais numa altura em que se agravam também as condições de trabalho das ONGD... 

A famigerada crise (global, mundial., europeia, portuguesa, local...) que veio para ficar, está também a gerar efeitos, perversos,  de bola de neve,  no setor social, afetando a organização e o funcionamento daquelas instituições e organizações criadas justamente para ajudar e apoiar os que mais precisam, e que são as primeiras vítimas da crise. 

No caso da Ajuda Amiga. por exemplo, há menos gente para trabalhar como voluntários, empacotar, carregar caixas, arrumar, etc. O Exército, que costuma oferecer transporte para levar as caixas da Amadora (onde está o armazém da Ajuda Amiga ) para Camarate (onde se carrega o contentor da Portline), agora exige que a Ajuda Amiga pague o gasóleo das viaturas... 

Por outro lado, em Bissau, nas Alfândegas, é preciso desembolsar três mil e tal euros, para que o contentor possa ser descarregado e aberto... E, depois, no território da Guiné-Bissau, é preciso acompanhar as diferentes viaturas que transportam as caixas até aos seus diferentes destinos. 
Parabéns aos nossos camaradas da Ajuda Amiga (Carlos Fortunato, Carlos Silva, Zé Carioca, Manuel Joaquim, só para citar alguns dos nossos grã-tabanqueiros, que fazem parte dos respetivos órgãos sociais). Em contrapartida eles precisam de mais sócios, de mais voluntários e de mais recursos financeiros para desenvolverem os seus projectos. Parabéns também  aos nossos amigos da ONGD AD  - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, parceiros da Ajuda Amiga.

Mas todos precisam também de uma palavra de carinho, apreço, apoio, solidariedade, reconhecimento... Precisam de uma  palavra nossa!... Temos que ser solidários para com os que estão na primeira linha da solidariedade. A Ajuda Amiga também precisa de amigos e da ajuda dos amigos!

Camaradas e amigos da Guiné, vejam aqui como podem dar um donativo ou tornar-se sócios da Ajuda Amiga.
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12176: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (11): A saga umbilical

1. Em mensagem do dia 14 de Outubro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos mais um episódio, o décimo primeiro, da sua série Pós-Guiné 65/67:


O PÓS-GUINÉ 65/67

11 - A SAGA UMBILICAL

12 DE MAIO DE 1992

É nesta data, já que guerra "ca tem" (aquela por onde passámos, entenda-se) que um grupo, decerto de gentes bem intencionadas, publica uma lei a que chamaram "Objecção de Consciência". Mas que pena não se terem lembrado antes, mais propriamente no inicio dos anos 60 !!!

Agora não valia a pena a rapaziada fugir à tropa embora esta (o serviço militar obrigatório) em 1992, fosse por pouco tempo e onde afinal iriam d'alguma forma aprender a serem homenzinhos, (o que a alguns não conviria, convenhamos).

E pena maior foi a de que não fosse o IN a criá-la então, (anos 60) o que teria evitado que a maioria de nós tivesse de ter que lá ir obrigada, quando afinal até se calhar sem sabermos, ÉRAMOS TODOS OBJECTORES DE CONSCIÊNCIA e utilizaríamos essa prerrogativa..

Contudo valeu a pena. Saiu em Diário da República e até considerada, foi, de acordo com a Constituição.

Tardaram mas acertaram porque agora bastava ter uma daquelas hipóteses ali previstas e nem sequer se pegaria numa espingarda, quanto mais aprender a mexer nela. Ao ler essa preciosidade, (Lei nº 7/92) até me davam a hipótese de escolher o que daria em troca, porque de facto não estavam a fazê-lo, de mão beijada. Haveria de contrabalançar a coisa, por uma das hipóteses previstas e eram tantas. Cá o "Je" ficaria bem contente com a alinea h) que diz:
- Manutenção, repovoamento e conservação de parques, reservas naturais e outras áreas classificadas

E ao declarar-me objector, o que confesso nunca faria, pois que senão e se calhar, andaria pr'ái de arganel... peito, axilas e tudo o mais que tem cabelo... descabelados pois então A minha proveta idade recusa tais coisas nos homens e até já lá dizia uma prima minha, quando falava comigo e de mim:
- Homem que é homem, deve cheirar "suma" o cavalo.

Havia apenas um pequeno óbice e refiro-me ao artº 13º, qu'a determinada altura dizia que o mânfio que utilizar esta forma de fugir (entre aspas) não poderá ter porte d'arma de qualquer natureza. Ora lá me estavam de novo a lixar, pois que eu, ao escolher a citada alinea h) queria manter o equilibrio nas florestas e não seria deixando proliferar as lebres (e não coelho, animal qu'agora abomino)) que tal equilibrio se manteria, dado que comem que nem umas bestas e daí e porque são umas glutonas no que se refere à destruição dos vegetais das hortas e ervinhas próprias das reservas e parques.

Lebres de que tanto gosto, quer com arroz, quer também com feijão e couve. Arroz cozinhado com o próprio sangue da saborosa bicha. Sangue que também se mistura na feijoada com lombarda. (Só de pensar nisto, até fico ougado !!!)

É também neste ano que finalmente usufruo duma vida mais desafogada e até comecei a ter uma noite para ir aos fados e com tanta sorte que até aí a GUINÉ ESTAVA PRESENTE.
Uma fadista cantava:
- "Volta atrás vida vivida", ao que eu retorqui alto e bom som e em tom fadista brigão ao desafio:
- "Ó quem me dera ter outra vez 20 anos".

Ainda nesse ano, estando em reunião, eu Sub-Gerente. com o Gerente, (Ex-Alf Mil que também havia estado na Guiné) apercebi-me que ao balcão perguntavam e alguém para mim apontou.
O perguntador apresenta-se bem vestido e engravatado e de feições e cor, que me indicavam ser da Guiné.

Quando disponível fui ao seu encontro e surpreendido fui pelo seu grito de alegria inusitada:
- Paizinho... e dirigiu-se-me de braços abertos.

Ainda me voltei para trás não fosse outro o papá, mas o puto que me parecia ter pr'ai 17 ou 18 anos, permanecia sedento de me abraçar e continuava:
- Paizinho... que prazer em conhecê-lo.
- Porra - disse eu em silêncio, estou feito ao bife... e os 23 colegas emudecidos e embevecidos.

Peguei no rapaz, levei-o para o "Filadélfia" para indagar do que se estava a passar.

- Djubi, conta lá ao que vens?

Começa a desbobinar uma tal lenga-lenga bem urdida, com citações ao K3, Tabanca de Farim e à "lavadeira" sua mãe que a páginas tantas, comecei a ficar mesmo atravancado e já me via com mais um filho bem grandote, mas enfim, "cá se fazem cá se pagam".

Eis senão quando, resolvo amandar-lhe com duas ou três perguntas:
- E a tua mãezinha Fulana (dei-lhe um nome falso) e o teu tio Cicrano (outro nome falso).

Ao que ele respondeu citando-me:
- A minha mãe Fulana faleceu em 1978, não sem que antes me tenha dito quem era o meu pai branco... o meu tio Cicrano está lá para Varela.

Ao mesmo tempo entram no bar três manguelas, o Mendes Ferreira e outros dois que também tinham sido Combatentes na Guiné, tudo gente boa com quem partilhava galhofas aquando do chá das cinco e riam... riam. riam.

Pois é... os safardanas haviam planeado a coisa e cá o artista, esperto que nem um calhau, caiu que nem um patinho.

E foi a partir daí que segui o conselho macacal do ouve, vê e cala e nunca te alambazes nas descrições de engatatão.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12146: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (10): O meu umbigal mau feitio

Guiné 63/74 - P12175: Convívios (542): XXVI Encontro do pessoal da CCAÇ 557, dia 9 de Novembro de 2013, nas Caldas da Rainha (José Colaço)




1. Mensagem de 19 de Outubro de 2013, do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65):

É uma realidade, somos cada vez menos nestes últimos almoços anuais de convívio. 
Tem sido normal lamentar a partida de companheiros. Este ano, infelizmente, temos que dizer com alguma tristeza que os nossos camaradas Américo Martins e António Belo partiram.

Será uma homenagem sentida, um minuto de silêncio, de dor, pois eles foram, além de amigos, sempre uma presença física como prova a foto em Benavente ano de 2012.

Eis os que ainda à lei da morte resistem, os veteranos ex-combatentes da CCaç 557 que esteve na Guiné - Cachil, Ilha do Como, Bissau e Bafatá nos anos de 1963/65.

O pessoal da CCAÇ 557 vai reunir-se pela 26.ª vez consecutiva em almoço de convívio no restaurante o Cortiço, nas Caldas da Rainha, no dia 9 de Novembro de 2013.

É tudo.

Ao escrever estas poucas palavras, a tristeza me invade e os meus olhos se arrasam de agua.
Nesta Companhia somos mais que amigos, sempre fomos e continuaremos a ser uma família unida.
Para os sobrevivos e para os que já partiram, o meu abraço fraterno.

José Colaço
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12174: Convívios (541): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte II): Texto do José Manuel Dinis; fotos do Miguel Pessoa

Guiné 63/74 - P12174: Convívios (541): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte II): Texto do José Manuel Dinis; fotos do Miguel Pessoa


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O nosso editor, Luís Graça, e o "secretário" da Tabanca da Linha, Zé Manel Diniz, compenetrado na função de dar ao dente, depois de dar à lingua...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2014 > Aspeto parcial da mesa onde se juntaram cerca de vintena e meia de convivas. À minha frente, o Marcelino da Mata com quem conversei demoradamente, bem como o meu camarada António Marques que me ficou muito agradecido por eu ter revelado, aqui no blogue,  o nome do sapador do PAIGC que lhe/nos colocou a mina A/C, em Nhabijões, no dia 13/1/1971, mina essa que nos ia matando a todos... Mário Nacassá, segundo o Marcelino da Mata, é nome de beafada.

Fiquei a saber, por outro lado,  que o Marcelino  da Mata (que tem 20 referências no nosso blogue) vai também publicar as suas memórias. Já tem alguém para o ajudar na escrita.  Ficou agradavelmente surpreendido por saber que fui eu e o seu antigo comandante Virgínio Briote que recolhemos, em finais de 2006,  depoimentos sobre ele, a pedido da sua filha Irene Rodrigues da Mata, que estava então em Londres e que queria fazer lhe uma surpresa por  ocasião dos seus 70 anos (a completar em 2007)... Ele disse-.me que essa filha está cá agora em Portugal e que está bem. Mandei-lhe um beijinho. E, ao pai, incentivei-o para que as suas memórias, em tempo oportuno, com verdade, com rigor, com autentiicidade...Este homem, que atravessou toda a guerra  tem seguramente muito para contar. E não há sequer uma boa biografia dele. Mas o tempo urge.  Quem habitualmente o traz à Adega Camponesa (e o leva, de volta a casa) é o Zé Manel Dinis.  Já se conheciam da Guiné.


 Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Três bravoscombatentes da Guiné: o Zé Manel Dinis, o Marcelino da Mata e o Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O "comandante" Jorge Rosales com um dos seus tabanqueiros, o António Fernando Marques, rapaz da linha, que mora na Quinta da Marinha.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O Zé Carioca, de pé, apelando ao "coração da gente", em nome da ONG Ajuda Amiga. Ladeado, à sua esquerda, pelo Manel Joaquim e, à direita, por um camarada de que eu não fixei o nome. (Peço desculpa!).



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outros dos fotógrafos oficiais da Magnífica Tabanca da Linha, o Manuel Resende, aqui fotografado com a nossa querida Giselda que nos atura a todos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro duplamente atabancado, na nossa Tabanca Grande e na Tabanca da Linha, o Mário Pinto... Aqui ao lado da transmontana Giselda de quem se poderá dizer que deu um toque de classe, feminina,  esta reunião de veteranos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Dois escalabitanos (leia-se: nativos de Santarém,,, O que estão a dizer, não sei... Sei que eram da mesma criação e foram parar à Guiné... Um é o Armando Pires, fibatejano, fadistam, radialistam bon vivant, meu vizinho ou quase (mora em Mira Flores e andávamos há anos a ver se nos encontrávamos...)... O outro camarada disse-me o nome, mas eu não fixei... Peço desculpa!


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro "rapaz da linha" que é "habitué" dos convívios da Magnífica Tabanca da Linha: o José Colaço,  bem disposto, ao lado do irrequieto "secretário" Zé Manel Dinis...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Em primeiro plano, o Manel Jaquim e o Marcelino da Mato; em segundo plano, o António Graça de Abreu oferecendo ao Luís Graça um exemplar, autografado,  do seu  último livro, "Toda a China" (Lisboa; Guerra e Paz Editores, 2013, 365 pp.; a lançar na próxima 3ª feira, dia 22, às 18h30, no Museu do Oriente, com apresentação do Embaixador João de Deus Pinheiro).

Fotos: © Miguel Pessoa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis:


Data: 18 de Outubro de 2013 às 16:26
Assunto: Encontro da Magníficsa Tabanca da Linha


Ocorreu ontem o esperado, e desejado, encontro da Magnìfica Tabanca da Linha, que levou alguns dos mais bravos combatentes da Guiné até Alcabideche, onde partilharam alguns momentos de viva emoção e sã camaradagem.

Pela primeira vez, SExa o General Comandante-Chefe deslocou-se ao local da comezaina para avaliar, em concreto, do estado de espírito das forças disponíveis e, também, para aferir da capacidade de intervenção dos mancebos sob o seu comando, susceptíveis de apresentar fragilidades físicas, apesar de umas barriguinhas que desafiam o aprumo dos fracos e oprimidos. Foi com visivel agrado que SExa manifestou a maior confiança na tropa, tomou lugar à mesa, e alambazou-se tanto quantos os demais, e alguns são conhecidos lateiros, que os proeminentes canastros não deixam enganar.

O Comandante Rosales também se mostrou muito satisfeito com o agrado de SExa e orgulhoso do bom nível geral e operacionalidade evidenciados. De facto, às entradas chamaram-lhe um figo. Não houve rissol que se safasse, nem queijos frescos ou de meia cura, nem enchidos, que se trouxessem o resto dos porquinos, teriam aumentado o nível geral de satisfação.
À boa prática das emboscadas africanas, o dispositivo em paralelo  permitia que,  ao longo da oblonga mesa, tudo o que lá tivesse caído teve morte quase súbita. Alguns dos excitados combatentes, empunhando os talheres em riste, clamavam por mais. A malta, afinal, ainda se revela em forma, nada de choradinhos com dores na coluna, que esses luxos são só para comandantes.

E, nesse interim, o Comandante Rosales não deixou créditos por mãos alheias, e resistia às dores com uma galga acentuada, tornando-se também pela persistência e determinação, um exemplo a seguir, qual clarim que todos se preocuparam a tocar. Foi o peixe, a carne, os doces ou frutas, comeu-se tudo, e no campo de batalha só ficaram destroços.

Para além da já referida presença do General Comandante-Chefe, Luís Graça, também outro senhor marcou uma distinta presença, pois manquejava com elegância, e exibia um valente queijado que preserva desde Aljubarrota. Refiro-me ao reconhecido herói Veríssimo [Ferreira], que, à rasca, e sob descarada coação, era portador de uma encomenda para este amanuense, perdão, agora já sou secretário. Desejoso de marcar presença, entregou-me uma garrafa de uma bebida incolor produzida de forma competente e em obediência às tradições, a que SExa o Comandante Rosales deitou a luva, apoderando-se dela, enquanto afirmava aos circunstantes que tinha que ser assim, ou o amanuente, perdão, o secretário, confundiria o teclado com a águia Vitória, do que, pela certa, resultaria a confusão generalizada, e não haveria lugar nem a reportagem, nem a golos (o costume).

Houve dois repórteres fotográficos que darão alguma verosimilhança ao atrás descrito, os consagrados Miguel Pessoa e Manuel Resende, que desfarão as dúvidas sobre as minhas qualidades de  cronista oficial, qual Tito Lívio destas campanhas.

Assim, chamo a vossa especial atenção para dois retratos, um de cada autor:

Num deles mostram-se três heróicos lusitanos, a saber, o senhr Mata, provavelmente o português mais condecorado das Campanhas de África; o senhor Pessoa,  o primeiro piloto que conseguiu sair do cockpit de um Fiat G-91 com o avião em andamento - actualmente só anda de C-130 para cima; e o "je", cá o escrevente, glorioso domador de esferógráficas, que, mesmo com o risco da própria vida, não deixa de contar estórias de miséria e grandeza, nem de vos relatar estes efémeros acontecimentos.

Devo ainda realçar uma intervenção do coração de manteiga Zé Carioca que reafirmou,  de maneira prosélita, o seu amor pelós povos desfavorecidos da Guiné, e apelou ao contributo na Ajuda Amiga, uma ONG que angaria meios de assistência e solidariedade. Outros dois elementos ali presentes, o Manuel Joaquim e o Armando Pires, que através da mesma organização também dedicam muito do seu tempo a favor daquele povo africano, salientaram que ainda recentemente embarcaram um contentor para a AD, do Pepito. Só falta a indicação do NIB da conta da Ajuda Amiga, para que possamos canalizar os nossos contributos.

Abraços fraternos. JD


PS1- Anexo uma informação prestada pelo Zé Carioca sobre o NIB da conta da Ajuda Amiga. Peço-te que incluas no poste que venha a ser feito, esta informação para quem quiser colaborar em tão importante solidariedade [, a campanha de sementes para Guiné-Bissau, levada a cabo pela ONG Ajuda Amiga].

PS2 - Mensagem do Zé Carioca: "O NIB. é: 0036 0133 99100025138 26. Depois cada pessoa ao fazer o donativo, convinha informar pelo telefone ou e-mail a dizer um donativo de " X " para o Projecto das Sementes.

E-mail > ajudaamiga2008@yahoo.com
Telefones > 93 714 9143 ou  93 638 0048 (Zé Carioca) 


2. Comentário de L. G.:

Querido Dom Quixote e.. seu criado Sancho (, não sabendo eu quem é quem):

Tenho pena que mais grã-tabanqueiros e outros elegíveis (mesmo sem dom nem piedade...) não  tivessem podido comparecer à chamada (e portanto perdido o convívio,  no dia 17 passado, do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha).

Como  puderam comprovar, eu desta vez  compareci, como de resto vos  tinha prometido. Não sendo um "rapaz da linha", tinha (ou tenho) obrigações para com a malta desta Tabanca... Desta e das outras. Obrigações mais de natureza ética,  moral, convivial ou muito simplesmente de simples cortesia.

Tudo o mais que meta honras militares, estrelas de general, e privilégios de comandante..., só pode ser à pala da verve humorística e da escrita criativa do magnífico secretário... Com a bonomia e a cumplicidade do comandante Rosales, esse, sim, o alto dignitário, magistrado e patriarca da Tabanca da Linha.

Sobre o evento (social e gastronómico) p.d., quero-vos garantir que  foi devida e atempadamente badalado no nosso blogue e no Facebook... Quanto ao sítio, só posso dizer que é discreto: a Adega Camponesa é um restaurante sinmples, com uma decoração rústica, um lugar aprazível, que fica mesmo ao pé do novo hospital de Cascais, e que tem uma boa relação preço/qualidade/quantidade... Além de um espaçoso parque de estacionamento.

Rapazes (e raparigas): tomem  boa nota da Adega Camponesa na vossa agenda: nunca se sabe quando vos pode set útil... Diz a publicidade que "faz batizados, casamentos, divórcios e choros"... E, desde há uns bons tempos, abriga também a Magnífica Tabanca da Linha...

Aproveito para dar nota máxima (20) à hospitalidade e amabilidade da parelha Rosales & Dinis... Cada vez me conveço mais de que, por detrás de um grande comandante,  há sempre um grande ajudante... de campo!

Estou grato ao Miguel Pessoa e à Gisela pela (re)boleia que me deram, desde Benfica (com direito a regresso as casa, até ao pé da porta), e pela companhia que me fizeram, agradabilíssima. (Espero poder-lhes retribuir para a próxima).

PS - Parabéns ao escriba de serviço: a ata lavrada e assinada pelo JD é português de primeira água, de fazer inveja a muito humorista encartado... Os putos da Guiné-Bissau deveriam ser (i) obrugados a ir à escola; e (ii) aprender a escrever segundo método JD. O homem é uma cartilha, um tratado, uma postilha.
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12172: Convívios (537): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte I): Fotos de Manuel Resende

Guiné 63/74 - P12173: Parabéns a você (642): Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor Auto do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74) e Rogério Cardoso, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 643 (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12168: Parabéns a você (641): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador do BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74)

sábado, 19 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12172: Convívios (540): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte I): Fotos de Manuel Resende


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Aspeto parcial dos tabanqueiros da Linha, à chegada ao restaurante.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Em primeiro plano, Luís Graça e António Fernando Marques, dois velhos camaradas de armas da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Zé Manel Dinis, "secretário" da Tabanca, Marcelino da Mata e Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Dois novos camaradas que eu, Luís Graça, tive o privilégio de vir aqui conhecer, "ao vivo": Armando Pires (à esquerda) e Veríssimo Ferreira (à direita).


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, a Gisela (a única camarada presente), o Luís Graça, o "comandante" Jorge Rosales (, "régulo" da Tabanca) e Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Um momento de grande camaradagem: o abraço entre o Jorge Rosales e o Armando Pires.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  O Hélder Sousa e o Armando Pires.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, o Zé Carioca e o Francisco Palma.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Da direita para a esquerda, Zé Manel Dinis, António Graça de Abreu (acabado de chegar da China) e Luís Graça. Em cima da mesa, o novo livro do nosso camarada Abreu, "Toda a China. descobrir, desvendar, entender o mundo chinês, 1º volume". A edição é  da Guerra & Paz, Lisboa, 365 pp.   O autor  teve a gentileza de oferecer um exemplar autografado ao nosso editor. O livro vai ser lançado no dia 22.



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da direita para a esquerda, Carlos Silva, Armando Pires e Veríssimo Ferreira.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Giselda, Miguel Pessoa e José Colaço (sentados). De pé, o Jorge Rosales.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Luis R. Moreira, Armando Pires, Luís Graça e Jorge Pires.


Fotos: © Manuel Resende (2013). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]

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Nota do editor:

Guiné 73/74 - P12171: Tabanca Grande (410): João Paulo Diniz, ex-locutor do PIFAS (Bissau, 1970/72), nosso grã-tabanqueiro nº 630

1. O novo membro da nossa Tabanca Grande, nº 630, é o nosso já conhecido João Paulo Diniz  [, foto à esquerda, quando locutor do PIFAS, Bissau, c. 19790/72. Foto do  Garcez Costa]:


O João Paulo Dinis tem mais de um dúzia de referências no nosso blogue. Estava convidado para integrar a Tabanca Grande desde março de 2012, convite a que anuiu, tendo nós ficado à espera de uma foto do tempo de Bissau (que nunca chegou a mandar).

Ele era militar de engenharia, BENG 447, tinha o posto de 1º cabo, foi requisitado para o Com-chefe para trabalhar na rádio, por ser já "locutor profissional!"... Na realidade, ele era o único locutor profissional do PFA, no seu tempo (meados de 1970/ meados de 1972). Como é do conhecimento público, ele teve uma importante participação no 25 de abril de 1974, ao lançar a primeira senha dos Militares de Abril, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa (e não Rádio Clube Português, como já vimos escrito por aí), às 22.55, do dia 24 de abril. A senha era a canção "E Depois de Adeus", interpretada por Paulo de Carvalho. Foi agraciado, pelo Presidente da Repúbica,  no passado 10 de junho, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade.

O João Paulo Diniz trabalhou na rádio e na TV durante 47 anos. O último programa de que foi responsável, "Emoções", na Antena 1, terminou recentemente em 29/12/2012. 



Guiné > Bissau > PFA - Programa das Forças Armadas > c. 1970/72 > Álbum de Garcez Costa > Foto nº 4 > Da direita para a esquerda: Garcez Costa e João Paulo Diniz, à porta das instalações do Comando-Chefe das Forças Armadas

Foto: © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados


 2. Eis o essencial da informação publicada no nosso blogue, e que nos vem sobretudo da memória e dos apontamentos do António Garcez, membro da nosssa  Tabanca Grande 11/9/2012 (**), bem como do João Paulo Diniz com quem falámos várias vezes ao telefone, em Março de 2012 (***), antes de o conhecermos  pessoalmente no nosso VII Encontro Mvaiional em Monte Real, nesse ano:

(i) O PFA. - Programa das Forças Armadas tinha estúdios próprios  na Avenida Arnaldo Schultz, onde funcionava o Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, sob a tutela do Estado Maior do Exército, com uma tafefa específica que era a de fazer "Acção Psicológica";

(ii) O emissor era em Nhacra;  a sede da emissora oficial (a Emissor a Nacional) era no (ou em frente ao) edifício dos CTT, na avenida da sé catedral, onde foi locutor, repórter e chefe de produção o Joaquim Soarees Duarte;

(iii) Após a intervenção logística dos Chefes da Repartição da APSIC,  Otelo Saraiva de Carvalho e depois Ramalho Eanes,  foi remodelado de todo o equipamento técnico dos estúdios de gravação e directos, e foram aumentados e melhorados ps recursos humanos na área de Rádio e Imprensa;

 (iv) O primeiro locutor profissional a trabalhar no PFA foi  falecido Raul Durão; mas havia muito mais malta a trabalhar no programa...  Por exemplo, o  1º Sargento Silvério Dias e a sua esposa, Maria Eugénia (tal "senhora tenente", de que muita malta se lembra;  colaborava graciosamente a em tarefas administrativas e radiofónicas)... Havia uma vasta equipa, chefiadea pelo  1º  sargento Silvério Dias, com o furriel mil Garcez Costa,  o furriel mil Jorge Pinto... O Carvalhêda virá mais tarde...

(v) O programa, de 3 horas diárias, tinha o seguinte horário: 1º tempo: 12h-13h; 2º tempo: 18h30-19h30; 3º (e último) tempo: 23h-24h...

(vi)  A mascote do PIFAS, da autoria do Jorge Pinto (também conhecido por "Jorginho" e "Pifinhas", hoje com paradeiro desconhecido) e do José Avelino Almeidam  terá sido feita em Espanha... Era distribuída (gratuitamente) pela população e pelos militares...

  (vii) No tempo do João Paulo Diniz, o Chefe de Núcleo era p alf mil Arlindo de Carvalho, hoje figura pública político-partidária;

(viii) Outro Carvalho foi o António (Tony), carinhosamente tratado por engenheiro de som e do discotecário Carlos Castro;

(ix) O último a fechar as portas, em 1974, terá sido o José Manuel Barroso, sobrinho do casal Mário Soares/Maria Barroso.

(x) Nos quadros desta estação, enquanto militares, passaram, entre outros, os compositores Rui Malhoa e Nuno Nazareth Fernandes, e o açoriano António Lourenço de Melo, da actual RDP-Antena 1.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Ao centro, o João Paulo Diniz (Lisboa), do PIFAS; à sua direita, o Álvaro Vasconcelos (Baião),. que lhe levava a chave do totobola para ser divulgado no Programa das Forças Armadas; e à sua direita, o nosso tabanqueiro sénior Belarmino Sardinha (Odivelas).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados

3. Currículo profissional, resumido, do João Paulo Diniz (JPD), enviado em 13 do passado mês de maio:

(i)  profissional de Rádio e TV;

(ii)  47 anos de actividade profissional "durante os quais nunca faltou um dia ao trabalho"; 

(iii) seis anos na BBC em Londres; 

(iv) director da Rádio Alfa em Paris; 

(v) director de Informação da Rádio Comercial;

(vi) dinamizou o Programa da Manhã da Antena 1 como apresentador;

(vii) colaborações várias na TVI, SIC e RTP (nomeadamente RTP-Memória);

(viii) entrevistou inúmeras personalidades nacionais e estrangeiras, "com destaque para o Papa João Paulo II e Nelson Mandela";

(ix) assessor de Imprensa do Alto Comissário para Timor-Leste; 

(x) assessor de Imprensa da Federação Portuguesa de Futebol, tendo trabalhado com a Selecção Nacional por alturas do Euro2004:

(xi) línguas: fluente em inglês e francês; fala espanhol e um pouco de italiano;

(xii) deuixou recentemente os quadros de pessoal da RPP / RDP mas quer continuar a ser útil  e trabalhar, eventualmente, como Assessor de Imprensa ou num Gabinete de Comunicação de uma empresa.

O João Paulo Diniz não precisa de mais apresentações. Já foi recebido de braços abertos na nossa Tabanca Grande, em Monte Real do penúltimo encontro nacional, em 21 de abril de 2012. Só tenho a pedir-lhe desculpa pelo atraso (administrativo...) na formalização da sua entrada neste "batalhão" de camaradas e amigos da Guiné. (LG)

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Vd. também poste de 23 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9645: O PIFAS, de saudosa memória (10): A mascote, um caso sério de popularidade (José Romão)... E até o 'Nino' Vieira ouvia o programa! (João Paulo Diniz)

Guiné 63/74 - P12170: Estórias do Juvenal Amado (49): Afinal era bala real - Lembrando João Caramba

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 13 de Outubro de 2013:

Caros camaradas
Lembrar os nossos é um exercício que se faz naturalmente, pois desse tempo que passámos juntos fica a necessidade de deles falarmos.
Parece que estão mais próximos, atenua o nosso sentimento de perda e prestamos-lhe uma homenagem que não tem preço, não é institucionalizada pois não se institucionalizam os sentimentos.
Juvenal Amado



AFINAL ERA BALA REAL

O Passos contou-me esta ocorrência na última vez que estive com ele, quando lembrávamos o nosso camarada João Caramba, onde fica demonstrado o voluntarismo e a noção de entreajuda que norteava o nosso saudoso amigo.

O caso passou-se quando ainda estávamos no Cumeré em treino operacional, antes de seguirmos para o Leste.

O Passos nunca dizia não a uma jogatana de futebol e embora com um calor pouco convidativo à sua prática, era raro o dia em que não houvesse jogos entre pelotões, ora da CCS ora das companhias operacionais.

Nesse dia o Passos torceu um pé. Não dando muita importância a verdade que após o fim do jogo e com o arrefecimento, a dor no artelho bem como em todo o pé, que apresentava já algum aspecto inchado, tornou-se incomodativa levando-o a procurar ajuda na enfermaria.

Aí levou uma pomada, uma ligadura na zona afectada e a troco de uns analgésicos LM tomados a horas certas, o Passos esqueceu-se da dor.

Mas a malta não estava lá para jogatanas e mesmo nessa tarde o Pelotão de Reconhecimento foi chamado para instrução de guerrilha e contra guerrilha.
A simulação de um golpe de mão a um pelotão de uma das companhias operacionais era a ordem. Estavam connosco as seis companhias operacionais desembarcadas do Angra do Heroísmo, 3 continentais e 3 madeirenses.

O resultado do insucesso desta operação, era ficar prisioneiro do pelotão “atacado” toda a noite e no outro dia, ser exibido como troféu pelos que eram para ser caçados e passavam assim a caçadores.
Embora fosse a brincar, ninguém do Pel Rec queria deixar os seus créditos por mãos alheias e passar por essa vergonha.

Foram feitas equipas de dois calhando numa delas o Passos e o Caramba.
Tinham sido informados de que os atacados tinham bala simulada e não deveriam responder ao fogo.

Lá se foram aproximando da força “inimiga” com todo o cuidado, e estando conscientes de que acabariam por ser detectados,  tinham após isso, tudo fazer para não serem feitos prisioneiros.

E assim foi. Quando foram detectados, pernas para que te quero pelo mato fora. Atrás deles ouviam os disparos.

Mas o pé do Passos não o deixava correr muito, uma vez que cada vez lhe doía mais, com a agravante de ter batido com ele ao saltar do Unimog que os tinha levado ao local onde se iniciaria a operação.

Os perseguidores ganhavam terreno a olhos vistos e o Caramba teimava em não deixar o Passos para trás, dizendo: ou fugimos os dois ou somos os dois apanhados.

Nisto o Caramba manda o Passos atirar-se pra o chão pois detectou que alguém estava a usar bala real. No chão o Passos por instinto meteu bala na câmara com o Caramba a gritar para não responder ao fogo e logo de seguida levantar os braços gritando que se rendiam.

Os perseguidores aproximaram-se todos risonhos e eufóricos da vitória, não esperavam que o Caramba desse um salto em frente para desancar o responsável pelos tiros, que lhe tinham assobiado aos ouvidos.

- Ou me tiram este gajo da frente ou eu parto-lhe as trombas.

No meio de enorme burburinho e acusações, foram ver o carregador da G3 e ele tinha de facto balas reais. Foi um momento de consternação para todos com o Caramba a jurar pela pele do atirador.

Do que se passou a seguir, o Passos disse-me que não soube mais nada sobre o resultado da ocorrência, mas pensa que aquilo foi abafado tendo ficado em nada.

A falta de preparação com saíamos da recruta/especialidade e eramos enviados para a Guiné, era muita e houve muitas tragédias que se poderiam ter evitado.

A sorte era escapar.

Entretanto o Batalhão 3872 embarcou numa LDG e na Bóro direito ao Xime e o episódio foi-se diluindo nos verdadeiros perigos que se avizinhavam daí para a frente.

Um abraço para todos
Juvenal Amado

João Caramba a bordo do "Angra do Heroísmo" ao largo da ilha da Madeira

A malta do Pelotão de Reconhecimento em confraternização
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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11382: Estórias do Juvenal Amado (48): Fizeram-me lembrar os "Doze Indomáveis Patifes"

Guiné 63/74 - P12169: Os nossos seres, saberes e lazeres (58): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (5) (Tony Borié)

1. Em mensagem do dia 21 de Setembro de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos o 5.º episódio da narrativa da sua viagem/aventura de férias, num percurso de 7000 milhas (sensivelmente 11.265 quilómetros) através dos Estados Unidos da América, na companhia de sua esposa.





7000 milhas através dos USA - 5


Pela manhã deixámos o “Hotel das Côcas”, como dizem os nossos familiares, que é o Hotel “Stanley”, onde diziam que apareciam “fantasmas” de noite, em Estes Parque, nas montanhas do Colorado, onde nada apareceu ao Tony e sua companheira e esposa, portanto sem qualquer preconceito, com a sua mente limpa, pensando somente no tráfego e no próximo destino, voltaram à estrada número 25, tomando o rumo do norte.

Depressa cruzaram a fronteira com o estado de Wyoming, que dizem ser um dos estados mais escassamente povoados, e a palavra Wyoming, no idioma indígena significa “terra de vastas planícies”, onde se pratica a pecuária, a agricultura, mineração e claro, o turismo, onde existem grandes áreas desertas, tanto na montanha como nas planícies, que são considerados parques, como o “Grand Teton National Park”, o “Yellowstone National Park” e outros, pois mais de 48% do território é propriedade do estado, e que são administrados pelo Serviço Nacional de Parques ou outras agências do governo.

Duas curiosidades, este território de fronteira, em 1869, foi o pioneiro onde as mulheres podiam ter direito a voto, e o resultado foi que em 1924, Wyoming foi o primeiro estado onde elegeram uma mulher para governador! Só o “Yellowstone National Park” e o “Grand Teton National Park”, recebem ao ano mais de quatro milhões de visitantes!

Visitaram o centro de boas-vindas, onde os informaram do percurso que desejavam, e quais os locais mais importantes de acordo com o que queriam ver. Havia diversas maneiras de cruzarem o estado, podia ser por estradas rápidas, ou atravessando planícies quase desertas, onde podia aparecer um letreiro a dizer que a próxima aldeia ou vila era a 100 milhas de distância!



Optaram por o letreiro a dizer que a próxima aldeia ou vila era 100 milhas de distância, portanto na cidade de Cheyenne, que é a capital do estado, encheram o tanque de gasolina, compraram fruta, água e gelo, o GPS indicando o próximo destino, e sem dar por nada estavam sozinhos na estrada, rumo ao norte. De vez em quando passavam algumas pessoas de moto, o que é sinal que a paisagem deve de ser linda, pois essas pessoas que viajam por aquelas paragens de moto, são como antigamente os cowboys, gostam da paisagem e da solidão. Levantavam sempre a mão quando por nós se cruzavam, que devia de ser a dizer, “alô, tem calma, desfruta da paisagem”, isto foi por milhas e milhas, sem qualquer povoação, abandonada ou não, não se via sinais de vida, só algumas caravanas ou motos, até que chegamos muito perto da povoação do célebre “Forte Laramie”, onde a população ainda não ultrapassa as 250 pessoas. As ruínas do forte situam-se a poucas milhas, e que era um importante local de paragem para quem viajava nos “Trails”, ou seja, caminhos que iam dar a Oregon, Califórnia e mesmo a Mormon, também servia de ponto de paragem e abastecimento aos militares que iam fazendo a expansão do território por estas planícies onde havia muitas aldeias e tribos de índios.

Visitámos este forte que está situado quase quando se cruza o “North Platte River”, um pouco na entrada do “Laramie River”, onde ainda se podem ver as camaratas dos militares, algumas divisões das casas dos oficiais que viviam com as suas famílias, as cavalariças dos cavalos junto ao rio, a parada e algumas peças de artilharia usadas na época.

Daí continuámos na estrada número 85, rumo ao norte, com o GPS a falhar de vez em quando com falta de sinal, a paisagem sendo sempre a mesma, de vez em quando surgiam diversas alterações no terreno, com o aparecimento das “Badlands”, que é um tipo de paisagem ruiniforme de características áridas e extensamente erosada pelo vento e pela água, existem desfiladeiros, ravinas, barrancos, canais e outras formas que são comuns nas terras baldias e que é difícil caminhar por elas, aqui e ali viam-se alguns búfalos, pequenas manadas, mas viam-se.


Depois de muitas milhas rumo ao norte, encontrámos um dos destinos que nos fizeram mover para estas paragens, que era a “Devils Tower National Monument”. Ao longe, umas milhas antes já se pode ver, dizem que é um vulcão cilindrico, extinto há milhões de anos, com 275 metros de altura. Está localizado na região nordeste do estado de Wyoming, nas “Black Hills”, próximo de Hulett e Sundance, no distrito de Crook, um pouco acima do rio “Belle Fourche”. A Torre do Diabo, é famosa por ter aparecido no filme de ficção científica “Encontros Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg. O presidente Theodore Roosevelt, declarou a Devils Tower com Monumento Nacional dos Estados Unidos em 1906. Muitas tribos de índios, referem-se à Devils Tower, com um local sagrado e de meditação, a nós mereceu-nos respeito e curiosidade, fazendo-nos pensar, como a terra que habitamos tem tantas maravilhas e tantos segredos.

Ainda era dia, o sol não ia muito alto, ainda havia tempo de rumar a outras paragens, pois este local foi o mais distante do estado da Flórida, por onde andámos, tanto para oeste como para norte. Junto de nós estava uma família que nos pediu para tirar uma foto juntos, com a Devils Tower ao fundo, o que fizemos, e também pedimos o mesmo, andavam na “estrada” ia para um mês, tinham vindo da povoação de Deadwood, em Dakota do Sul, que era o nosso próximo destino, eram oriundos da cidade de Montreal, no Canadá, quando souberam que éramos europeus, queriam falar francês, dizendo que os seus avós eram franceses, pensando que na europa todas as pessoas falavam francês, enfim, disseram-nos que tinham passado quase uma semana em Deadwood, acampados nas colinas, aconselhando-nos a cruzar as montanhas de “Black Hills”, e seguirmos o trajecto de montanha, pois o sol ainda ia alto, e havia grandes cascatas de água, e montanhas lindíssimas, com vales onde existia grandes lagos. Foi o que fizemos, com um roteiro desenhado por essa família, com a ajuda do GPS, que às vezes dava algumas falhas de sinal, atravessando montanhas, parando aqui e ali, não querendo abandonar alguns cenários, atravessámos a fronteira, entrando em Dakota do Sul.

Foi em 1858 que o governo americano criou o “Território de Dakota”, que incluia o que é actualmente os estados de Dakota do Norte e Dakota do Sul, que até então eram parte do “Território de Minnesota”. Era escassamente povoado até ao século XIX, quando as primeiras linhas do caminho de ferro começaram a atravessar o território e com elas vieram milhares de famílias que incentivaram a prática da agricultura na região, tornando as planícies da Dakota do Sul, nuns dos líderes nacionais na produção de trigo. Em 1889 o “Território de Dakota” foi dividido nas actuais Dakota do Sul e Dakota do Norte, e elevadas à categotia de estados. A parte oeste, onde atravessámos a fronteira, é a região de “Black Hills”, uma região montanhosa que é visitada por milhões de turistas, e onde abriga o “Monte Rushmore”, que falaremos mais à frente. O nome Dakota na língua “sioux”, significa “amigo”.

Continuando com a nossa rota, estava já a anoitecer, quando chegámos à povoação de Deadwood, em Dakota do Sul. É uma povoação diferente, está situada nas colinas das montanhas de “Black Hills”, tem uma história que vem de algumas centenas de anos, e não nos querendo alongar muito, dizem que o assentamento ilegal de Deadwood começou em 1870 no território concedido aos índios americanos no “Tratado de Laramie”, em 1868, que na opinião do Tony, registe-se que nada vale, já era deles. O tratado dava a posse garantida do “Black Hills” ao povo Lakota, e as disputas sobre as colinas continuaram, e tinham que continuar, pois outra vez na opinião do Tony, havia lá ouro, tendo atingido a Suprema Corte dos Estados Unidos, em diversas ocasiões. No entanto, em 1874, o coronel George Armstrong Custer, liderou uma expedição a essas montanhas, e anunciou a descoberta de ouro no “French Creek”, que era um ribeiro que por lá passava, muito perto da povoação do actual Custer, no estado de Dakota do Sul. O anúncio do coronel Custer desencadeou a corrida ao ouro na “Black Hills”, e deu origem à cidade sem lei de Deadwood, que rapidamente chegou a uma população de cerca de 5000 pessoas, onde antes existiam apenas umas dezenas. Com a nova população, cresceram estábulos, casas e barracas, vendendo tudo o que era necessário para os novos exploradores de ouro, salões de jogo, bares, vieram aquelas raparigas a quem chamam da “vida fácil”, o álcool corria nas gargantas, sendo tudo pago com “pepitas de ouro”, não havia lei, ou se havia não se respeitava, matava-se por uma pá, uma bacia de limpar a terra do ouro, ou por um burro de carga, enfim, era a lei do mais rápido.

Foi onde, no célebre “Salon N.º 10”, assassinaram o famoso cowboy, que também serviu de guia militar e explorador, “Wild Bill Hickok”, que usava uma grande faca e duas grandes pistolas, dizia-se que tinha lutado sozinho contra muitos ursos, matado muitos “peles- vermelhas”, tinha ganho umas dezenas de duelos, era forte e audaz, conhecia todo o território, em especial as “Black Hills”, e um dia um garoto, que se lembrava da sua cara por ter morto o pai, que o desafiou num duelo, lhe disferiu dois tiros nas costas, assim de repente, à queima-roupa, acabando com toda a sua audácia e rapidez, e dizem que está sepultado no cemitério, nas colinas de Deadwood, ao lado da sua também irreverente “Calamity Jane”.

Deadwood foi protagonista de uma longa série televisiva que apaixonou milhares de pessoas, hoje a sua população anda à volta de 1300 pessoas, as ruas e a estrutura da povoação mantêm-se, é considerada “Nacional Historic Landmark District”, em todos os bares e restaurantes existe casinos com máquinas de jogo, a bebida continua a correr, algumas raparigas ainda andam pela porta dos bares, principalmente à noite, há música e festas em tudo o que é esquina, é visitada todos os dias por centenas, talvez milhares de pessoas, principalmente motares que fazem desfile, a ver quem tem a sua moto mais bonita e mais bem limpa.

Dormimos aqui, depois de andar pela rua principal, junto de centenas de pessoas, de cerveja na mão.

Tony Borie,
Agosto de 2013
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12067: Os nossos seres, saberes e lazeres (57): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (4) (Tony Borié)