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quarta-feira, 11 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18512: CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Bajocunda, Copá e Canjadude (1966-1968): Subsídios para a reconstituição da sua história (Jorge Araújo) - Parte I





Guiné > Bissau> Cais > 9 de Maio de 1968 > Preparativos para o regresso à metrópole da CCAÇ 1586 a bordo do T/T Niassa (fotos gentilmente cedidas pelo camarada ex-fur trms Aurélio Dinis, da mesma unidade).


Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018; 
criador da série "D(o) outro lado do combate"




Companhia de Caçadores 1586, "Os Jacarés"  (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Balocunda, Copá e Canjadude ((1966-1968):  Subsídios para a reconstituição da sua história - Parte I



1. INTRODUÇÃO

Com algum atraso, mas ainda a tempo de cumprir com os objectivos de partida, o presente trabalho surge na sequência da publicação no blogue de dois postes: o P18149 e o P18158, ambos em memória do Alferes QPAugusto Manuel Casimiro Gamboa [, foto à esquerda, cortesia da Academia Militar[, pertencente à CCAÇ 1586 (1966/1968), e da referência à emboscada que o vitimou, em 14 de dezembro de 1967, na estrada entre Canjadude e Nova Lamego.

Ele é também, por um lado, um modesto contributo escrito (subsídio) visando ajudar na reconstituição da História desta Unidade (a possível) e, por outro, a concretização da promessa feita em comentário ao segundo texto, uma vez que, de acordo a informação dada pelo nosso colaborador permanente José Martins, especialista em Arquivo Histórico Militar do Exército (Guerra do Ultramar), "no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] não existe História da Unidade".

Não estando expressas as razões da ausência documental da sua História no AHM, não é difícil presumir como uma forte possibilidade, , quiçá a mais provável, que ela teve como principal causa a divisão física e logística permanente dos seus efectivos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas em cada um dos locais onde esteve instalada, num total de oito, como se indica em título e como se assinala no mapa abaixo.

Para além desta probabilidade (suspeita), que naturalmente não podemos comprovar, uma outra variável poderá ter influenciado também a sua não transcrição para o papel, na justa medida em que estamos perante um colectivo militar metropolitano que muito sofreu ao longo dos vinte e um meses da sua comissão (de agosto de 1966 a  maio de 1968), fazendo fé nos factos que conseguimos apurar, entre eles os seus mortos e feridos.

Será que foram estas as principais causas?

Ainda assim, admitimos a hipótese de terem existido outras razões/causas para além das que acima presumimos. Mas só o saberemos, em definitivo, se algum elemento da CCAÇ 1586 tiver a resposta certa a esta questão. Vamos esperar que tal aconteça ou que no aprofundamento deste projecto de investigação possamos chegar lá.

Porém, perante a caracterização sumária do quadro supra, compreende-se (compreendo) perfeitamente as dificuldades em se estruturar/organizar as suas memórias, pois foram, certamente, muitos os factos e ocorrências que mereceriam ficar gravadas como testemunhos históricos da sua presença na região do Gabu, situada a Leste do território da Guiné, e que não foi possível centralizá-las ou juntá-las, passando-as a escrito, devido à dispersão dos seus efectivos nas diferentes frentes das muitas missões.

Lamentamos que assim tenha sido.

Porque não fazemos parte desse colectivo de camaradas (ex-combatentes), estes sim fiéis depositários das suas memórias durante aquele período ultramarino, enquanto principais personagens fazedores da sua história, esta narrativa não podia deixar de não ser corolário da consulta realizada a diferentes fontes de informação, escrita e oral, onde cada referência encontrada e relato obtido dos directamente envolvidos, se considerou relevante para a concretização do objectivo geral, ou seja, o início de um processo de reconstituição da História da CCAÇ 1586.

Dessa análise global e da sua triangulação, como metodologia da investigação, procurou-se caminhar na busca do que considerámos fidedigno, idóneo, exacto ou válido, enquanto sinónimos do mesmo valor, deixando à reflexão de cada leitor o que se pode considerar, inquestionavelmente, genuíno ou, pelo contrário, uma trapalhice (propaganda), uma vez que circulámos por ambos os lados do combate.

Em função do já pesquisado e dos resultados obtidos, decidimos dividir o trabalho em diferentes partes, sendo esta a primeira, onde se divulgam aspectos relacionados com a sua mobilização, locais das principais actividades operacionais e quadro das baixas em combate.


2. MOBILIZAÇÃO E LOCAIS DAS MISSÕES NO CTIG


Mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2] , em Abrantes, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de julho de 1966, sábado, zarpando rumo a Bissau a bordo do N/M Uíge, numa altura em que a cronologia da guerra registava já três anos e meio.

Aí desembarcou a 4 de agosto, 5.ª feira, sendo destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o destacamento da Ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de setembro de 1966.

A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas:

(i)  Nova Lamego, de 10 de outubro de 1966 até princípios de dezembro desse ano;

(ii) Béli, de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967;

(iii)  e Madina do Boé, de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967.


A 6 de abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de outubro e 4 de dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.

Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso à metrópole, a 9 de maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M Niassa, com a chegada a Lisboa a acontecer a 15 de maio, 4.ª feira, ou seja, seis dias depois [adap. do P3797, José Martins, ex-Fur Trms CCAÇ 5 (1968/1970), nosso colaborador permanente].


 3. MAPA DOS LOCAIS ONDE A CCAÇ 1586 DESEMPENHOU AS SUAS DIFERENTES ACTIVIDADES OPERACIONAIS


No mapa abaixo, sinalizadas no interior de elipses, encontram-se os locais onde a CCAÇ 1586 desempenhou as suas diferentes actividades operacionais.


Infografia: Jorge Araújo (2018)



4. QUADRO DE BAIXAS DURANTE A COMISSÃO


No âmbito da pesquisa realizada, foram identificadas e agrupadas por datas as baixas contabilizadas pela CCAÇ 1586 durante a sua comissão, cujo quadro se apresenta de imediato.

A organização do quadro, segundo esta metodologia, corresponde à ordem da descrição dos factos conhecidos sobre cada causa ou ocorrência, e que daremos conta ao longo das próximas narrativas.


Infografia: Jorge Araújo (2018)

Sitografia consultada:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/

http://www.apvg.pt/

http://ultramar.terreweb.biz/ (com a devida vénia)

(Continua)
______________

Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
16JAN2018.

PS - Este é o primeiro dos textos que estavam em atraso, o da CCAÇ 1586, na medida em que me comprometi a dar uma ajuda na reconstituição da sua HU, que não existe. Entretanto, fui convidado para participar no seu Convívio Anual que se realiza em Abrantes, a 19 de maio de 2018. Já lhes pedi um cartaz para fazer a sua divulgação na «Tabanca».

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18149: In Memoriam (309): Alf inf QP Augusto Manuel Casimiro Gamboa, CCAÇ 1586 (Piche, Nova Lamego, Canjadude, Madina do Boé, Béli, Bajocunda, 1966/68), nascido em São Tomé , morto em combate, em 14/12/1967, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego (José Martins / Virgílio Teixeira / António J. Pereira da Costa / José Corceiro)


Foto nº 1 > O alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa, morto em combate, em 14 de dezembro de 1967 - Pertencia à CCAÇ 1586.

Foto: cortesia de Academia Militar > Alunos Mortos ao Serviço da Pátria > Campanha do Ultramar (1961-1974) > Alferes de infantaria Augusrto Manuel Casimiro Gamboa


Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  c. 1967 > Foto de grupo: vários miliatres e população. Na primeira fila, sentados, aparecem à esquerda  o alf inf Gamboa (X), seguido do alf mil SAM Virgílio Teixeira.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Canjadude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70) > Parada Alferes Gamboa, no aquartelamento de Canjadude, frente ao edifício do Comando. Na base do mastro da bandeira existia uma placa gravada, em madeira, com a referida indicação.  Na foto, parte da Secção de Transmissões, 2º semestre de 1968.

Foto (e legenda): © José Martins  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Juntámos aqui quatro textos e algumas fotos sobre o nosso camarada Augusto Manuel Casimiro Gamboa, um dos 75 alferes mortos no TO da Guiné, e sobre o qual até agora tínhamos escassas referências no nosso blogue. Agradecemos a pronta colaboração dos nossos camaradas José Martins, Virgílio Teixeira, António J. Pereira da Costa e José Corceiro. Connosco, aqui no blogue da Tabanca Grande, ninguém fica na "vala comum do esquecimento".


1.  José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70; nosso colaborador permanente), em mensagem de ontem:

O Alferes de Infantaria AUGUSTO MANUEL CASIMIRO GAMBOA, com o número 0741211 era natural da freguesia da Conceição, concelho de S. Tomé, em S. Tomé e Príncipe, filho de Augusto da Costa Gamboa e de Maria Isabel Casimiro Gamboa. [Foto nº 1 ]

Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2 (Abrantes) para a Companhia de Caçadores nº 1586, embarcando em 30 de julho de 1966.

Sob o comando do Capitão de Infantaria António Marouva Cera, foi colocado em Piche, Sector Leste, onde assumiu a responsabilidade do referido sector a 8 de agosto de 1966.

Cumulativamente passou a ter a função de subunidade de intervenção, tendo pelotões destacados em Nova Lamego de 10 de outubro a princípios de dezembro de 1966; Madina do Boé de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967; Béli de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967.

A 6 de abril de 1967 foi transferido para assumir o subsector de Bajocunda.

O subsector temporário de Canjadude, criado em 28 de outubro de 1967 teve um pelotão da CCAÇ 1586 onde, oficialmente, se manteve até 4 de dezembro de 1967.

Deve ter sido aquando da retirada desta força de Canjadude, em direção a Nova Lamego que, cerca de 1 quilómetro a sul de Uelingará, a coluna foi emboscada, tendo sido morto o Alferes Gamboa, em 14 de dezembro de 1967. [Foto nº 3]

Foi inumado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 14 de dezembro de 1967 > O cadáver do guerrilheiro do pAIGC, morto na emboscada que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


2. Virgílio Ferreira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), em mensagem de ontem:

Olá a todos,

Em relação ao Alferes Gamboa, eu tive vários contactos com ele, quer em Nova Lamego, ou até Piche, e possivelmente em Canjadude onde fui algumas vezes.

Aqui vai uma foto que tirei com ele, a última antes de ele morrer, agora me relembro, barbaramente assassinado [Foto nº2] . Foi por isso que o turra que apanharam no seguimento desse ataque, também foi maltratado, já depois de morto. Tenho a foto, uma delas, vou enviá-la para memória futura.
Foi o pessoal do pelotão de AML Daimler 1143, que 'trataram' dele. [Foto nº 4]

Eu tenho uma ideia de estar envolvido nessas viagens, e isso foi precisamente por volta de 14 de dezembro de 1967, estava lá há pouco tempo. Isto marcou-me, como é óbvio. Na foto aparece mais pessoal. O Gamboa está de chapéu de abas largas enroladas, eu estou ao lado dele.

Não sabia que era do QP, era um gajo porreiro a falar e conversar, levava tudo a brincar.


3. António José Pereira da Costa [, cor art ref, ex-alf art, CART 1692 / BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt  das CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74):

Mensagem de ontem, às 22:01:



Olá, Camaradas

O Alf Gamboa era um ano mais antigo do que eu.

Sai da Academia Militar em outubro de 1967 e terá embarcado ou ainda em dezembro de 1967  ou no início de janeiro de 1968.

Na altura a morte dele foi muito falada. Soube-se que foi brutalizado, esperemos que depois de morto, e que lhe deixaram um galão em cima do peito.

Soubemos que foi numa emboscada, mas não soube mais pormenores.

Um Abraço
António J. P. Costa


4. Excerto de texto de Virgílio Teixeira, publicado  no poste P 18145 (**)

(...) Há uma história triste com o alferes inf Gamboa, da CCAÇ 1589, que também estava subordinada ao nosso comando. Num certo dia de dezembro eu estava para ir numa coluna a Piche, estivemos a conversar debaixo duma enorme árvore, e tenho uma foto desse momento, com ele e outros militares que seguiram mais logo. Depois por qualquer razão que desconheço, não me deixaram ir, e a coluna partiu para Piche.

Uma ou duas horas depois vem uma informação de uma emboscada com minas e a noticia que um dos mortos era o alf Gamboa. Foi um choque. Apanharam um turra que fez parte dessa emboscada e trouxeram-no para Nova Lamego já morto, foram os elementos do pelotão AML 1143 e foi exposto na praça pública. Tenho fotos dessa exposição pública, não sei se interessa mostrar isto. Sei que depois se fizeram algumas barbaridades e eu, apesar de fotografar alguma coisa, não participei nesse baile.

Nessa noite fizemos o velório do Gamboa, ele usava um chapéu de cowboy americano com as abas para cima [, Foto nº 2]. Foi uma grande perda, pois falamos algumas vezes. (...)


5. Excerto do poste de 8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6698: José Corceiro na CCAÇ 5 (14): Emissor receptor AN/PRC-10

(...) Em Canjadude, em 1971, pode-se testemunhar o seguinte: Durante uma flagelação do inimigo ao Aquartelamento, no dia 21 de Julho de 1971 ao escurecer, o fogo do IN danificou as duas antenas horizontais existentes do AN/GRC-9, que estavam instaladas e suportadas pelos ramos do embondeiro grande, que estava ao lado do campo de futebol e de uma mangueira que estava junto da Parada Alferes Gamboa.

O nome desta Parada, era uma homenagem ao Alferes Augusto Manuel Casimiro Gamboa que,  segundo se dizia, já após o término da sua comissão de serviço na Guiné, perdeu a vida numa emboscada do IN, no dia 14 de Dezembro 1967, quando a coluna que o transportava de Canjadude para Nova Lamego sofreu um ataque, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego. 

Contava-se em Canjadude, que foi todo esquartejado no tórax para lhe arrancarem o coração, assim como o despojaram de todos os seus haveres). (...)
_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17942: In Memoriam (308): Nelson Batalha (1948-2017), um dos 15 "ilustres TSF" do meu curso, meu padrinho de casamento, meu grande amigo e camarada...Natural de Setúbal, ferido em Catió, e depois de 10 anos a lutar contra o Alzheimer, acaba de cambar o Rio Caronte... A título póstumo, passa a integrar a nossa Tabanca Grande, sob o lugar nº 759 (Hélder Sousa, régulo da Tabanca de Setúbal)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16853: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (7): José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70)



Original foto de Canjude, região de Gabu, com votos de Boas Festas, enviada pelo José Martins [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70)


Foto: © José Martins (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Para todos os camaradas

Votos de Feliz Natal 

e prosperidades no Novo Ano de 2017

José Marcelino Martins




_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16852: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (6): Benjamim Durães [ex-fur mil op esp, Pel Rec Info, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)]

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16638: Os nossos capelães (6): Libório [Jacinto Cunha] Tavares, o meu Capelini, capelão dos "Gatos Negros", açoriano de São Miguel, vive hoje, reformado, em Brampton, AM Toronto, província de Ontario, Canadá (José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70)


Guiné > Região de Gabu (Nova Lamego) > Canjadude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos" > 1969 > O alf mil capelão Libório Tavares, açoriano, dizendo missa, num altar improvisado. Ajudante,  o José Martins, fur mil trms, CCAÇ 5 (Canjadude, 1968/70) (*).

Libório Jacinto Cunha Tavares, açoriano,nascido em 1933,  foi capelão no CTIG,  de 17/1/1968 a 10/12/1969,, portanto já com 35/36 anos (**).

Foto (e legenda):  © José Martins (2006). Todos os direitos reservados [Ediçaõ e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de José Marcelino Martins , de 19/9/2014, ao poste  P13616 (*)

Se os capelães caíam em emboscadas e sofriam ataques aos aquartelamentos, não sei.

Só conheci um capelão, apesar de haver de 2 batalhões durante a minha estadia.

Conheci o Padre Libório [Tavares], tipo bacano,  e que "safou" muito alferes que se não apresentava ao render da guarda. Também não era necessário. O Libório tomava o lugar do faltoso, e depois "passava a pasta".

Esta cena via-a e soube que era normal, em comentários com a malta do Batalhão [, sediado em Nova Lamego].

[Deve tratar-se do  BCAÇ 2835: mobilizado pelo RI 15, partiu para a Guiné em 17/1/1968 e regressou a 4/12/1969; esteve em Bissau e Nova Lamego; comandantes: ten cor inf Esteves Correia, maj inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena, e ten cor inf Manuel Maria Pimentel Bastos. Foi rendido pelo BCAÇ 2893 (1969/71) ]
Quando o vi ir numa coluna, ia desarmado. Disse-lhe que era bom levar a "canhota", porque ficava igual aos outros, apesar de já ter uma idade jeitosa [, 35/36 anos]. Respondeu-me que foi para a guerra para salvar homens, e não para usar armas.

Uns tempos depois, já o vi a usar pistola, baseado no facto de que Deus o protegia, mas que ele, Padre, devia colaborar.

Em 11 de julho de 1969, a CCAÇ 5 estava em operação a 4 grupos de combate. No aquartelamento [, em Canjadude,]  ficou a Formação, 1 Grupo de Combate da CCAV 2482 , "Os Boinas Negars" (recebido em reforço temporário) e p Pelotão de Milícias  nº 129.

O Padre Libório [Tavares] encontrava-se de visita ao aquartelamento, tendo chegado no dia anterior com o pelotão de cavalaria.

O Padre Libório não deu um tiro, mas organizou, com as mulheres dos soldados [guineenses da CCAÇ 5] que fugiram para dentro do quartel, um grupo para encher os carregadores que os soldados iam atirando para junto deles, para serem carregados.

Incentivou toda a malta ao combate, mas não me consta que tenha chamado, ao IN, "Santos" ou "Anjinhos". O que chamou foi de grau muito mais vernáculo [, ou não fosse ele de Rabo de Peixe].

Sei que, quando regressou aos Açores, já a sua mãe e uma irmã com quem vivia, tinham falecido. Foi para junto duma comunidade portuguesa na América (***).

Onde quer que esteja e se ler esta mensagem, vai um grande abraço para o meu amigo Capelini, como eu o tratava, do furriel das transmissões de Canjadude,  José Marcelino Martins. (****)


2. Comentário do editor:

Nascido em 1933, na ilha de São Miguel, em Rabo de Peixe, Libório Tavares frequentou o seminário diocesano da Terceira,  foi ordenado padre em 1958, esteve em várias paróquias da sua ilha natal, incluindo Rabo de Peixe, foi capelão  militar no TO da Guiné (de 17/1/1968 a 10/12/1969), vive em Brampton, cidade suburbana da área metropolitana de Toronto, província de Ontario, Canadá,

Com a bonita idade dos octogenários, está naturalmente reformado. Foi pároco da igreja católica de Santa Maria, em Brampton,  durante 26 anos,  lugar que é hoje ocupado pelo seu sobrinho e afilhado, o padre Libório Amaral.

O padre Libório Tavares é muito conhecido da comunidade portuguesa e açoriana de Toronto,  é foi considerado um dos principais animadores da tradição da multissecular festa do Senhor Santo Cristo (LG).

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - P746: Procissão em Canjadude ou devoção mariana em tempo de guerra (José Martins)

(**) 17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13616: Os nossos capelães (4): O bispo de Madarsuma, capelão-mor das Forças Armadas, em Gandembel, no natal de 1968 (Idálio Reis, ex-alf mil, CCAÇ 2317, Gandembel / Balana, 1968/69)

 (***) Vd. Liborio Tavares | Alphaleo Solutions Inc | ZoomInfo.com  [Mississauga, Ontario, Canada]

Encontrámos duas referências ao reverendo Libório Tavares, reformado [, "retired",] que fez  parte da equipa sacerdotal ligada á igreja católica de St. Mary, Brampton, Ontario,   arquidiocese de Toronto, Canadá:

St Mary's Church
Roman Catholic Church Brampton

66A Main St. South, Brampton, ON L6W 2C6


Call us: 905-451-2300
Email us: info@stmarysbrampton.com
https://stmarysbr.archtoronto.org/

(...) Parish  Staff:  Frei Liborio Amaral > Pastor:

Fr [Father] Liborio was born in 1963 at San Miguel, Azores, Portugal (...). In the winter of 1969 he immigrated to Canada with his parents and two sisters. (...) He is very happy to be pastor of his home parish – his parents are now his parishioners and live near by. An added blessing is the presence of his Uncle and Godfather, Fr. Liborio Tavares, who lives at St. Mary’s senior's residence next door.​ (...)

 (...) Fr. Liborio Jacinto Cunha Tavares (Retired Priest):  Fr.  [Father] Liborio Tavares was born in 1933 at San Miguel, Azores, Portugal (i.e. San Miguel is the largest of 9 islands in the mid-Atlantic ocean).


On June 15th, 1958, Fr. Liborio Tavares was ordained to the Priesthood in the island of Terceira, Azores (the diocesan seminary was located in this island). He celebrated his first mass of thanksgiving in the midst of his family and friends on June 29th, 1958 in the parish of Senhor do Bom Jesus, Rabo de Peixe. He was assigned to a number of parishes on the island of San Miguel and also ministered as a military chaplaincy. (...)

Podemos também, vê-lo aqui, num vídeo do You Tube, publicado recentemente por TubaMan73  > Banda do Senhor Santo Cristo 2000

"Concert at Festa do Senhor Santo Cristo at St. Mary's Church in Toronto in 2000. Our guest maestro was Fr. Liborio Tavares".


[José Ferreira de Pinho, nº 8 da lista dos capelães militares: agosto de 1963 / outubro de 1965]

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13576: Os nossos capelães (2): Convivi com o ten mil Gama, de alcunha, "pardal espantado"... Muitas vezes era incompreendido, até indesejado por alguns, pois tinha coragem para denunciar os abusos, quando os presenciava (Domingos Gonçalves, ex-allf mil, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

[Serafim Monteiro Alves Gama, salesiano, nº  15 da lista: janeiro de 19064/março de 1969]
[Seria o José Ferreira de Pinho, nº 8 da lista dos capelães militares: agosto de 1963 / outubro de 1965]

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16611: Inquérito 'on line' (76): Dúvidas dos respondentes: (i) quando se esteve em dois ou mais quartéis diferentes (Carlos Alberto Fraga, Mansoa, 2.º semestre de 1973); e (ii) o caso específico das tropas africanas e suas famílias que as acompanhavam (José Martins, Canjadude, 1968/70)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > "Numa picada numa operação de patrulhamento. Eu estou em primeiro plano. À frente os guias. Creio que foi numa picada que ia de Mansabá em direcção ao Sara-Changalena, picada que não era utilizada há anos e que pretendiam reabrir para aceder directamente a uma localidade que não me lembro o nome, picada que atravessava o Sara-Changalena".

Foto (e legenda): © Carlos Alberto Fraga (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís
Graça & Camaradas da Guiné]


I. Mensagem de Carlos Alberto Fraga que foi alf mil na 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, em Mansoa, na segunda metade do ano de 1973 [foi adjunto, num curto período de 4 meses, até finais de 1973, do cap José Manuel Salgado Martins, indo depois ele próprio comandar, como capitão, uma companhia em Moçambique, a seguir ao 25 de abril de 1974].

Data: 17 de outubro de 2016 às 10:42
Assunto: inquérito

O inquérito sobre os familiares no mato parece-me que pode conduzir a erros, da maneira que está formulado.

Por exemplo, eu estive em Mansoa e quando lá estive não havia familiares de militares em Mansoa, embora me dissessem que em tempos esteve lá um casal (um alferes miliciano e mulher). Mansoa era uma zona bem protegida com várias companhias, etc, etc. Mas, em Bissorã, cerca de 30 kms a Norte,
um local menos defendido do que Mansoa, aí havia familiares de um oficial superior.

Portanto,  respondendo só sobre Mansoa, a resposta é não; respondendo mais genericamente,  a resposta é sim por causa de Bissorã. Qualquer das respostas não será exacta.

Cidades como Bissau, Nampula, Beira, Nacala, Vila Cabral etc.,  creio que não podem ser consideradas «mato». Aí havia montes de familiares de militares. Eram zonas seguras. Parece-me que o objectivo do inquérito - ou terei percebido mal -, se referia a zonas não totalmente seguras.
O «mato» por definição não é uma zona segura.

Abraço
Fraga


Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Recepção do povo de Nova Lamego ao Ministro do Ultramar, 14 de Março de 1970 (**)

Foto (e legenda): © José Corceiro  (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


III. O comentário do nosso colaborador permanente José Martins [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70] levanta a questão da especificidade das tropas africanas, como era o caso da CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos -, que estiveram sempre em Canjadude, região de Gabu (*):

No meu caso, por estar colocado numa unidade da Guarnição de Recrutamento Local, estas questões são um pouco atípicas.

As tropas africanas, na sua maioria, pelo menos na CCAÇ 5, eram casados e alguns com já bastante tempo de tropa. Em 1974, quando foi extinta, havia recrutados de 1961, tendo, nesse caso, feito o pleno da guerra.

As mulheres e os filhos, que viviam na parte civil agregada ao quartel, só não os acompanhavam nas operações no mato. Nas colunas à sede do batalhão, marcavam sempre presença.

No caso de europeus, apenas, e estou a tentar reportar desde 1961 a 1964, apenas houve uma
residente efetiva. A esposa de um capitão que foi destacado do comando da CCS do Batalhão de Nova Lamego, para a CCAÇ 5. Em tempo recorde foi construído, dentro do perímetro militar, um abrigo para alojar o casal. A senhora ficou em Nova Lamego apenas o tempo da construção do abrigo. Assim que ficou "habitável" o abrigo,  transferiu-se para Canjadude, frequentando o refeitório dos graduados, nas refeições, à excepção do pequeno almoço, que o serviço de "catering" lhes levava.

Um outro caso, posterior à minha presença: houve um Furriel QP que esteve doente, vindo a falecer, que não foi evacuado, mas foi "patrocinada" a presença da esposa no aquartelamento.

Portanto, a minha resposta  é Sim, estiveram no aquartelamento mulheres e filhos, de militares, quer africanos quer europeus.


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Saída de Nova Lamego para Canquelifá com "armas, bagagens, mulheres e filhos dos nossos soldados"

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


III. Comentário do editor, respondendo às dúvidas levantadas sobre o inquérito a decorrer até 5.ª feira...

Recorde-se que o nosso questionário tem a seguinte configuração:

"NO MATO, NO(S) SÍTIO(S) ONDE EU ESTIVE, NA GUINÉ, HAVIA FAMILIARES NOSSOS"...


1. Sim, esposas (não guineenses)

2. Sim, esposas e filhos (não guineenses)

3. Sim, familiares guineenses (sem ser das milícias)

4. Não, não havia

5. Não aplicável: não estive no mato

6. Não sei / não me lembro

A questão que o Carlos Fraga nos coloca amavelmente é pertinente, mas tem de ser resolvida com bom senso, objetividade e honestidade: o Carlos esteve em Mansoa, na região do Oio, na segunda metade de 1973,  e nessa altura não havia familiares de militares, metropolitanos, a viver no quartel (e vila) de Mansoa. (Não importa se, por exemplo, no tempo do César Dias, em 1969/71, a situação fosse outra, e ele tivesse convivido com familiares de militares nossos.)

Mas ele tem conhecimento de que em Bissorã. mais a nordeste, também na região do Óio, há um oficial superior que tem lá familiares... Mansoa e Bissorã ficam no "mato", disso ninguém tem dúvidas. A resposta do nosso camarada Carlos Fraga só pode ser, honestamente, a resposta 3 (Não, não havia)... E a do César Dias será 1. Sim, esposas (não guineenses).

Em caso de dois ou mais aquartelamentos por onde passou, no TO da Guiné, o respondente ao inquérito deve tomar como referência aquele onde esteve a maior parte da comissão: por exemplo, se se esteve 15 meses no Xime, e os restantes 6 meses em Quinhamel, deve-se tomar como referência o Xime e não Quinhamel, e sempre o período em que lá se esteve (por exemplo, 1969/71 ou 1972/74).

O formato do questionário só nos permite trabalhar com mais de uma pergunta. Além disso, a pergunta tem de ser curta... Admite, no entanto, mais do que uma resposta: neste caso, por exemplo, até 3 respostas:

1. Sim, esposas (não guineenses); 2. Sim, esposas e filhos (não guineenses); 3. Sim, familiares guineenses (sem ser das milícias).

O Zé Martins tem razão no que diz respeito às tropas do recrutamento local (excluindo milícias...) como era o caso da CCAÇ 5 (a que ele pertenceu, em 1968/70) ou a CCAÇ 12 (a que eu pertenci, em 1969/71) ou a CART 11 (a que pertenceu o Valdemar Queiroz, 1969/70).

No caso de Canjadude, se calhar não havia uma clara distinção entre a tabanca e o aquartelamento. Pode-se considerar que os nossos camaradas guineenses da CCAÇ 5 viviam com as famílias no perímetro militar... Já no caso da CCAÇ 12, não, os nossos soldados africanos viviam com as famílias nas tabancas (Bambadinca e Bambadincazinho), fora do "arame farpado", e sempre armados de G3... Não havia casernas para eles, no quartel de Bambadinca. No meu caso, a única resposta que eu deu foi 1. Sim, as esposas (não guineenses)... 

Também passei quase dois meses em Contuboel (junho/julho de 1969), mas não me lembro de lá "ter visto" sequer esposas de militares metropolitanos...

Os camaradas que estiveram em Bissau optarão, honestamente, pela hipótese de resposta: 5. Não aplicável: não estive no mato.

Os respondentes podem sempre, até ao encerramento do inquérito (ou ao "fechar da urna", corrigir a sua opinião /mudar de voto (*).
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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16502: Tabanca Grande (495): Jorge Ferreira, ex-alf mil, 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego e Buruntuma, 1961/63), nosso grã-tabanqueiro nº 728...


Projeto de capa para o livro, profusamente ilustrado, e a ser publicado em breve, "Buruntuma: algum dia serás grande. Guiné, Gabu, 1961-63", da autoria de Jorge Ferreira, que foi alf mil da 3ª CCAÇ, tendo estado em Buruntuma com o seu pelotão (20 metropolitanos e 20 guinenses) entre  novembro de 1961 e julho de 1962. A 3ª CCAÇ estava sediada em Nova Lamego.

Aqui na foto, o Jorge Ferreira aparece com o régulo de Buruntuma, que era tenente de 2ª linha, junto ao marco fronteiriço ("República Portuguesa: Província da Guiné"). O seu próximo livro tem inegável interesse documental e etnográfico.

Buruntuma, sendo uma localidade fronteiriça, tinha posto da PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado. O Jorge Ferreira conheceu outras localidades do leste da Guiné, como Pirada e o célebre comerciante Mário Soares. O Jorge, na 3ª CCAÇ, em Nova Lamego, lembra-se ainda do  ten mil médico António  Sancho, mais tarde conhecido cirurgião plástico.



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Buruntuma > 1961/62 > 3ª CCAÇ > O alf mil Jorge Ferreira, fotografado junto ao armazém da mancarra (que ainda hoje existe, em ruinas).



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Buruntuma > 1961/62 > 3ª CCAÇ > O alf mil Jorge Ferreira, junto à incipiente rede de arame farpado do destacamento... Para alguns de nós, Buruntuma era o "cú de Judas" da Guiné... Hoje temos mais de 70 referências a Buruntuma no nosso blogue... Com a entrada do Jorge Ferreira temos ter seguramente mais e enriquecer o nosso espólio fotográfico...



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Buruntuma > 1961/62 > 3ª CCAÇ > O alf mil Jorge Ferreira


Fotos: © Jorge Ferreira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Jorge Ferreira, com data de 15 do corrente:

Caro Prof. Luis Graça e Companheiro:

Muito sensibilizado pelo caloroso acolhimento que me dispensou, envio-lhe como combinado a mini versão da "maquete" do meu livro.

O CV e as minhas fotos serão enviadas oportunamente.

Com consideração e grato pela atenção.

Jorge Ferreira


2. Mensagem do Jorge Ferreira de 16 de junho passado:

Boa noite.  Prof. Luís Graça

Os meus agradecimentos pela gentileza do seu acolhimento ao meu contacto telefónico de hoje.

Como lhe referi, tenho em fase de conclusão um Livro de Fotografias sobre Buruntuma (1961/62) que tenciono publicar no último trimestre deste ano. Entretanto estou dialogando com duas entidades prestigiadas o seu parocínio. Porém, com ou sem patrocínio, o Livro será publicado.

No fim do corrente mês a "maquete" para entregar na Gráfica estará concluída e depois seguir-se-á o necessário diálogo sobre as provas gráficas.

Como na 1ª quinzena de Julho estarei ausente no estrangeiro, gostaria de após o meu regresso conhecê-lo pessoalmente e abordar o tema do Livro, de acordo com as suas disponibilidades de tempo.

Grato pela atenção, apresento-lhe os meus melhores cumprimentos.

Jorge Ferreira




Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Posição relativa de Buruntuma, junto à fronteira coma  Guiné-Conacri > Carta de Buruntuma > Escala 1/50 mil (1957)


3.  Comentário do editor L.G. :

Jorge: Como combinado, aqui vai o link com a carta / mapa de Buruntuma, escala 1/50 mil de 1957...

Foi um prazer conhecer-te, camarada... Como mandam as boas regras do blogue, tratamo-nos doravante por tu, como camaradas que fomos no passado e que continuamos a ser, no presente. E deixa de títulos, postos, idade ou outras barrreiras à nossa comunicação.  São as regras do blogue (*).

Camaradas da Tabanca Grande: o Jorge, veteraníssimo camarada que esteve um ano em Buruntuma, entre  novembro de 1961 e julho de 1962,  quando ainda a guerra não tinha começado oficialmenmte, tem um livro lindíssimo sobre aquela terra e as suas gentes que ficaram no nosso coração... Prometi dar a notícia, em primeira mão, no nosso blogue... Conhecemo-nos há dias, pessoalmente, embora já desde meados de junho que temos vindo a falar ao telefone. Pedimos, há tempos, amizade na página do Facebook da Tabanca Grande, mas falta apresentá-lo formal e condignamente no nosso blogue. 

Eu e o Jorge Ferreira, que mora no concelho de Oeiras, para além da Guiné, temos várias coisas em comum: a frequência do ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, onde ele se licenciou depois de ter vindo da Guiné, (e onde eu frequentei o 1º ano da licenciatura em ciências sociais, em 1975/76, na mesma alturta em que lá esteve o cap cav Salgueiro Maia); vários amigos do Instituto de Informática do Ministério das Finanças e da DGOA - Direção Geral de Organização Administrativa); a paixão pela fotografia, etc...  Trabalhou, depois do regresso, em maio de 1963,  da Guiné , nos serviços mecanográficos do exército até 1972 onde teve, entre outros, como colega o Manuel Barão da Cunha, conhecido escritor da guerra de África, be, como o seu irmão Francisco.

O Jorge [da Silva] Ferreira, que passa a ser o nº grã-tabanqueiro nº 728 (**), tem um blogue de fotografia que merece ser divulgado e conhecido.  É um homem culto e viajado. e que cultiva a memória. No seu blogue, diz com modéstia que não é  "um fotógrafo profissional nem mesmo um amador". Descreve-se  apenas como um" caçador de imagens" (...) "que desde muito jovem se sentiu atraído pela fotografia, passando a fazer parte do [seu] quotidiano". Retomou a fotografia depois de enviuvar há 5 anos, fazendo do seu blogue também uma tocante homenagem à sua companheira de uma vida,  Gabriela, e mãe do seu filho (que, se não erro, vive nos EUA).

Sobre a sua comissão de serviço na Guiné, para onde foi mobilizado em 1961, escreveu:

(...) "A minha experiência de comando de um pelotão integrando militares portugueses e nativos, em igual número, foi extremamente enriquecedora e, embora em clima de guerra, moldou-me fortemente o carácter e levou-me a acreditar que a multirracialidade é um dos pilares em que deve assentar a sã e pacífica convivência entre os diferentes povos e raças da Humanidade.

"Durante os 25 meses em que permaneci neste pedaço de solo africano foi minha companheira inseparável, nos bons e maus momentos, uma câmara KONIKA S que me permitiu captar a diversidade étnica e religiosa do “chão” que corresponde à actual Guiné Bissau, verdadeiro 'moisaco humano polícromo', e o convívio harmonioso de brancos e negros ainda que em cenário de conflito armado.

"Estas imagens pela importância que revestem para mim, encontram-se agrupadas autonomamente em 'MEMÓRIAS' tal como foram captadas há cerca de 50 anos sem qualquer manipulação e por isso com as deficiências resultantes da sua 'velhice'.

"Finda a Comissão, regressei a Portugal. Entretanto conclui os 2 anos que faltavam para obter a minha licenciatura [em ciências sociais e políticas], abracei a carreira profissional na Área das TI [Tecnologias da Informação], concretamente como Técnico e posteriormente como Gestor de Sistemas de Informação, e constitui FAMíLIA, tornando-me exclusivamente Repórter fotográfico da Vida familiar, registando os seus momentos mais marcantes, férias, nascimento do filho e dos netos, convívio com os Amigos e viagens por Portugal e pelo Mundo". (...)


Feita esta breve apresentação (, complementada com um resumo do seu CV profissional, abaixo reproduzido), desejamos-lhe o melhor sucesso para o seu livro e uma agradável e frutuosa estadia na nossa Tabanca Grande, à sombra do nosso mágico e fraterno poilão.






4. Informação sobre a 3ª CCAÇ (José Martins, nosso colaborador permanente, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70):

3ª Companhia de Caçadores Indígenas:

 (i) esta unidade foi constituída em 1 de Fevereiro de 1961, como unidade da guarnição normal do CTIG;

(ii) era formada por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local;

(iii) iniciou a sua formação adstrita à 1ª CCAÇ I;

(iv) em 1 de agosto de 1961, com a constituição de dois pelotões, substitui a 1ª CCAÇ I na guarnição de Nova Lamego;

(v) desloca elementos para guarnição de várias localidades do Setor Leste, por períodos e constituição variáveis, sendo de destacar as localidades de Che-Che, Béli e Madina do Boé;

(vi) passou a guarnecer, em permanência,  as localidades de Béli e Madina do Boé instalando, em 6 de maio de 1963, um pelotão em cada localidade;

(vii) em 1 de abril de 1967 passa a designar-se por Companhia de Caçadores nº 5, com sede em Canjadude.
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Notas do editor:


(**) Vd. postes da série O Nosso Livro de Estilo:

22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

12 de agosto de 2011 >Guiné 63/74 - P8662: O Nosso Livro de Estilo (2): Comentar (nem sempre) é fácil)...

7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10770: O Nosso livro de estilo (7): Cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo... Para rever, aumentar, melhorar...

sábado, 16 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16310: Carta aberta a... (13): ...ao Senhor Presidente da Republica Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas (José Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5)

Cemitério Militar de Bissau


1. Em mensagem do dia 14 de Julho de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos uma Carta Aberta dirigida ao Presidente da República Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas, a propósito da sua próxima deslocação à Guiné-Bissau.



CARTA ABERTA

14 de Julho de 2016

Senhor Presidente da Republica Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas 

Excelência 

Tomei conhecimento, pela comunicação social, que V. Exª em breve visitará a Republica da Guiné-Bissau que, antes de se tornar independente e reconhecida como tal, foi palco de vastas operações militares, onde tombaram soldados Metropolitanos e Africanos, julgando defender o Território Nacional, honrando o Juramento feito perante a Bandeira Nacional. 

Como antigo combatente naquele território, numa Companhia de Caçadores Africanos, encarecidamente lhe peço, e agradeço que, ao contrário do que os seus antecessores, no mesmo cargo fizeram, não deixe de colocar uma coroa de flores no Cemitério Militar de Bissau, em nome de todos os Combatentes de Portugal, que não o podem fazer pessoalmente, não só por razões materiais mas também económicas.

Nesse momento, quando colocar a coroa e se curvar perante a memória dos nossos camaradas tombados para sempre, terá, obrigatoriamente, centenas de combatentes, ainda que à distância, ao seu lado, perfilados e em continência.

Atentamente 
José Martins 
Fur. Mil. Trms. Inf. 
C.Caç 5 – Canjadude
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14388: Carta aberta a... (12): ...aos meus netos, neste Dia do Pai (José Martins)

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16291: Revisitando o "chão fula", e ligando o passado com o futuro (Patrício Ribeiro, Impar Lda) - Parte IV: A Canjadude dos Gatos Pretos, a CCAÇ 5



Foto nº 1 >  O brasão dos Gatos Negros, a CCAÇ 5


Foto nº 2 > O Patrício Ribeiro junto aos restos do aquartelamento


Foto nº 3 > Aqui foi, durante toda a guierra, a casa dos "Gatos Pretos"


Foto nº 4 > A carrinha da Impar Lda junto a uma das famosas pedras de Canjadude


Foto nº 5 > Uma das pedras (rcohedos) de Canjadude donde se vê a tabanca


Foto nº 6 A  > A tabanca de Canjadude,. em  primeiro plano o centro de saúde


Foto nº 6 > Vista da tabanca de Canjadude


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Canjadude> Julho de 2016

Fotos: © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Patrício Ribeiro, de 68 anos de idade, português de Águeda, vivido, crescido, educado e casado em Angola, Nova Lisboa / Huambo, antigo fuzileiro naval, que retornou ao "Puto" depois da descolonização, fixando-se entretanto na Guiné-Bissau, há 3 décadas, país onde fundou a empresa Impar Lda, líder na área das energias alternativas; é um daqueles portugueses da diáspora que nos enchem de orgulho e nos ajudam a reconciliarmo-nos com nós mesmos e afugentar o mau agoiro dos velhos do Restelo, dos descrentes, dos pessimistas...

Para ele, e todos os demais portugueses da diáspora, da Guiné-Bissau a Timor, um alfabravo verde-rubro do tamanho do mundo... Para o Cherno Baldé que, findo o jogo Portugal-França, nos telefonou emocionado a dizer: "Viva Portugal! Parabéns, Portugal!"... O golo da vitória foi marcado por um "patinho feio" chamado Éder, nascido em Bissau...


Data: 8 jul 2016



Assunto - O que o tempo leva, e o que fica para sempre, as pedras...


Boas,

Junto algumas fotos (em duas partes), de "peças de museu!, não quero fazer concorrência com outros fotógrafos…

Das minhas visitas na Zona Leste (*), lá vão mais algumas fotos.

Primeiro, de Candjadude,e depois de Piche

O que resta dos abrigos do "antigo quartel tuga" [, que foi sede até ao fim, da CCAÇ 5, os "Gatos Negros"].

Onde muitos se abrigaram... As pedras que ninguém leva... Onde muitos passaram noites e noites de G3 na mão...

Onde tenho que subir, para apanhar rede para o telemóvel,  E de onde se pode ver a tabanca... Em 1º plano está o Centro de Saúde  (fotos nº 6 e 6A].

Em Canjadude, como em Piche, como largas dezeanas de tabancas do antigo !ch
ão fula", estamos agora a colocar água potável para a população.

Nestes passeios na nossa viatura, conseguimos por vezes ouvir a RTP África através do emissor de Gabú. Esta semana fiquei surpreendido com a entrevista que a locutora do PAIGC, no tempo da luta, na Rádio Liberdade, deu ao Delegado da RTP África em Cabo Verde.

Que já naquele tempo, uma das músicas que passavam, para animar os combatentes do PAIGC, era a "Grândola Vila Morena", do Zeca Afonso, que também serviu para o 25 de Abril...

Abraço

Patricio Ribeiro
«impar_bissau@hotmail.com



Guiné > Região do Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 >  Guião dos "Gatos Pretos"



Guiné > Região do Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 > 1974 > Os últimos dias dos "Gatos Pretos": o pessoal da tabanca teve autorização para ficar com os bidões vazios. Foi uma verdadeira corrida para ver quem conseguia ficar com eles.

Fotos (e legendas):© João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16171: Efemérides (227): 20 de Maio de 1968, "Um dia, dos muitos que a guerra teve..." (José Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5)

 

1. Em mensagem do dia 23 de Maio de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), lembra o fatídico dia 20 de Maio de 1968, quando, na estrada Mampatá-Nhala, uma coluna auto do BART 1896, a pouco tempo de terminar a sua comissão de serviço, sofreu uma emboscada, da qual resultou a morte, por ferimentos em combate, de 4 militares e a retenção pelo IN de mais 8.



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2. Comentário do editor

Entre os militares retidos no dia 20 de Maio de 1968 está o ex-1.º Cabo Mec Auto da CCS/BART 1896, Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, homenageado pelos seus amigos e pela Liga dos Combatentes no passado dia 30 de Abril, na Sede do Núcleo de Matosinhos.
Com a permissão do camarada José Martins, aqui ficam duas fotos alusivas ao acto:

O homenageado Rui Rafael (à esquerda na foto); Raul Ramos e Ribeiro Agostinho, seus amigos e vizinhos 
Foto: Núcleo de Matosinhos da LC

O Rui recebeu dos seus amigos uma boina; das mãos do senhor Major-General Fernando Arruda (Direcção Central da LC), uma Medalha da Liga e, das mãos do senhor Ten-Coronel Armando Costa, o Cartão de Sócio do Núcleo de Matosinhos da LC. 
Foto: Núcleo de Matosinhos da LC

Para memória futura aqui deixamos este ofício do então Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, de 3 de Junho de 1968, enviado ao pai do Rui Rafael, comunicando a situação de prisioneiro do seu filho.

©: Com a devida vénia a Rui Rafael Correia
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16155: Efemérides (226): Programa do XXIII Encontro Nacional de Combatentes, dia 10 de Junho, em Lisboa (Manuel Lema Santos)