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domingo, 13 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9894: O Nosso Livro de Visitas (136): António Martins Alves, Regimento de Cavalaria 8 - Castelo Branco, 1967/70

1. Mensagem do nosso camarada António Martins Alves que prestou serviço militar no RC 8 de Castelo Branco entre os anos de 1967 e 1970, com data de 8 de Maio de 2012:

Meu caro,
Por acaso, andava a procurar fotografias do RC8, caí no vosso blog, " Blog Tabanca Grande.

Na leitura que fui fazendo encontrei o nome de um ex-furriel miliciano que esteve no RC8, António da Costa Maria e que foi para a Guiné /esquadrão Rec Fox 2640. Pela data (69/71) esteve comigo no RC8.

Eu estive no RC8 entre 67 e 70. Gostava de entrar em contacto com ele.

Há uma página no Facebook - amigos do ex-RC8. Uma das intenções, se ele tem página no FB seria adicioná-lo ao Grupo.

O meu mail: z.zeferino@gmail.com.

No FB a página António Martins Alves.

Agradeço que lhe faça chegar esta notícia.

Os meus parabéns pelo blog.
António Martins Alves


2. Comentário de CV:

Caro camarada António Alves
Já falei telefonicamente com o António da Costa Maria que entrará em contacto consigo.
Julgo que ele não tem página no FB.

Receba um abraço
Carlos Vinhal
Co-editor deste Blogue
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9868: O Nosso Livro de Visitas (135): José Ferreira, ex-1.º Cabo (Bafatá e Teixeira Pinto, 1967/68)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9216: O nosso fad...ário (8): O Fado BART 2857: Parte II: a Cavalaria em Piche... (José Luís Tavares / Manuel Mata)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. O EREC 2640 tinham, segundo o relato do Manuel Mata, "oito Viaturas White"...  

A White, "rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica"... Ponto fraco: "tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas"... Mas não só: (...) "começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação levado a uma diminuição da nossa actividade operacional"... Razão por que no último trimestre de 1970, vieram à Metrópole um Alferes, o Primeiro-Sargento Mecânico, e cinco Praças, "afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esqadrão.  Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português".

 
Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Piche > BART 2857 (1968/70) > Aqui uma futebol era uma paixão...

Fonte: Album Picasa, do João Maria Pereira da Costa / Blogue BART 2857 (Com a devida vénia...)


1. O Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) tinha um pelotão destacado em Piche. Não teve, porém,  vida fácil,  apesar de ter "campo e piscina", e dar-se ao luxo de ter duas equipas de futebol, como se depreende das letras do radiotelegrafista Tavares... 

Leia-se aqui, a propósito,  um excerto da história desta garbosa subunidade de cavalaria, contada na I Série do nosso blogue pelo Manuel Mata:

(...) Mês de Outubro de 1970: O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

"Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo 'Minhoca'. Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.


"Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população". (...)

Publicamos a II parte daquilo a que chamámos o Fado do BART 2857 (*), o batalhão que esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, segundo nos confirma o nosso camarada J. M. Pereira da Costa, um dos administradores do blogue do BART 2857... 

Este batalhão era constituído pela CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche).

Não sabemos se esta letra do Tavares chegou a ser musicada e cantada, em Piche e/ou em Bafatá... De qualquer modo achamos que vai bem com o Fado Corrido... Chamámos a esta 2ª parte, A Cavalaria em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (**) (LG).



2. Fado do BART 2857: Parte II: A Cavalaria em Piche

Piche tem campo e piscina,
Qu' já foi a inaug'ração,
São obras de grande valor,
Feitas pelo Batalhão.

Até parece mentira
Aquilo que eu vou contar,
O Batalhão fez um campo
P'ra  Cavalaria jogar.

A Cavalaria é um posto,
Já vem de tempos atrás,
Imaginem um Batalhão
Fazer um campo para nós.

Nós temos duas equipas,
Como toda gente as vê:
Temos a boa equipa A,
Não desfazendo na B.

Têm equipamento novo,
Que aquilo é um asseio,
E o dirigente da equipa
É o nosso alferes Feio.

São duas equipas rivais
Que mandam o seu respeitinho,
E, de árbitro permanente,
O nosso amigo Agostinho.

José Luís Tavares - Radiotelegrafista
1 de Julho de 1970

[Recolha: Manuel Mata, 2006]

[Revisão: LG]
__________________

Notas do editor:

(*) Vd, poste anterior da série > 13 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)

(**) Vd. I Série > 31 de Março 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > Jardim da Bafatá > Eis o autor das quadras que aqui se publicam, buscando inspiração na espuma dos dias, o José Luís Tavares, sentado, à direita, sob a estátua de João Augusto Oliveira Muzanty, um dos pacificadores da Guiné tal como Teixeira Pinto. Primeiro tenente da Marinha,  foi governador do território entre 1906 e 1909.

O monumento a Oliveira Muzanty, inaugurado em 28 de Maio de 1950, foi obra do escultor António Duarte e do arquitecto Fernando Pessoa. Encontra-se hoje parcialmente destruído (só resta a base em pedra onde assentava a estátua do nosso antepassado).

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > O Manuel Mata em cima de uma Autometrelhadora Daimler.

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados


1. Manuel Mata é dos mais antigos membros da nossa Tabanca Grande. Na I Série do nosso blogue tem diversos postes publicados. Foi 1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (, máquina de guerra que nem sequer havia no TO da Guiné...). É do meu tempo do leste: pertenceu ao Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71, e era amigo (e confidente) do velho Teófilo, do Café Teófilo.

Há cinco anos atrás, ele mandou-nos algumas quadras que foram agrupadas, com maior ou menor propriedade sob a designação de Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá. Foi a minha maneira de fazer uma pequena homenagem aos nossos camaradas da arma de cavalaria que penaram lá para os lados de Bafatá, Nova Lamego, Piche, Buruntuma... Também iam a Bambadinca, mas menos vezes. Bambadinca tinha o seu Pel Rec Daimler, que fazia o que podia (e podia pouco) para, com dignidade e coragem, ir aos pontos mais críticos e difíceis (sobretudo na época das chuvas) do Sector l1, como Mansambo, Xitole, Saltinho...

Do alentejano Manuel Mata, que vive no Crato, aqui vão algumas quadras do seu amigo José Luís Tavares, "homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais" (sic)... Ele fez, em 2006, questão de sublinhar que se destinavam aos "amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico-satírico"... 


Nunca cheguei a saber, junto dele, se na Cavalaria de Bafatá se cantava o fado... marialva ou não. Presumo que sim... Mas não tenho qualquer indicação de música de fado (ou outra) para acompanhar esta letra...  As quadras, com versos de 7 sílabas, são perfeitas (depois de um retoque final),  tocam-se com música de um fado tradicional, haja uma viola, um guitarra e uma garganta afinada. Pode ser o fado corrido, que casa bem com as quadras populares. Chamei-lhe nesta revisão o Fado do Bart 2857, com uma 1ª parte, Obras em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (*) (LG)


2. Fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche (***)

Aqui em Piche é mato,
Mas manga de animação,
Tem cá uma [bela] piscina,
Foi hoje a inuguração.

F'zeram várias brincadeiras
Que meteram muita graça,
Jogaram também f'tebol
E, ao fim, entrega da taça.

Foi um jogo de grande interesse,
Como já é natural,
Mas ao fim, em vez da taça,
Deram uma cerveja Cristal.

Vou dizer-lhes o resultado.
Só para nós em comum,
Que perderam os furriéis
Por nove golos a um.

Foi um jogo bem disputado,
Ouvi eu, numa entrevista,
Que mais par'cia uma final
Com Sporting e Boavista.

Passou-se isto a vinte e oito,
Mais nada, vou terminar,
E quanto à arbitragem
Acho que foi regular.

José Luis Tavares - Radiotelegrafista
28 de Junho de 1970


[Recolha: Manuel Mata] (**)

[Revisão /fixação de texto: L.G.]

__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de Dezembro de 2011 Guiné 63/74 - P9165: O nosso fad...ário (6): Fado Canção da Fome: Livrou o autor de levar uma porrada do célebre Pimbas (Manuel Moreira, CART 1746, Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


(**) Vd. I Série >
 Poste de 31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

(***) Ao tempo do BART 2857 (Piche, 1968/70), que tem um blogue próprio, aqui. Pelo "slideshow" com fotos do João Maria Pereira da Costa, vê-se que era malta danada para jogar á bola...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7646: Camaradas da diáspora (5): José Oliveira Marques, condutor de White, ERC 2640 (Bafatá e Piche, 1969/71), a viver em Estrasburgo, França



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) >  Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. 

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados





1. Mandou-nos um email e telefonou-nos o camarada José Oliveira Marques, natural de Aveiro, a viver em França desde 1972, perto de Estrasburgo:

Caro Amigo de Bambadinca:

Eu,  José Marques,  venho por este meio lhe agradecer pelo blog, feito de tanta coisa,  riquíssima para nós, os ex-combatentes.

Estive em Bafatá de 1969 a71 e pertenci ao Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria [ERC 2640] do Sr Capitão Vouga. E tenho lido no vosso blog, os comentários de Fernando Gouveia, sobre Bafatá e no qual me reconheço, là no meio daquilo tudo.

Gostaria que este meu apoio chegasse até ele.

Tenho tanta coisa para contar. Fui condutor das famosas White, posto   do qual me sinto ainda hoje orgulhoso, pelo serviço que prestei ao serviço à nossa Pátria (ou ao que se dizia Nossa Pátria)-

 Gostaria que esta mensagem chegasse do Sr Gouveia, que, depois, muito mais tenho para contar,

Sr. Luís, obrigado,pela publicação, isto é se chegar às suas mãos

Desculpe os erros cometidos na escrita, porque só estou com isto [, o acesso à Internet,] desde este Natal último. A prática é pouca, mas a vontade é muita.Estou em França desde 72 mas assisto aos convívios quando posso, com o nosso correspondente Manuel Mata [ex-1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas do EREC 2640].

Obrigado pela atenção dispensada,

Grande Abraço, de Bafatá até Bambadinca

José Marques


2. Comentário de L.G.:

Combinámos, ao telefone, seguir as regras do blogue e, portanto, usar o tratamento que é devido aos camaradas... Vê-se que o José Marques está entusiasmada com o "brinquedo" que os filhos lhe deram no Natal. Presumo que esteja reformado. Está com imensa vontade de "ir ao baú" buscar o "missal" (sic) onde escrevia pequenas notas sobre o seu quotidiano na Guiné... Prometeu-nos mandar fotos digitalizadas (quando os filhos passarem lá por casa...), de modo a regularizar a sua entrada na nossa Tabanca Grande.

O ERC 2640 tinha 4 grupos de combate, com viaturas blindadadas White e Fox (substituídas em princípios de 1971 pelas Chaimite), 3 em Bafatá e 1 destacado em Piche (em geral, faziam rotação de dois em dois meses). Lembra-se de um emboscada a 12 ou 13 de Outubro de 1970, em que um morteirada atingiu o radiador da sua White...Fala com evidente orgulho do poder de fogo da sua White e do "respeitinho" que a metralhadora 12.7 (Browning) impunha ao IN.

A rapaziada do EREC 2640 vai comemorar, em 8 de Outubro de 2011,  os 40 anos do regresso a casa, em Castelo Branco (informação confirmada ao telefone pelo Manuel Mata, que  tem sido o corpo e a alma dos encontros do pessoal; vive no Crato: telefone fixo, 245 996 260). 

O José Marques conta cá estar com o seu camarada (e nosso camarigo) Manuel Mata (que fez recentemente anos: oficialmente a 19, porque foi a data em que o registaram, na verdade nasceu a 16 de Janeiro de 1947, já lá vão 64 anos).  

A história do EREC 2640 (ou Esquadrão de Reconhecimento Fox, como também é conhecida esta subunidade de cavalaria, que é do meu tempo na Zona Leste) já aqui foi contada pelo Manuel Mata, na I Série do nosso blogue, em 2006. Já sugeri ao Manuel Mata para "refrescar" esses apontamentos e fotos de modo a podermos publicá-los nesta II Série. É natural que, ao fim de 5 anos, ele tenha mais informações sobre os camaradas que ele foi reencontrando, e sobre a os combates travados no leste.
_______________

Nota de L. G.:

Último poste desta série > 17 de Janeiro de 2011
>  
Guiné 63/74 - P7626: Camaradas na diáspora (4): José (ou Joe) Ribeiro, natural de Leiria, a viver em Toronto, Canadá, há mais de 35 anos: Sold Inf , 4º Gr Comb, CCAÇ 3307/BCAÇ 3833 (Pelundo, Jolmete, Ilha de Jete, 1970/72)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5242: Parabéns a você (39): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav, Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Carlos Vinhal)

1. Embora tardiamente, não quero deixar acabar este dia 9 de Novembro de 2009, sem deixar um poste assinalando o aniversário do meu velhíssimo companheiro e nosso camarada António da Costa Maria*.

Só hoje, numa reunião de trabalho que o bando dos 4** teve com o novo Presidente da Junta da Freguesia de Leça da Palmeira, o Tone Maria, que conheço há 48 anos, me confidenciou completar hoje 63 anos.

Caro António Maria, além das palmadas amigáveis que te demos pela manhã, aqui ficam os meu votos, e dos restantes camaradas e tertulianos em geral, de que tenhas pela frente muitos e bons anos de vida, sempre acompanhado da tua esposa Alice, filhos e netos. Claro que não esqueço a sempre presente senhora tua sogra que convosco coabita e que gosta de mim só por eu ser Leça.

António Maria, Fur Mil Cav, montado num dos seus cavalos de ferro

2. António da Costa Maria foi Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640 que esteve em Bafatá nos anos de 1969/71, apresentou-se na Tabanca em 25 de Junho de 2009 assim:

Breve súmula da vida do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 na Guiné, 69/71

Foi mobilizado pelo Regimento de Cavalaria n.º 8 de Castelo Branco com destino ao CTIG para render o Esquadrão de Reconhecimento Fox 2350.

O embarque para aquela ex-Província Ultramarina deu-se a 15 de Novembro de 1969 no Paquete “Uíge”, no cais da Rocha do Conde Óbidos. O desembarque em Bissau foi na manhã do dia 21 de Novembro, tendo toda a unidade seguido para a CCS/QG em Santa Luzia, onde se aquartelou até se deslocar para Bafatá.

Nesse mesmo dia à tarde realizou-se em Brá uma cerimónia de recepção, à qual presidiu o Comandante Militar Brigadeiro Eugénio Castro Nascimento. Foi não menos importante o encontro com os meus amigos Rafael Assunção que me orientou e me arranjou uma digna instalação e o Ribeiro Agostinho, com os quais passei uns bons bocados.

Dias após, embarcamos numa LDG Rio Geba acima, para aportarmos no Xime de onde seguimos em coluna militar por picada e estrada até ao nosso poiso final (Bafatá).

Éramos uma reserva móvel do Agrupamento de Leste e actuávamos em qualquer parte da Zona Leste da Guiné. O Esquadrão Rec Fox fazia protecções a colunas militares, de reabastecimento, protecção a operações, acorria em socorro de populações e aquartelamentos flagelados, fazia patrulhas diurnas e nocturnas, etc.

A área atribuída ao Agrupamento Leste era limitada a Norte pela fronteira com o Senegal, a Leste e Sul pela fronteira com a República da Guiné Conacri e a Oeste por uma linha sinuosa que corresponde aos limites ocidentais de vários Regulados.

Sofremos várias flagelações ao aquartelamento de Piche (havia sempre um nosso pelotão operacional em Piche, dos três que rodavam mensalmente entre si), emboscadas nas estradas para Nova Lamego (Gabú), Buruntuma e outras, para além do levantamento de inúmeras minas anti-carro e anti-pessoal.

Felizmente nunca sofremos baixas. O nosso único morto foi o malogrado soldado Júlio Joaquim Alvorado Trouxa, vítima de afogamento na piscina de Bafatá. De resto só feridos sem muita gravidade e evacuações por doença.

[...]
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4579: Tabanca Grande (155): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71

(**) Bando composto por António Maria, Carlos Vinhal, José Oliveira e Ribeiro Agostinho que tudo fazem para que se não esqueçam os ex-combatentes da guerra colonial do Concelho de Matosinhos

Vd. último poste da série de 6 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5221: Parabéns a você (38): O nosso Alfero, Jorge Cabral (Cabral só há um, o de Fá e mais nenhum)(Editores)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4579: Tabanca Grande (155): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71


António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71.


1. Breve introdução/desculpa pela estranha troca de mensagens entre mim e este nosso novo camarada. No fim do poste, direi algo mais sobre a nossa relação de amizade (e única, para que conste).(CV)


2. No dia 10 de Junho de 2009, após apuradas e difíceis conversações, enviei esta mensagem ao meu velhíssimo amigo António Maria:

Caro António Maria
Não repares na caligrafia porque estou a escrever à pressa.
Este é o contacto inaugural Vinhal/Tone Maria.

Com respeito ao assunto que falámos, a tua admissão à Tabanca Grande, como é conhecido o nosso Blogue, fico à espera.

A jóia a pagar para seres admitido é uma foto do tempo de tropa, mas podes mandar mais, tipo passe de preferência e em formato JPG.
Mandarás outra actual, nos mesmos moldes.
Uma pequena descrição da tua passagem pela Guiné, começando pelo Nome, posto, Unidade, Início e fim da comissão, locais por onde passaste, na Guiné, claro, e uma pequena resenha da actividade da tua Unidade (facultativo). Podes enviar umas fotos devidamente legendadas para ilustrar o texto.

Se quiseres podes dizer onde vives, o que fazes ou fazias e outras coisas mais que não entrem na intimidade familiar. (Facultativo)

Podes e deves enviar os teus textos em simultâneo para os endereços luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e carlos.vinhal@gmail.com

Tudo isto numa folha de papel selado, sêlos fiscais no valor de 457$60, assinatura reconhecida pelo Notário, cópia autenticada do Boletim de vacinas e atestado médico em como não sofres de Gripe A.

Como recompensa, verás o teu nome no lado esquerdo da nossa página, na letra A, terás uma apresentação no Blogue feita pelo melhor editor de Leça da Palmeira, com fotografia e tudo. Não pagas mais por isto.

Ainda te posso oferecer de graça, mesmo gratuito, um passeio a pé à marginal de Leça da Palmeira, desde o Garrafão (falecido) até ao Farol. Isto porque és meu amigo.

Se distinguires a brincadeira do sério, espero que me mandes os elementos que te peço.

Um abraço... camarada, ah pois é!!!
Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA
CART 2732
Mansabá
1970/72
Co-Editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


3. Mensagem de António Maria do mesmo dia, dirigida a mim:

Caro Vinhal
Recebi a tua mensagem e farei como dizes, mas dá-me algum tempo para preparar o assunto, pois como sabes estes meandros burocráticos de notários etc, demoram que se fartam. Não, não é desculpa. Farei tudo o mais depressa que me for possível. Estou a pensar como hei-de apresentar o meu actual frontespício, se de cabelo grande e farto ou cortadinho.

Um abraço para ti e espera notícias minhas


4. Finalmente em 18 de Junho de 2009, recebi a tão esperada mensagem de António da Costa Maria, formalizando a sua adesão à nossa Tabanca Grande:

Assunto: Primeiro contacto

Caro Vinhal

Envio em anexo a breve história do Esquadrão e as fotos conforme o combinado

5. Breve súmula da vida do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 na Guiné, 69/71 (1)

António da Costa Maria
Ex-Fur Mil Cav


Foi mobilizado pelo Regimento de Cavalaria n.º 8 de Castelo Branco com destino ao CTIG para render o Esquadrão de Reconhecimento Fox 2350.

O embarque para aquela ex-Província Ultramarina deu-se a 15 de Novembro de 1969 no Paquete “Uíge”, no cais da Rocha do Conde Óbidos. O desembarque em Bissau foi na manhã do dia 21 de Novembro, tendo toda a unidade seguido para a CCS/QG em Santa Luzia, onde se aquartelou até se deslocar para Bafatá.
Nesse mesmo dia à tarde realizou-se em Brá uma cerimónia de recepção, à qual presidiu o Comandante Militar Brigadeiro Eugénio Castro Nascimento. Foi não menos importante o encontro com os meus amigos Rafael Assunção que me orientou e me arranjou uma digna instalação e o Ribeiro Agostinho, com os quais passei uns bons bocados.

Dias após, embarcamos numa LDG Rio Geba acima, para aportarmos no Xime de onde seguimos em coluna militar por picada e estrada até ao nosso poiso final (Bafatá).

Éramos uma reserva móvel do Agrupamento de Leste e actuávamos em qualquer parte da Zona Leste da Guiné. O Esquadrão Rec Fox fazia protecções a colunas militares, de reabastecimento, protecção a operações, acorria em socorro de populações e aquartelamentos flagelados, fazia patrulhas diurnas e nocturnas, etc.

A área atribuída ao Agrupamento Leste era limitada a Norte pela fronteira com o Senegal, a Leste e Sul pela fronteira com a República da Guiné Conacri e a Oeste por uma linha sinuosa que corresponde aos limites ocidentais de vários Regulados.

Sofremos várias flagelações ao aquartelamento de Piche (havia sempre um nosso pelotão operacional em Piche, dos três que rodavam mensalmente entre si), emboscadas nas estradas para Nova Lamego (Gabú), Buruntuma e outras, para além do levantamento de inúmeras minas anti-carro e anti-pessoal. Felizmente nunca sofremos baixas. O nosso único morto foi o malogrado soldado Júlio Joaquim Alvorado Trouxa, vítima de afogamento na piscina de Bafatá. De resto só feridos sem muita gravidade e evacuações por doença.

Quando as Browning 12.7 (metralhadoras pesadas que equipavam as Fox e as White, para além das 7.9) começavam a cantar, era manga de ronco. A moral subia e a confiança instalava-se.

Em Dezembro de 1970, seguiram para a Metrópole um alferes, o sargento mecânico e cinco praças para receberem 5 viaturas Chaimite novinhas em folha. Fomos os primeiros a ter este tipo de viaturas. Na verdade as Fox e White, equipamento já da 2.ª Guerra Mundial estavam já muito cansadas, embora com um óptimo poder de fogo já atrás referido (Browning 12.7) e refira-se que continuaram a trabalhar.

Lutamos contra um povo que tinha um ideal que é comum a qualquer ser humano; a liberdade, mas também é bom referir que lhes fizemos e continuamos a fazer-lhes bem com acções humanitárias e outras, pena é que entre eles não haja o sentimento de união no progresso e amiudadamente se travem em lutas fratricidas.

Bela Guiné, com a sua fauna, a sua exuberante flora, as bolanhas, as tabancas, terra de mil rios, o seu fantástico luar, a chuva quente, os seus raios que recortavam os céus em noites de trovoada, os seus naturais, eu sei lá!!! Que pena estar numa situação tão calamitosa, com horizontes tão reduzidos.

Finda a comissão de serviço, embarcámos na Guiné no cais do Pijiquiti de regresso à Metrópole a 3 de Outubro de 1971, no paquete “Angra do Heroísmo”. Desembarcámos em Lisboa a 8 de Outubro.

Outros locais por onde andamos:

Geba, Cacheu, Galomaro, Bambadinca, Xime, Xitol, Canquelifá, Pirada, Corubal (rio) e tantos, tantos outros locais que agora não me recordo.

Caro Vinhal, são estas as parcas linhas que saíram da minha pena, com o desejo sincero de que o Blogue continue vivo, activo e pujante como se tem apresentado, mesmo além froteiras.

Obrigado pela oportunidade que me deram.

Um abraço para vocês e para todos os meus ex-camaradas do ESQ REC FOX 2640 ainda vivos e uma sentida homenagem de pesar por aqueles que já partiram.

António Maria
Ex-Fur Mil Cav

Bolanha

Browning

Chaimite

Coluna militar

Coluna militar

Fotos: © António da Costa Maria (2009). Direitos reservados



6. Comentário de CV:

Agora chegou o momento de me justificar.

Conheço o Tone Maria há 48 anos, não há engano, desde o nosso ingresso no Curso de Formação, em 1961, na Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, agora personalizada com o nome de Gonçalves Zarco e que já conta mais de 50 anos de existência.

Por que é que o António Maria só agora entrou para a Tabanca, apesar de há muito nos espreitar? Porque só agora tem os meios informáticos ideais à sua disposição.

O António Maria faz parte de um pequeno grupo com quatro personalidades que organizam o Encontro anual dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, ajudam na organização das cerimónias do 10 de Junho em Leça da Palmeira, e ainda tentam junto do Presidente da Câmara Municipal que se faça algo que lembre para sempre que a nossa geração existiu e que, para o bem ou para o mal, disse sim, indo combater na Guerra Colonial. Do referido grupo fazem parte além do António Maria, o Ribeiro Agostinho que recentemente aderiu à nossa Tabanca, o José Oliveira e eu.

Por aqui se vê que somos um grupo de amigos ligados por uma amizade de longa data, e mais que tudo, por um passado comum que foi a nossa passagem pela Guiné. Quem diria nos nossos 13 anos de idade que muitos anos depois teríamos tanto em comum?

Caro amigo, sabes as obrigações que assumiste com a tua adesão à Tabanca. Aqui não há escalas de serviço, mas cada um sabe a sua obrigação. Sei que a tua privada nem sempre permite tempo para escreveres, mas ao contrário do que dizes, escreves muito bem e não podemos desperdiçar o teu talento.

Clicando nos endereços dos postes abaixo, publicados na nossa primeira série, de autoria do teu camarada de Esquadrão, Manuel Mata, poderás ver que algo já se foi dizendo por aqui àcerca do 2640.

Recebe 346 abraços, tantos quantos éramos até à tua chegada. Um dia vais ter consciência de que ser da Tertúlia do Luís Graça é manga de ronco.

CV
__________

Notas de LG:

(1) Sobre o Esq Rec Fox 2640, vd. os seguintes postes, publicados na 1.ª série do nosso blogue:

2 de Março de 2006 >
Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

3 de Março de 2006 >
Guiné 63/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

2 de Abril de 2006 >
Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

2 de Abril de 2006 >
Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

2 de Abril de 2006 >
Guiné 63/74 - DCLXXIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (6): as primeiras Chaimites para o Exército Português

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Junho de 2009 >
Guiné 63/74 - P4573: Tabanca Grande (154): António Tavares, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2442: O Nosso Livro de Visitas (3): Carmindo Pereira Bento, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)

1. O nosso camarada Carmindo Pereira Bento deixou no dia 1 de Janeiro o comentário, que se segue, na postagem Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade.

Colegas de Bafatá, vejo tudo o que tem neste e noutros sites relativos à Guine.

Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840. Estive lá no início de 1973 até perto do fim do ano de 1974.

Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data. Lamento principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel) nada registar na Internet.

Não vos conheço mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerem o meu Esquadrão e recordarmos por onde e como passamos.

Um abraço...

Para meu contacto: Carmindo Pereira Bento.
Restaurante Ângulo-Real
2425-022 Monte-Real- Leiria.

2. Caro camarada Bento

Na impossibilidade de te contactarmos via mail, por desconhecermos o teu endereço e, esperando que continuando a ler-nos, venhas a ver esta mensagem para ti, convidamos-te a contactar-nos de novo através do nosso endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com.

Queremos saber pormenores dos acontecimentos de que falas, nomeadamente os atentados (?) e do teu Comandante.

Se quiseres aderir à nossa Tabanca Grande, manda as tuas fotos e começa a contar-nos as tuas estórias.

Tens aí bem perto de ti um camarada do nosso Blogue, o ex-Alf Mil Joaquim Mexia Alves, co-proprietário das Termas de Monte Real.

Tudo leva a crer que o nosso próximo encontro, este ano, será precisamente na vossa terra. Não tens desculpa para não nos ires conhecer.

Ficamos à espera de notícias tuas.

Um abraço
CV

terça-feira, 16 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P759: Panfletos de propaganda dirigidos ao 'homem do mato'

Panfletos de propaganda política, destinados aos combatentes do PAIGG, elaborados em 1970 pelo Exército Português, escritos em crioulo. Chegaram à nossa tertúlia por mão do Manuel Mata. Foram-lhe oferecidos pelo seu amigo, o comerciante Sr. Teófilo, de Bafatá (1).

© Manuel Mata (2006) (2)

Tradução do crioulo: © Mário Dias (2006) (3)


"COMBATENTES, NÓS FOMOS ENGANADOS!

Agora nós sabemos que no PAIGC
nós lutamos só contra a felicidade do povo,
e contra o progresso da Guiné...
Agora nós vemos claro como os dirigentes do PAIG nos enganam".
Foi assim que NHATE BUIDA falou na Rádio de Bissau no dia 23 de Junho de 1970.

HOMEM DO MATO:
O Governo está a construir o progresso e a felicidade do povo.
O PAIGC só traz morte, miséria e sofrimento para o povo
e para os combatentes.

HOMEM DO MATO!
NO PAIGC TU LUTAS CONTRA O POVO

VEM JUNTAR-TE AO POVO PARA CONSTRUIR
UMA GUINÉ MELHOR.


HOMEM DO MATO !
O MOTIVO DA LUTA JÁ ACABOU

Assim disse Nhate Buida, chefe de grupo do PAIGC, de Naga,
que foi apanhado pela tropa no dia 16 de Maio de 1970.
ELE NÃO QUER REGRESSAR PARA O MATO.
__________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts de:

11 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCXCIV: Panfleto de propaganda, em crioulo, do PAIGC: Irmãos...(1970)
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

(2) Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71).

(3) Mário Dias, ex-sargento Comando (Brá, 1963/66)

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P727: Em 22 de Novembro de 1970 eu estava em Bafatá (Manuel Mata)

Cópia de excerto do relatório do comandante da Op Mar Verde (Fonte: António Luís Marinho: Operação Mar Verde – Um documento para a história. Lisboa: Círculo de Leitores. 2006. Com a devida vénia)


1. Excertos do texto do João Tunes, de 2 de Maio de 2006: Da hora dos aventureiros:

"Em Novembro de 1970, eu estava enfiado num quartel de uma aldeia do sul da Guiné, Catió, metido numa guerra sem vitória possível e ainda menos sentido que o de soprar contra a história (...).

"22 de Novembro de 1970 e dias seguintes, foram especialmente tensos. A tempestade que carregava a rotina quarteleira era mais pesada que costume. O comando andava de sobrolho mais fechado. Tinha de haver bernarda grossa. Depois amainou. Para se voltar à rotina das morteiradas do Nino. Dia sim e dia não. E o dia 22 de Novembro de 1970 ficou-se como um dia em que até pouco se passou. Ali, em Catió. Porque não longe dali, muito se passara.

"Só mais tarde vim a saber um pouco do que se tinha passado nesse 22 de Novembro de 1970 tornado um dia particularmente tenso na rotina militar de Catió. Nesse dia, o governo português tinha executado uma operação de guerra contra outro país soberano e inimigo, invadido a sua capital com o fito de mudar-lhe o Presidente (assassinando-o) e o governo, colocando no seu lugar um governo amigo dos colonialistas, liquidando a retaguarda do PAIGC (em que se incluía o assassinato de Amílcar Cabral e dos restantes altos dirigentes) e libertando os militares portugueses que tinham sido capturados pela guerrilha. Foi a operação Mar Verde, arquitectada e executada por Alpoim Calvão, aprovada por Spínola e por Marcelo Caetano, neutralizadas que haviam sido as vozes discordantes do Ministro do Ultramar, Silva e Cunha, e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício.

"Na noção adquirida da impossibilidade de ganhar a guerra na Guiné, era a aventura do tudo ou nada. E, como se a guerra tivesse solução numa noitada num casino, restava a aventura. Era a hora dos aventureiros" (...).


2. Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71)

Caro Luís Graça,
Quanto ao apelo do Camarada João Tunes - Onde estavas a 22 de Novembro de 1970? (1) -,envio a minha modesta participação.

Um Abraço
Manuel Mata


22 De Novembro de 1970

A vida no Esqadrão decorria com toda a normalidade que era habitual, no dia-a-dia da unidade em Bafatá, não fossem as notícias que ouvi, cerca das 6 horas da manhã na rádio de Conacri, onde anunciavam com alguma ansiedade a invasão da República da Guiné e apelava aos Boinas Verdes para virem em seu auxilio, pois estavam a ser invadidos por tropas colonialistas Portuguesas.

Fiquei estupefacto e comecei a falar com a rapaziada do Esquadrão, mas todos iam ficando pensativos sem nada se conseguir relacionar. Perguntou-se ao Manuel, um ex- turra a trabalhar na padaria do Esquadrão, como padeiro, se tinha conhecimento de alguma coisa. Resposta negativa, como era óbvio. Mas para nós, ele sabia e sabia fazer muito bem o seu jogo entre as partes envolvidas, o mesmo se passou com os restantes trabalhadores guineenses do Esquadrão o Braima e o Samba.

Já isso não se verificou com o Teófilo e o seu amigo, sobrevivente do desterro e residente em Bafatá (2), que comentaram:
- Pura intromissão, na vida de um país vizinho, só de um Governo Fascista e Colonialista como o Português, tem que ser derrubado!.

As notícias continuaram na rádio, ficamos a saber da entrega de um dos grupos, da libertação dos nossos prisioneiros, da destruição da pista de aviação, de muitos mortos, mas nada de muito concreto. Como era fácil adivinhar, foi um momento de muita alegria ao saber-se que haviam libertado os nossos prisioneiros.

Como nada mais se sabia, pedi a familiares e amigos na metrópole que estivessem atentos às notícias e que me enviassem a prestigiada revista da altura, a Vida Mundial. Semanas mais tarde lá chegou, com uma reportagem da entrevista, na televisão, com um dos prisioneiros, mas nada de grande luz sobre a situação da invasão à República da Guiné-Conacri.

Ansiei ao longo dos anos pela verdade, como certamente todos nós, finalmente, o livro de António Luís Marinho "Operação Mar Verde", nos veio clarificar toda a preparação maquiavélica da Operação.

A escolta Piche – Buruntuma

Esta escolta efectuada pelo 3º Pelotão do Esq Rec Fox 2640, destacado em Piche [na região de Gabu], dias antes do 22 de Novembro, teve como objectivo levar militares africanos e alguns civis desconhecidos na área, embora se tenha falado em homens da 1ª Companhia de Comandos Africanos. Teriam seguido para Conacri, hipótese levantada e comentada pelos homens do 3º Pelotão depois do conhecimento da invasão.

A destruição da revista "Vida Mundial"

Um dos meus passatempos, na Guiné, era ler, ouvir e gravar música subversiva para os amigos que me pediam, principalmente, Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros, que me chegavam da Metrópole, por intermédio de um estudante universitário de Coimbra, irmão do 1º Cabo Antunes (já falecido).

O comandante lá foi informado deste meu hobby. Então para me manter ocupado, andou durante algumas semanas, todos os dias, cerca das 10 horas da manhã a visitar, a arrecadação de material de guerra e aquartelamento. Entrava mudo e saía calado, deitava o material das prateleiras para o chão. Eu voltava a colocar o material nos devidos lugares, e assim foram decorrendo os dias. Já com alguma preocupação, falei com o 2º Comandante, prometeu ir ver o que se passava, disse-me depois:
- Termina com as gravações senão vais parar a Piche!

Claro, continuei mas fora de horas... Terminada a comissão, com receio que algo pudesse acontecer, visto estar já referenciado, pedi a um amigo insuspeito que me trouxesse todo o material subversivo, onde tinha as gravações, livros, incluindo a Vida Mundial.

Este amigo, o 1º Cabo Machuqueira, como não fui na semana seguinte, da passagem à disponibilidade, levantar o referido equipamento, e com medo da PIDE/DGS, queimou todo o material, que lhe confiei.

Manuel Mata
_________

Nota de L.G.

(1) Vd post de 4 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXII: Onde é que vocês estavam em 22 de Novembro de 1970 ? (João Tunes)

(...) "Terminei há pouco a leitura do livro de um jornalista da SIC sobre a famosa operação Mar Verde (22 de Novembro de 1970). Haverá camaradas que nela participaram. Outros, caso meu, viveram-no na tensão da espera do resultado (eu estava em Catió nessa altura). Terá sido também o teu caso e de outros muitos camaradas.

"Recomendo a leitura do livro (Operação Mar Verde - um documento para a história, de António Luís Marinho, Editora Temas & Debates). Pela minha parte, não tendo gostado nada do culto prestado a Alpoim Calvão, acho que é obra que ajuda a explicar-nos como estávamos ali e como, nos altos comandos, éramos comandados.

"Seja qual for a opinião que se tenha sobre o Mar Verde, o certo é que se tratou da cartada maior e mais arriscada na guerra em que estivemos metidos. A minha opinião pessoalíssima está no meu blogue, Água Lisa (6) ."(...).

(2) Vd post de 26 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLIV: Bafatá: o Café do Teófilo, o desterrado

(...) "Contou-me que tinha sido desterrado para a Guiné no inicío dos anos trinta, num grupo de 40 elementos dos quais restavam três à data, estando ele e um outro em Bafatá de quem não me recordo o nome - sei que tinha uma taberna na Tabanca entre a casa dele e o Hospital (pessoa com que, de resto, privei algumas vezes, para ouvir os programas em Português da BBC de Londres).

"Sei que o Sr. Teófilo tinha vindo à Metrópole apenas duas vezes, tinha uma estima profunda pelos Guineenses, pois foi esse povo maravilhoso que o tratou de inúmeras doenças, e só assim conseguiu sobreviver" (...).

terça-feira, 11 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P685: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (4): Lavantamento de rancho

Cancioneiro do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71).

Autor das letras: José Luís Tavares.

Recolha: Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47.

Levantamento de rancho no R.C. 8

Dizem mal do regimento
Mas isto não é nada mal,
Há sempre duas refeições
Como é habitual.

Ontem à refeição da tarde,
É caso para relembrar,
Puseram-nos batatas cruas
Que nem as podíamos esmagar.

Isto acvonteceu ontem,
À refeição do meio-dia,
Vimos que não podia ser,
Fizémos queixa ao Oficial-Dia.

O Oficial-Dia chegou,
A fazer-se muito valente
E para livrar responsabilidades
Foi dar parte ao Comandante.

O Comandante chegou e disse,
Cheio de força e mania:
"Vós sois do R. C. 8,
Soldados de cavalaria".

Eu estava cheio de fome,
A cair quadse morto,
E ele, ainda por cima,
Desafiou-nos para o sôco.

Ai, triste da nossa vida,
Ai, pobres de nós, coitados,
Com a barriga a dar horas,
Ainda somos desafiados.

Nós ouvimos o discurso,
Contentes e satisfeitos,
Bem lhe olhámos para os ombros
Mas tinha uma larga e dois estreitos (1).

Eram já três da tarde
Quando o discurso acabava,
Eu olhei para o meu ombro
E tinha a platina sem nada.

Voltou as costas, foi-se embora,
Cheio de nervos e a tremer,
Virou-se para nós e disse:
"Isto não volte a aconteceer".

Não sejam tão desordeiros,
Que isto não pode continuar,
E deu ordens ao Oficial-Dia (2)
Para nos mandar destroçar.

Tudo isto é verdade,
Sem exagero nem mania,
Se nos dessem sempre bife,
Nada disto acontecia.

Visado pela censura em 27-10-69.

Tavares - Radiotelegarfista
______

Nota de L.G.
(1) Galões correspondentes ao posto de tenente-coronel

Nota do autor dos versos:
(2) O Oficial-Dia era o Alferes Caturra

Guiné 63/74 - P681: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (3): O Hotel do RC 8

Cancioneiro do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71). Autor das letras: José Luís Tavares. Recolha: Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (1).


Hotel do R.C. 8 - Castelo Branco (2)(3)

De certo falo verdade,
Sem exagero nem mania,
Derivado ao fraco trato
Aqui em cavalaria.

Hoje que é Segunda-feira
E como mais nada não há,
É feijão à Castelo Branco
Com toucinho à moda de cá.

À Terça-feira é melhor
Mas de certo não é mau,
Batatas mal temperadas
E com peixe bacalhau.

À Quarta-feira, isso então
É que não vale mesmo nada,
Dão-nos então feijão crú,
Misturado com dobrada.

À Quinta-feira, que delícia,
Aquilo até mete medo,
Põem-nos arroz mal cozido
Com chouriço do vermelho.

À Sexta-feira não digo nada
É para nós um segredo
E então, para variar,
Dão-nos batatas com sebo.

Ao Sábado, que é fim de semana,
Eu digo e volto a dizer,
Fazem um rancho tão bom
Que nem se pode comer.

Ao Domingo é dia grande
E as comidas sempre fracas,
Dão-nos então arroz de frango
Com as asas e as patas.

Há água todos os dias
Que até é um regalo
E o pão sempre fresco,
Cozido o ano pasasdo.

E pronto, cheguei ao fim,
Acabei, vou terminar,
Não me falem mais em Rancho
Que estou quase a vomitar.

Tudo se passa no quartel
E ainda esta me resta,
Que o que dão melhor é a água
E mesmo essa não presta.

Já morri, não sou poeta,
De escrever cansei a mão,
De muitas quadras que eu fiz
Ainda estas aqui estão.

Visadas pela censura em 10-10-69
Tavares - Radiotelegrafista

____________

Notas de L.G.

(1) Vd. pots de 2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

O convívio anual do Esq Rec Fox 2640, este ano, vai realizar-se no dia 30 de Abril, em Pombal. Contactos: Manuel Mata > Tel. 245 996 260 / 939 344 816; José Tavares > Tel> 214 685 597 /965 119 117.

(2) R.C. = Regimento de Cavalaria

(3) Vd. posts anteriores:

31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857

31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

domingo, 2 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P654: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (6): as primeiras Chaimites para o Exército Português

Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. © Manuel Mata (2006)


Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > VI Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (*)

Junho de 1970:

Mês trágico para o Furriel Mil Humberto Sertório Fonseca Rodrigues que sofre um acidente no quartel ao deslocar-se ao gabinete do Comandante do Esquadrão (na altura Capitão de Carreira Fernando da Costa Monteiro Vouga, hoje Coronel na reforma), para atender um telefonema de Lisboa, da mãe.

E enquanto almoçava, este, ao entrar a correr no gabinete fez estremecer o soalho, tremeram os móveis, caiu um dilagrama que estava exposto em cima de um dos móveis e que explode. Esse dilagrama era um de dois por mim encontrados, junto da ponte do rio Colufe, numa tarde de pesca com tarrafa (rede de lançamento, cónica), não sendo este conhecido no nosso exército, na altura.

O Capitão, quando o viu na arrecadação de material de guerra e aquartelamento, pediu-me que, antes de os depositar no paiol subterrâneo, lhe desse um para observação.

Ainda hoje, quando recordo esta cena, vendo um corpo a rolar no chão, sinto alguma angústia, embora o Humberto Sertório se encontre bem, continuo com alguma dor… (Certamente alguns dos camaradas desta caserna, deste blogue, conhecem este camarada, foi Fundador e Presidente de ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas).


Agosto de 1970:

Mais um elemento do Esquadrão evacuado por doença, o Apontador de CCM 47, João Vicente Pereira Constantino.

Verificou-se ainda neste mês, no itinerário Piche – Nova Lamego, uma emboscada pelo IN a uma viatura civil. Acorreram os homens do Pel Rec que, ficaram surpreendidos por se tratar de uma viatura civil. Explicação do motorista: ultimamente não tinha entregue a sua contribuição (sacos de arroz e feijão) aos homens do PAIGC da região.



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Uma das oito Viaturas White distribuídas ao Esq Rec Fox 2640. Rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica. Tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas. © Manuel Mata (2006)


Setembro de 1970:

As oito viaturas White, distribuídas ao Esq começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação leavdo a uma diminuição da nossa actividade operacional.

Neste mesmo mês um camarada do Esq é punido, com quatro anos e seis meses de presídio militar, por insubordinação (ameaça de lançamento de granada de mão ofensiva durante a noite, ou de G3 em posição de rajada, na caserna, quando todos estavam a descansar, etc.)... Lá fugia toda a malta em cuecas para a parada, com medo do Mouraria, que acabava a rir à gargalhada!!!

Conclusão: seguiu para Bissau, com destino ao Forte de Elvas, donde saiu beneficiando de uma amnistia pela morte de António Oliveira Salazar (1), não sendo por nós conhecida a sua situação desde essa data.


Mês de Outubro de 1970:

O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo Minhoca). Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.

Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população.
Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Algum do material de guerra capturado ao IN ao longo dos meses na zona de Piche.

© Manuel Mata (2006)

No mesmo período outro Pelotão ao fazer uma escolta Bafatá – Xime – Bafatá foi atacado pelo IN com morteiro e armas ligeiras. As nossas forças reagiram em colaboração com as forças estacionadas no Xime, não tendo havido consequências, para as NT.

Logo, a seguir 5 de Dezembro, foi atacada a tabanca de Bambadinca. Neste período é de salientar a vinda à Metrópole de um Alferes, do Primeiro-Sargento Mecânico, e de cinco Praças, afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esq. Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português.

Estava assim decorrido o primeiro ano de Guerra e eis que chegou o segundo Natal na Guiné. Algumas mensagens para a família pela rádio e pela televisão, toda a gente em fila indiana numa corrida para o microfone (Sou o …, de …, Minha querida Mãe e Pai, e restante família, estou bem, até ao meu regresso!), lá fica toda a gente mais feliz.

Não podemos esquecer a lembrança posta na Bota, entregue pelo MNF Português(carteira contendo um maço de tabaco e um isqueiro)... Para muitos de nós era humilhante, tratar assim quem tudo dava incluindo a própria vida, por uma causa que não era nossa.

Para os amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico/satírico, já comecei a publicar algumas, que são da autoria do meu amigo José Luís Tavares, homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais (3).
______________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts anteriores
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

3 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)

2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

(2) Salazar morreu em 27 de Junho de 1970. Poucos de nós, na Guiné, demos pela ocorrência e menos ainda a lamentámos.

(3) Vd post de 31 de Março de 2006 >

Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche.

Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857

Guiné 63/74 - P653: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > V Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Ponte sobre o Rio Geba © Manuel Mata (2006)
Março de 1970

Em final de Março de 1970 é o Esq Rec Fox 2640 equipado com 4 viaturas White, dias depois mais quatro, tendo seguido para Piche algumas para renovar o parque do Pelotão de Reconhecimento, ali destacado.

No dia 31 de Março de 1970, já com as novas viaturas o Esq faz uma escolta ao 2º Comandante do Batalhão de Caçadores 2856 a Cambaju, mais como mostra do poderio de força junto da fronteira com a República do Senegal. O IN ia registando… (lá dizia o Sr. Teófilo, um destes dias Bafatá vai se atacado).

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Viatura White © Manuel Mata (2006)

Neste mês registou-se ainda uma evacuação por acidente, do Rádio Montador, Júlio da Silva Torrão: este, ao fazer no exterior a reparação de um cabo eléctrico, sofreu uma descarga eléctrica, caiu do poste... Resultado: um membro inferior e superior partido.


Abril de 1970

No mês seguinte, Abril, regista-se a evacuação para a Metrópole, do camarada condutor auto rodas, João Pires Catarino, por ter perdido uma vista ao abrir uma caixa de géneros destinada à messe de Sargentos, onde era impedido.


Maio de 1970

O Pel Rec em Piche, continuava a sua actividade e a sofrer as flagelações do inimigo, agora com foguetões de 122 mm. Volta a acontecer, felizmente sem consequências, no dia 26 de Maio, depois de uma escolta aos Adidos Militares Estrangeiros que visitaram a Guiné. Ao chegar de Nova Lamego foram flagelados com foguetões de 122 mm.

No dia 29 um Pel Rec reforça a companhia do Geba sob ordem do BCAÇ 2856, para uma operação de dois dias. Regressaram cansados, mas felizes por ajudarem os amigos do Geba.





Guiné > Zona Leste > Bafatá> 1970 > Panfletos de propaganda política, oferecidos ao Manuel Mata pelo seu amigo, o comerciante Sr. Teófilo: os dois primeiros são da autoria do PAIGC, sendo um deles escrito em árabe; os outros dois são das NT. © Manuel Mata (2006)

Um abraço aos companheiros da caserna.
M. Mata

Guiné 63/74 - P652: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

Brasão do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) 
© Manuel Mata (2006)

Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > IV Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71)

Apresentam-se a seguir algumas imagens que documentam o aspecto de Bafatá àa data da sua elevação a cidade (em cerimónia que decorreu a 12 e 13 de Março de 1970, com a presença do Ministro do Ultramar).

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Estabelecimentos comerciais e ruas com o seu aspecto bem cuidado, onde se destaca a limpeza e os lancis pintados a branco.© Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Outra rua comercial © Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Rotunda à entrada de Bafatá e o Café do Teófilo (pai da Ritinha), ao fundo (1). © Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Hospital, unidade dirigida por missionários italianos.© Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Catedral onde casou o Alferes Félix Vaz do Comando, com uma irmã do Coronel Danif, filhos da D. Rosa. © Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Residência do Administrador do Concelho e posto dos cipaios.© Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Mesquita, espaço de oração da comunidade muçulmana.© Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Escola Primária inaugurada nesse ano. © Manuel Mata (2006)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Edifício dos Correios e Finanças. © Manuel Mata (2006)
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Nota de L.G.

(1) Vd posts de:

29 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLVIII: Comerciantes de Bafatá: turras ou pides ? (Manuel Mata)

26 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLIV: Bafatá: o Café do Teófilo, o desterrado

sexta-feira, 31 de março de 2006

Guiné 63/74 - P647: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857 (Manuel Mata)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > Finais de 1970 > As primeiras viaturas Chaimite, anfíbias com canhão, que chegaram ao TO da Guiné.

© Manuel Mata (2006)

Cancioneiro do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71).

Autor das letras: José Luís Tavares. Recolha: Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 .


Piche - BART 2857 (1)

Piche tem campo e piscina,
Que já foi a inauguração,
São obras de grande valor,
Feitas pelo Batalhão.

Até parece mentira
Aquilo que eu vou contar,
O Batalhão fez um campo
Para a cavalaria jogar.

A cavalaria é um posto,
Já vem de tempos atrás,
Imaginem um Batalhão
Fazer um campo para nós.

Nós temos duas equipas,
Como toda gente a vê:
Temos a boa Equipa A,
Não desfazendo na B.

Têm equipamento novo,
Que aqulio é um asseio,
E o dirigente da equipa
É o nosso alferes Feio.

São duas equipas rivais
Que mandam o seu respeitinho
E, de árbitro permanente,
O nosso amigo Agostinho.

Tavares - Radiotelegrafista
1 de Julho de 1970

© Manuel Mata (2006)
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Nota de L.G.

(1) Vd post anterior, com data de hoje > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche .

O BART 2857 presumo que fosse aquele que, na época, estava sediado em Nova Lamego. Piche pertencia ao Sector de Nova Lamego. Em Bafatá estava o BCAÇ 2856 (1968/70) a cuja CCS pertenceu o nosso camarada Jorge Tavares, ex-fur mil radiomontador.

Guiné 63/74 - P646: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Jardim da Bafatá > Eis o autor das quadras que aqui se publicam, buscando inspiração na espuma dos dias, o José Luís Tavares,
sentado, à direita, sob a estátua de Oliveira Muzanty, um dos pacificadores da Guiné tal como Teixeira Pinto (informação valiosa do nosso Mário Dias que viveu na Guiné entre 1952 e 1966).

© Manuel Mata (2006)

Do Manuel Mata, "para os amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico/satírico", aqui fim algumas do seu amigo José Luís Tavares, "homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais"... Por mim, elas fazem parte do Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá: é uma pequena homenagem aos nossos camaradas da arma de vavalaria que penaram lá para os lados de Bafatá e Nova Lamego... L.G.


Obras em Piche

Aqui em Piche é mato
Mas manga de animação,
Tem cá uma piscina,
Foi hoje a inuguração.

Fizeram várias brincadeiras
Que meteram muita graça,
Jogaram também futebol
E, ao fim, a entrega da taça.

Foi um jogo de grande interesse
Como já é natural,
Mas ao fim, em vez da taça,
Deram uma cerveja Cristal.

Vou dizer-lhes o resultado
Só para nós em comum,
Que perderam os furriéis
Por nove golos a um.

Foi um jogo bem disputado,
Ouvi eu, numa entrevista,
Que mais parecia uma final
Com Sporting e Boavista.

Passou-se isto dia 28,
Mais nada, vou terminar,
E quanto à arbitragem
Acho que foi regular.

Tavares - Radiotelegrafista
28 de Junho de 1970

(Continua)
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Nota de L.G.

(1) Vd post anterior, com data de hoje > Guiné 63/74 - DCLXIV: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71) (Manuel Mata) (4): as primeiras Chaimites para o Exército Português