Mostrar mensagens com a etiqueta Varela. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Varela. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22546: Historiografia da presença portuguesa em África (280): A pacificação da Guiné de 1834 a 1924 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Dezembro de 2020:

Queridos amigos,

Em boa hora se voltou à secção de Reservados da Biblioteca da Sociedade de Geografia. Ficara para trás este cotejo efetuado em 1925 por um oficial do Exército que no essencial debita factos sem apreciações pessoais até que chegamos à prisão de Abdul Indjai, aí ele intervém calorosamente e não se nega a dar opinião. 

Há um dado muito curioso da análise deste personagem que possuía uma tropa de choque muito especial e que a pôs ao serviço de Teixeira Pinto. Dos poucos depoimentos que possuímos sobre membros da Liga Guineense (que foi abruptamente distinta, isto numa época em que as organizações de ideário republicano eram acarinhadas) há quem diga abertamente que Abdul Indjai permitia todos os saques pelas povoações onde passava, o que contundia com os interesses dos comerciantes que se viam despojados de matéria-prima para exportação. 

Ele podia, enquanto régulo do Oio, enviar a sua tropa de choque ao serviço do colonizador, mas aterrorizava as populações de todas as vilas acima de Mansoa. É muito fácil andarmos à procura das causas do martírio quando teimosamente fingimos que o valoroso braço direito de Teixeira Pinto agia como o mais prepotente pilha-galinhas, afrontando uma ordem civilizacional que a administração portuguesa da Guiné procurava instituir. Vamos continuar, há mais surpresas.

Um abraço do
Mário



A pacificação da Guiné de 1834 a 1924 (1)

Mário Beja Santos

Como é sabido, a Biblioteca da Sociedade de Geografia possui uma secção de Reservados onde tenho tido a felicidade de encontrar algumas peças preciosas. Houve agora oportunidade de regressar a este filão de manuscritos, e deparou-se-me um dossiê intitulado Res 1 – Pasta E-21, que se intitula Apontamentos Relativos às Campanhas para a Pacificação da Guiné de 1834 a 1924, compilados pelo Tenente-Coronel de Infantaria João José de Melo Miguéis, Bolama, com data de 6 de agosto de 1925, Repartição Militar da Colónia da Guiné, 1.ª Secção. É então Governador Velez Caroço.

Trata-se de um inventário minucioso, o oficial procurou esmerar-se, manda o bom-senso que não se vai escrever por atacado toda a sua narrativa, e não há nada como explicar porquê. Começa por nos dizer que desde a descoberta da Guiné até ao ano de 1834 não encontrou nos arquivos da Repartição quaisquer elementos respeitantes a operações militares.

Tudo começa em 8 de janeiro de 1834, realizou-se o Auto de Ratificação da Praça de Bolor, sítio de Etame, pertencente a Cacheu, de uma parte o provedor de Cacheu, Honório Pereira Barreto e da outra Jaguló, rei e senhor do território de Bolor, que cedeu o território denominado Baluarte.

Estamos agora em 9 de outubro de 1856, é feito um contrato entre o tenente-coronel Honório Pereira Barreto, governador da Guiné, e os gentios de Nagas, representados pelo régulo de Cadi e por Nhaga, pai do régulo de Nagas, por o gentio desejar restabelecer as relações com a praça de Cacheu que há cinquenta anos se achavam suspensas, por causa de uma guerra que houve entre as mesmas. Neste contrato é celebrada a paz entre a praça de Cacheu e o gentio de Nagas, podendo os habitantes de Cacheu negociar nas terras de Nagas, ficando reservado aos portugueses a navegação e comércio do braço do rio de Farim, que se chama Armada, não sendo concedida esta vantagem a estrangeiros.

Com data de 6 de março de 1857 estabelece-se uma convenção entre o governo da Guiné e os Felupes de Varela. Esta convenção foi feita por motivo do governador da Guiné, Tenente-Coronel Honório Pereira Barreto, ser herdeiro do seu falecido pai, o Major João Pereira Barreto, de uns territórios que os Felupes de Varela da margem direita da barra de Cacheu, em tempos tinham cedido a este senhor. O governador Barreto, como os Felupes não desejassem que este território fosse para os franceses, cedeu-o ao Governo de Portugal, ficando desde esta data de 6 de março ratificado a favor da nação portuguesa. Dois anos depois, celebra-se o tratado de concessão à nação portuguesa pelos Felupes de Jufunco (Cacheu) de todo o seu território.

O Tenente-Coronel Miguéis recorda em 1870 foi proferida sentença a favor de Portugal pelo presidente norte-americano Ulysses Grant, ficava esclarecida a questão de Bolama.

Em 24 de janeiro de 1871, foi vítima de uma rebelião de Grumetes na Praça de Cacheu o governador interino daquele distrito, Capitão Álvaro Teles Caldeira. Em 8 de março, uma força composta pelo Batalhão de Caçadores N.º 1 e de marinheiros da Armada Real efetuou um ataque à população de Cacanda (Cacheu), destruindo-a totalmente. Os indígenas desta povoação inquietavam constantemente a Praça de Cacheu, acabando por assassinar o governador do distrito. O Capitão J. A. Marques desenvolvendo um plano de ataque anteriormente combinado, consegue conduzir à vitória todas as nossas forças.

Em 19 de abril, foi lavrado o termo de ratificação e reconhecimento de cessão feita pelos Felupes de Varela de todo o território deste nome, ao governo português. Como também em 3 de agosto de 1879 foi feito um tratado de cessão do território ocupado pelos Felupes de Jufunco à nação portuguesa. Estamos agora em 8 de abril de 1980 e ficamos a saber que foi condecorado com o Grau de Comendador da Ordem de Torre e Espada o Tenente-Coronel Agostinho Coelho por ter sufocado em Bolama uma revolta do Batalhão de Caçadores N.º 1, que tinha por fim constranger o mesmo governador a mandar pôr em liberdade dois oficiais desse batalhão.

Nesse mesmo ano, em 1 de junho, celebrou-se o tratado de paz na povoação de Buba entre os régulos Beafadas, o chefe principal do Forreá, Sambel Tombon e o Governo Português, sendo comandante militar o Capitão de Caçadores N.º 1 da África Ocidental, Tomás Pereira da Terra.

A enumeração de tratados é infindável, mas talvez valha a pena continuar até depois chegarmos ao aprisionamento do régulo do Oio, Abdul Injai, o braço direito de Teixeira Pinto.

Voltamos a 1881 e o autor enumera tratados entre o Governo e os chefes Beafadas de Guinala e Baduk, tratado de paz entre o Governo e os régulos Fula-Forros e Futa-Fulas do Forreá e Futa-Djalon. Regista o autor também conflitos originados pelos Beafadas de Jabadá. Foi celebrado no Presídio de Geba o tratado de paz e obediência do régulo Fula-Preto do Indorna Dembel, Alfa Dacan e o governo da colónia.

Em 1883 ocorre um episódio que aparece versado noutras fontes. Os Fula-Pretos atacaram S. Belchior, aprisionaram cristãos e reduziram a cinzas as suas casas. O responsável pelo presídio de Geba, Alferes Marques Geraldes, organizou uma pequena expedição e foi a Indornal, onde conferenciou com o régulo Dembel, fez a entrega das duas mulheres raptadas e pagou uma indemnização ao governo.

No ano seguinte foi feito um tratado entre o Governador de Cacheu e os régulos de Bolor. Em 16 de abril de 1885, a bordo da escuna Forreá, fundeada no rio das Ilhetas, foi feito um ato de vassalagem ao governo português. Em 11 de outubro do mesmo ano, atacou-se Sambel Nhantá (Cuor, Geba) e foram louvados o Capitão Caetano da Costa Pessoa e o negociante Agostinho Pinto.

Em 15 de janeiro do ano seguinte regista-se um ataque à tabanca de Bijante, no Cubisseco. Em 19 de junho, uma força de 500 Fulas comandada pelo filho de Umbucu investiu contra duas tabancas de Mansomine. Este ataque foi contra as forças de Mussá Molô, de Sancorlã. Era chefe do presídio de Geba o Tenente Francisco António Marques Geraldes que arranjou numa hora uma expedição de 200 homens, atacou as tabancas do régulo de Mansomine, arrasou-as em três horas. Depois Geraldes dirigiu-se a Sancorlã e derrotou Mussá Molô. Geraldes foi então promovido a capitão por distinção. O autor regista que em 1896 havia os seguintes destacamentos na Guiné: Geba, S. Belchior, Sambel Nhantá, Gã Dafé, Contabane e Cacine.

Em 8 de julho de 1919, é declarado o estado de sítio nas regiões dos comandos militares de Bissorã e dos Balantas e na circunscrição civil de Farim, foi nomeado comandante militar o Capitão Augusto José de Lima Júnior. O motivo foi pôr termo à situação anormal criada pela insubmissão do régulo Abdul Injai. O texto que se segue, e que desobedece completamente às considerações até agora neutras que o autor expende ganham um cunho pessoal, vale a pena ler o texto integral, aguça-se a curiosidade do leitor só com o seu texto de arranque:

“Será possível que Abdul Injai se revoltasse?

Abdul Injai, Tenente de Segunda Linha pelos serviços prestados ao Governo Português durante as campanhas da Guiné, o grande amigo dos portugueses, o braço-direito de Teixeira Pinto, o cabo de guerra indígena de maior vulto nas guerras contemporâneas, o homem que descansando as fadigas guerreiras no seu regulado continua cedendo ao governo os seus homens para auxiliarem as tropas regulares que sucedem às campanhas de pacificação; este herói a quem o governo, depois de Teixeira Pinto, tudo deve… revolta-se?”


(continua)


Jorge Frederico Vellez Caroço, Governador da Guiné
Honório Pereira Barreto, um resto da sua estátua na Fortaleza de Cacheu
Fortim de Cacheu, gravura do século XIX, Arquivo Histórico Ultramarino
____________

Nota do editor

Último poste da série de 8 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22525: Historiografia da presença portuguesa em África (279): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (16) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22443: Memória dos lugares (424): a bela e interminável praia de Varela, a 5 horas de Bissau... (Patrício Ribeiro)


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 > Praia norte > A cana de pesca do Patrício Ribeiro


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 > Praia sul > Quilómetros de praia, que continua a ser bela e aprazível, apesar das alterações climáticas.


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 >  Peixe coelho
 

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 > Casa tradicional felupe 


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 >  Casa sem palha 
 

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 > Casa com palha nova


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale >  Maio de 2021 > Casa ao entardecer, às 6h30

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Patrício Ribeiro: português, natural de Águeda (1947), criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.

É o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem mais de uma centena de referências o nosso blogue; Tem também uma "ponta", junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugindo da pandemia de Covid-19: "irreformável",  já levou   a 2ª dose da vacina contra a Covid-19,  para poder voltar àquela terra verde-rubra que tem sido a sua paixão de uma vida.


1. Mensagem de Patricio Ribeiro:

Data - 8 de agosto de 2021, 20:53  


Assunto - Fotos de Varela

Luís, conforme solicitas, envio diversas fotos que tirei recentemente pela Guiné, (vou enviar por diversas vezes).

Depois do Almirante me ter mandado chamar a Lisboa para apanhar o “2º vírus”, lá fui tirar as fotos ... Dormi em: Bissau, Varela, Bolama e Bafatá, algumas noites.

Tive que passar 15 noites seguidas na mesma cama (com o bicho). Portanto, não consegui tirar mais que umas dezenas de fotos, nos meus passeios por estes lados.

Junto fotos tiradas em Varela, no final de maio, 2021. Na bela e interminável praia, durante as minhas pescarias para o tacho, ou para a grelha. Lá não há supermercado, ou sabes pescar, ou abres latas de atum, embora já haja 3 hotéis, a funcionar!

Praia de água quente, 32º antes das chuvas, com muito distanciamento, sem ninguém por perto e como podem ver, toda a praia livre, nesta época do ano.

A água vai avançando uns bons cm por ano, para dentro de terra; há uma grande erosão e leva as árvores que estão perto da praia e areia do solo. Acontece na época das chuvas.

Fala-se num projeto para combater esta situação … fala-se …

Estrada até Varela desde Bissau, 5 horas!!!

Outras fotos, tiradas às casas dos Felupes na Tabanca de Iale – Varela, casas muito bonitas. Todas com quintal e horta. Eles preservam muito as árvores, ao contrário de outras etnias. Eles são os donos do Chão de Varela, (são outras histórias complicadas).

Aproveitei a estadia para encomendar palha, tecer a palha, cobrir novamente a palhota. Esta nova palha, deve aguentar mais uns 5 anos. Ver fotos, p.f.

Com as alterações climáticas, nos últimos anos tem havido nesta zona, tornados na época das chuvas, que têm danificado tudo o que encontram pela frente, inclusive árvores antigas.

Recomenda-se a quem quiser apanhar sol, água do mar quente, distanciamento “natural” e sem máscara, passar uns dias a beber cerveja ou vinho de palma, uma viagem até Varela …

Não deve é conviver muito, para ter um teste negativo e poder voltar quando pensa, o que não está a acontecer, a muito boa gente amiga …

Luís, agora já ando noutros trabalhos [na ponta do Vouga, em Águeda]:  aplicar calda bordalesa nas videiras e nos tomates; a regar a horta etc, etc …

Abraço

Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné-Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

2. Comentário do editor LG:

Sobre Varela temos mais de meia centena de referências no blogue. Ver também a carta de Varela (1953), escala 1/50 mil.
___________

Nota do editor:

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21266: Memórias cruzadas da Região do Cacheu: Antecedentes do Plano de Assalto ao Quartel de Varela, proposto por dois desertores portugueses: o caso do António Augusto de Brito Lança, da CART 250 (1961/63) (Jorge Araújo)



Foto 1 – Base Aérea 12, em Bissalanca. 




O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior; vive em, Almada, está atualmente nos Emiratos Árabes Unidos; tem mais de 260 registos no nosso blogue.



MEMÓRIAS CRUZADAS

ANTECEDENTES AO "PLANO DE ASSALTO AO QUARTEL DE VARELA" PROPOSTO POR DOIS DESERTORES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS A AMÍLCAR CABRAL EM JANEIRO DE 1963

- O CASO DE ANTÓNIO BRITO LANÇA, DA CART 250 (1961-1963) -


► Resposta (a possível!) aos comentários ao P21250 (13.08.20) (*) sobre o «Plano de assalto ao quartel de Varela» proposto por dois desertores das NT a Amílcar Cabral, em Janeiro de 1963, três semanas antes do início do conflito armado no CTIG.



◙ Sem prejuízo de voltar a este assunto, que acontecerá logo que tenhamos outras informações

relevantes, tomámos a iniciativa de acrescentar outros detalhes "historiográficos", já coletados anteriormente, mas que, como por nós foi referido na narrativa anterior [ponto 2.3], não se enquadravam naquele fragmento.

Com efeito, e ainda que não seja uma resposta objectiva ao pretendido pelo camarada Cmdt Pereira da Costa: "os arquivos militares (histórico e geral) devem ter algo, mesmo que pouco sobre estes homens" (…) "parece-me que a procura dos 'dois homens' será a via a seguir".


O que desde já poderei adiantar são alguns antecedentes que culminaram com a "elaboração do Plano" em título, nomeadamente alguns factos atribuídos ao António Augusto de Brito Lança, fur mil art da CART 250 (1961-1963), com início na mobilização da sua Unidade.



1. - A MOBILIZAÇÃO PARA O CTIG DA CART 250


Mobilizada pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 (RAP 2), em Vila Nova de Gaia, para servir na província ultramarina da Guiné, embarcou em Lisboa, no Cais da Rocha, em 10 de Agosto de 1961, 5.ª feira, sob o comando do Capitão Art José Maria Eusébio Alves, tendo desembarcado em Bissau na 4.ª feira seguinte, dia 16 de Agosto. 



1.1 - SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DA CART 250


A CART 250 foi colocada em Bissau, onde manteve a sua sede durante toda a comissão (16Ago61-06Nov63), sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 236 [o mesmo da CART 240], em substituição da CCAÇ 52 [18Ago59-17Ago61; do Cap Inf Frederico Alfredo de Carvalho Ressano Garcia], a fim de assegurar a segurança e defesa das instalações e das populações da área.


Por períodos variáveis, a CART 250 cedeu pelotões para reforço de outros batalhões e intervenção em acções de nomadização e batida nas regiões de Mansodé/Mansabá, em Jul63, sob dependência do BCAÇ 507 [20Jul63-29Abr65; do TCor Inf Hélio Augusto Esteves Felgas] e Xime, em Ago63, sob a dependência do BCAÇ 506 [20Jul63-29Abr65; do TCor Inf Luís do Nascimento Matos].


Em 04Nov63, já na dependência do BCAÇ 600 [18Out63-20Ago65; do TCor Inf Manuel Maria Castel Branco Vieira], foi substituída no sector de Bissau pela CCAÇ 555 [03Nov63-28Out65; do Cap Inf António José Brites Leitão Rito], a fim de efectuar o embarque de regresso (Ceca; p 434).


2. - ANTECEDENTES AO "PLANO DE ASSALTO AO QUARTEL DE VARELA" ELABORADO POR DOIS DESERTORES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS E DIRIGIDO A AMÍLCAR CABRAL, EM 04 DE JANEIRO DE 1963


Partindo dos vários registos que encontrámos relacionados com a pessoa do António Augusto de Brito Lança, leva-nos a concluir que, para além do seu envolvimento no «Plano Varela», existem outros a merecerem destaque.


Vejamos outros antecedentes, por ordem cronológica:


2.1 - DAKAR; 31-10-1962 = CONTACTO ESCRITO COM AMÍLCAR CABRAL


Transcreve-se (a partir do original abaixo) a carta manuscrita por António Augusto de Brito Lança, em Dakar, em 31 de Outubro de 1962, 4.ª feira, e dirigida a Amílcar Cabral:


"Exmo. Sr. Eng. Amílcar Cabral


Devido às dificuldades de vida aqui no Senegal penso em partir para a Argélia, por intermédio de Marrocos, visto aqui não haver embaixada Argelina. Já falei com o consulado de Marrocos, mas como não possuo passaporte, ofereceram-me algumas dificuldades. Perguntaram-me se eu não conhecia lá ninguém e eu disse-lhe que a única pessoa que conhecia era V. Exª.


Perguntaram-me ainda se eu não levava intenções de ir matar alguém. Evidentemente, disse que queria ir para um país, onde possa trabalhar e viver tranquilo, devido às condições em que me encontro e se possível trabalhar com o movimento democrata português.


Então queria pedir a V. Exª se me podia auxiliar a ir para Marrocos. Antecipadamente agradeço no que V. Exª me poder auxiliar.


Muito respeitosamente. António Brito Lança.



Citação: (1962), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_37783, com a devida vénia. (1)


A morada indicada em rodapé: (137, Rue Blanchot, Dakar) era provavelmente a da «Maison Augustin Ly (Casa de Hóspedes)», situada na Ilha de Gorée [, ou Goreia, símbolo da escravatura], e que ainda hoje existe, conforme localização sinalizada no mapa abaixo (Google)




Mapa da região de Dakar (Senegal) com infografia da provável residência do António Brito Lança em Outubro de 1962 (fonte: imagem satélite da Google, com a devida vénia).


2.2 - Memória descritiva do Aeroporto de Bissalanca, em 08 de Dezembro de 1962 e respectivo croqui


As informações detalhadas do Aeroporto de Bissalanca, bem como o seu respectivo croqui, foram elaboradas por António Lança e enviadas, em 08 de Dezembro de 1962, para o Bureau de Dakar, ao cuidado de Amílcar Cabral, conforme se dá conta abaixo.


"A aeronáutica tem cerca de cem homens, mas o serviço de segurança do aeroporto é mantido pelo exército, se bem que a todos os homens da aeronáutica esteja distribuída uma pistola-metralhadora F.B.P.


A aeronáutica tem somente dois a três homens de serviço diário. Um encontra-se em frente da aerogare militar, outro pelos lados da aerogare civil ou da torre de controlo. Tem ainda um oficial de serviço. O exército envia de manhã para o aeroporto uma secção que fica na casa da guarda e montam dois postos: um no cimo da torre e outro junto à porta de entrada.


Por volta das 7 horas da tarde, chegam mais duas secções e então montam os postos designados na figura por letras maiúsculas.


As armas que utilizam nos postos são G-3 (espingarda automática e semiautomática que carrega vinte munições). Quando estão de alarme, entregam a cada sentinela uma granada ofensiva. Durante a noite o jeep faz várias rondas à pista e costumam por vezes passar nas estradas indicadas na figura, por traços vermelhos. Durante o dia está uma autometralhadora antiaérea de 4 cm com uma secção de cavalaria e à noite vem outra, ficando ambas dentro da aerogare militar.


Os traços que fiz a lápis na gravura indicam ervas ou pequenos arbustos. Sobre árvores não sei dar um esquema mais ou menos exacto, pois quando abalei andavam a cortar muitas e não sei como aquilo está presentemente. Agora os postos de sentinela devem permanecer na mesma pois são os pontos melhores que têm. Os sentinelas não têm abrigos feitos no terreno para se esconderem só por detrás das paredes e se o fizerem ficam sem qualquer possibilidade de fazerem fogo.


No paiol do aeroporto encontram-se duas secções e montam os pontos os postos indicados na gravura por letras maiúsculas. Em volta do paiol há um muto de arame farpado. Nos quatro cantos principais há uma guarita de sentinela mas estes só a utilizam quando chove.

08/12/962, António Augusto de Brito Lança.



 Citação: (1962), "Informações sobre o aeroporto de Bissalanca", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_ 40304, com a devida vénia. (2)




Citação: (1962), "Mapa do aeroporto de Bissalanca", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40236, com a devida vénia. (3)




Foto 2 – Base Aérea 12, em Bissalanca. [Foto do álbum do Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando – P15303], com a devida vénia.


2.3 - DAKAR; 03-01-1963 = CONTACTO ESCRITO DE JOSÉ ARAÚJO


Transcreve-se (a partir do original abaixo) a carta dactilografada por José Eduardo Araújo (1933-1992), responsável do PAIGC do Bureau de Dakar, enviada a António Augusto de Brito Lança, com data de 03 de Janeiro de 1963, ou seja, no dia anterior à elaboração do «Plano de Ataque ao Quartel de Varela».


"Prezado companheiro,


Cá me chegou às mãos a sua carta de 25 último [Dez'62]. Tenho a agradecer-lhe a prontidão com que me respondeu, e que revela que o conteúdo da minha primeira carta lhe mereceu a atenção que eu esperava.


Sobre o que me pede, envio-lhe aqui junto uma lista contendo os dados sobre os nossos amigos portugueses.


Devo dizer-lhe que na Embaixada do Brasil se mostraram um tanto pessimistas quanto à possibilidade da ida daqueles seus compatriotas para o Brasil. Não falei com o Embaixador mas sim com uma pessoa próxima dele. Parece que a dificuldade resulta de aqueles companheiros não terem passaporte. Julgo, porém, que uma ordem vinda de ai eliminará todos os obstáculos. A si agora de agir.


Espero, no entanto, uma resposta sua com as sugestões que tenha a fazer.

Saúdo-o cordialmente o amigo."

 



Citação: (1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35963, com a devida vénia. (4)


3 - MEMÓRIAS CRUZADAS DA AUTORIA DE ZAIN LOPES [RAFAEL BARBOSA] EM 1961


Transcreve-se do texto original manuscrito por Zain Lopes [Rafael Barbosa] os diferentes pedidos/acções a desenvolver pelo Partido, incluindo o ataque ao Aeroporto de Bissalanca.


▬ Ponto 1 = Insistimos



"Continuamos a insistir sobre o pedido que, até agora, não foi atendido, o que ignoramos o motivo disso. Materiais de grande necessidade, sem os quais é imprescindível [para] continuarmos na luta; botes de borracha ou qualquer outro material necessário ao transporte dos [nos] rios. Salva-vidas de tipo colete, visto haver pessoas que não sabem nadar; granadas de mão muito mais vantajosas, em certos casos, do que pistolas e metralhadoras, equipamento completo para um soldado, viveres e medicamentos."

 

▬ Ponto 2 = Ataque




"Há necessidade de atacar o aeroporto [Bissalanca] com granadas de mão em pleno dia e destruição dos depósitos de gasolina à noite. Após o ataque convém avançar logo para a capital [Bissau]. É necessário armas antiaéreas para as diversas localidades do país."

 

▬ Ponto 3 = Fronteira do Senegal




"Avisamos e continuamos a avisar em manter muito cuidado com aquela fronteira, pois há toda a conveniência de fechar toda a fronteira com o Senegal, e há ainda pessoas a quem devem ser entregues armas até depois da luta."

 

▬ Ponto 4 = Fotografias




"Fotografia n.º 1 – Braima Sori Djalló, de 29 anos de idade [n-1932], natural de Guileje, área de Bedanda, guarda da P.S.P., tendo ingressado no Partido em 17-11-1960.


Fotografia n.º 2 – Albino Sampa, guarda do arquivo, da tribo mancanha, de 28 anos de idade [n-1933], natural de Bula, ingressou no Partido a 22-08-1960."

 

Citação: (s.d.), "Mensagem de Zain Lopes sobre o desenvolvimento da luta clandestina em Bissau e o problema da fronteira do Senegal", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41719, com a devida vénia. (5)


► Fontes consultadas:


Ø  (1) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04604.039.093. Assunto: Solicita ajuda para entrar em Marrocos a fim de seguir para a Argélia com o objectivo de trabalhar com o movimento democrata português. Remetente: António Brito Lança, Dakar. Destinatário: Amílcar Cabral. Data: Quarta, 31 de Outubro de 1962. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Correspondência 1962 (interna PAIGC, MPLA, FRELIMO, UGEAN, CONCP). Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


 

Ø  (2) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07062.035.024. Título: Informações sobre o aeroporto de Bissalanca. Assunto: Documento assinado por António Augusto de Brito Lança com informações sobre o serviço de manutenção da segurança do aeroporto de Bissalanca. Data: Sábado, 08 de Dezembro de 1962. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Clandestinidade Bissau e outros documentos. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


 

Ø  (3) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07062.035.023. Título: Mapa do aeroporto de Bissalanca. Assunto: Mapa desenhado do aeroporto de Bissalanca contendo informações sobre as forças militares portuguesas de serviço na base. Desenhado por António Augusto Brito Lança. Data: Sábado, 08 de Dezembro de 1962. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Clandestinidade Bissau e outros documentos. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


 

Ø  (4) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04622.146.014. Assunto: Envio de lista contendo dados sobre amigos [desertores?] portugueses. Remetente: José Eduardo Araújo. Destinatário: Não identificado. Data: Quinta, 3 de Janeiro de 1963. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Correspondência dactilografada 1963. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


 

Ø  (5) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 07063.036.044. Título: Mensagem de Zain Lopes [Rafael Barbosa] sobre o desenvolvimento da luta clandestina em Bissau e o problema da fronteira do Senegal. Assunto: Mensagem assinada por Zain Lopes [dirigida a Amílcar Cabral] solicitando o envio de botes de borracha, coletes salva-vidas, granadas e pistolas-metralhadoras, e mencionando o ataque ao aeroporto de Bissau e o cuidado a ter com a fronteira do Senegal. Data: s.d. Observações: Doc incluído no dossier intitulado Cartas de Bissau 1960-1961. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


 

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002); p 434.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

15AGO2020


________________



15 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21254: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (17): António Augusto de Brito Lança, natural de Castro Verde, fur mil art, da CART 250, e António de Jesus Marques, natural da Covilhã, sold aux enf, CART 240, que desertaram em 1962, e que são os presumíveis autores do "plano de assalto ao quartel de Varela"

sábado, 15 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21254: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (17): António Augusto de Brito Lança, natural de Castro Verde, fur mil art, da CART 250, e António de Jesus Marques, natural da Covilhã, sold aux enf, CART 240, que desertaram em 1962, e que são os presumíveis autores do "plano de assalto ao quartel de Varela"









Cartam, dactilografa. em francês, do José Araujo (1933-1992), do Bureau de Dacar, do PAIGC; enviada ao Secretário Geral com  dados sobre três desertores do Exército Português (, António Augusto de Brito Lança, António de Jesus Marques e Augusto Cabrita Paixão),  refugiados em Dacar, e a solicita meios para suportar a viagem até Argel. Tem a data de 17 e fevereiro de 1963.

Citação:
(1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36111 (2020-8-15)

 



Documento, dactilografado,  assinado por António Augusto de Brito Lança com informações sobre o  dispositivo de segurança do aeroporto de Bissalanca. Data: Sábado, 8 de Dezembro de 1962.


Citação:
(1962), "Informações sobre o aeroporto de Bissalanca", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40304 (2020-8-15



"Croquis" do aeroporto de Bissalanca,  em finais de 1962, da autoria de António Augusto de Brito Lança

Citação:
(1962), "Mapa do aeroporto de Bissalanca", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40236 (2020-8-15


 (Com a devia vénia ao portal Casa Comum / Fundação Mário Soares / Arquivo Amílcar Canral)




1. Desertores sempre os houve, em todas as guerras, em todas as épocas... A "nossa" guerra do ultramar / guerra colonial também teve os seus, de um lado e do outro. 

Na Guiné, o PAIGC teve que lidar com este problema, cuja dimensão ninguém é capaz de quantificar. Já aqui temos referido esse problema das deserções do lado da guerrilha (*), se bem que se reconheça que, no interior da Guiné, como no caso do triângulo Bambadinca-Xime-Xitole (Setor L1), "não havia condições para desertar", sendo "a hierarquia e os outros elementos guerrilheiros (...) muito violentos na repressão" (...). Mais: "o medo também pesava e, admito eu, sequelas das repressões antigas evitavam que tal sucedesse". Em resumo, "os campos estavam extremados e, 'se não és por mim, és contra mim' " (António J. Pereira da Costa)(*).

No seio das NT, também não era fácil desertar, noTO da Guiné, a menos que se estivesse na fronteira (com o Senegal, a norte, não com a Guiné-Conacri cuja governo apoiava abertmente o PAIGC e, portanto, era mais hostil para com as forças armadas portuguesas). É o caso, por exemplo, de 2 militares que terão desertado em 1962, e a quem é atribuída a autoria do "plano de assalto ao Quartel de Varela", elaborado em Dacar, em 4 de janeiro de 1963, 6.ª feira, e dirigido a Amílcar Cabral (1924-1973) por intermédio de José Araújo (1933-1992), responsável do Bureau de Dacar, do PIGC,  os quais que  pertenciam às CART 240 e CART 250, respectivamente, António de Jesus Marques (1.º cabo enfermeiro) e António Augusto de Brito Lança (furriel mil de artilharia) (**)

Apesar da crescente impopularidade da guerra na Guiné, não há muitas deserções de militares portugueses dentro do território. Pode ter havido mais, antes do embarque e por ocasião do gozo de licença de férias. Mas falta-nos números. Já aqui contámos alguns casos. Mas esta questão continua a ser fracturante num blogue como o nosso que é de combatentes (ou ex-combatentes), originando às vezes acessas discussões (***).

2. Como a guerra acabou há muito, e houve uma amnistia, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, relarivamente aos crimes (militars)  inputados aos desetores e refractários,  podemos hoje satisfazer a nossa legítma curiosidade sobre estes nossos antigos camaradas que decidiram, num dado momento da sua vida militar, "dar o salto" para o outro lado da barricada...

Na maior parte dos casos não sabemos (nem nunca saberemos) as razões do seu ato de deserção. E sobre isso podemios tão apenas  especular: das razões "mais nobtes" (como a objeção de consciência à sinpatia política pela causa nacuionalista) às razões "mais mesquinhas" (, como, por exemplo,  as de ordem disciplinar...), cada caso será um caso.

Sabemos a identidade destes  dois desertores portugueses de Varela... O Brito Lança era de Castro Verde, estudante, no liceu de Beja quando foi chamado para a tropa. Tinha a  frequência do 7º ano do liceu... E sabemos, pro consulta a outras fontes na Net, que já morreur.  O Jesus Marques, pot sua vez, era natural da Covilhã, operarário metalúrgico, com a 4ª classe. Não sabemos exatamente quando nem como desertaram. Desertaram individualmente ? Encontraram-se em Dacar ? Entregaram-se às autoridades senegalesas ? Ou foram incertados por forças do PAIGC, ainda antes do início "oficial" da guerra ? Sabemos apenas que ficaram "à guarda" do cabo.verdiano José Araújo (1933-1992), do Bureau de Dacar, do PAIGC.

O "plano de assalto ao quartel de Varela"  era tão infantil que o Amílcar Cabral, que era um homem inteligente, se limitou a mandar arquivá-lo... Pela letra do "croquis" (**), este  só podia ser do António Augusto Brito Lança. Como tambeém era dele o iomforme detalhado sobre o aeroporto de Bissalanca e o seu dispositivo de segurança.

 Há, no máximo, meia dúzia de referências a estes dois nosssos concidadãos, no Arquivo Amílcar Cabral / Casa Cimun... Tenho a ideia que, para o PAIGC; eram mais um estorvo do que outra coisa: tinha que os hospedar e assegurar a viagem até ao exílio... 

Sendo militares de baixa patente, pouco ou nenuma utilidade tinham para o Amílcar Cabral. . No Arquivo Amílcar Cabral, há uma carta do Jorge Araújo com diligências para os colocar, a estes dois e mais um terceiro, no Brasil...

O Brito Lança e o Jesus Marques devem ter querido pagar a "estadia no hotel" com o fornecimento à gierrilha de algumas "informações militares. Na guerra da Indochina, no tempo dos franceses, também se chegou a usar este truque de envenenar o café (por parte de agentes do Viet-MInh, infiltrados nas tropas francesas)... O Brito Lança deve.se ter inspirado numa história dessas...

_______________


(*) Vd. postes de:

16 de junho de 2018 Guiné 61/74 - P18746: (D)o outro lado do combate (32): As deserções no PAIGC no Sector de Tite ao tempo do BART 2924 (1971-1972) e suas consequências (1) (Jorge Araújo)

17 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18749: (D)o outro lado do combate (33): As deserções no PAIGC no Sector de Tite ao tempo do BART 2924 (1971-1972) e suas consequências (2) (Jorge Araújo)

(**) Vd. poste de 13 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21250: Memórias cruzadas da Região do Cacheu: Plano (macabro) de assalto ao quartel de Varela, proposto por dois desertores das NT a Amílcar Cabral - Janeiro de 1963 (Jorge Araújo)

(***) Últimos postes da série >

4 de novembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16680: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (17): que país terá acolhido o sold básico a aux cozinheiro Manuel Agusto Gomes Miranda ? Talvez a Holanda, em maio de 1970, com o apoio do Comité Angola de Amsterdão (Tino Neves, ex- 1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)

2 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16672: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (16): o caso do soldado básico auxiliar de cozinheiro Miranda (Tino Neves, ex- 1º cabo escriturário da CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


24 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16631: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (14): A maldição de Cancolim e a CCAÇ 3489 que teve dois casos (o capitão e um alferes) de "abandono" (no período de férias) e um de "deserção" para as fileiras do IN, o sold at inf José António Almeida Rodrigues (1950-2016)

17 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1606: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (13): Jorge Cabral

17 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1604: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (12): J. L. Mendes Gomes

16 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1599: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (11): Paulo Salgado

Os primeiros posts da série:

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1585: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (1): Carlos Vinhal / Joaquim Mexia Alves

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1586: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (2): Lema Santos

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1587: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (3): Vitor Junqueira / Sousa da Castro

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1588: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (4): Torcato Mendonça / Mário Bravo

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1589: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (5): David Guimarães / António Rosinha

13 de Março de 2007 >Guiné 63/74 - P1591: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (6): Pedro Lauret

14 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1592: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (7): João Bonifácio / Paulo Raposo / J.L. Vacas de Carvalho

14 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1593: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (8): A. Marques Lopes

15 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1596: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (9): Humberto Reis

15 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1597: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (10): Idálio Reis