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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7459: Memória dos lugares (117): De Mansambo (que não vinha no mapa) até à ponte do Rio Udunduma (Carlos Marques Santos)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Localização da Ponte sobre o Rio Udunduma, afluente do Rio Geba (ou Xaianga), a meio caminho entre Bambadinca  e Xime... A ponte foi dinamitada e parcialmente destruída por acção do PAIGC, na noite de 28/29 de Maio de 1969, por ocasião do ataque a Bambadinca (quatro/cinco km a nordeste), levado  a cabo por 2 bigrupos (cerca de 100 homens)...  A partir desse ataque, passou a ser destacado um grupo de combate para defender este ponto nevrálgico...


Durante anos, até à construção da nova estrada  (alcatroada) Xime-Bambadinca, milhares e milhares de homens e viaturas, desembarcados em LDG no Xime passaram por aqui a caminho do leste (e vice-versa)... 


Pormenor da carta de Bambadinca (1955), 1/50000.




1. Comentário do CMS [, Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil, CART 2339, Fá e  Mansambo, 1968/69) ao poste P7458:


Começo como o Torcato, Combatente,  Amigo, Camarada e Camarigo:

Companheiros e famílias,

ABRAÇÃO, primeiro de NATAL e segundo de BOM 2011.

Ponte dos  Fulas, Jagarajá, Udunduma... é tudo é parte da minha vida, vivida e partilhada.

MINAS... ???
ARMADILHAS... ???
EMBOSCADAS... ???
Etc.., Etc..., !!!

A história responderá!!!

Udunduma, a 29 de Maio 1969, de madrugada, eu estava lá... Ataque a Bambadinca ??? Pergunto...

Triângulo - Xime - Xitole - Bambadinca. Um epicentro... Mansambo, 1968/69.Um Aquartelamento, fortificado, anti, não sabemos a quê...

8 Mortos, 43 feridos, 35 evacuados para Lisboa,  4 Comandantes de Companhia...

Eu,  no dia 29 de Maio inaugurava, horas depois do suposto ataque a Bambadica aquilo a que posteriormente se chamou  o Destacamento da Ponte do Rio Udunduma (*).



Nota saí com o "meu" pelotão, o 3.º, de madrugada.

Existiu? Ou é ficção ????

CMSANTOS
CART 2339



Mansambo ( que não existia no mapa) (**)... E hoje também... destruído completamente.



_____________


Notas de L.G.:


(*) Vd.poste de 4 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXIX: Os Solitários da CART 2339 na Ponte do Rio Undunduma e em Fá 

(...) Li no Blogue (...) uma referência ao pontão do Rio Udunduma. 


Eu e os meus camaradas da CART 2339 estivemos lá. Em 28 de Maio de 1969 ouvimos rebentamentos para aqueles lados e pensámos ser na tabanca Moricanhe. Afinal, para nosso espanto, era mesmo em Bambadinca, sede do Batalhão [, BCAÇ 2852, 1968/70].

Dia 29, pela 5.30 da manhã, seguimos para reforço da sede de Batalhão. 15 dias. Salvo erro com o Pel Caç Nat 63, estivemos em tendas (panos de tenda com botões), em vigília constante, àquela que era uma passagem importante [, a ponte sobre o Rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca]. Depois disso, outros, e até da nossa CART 2339, estiveram lá. Nós, CART 2339, abandonámos [a ponte] em 12 de Julho de 1969.
Entretanto dali, e depois de uma série de ataques, em Amedalai, Mansambo e Xime, Bambadinca e outra vez Bambadinca, fomos para reforço a Fá (Mandinga), nosso aquartelamento de acolhimento, pois havia indicações de que poderia ser atacado.

O meu pelotão - e eu era o furriel mais velho e por ausência quase sistemática do Alferes, competia-me o comando - intitulou-se de Os Solitários, pois por norma estava em diligência. Que palavra tão bonita. (...) 

Reproduzido no poste de 29 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1130: A CART 2339, em socorro de Bambadinca, e na defesa da ponte do Rio Udunduma (Carlos Marques dos Santos)

(**) Vd. postes da I Série do nosso blogue:


28 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCIX: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (1): a água da vida

29 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CD: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (2): as CART 2339, 2714, 3493 e 3494

30 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CDI: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (3): Memórias da CART 2339



(***) Último poste desta série > 

10 de Dezembro de 2010 A> Guiné 63/74 - P7418: Memória dos lugares (115): As colunas logísticas ao Xitole e Saltinho no tempo do Paulo Santiago (1970/72) e do Joaquim Mexia Alves (1971/73)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Fá Mandinga > CART 2339 (1968/69) > Do álbum fotográfico do Torcato Mendonça, Fotos Falantes II, nº 1: em cima, o quarto do Alf Mil Torcato Mendonça; a meio, o artista, junto à janela; em terceiro lugar, a contar de cima, a ceriomónia do hastear da bandeira... Muitas subunidades passaram por Fá Mandinga, para se ambientarem ao terreno e ao clima da Guiné, antes de seguirem para o seu destino: no caso da CART 2339, foi Monsambo, entre Bambadinca e Xitole, um estratégico aquartelamento construído de raíz pelo Alf Mil Mendonça e seus camaradas da CART 2339. Fotos: © Torcato Mendonça (2009). Direitos reservados. Estórias de Mansambo II > Fá Mandinga por Torcato Mendonça (*) Finalmente chegaram. Já a tarde ia alta e Fá Mandinga aí estava. Não parecia um aquartelamento. A entrada tinha a cancela com arame farpado, uma leve protecção para o militar da porta de armas e, enquanto rolavam aquartelamento dentro, iam aparecendo os edifícios adaptados à tropa. Coluna parada e ordem para desembarcarem. Deu-se então o reencontro com um alferes e um sargento que, umas semanas antes, por via aérea os tinham precedido a fim de tratarem das burocracias e instalação da Companhia Independente. Tiveram recepção calorosa e a vida, de burocracias e instalação facilitada. Breve formatura, material diverso arrumado e está a tratar da instalação. A ele e ao outro alferes indicaram-lhe uma “vivenda”. Já lá estava o outro alferes instalado. A dita vivenda, certamente de algum antigo colaborador de Amílcar Cabral, tinha quartos para os alferes, messe de oficiais e sargentos, cozinha e arrumos e duas ou três casas de banho. Não sabia que aquele quarto, que agora ocupava e onde ia arrumando as suas roupas, livros e demais haveres, seria o primeiro e único quarto onde viveu na Guiné. Nunca mais teve tal luxo. No futuro seria o abrigo, a morança das tabancas ou, se pernoitasse em Bambadinca ou noutra cidade, lá teria o quarto de empréstimo. Houve outros poisos mas são outras vidas… Bateram à porta e disse: - Entre. Abre-se a porta e aparece um africano com um sorriso alvar e franco. - Sou o Lali e trabalho aqui para os oficiais. Venho acender o Lion Brand. - Vem acender o quê? - disse. O Lali ria, mostrava uma caixa e disse: - É para os mosquitos fugirem. Foi a vez de ele rir. Depois de acender, perguntou se ele precisava de alguma “coisa”. - Sente-se aí, que quero fazer umas perguntas. De pronto o Lali respondeu: - Não posso sentar… Olhou-o e compreendeu. - Logo falamos então. Saiu e dirigiu-se às instalações do Grupo, apanhando o ar, ainda quente, do final da tarde, sentindo aqueles cheiros e sons tão diferentes. Estava tudo a correr bem, conversaram um pouco, viram escalas e serviços e sentia-se, os outros também certamente, deslocado naquele ambiente. Depois do jantar veio até cá fora um pouco e não tardou a regressar ao quarto. Agora é que era e “a dança ia começar”… ____________ Nota de L.G.: (*) Vd. postes anteriores desta série que, por diversas razões, não seguido uma ordem lógica e cronológica: 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4435: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Bissau, a caminho de Fá 4 de Junho de 2009 Guiné 63/74 - P4459: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mussá Ieró, tabanca fula em autodefesa, destruída em 24/11/68 1 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4618: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Cansamba, subsector de Galomaro, 1 de Agosto de 1969 3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4633: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): Bafatá, Amor e Ódio 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4683: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Cansamba II, o Serra e o Burro

sábado, 16 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1372: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mansambo: Rescaldo da batalha de 28 de Junho de 1968


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Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339> Junho de 1968 > Restos de uma batalha que poderia ter sido um trágico para as NT, desfalcadas, empenhadas na construção de um aquartelamento de raíz, em pleno mato...

Texto e foto: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados.

Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

Continuação da publicação do álbum de fotografias do Torcato Mendonça , ex- Alf Mil da CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/70) (1)

Fotos falantes (8): Rescaldo do grande ataque de 28 de Junho de 1968

por Torcato Mendonça

Foi o maior ataque que sofremos em Mansambo, quer pela duração quer pelo potencial de fogo do IN.

A companhia estava divida. Três grupos em Manssambo, um grupo e a secretaria em Bambadinca. Estávamos a construir um aquartelamento numa zona praticamente controlada por eles. De quando em vez vinha visitar-nos. Viam, fora do arame na orla da mata, como iam os trabalhos. Era giro. De quando em vez uma flagelação.

Naquele dia vieram para arrasar. Dos três grupos um estava fora, numa tabanca próximo do cruzamento da picada para Candamã. Foi desactivada pouco tempo depois. Ao todo estávamos em Mansambo cerca de 60/70 militares e parte dos picadores na tabanca.

Por volta da uma da madrugada rebentou o ataque. Armas pesadas e ligeiras com um potencial de fogo enorme. Vimos logo que o ataque nada tinha a ver com os anteriores. Durou até às seis e meia da manhã. Nessa altura poucas munições tínhamos. Nenhumas do morteiro 81, duas ou três dos dois 60 (mas de fumos), talvez nenhuma de bazuca, um dilagrama e talvez um cunhete de G3. Não recordamos já e o Historial da Companhia falha o relato.

Certo é que o Xime e o Xitole pensavam que eles tinham arrasado. Tivemos dois ou três feridos, muito ligeiros. Eles deixaram muitos rastos de sangue. Junto à segunda fiada de arame, já tinham passado a primeira, ficou metade de um belo cinturão e uma pistola Ceska.

Fomos reforçados pelo grupo que estava fora e pelo Pel Mil 145 da Moricanhe. Depois de restabelecidas as comunicações soubemos que vinha tropa de Bambadinca.

Meses depois vieram os obuses 10.5 e, a partir daí, os ataques eram feitos de longe com armas pesadas. De quando em vez, não posso precisar, ataques de curta duração, de armas ligeiras ou emboscadas como a da fonte.

PS - Reposta do Torcato, na volta do correio, a algumas dúvidas minhas, incluindo uma sobre a famoso barco que fazia o trajecto Bambadinca-Bissau, chamado BOR (com umas estranhas pás, na popa)... Aqui vão os esclarecimentos...

Luís Graça: Abri agora e vi o mail e o post.

Não tenho, procurarei todavia, foto da Bor…Via-a passar quando fazia seguranças a Mato Cão.
Aquela viagem foi uma palermice minha. Só que eu tinha que experimentar… havia outro motivo. Talvez um dia conte… sem esse motivo, obviamente. Óbvio para mim mas certos acontecimentos falam-se... e não se escrevem.

O militar da foto - referente ao ataque de 28 de Junho - sou eu. A partir desse dia, os meus ouvidos ficaram afectados, principalmente o direito. Tenho a audição muito diminuída nesse ouvido. O passar do tempo agravou. Faço tratamento, às vezes. Uma granada de 82 rebentou muito perto do fosso do 60 e dos dilagramas.

Felizmente, naquele momento, estava lá só. O Serra tinha vindo ao abrigo buscar material, para enviar ao IN… O da Ceska recebeu, com os cumprimentos…

O braço ligado é ligeira queimadura: é que o 60 aquece com o uso.

Não houve feridos, a Ceska foi entregue a um Major do [Batalhão] 1904 e a vida continuou. O relatório foi feito por mim e suavizado posteriormente pelo Capitão (creio eu). Ele estava em Bambadinca, claro. Houve efectivamente dois ou três feridos ligeiros.

Enfim, tantas estórias… Este texto creio ser só legenda à foto. Mais longo, porque o ataque foi demolidor e teve assim relato maior. Posteriormente os 10.5 em directo, bom Genebra…resolveu…mas a 3 de Janeiro de 1969 mataram-me o Bessa, no posto de sentinela com um RPG7. Um descuido de fim de tarde.

Foi o 1º morto do meu grupo. Apanhei-o, carinhosamente, para um lençol… porra.

Bom domingo, meu caro camarada.

Um abraço,
Torcato Mendonça
______________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...

8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1257: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (6): Julho de 1969, já velhinho, destacado em Galomaro

28 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1219: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): Um médico e um amigo, o Dr. David Payne Pereira

11 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1167: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (4): Candamã, uma tabanca em autodefesa

5 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - P1152: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (3): Braimadicô, o prisioneiro que veio do céu

28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1124: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (2): A vida boa de Bambadinca, no tempo do Pimentel Bastos

26 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1116: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (1): A guerra acabou?

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20520: In Memoriam (360): Carlos Marques dos Santos (1943-2019): "O meu pai chegou, no último dia do ano, à sua última morada, onde agora descansa... Que 2020 me dê a coragem de aprender a viver sem ele...O vosso camarada faria hoje, 5ª feira, 77 anos... Ergam uma taça por ele!" (Inês Santos)


Montemor-o-Novo > Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de outubro de 2006 O Carlos Marques dos Santos (CART 2339, Mansambo, 1968/69), o qual merece uma palavrinha de apreço, porque foi ele o nosso "major de operações", foi ele que organizou o encontro...

Confidenciou-me que a sua Inês, a conhecida cantora Inês Santos, natural da belíssima cidade do Mondego, chegou a oferecer-se para nos vir, à Ameira, alegrar a alma com a sua música, a sua poesia e a sua juventude…

Na altura escrevi: "É  bonito associarmos os nossos filhos, discretamente, a estas iniciativas… O único – se não erro – que levou a filha foi o Vítor Junqueira. "Numas palavrinhas de aquecimento (inicial) que eu dirigi à nossa tertúlia, já depois do almoço, lembrei quão difícil era, ainda então (2006), falarmos, aos nossos filhos e às nossas mulheres, da Guiné, da "nossa experiência pessoal, única e intransmissível, que foi a guerra colonial na Guiné"…  Infelizmente, não houve tempo depois, na Ameira,  para ouvir o seu ponto de vista, mas eu formulei o voto de que, em Pombal, no próximo encontro (, o  segundo, em 2008),   "a gente se calasse e lhes desse a palavra"... (Sabemos que não é fácil nem uma coisa nem a outra, a gente cala-se e dar a palavra às nossas mulheres, às nossas companheiras...).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Da nossa leitora e amiga, Inês Santos, filha do nosso camarada Carlos Marques dos Santos (1943-2019) recebemos a seguinte mensagem:


" A família do vosso camarada Carlos Manuel Marques dos Santos vem agradecer todas as manifestações de amizade que muito nos enternecem e aquecem a alma nesta hora tão difícil.
O nosso pai tinha-vos a todos grande estima e estará com certeza muito feliz com todas as vossas palavras. 

"Descansa, agora, em paz depois de uma vida longa,  cheia de momentos muito felizes.

"A vida na Guerra Colonial trouxe-lhe o pior mas daí advieram também grandes e sinceras amizades que ele nunca esqueceu. O vosso camarada faria hoje (2/1/2020) 77 anos. Ergam uma taça por ele. 

"Obrigada a todos! Mãe Teresa e filhos Zé, Ana, Sofia e Inês".


2. Breve nota biográfica do CMS (como ele gostava de assinar) (***)

(i) era natural de Coimbra, da freguesia de Santo António dos Olivais, onde nasceu em 1943;

(ii) estudou no antigo Liceu Normal de D. João III e no Colégio S. Pedro em Coimbra;

(ii) assentou praça em Mafra (EPI) em setembro de 1966; fez a especialidade de atirador de artilharia em Vendas Novas;

(iii) iniciou a formação da CART 2339, no RAL 3, Évora, em 28 de agosto de 1967, tendo partido para a Guiné em 14/1/1968;

(iv) foi atleta federado de Basquetebol e Andebol, treinador e dirigente desportivo na modalidade de Basquetebol; presidente da Direcção e da Assembleia Geral do Olivais F. Clube e vice-presidente da Associação de Basquetebol de Coimbra;

(v) diplomado em Educação Física, voltou ao Liceu D. João III como professor (hoje Escola Secundária José Falcão, fazendo parte da Comissão de Gestão);

(vi) efetivou-se na Escola Secundária de Avelar Brotero, onde integrou como vice-presidente o Conselho Directivo;

(viii) foi professor de Mobilidade (técnicas de Orientação e Bengala) de alunos invisuais durante 32 anos;

(ix) em 2005. já estava  aposentado e residia em Coimbra;



(**) Alguns dos postes do Carlos Marques dos Santos publicados no nosso blogue:

15 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16603: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte I: era uma vez uma obscura tabanca do regulado do Corubal que mal se via no mapa...

3 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16679: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte III: Um quartel do mato, projetado pelo BENG 447, e construido com a mão de obra dos valentes "Viriatos"


13 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16830: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte V: Anexos A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (1)

2 de janeiro de  2017 > Guiné 61/74 - P16909: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte VI: Anexos: A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (2)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11381: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (3): Resposta do Torcato Mendonça, ex-alf mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 16 [, Mansambo: Cartaz de boas vindas... Ao fundo os "bunkers", construídos de raíz pelo pessoal da CART 2339... à esquerda, a fiada de arame farpado, e o engenhoso sistema de alerta, constitúido pro garrafas vazias de cerveja...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 15 [, Abrigo e balneário...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 60 [, Dia de festa, com leitão à moda de... Mansambo...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 5 [... Jogatana de futebol na parada... As balizas eram feitas com pneus velhos...]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 7 [... O Torcato posando para a fotografia, junto ao espaldão do morteiro 81...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 6 [... O Torcato junto ao obus 10.5]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 13 [...O ponto de referência (opu de mira) do PAIGC, sempre que atacava ou flagelava o aquartelamento, que não tinha população, apenas alguns guias e milícias com as suas famílias... A enorme árvore acabou por ser abatida e queimada...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 14...

Fotos do álbum do Torcato Mendonça > Fotos Falantes II

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação das respostas ao "questionário aos leitores" do blogue (*), no âmbito das comemorações do  9º aniversário do nosso blogue (,que será a 23 de abril).

Aqui fica, a seguir, o guião com as "15 perguntinhas ao leitor" que foram enviadas a todo o pessoal que se senta debaixo do poilão da Tabanca Grande. A mensagem, por nós enviada, sempre em BCC (como manda as boas regras de segurança na Net), foi devolvida nos seguintes casos (por desatualização ou mudança do endereço de email): Henrique Castro, Joaquim Fernandes, José Belo, Nuno Rubim, Ricardo Figueiredo, Rogério Ferreira e Sérgio Pereira.


(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como e através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ? (diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer

Obrigado pela tua resposta, que será publicada, com direito a foto. O editor, Luís Graça.




2.8. Torcato Mendonça [ex-afl mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente; vive no Fundão, foto à direita]


(1) Creio que nos primeiros meses de 2006.

(2) Foi-me dado a conhecer por um camarada, Carlos Marques dos Santos. Estivemos na mesma Companhia (CART 2339) na Guiné [Fá e Mansambo, 1968/69] . Em 2005 eu fui, pela 2ª vez desde que se realizam, ao almoço da Companhia. Foi talvez devido a isso que ele me deu a conhecer, tempos depois, o blogue. Eu estava também mais recetivo ao “tema Guiné”.

(3) Desde Maio/06 quando comentei um poste que abordava um assunto que eu conhecia. O Luís Graça convidou-me e eu aceitei.

(4) Leio o blogue diariamente e, quase sempre, mais do que uma vez. Faz parte da minha rotina diária. Claro que em viagem, férias ou outras estadias quebro essa rotina.

(5) Tenho enviado “estórias”, fotos e comentários. Talvez em participação excessiva. Fiz uma paragem, talvez mais uma menor participação, deve haver quase um ano. Não sei ao certo mas facilmente se verifica consultando a listagem á esquerda do blogue. 

(6) Claro que sim [, conheço a página do facebook].

(7) Não. Prefiro o blogue. 

(8) Do blogue evidentemente. É nele que está o que me interessa e com o alinhamento de que gosto.

Sobre o facebook nada mais digo. O que mais gosto no blogue é difícil dizer. Talvez o relato, depois de décadas, das vivências dos ex-combatentes naquela “terra vermelha e ardente” e o seu convívio com a boa gente das Tabancas. Gosto dessas “estórias” que mostram como vivíamos e víamos a Guiné, suas gentes, costumes e cultura e o respeito que nos mereciam. Claro que haviam excessos a mostrarem uma certa superioridade bacoca. Penso que é natural em jovens de vinte e poucos anos ou jovens revoltados pela interrupção de sua juventude e de suas vidas. Relevar aqui Séries ou textos que têm passado no blogue parece-me pouco correto. Correto não, prefiro elegante.

(9) [Sobre o que gosto menos:] Certos comentários que mostram intolerância ou, de alguma forma, violam as Regras do blogue. Aparecem certos escritos que, em parte ou no todo, parecem ser um elogio a um ou outro facto ou personagem. Ainda discussões estéreis ou elogios a quem contra nós combateu. Respeito quem diferente de mim pensa e essa, quase, forma elogiosa de tratar o IN, desgosta-me. Primeiro e sempre o soldado do meu País. Nunca conviveria com o IN, na fase de transição para a dita independência, a não ser militarmente. Só. Não sou racista e o ser humano merece-me muito respeito e, por isso mesmo, seria esse o meu comportamento.

(10) Não. Pode haver algumas falhas que me parecem normais.

(11) [Para mim, o blogue representa:] Uma companhia, o fazer-me sentir mais jovem e participativo num período marcante de minha vida. Além disso, é uma fonte de aquisição de novos conhecimentos sobre o modo como outros camaradas sentiram a sua passagem pela Guiné. É saudável. Recordar o passado, esse meu passado, foi importante para mim. Tinha tentado esquecer. Impossível claro, certos acontecimentos marcaram e esses nunca se esquecem. Creio que logo na minha entrada para o blogue disse isso: nunca esqueço (o facto que me marca pelo desagrado) e não sei perdoar.

(12/13) Em praticamente todos. Este ano não vou. O blogue dá-nos a conhecer outros camaradas mas, só nesses encontros os conhecemos fisicamente. Nos encontros das Companhias é diferente e eleva-se muito, para mim claro, o aspeto emotivo. Ali sentimos ou sinto muito o meu Grupo de Combate e os que não estão. Não só e prefiro não ir ou ir espaçadamente. O telefone resolve muito.

(14) Que pergunta me fazes... Claro que sim, ora essa. Pode ser necessário, de quando em vez, aliviar a pressão, fazer uma pausa como em tudo nesta vida. Depois é sempre em frente. O objetivo está corretamente identificado,  logo é para ganhar…(tirei o militar eliminar, fica ganhar).

(15) Criticas, sugestões, comentários. Nada! Dou os Parabéns aos Editores pelo excelente trabalho. O que está já feito, sem alardes e com humildade, é demasiado importante. Deve ser continuado pois muitos merecem que aquela realidade seja conhecida. Quem melhor dos que a viveram para a contar?
Abraços e nem faço revisão ao que escrevi ao correr das teclas…

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 11 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11374: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (2): Respostas de José Ferraz (EUA), Tony Borié (EUA), Eduardo Estrela e Manuel Reis

domingo, 23 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P982: A CART 1746 deu o treino operacional à CART 2339 (Carlos Marques dos Santos)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Brasão da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/79)

Foto: © Carlos Marques Santos (2005)


Luís:

Já agora, e porque estamos a encadear factos, informo que a CART 1746 foi aquela que nos proporcionou o treino operacional, a nós, Cart 2339, de 8 a 15 de Fevereiro de 1968.

Vou procurar encontrar elementos de participações conjuntas entre a CART 1746 e a CART 2339 em operações(1), se bem que não saiba quando o Madaíl participou (2).

Um abraço,
CMSantos
(ex-furriel miliciano da CART 2339, Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69):
_________

Notas de L.G.:

(1) A CART 2339 e a CART 1746 participaram, ambas, em conjunto, pelo menos na Op Lança Afiada (Março de 1969), já aqui amplamente documentada nos nossos blogues.

Sobre esta operação, vd. os seguintes posts:

14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal

9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli

9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas

15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII:Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli

(...) "Iniciada em 8 de Março de 1969 com a duração de 11 dias, a Op Lança Afiada [entre a margem direita do Rio Corubal e a linha Xime-Xitole] foi uma das grandes operações que se realizaram na época, ainda no início do consulado do brigadeiro António Spínola (1968-73), um mês depois da trágica retirada de Madina do Boé.

(...) "Força executante

"Comandante: Coronel Hélio Felgas.

(...) "Comandantes das sub-unidades:

"Agrupamento táctico norte: Ten. Cor. Manuel M. P. Bastos: Dest A > CART 2338 ; Dest B > CART 1746 (Xime); Dest C > CART 1743 ; Dest D > CCAÇ 2403 (Fá Mandinga);

"Agrupamento tático sul: Ten. Cor. Jaime Tavares Banazol: Dest F > CART 2339 (Mansambo); Dest G > 2405 (Galomaro); Dest H > CART 2413 (Xitole); Dest I > CCAÇ 2406 (Saltinho).(…)

"Cada Dest levava cerca de 12 carregadores por Gr Comb (sendo este variável de companhia para companhia). Para enquadramento e protecção destes carregadores foram utilizados 3 Pelotões de Milícias distribuídos pelos vários Dest.

"Total dos efectivos (1291) empregues: (i) Militares:36 oficiais; 71 sargentos; 699 praças; (ii) Milícias: 106; (iii) Guias e carregadores 379" (…) .

(2) Vd. post de 23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P979: O Gilberto Madail pertenceu à CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) (Paulo Santiago)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3927: As Grandes Operações da CART 2339 (Carlos Marques Santos) (2): Op: "Grão Mongol", "Firmes e Singulares" e "Sempre Firmes"

1. Mensagem de Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339, Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69, com data de 10 de Fevereiro de 2009:

Um abraço:
Aqui vai mais um escrito em anexo:
As grandes Operações da Cart 2339.
CMS



CART 2339 – Fá Mandinga e Mansambo – 1968/69

As grandes operações da Companhia ( 1 ) – Op Grão Mongol

As grandes operações da Companhia ( 2 ) – Op Firmes Singulares e Sempre Firmes


12 viaturas. Coluna monstra.

300 auxiliares africanos vão estar na Operação, crianças armadas de Mauser e alguns com G3 e diligramas. Mas que guerra é esta !!!!!!

Cerca de 500 homens em marcha. Sol, calor sede. Barulho tremendo.

É impossível suster esta imensidão de gente.

A 21 de Março de 1968 a CART 2339 com dois meses de Guiné e a sua irmã gémea 2338 iniciaram uma batida no regulado de CHANHA e partir de MANA a sul da estrada Nova LamegoPiche até ao rio Corubal, um rio também cheio de tradições.

Boa zona para actuar e principalmente para quem acabado de chegar ao Teatro de Operações tinha ouvido contar estórias.

Detectar e aniquilar o IN era a missão.

Mas enfim, era a nossa missão e lá fomos. Longe da nossa casa mãe que era a ex-fazenda experimental do Aristides Cabral, com prédios em cal e tijolo e algum sossego, perto da estrada alcatroada para Bafatá e onde de caminho podíamos adquirir cabritos, leitões e vacas para nossa subsistência.

Participaram na Operação:

O CMD do BCAÇ 2835

Agrup Alfa – A CART 2338 a 4 GComb e Grupo verde de Aux. Mandingas

Agrup Beta – A CART 2339 a 4 GComb e Grupo vermelho de Aux. Fulas.

Saímos em 20 de Fevereiro às 08,00h de Fá para Nova Lamego em coluna auto e em 21 fomos transportados para CAMBAJÃ onde aguardámos as forças auxiliares com carregadores e guias.

A batida iniciou-se em 21 às 07,00h seguindo a nossa Companhia na rectaguarda da coluna.

A ligação entre grupos foi mantida, mas difícil.

Eram centenas de militares e acompanhantes. Nunca, nem pensava, assistir a tamanho folclore, sem esquecer que andávamos na zona do Boé.

Batida a zona entre Cumbijã e Sichã Alfa, pernoitámos.

Em 22 de Fevereiro prossegue-se a batida a caminho de Ganguiró. Já se nota uma grande desorganização e falta de autoridade das chefias das forças auxiliares com desobediência aos seus chefes.

É o CAOS.

À tarde a 5Km de Ganguiró, elementos do Grupo vermelho negam-se a prosseguir por falta de alimentos.

Apesar disso e acalmados os ânimos, pois a ração era para 4 dias, continuámos, mas a noite foi desastrosa. Fogueiras e barulho era o que estava a dar.

Afinal aquilo que tínhamos aprendido nas elementares regras da guerrilha estavam fora de contexto.

Assim, a 23 de Fevereiro o CMDT do Ag Alfa comunicou ao PCV o que se passava e este mandou retirar (suspender a Operação)

Atingimos Nova Lamego ao princípio da noite, depois de marcha extenuante devido à distância.

Quase metade das Companhias ficou inoperacional.

Bolhas nos pés, injectadas com mercuro-cromo, era o que estava a dar.

7 evacuados por Héli, mas chegámos todos.
8 Sem contacto.

Mas não terminámos aí.

Agora só tropa. Pelo menos saberíamos todos como agir.

Como bons militares e obedientes ao PLANO de OPERAÇÕES (bem delineado ???) voltámos à estrada em 25 de Fevereiro, na Oeração Sempre Firmes. Saímos de Nova Lamego para Canjadude a oeste do SIAI onde dormimos. (Canjadude é terra de boa memória para alguns de nós).

A CART 2338 a 58% e a CART 2339 a 60% (pessoal recuperado) a 26 de Fevereiro bateu o caminho para Ganguiró que atingiu às 09,30h, deslocou-se para sul e pernoitou na confluência dos rios Chorade e Bouro.

Em 27 de Fevereiro pelas 07,00h atingimos Dongol Siai cerca das 09,00h, regressando a Canjadude, sem contacto, mas com evidente esgotamento das NT.

Soubemos que esteve programada uma emboscada para o nosso regresso, mas felizmente saímos mais cedo em direcção ao destino – Nova Lamego.

Uma semana em beleza.

Em 28 pelas 06,00h saímos para Fá Mandinga.

Aqui nestas duas acções prenunciava-se o fim de MADINA do BOÉ e o desatre do CHECHE.

UM ANO DEPOIS.

CMSantos
__________

Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 9 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3862: As Grandes Operações da CART 2339 (Carlos Marques Santos) (1): Operação "Grão Mongol", a primeira

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos


Vídeo (13' 55'') > You Tube / Luís Graça... Há um trecho sobre Candamã, a chegada do pelotão do alf mil Henrique Cardoso (na vésepra do ataque...) e o reforço do sistema de autodefesa da tabanca, a vida na  aldeia depois do ataque, o quotidiano da tropa e da população, as chuvas de agosto... (de 1' 11' a 7' 09''). (Ligar o som, o vídeo tem um fundo musical)


1. A CART 2339, Os Viriatos, foi uma subunidade que esteve na zona leste da Guiné, região de Bafatá, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão.

Os Viriatos, unidade de quadrícula, construíram de raiz o aquartelamento de Mansambo, entre Bambadinca e o Xitole. E participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969). 

Esta sequência de cenas (a história da CART 2339, e em especial do pelotão do Henrique Cardoso) foi originalmente filmada em 8mm. O filme foi depois convertido para o formato digital. O vídeo é do ex-alf mil Henrique J. F. Cardoso  (que era o 2º comandante da CART 2339):  vive hoje em Custóias, Matosinhos, e gostaríamos muito que se juntasse à nossa Tabanca Grande. Reforço aqui o convite que já lhe fiz em 2012.

Uma cópia do vídeo foi gentilmente cedida pelo seu camarada Torcato Mendonça para divulgação no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Mais uma vez, fica aqui o nosso reconhecimento ao autor (e ao seu camarada e nosso colaborador permanente Torcato Mendonça).

Trata-se de um documento, raro e precioso, sobre o quotidiano de uma unidade de quadrícula no TO da Guiné. O vídeo está dividido em duas partes (*), com a duração de cerca de 50 minutos, abarcando toda a comissão da CART 2339 no CTIG. O nosso leitor tem aqui a Parte I (35´33'').

Na Parte II (13' 44'') interessa-nos sobretudo destacar  a  estadia do pelotão do Henrique Cardoso em Candamã, em uljho e agosto de 1969, resumida em cerca de 6 minutos.

Diz-me agora o Henrique Cardoso que as NT esgotaram as munições na resposta ao ataque de 30/7/1969,  a sorte foi o clarear do dia e a retirada da força atacantes com os seus mortos e feridos. No vídeo, mostram-se alguns sinais do ataque (incluindo cápsulas de munições espalhadas pelo chão e algumas granadas por utilizar). É na sequência deste  ataque que é feita a reparação do arame farpado, que já existia. Como s rádios não funcionaram, não foi possível pedir o apoio da artilharia de Mansambo (obus 10.5). O Henrique Cardoso lembra-se ainda de lá estar vários a comer conversas de cavala, que era os únicos mantimentos que possuíam.


 2. O nosso camarada Luís Branquinho Crespo, presidente da ONGD Resgatar Sorrisos, quer erguer   uma escola em Candamã (**).

Este topónimo obrigou-me logo a relembrar factos passados, há quase 50 anos, no TO da Guiné, que ainda estão bem presentes na minha memória, associados às primeiras idas para o mato e ao contacto com a brutalidade da guerra, logo nos primeiros dias da minha chegada a Bambadinca, em julho de 1969.

Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, é atacada durante mais de duas horas até ao amanhecer do 30 de julho desse ano. Esse brutal ataque (o PAIGC utilizou dois bigrupos, reforçados, e armamento pesado) surgiu na sequência do recrudescimento da actividade IN no tradicional triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, após a Op Lança Afiada (8 a 18 de março de 1969).

Não resisto a "repescar" o vídeo,  já aqui publicado, do Henrique Cardoso (*), que, segundo informação que ele me transmitiu ao telefone, tinha acabado de chegar de véspera, a Candamã. Um dos objetivos do pelotão era, para além do reforço do sistema de autodefesa, construir mais uns abrigos para a população.

Constato, pela história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), que já em dezembro de 1968, Candamã, no subsetor de Mansambo, tinha um pelotão destacado, pertencente à CCAÇ 2401, pelo menos até março de 1969 (***).

A partir de junho, a CART 2339 destaca um pelotão para Candamã (duas secções) e Afiá (uma secção). O vídeo do Henrique do Cardoso não é de junho, como eu pensava,mas sim de julho e agosto..

A partir de 18 de julho, a minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12, entra em cena, como subunidade de intervenção no subsetor L1 (e outros), tendo logo o seu batismo de fogo em 24 desse mês (em Madina Xaquili)... Foi um mês alucinante, o de julho de 1969, para as NT e as populações sobre a nossa proteção no setor L1,

Recordo-me de ter chegada a Candamã, nessa madrugada de 30 de julho de 1969, vindo de Afiá (op Guita), quando as  armas dos defensores da tabanca ainda fumegavam... (****).

A tabanca em audodefesa de Candamã (, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo, entre Mansambo e Galomaro,)  tinha acabado de conhecer o inferno: às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas.

O ataque  causou 5 feridos às NT (dos quais 1 grave) e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil, além da destruição de moranças e outros bens da população. O arame farpado foi cortado em vários pontos.

Valeu o comportamento heróico da população da tabanca e dos homens de Mansambo  (o 1º Gr Comb da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso) - menos de um pelotão (já que uma secção estava na vizinha Afiá)!... Homens, que eu conheci e abracei, nessa mesma madrugada, quando a aldeia ainda fumegava, na sequência de incêndio de várias moranças.

Saberíamos mais tarde que: (i) as forças do PAIGC eram comandadas pelo tristemente célebre  Mamadu Indjai (*****); e (ii) tiveram 2 mortos e 6 feridos (relatório apreendido na Op Nada Consta).




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > Reconstrução de moranças, presumivelmente em Candamã, depois do ataque de 30/7/1969. Fotogramas de "slides", do Henrique Cardoso, retiradas, com a devida cortesia,  do seu vídeo, disponível aqui, no You Tube / Henrique Cardoso.

Fotos: © Henrique Cardoso (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


6 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10124: Vídeos da guerra (9): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte I) (Henrique Cardoso)

(**) Vd. poste de  24 de fevereiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Masambo) (Luís Granquinho Crespo)

(***) Vd.  poste de  22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.

(****) Último poste da série > 24 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18248: Efemérides (268): Faz 51 anos que chegámos a Bissau, no T/T Uíge, partindo depois numa LDM e num Batelão BM-1 para Gadamael (Mário Gaspar, ex-fur mil, CART 1659, Gadamael, 1967/68) - Parte II

(*****) Vd. poste de 4 de setembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(...) Saberei apenas,
muito anos depois,
que, julgado e condenado em Conacri,
fuzilaram o Mamadu Indjai,
no Boé,
que diziam ser região libertada da Guiné…

O mesmo Mamadu Indjai,
acrescente-se,
fero e bravo comandante,
que ferimos gravemente
no decurso da operação Nada Consta,
o mesmo Mamadu Indjai,
que, três anos e meio depois,
chefe das "secretas",
será o Judas de Amílcar Cabral. (...)


Vd. também poste de 7 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1130: A CART 2339, em socorro de Bambadinca, e na defesa da ponte do Rio Udunduma (Carlos Marques dos Santos)

Post original, de 4 de Janeiro de 2006, publicado no Blogue-fora-nada > Guiné 63/74 - CDXIX: Os Solitários da CART 2339 na Ponte do Rio Undunduma e em Fá .

Na altura cometi um erro e um lapso: (ii) um erro, ao escrever Undunduma, e que passei a replicar sistematicamente; ora o Rio chama-se Udunduma; passei/passámos (eu e o resto dos meus camaradas da CCAÇ 12) muitos dias e muitas noites; (ii) um lapso: o texto não é do editor do blogue, mas sim do Carlos Marques dos Santos... Resolvi, por isso, repescar o post e (re)publicá-lo no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné... com outro título, mas com o mesmo conteúdo e ilustrações... De futuro, serámais fácil fazer pesquisas sobre o famoso destacamento da ponte do Rio Udunduma, e não Undunduma. (LG).

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > CART 2339 > 1968 > Depois do ataque a Bambadinca, a 28 de Maio de 1969, o Gr Comb do Fur Mil Marques dos Santos - Os Solitários - é destacado para defender a Ponte do Rio Udunduma (que o IN tentara dinamitar, nessa noite); lá viveu duas semanas em tendas de campanha; mais tarde é destacado para reforçar Fá Mandinga. Ei-lo aqui, em diligência... (Curiosa expressão militar!)
Foto: © Carlos Marques dos Santos (2005)

Guiné-Bissau > Estrada Bambadinca-Mansambo > Novembro de 2000 > Cruzamento em Bambadinca que dá para Xime e Bafatá, e Mansambo). Foto tirada já na estrada que dá para Mansambo...Placa rodoviária: Xime, 10 km; Bafatá, 28 km. O Albano Costa & Camaradas passaram por aqui em 2001...
Foto: © Albano Costa (2005)
Guiné-Bissau > Mansambo > Novembro de 2000 > A pequena tabanca de Mansambo à beira da estrada (agora alcatroada) de Bambadinca-Xitole-Saltinho-Quebo (ou Aldeia Formosa)... Segundo o fotógrafo, " estas tabancas ficam mais ou menos a 100 metros da porta do antigo aquartelamento de Mansambo (...) O quartel quase desapareceu, só ficou a entrada do destacamento, o resta (os abrigos) está tudo tapado". O Albano e os seus amigos foram lá encontrar, na sua viagem à Guiné, em Novembro de 2000, um antigo soldado da CCAÇ 12, recheado de filhos. (Reconheci-o no excelente vídeo que o filho do Albano fez na altura).

Foto: © Albano Costa (2005)

Texto do Carlos Marques dos Santos, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/70), afecta ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1):

Luís:
Sabendo que andámos pelos mesmos caminhos - cruzados, concerteza, sem o sabermos -, é hoje bom ver que aquilo que vivemos não esquecemos. É importante não esquecer! Li no Blogue (Luís & Camaradas da Guiné) uma referência ao pontão do Rio Udunduma (2). Eu e os meus camaradas da CART 2339 estivemos lá.
Em 28 de Maio de 1969 ouvimos rebentamentos para aqueles lados e pensámos ser na tabanca Moricanhe (3). Afinal, para nosso espanto, era mesmo em Bambadinca, sede do Batalhão (4). Dia 29, pela 05.30 da manhã, seguimos para reforço da sede de Batalhão. Quinze dias. Salvo erro com o Pel Caç Nat 63, estivemos em tendas (panos de tenda com botões), em vigília constante, àquela que era uma passagem importante [, a ponte sobre o Rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca].
Depois disso, outros, e até da nossa CART 2339, estiveram lá. Nós, CART 2339, abandonámos em 12 de Julho de 1969. Entretanto dali, e depois de uma série de ataques, em Amedalai, Mansambo e Xime, Bambadinca e outra vez Bambadinca, fomos para reforço a Fá (Mandinga), nosso aquartelamento de acolhimento, pois havia indicações de que poderia ser atacado.
O meu pelotão - e eu era o furriel mais velho e por ausência quase sistemática do Alferes, competia-me o comando - intitulou-se Os Solitários, pois por norma estava em diligência. Que palavra tão bonita.

Coimbra
____

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 28d e Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCIX: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (1): a água da vida (Carlos Marques dos Santos)

(2) Vd. post de 3 de Janeiro de 2005 > Guiné 63/74 - CDXVI: Herr Spínola na ponte do Rio Undunduma (Luís Graça) (Nota: deve ler-se Udunduma...).

(3) Tabanca em autodefesa e destacamento de milícias, da ZA (zona de acção) de Mansambo (CART 2339). Será abandonada alguns meses depois.

(4) Sobre o célebre ataque a Bambadinca, de 28 de Maio de 1969, vd. post de 14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal (Luís Graça)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2527: Estórias de Mansambo I (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Na Bor, Rio Geba abaixo, com o Alferes Carvalho num caixão de pinho...

Guiné >Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O Alf Mil Torcato Mendonça (Alentejano, vive hoje no Fundão).

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xime > c. 1969 > O cais do Xime, no Rio Geba, por onde passavam milhares de homens e toneladas de material para os aquartelamentos do chão fula, Bafatá e Gabu.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Rio Geba nas proximidades do Xime


Guiné > Bissau > Cais > c. 1969 > Cais onde acostavam os navios da Marinha: neste caso, vê-se em primeiro plano a LDG 105 que ia frequentemente ao Xime, transportando homens e materiais para a zona leste.

Fotos: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados.


Guiné > Rio Geba > A caminho de Bissau > 1968 ou 1969 > O Fur Mil Carlos Marques dos Santos, da CART 2339, Mansambo, 1968/69, num dos típicos barcos civis de transporte de pessoal e de mercadoria. Estes barcos (alguns ligados a empresas comerciais, como a Casa Gouveia, que pertencia ao Grupo CUF) tinha, como principal cliente a Manutenção Militar.

Foto: © Carlos Marques dos Santos (2006). Direitos reservados.

Estórias de Mansambo > O Último Encontro com o Alferes Carvalho, a bordo da BOR, Rio Geba abaixo (1)

Zape, zape, zape, num barulho sincronizado das pás e do motor do barco, Geba abaixo, até Bissau. Encostado à carga, cigarro na boca, mão no bolso afagando nervosamente a pistola, a tristeza do momento a apertar o peito. Branco e negro, vida e morte, a louca dicotomia do matar ou morrer numa guerra que não era a dele, nem fora do outro, seu camarada, agora ali deitado, em urna de chumbo coberta a madeira de bissilom ou pinho.

Tudo começou num Janeiro frio. Tentou recordar: o pensamento viajou até Vendas Novas, no Alentejo distante. No início desse mês, os Cadetes apresentaram-se em Vendas Novas, na Escola Prática de Artilharia, para tirarem a Especialidade de Atirador.

O primeiro dia de instrução trouxe uma série de surpresas: testes físicos, ausência de refeições – excepto uma carcaça e um tubo de leite condensado – , formação dos Cadetes, em equipas de cinco militares à sua escolha. A dele era formada pelo Carvalho, Sales, ele (Torcato), Zé Almodôvar e Fernandes.

O porquê, de um comportamento assim, devia-se ao Comandante da Instrução ser Capitão Comando. Assim sendo, tiveram uma instrução dura, com demasiados saltos e cambalhotas, ausência de horários e várias formas de os tentar endurecer ou melhor preparar para a guerra no Ultramar.

Terminada a instrução, os agora aspirantes espalharam-se pelos vários Quartéis. Passou o tempo e como era normal foram mobilizados. Encontraram-se novamente uns em Lamego, outros em Tancos. Nova instrução recebida pela maioria. No fim desta, voltaram aos quartéis da mobilização, formaram e prepararam Companhias para combater numa qualquer parcela do Império.

O Carvalho, o Almodôvar e ele juntaram-se em Évora. O primeiro na CART 2338, os outros dois na CART 2339. Como eram rapazes com sorte apontaram-lhes o caminho da Guiné. Foi ele e o Carvalho. O Almodôvar estoirou um pé e foi meses depois(2).

Fizeram operações juntos – Galo Corubal, Enxalé (Sinchã Camisa, Madina, Belel), zona de Nova Lamego (Canjadude) e outras. A amizade, fruto da convivência vinda desde Vendas Novas, era forte. Separaram-se. Ele ficou em na CART 2339. O Carvalho foi para Nova Lamego, com a CART 2338.

Um dia, as más notícias correm céleres, soube-se: vítima de mina antipessoal faleceu o Alferes Carvalho. Na malfadada estrada para Madina do Boé ficava o amigo. Menos de três meses após a chegada àquela terra. Soube agora no Blogue a data esquecida, 17 de Abril [ de 1968] e o local onde hoje repousa (2).

Mais um nome, a juntar a tantos vitimados naquela estrada. Toda a Companhia sentiu aquela morte. A primeira sofrida pelas duas Companhias gémeas.

Voltaram-se a encontrar-se, como e porquê? Por acaso ou porque se deviam despedir ainda. Tinha que ir a Bissau, ao Hospital Militar. A curiosidade e não só levou-o a fazer a viagem na BOR – um barco com pás na proa, verde-claro, e que se habituara a ver passar nas seguranças a Mato Cão.

Naquele dia, como era normal, transportava africanos, fazendo o barulho habitual com os seus risos e alegres conversas, vacas, galinhas e carga diversa. Tudo desorganizado, ao monte, pois só assim devia funcionar. Ele ia de camuflado, galões no bolso, olhar atento. Escolheu o local para a longa viagem, junto a uma parte de carga mais baixa, mas de modo a observar bem e a ter protecção nas costas. Pôs o saco no chão e antes de se sentar, levantou o oleado que cobria a carga. A visão fê-lo dar um passo atrás – caixões. Viu as placas e leu numa delas: Rogério Nunes de Carvalho, Alferes

O choque, o aperto no peito, a tristeza e raiva a subirem, o conflito interior, o desejo de nada ver. Acendeu um cigarro, ajeitou o saco com o pé, sentiu as granadas no bolso e nervosamente acariciou a pistola. A algazarra a diluir-se, o barulho do motor, o zape zape das pás, iam os dois, naquele barco, Geba abaixo. O pensamento, vagueou por tanto tempo que só se lembra da zona onde o Corubal entra no Geba. Mesmo aí porque um africano lhe disse algo e o tocou. Talvez pelo seu olhar, pela sua reacção, o homem recuou. Apercebeu-se disso e tentou sorrir-lhe. Mais um esgar que um sorriso. Foi o suficiente para sentir que o olhavam intrigados, talvez pensando: mais um soldado lixado com esta vida.

Despertou e olhou com mais atenção aquela gente. Quantos informadores iam ali, quantos agentes do inimigo ou mesmo combatentes? A viagem foi lenta, aborrecida. De quando em vez um gole no cantil, uma trinca num chocolate e outro cigarro acesso. Zape, zape, zape…

Finalmente o barulho aumenta, as gentes mexem-se e puxam as bagagens. Bissau está à vista. Levanta-se, arruma o cantil e outro material no saco, tira os galões do bolso e coloca-os no lugar. Destapa a urna, põe a mão sobre ela – adeus camarada. Tapa-o, ergue-se e faz-lhe continência. Sente o olhar daquela gente para o soldado, ora alferes. Olha-os. Talvez tenha tentado sorrir. Certamente a emoção não o deixou. Saltou para o cais e rumou a Santa Luzia.
- Adeus camarada. Hoje sei onde estás. Um dia vou ver-te a Pêga, Guarda e voltarei a encontrar-te. Desta vez sem zape, zape e menos ainda saudações militares.

Falamos em encontros. Conto-te mais um, mas diferente…
______________

Notas de L.G.:

(1) Vd. postes anteriors desta série:

14 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1594: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (1): A dança dos capitães

16 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1666: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (2/3): O Zé e o postal da tropa

25 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1785: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 239) (4): Burontoni, mito ou realidade ?

27 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1892: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): O Casadinho e o Bessa, os mortos do meu Gr Comb, os meus mortos

7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1929: Estórias de Mansambo (6): Matilde

17 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2055: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça) (7): Eleições à vista...

21 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2122: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça) (8): Marcha, olha para mim, com ódio, peito erguido, cabeça levantada...

28 de Setembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2139: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Amigos mais velhos

15 de Dezembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2353: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): Devolvam o bode ao dono... e às cabras de Fá Mandinga, terra de Cabrais

(2) Vd. poste de 14 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1278: Estórias de Bissau (3): éramos todos bons rapazes (A.Marques Lopes / Torcato Mendonça)

(3) Vd. poste de 15 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1370: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte II)

(...) Companhia de Artilharia 2338

Rogério Nunes de Carvalho, Alferes Miliciano de Artilharia, natural de Pêga / Guarda, inumado no cemitério de Pêga, tombou vítima do rebentamento de uma mina antipessoal na estrada do Cheche a Canjadude, em 17 de Abril de 1968; (...)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5140: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (13): Mistura 79 ou quando tive que mandar o Manel a Moricanhe...

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > CART 2339 (1968/69) > Inícios de 1968 (Jan/Abr) > O Alf Mil Torcato Mendonça, com o seu inseparável cachimbo, alimentado com a famosa "mistura 79", comprada numa tabacaria dos Restauradores. Na cabeça, um típico gorro árabe... Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > 1969 > O Torcato Mendonça jogando pingue-pongue com um outro camarada (Alf Mil Rodrigues ?) no famoso bu...rako de abrigo do 4º Gr Comb). O Torcato e o seu grupo de combate, o 2º, viedram para Mansambo em Maio de 1968, para construir de raíz o novo aquartelamento. Aqui viveu, lutou e sofrei até Novembro de 1968. Na altura (até Junho de 1968) em Bambadinca, estava sediado o BART 1904, que virá depois ser substituído pelo BCAÇ 2852 (1968/70). Fotos: © Torcato Mendonça (2009). Direitos reservados 1. Mensagem do Torcato Mendonça (Fundão): Assunto - Outono Caro Carlos e Editores Chove lá fora. Chuva de Outono e frio de Inverno (dizem-me que na Estrela já neva). Assim sendo fui teclando. Devia ter teclado o que por aí há. Não convém. O computas novo borregou. Isto dos novos é sempre um problema. O velho, com maleitas piores que o dono, vai gemendo, protestando...´mas lá responde...lenta, lentamente. Espero que a garantia funcione e o novo seja o que dele disseram. Enfim! Pois lembrei-me do meu cachimbo, ainda vivo mas só a fornalha, e escrevi esta velha recordação sobre um amigo com mais de cinquenta anos. Coisas de velhos amigos ou amigos velhos e podes ter a certeza que são sempre bons. Isto apesar de aparecerem novos com a força da amizade e que vale a pena, mas vale mesmo, cultivar e respeitar. Pára aí, ooh teclador...como há tanto tempo nada mandava, como enviei um mail dirigido a vós e a pensar "no muro de Jerusalém", aqui vai. Isto está mais suave. Talvez a sofrer a influencia dos Gatos...tudo bem. Depois, se tiveres tempo,diz se aí chegou. Não confio no...nada mais digo pois se ele se zanga... Um abração Torcato 2. Estórias de Mansambo II (*) > Mistura 79 por Torcato Mendonça Após o jantar, sentei-me numa daquelas cadeiras fulas esperando a noite ou o nada. Fazer o quê no meio do vazio. Esperava para não desesperar. A noite desceu rápida deformando, apagando as formas, os vultos, à medida que a escuridão aumentava, dos que por ali ficaram conversando. Falavam e riam. Riam pouco apesar da sua juventude, mas ainda riam nestes poucos meses de comissão, ainda se ria. Eu fumava cachimbo, desgastando quer o tempo quer a minha já diminuta reserva de Mistura 79. Ainda durava em poupança cada vez maior à medida que o fundo da lata se aproximava. Lisboa e os Restauradores tão longe, tão longe, tão diferente a vida lá e eu ali entrando em mais uma noite. Certamente o pensamento voava para o meu País, para as suas gentes, os amores breves ou longos, os amigos ou só a recordação da vida, da minha vida interrompida pelo chamamento de uma pátria que diziam ser minha e de mim precisava. Parei então tudo. Aos poucos fui sendo outro, tão diferente do original, do jovem de antes do chamamento da pátria, aos poucos, sem por isso dar, fiquei tão longe de mim. Hoje, pouco desse mim restava. Talvez, quase uma certeza, ser ainda esse pouco o que voava em pensamento para os amores, os amigos em recordação longínqua e, contudo, tão pouco tempo se tinha passado mas, cada vez mais, era recordação difusa, recordação a afastar-se de mim, deste novo eu em conflito ainda entre o outrora e o hoje. Ali estava sentado cachimbando, pensando, esperando a noite e, para animar, a sentir as picadelas de um mosquito e a seguir outro nos tornozelos ou no tronco e eu enxotava, enxotava só. Talvez esse gesto de só enxotar, levasse os meus fantasmas, os meus pesadelos e as minhas raivas para longe de mim nas asas da mosquitada. E a noite ia entrando as vozes dos camaradas a serem cada vez menos. De repente de forma brusca, brutal, inesperada o som do ataque. Sons de rebentamentos e tiros a chegarem como um ruído em espiral de som. - É a Moricanhe (**) a embrulhar. A voz veio de um dos furriéis ali sentados. Olhei os ponteiros luminosos do relógio, fixei a hora e chamei o militar das transmissões. Quase desnecessário porque todos sabiam o que tinham a fazer. Aquilo era uma máquina e todos nós meras peças dela. Se alguma se avariava era de pronto substituída. As outras peças choravam então em silêncio e raiva. Nada mais. Num silêncio similar ao vivido agora, esperando, somente esperando, o fim do ataque à Tabanca a meia dúzia de quilómetros dali. Estava lá o Pelotão de Milícia 145. Tempos antes tínhamos sofrido lá o primeiro morto da Companhia, o enfermeiro Fernando. - Meu alferes, Bambadinca pergunta onde é o ataque. - Diz em claro: Moricanhe. Que merda. Então estava lá o comandante da companhia e outros militares e não viam na carta. Certamente ficaram lixados por deixarem outras cartas. Foi isso, foi isso e foi aborrecido, foi e logo quando algum tinha bom jogo. Foi-se. - Nova mensagem: Bambadinca diz para irem lá amanhã. - Diz que sim e que o ataque já acabou. Agora um oficial vai pôr, na Carta, mais um alfinete na Moricanhe, escreve breves palavras no Impresso das flagelações e rapidamente volta a aconchegar os cotovelos no pano verde. Talvez vá antes ao bar beber um uísque com muito gelo. Má-língua e logo sobre o Batalhão 1904. Mau feitio o meu, mas bebia um uísque agora. Prefiro puro. Agora ia com gelo, muito gelo e Pérrier ou Vichy. Bolas onde há disso aqui, neste buraco? Água da fonte, cerveja e fanta quentes, vinho marado e ainda a coca-cola. Os do meu País só a bebiam em Espanha, a coca-cola claro. - Chama o Manel. - Estou aqui. - Vamos conversar um pouco. - Manel… A voz saiu atabalhoada e limpei a garganta. - Não te atrapalhes, porque já sei: amanhã vou à Moricanhe. - A garganta é do tabaco. Pois tens que ir lá. Vai preparar a malta. Eu vou á Tabanca falar com o Leonardo Baldé (***). É melhor não ir pela picada. Os picadores conhecem bem o trilho. Palmada dupla nas costas e um até amanhã. Fiquei um pouco a pensar, a sentir o mau estar causado pela ordem dada. Conhecíamo-nos há tanto tempo, nove, dez anos ou mais, lá pelo Liceu no sexto ou sétimo ano e depois em Évora no RAL 3, muito antes da mobilização. Tantas farras juntos. Amizade forte e agora eu dizia: - Manel, vais à Moricanhe. Era bom condutor de homens, o Manel. Nomeado para uma Cruz de Guerra que, indecentemente, não recebeu (****). Mas isso foi já a terminar a comissão. Para depois… Isto de dar ordens tem, por vezes, um sentimento estranho. Diabos! Falei com o Leonardo e acordámos tudo rapidamente. Depois falámos um pouco mais e ele foi informando. O velho Leonardo tinha razão. A tropa estava mal distribuída naquela zona. Do Batalhão pouco havia a esperar e a nossa Companhia era pau para toda a obra. O IN assim estava bem. Ainda o sol não se levantara e já o som, som leve, dos homens do 1º Grupo da [CART]2339 se fazia sentir. Eu com os picadores olhava e íamos trocando umas palavras. O Manuel à frente do Grupo aproximou-se. Paragem breve e rápida despedida. Picadores à frente e a Moricanhe era o destino. O pessoal já andava pelo aquartelamento e eu volteei por um lado e outro, ouvido à escuta. Parte de mim ia com eles num sentimento natural. Talvez só se sinta na guerra, nas situações de perigo. Talvez não só e dependa de cada um. Mas esperava e lembrava os obuses já prometidos, a falta de militares ali na construção do aquartelamento. Só ficaram dois grupos e alguns não operacionais – condutores, cozinheiros e outros assim. Um grupo estava em diligência algures às ordens do Batalhão, o outro devia estar de volta com a coluna de abastecimentos e material. O Comando, secretaria e outros, estavam em Bambadinca. Instalações mais condizentes com a protecção de papelada, os altos pensamentos da coordenação militar e a condição de serem profissionais. Nem todos, nem todos. O dia foi passando. Primeiro chegou a coluna com o reabastecimento, material e o correio. Quase ao mesmo tempo uma mensagem a dizer que na Moricanhe tudo estava bem e iam regressar. Esperava. Com o sol já a pique fui alertado pela chegada deles. Ia-os vendo passar, rostos duros, um leve sorriso e um aceno de quando em vez. O Manel aproximou-se com o riso que só ele ainda hoje, quarenta anos depois, sabe dar. - Está tudo bem e também não tivemos qualquer problema. - Pronto. Vai descansar e escreve um pequeno relatório. Depois falamos. - Escrevo, eu? - Claro, não és professor ?!... Afastou-se rindo e eu senti-me mais aliviado. __________ Notas de L.G.: (*) Vd. postes anteriores desta série: 18 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3474: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): De Évora a Mansambo... 28 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3538: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CArt 2339) (6): De Évora a Mansambo...instrução, viagem...Adeus ao meu País. 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4435: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Bissau, a caminho de Fá 4 de Junho de 2009 Guiné 63/74 - P4459: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mussá Ieró, tabanca fula em autodefesa, destruída em 24/11/68 1 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4618: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Cansamba, subsector de Galomaro, 1 de Agosto de 1969 3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4633: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): Bafatá, Amor e Ódio 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4683: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Cansamba II, o Serra e o Burro 11 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto (**) Destacamento de milícias e aldeia fula em autodefesa, a norte de Mansambo, do lado direito da estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole. Será abandonado e meados de 1969 (takvez Julho), por decisão do comando do BCAÇ 2852. (***) Chefe do grupo de picadores e guias que residiam, com as suas famílias, em Mansambo, dentro do "campo fortificado"... O Leonardo tinha vindode Bissau e era um elemento da inteira confiança do Alf Mil Art Torcato Mendonça. (****) Embora o Torcato não goste de identificar as personagens das suas estórias, trata-se do Fur Mil Manuel Mantinhas, natural de Évora, professor primário, que na prática, e na ausência do alferes, comandava então o 1º Grupo de Comnbate. Estudaram juntos no liceu (em Beja), encontraram-se na tropa no RAL 3, em Évora, eram amigos e continuaram amigos pela vida fora... O Manuel devia ter cebido uma cruz de guerra, pela defesa de Candamã, em Julho de 1969, diz o seu amigo Torcato. Continuam a visitar-se, agora um bocado mais velhos e mais surdos... (Inconfidências do José, ao telefone).