sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)

José Pereira
Ex-1º Cabo Inf, 3ª CCAÇ e CCAÇ 5
Nova Lamego, Cabuca Cheche e Canjadude
1966/68 (1)

1. Mensagem de 2 de Janeiro de 2008, o nosso camarada José Pereira

Aqui lhe envio o meu currículo e as fotos para poder fazer parte da Tertúlia de combatentes da Guiné

Nome: José Pereira
Posto: 1º Cabo Inf
Unidade: CCAÇ 5
Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude
1966/68
Meu e-mail: jonhperrier2@hotmail.com


2. Mensagem, resposta, do co-editor CV, em 3 de Janeiro de 2008:

Caro José Pereira:

Em nome do Luís Graça e de todos os Tertulianos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, estou a dar-te as boas vindas à Tabanca Grande.

Obrigado por teres enviado as tuas fotos para a fotogaleria que dentro em breve vai ser actualizada.

Já agora queríamos saber mais um pouco de ti e das tuas experiências enquanto combatente da Guiné.

Ficamos a aguardar as tuas estórias e se puderes manda também algumas fotos para as ilustrar.

Recebe um fraternal abraço
Carlos Vinhal
_____________

Nota dos editores:

(1) Não confundir 3ª CCAÇ com a CCAÇ 3 (Barro)... A primeira deu origem à CCAÇ 5. A 1ª CCAÇ deu origem à CCAÇ 3.

Guiné 63/74 - P2404: Tabanca Grande (48): França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)

1. Mensagem do nosso novo camarada França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73, com data de 29 de Dezembro de 2007:

Camaradas:
Sou o ex-Fur Mil França Soares do 4.º Gr Comb, da CCAÇ 3305, BCAÇ 3832, aquartelado em Mansoa e destacamentos próximos.

Cheguei à zona de Mansoa em inícios de 1971 e aí permaneci até ao 1.º trimestre de 1973, mais precisamente e sobretudo nos destacamentos de Infandre e Braia, para além da defesa da periferia da vila e ainda na intervenção operacional da zona.

Cheguei a Infandre quatro meses após a tristemente famosa emboscada à coluna de Infandre, no fatídico dia 12 de Outubro de 1970 (1), onde foram assassinados, entre muitos outros, o meu conterrâneo Fur Mil Dinis César de Castro e gravemente ferido, entre muitos outros, o meu ainda querido amigo 2.º Sargento Augusto Ali Jaló.

Durante os cerca de vinte e sete meses que permaneci sequestrado na Guiné, por sorte, pela graça de Deus e não sei porque mais, jamais sofri qualquer morto ou ferido no meu Grupo de Combate, facto de que muito me orgulho e me regozijo. Para isso, muito contribuiu o meu próprio empenho, a colaboração da generalidade dos soldados e cabos às minhas ordens, não esquecendo a colaboração dos diversos furrieis que comigo colaboraram, de que destaco o Furriel Brito do Rio e o Alferes Pacheco, pessoa que recordo com grande estima e muita amizade.

Não termino sem lembrar a traição e a cobardia da corja de patifes, militares e políticos de esquerda e de direita, que permitiram que após a independência, milhares de militares tão portugueses como nós, fossem fuzilados sumariamente, num macabro e inexplicável ajuste de contas, só porque foram na cantiga que Portugal era uma nação honrada (2).

Por último, quem me quiser contactar, deverá fazê-lo pelo email: heldersoares@simplesnet.pt, fax: 22 832 55 89 ou móvel: 919 799 729, assim como para me enviarem tudo quanto tenham em vosso poder que diga respeito à história da Companhia do famoso Pazinho, que também recordo com elevada estima e consideração.

2. Comentário do co-editor CV

Caro França Soares :

Quero dar-te as boas vindas à nossa Tabanca Grande, onde poderás contar as tuas estórias e as tuas experiências enquanto combatente.

O teu Batalhão foi substituir o BCAÇ 2885 a Mansoa, ao qual a minha Companhia, como independente que era, estava adstrita.

Aquando do emboscada do Infandre, eu estava em Mansabá.

Não pude deixar de adivinhar o teu azedume pelos fuzilamentos dramáticos dos nossos companheiros africanos, após a independência da Guiné-Bissau. Na verdade muito já foi dito no nosso Blogue sobre isso, mas apesar de tudo podemos ver guineenses que combateram pelo nosso lado, perfeitamente integrados na actual Guiné-Bissau.

Acredito que a maior parte daqueles fuzilamentos foram ajustes de contas, por condutas menos tolerantes entre as diversas etnias durante o tempo de guerra.

Pena que os nossos governantes, do pós 25 de Abril, não fizesssem nenhum esforço para salvar aquela gente da morte. Porventura nada puderam fazer.

Nós portugueses somos recebidos hoje pelos nossos antigos camaradas guineenses como irmãos e o mesmo se pode dizer dos nossos inimigos de então.
__________________

Notas dos Editores:

(1) - Vd Post de 7 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

(2) Vd post anteriores de:

19 de Junho de 2006> Guiné 63/74 - P886: Terceiro e último grupo de ex-combatentes fuzilados (João Parreira)

31 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)

27 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)

23 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)

3 de Dezembro de 2005> Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2403: Antologia (67): As Duas Faces da Guerra: Como si la guerra fuera un simple juego de ajedrez (Álex Tarradelas)

1. Mensagem do catalão Alex Tarradelas, a residir em Lisboa, com data de 22 de Outubro de 2007:


Caro Luís Graça,

Sou um catalão residente em Lisboa que o outro dia tive a sorte de ver As duas faces da guerra no DocLisboa (1).

Colaboro com os meios Rebelión e Tlaxcala, não sei se conhece, e com motivo do documentário achei que seria interessante escrever um artigo sobre o documentário para que o público espanhol tenha mais consciência do que foi a guerra colonial para Portugal. O artigo é Copyleft, logo, se quiser dispor dele não vai ter nenhum problema.

Espero que não seja um incómodo que tenha utilizado duas imagens do seu blog sem pedir-lhe autorização. Saudações e parabéns pelo seu blog. (...) .


2. Reprodução do artigo, com a devida vénia:

«Las dos caras de la guerra»,
Álex Tarradellas
Tlaxcala


La periodista portuguesa Diana Andringa y uno de los cineastas más reputados de Guinea Bissau, Flora Gomes, decidieron hacer un documental a cuatro manos y a dos voces que abordara las dos caras de la guerra colonial que enfrentó entre 1963 y 1974 al PAIGC (Partido Africano para la Independencia de Guinea Bissau y Cabo Verde) con las tropas portuguesas.

Con motivo del Festival Internacional de Cine Documental de Lisboa, Diana Andringa presentó el documental lamentando la ausencia de Flora Gomes e incidiendo en la necesidad de revisar y recordar el escenario de la guerra, por mucho que les pese a los portugueses.

As 2 Faces da Guerra (Las dos caras de la guerra) se rodó a lo largo de seis semanas, en las que los realizadores recorrieron las regiones guineanas de Bissau, Mansoa, Geba, Bafatá y Guilege. También viajaron a Cabo Verde y a Lisboa. Todo ello para recoger diversos testimonios de quienes vivieron la guerra colonial, tanto militares portugueses como militantes del PAIGC o simples moradores de las poblaciones visitadas.

El hecho de que cada director tense la cuerda por un lado resulta de lo más interesante para tratar uno de los conflictos armados más sangrientos sufridos durante el colonialismo portugués. Prueba de ello es que el documental esté dedicado a Amílcar Cabral y a unos soldados portugueses fallecidos en suelo africano cuyos nombres Diana Andringa encontró grabados en una losa destruida cuando en 1995 se desplazó a la ciudad de Geba como reportera de Público. De hecho, este hallazgo fue el punto de partida de este trabajo.

El homenaje a la figura de Amílcar Cabral es palpable a lo largo del documental. Lejos de querer idolatrarlo, los testimonios definen la gran dimensión humana del revolucionario del PAIGC. Un guerrillero que, a pesar de encontrarse en medio de un cruento conflicto armado con todo lo que conlleva, decía sentir como algo suyo al pueblo portugués. Y es que, más allá de la guerra, existía cierta complicidad entre los dos bandos. Amílcar Cabral declaró al inicio del conflicto: «No hacemos la guerra contra el pueblo portugués, sino contra el colonialismo». Esta idea es clave para entender cómo muchos de los portugueses reclutados en las colonias estaban del lado de los movimientos revolucionarios por la independencia [el PAIGC en el caso de Guinea Bissau y Cabo Verde, el MPLA (Movimiento de la Liberación de Angola) y el FRELIMO (Frente de Liberación de Mozambique)].

Tampoco es casualidad que los militares que se levantaran contra el régimen salazarista durante la revolución del 25 de abril, conocida como la Revolución de los Claveles, fueran soldados combatientes en Guinea Bissau cansados de recibir de la metrópolis órdenes ajenas a la realidad en la que se encontraban inmersos. Por eso, no deberían sorprendernos las imágenes que aparecen en el documental de un militante del PAIGC que con la euforia del 25 de abril grita a una masa exaltada: «¡Viva el PAIGC!, ¡Viva el 25 de abril!, ¡Viva Portugal!».

A media película, la esposa de Amílcar Cabral hace una declaración que resulta clave para entender los propósitos del guerrillero. Declara que, si hubiera sido posible, Amílcar habría cambiado las armas por los libros para hacer la revolución. Era un hombre extraordinariamente culto con un gran poder de convicción a través de sus palabras. Uno de los principales objetivos del revolucionario era formar desde la raíz la cultura de los guineanos y caboverdianos con una educación basada en la historia, la geografía y las tradiciones de estos países y no en las impuestas por Portugal. Y es que resulta irónico y te eriza los pelos oír las palabras de un militante del PAIGC acerca del fin de la guerra. El hombre nos cuenta con toda naturalidad como, una vez terminada la guerra, todos vuelven a ser amigos olvidándose de las antiguas rencillas. Como si la guerra fuera un simple juego de ajedrez en el que las fichas no pueden moverse sin la mano de los jugadores, pero en la que los jugadores pueden disponer de sus fichas siempre que quieran y puedan.

El 20 de enero de 1973 Amílcar Cabral fue asesinado en Conakry. Unos meses después, el 24 de septiembre de 1973, fue declarada la independencia de Guinea Bissau, aunque ésta no fue reconocida internacionalmente hasta la Revolución de los Claveles. Si Amílcar no hubiera sido asesinado y hoy se encontrara en el mundo de los vivos, quizá no estaría tan orgulloso del panorama en el que se encuentra sumido su país. Según datos del UCW (Understanding Children Work) en el año 2000 un 54% de los niños menores de 14 años trabajaban un mínimo 28 horas en Guinea Bissau. La tasa de alfabetización en 2005 rondaba el 44,8%. Esto se debe a los continuos golpes de estado (y las consiguientes guerras civiles) provocados sobre los frágiles gobiernos que muchas veces se asemejan a aquellas fichas de ajedrez que, sin la presencia de los jugadores, no pueden moverse.

En fin, este documental contribuirá a que los portugueses y guineanos revisen una parte desfragmentada de su historia. Y, por mucho que les duela, quizá los debates ayudarán a banalizar la guerra hasta el punto de quitarle el sentido a ésta. Quizá servirá para que, en un futuro, las únicas minas que siembren en los campos, en los bosques y en los caminos sean los libros, la mejor arma para ganar una guerra.

«La destrucción del fascismo en Portugal deberá ser obra del propio pueblo portugués; la destrucción del colonialismo portugués será obra de nuestros propios pueblos.»

«Las masas populares son portadoras de cultura, ellas son la fuente de la cultura y, al mismo tiempo, la única entidad verdaderamente capaz de preservar y de crear la cultura, de hacer historia.»

(Amílcar Cabral)

Para más información, echar un vistazo a este interesantísimo blog realizado por portugueses excombatientes en Guinea Bissau (en portugués): http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

______________

Fuente: Rebelion http://www.rebelion.org/noticia.php?id=57955

Artículo original publicado el 22 de octubre de 2007

Sobre el autor:

Álex Tarradellas es miembro de Rebelión, Cubadebate y Tlaxcala, la red de traductores por la diversidad lingüística. Este artículo se puede reproducir libremente a condición de respetar su integridad y mencionar al autor y la fuente.

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Nota de L.G.:


(1) Vd. post de 20 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2197: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (4): Encontro tertuliano no hall da Culturgest na estreia do filme (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P2402: Matosinhos, Leça do Balio, Vilas, 27 de Dezembro de 2007: Silêncio, canta-se o Hino de Gandembel (Hugo Costa / Albano Costa)



Matosinhos > Leça do Balio > Tertúlia de Matosinhos > Restaurante Bar Vilas > Jantar-convívio de Natal > 27 de Dezembro de 2007 > Um vídeo feito e montado por um profissional, o Hugo Costa, filho do nosso querido amigo e camarada de Guifões, o Albano Costa.

Vídeo: 8 m 27 ss. Alojado em You Tube > hc3002

Vídeo: © Hugo Costa / Albano Costa (2007). Direitos reservados (2007).

Matosinhos, Leça do Balio > Restaurante Vilas > O nosso jantar de convívio > 27 de Dezembro de 2007 > O António Barroso (que é meu vizinho de Valadares, quando eu estou na Madalena), o Álvaro Basto e o Almeida e Silva: três homens do Xitole (CART 3492, 1972/74)... O Álvaro foi um dos organizadores desta inicitaiva que junte gente da nossa tertúlia da área do Grande Porto...

O A. Marques Lopes e o editor do blogue, Luís Graça, dois sulistas com meia costela nortenha...

O David Guimarães e o António Barroso, falando seguramente dos bons tempos do Xitole...

O David Guimarães (que deu um arzinho da sua graça, acompanhando o António Almeida à viola) e o Vasco Ferreira...

O pai do Álvaro Basto, ao centro, acompanhado de um casal (familiares de um dos nossos camaradas)...

Três rangers: o Magalhães Ribeiro, o António Pimentel e o João Rocha...Falta aqui, na foto, o J. Casimiro Carvalho...

Carlos Vinhal e o Luís Graça, falando inevitavelmente do blogue... O fimd e ano não correu para o nosso co-editor CV, que teve de reformatar o seu PC... Problemas de minas & armadilhas informáticas...

A esposa e a filha do José Teixeira (à direita) - Maria Armanda e Joana, respectivamente - ladeadas pela Dina, mulher do Carlos Vinhal, ao centro... À esquerda, de costas, está a Eduarda, a esposa do Albano Costa e mãe do Hugo Costa...

Fotos: © Albano Costa (2007) (Legendas: L.G.). Direitos reservados.

1. A um comentário recente do editor do blogue ("O último post de 2007 é também a revelação de uma estrela do nosso blogue: o Zé Teixeira"), o Zé respondeu-nos, com o seu habitual fair-play e sentido de humor, nestes termos:

Camarada (o melhor termo para classificar um amigo, pois reflecte uma amizade selada na luta, nas dificuldades), grande amigo, gostava que partilhasses com a Tertúlia o seguinte:

O Zé Teixeira não é uma estrela, é apenas ele próprio que tem como uso comum uma máxima: O que merece ser feito, merece ser bem feito. Foi isso que com a mini-tertúlia de Matosinhos tentei fazer e pelos vistos resultou (1).

O mérito vai para o Xico Allen com a sua capacidade e força de vontade que nos une todas as semanas, diria que ele é o princípio. O mérito é do grupo, que se auto motivou. O mérito é do Alvaro Basto que tem uma capacidade de mobilização fantástica. Eu apenas e só indiquei o restaurante e pensei numa uma brincadeira para animar e unir ainda mais este grupo. Foi ao correr da pena, mas parece que resultou. Ainda bem.

Neste Novo Ano de 2008,

Se houver guerra… que seja de almofadas;
Se for para enganar… que seja o estômago;
Se for para chorar… que seja de tanto rir;
Se for para roubar… que seja um beijo;
Se for para perder… que seja o medo;
Se for para cair… que seja num abraço;
Se for para morrer… que seja de amor;
Se for para bater… que seja à porta de alguém!

Feliz Ano Novo!!!!
Para toda a Tertúlia


J.Teixeira

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Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 31 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2395: Tertúlia de Matosinhos: Jantar de Natal, 27 de Dezembro de 2007 (Luís Graça / Zé Teixeira)

Guiné 63/74 - P2401: Pensamento do dia (14): Não deixemos que sejam os outros a contar a nossa história por nós (Luís Graça)

1. Citação: "No sé yo cuanto le puede importar a usted ésto que le estoy diciendo, no sé si ésto le puede importar a alguien, porque éstas cosas no las cuentan los libros, esto no sale nunca en la historia, pero sabe lo que le digo, ésta es mi verdad.”

(Velho combatente, anónimo, da guerra civil espanhola, citado em Cristina Santamarina y José Miguel Marinas, «Historias de Vida e Historia Oral», in Juan Manuel Delgado e Juan Gutiérrez (coord.) (1999), Métodos y Técnicas Cualitativas de Investigación en Ciencias Sociales, Madrid: Sintesis, 1999, pag. 257)

Fonte: Socio(b)logue 2.0 > Julho 01, 2003 > Walter Benjamin, a História dos Vencidos e a Guerra Civil Espanhola. (com o devido apreço...)



2. Comentário de L.G.: Que o o ano de 2008 nos traga mais histórias de vida dos combatentes da guerra colonial, luta de libertação ou guerra do ultramar (conforme o ponto de vista, a bandeira ou o lado da trincheira). Todas as histórias (ou estórias) contadas pelos amigos e camaradas da Guiné são belas, por que são únicas, verdadeiras, vividas ou fantasiadas... E merecem ficar aqui registadas. Para memória do presente e do futuro. E sobretudo por que as nossas histórias/estórias interessam-nos, em primeiro lugar a nós.

Além disso, ao contá-las prestamos um pequeno serviço à geração dos nossos filhos e dos nossos netos... Para que eles, ao menos, não possam dizer, ignorando, escamoteando ou desprezando o nosso sacrifício: "Guiné ?... Guerra do Ultramar ? Guerra Colonial ? Luta de de libertação ?... Não, nunca ouvi falar!".

Créditos fotográficos: Victor Tavares, Paulo Raposo

Guiné 63/74 - P2400: O nosso blogue visto por um guineense da diáspora (Hélder Sousa / Antero B .B.)

Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 30 de Dezembro de 2007 >

O macaco Fatango de pelo castanho-avermelhado, muito presente nas matas de Cantanhez, prepara-se para saltar para o novo ano de 2008.

Ele e os colegas de outras espécies têm a certeza que, neste ano novo, as comunidades locais, as organizações de promoção do desenvolvimento e as estruturas oficiais tudo farão para que eles continuem a desfrutar de um ambiente natural onde possam viver e multiplicar-se em plena liberdade e sem serem ameaçados.

Aproveitam a ocasião para a todos convidar a visitar esta magnífica floresta e apreciarem o que de mais bonito a natureza tem para oferecer na Guiné-Bissau.


Foto e legenda: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2007) (Com a devida vénia...)

Comentário de L.G.:

Esta é também uma boa ocasião para endereçar a esta ONG guineense, com quem mantemos um contacto privilegiado, os nossos votos de que o ano de 2008 traga novos e bons projectos ao serviço do desenvolvimento integrado e sustentado da Guiné-Bissau e sobretudo meios efectivos (humanos, técnicos e financeiros) para os concretizar, incluindo os requisitos básicos que são a paz, a segurança, a liberdade.

O Simpósio Internacional sobre Guiledje, em Março de 2007, será também seguramente um reconhecimento do trabalho, meritório e exemplar, desta ONG guineense. Ao nosso querido amigo Pepito e aos seus colaboradores o nosso apreço e amizade. O Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.



1. Mensagem do Hélder Sousa (ex-Fur Mil de Transmissões TSF, Piche e Bissau, 1970/72) (1):

Caro Luís e co-editores:

Já estamos no Novo Ano e espero que se cumpram todos os nossos desejos. Este ano espero ser mais proactivo nisto de enviar contributos para a nossa obra colectiva que em tão boa hora tiveram a iniciativa de criar mas que necessita sempre de mais e mais contributos para se ir alimentando e permanecer apetecível.

Assim, aqui vai a primeira acção.

Já perto do final do mês de Novembro passado, através de um amigo, travei conhecimento com um guineense que vive em Portugal e trabalha em Lisboa, homem de 54 anos, de Etnia Balanta (Brassa, na língua de origem, conforme me esclareceu), natural de um local pertencente à então designada Freguesia de Nhacra. É Licenciado em Direito, interessa-se pelo que se passa na Guiné e participa em iniciativas tendo em vista a melhoria da sua situação, nomeadamente a democratização da vida institucional do País, sendo que, por razões de discrição, apenas o refiro como sendo o meu amigo Antero B. B.

Falei-lhe do nosso Blogue e aqui está a sua reacção após a consulta ao mesmo.

Achei interessante enviar-vos para que possam sentir como a nossa obra pode ser importante e captar a atenção e o interesse de pessoas de várias origens e posicionamentos.

Um abraço!

Hélder Sousa
Ex-Fur Mil TSF


2. Texto do guineense Antero B.B.:

Amigo (...) Helder Sousa,

Acabei de fazer uma viagem de retorno (mental) à Guiné, através da leitura do Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné, que me assinalou.

Fiquei fascinado pela quantidade de informação, não apenas sobre as memórias do tempo da Guerra, mas também sobre a própria actualidade.

Fiquei com a penosa sensação de perda, por só hoje ter podido aceder ao Blogue. Mas, ele está lá, disponível, por isso, sinto-me redimido.

Sinceramente, quando me falou no assunto, não fazia a mínima ideia do que ia encontrar. Não tenho o hábito de consultar Blogues. Oiço falar de alguns, mas nunca tinha feito consulta (lembro-me de referências do Pacheco ao seu Blogue). Este é o primeiro e gostei da experiência, sobretudo pelo estilo, a linguagem desempoeirada e solta (honra seja aos Editores e aos autores dos textos). Um bom nível, no plano intelectual e cultural, atendendo ao objectivo e ao fim em vista.

Fiquei fascinado! E alguns assuntos comoveram-me, até pela sensação do realismo vivido, até por mim próprio.

Como estava a trabalhar num assunto, acedi ao Blogue, na intenção de fazer uma breve visita de reconhecimento.

Depois, comecei a ver imagens, mapas, temas de actualidade: por ex., tentativa de imigração de Jovens Africanos, em pirogas precárias, em direcção às Canárias), troca de informações entre Camaradas, nomeadamente, o depoimento do Fur Mil (se não erro na citação) João Godinho, a pedido de um membro da Tertúlia, sobre o caso dos
Majores no chão Manjaco, com relato e descrição de pormenor. Acho que o texto é do dia 19 de Janeiro de 2007.

E tudo é feito com tal espontaneidade que o autor da recolha do depoimento termina dizendo que o entrevistado (Fur Mil João Godinho) ficou de ir procurar lá em casa a cópia do Relatório que elaborou sobre o caso, que é, sem duvida, um dos grandes episódios históricos da Guerra Colonial. Assim, também, o esclarecimento de que o General Ramalho Eanes não esteve no local do fatídico evento, confirmando-se a presença do General Comandante-Chefe António de Spínola e a sua reacção de extrema comoção perante o sucedido.

Achei altamente louvável (e, do propósito anunciado, se pode avaliar o alto nível dos intervenientes, Membros da Tertúlia, nomeadamente dos editores) o objectivo definido: contar em primeira pessoa a História, em que foram participantes, e não deixar que fosse qualquer historiador da esquina (acrescento meu) a vir contá-la, em segunda ou 3ª mão, como bem lhe aprouvesse.

Em vez de uma visita de reconhecimento (queria eu dizer), embrenhei-me na leitura de vários temas durante mais de duas horas. Uma tentação irresistível! Pelo realismo e a coragem (caso dos Majores) de trazer a verdade ao público, com toda a responsabilidade que isso implica.

Para a verdadeira História da Guerra Colonial, seja na perspectiva do nosso País, seja da Guiné-Bissau, o Blogue constitui, por aquilo que já consegui ler (o conteúdo é vastíssimo), uma fonte de informação extremamente importante, um contributo valioso para os estudos que especialistas e o público em geral terá interesse em empreender.

O meu Muito Obrigado! pela informação sobre a vossa iniciativa. Vou continuar, doravante, a ser um visitante interessado ao Blogue.

Parabéns, pelo cuidado posto na edição, pela clareza e objectividade, no tratamento dos temas. Vi inclusive um mapa militar com traçados do que julgo ser pontos de referência de interesse militar, na época, com referências a estradas antigas e a nova estrada em construção (naquele tempo, claro), na região de Bambadinca, etc.

Gostei. Uma experiência interessante!

Lisboa, 2007.12.02

Antero B. B.

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Nota de L.G.:

(1) Vd post de 11 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1652: Tertúlia: Três novos candidatos: José Pereira, Hélder Sousa e Jorge Teixeira

(...) Chamo-me Hélder Valério de Sousa, vivo actualmente em Setúbal, fui Furriel Miliciano de Transmissões, do STM, cumprindo a comissão de serviço na Guiné entre 9 de Novembro de 1970 e 10 de Novembro de 1972, tendo estado cerca 7 meses em Piche (contemporâneo do BCAV 2922) e o resto da comissão ao serviço do Centro de Escuta e de Radiolocalização do Agrupamento de Transmissões da Guiné (...).

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2399: Tabanca Grande (47): Manuel Traquina, ex-Fur Mil, CCAÇ 2382 (Buba, 1970/72)

Manuel Traquina ex-Fur Mil, CCAÇ 2382,
Buba, 1968/70

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Traquina em 23 de Novembro de 2007

Memórias da Guera da Guiné

Exmo. Sr. Luís Graça:

O meu nome é Manuel Batista Traquina e resido em Abrantes.

Com o posto de Furriel Miliciano fui combatente na Guiné, no período 68/70, na região de Aldeia Formosa e Buba.

A minha Companhia era a CCAÇ 2382 que saiu do RI2 em Abrantes em Maio de 1968, juntamente com as CCAÇ 2381 e CCAÇ 2383 (Companhias Independentes).

Quando da minha permanência na Guiné fui escrevendo alguns episódios que achei relevantes, outros a memória guardou.

Porque esta guerra me marcou, sob o título Memórias da Guerra da Guiné, em 2005 iniciei uma publicação no Jornal de Abrantes; foram cerca de cinquenta pequenos artigos publicados acerca desta guerra, alguns acompanhados de fotografias.
Fruto destas publicações muitos ex-combatentes me contactaram e me manifestaram o seu apoio, alguns também eles tinham trilhado os mesmos caminhos. Encaro a hipótese de um dia publicar um pequeno livro.

Anualmente no primeiro Sábado do mês de Maio, reunimo-nos no habitual almoço de convívio; muitos dos elementos da Companhia não têm comparecido, aguardamos que os faltosos se juntem a nós, é sempre agradável quando aparece um de novo.

Gostaríamos um dia de nos reunirmos com os militares da CCAÇ 2381, bem como da CCS do BCAÇ 2834, que na Guiné bastante tempo estiveram connosco em Buba.

De igual modo gostaria que o meu nome passasse a fazer parte da Tertúlia.

Com os meus melhores cumprimentos, e um abraço para todos os ex-combatentes da Guiné

Manuel Batista Traquina

2. Em 25 de Novembro era enviada esta mensagem ao Manuel Traquina

Caro camarada Manuel Traquina:

É para nós uma alegria quando um ex-combatente da Guiné se quer juntar à nossa Tabanca Grande. Claro que és bem-vindo. Considera-te já parte da família.

Queremos que envies para já as fotos destinadas à nossa fotogaleria mais ou menos em tipo passe, uma dos teus tempos de Guiné e outra de agora. Esperamos que nos envies, para publicação no nosso blogue, algumas das tuas estórias, para que possamos partilhar das tuas experiências. Poderás enviar juntamente algumas fotos para as ilustrar.

Consulta a nossa página da Tertúlia onde terás uma panóplia de informações e fotos diversas.

Uma das normas da casa é que nos tratamos todos por tu. Se bem te lembras, entre camaradas não há tratamento de excepção.

Ficamos a aguardar notícias tuas e contamos contigo no próximo encontro dos tertulianos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Recebe um fraternal abraço da malta,

O camarada Carlos Vinhal

3. Em 23 de Dezembro recebíamos esta mensagem do nosso camarada

Junto envio as fotos destinadas à fotogaleria, esta dos tempos de guerra foi tirada no Quartel General em Bissau.

Achei uma certa piada ao nome de Tabanca Grande.

Como já referi estive na zona de Aldeia Formosa, Buba e cerca de três meses em Bissau.

Neste momento sou aposentado, ex-funcionário do Instituto de Emprego e Formação Profissional, a residir nesta cidade de Abrantes, e estou a trabalhar no livro Memórias da Guerra da Guiné que pretendo publicar no próximo ano.

Recebe um abraço e votos de Boas Festas, extensivos a todos os camaradas da Guiné

Manuel Batista Traquina
Telf. 241107046
Ex-Furriel Mil.
C.Caç 2382
Buba 1968/70

4. Comantário do co-editor CV

Caro Manuel Traquina, estás oficialmente apresentado à nossa Tabanca Grande.
Desejamos-te os maiores êxitos na tarefa que tomaste em ombros de elaborares e editares as tuas Memórias da Guerra da Guiné.


Pessoas como tu, que irão deixar memória deste pedaço da História do Portugal do Século XX em que fomos protagonistas involuntários, são importantes para o conhecimento das futuras gerações.

Bem-vindo, camarada

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2398: Evocando os furriéis da 1ª CCA, João Uloma e Carlos França : Acreditas que ainda sonho com aquela cabeça ? (Jorge Cabral)

1. No dia 1 de Dezembro último, escrevi ao Jorge Cabral, que era o régulo de Fá Mandinga, quando a 1ª Companhia de Comandos Africanos se instalou, naquela localidade da Zona Leste (Sector L1, Bambadinca), aquando da sua formação. Recorde-se que o Jorge Cabral, ex-Alferes Miliciano de Artilharia, foi o comandante do Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, Sector L1 - Bambadinca, Zona Leste, 1969/71, e é autor da série Estórias Cabralianas.


Jorge: Como vais tu, querido amigo ?

Precisava que me identificasses o médico, periquito, que chegou à tua tabanca, Fá, com destino à 1ª Companhia de Comandos Africanos (CCA), em finais de 1969 ou princípios de 1970 (mais provavelmente, 1º trimestre de 1970) (1)... Eu estava lá, nessa noite, com o Capitão instrutor, o teu amigo Latérguy (que morreu há tempos) (2), quando ele chegou... Fizeram-lhe uma recepção à maneira, à comando, com fogo real, para o acagaçar... Estavas lá nessa noite ? Já não me lembro....

Julgo que era o Carlos França, médico, hoje especilialista em cuidados intensivos (pelo menos, vejo o seu nome associado a: Hospital de Santa Maria, Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, Revista Portuguesa de Medicina Intensiva )...

Em 10/4/1981, saiu no semanário O Jornal um artigo - no dossiê "Memória da Guerra Colonial" (em que eu colaborei muito, com o saudoso Afonso Praça, da redação do jornal, inclusive deixei com ele muita documentação, que hoje gostaria de recuperar...) – sob o título "Arame farpado em tempo de massacre". Era assinado por Carlos França, que residia então em Oeiras...

Será o mesmo, o médico ?... Faz referências detalhadas ao Furriel felupe, Uloma, e à suas colecção de 32 cabeças.... Deves ter lido o artigo... Recordo-me de termos falado sobre isto na altura... Tu tentaste-me explicar o inexplicável, que era o comportamento do comando felupe Uloma, teu amigo... Sei que discutimos isso à luz do relativismo cultural e das cumplicidades tácitas da hierarquia de um exército de um país da NATO, civilizado... Foi então que retomámos os nossos contactos. Não nos víamos desde a Guiné.

Eis um excerto do citado artigo do Carlos França:

(...) Havíamos de sonhar, em longas noites de hospital, com tudo aquilo. Era barulho em náusea, com cheiro a 'Petidina' e pensos gangrenados, entre duas anestesias de ocasião.

Quanta insónia e, meu Deus, que tempo perdido, e que arrepio ao ver ainda o felupe 'Uloma', uma montanha de carne, automatizado no 'ronco' de matar, contar as cabeças inimigas do PAIGC.

Fazia colecção e era o seu 'curriculum' de guerrilheiro. Trinta e duas, conteu eu, expostas como troféus de guerra, circuito obrigatório, quase turístico de todos os militares que por lá passavam (...).



Um cabo da CCAÇ 12, o Encarnação, o nosso fotógrafo de serviço, tirou fotografias do Uloma com uma das suas cabeças, acabadas de cortar, numa operação a norte do Rio Geba, se não me engano... Terá sido numa das primeiras saídas da 1ª Companhia de Comandos Africanos, ainda no tempo do BCAÇ 2852...

Isto passou-se na parada de Bambadinca, fomos todos testemunhas (incrédulos mas passivos) da chegada do herói... Dizia-se, na altura, que a cabeça era de um pobre camponês que, em zona controlada pelo PAIGC, cultivava pacificamente a sua bolanha... As fotos (e os negativos) desapareceram, rapidamente, por ordem do comando de Bambadinca, que ficou extremamente nervoso com o insólito da situação...

Em resumo: Lembras-te do Carlos França ? Deve ser o mesmo da medicina intensiva, não ?... Vou tentar contactá-lo, a partir do Hospital de Santa Maria e da SPCI... Já agora, vou perguntar também aos nossos médicos do blogue, o Amaral Bernado e o Mário Bravo (... que são do Porto) se o conhecem ou conheceram... O Beja Santos não sei se já o apanhou... em Bambadinca... Talvez.

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Susana > 8 de Julho de 2007 > Antigo aquartelamento das NT > A espada felupe estilizada, onde se encontrava o mastro da bandeira (portuguesa).

Foto: © Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007)

2. Resposta do Jorge Cabral, em 3 de Dezembro último:

Querido Amigo,

Estive efectivamente na guerreira recepção do Médico Periquito, que ocorreu em Março de 70, tendo sido eu aliás, um dos mais entusiasmados. Era segundo creio, o Dr. Vasconcelos, homem de esquerda, que me tratou várias vezes e me salvou quando jejuei trinta dias, a conselho do meu assessor feiticeiro, o Nanque (3). Tenho quase a certeza, que ele também foi a Conacri [, no âmbito da Op Mar Verde, sob o comando de Alpoím Galvão]. A fotografia do Uloma (4), com a cabeça, foi tirada no Cais de Bambadinca, tendo tido um exemplar, que ofereci ao Padre Puim.

É das imagens que ainda não consegui esquecer. Naquela tarde, eu estivera com o Major Leal de Almeida [, supervisor da 1ª CCA,], em Bambadinca, a beber uns copos, antes de ir esperar os Comandos, à bolanha do Finete. E foi aí, que deparei com a cena. Primeiro olhei, e não acreditei.
- Quanto mortos fizeram ? - perguntou o Leal de Almeida.
- Dois confirmados - respondeu o Saiegh (6).
- E um confirmadíssimo! - retorquiu o Major.

O Uloma levou a cabeça para Fá, o que causou quase uma sublevação dos meus soldados que, nessa noite, se recusaram a dormir no quartel. Claro que conheci muito bem o cortador de cabeças, o qual de vez em quando era acometido por crises nervosas. Para o acalmar, matava-se uma galinha, derramando o sangue, sobre a sua cabeça.

Quanto ao mencionado França que escreveu no O Jornal, sempre o identifiquei com o furriel do mesmo nome, com quem convivi em Fá. Pertencia à Companhia de Comandos Africanos.

Penso que ficcionou um pouco, ao falar das 32 cabeças. Só se o Uloma as tivesse na sua Tabanca. Segundo o próprio me contou, cortada a cabeça do inimigo, a mesma era colocada na bolanha, de molho, e só depois uma parte dos miolos era comida... Obviamente que esta cerimónia acontecia em chão Felupe (4).

Parece, Querido Amigo, que tenho material para muitas estórias cabralianas.

Grande Abraço
Jorge

P.S.: Acreditas que ainda sonho com aquela cabeça?...

________

Notas de L. G.:

(1) Vd. post de 11 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIII: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

(2) Barbosa Henriques, que foi instrutor da 1ª CCA:

Vd. posts de:

19 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1536: Morreu (1)... Barbosa Henriques, o ex-instrutor da 1ª Companhia de Comandos Africanos (Luís Graça / Jorge Cabral)

19 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1611: Evocando Barbosa Henriques em Guileje (Armindo Batata) bem como nos comandos e na PSP (Mário Relvas)

(3) Vd. post de 3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P836: Estórias cabralianas (10): O soldado Nanque, meu assessor feiticeiro

(4) Vd. post de 1 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2397: Cusa di nos terra (12): Susana, chão felupe - Parte VII: O guerreiro João Uloma (Luís Fonseca)

Vd. posts desta série, da autoria do Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73):

15 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2052: Cusa di nos terra (5): Susana, Chão Felupe - Parte I (Luís Fonseca)

31 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2074: Cusa di nos terra (6): Susana, Chão Felupe - Parte II: Religião (Luís Fonseca)

5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2081: Cusa di nos terra (7): Susana, Chão Felupe - Parte III: Trabalho, lazer, alimentação, guerra, poder (Luís Fonseca)

16 de Setembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2110: Cusa di nos terra (9): Susana, Chão Felupe - Parte IV: Mulher e Comunitarismo (Luís Fonseca)

6 de Outubro de 2007 >Guiné 63/74 - P2156: Cusa di nos terra (10): Susana, Chão Felupe - Parte V: Casamento (Luís Fonseca)

25 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2215: Cusa di nos terra (11): Suzana, Chão Felupe - Parte VI: Princípio e fim de vida (Luís Fonseca)

Sobre os felupes, vd. ainda a excelente página do nosso amigo e camarada Carlos Fortunato, que lidou com balantas e felupes, considerando semore estes superiores àqueles, como guerreiros: Guiné - Os Leões Negros > CCAÇ 13 > Bolama > Felupes(...)

(...) Adversários temíveis, os felupes possuem elevada estatura e grande robustez física. São referidos como praticantes do canibalismo no passado, são coleccionadores de cabeças dos seus inimigos que guardam ou entregam ao feiticeiro, e usam com extraordinária perícia arcos com setas envenenadas.

Embora se assegure que o canibalismo pertence ao passado, não era essa a opinião das restantes etnias, as quais referem igualmente que estes fazem os seus funerais à meia noite, pendurando caveiras nas copas das arvores, e dançando debaixo delas. O felupe é conhecido como pouco hospitaleiro para com as restantes etnias, pelo que existe da parte destas um misto de animosidade e desconhecimento.

Os felupes são igualmente grandes lutadores, fazendo da luta a sua paixão. Este desporto tão vulgarizado nesta etnia, prende-o, empolga-o, constituindo o mais desejado espectáculo (...).


(5) Ex-Alf Mil Capelão Puim, da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), vd. posts de:

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

(6) Zacarias Saiegh, ex-Fur Mil do Pel Caç Nat 52, ainda no tempo do Beja Santos, e depois Alferes, Tenente e Capitão da 1ª CCA. DE oriegm sírio-libanesa, já foi aqui evocado várias vezes, nomeadamente pelo Mário Beja Santos que com ele privou, em Missirá. Vd. posts de:

15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLIII: O Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e eu abracei-o (Torcato Mendonça)

(...) O Zacarias Saiegh [da 1ª Companhia de Comandos Africanos] foi meu amigo. Era um homem extraordinário, ele e outros que foram meus camaradas e foram fuzilados. Nunca os esqueço e não sei perdoar (...).

23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

19 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1038: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (6): Entre o Geba e o Oio, falando do Saiegh e dos meus livros

(...) Saiegh na véspera, depois do jantar, dera-me um sinal de cortesia levando-se ao seu abrigo para bebermos um uísque. Olhando à volta do seu ambiente privado, vi frascos que me lembraram aqueles que se encontram nos laboratórios de biologia. Vendo-me intrigado, sopesando as palavras mas atirando-as a frio, esclareceu-me:
- São restos dos meus despojos. Aproveito sobretudo orelhas.

Aclarei a voz e fui cortante:
- Saiegh, ainda nada sei desta guerra, mas asseguro-lhe que a partir de hoje não haverá despojos humanos, nem relíquias nem troféus. Não trago ódios nem os vou despertar. Recordo-lhe que esta disposição é irrevogável.

Os olhos de Saiegh cuspiram fogo, mas ele conteve a dimensão da chama. Com o tempo, virei a saber que este descendente de sírio-libaneses também se movia por razões raciais, independentemente dos seus interesses económicos têm sido profundamente afectados pela luta de guerrilhas. O nosso conflito estava armado, mas passados estes anos todos reconheço que ele me deu uma colaboração exemplar, apagando-se progressivamente do mando e da decisão militar. Irei chorar amargamente no dia em que soube do seu fuzilamento (...).


16 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1081: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (11): Matar ou morrer, Saiegh ?

(...) Em meados do mês de Agosto, regressávamos do abastecimento em Bambadinca quando o Saiegh me mostrou triunfante, enquanto esperávamos a piroga, as insígnias em plástico que ele concebera para o Pel Caç Nat 52: era uma coisa assim apiratada com caveira e tíbias, um verde fluorescente e a frase "Matar ou Morrer". O meu olhar gelou e o Saiegh não resistiu a dizer-me: - Já vi que não gosta. Será por a iniciativa ser minha? (...).

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2317: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (11): O fantasma de Infali Soncó

(...) Na Casa Gouveia[, em Bissau,] compro chá e vou ao mercado com a lista na mão para satisfazer os pedidos dos meus soldados. A partir de agora e até jantar com Saiegh ando a cheirar a especiarias. Durante a tarde, procuro encontrar o Botelho de Melo, o meu milagroso oftalmologista, para lhe dizer que espero partir amanhã logo após a consulta do dentista, mas escreverei logo que saiba quando vier a Bissau.

O encontro com o Saiegh é muito agradável, tão agradável que vamos a pé pela estrada de Santa Luzia, onde nos despedimos prometendo eu uma visita a Fá, dentro de semanas. Tal nunca veio a acontecer, estou a despedir-me do Saiegh pela última vez, guardo o seu sorriso e a sinceridade da sua estima, tudo me vem à lembrança no dia em que soube do seu fuzilamento, oito anos depois (...).
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Guiné 63/74 - P2397: Cusa di nos terra (13): Susana, chão felupe - Parte VII: O guerreiro João Uloma (Luís Fonseca)

Guiné > Re~gião do Cacheu > Susana > Junho de 1972 > Cabeça do Comandante de Bigrupo do PAIGC, Malan Djata, cortada por elementos da população, felupe, após a sua captura na sequência de um ataque falhado ao aquartelamento de Susana. Segundo esclarecimento, acabado de dar pelo Luís Fonseca (estamos no concelho de Vila Nova de Gaia, eu neste momento na Madalena e ele presumivelmente em Gulpilhares, aqui ao lado, sem nos conhecermos pessoalmente), "naqueles momentos foi de todo impossível determinar o 'autor' da decapitação. Creio que nessa data, fins de Junho de 1972, o João Uloma nem sequer estaria em Susana"...


Guiné <> Susana > c. 1972 > Visita ao Alferes Comando João Uloma, por parte de jornalistas nacionais e estrangeiros, entre os quais uam equipa do New York Times. O então Cap Otelo Saraiva de Carvalho, da REP/ACAP (Assuntos Civis e Acção Psicológica), fez as honras da casa e o elogio do guerreiro felupe.

Texto e fotos: © Luís Fonseca (2007). Direitos reservados.


1. Texto, de 19 de Dezembro último, do Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73), que tem aqui publicado uma série de apontamentos sobre o chão felupe (1):

Assunto - João Uloma...

Provavelmente mais uma vítima que um réu em todo o cenário da guerra. Provavelmente mais que usado e abusado, utilizando palavras tuas.

Conheci pessoalmente João Uloma haviam já decorrido largos meses de comissão. Mas o seu nome, dentro da etnia e tradição felupe, sempre nos chegou como símbolo de respeito e tido como exemplo. Daí a minha curiosidade pela pessoa.

Era de facto um guerreiro felupe, em estatura. Dos seus predicados operacionais não posso nem devo emitir qualquer comentário pois não tive oportunidade de os constatar.

A imagem que junto é prova de mais uma das demonstrações da utilidade do João Uloma. Durante uma das muitas visitas de jornalistas, nacionais e estrangeiros, esta creio que do New York Times (Alice Barstow e John Burton), ao chão Felupe, ele é apresentado como um herói na defesa do território.

O enquadramento é oficial, com direito a DO privada, e com pessoal da REP/ACAP presente (Cap Otelo Saraiva Carvalho), que faz as honras da casa, com o respectivo e longo elogio. Ao lado esquerdo do João Uloma, seu pai, homem grande da tabanca.

Foi uma das suas poucas visitas a Susana durante a minha comissão, que me recorde apenas mais duas vezes, sempre por períodos de tempo relativamente curtos.

Nessas ocasiões não era demasiado visível, diria que era até recatado. Dedicava-se à caça, quando tal era possível e a algum convivio com camaradas dos seus tempos de Pelotão 60, quase todos.

Não era uma visita constante no aquartelamento, aparecia de quando em vez, e, quando picado, relatava algumas das suas histórias, sendo no entanto parco em detalhes, o que me pareceu estranho face ao que dele se propalava.

Na sua morança não existiam, pelo menos nas casas que vi, crâneos de inimigos, o que já não sucedia em muitas outras moranças de outros guerreiros menos notáveis. Tal trofeú era, para um felupe, apanágio de valentia e quantas mais cabeças tivesse cortado mais respeitado era.

Diga-se que esse foi o encontro com o destino do Cmdt Bigrupo Malan Djata quando, em Junho de 1972, foi capturado, após ataque falhado a Susana. Mesmo com a oposição do graduado da CCAV 3366 ("tu ou ele") cumpriu-se o ritual...

Essa tradição ancestral marcava ainda a vida daqueles que sentiram o primeiro impacto de uma guerra que jamais foi sua, pelo menos no sentido de libertação, porque isso os Felupes foram-no sempre, desde o tempo da luta contra a dominação mandinga: Livres!

Acrecente-se que a imagem que envio, deixando a sua edição ao vosso critério, foi já aproveitada por João Melo (Os anos da guerra - II volume, Cap. III - Operação Nó Górdio -Moçambique - pg. 51 - Circulo de Leitores e Publicações D. Quixote) tendo eu alertado o autor da imprecisão. Nunca soube se recebeu a missiva.

Do Alf Comando João Uloma guardo uma placa dos Comandos Africanos, oferecida, não sei porque razão especial, já no final da minha estada no seu Chão. Recordo ter havido alguém que lhe pediu o crachat de Comando o que ele recusou afirmando que "aquele era dele até à morte"... Premonição...

Sobre a sua morte poderei afirmar que não foi fuzilado, mas sim morto por espancamento, à paulada, creio que em Brá, para onde teria sido convocado para ser integrado no novo exército (2).

De felupes ao serviço das NT, em número relativamente reduzido, tanto quanto me foi referido posteriormente por um militar guinéu do Pel [Caç Nat] 60, não teria havido mais desaparecidos, já que a grande maioria e após lhe terem sido retiradas as armas optou por se refugiar na região do Casamance (Senegal) ou voltar à vida civil embora com uma ameaça velada ("tropa tira arma mas fica com arco e flecha, para lutar contra bandido"). Tal terá sido a sorte que coube ao primeiro comissário político dos novos senhores que apareceu na zona, ser morto e corpo sem cabeça (degolado ritualmente com a curta faca felupe?) para não voltar a nascer noutra qualquer tabanca.

Se os meus editores me permitem, nesta faca de dois gumes, ficaria por aqui e não virava o gume para a outra face pois poderia ferir susceptilidades de alguns, de ambos os lados, que, com as suas tomadas de posição e demonstrações de poder, em nada honraram os militares que nasceram, passaram, lutaram e ficaram naquele território.

Penso voltar ao assunto.

Por hoje

Kassumai

Luis Fonseca
ex-Fur Mil Trms CCAV 3366

2. Comentário de L.G., em resposta ao Luís Fonseca:

Luís Fonseca:

É um notável texto teu, assertivo, objectivo, que ajuda a compreender melhor o comportamento do João Uloma ao serviço das NT... (Conheci-o, superficialmente, nos comandos, em Fá) (3).... Não o vou publicar já, sobretudo por causa da foto do comandante do PAIGC, degolado... Por estarmos na altura do Natal, e isso poder ferir algumas pessoas mais sensíveis... Fá-lo-emos a seguir, ao Natal...

A ti, peço-te que entretanto completes o texto... Sei que não queres ferir susceptibilidades, de um lado e de outro... Mas, bolas, tu podes falar de cátedra, como ninguém, porque conheceste o João e os felupes, os seus costumes, o seu chão... Se deixas o dossiê inacabado, é pior...

Passados estes anos todos, temos o direito à verdade... No meu tempo, o João cortava cabeças, com o beneplácito (?) dos seus superiores hierárquicos... Ele estava nos comandos africanos e havia a cultura do ronco... Temos de perceber tudo isto: havia homens, muito perturbados, nos comandos, com comportamentos patogénicos... Não estou sugerir nomes...E evito julgá-os. Hoje quero compreendê-los...

Luís: Connosco estás à vontade, não há tabus... Peço-.te, portanto, que não deixes o assunto "para melhor oportunidade", o que na nossa terra equivale a dizer "para as calendas gregas" ou para o Dia de São Nunca... Aqui não conhecemos amigos e protegidos... Mas, claro, tens sempre o direito de omitir nomes... Boas Festas. Kassumai.

Luís Graça

PS - Luís, não chegaste a receber o livro do pai do Pepito sobre os costumes jurídicos do felupes, pois não?! Creio que o Pepito enganou-se no nome, e em vez de mandar para ti, mandou para um outro gajo que ainda não descobri quem é... e que se antecipou a ti.

____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 6 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2244: Cusa di nos terra (12): Ainda vi burros em Bafatá (Beja Santos)

(2) Vd. post de 23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira

(3) Vd. post de 11 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIII: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P2396: Estórias (secretas) dos nossos criptos (1): Braimadicô, o prisioneiro (Albano Gomes)


Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > Mansambo > CART 2339 > 1969 > "Chegada do Braimadicô. Veio de helicóptero de Bissau. Era um Quadro do PAIGC (Comandante e correio entre Conacri e a Frente Leste). Tive que assinar a papelada da entrega Vinha para servir de guia na operação Lança Afiada, pois tinha sido capturado na zona de Mina" (TM).

Foto e legenda: © Torcato Mendonça (2006). Todos os direitos reservados.

1. Texto do nosso camarada Albano Gomes, ex-1º Cabo Op Cripto, CART 2339 (Mansambo, 1968/69) (1):

Caro L.G.

Um Cripto tinha de comer tudo o bom e mau, mastigava, engolia e não podia vomitar e uma falha nossa poderia ser fatal.

As coisas do passado, nos dias de hoje, deixaram de ter o seu grau de segurança, fossem elas Confidenciais, Secretas ou Muito Secretas.

Assim sendo passo a contar algo que pouca malta sabe sobre a captura de Braimadicô que posteriormente veio para Mansambo, recebido pelo Torcato (Homem de antes quebrar que torcer), e sobre o qual ele já escreveu e anexou foto (2).

Um certo dia é apanhada e descodificada uma mensagem IN que referia o seguinte: Próximo 24 09 H chega a esse Major Braima.

Esta mensagem era enviada via rádio com emissão fraca, e recebida por outro rádio mas este de emissão bastante melhor.

Nós sabiamos que o rádio mais potente que tinha o IN no Sector L1 [, correspondente grosso modo ao triângulo Xime-Bambadinca-Xitole,] se encontrava em Mina, daí que não fosse dificil prever que no dia 24 às 9 horas possivelmente alguém chegaria à zona de Mina.

É enviada mensagem com grau de urgência Relâmpago, segurança Secreto e como Noticia A1, para o Com-Chefe - Bissau, Agrupamento - Bafatá e Batalhão - Bambadinca.

Nada mais se soube sobre o assunto, mas o certo é que dia 24 [de Fevereiro de 1969 ?] (3) quando ninguém esperava vários helicopteros, lançam sobre a zona tropas especiais numa intervenção muito rápida. Toda a malta desconhece o que se passa, excepto eu e, como é logico, o Cmdt da Companhia e possivelmente alguns Alferes.Pouco tempo após, chega a todas as Unidades uma mensagem, que refere a captura de Braimadicô.

O Braimadicô quando veio para Mansambo e ficou nas Transmissões, como refere o Torcato, contou algumas coisas da sua vida num francês bem falado e que recordo uma delas:

Fazia o contrabando entre o Mali, Guiné e Senegal, tendo sido um dia atacado por um animal selvagem que o deixou bastante ferido, e a prová-lo estavam as enormes cicatrizes que tinha a atravessar-lhe o peito. Foi encontrado muito ferido por pessoal do PAIGC que o socorreu e o tratou, onde passado algum tempo ficou como guerrilheiro, atingindo qualidades de chefia, até ser posteriormente feito prisioneiro.

Recordo-me ainda que a primeira refeição que comeu connosco nas Transmissões, foi uma feijoada de feijão vermelho e que, a meio da refeição desmaiou, possivelmente pelo facto de ser um prato demasiado forte, ao qual ele não estaria acostumado.

Deixou-me a ideia de se tratar de um homem bastante calmo.

L.G. para ti e para todos os Camaradas um Abraço

Albano Gomes
_________

Notas de L.G.:
(1) Sobre o Albano Gomes, vd posts de:
(2) Vd. post de 5 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1152: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (3): Braimadicô, o prisioneiro que veio do céu
(...) Veio de helicóptero de Bissau. Como era um Quadro do PAIGC (Comandante e correio entre Conacri e a frente Leste) tive que assinar a papelada da entrega. Isso responsabilizava-nos por tudo o que viesse a acontecer-lhe. Teríamos que justificar em auto. Vinha para servir de guia na operação Lança Afiada, pois tinha sido capturado na zona de Mina.

Foi mal recebido pelo meu grupo. Pouco tempo antes tínhamos sofrido o primeiro morto (Soldado Bessa). Para evitar aborrecimentos foi para a zona das transmissões e perto do cripto. Não era o melhor local. Ficou ao cuidado de um soldado e da malta das transmissões. Boa gente.

O prisioneiro não comeu, bebeu ou falou. Parecia mudo ou desconhecer qualquer língua – português, crioulo, francês ou qualquer dialecto. Sabíamos quem era, que línguas falava. Não colaborar era com ele, por enquanto, claro. Quando fosse necessário, fá-lo-ia. Agora mudo e quedo estava melhor.

Iniciámos a Lança Afiada e ele acompanhou-nos. Fui evacuado no 2º dia e regressei no 4º dia. Soube que se alimentava e pouco mais. Curiosamente, passado pouco tempo, cumprimentou-me em francês e saudou o meu regresso. Além de francês, falava português, crioulo e vários dialectos. Era do Norte, de etnia Bramame. Colaborou e bastante a partir daí. Levou-nos a uma arrecadação de material e não só. Falamos bastante, talvez demais porque, tempos depois Bissau fez perguntas sobre mim! A relação entre nós era boa. Eu queria ter determinados elementos, preciosos para nós além da curiosidade pessoal. Se ele fugisse ou era abatido por nós (apesar do futuro auto) ou era fuzilado pelos seus camaradas do PAIGC. Ambos o sabíamos. Por isso chegou a ter a minha arma na mão.

Se escrever sobre a Lança Afiada contarei (3)… Terminada a operação um héli veio buscar o Braimadicô, como gostava de ser chamado. Assinei novos papéis, um singelo abraço e um cumprimento militar. Porque éramos militares, ele por convicção, eu por obrigação.

Fora o que acima referi nunca mais soube dele. Pensem o que terá acontecido!? Sei lá (...).



(3) O prisioneiro foi utilizado como guia no decurso da Op Lança Afiada (8 a 19 de Março de 1969). Sobre esta operação, que bateu toda a margem direita do Rio Corubal no Sector L1, vd. posts de:

15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII: Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli (Luís Graça)


9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas (Luís Graça)

9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli (Luís Graça)

14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal (Luís Graça)

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2395: Tertúlia de Matosinhos: Jantar de Natal, 27 de Dezembro de 2007 (Luís Graça / Zé Teixeira)

Matosinhos > Leça do Balio > Tertúlia de Matosinhos > Restaurante Bar Vilas > Jantar-convívio de Natal > 27 de Dezembro de 2007 > Discurso do Zé Teixeira... Um peça de antologia, em crioulo, escrita e dita por um homem talentoso, afável, bem-disposto e solidário, o nosso Zé Teixeira, o nosso Esquilo Sorridente... Tenho autorização expressa do Zé para reproduzir aqui a sua voz e a sua imagem... E com este vídeo que saudamos o novo ano que aí vem, o 2008... Que seja bom para todos, a começar pelos portugueses e os guineenses... (LG)
Vídeo: 3 m 58 ss. Alojado no You Tube > Nhabijoes.
Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.

Matosinhos, Leça do Balio > Restaurante Vilas > 27 de Dezembro de 2007 > A tertúlia de Matosinhos... fez um jantar de Natal onde houve distribuição de prendas e não faltou o bolo com o mapa da Guiné... O Almeida cantou, emocionado, o Hino de Gandembel, com um coro de 30 vozes... Claro, eu não tive maneira de me desenfiar. Os organizadores (Zé Teixeira e Álvaro Basto) estão de parabéns... São, de resto, estas pequenas coisas que tornam o nosso blogue grande... (LG).
O Albano (de costas) e da esquerda para a direita, o Pimentel, o Álvaro e o pai dele...

O António Pimentel e o João Rocha...

O Xico Allen, o homem que melhor conhece a Guiné actual, e está a organizar a próxima expedição, por via terrestre, em Fevereiro de 2008... A caravana (a que se juntam uns camaradas de Coimbra e do Algarve) será constituída por 7 jipes e uma carrinha (esta, do Pires, mais conhecido por Pirex, também de Matosinhos).

O Casimiro Carvalho mostrando ao fotógrafo a famosa botelha de uísque Monks, velhinho, uma verdadeira relíquia, trazida da Guiné, em 1974, pelo António Barroso e ali bebida entre os camaradas presentes...

O Paulo Santiago (que veio expressamente de Aguada de Cima, Águeda), mais o Zé Teixeira e o Carlos Vinhal...

O José Casimiro Carvalho, que vive na Maia, e o David Guimarães, que reside em Espinho...

O A. Marques Lopes e a esposa...

Fotos: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.


O restaurante Vilas, na Rua Dom Frei Rodrigo da Cunha, Leça do Balio, foi pequeno para tanta gente e tanto entusiasmo tertuliano... Como combinado, lá estavam os bravos tertulianos de Matosinhos que, habitualmente, se reunem todas as quartas feiras na Casa Teresa, em Matosinhos... com destaque para os organizadores, o Zé Teixeira e o Álvaro Basto.

Eramos cerca de três dezenas de convivas... O Zé trouxe a esposa e a filha, que é a educadora de infância. O filho, que é médico, ficou de aparecer, mas não apareceu. O Álvaro trouxe, além da esposa, o seu pai, que aos 86 anos é já uma figura tutelar da Tertúlia de Matosinhos. Adorei conhecê-lo. Com a idade do meu velhote (que tem mais uns meses, já fez os 87), chegando a estar mobilizado para Cabo Verde no tempo da II Guerra Mundial.

Outros habitués da Casa Teresa (1) não faltaram: O Xico Allen (que vive na outra banda, no concelho de Vila Nova de Gaia), o A. Marques Lopes (acompanhado da sua jovem esposa e do seu filho, o mais novo)...

Outros matosinhenses, que habitualmente não param pela Casa Teresa, por uma razão ou outra, desta vez não perderam o ensejo: lá estava o meu amigo Albano Costa (mais a esposa e o o seu filho e nosso tertuliano Hugo Costa); o Carlos Vinhal, meu distinto co-editor, acompanhado da sua inseparável esposa (que já esteve nos nossos dois encontros anteriores, na Ameira e em Pombal); o David Guimarães, que é natural da Madalena (onde eu costumo passar o Natal e o Ano Novo) e que vive em Espinho, tendo-se reformado recentemente da Segurança Social (trabalhava no Porto, no CRSS)... Vizinho do Albano, que vive em Guifões, é o Joaquim Almeida, conhecido pelo Custóias, e que eu tive o grato prazer de conhecer pessoalmente...

Uma outra grande e grata surpresa foi o aparecimento inesperado do Paulo Santiago (que veio de Águeda, acompanhado da sua filha mais nova, a Maria Luís)... Também tive oportunidade de dar um grande abraço ao António Pimentel, que estava acompanhado de um camarada do meu tempo de Bambadinca, o João Rocha (ex-Alf do Pel Rec Info, da CCS do BCAÇ 2852)... Estes dois rangers estavam acompanhados de outros bravos e feros guerreiros como o Casimiro Carvalho e o Magalhães Ribeiro que apareceram, no fim do repasto, só para tomar café...

Muito agradável foi também reencontrar o Barroso, que veio de Valadares, acompanhado da esposa, e que foi protagonista de uma das muitas supresas da noite: a oferta e a abertura de uma velha garrafa de uísque velho, da marca Monks... O Barroso, que eu conheci em Pombal, era Alf Mil da CART 3492 (Xitole, 1972/74) (2)... De resto da mesma Companhia, era o Álvaro Basto e o Almeida e Silva, também presente no nosso convívio... Fez 36 anos que estes camaradas chegaram à Guiné, no dia 28 de Dezembro de 1971... Esta efeméride e a sua presença no Restaurante Vilas são noticiadas no blogue Xitole.

Enfim, há mais camaradas que estiveram presentes neste singelo convívio e que não aparecem nas fotografias: por exemplo, o Vasco Ferreira, meu parceiro de mesa, que esteve em Cadique Nalu (3)... Peço desculpa pelas omissões, de qualquer modo temos mais fotos (neste caso do Albano Costa) para publicar proximamente...

Devendo ser este o último post que publicamos em 2007, aproveito também a solene ocasião para expressar a todos os amigos e camaradas da Guiné o desejo um belo salto, em paz, em segurança, em saúde, em amor, em liberdade, para o novo ano que aí vem, o de 2008!

Daqui da Madalena, Vila Nova de Gaia, Luís Graça, em meu nome pessoal e dos meus queridos co-editores, Carlos Vinhal e Virgínio Briote (que presumo esteja no estrangeiro).

PS - A tertúlia continuou, já deooisda meia-noite, na casa (vizinha) de um tal coronel DFA, de apelido Marques Lopes... Em horas impróprias, na casa, ecou por Matosinhos o temível Gripo do Ranger, agora um pouco mais gripado do que há trinat e tal anos nas matas e bolanhas da Guiné...


O Grito do Ranger... por João Rocha, António Pimentel, Casimiro Carvalho e Magalhães Ribeiro.

Vídeo: 7 ss. Alojado no You Tube > Nhabijoes.

Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.


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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 5 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2329: O Hino de Gandembel cantado ao vivo na já famosa Casa Teresa, em Matosinhos, sede da delegação Norte da Tabanca Grande

(2) Vd. post de 28 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1708: Tertúlia: Apresenta-se o ex-Alf Mil da CART 3492, António Barroso, Xitole, 1972/74

(3) Vd. post de 2 de Agosto de 2007 >Guiné 63/74 - P2022: Em busca de... (8): Cadique Nalu... e da malta da CCAÇ 4540 (1972/73) (Vasco Ferreira)

Guiné 63/74 - P2394: Quem se lembra das cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes ? (Nuno Rubim)

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > O calvário das colunas logísticas... Foto 511 > Numa das últimas colunas, provenientes de Aldeia Formosa, a ponte, de madeira, sobre o Rio Balana ruíu ao peso de uma GMC cheia de bidões... Na imagem, vê-se a parte posterior da GMC assenta no leito do rio, ainda cheia de bidões... É pena que a foto não seja a cores (1)...

Foto: © Idálio Reis (2007). (Editada por L.G.). Direitos reservados.


1. Mensagem do Nuno Rubim:

Caro Luís

Julgo que o pedido abaixo transcrito foi apenas enviado ao pessoal da Tertúlia, pois só recebi uma resposta, aliás inconclusiva (1). Seria possível publicá-lo no blogue, que dispõe de um público mais alargado ?

Obrigado

Nuno Rubim

2. Mensagem do Nuno Rubim, de 18 de Dezembro:

Assunto - Pergunta ao Blogue sobre cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes

Caro Luís

Quando fôr oportuno, agradeço-te que coloques esta questão no blogue.

Na fase quase terminal da elaboração do Diorama sobre o aquartelamento
de Guileje, ainda me surgem dúvidas ( e mais haverão que ficarão por
responder per secula seculorum...) ! Mas isso é um dado perfeitamente
adquirido e assumido ! Não há complexos ... A História não é uma
ciência ( felizmente, a meu ver ) exacta ...

O pessoal do blogue será certamente capaz de me dar uma ajuda nesta
temática. Questão prosaica, mas aí vai ela ... :

Os bidões metálicos de combustíveis & lubrificantes, que serviram para
inúmeros usos, civis e militares..., tinham várias cores. O padrão era o
mesmo para toda a Guiné e, sem dúvida, para todas as outras frentes de
guerra e mesmo para a Metrópole.

Do que me lembro (e é fortemente possível que esteja enganado ), creio que
as cores eram a seguintes:

Vermelho: Gasolina
Azul : Gasóleo
Verde claro: Petróleo
Amarelo : ???
Outras côres : ???


Agradece-se, pois, qualquer contributo nesta questão.

Nuno Rubim

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Nota dos editores:

(1) Vd. troca de correspondència com o Santos Oliveira, em 19 de Dezembro de 2007:

(i) Caríssimo

Estou a tentar saber o código de cores dos combustíveis e lubrificantes. Está a ser difícil, porque o fim da guerra também trouxe a extinção desse código. Coincidências (???). Estou a tentar encontrar pessoal que, ao tempo, trabalhava no ramo. Darei notícias logo que as possua. Entretanto, para informação, apenas são obrigados a ter símbolos; as cores, são as que cada Companhia arbitrariamente queira utilizar.

Um Feliz Natal, e um abraço, do
Santos Oliveira

(ii) Caro Camarada:

Obrigado pela sua resposta.

Acho que não, o sistema de côres devia estar estandardizado, senão
seria uma confusão medonha logo nos centros de expedição.

Também lhe desejo a si e sua Família um Feliz Natal.

Um abraço

Nuno Rubim

(iii) Camarada amigo

É verdade que com as antigas Normas DIN, assim era. Entretanto foram criados determinados símbolos sobre diversos produtos de risco e foi determinada a utilização desses desenhos. Nos carros de transporte funciona com cor alaranjada e um número; esse número é que indica o tipo de produto transportado. O resto…

Vamos esperar mais um pouco e talvez se concretize o teu saber acerca deste assunto.

Um novo e maior abraço, do
Santos Oliveira

(iv) Amigo Santos Oliveira

Assim era, mas uma coisa eram as Normas sobre símbolos dos produtos
de risco (aliás ainda em uso, embora alguns diferentes, de acordo com as
regulamentações da OTAN ), outra as côres dos bidões de combustíveis e
lubrificantes para distribuição às unidades.

Mas como disse, vamos esperar por mais contribuições.

Um grande abraço

Nuno Rubim

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Nota de L.G.:

(1) Vd. post 18 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2117: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (10): O terror das colunas no corredor da morte (Gandembel, Guileje)

Guiné 63/74 - P2393: Álbum das Glórias (36): O meu Racal TR 28-B2 (António Santos, Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74)

Guiné > Zona Leste > Sector L3 > Nova Lamego > O A. Santos, Op Trms, Pel Mort 4574 (1972/74)

Foto: © António Santos (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do António Santos, ex-Sold Trms, Pel Mort 4574/72, Zona Leste, Sector L3, Nova Lamego,1972/74.

Carlos:

Antes de tudo desejo um bom ano de 2008 para ti e familiares, que corra tudo como esperas.

De seguida para que o pessoal da Tabanca Grande veja o que era um Racal TR 28-B2, envio esta foto tirada nas traseiras do edificio do comando em Nova Lamego.

Na imagem, podemos ver a bolsa própria do Racal (para protecção do aparelho), e que já trazia suspensórios. Isto foi só para a foto (1).

Um alfa bravo

A. Santos
Pel Mort 4574
SPM 2558
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Nota dos editores:

(1) Vd. post de 30 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

Guiné 63/74 - P2392: Memória dos Lugares (3): Porto Gole (Henrique Matos, Pel Caç Nat 52, 1966/68)

Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > Marco comemorativo do V Centenário da chegada do primeiro explorador da Guiné, em Porto Gole, fotografado em 1966. Este é o lado oposto à fotografia do Jorge Rosmaninho (1). Dizeres, gravados na pedra: "Aqui chegou Diogo Gomes, primeiro explorador da Guiné, no ano de 1456".

Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > "Com esta vestimenta, até parece que andava a fazer turismo"


Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > "Os 3 Furriéis Milicianos do Pel Caç Nat 52: Sentados, Vaz e Altino; de pé, Monteiro"

Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > "Eu, à esquerda, com os Fur Mil Altino ao centro e Vaz à direita".

Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > "Vista para o rio Geba com o Posto de Sentinela e o Marco, ao fundo".
Fotos e legendas: © Henrique Matos (2007). Direitos reservados

1. Mensagem do Henrique Matos, ex-Alf Mil do Pel Caç Nat 52 (Enxalé e Porto Gole, 1966/68):
Caros tertulianos:

Já que o Luís lançou um repto ao dizer que "há poucas referências e pouca documentação sobre Porto Gole" (1) aqui vão cinco imagens feitas em 1966/67 relacionadas apenas com o Marco ou Padrão, erigido para comemorar o V Centenário da Descoberta da Guiné e que, ao ver a fotografia do Jorge Rosmaninho do Blog Africanidades, parece ter resistido ao processo de desmantelar os rastos deixados pela potência colonial.

A qualidade é muito fraca, mas é o que se pode arranjar. Gostei de ver a fotografia da moeda de 1 escudo que foi emitida naquele Centenário, penso que há outra de 50 centavos, que o Joaquim Almeida (Custóias) encontrou na bolanha de Porto Gole (2). Provavelmente refere-se à região de Bissá (chão Balanta), de má memória para mim e muitos camaradas, que fica entre Porto Gole e Mansoa.

Grande abraço
Henrique Matos
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Notas de L.G.: