sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3497: O Nosso Livro de Visitas (45): Augusto Pereira da 2.ª CART/BART 6521 e António Ribeiro, ex-Fur Mil



Augusto Fernando Araújo Pereira

1. Mensagem de Augusto Fernando Araújo Pereira, com data de 22 de Setembro de 2008:

Em breve darei mais noticias

um abraço
augusto pereira

Augusto Pereira Nº 078/643/72
Incorporado em 08 de Maio de 1972
Embarquei para a Guiné em 27 de Dezembro de 1972
Batalhão 6521 - 2ª C. Art.
Desembarquei em Lisboa a 25 de Agosto de 1974

2. Comentário de CV

Caro camarada Augusto Pereira, depois da tua curta mensagem, esperámos algum tempo por notícias tuas, mas nunca mais disseste nada.

Esperamos o teu próximo contacto para nos contares algo mais sobre o teu Batalhão, sobre a tua Companhia e especialmente sobre ti. Qual era o teu posto e a tua especialidade, onde vives, etc.

Recebe um abraço da Tertúlia e aparece na Tabanca Grande porque temos a porta sempre aberta.
CV


Ex- Fur Mil António Ribeiro

1. Comentário do nosso camarada António Ribeiro, ex-Fur Mil, deixado no poste de 22 de Outubro de 2008 Guiné 63/74 - P3342: O meu baptismo de fogo (15): Estrada de Buba-Aldeia Formosa, 22 de Julho de 1968 (José Teixeira):

Participei na coluna Buba/Aldeia Formosa que levou os obuses. Eu ia a pé junto ao matador (viatura) que transportava o primeiro obus. Quem também ia na viatura atingida pela mina, causa da morte do radiotelegrafista, era o capitão Rei, que, milagrosamente, não ficou ferido não obstante ter sido projectado a mais de quatro metros de altura.

Por força das circunstâncias era eu que comandava os pelotões de artilharia não obstante ser furriel miliciano.

Estou a escrever "Guiné-1967/1969 Episódios da guerra colonial".

Caso haja interesse para qualquer troca de impressões deixo o meu contacto (*)

Um grande abraço a todos.
21/11/2008
António Ribeiro

2. Caro António Ribeiro

Obrigado pelo teu comentário ao poste 3342.

Julgo que referes o facto de estares a escrever um livro sobre a tua comissão de serviço na Guiné. Estamos disponíveis para a devida divulgação do mesmo, quando estiver em ordem de publicação e/ou apresentação pública.

Se tiveres tempo disponível, sem prejuízo do teu livro, podes aderir à nossa Tabanca Grande (Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné), onde serás bem recebido e onde poderás contar algumas das tuas experiências enquanto combatente na Guiné.

Em nome dos editores e da tertúlia deixo-te um abraço.
CV
____________

Notas de CV

(*) Endereço electrónico e número de telemóvel a fornecer a quem o solicitar.

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3475: O Nosso Livro de Visitas (44): Fernando Inácio

Guiné 63/74 - P3496: Hospital Militar Principal: Fazendo mini-caixões antes de ser mobilizado (António Santos)


O actual Hospital Militar Principal, à Estrela, em Lisboa, instalado num antigo convento, nasceu de uma vasta rede de hospitais militares portugueses, criada no reinado de D. João IV por ocasião da Restauração, na década de 1640. Sofreu sucessivos aumentos e remodelações. Em 1961, foi criado o Centro Ambulatório de Doentes e Convalescentes, o famigerado Anexo de Campolide, por onde passaram milhares de camarados nossos , feridos graves, evacuados dos três teatros de operações da Guerra do Ultramar. Esse Centro ocupou as antigas instalações do Aquartelamemnto de Campolide, onde até então funcionava o Regimento de Artilharia nº 1.

Vd. Sítio do Hospital Militar Principal > Instituição


1. Mensagem de António Santos (*):

Camaradas e amigos da tabanca grande e pequena.

Saúde para todos.

LG/CV/VB.

O Luís escreveu no poste 3485 (**), passo a citar:

" É estranho que ao fim de 3 anos e meio de blogue ainda não tenhamos aqui o testemunho, na primeira pessoa do singular, de um camarada que tenha passado pela Estrela", fim de citação.

Eu não estou na pele da primeira pessoa do singular, mas já que o Luís puxou pelo assunto, eu vou contar o que se passou comigo, e de certeza com muitos mais camaradas.

Este é um assunto que tenho evitado contar, por motivos óbvios, porque devem compreender quando se escreve no blogue sobre estropiados, nem calculam o que se passa na minha cabeça, as recordações de muitas das situações que vi e vivi no HMP.

Ainda hoje não sei o porquê de, após o terminus da especialidade de TRMS de Infantaria, me terem enviado para o HMP em diligência. Quando lá cheguei, e talvez pela minha profissão de então (Estofador de móveis, portanto trabalhava com madeira), fui mandado para a carpintaria que na época se situava num local chamado a cerca. Era onde estavam algumas oficinas, esse local ficava mesmo por trás da Basílica da Estrela, esta descrição toda para quem não conhece o local mas, pelo menos, já viu a Basílica na TV.

Portanto, cá o rapaz, querendo ou não, tinha que ver o resultado da guerra, nas deambulações diárias pelo hospital, incluindo anexo e urgências. E embora não fosse propriamente um menino que tivesse vivido em redoma de vidro, aquelas imagens chocavam os mais fortes, eles eram de cadeiras de rodas, de canadianas, (agora), na altura eram muletas, cabeças rapadas cheias de cicatrizes, só entrava nas enfermarias quando tinha que ser, uma vez mandaram que fosse à morgue mudar uma fechadura, etc.

Como se não chegasse para pôr o bom do militar a bater mal, o meu trabalho principal na carpintaria era fazer caixas, caixões em miniatura para as pernas que os cirurgiões iam cortando. Quando tocava o telefone com origem na medicina, era certo, só havia 2 perguntas, 90 ou 1.20, isto em centímetros, e dependia por onde o cirurgião cortava.

Passados que foram 2 meses e meio de HMP, fui mobilizado para a Guiné. Não foi, não é fácil recordar situações destas.

Um alfa bravo, para todos.

AS
SPM 2558
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. os postes do nosso amigo e camarada António Santos (Recorde-se que ele foi, na outra incarnação, Sold Trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74, é membro da nossa Tabanca Grande desde 15 de Maio de 2006; mora em Caneças, mas é (ou era...) um puto reguila, alfacinha):

11 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3439: Falando sobre o seu amigo Gregório (António Santos)

23 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3089: Antropologia (7): As tabuinhas das escolas corânicas: tradutor de árabe, precisa-se (A. Santos / Luís Graça)

31 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2393: Álbum das Glórias (36): O meu Racal TR 28-B2 (António Santos, Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74)

7 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1821: Armamento do PAIGG (2): Mísseis terra-terra Katyusha ou foguetões 122 mm (A. Santos)

23 de Maio de 2007> Guiné 63/74 - P1781: Ambulância do PAIGC, de fabrico soviético, capturada pelo Marcelino da Mata, em Copá (A. Santos)

20 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1448: Os quatro comandantes da CCAÇ 2586 (A. Santos)

12 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1422: A derrocada do Leste e a mina que desgraçou o meu amigo de infância André, da CCAV 3864 (A. Santos)

27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1216: A batalha (esquecida) de Canquelifá, em Março de 1974 (A. Santos)

22 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1103: Breve historial do BCAÇ 1911 e do BCAÇ 1912 (A. Santos)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1097: Imagens chocantes do cemitério de Bambadinca (A. Santos)

4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P934: Da Casa da Mariquinhas do Gabu à Senhora Malária que me atacou seis vezes (A. Santos, Pel Mort 4574)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P900: O 25 de Abril em Nova Lamego (A. Santos, Pel Mort 4574/72)

21 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P892: Memórias de Nova Lamego com o Pel Mort 4574/72 (A. Santos)

29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXI: Os cagaços de um periquito a caminho do Gabu (A. Santos, Pel Mort 4574/72)

8 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXIV: Nunca digas jamais (António Santos, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego)

(**) Vd. poste de 20 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3485: Gloriosos malucos das máquinas voadoras (13): Os MAN - Mecânicos de Material Aéreo e o outro lado da guerra (João Coelho)

(...) "O João Coelho, que é um leitor atento e apaixonado do nosso blogue, e membro da nossa Tabanca Grande, é daqueles camaradas das Força Aérea que, nunca tendo estando em serviço na BA 12, Bissalanca, Guiné, esteve perto de nós, dos nossos feridos graves, recambiados para Lisboa, para esse outro inferno que era (imagino!) o Hospital Militar Principal, à Estrela, mais os seus anexos...

"É estranho que ao fim de 3 anos e meio de blogue ainda não tenhamos aqui o testemunho, na primeira pessoa do singular, de um camarada que tenha passado pela Estrela" (...)

Guiné 63/74 - P3495: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (18): Vem nos manuais de sobrevivência, está lá tudo..

Retirada? É por escalões...


Paulo Santiago

ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 53
Saltinho 1970/72



entre o Quirafo e Corubal, zona do Cantoro, onde se notam áreas sem mata.

Lá pelos idos de Março de 71, houve um, mais um, patrulhamento para as bandas do Cantoro, a quem já chamei rio, mas o rio, melhor linha de água, chamava-se Quebeiel, correcção que faço após conversa, em Março/08, com o ex-IN, comandante Paulo Malú.

Cantoro era a zona de mata, pouco densa, que se estendia praticamente desde o Quirafo até à foz do Quebeiel no Corubal.
Voltando ao patrulhamento. Dois grupos de combate, o Pel Caç Nat 53, comandado por mim, e o 1ºgrupo da CCaç 2701, comandado pelo Fur Mil Josué, na ausência do Alf Mil Julião.
Saímos do Saltinho às 04h00, direcção a Madina Buco, donde tinha saído o pelotão, lá destacado, a picar a estrada até ao Quirafo. Antes de continuar, devo dizer que as saídas do Saltinho, nestas ocasiões, em que metia distribuição de ração de combate, gerava uma tremenda confusão entre os militares do 53, onde a maioria muçulmana procurava quem trocasse os enlatados com carne de porco pelos de carne de vaca. Acabava por haver solução.

Chegados ao Quirafo, vá de apear e seguir a butes até ao Corubal. Com mata pouco densa, grandes extensões sem vegetação, época seca, o calor, a sufocar, era um suplício, sendo que o dito rio Cantoro/Quebeiel só próximo da foz, nesta altura do ano, apresentava umas poças de água com bicharada minúscula, mas à falta de outra também esta se bebia. Dormimos uma noite por aquelas bandas tendo regressado ao Saltinho pela hora do almoço. Estava lá o Major Sousa Teles, 2ºcomandante do batalhão de Galomaro, bom homem, mas que daquela guerra não percebia puto, que pergunta ao Josué, que vinha com cara de chateado, pudera, como tinha corrido o patrulhamento.
- Oh meu Major, um gajo passa muita sede para aquelas bandas. O Cantoro só tem umas poças de água que não dão para encher dois cantis e daqui a três meses aquilo é um mar de água onde ninguém passa.
Resposta do Major Teles:
- Josué tem de ler os manuais de sobrevivência, vem lá tudo explicado, a seca do rio é aparente você cava meio metro, encontra água e até...peixes. E continua com a lição:
- Quanto à passagem, quando existe muita água também há solução: levam uma corda aí com uns 100 metros, um militar que saiba nadar agarra numa ponta e vai amarrá-la a uma árvore na outra banda, depois passam todos com uma mão na corda.
Já se encontravam, nesta fase, mais militares a assistir a esta lição e o Alf Mil Oliveira diz:
- Meu Major, passaram todos para o lado de lá do Cantoro, encontram um bi-grupo do IN, são forçados a retirar, como fazer essa retirada?
- Oh Oliveira, essa pergunta não tem cabimento. Retirada? É por escalões...vem nos livros.

P.S.: Conheci dois Sousa Teles, irmãos, ambos Majores, um era este de Galomaro, de Infantaria, o outro conheci-o em Bambadinca, de Artilharia, 2ºcomandante do batalhão do Mexia Alves.
Com este, artilheiro, tive pouco contacto, mas o bastante para perceber que eram diferentes.

_________

Notas: Artigos da série em

9 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3189: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (17): Instrutor de milícias em Bambadinca (Out 1971).

Guiné 63/74 - P3494: Histórias de um oficial da CHERET (José Paracana) (1): Alfero, quer parte cabaço ?


Texto e foto: © José Paracana (2008). Direitos reservados

1. Mensagem de 19 de Novembro de 2008, do nosso camarada José Paracana (*)

Assunto - Contributo


Queridos camaradas do glorioso blogue em que perpassa a história dos combatentes no TO da Guiné-Bissau, nos idos de 60 a 74!

Tenho alguns documentos originais, referentes à guerrilha que assolou o pequeno território africano. Para já, tenho que os descobrir, mas hei-de os descobrir quando menos os procurar, como é costume!

Dado que fui oficial de segurança das transmissões (Cheret) (**), no QG, em Bissau, são do âmbito aqui citado, e têm o seu interesse realtivo!

Hoje, porém, vou narrar o que a fotos inclusa me suscitou. Nomeadamente as bajudas que nelas figuram.

Passeando pelas ruas da cidade, depois de acabado o serviço, à paisana, era frequente vir até à baixa, à zona dos cafés e bares. Não raro topava com a africana oferta, expressada por homens meio andrajosos e, por certo, sem contemplações pelas desgarçadas filhas ou familiares
que dominariam. O palavreado era simples e conciso:
- Alfero!? Quer parte cabaço? Tem bajuda novinha...! - E depois aventava os pesos que queria em paga!

Sabe-se que a cultura africana é bem diversa, nestas questões de arranjar algum dinheiro com base no proxenetismo praticado. Para ter mulher o pessoal compra, se tiver meios... Para nós europeus, a transacção é repugnante e abjecta. Mas não é momento já para reprovações, numa terra onde há e havia tantas... provações! O estômago ou o vício falavam mais alto, e no masculino! Era assim. Oxalá possa ter mudado... Por cá, infelizmente, é a escravatura ou a pedofilia!!!

Pronto. No futuro continuarei a propor mais textos que descrevam e iluminem a minha guerra, passada à volta da escuta-rádio, com cerca de vinte camaradas (cabos) a gravar o que mais adiante contarei!

Saúde e boas memórias!

José Paracana (*)
ex-alferes miliciano,
QG, Bissau,
CTIG, 1971/73

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Notas de L. G.:

(*) Vd. postes de

23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3230: Tabanca Grande (89): José Paracana, ex-Alf Mil, Analista de Segurança das Transmissões, QG do CTIG, 1971/73

13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3201: O Nosso Livro de Visitas (26): José Paracana, ex-Alf Mil, QG do CTIG, 1971/73

(**) CHERET: Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões, criada em 1959, em substituição da CHECIE (Chefia de Cifra do Exército), cuja criação data de 1952.

Hoje há o Centro de Informações e Segurança Militar (CISM), enquanto unidade da Estrutura Base do Exército, directamente dependente do Comando Operacional do Exército Português, instalada na Ajuda, em Lisboa. Tem a responsabilidades pelas actividades de criptologia, informações, contra-informação e segurança militar do Exército.

Guiné 63/74 - P3493: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (10): Eh mulher! Bó tem sanju na barriga... (Alberto Branquinho)

Paternidade instantânea

Alberto Branquinho
ex-alf mil CArt 1689
1967/69

Em sentido contrário aproximava-se uma mulher em adiantado estado de gravidez, caminhando com dificuldade, amparada ao muro.

O sargento, que estava a observá-la:
– Ó meu alferes, escute lá esta.


Então, dirigindo-se à mulher grávida:
– Eh mulher! Bô tem sanju na bariga…
Ela disparou imediatamente:
– É, noss’ sargenti. Fidju di bô.
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Notas de vb: Artigos da série em

3 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3395: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (9): Tempo de Gandembel...(Alberto Branquinho)

Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim, em Julho de 1961, com a G3, com o 1º Gr Comb da CCAÇ 84 (Alberto Nascimento)

(i) Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 84 > 1961 > "Eu, à esquerda, com capacete na mão, e o meu camarada e amigo Maximino, de G3 ao ombro"

Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 84 > 1961 > "Eu, num baga-baga, com a G3, a armar-me aos cucos"

Guiné > Bissau > 1961 > "Numa formatura, ainda em 1961, em Bissau, depois do meu pelotão regressar de Farim, frente ao palácio do governador, Peixoto Correia... já todos os camaradas estão equipados com G3".

Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Buruntuma > CCAÇ 84 > Fevereiro ou Março de 1962 > "Na zona dos Bucurés, a malta da companhia, com a G3"

Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 84 > 1962 > "Mais uma pose para a fotografia, a G3 sem carregador".

Fotos e legendas: © Alberto Nascimento (2008) Direitos reservados

1. Mensagem, de 18 de Novembro, do Alberto Nascimento, a quem tinha, há dias, desafiado para me mandar fotos com a G3 (Alberto: Não tens uma foto tua... com a G3 ? Há malta incrédula com a tua história... G3 na Guiné em Julho de 1961 ?!... Um abração. Luís):

Amigo Luís

Para esclarecimento sobre o Caso G3, só posso confirmar o que escrevi para o blogue (*): Em Julho de 61 o meu pelotão recebeu a G3 e deslocou-se de urgência para Farim (**).

(i) Reenvio uma fotografia tirada juntamente com o camarada e amigo Maximino, (falecido em 2005), após um reconhecimento na zona. Do meu equipamento apenas tenho o cinto com os carregadores da G3 e o capacete, mas aquilo que o Maximino tem ao ombro é uma G3:

(ii) Envio outra fotografia, também de Farim, daquelas que se tiram “a armar aos cucos”, também com a G3;

(iii) Os restantes camaradas da companhia devem ter recebido a arma algum tempo depois, porque na formatura que fizemos ainda em 1961, em Bissau, depois do meu pelotão regressar de Farim, frente ao palácio do governador (Peixoto Correia), no render da parada, ou da guarda, ou coisa do género, já todos os camaradas estão equipados com G3;

(iv) Do destacamento seguinte, Buruntuma, Fevereiro ou Março de 1962, reenvio uma fotografia tirada na zona dos Bucurés, onde se pode verificar que os militares usam a G3;

(v) Do destacamento de Piche, mais uma pose só para a fotografia, com G3 mas sem carregador.

Do destacamento seguinte, Bambadinca, já falei de G3 quando relatei a operação Samba Silate (***), mas lamentavelmente não tenho fotografias com G3 para enviar.

Com ou sem licença, fabricadas ou não pela Fábrica Nacional de Braço de Prata, esta é a realidade e embora admita falhar quando menciono este ou aquele mês nas deslocações para os vários destacamentos, a ida para Farim e o recebimento da G3 são um dado que está absolutamente correcto, seja qual fôr a data convencionada para o início da história da guerra na Guiné e, com todo o respeito, as opiniões divergentes dos camaradas quanto a este assunto das G3.

Um Grande Abraço

Alberto Nascimento

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3459: Histórias da velhice (1): Eu e o 1º Pelotão da CCAÇ 84 em Farim, em Julho de 1961, em socorro de... Guidaje (Alberto Nascimento)

(**) Vejam os seguintes comentários:

(...) Joaquim Mexia Alves

Não coloco obviamente em causa esta história, mas tenho de achar muito estranhas as datas. Não só por tudo aquilo que se julga saber, mas porque um meu irmão mais velho embarcou para Angola em 62 e, ao que me lembro, fez toda a comissão com a Mauser.Haveria já na Guiné a G3?Talvez, não digo que não!

Abraço camarigo
Joaquim Mexia Alves

José Colaço

É bem possível haver aqui um desfasamento de um ano porque só em 1962 é que a FMBP - Fábrica Nacional de Braço de Prata conseguiu licença para fabricar a HK G3. A minha companhia quando chegou a Guiné em Dezembro de 1963 recebeu a G3. Mas lembro que só na última semana quando estávamos a aguardar embarque, é que apareceu por lá uma G3a cheirar a nova para treino. Toda a instrução tinha sido com a velha mauser.

Um alfa bravo. Colaço


(**) Vd. último poste desta série 28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3374: Controvérsias (8): Cherno Rachide Djaló: um agente duplo ? (José Teixeira / Manuel Amaro / Torcato Mendonça)

(***) Vd. poste de 11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2930: Bambadinca, 1963: Terror em Samba Silate e Poindom (Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84, 1961/63

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3491: O meu enquadramento sócio-político-financeiro, religioso e académico na Guerra do Ultramar (III). António Matos.



Nem em férias se deixava de pensar na Guerra

Ao tentar fazer uma retrospectiva que me permita classificar o período mais complicado daqueles dois anos passados na Guiné, julgo que não errarei se disser que foi aquele que sobreveio ao 2º período de férias que vim passar à Metrópole.

Foi, de facto, pungente, uma vez que o menino que tinha ido para a guerra se fizera rapidamente homem à custa de doses maciças de experiências traumatizantes e nunca antes imaginadas como fazendo parte do seu espólio de vida.

Assistir à morte a tiro de um camarada ou ao esquartejar dum corpo por via de um engenho bélico, provoca alterações comportamentais que não consigo descrever tal a sua bestialidade.
Endurece-nos a alma e o coração, e questiona-nos sobre o porquê da selvática obsessão que o homem tem em ferir e matar o semelhante por um prazer sórdido, não se confinando a meras questões de sobrevivência.
No reino animal não há outro que o faça, e isso é alarmante.
A guerra inicia o processo; a vida moderna dá-lhe continuidade !
Este é, definitivamente, assunto para ser dissecado por António Damásio nos seus estudos sobre o cérebro e as emoções humanas, deixando para nós a observação silenciosa das consequências incompreendidas.
E essas variam de acordo com a estrutura de cada um ; há os que conseguem regenerar os bons neurónios e há aqueles a quem a substituição dos fusíveis sensoriais não se tornou possível deixando-se cair na lascívia da loucura.

Vivia-se o período entre Abril 1972 e Setembro 1972.


Durante o período de férias, soltaram-se-me os meus monstros na perspectiva dum regresso para uma realidade já sobejamente conhecida e não desejada.
Os dias passados essencialmente em família já eram vividos em regime de countdown o que provocava uma tensão crescente mas que, curiosamente, fazia despertar o sentimento de solidariedade para com os camaradas que se mantinham no teatro das operações e isso fazia aumentar a adrenalina que nos impulsionava para a luta pela vida.

A despedida e o regresso à Guiné foram dificílimos, ainda que animado por se estar na recta final da comissão. Talvez por isso mesmo...

Foi um final para nervos de aço pelo cariz extremamente psicológico a que fomos submetidos.
Nos últimos dias, uma verdadeira acção de terrorismo desencadeada pelo IN, em Bula, destruiu o resto da moral que nos restava ao vermos as consequências da deflagração de uma armadilha na mesa dum café existente na terra, repleto de soldados que se desdobravam em despedidas de amigos feitos, e das namoradas dos últimos 2 anos, algumas das quais com filhos cuja assumpção de paternidade assustava alguns hipotéticos pais...

Foi com este espírito perturbado mas a gozar os primeiros laivos de liberdade que embarcámos no Boeing da Força Aérea para a derradeira experiência para muitos soldados que foi o baptismo de voo.
Quatro horas depois, com a Ponte 25 de Abril em cenário majestoso, não se conseguiram evitar lágrimas de uma alegria imensa, com um sentimento de missão cumprida e o desejo dum abraço amado que tardava, malgré tout.

Seguiram-se 36 anos de outras guerras mas onde os ensinamentos daquela dão azo a uma douta sabedoria que urge preservar.
Este meu texto pretende ser o fechar do ciclo do meu enquadramento pessoal naquele conflito.
Tentei transmitir, sem pretenciosismos, a maneira como o vivi e como dele me aproveitei como trampolim para uma vida que pretendi coerente, realista e feliz.
Se os vindouros quiserem e puderem lucrar alguma coisa com estas descrições, fico satisfeito.


António Matos

ex-Alf Mil da CCaç 2790

Bula 1970/72

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Notas: Artigo relacionado em

Guiné 63/74 - P3490: Em 10 Setembro de 1974 nas bancas de Bissau, "A Voz da Guiné", o 1º jornal da nova República. (Eduardo Magalhães Ribeiro)


"A Voz da Guiné", o primeiro jornal da nova República da Guiné-Bissau




Amigos Vinhal, Luís e Briote

Envio aqui anexo mais algum material que poderá ficar bem no blogue.
O primeiro jornal da Guiné livre "A VOZ DA GUINÉ", com a data de 10 de Setembro de 1974, relembro que temos no blogue, em posts anteriores, a descrição e fotos da cerimónia da cerimónia de entrega oficial do poder político ao P.A.I.G.C., que ocorreu no quartel em Mansoa, em 9 de Setembro desse mesmo ano.


cópia da 1ª página do 1º nº da "Voz da Guiné". Ficamos a aguardar as outras 3 e tentaremos reproduzi-las na íntegra. Gratos ao Eduardo M. Ribeiro pelo envio de mais um documento de indiscutível interesse.

O jornal é constituído por 4 páginas, todas idênticas à primeira, em que a nova bandeira da Guiné-Bissau ocupa meias páginas. Se acharem interessante enviarei as outras 3 páginas para publicação.

Anexo também algumas palavras de indignação, que escrevi sobre o comportamento político em relação aos ex-Combatentes da Guerra da Ultramar; "Sombras desta pseudo-democracia", pois a falta de aplicação prática da lei 9 /2002, e o ostracismo a que somos votados provoca o espanto e a indignação, até de alguns dos nossos "putos" que, apercebendo-se de tamanha injustiça, acham inacreditável e inaceitável tal atitude.


Sombras desta pseudo-democracia!

Éramos uns “putos”... feitos Homens!
Arrancados aos bancos dos liceus
Largando mães, namoradas, esposas...
Enfiados em quartéis... longe dos seus

Éramos uns “putos”... mas tesos!
Sabíamos que o destino era a guerra
Lá... muito longe... em meio hostil...
Pleno de mata, trilho, rio e serra

Éramos uns “putos”... com vinte anos!
Que crescemos mais rapidamente
Cientes que a "coisa" era… séria
Cheia de riscos... perigosamente!

Éramos uns “putos”... mas solidários!
Soubemos ultrapassar as dificuldades
À custa de vasto suor e muito sangue...
Algumas cicatrizes e enfermidades

Éramos uns “putos”... quase imberbes!
Instruídos p'ra matar... custa a crer!
Imbuídos duma obsessão suprema;
Acima de tudo... sobreviver!

Éramos uns “putos”... uma geração!
Lidamos com as privações e a morte
Cada um teve a sua missão
Com maior ou menor dose de sorte

Éramos uns “putos”... temperados!
Quantas vezes superamos as fraquezas
Para dar uma ilusão de sermos fortes
De modo a derrotar dores e tristezas!

Éramos uns “putos”... Grandes… enfim!
Fomos lá... cumprir... melhor ou pior!
Cada um com seus receios... medos!
Em nome dum Império duro e opressor

Hoje estes “putos”... já são avós!
E uma coisa estranham... revoltados!
O repugnante ostracismo político
A que, como ex-combatentes, são votados!

Quando pensaram: “Cumpri com a PÁTRIA!”
Descobriram, digamos que... espantados!
"Somos sombras desta pseudo-democracia!”
Pura e simplesmente... ignorados!"

Cientes que os voluntários foram poucos
E os que não fugiram foram bastantes
A indignação é tanto mais e revoltante…
Quanto os sentimentos são frustrantes

Rezando pelos que entretanto vão “partindo”
Vão dando continuidade à vida… desgostosos
Desta imensa e repulsiva ingratidão
Por parte de políticos velhacos e rancorosos

Mantendo porém… firmes a sua esperança
Que neste país após a “abrilada”
Políticos com sentido e Amor Pátrio
Lhes prestem justiça e… mais nada

Porque tudo deram… do seu melhor!
Por vezes… sabe Deus com que sacrifícios
Dez mil morreram na flor da idade, e…
Milhares ainda sofrem mil malefícios!

Trocando experiências e memórias
Estes homens convivem entre si… alegremente
Tornam-se amigos, camaradas... irmãos…
Entre palavras, risos e choros... intestinamente!

Ainda agora acabei de ouvir na TV que nos E.U.A. (país de grandes contradições e maldizeres), o patriotismo e a estima pelos seus veteranos de guerra, são valores que o povo cultiva e respeita com o maior rigor e carinho, ainda que o mesmo povo pene, nos dias de hoje, sobre algumas das mais negras vicissitudes do seu passado histórico.
(...)

Um abraço amigo do Pira de Mansoa

M.R.

Eduardo Magalhães Ribeiro
__________

Notas:


1. Eduardo Magalhães Ribeiro (ex-furriel miliciano O. E. da CCS do BCAÇ 4612), em 9 de Setembro de 1974 arreou a última bandeira portuguesa, no quartel de Mansoa, na presença de representantes do PAIGC que, por sua vez, hastearam a bandeira da nova República da Guiné-Bissau.

2. Artigos do Autor em

Guiné 63/74 - P3489: Blogues da nossa blogosfera (4): Nasceu o bloguinho, o blogue da Tabanca de Matosinhos (Álvaro Basto)



Blogue Tabanca de Matosinhos & Camaradas da Guiné: Nasceu ontem, na blogosfera... E o primeiro poste tem por título "Há festa rija quando o Zé faz anos"... O Zé não é o de Matosinhos, o Esquilo Sorridente, o mas o Zé da Régua, o José Manuel Lopes, o Josema, o poeta de Mampatá, o vitivinicultor da Quinta da Graça, em São João de Lobrigos, no Alto Douro...

Dizem os progenitores, que o bloguinho nasceu à imagem e semelhança do blogue da Tabanca Grande, o nosso blogue, o blogue de todos nós... Reparem no endereço: http://tabancapequenadematosinhos.blogspot.com/

Apresenta-se como um "espaço feito para e por ex-combatentes da Guerra do Ultramar na Guiné e que se juntam semanalmente em Matosinhos para perpetuarem uma amizade iniciada na sua juventude em África em tempos de Guerra"...

Fotos: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008)


1. Mensagem do Álvaro Basto (*), enviada às 23h50 do dia de ontem...

Caros amigos editores do Bloguesforanada... (**)

Parabéns... Acabam de dar à luz o primeiro filho do vosso extraordinário blogue...

Nasceu o Bloguinho... Tabanca de Matosinhos

Espaço necessariamente pequeno e despretencioso que não pertende outra coisa do que ir relatando esta sã convivência que semanalmente se vive em Matosinhos.

São todos Amigos e Camaradas da Guiné do Blogue do Luís Graça e por isso se escolheu um tema e um formato em tudo idêntico ao do Blogue pai.

Pedimos pois humildemente a vossa paternal benção.

Um grande abraço

Tertúlia de Matosinhos
(Alvaro Basto & Companhia....)


2. Comentário de L.G.:

Álvaro e demais amigos e camaradas da Tabanca de Matosinhos:

Assumimos com grande alegria a paternidade da criança, mas as mães são...vocês, seus grandes malandros!... Nem sequer houve barrigas de aluguer nem foi precisa a inseminação artificial!... Tudo muito natural, à moda em antiga, sem parteira, só com aparadeira... O parto correu bem e a criancinha é perfeitinha, era isso mesmo que se desejava. Só espero que seja muito melhor do que o pai... e as mães...

Tenho que reconhecer que vocês são mesmo um caso sério, um verdadeiro case study (estudo de caso), como dizem os nossos gestores. Os campeões da convivialidade e da camaradagem! E mais: uma tabanca a valer,onde há portistas, leixonenses, boavisteiros, benfiquistas, sportinguistas, e até belenenses, ao que sei!

Que o vosso belo exemplo se multiplique por mil... e que a vida seja generosa para todos vós, camaradas da Tabanca de Matosinhos, de modo a poderem ver a criancinha andar, falar, escrever, crescer, e por aí fora... Aguentem-na (e aguentem-se...) pelo menos até à idade de ela... ir às sortes. E que tenha mais sorte que a vossa, a nossa, nessa idade...

Prometo no Natal celebrar o acontecimento, aí no novo reordenamento do Milho Rei (***)... Não sei se conseguirei estar aí no dia 19, mas que vai ser de arromba, vai... Vou passar a Consoada na Madalena e depois sigo, a 26, para a Maderia...

Vejam só o anúncio da festa de Natal dos atabancados de Matosinhos, amigos e camaradas da Guiné, digam-lá se não ficam mesmo com uma pontinha de ciúme por toda esta manifestação de alegria, juventude e camaradagem:

JANTAR DE NATAL

Dia 19 de Dezembro (sexta-feira) há jantar melhorado com bacalhau à Braga e cachaço de porco assado no forno no MILHO REI....O Jorge Felix, o Álvaro Basto e o David Guimarães prometeram dar-nos música instrumental... levem tampões para os ouvidos....

Fundamental...Vamos levar as nossas mulheres para trazerem os carros para casa....NÃO SE ESQUEÇAM, NÃO FALTEM ... Ah, e já agora.... tragam uma lembrança (até 5 €) por pessoa, para sortearmos no fim. Preço médio p/ pessoa: 25€.

Aproveito para mandar um abraço de parabéns ao José Manuel Lopes que celebrou convosco os anos dele... Falámos ao telefone, na 3ª feira, creio eu. O malandro não me disse nada... Vou estar com ele no Porto e Douro WineShow, no Convento do Beato, em Lisboa, no próximo domingo, dia 22, à tarde... Prometo beber um copo com ele. Vou levar o Humberto e o Virgínio, pelo menos.
________

Notas de L.G.:

(*) Álvaro Basto: Pastilhas (Furriel Miliciano Enfermeiro, CART 3492, 1972/74 )... Edita, juntamente com o David Guimarães, o Joaquim Mexia Alves e o Artur Manuel Soares, desde Outubro de 2007, o blogue Xitole, subsector do sector de Bambadinca (Sector L1) por onde passaram, além da CART 3492, a CART 2413 (1968/70), a CART 2716 (1970/72) e ainda a CCAÇ do BCAÇ 4616 (1974).

O blogue XITOLE apresenta-se nestes termos:

Ponto de encontro para partilhar histórias, experiências, vivências e "documentos", (sejam eles quais forem), de todos aqueles e aquelas que passaram pelo Xitole, seja em que altura e por quanto tempo tenha sido. Espaço de viver a camaradagem que nos uniu e ainda une.

O Álvaro é um dos fundadores e animadores da tertúlia de Matosinhos, promovida agora a Tabanca Pequena... É também um fã do todo-o-terreno. Prepara-se para voltar à Guiné no próximo mês de Fevereiro de 2009, um ano depois de lá ter ido, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008). Nessa ocasião revisitou, com emoção, o seu antigo aquartelamento, o Xitole, e o Rio Corubal, em Cusselinta.

(**) Vd. postes anteriores desta série:

1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3260: Blogues da Nossa Blogosfera (3): CAÇADORES 3441 (Angola, 1971/74)

24 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3233: Blogues da nossa blogosfera (2): Rumo a Fulacunda , de Henrique Cabral (CCAÇ 1420, 1965/67)

8 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3034: Blogues da nossa blogosfera (1): Bissau Calling (Joaquim Mexia Alves)

(***) Vd. poste de 24 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3353: Tabanca de Matosinhos (4): O novo abrigo, o Restaurante Milho Rei, Rua Heróis de França, 721, Matosinhos (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P3488: O PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas (António Matos)


O PIFAs (Programa de Informação das Forças Armadas) teve, em 1971, este boneco em sua homenagem. Representava um repórter em traje militar de campanha, e aqui o deixo como peça do meu espólio.

Foi durante a minha comissão (1970/72) que foi inaugurado o emissor FM de Nhacra, o que transformou diametralmente o teatro de operações na Guiné. Até essa altura não havia qualquer tipo de guerra nessa zona e, em 1972, tornou-se de facto alvo do apetite do IN para eventual tomada e domínio das comunicações.

Recordo inclusivamente que, nos últimos dias de permanência na Guiné, fui fazer a protecção a um rally que passava pela estrada Bissau-Nhacra-Mansoa (?) (o chamado rally do defeso), cujas informações eram transmitidas pelo jornalista José Mensurado onde fazia transparecer para Lisboa a pacificação daquela província ultramarina embora se tivesse "esquecido" de mencionar que por cima de nós sobrevoaram constantemente os helicanhões enquanto as Panhards calcorreavam o itinerário.... just in case.

Essa reportagem vim vê-la uns dias mais tarde na televisão já em Lisboa.

António Matos

_________


Notas de vb:

1. António Matos foi Alf Mil da CCaç 2790, Bula, de 1970/72.

2. Do Autor em

3. Referências ao PIFAS em

Guiné 63/74 - P3487: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (10): Palavras de agradecimento do autor (II)

Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.). Sessão de autógrafos.

Adivinhem quem é quem ? Nada menos do que o antigo major Cunha Ribeiro, rijo nos seus 84 anos... Ei-lo aqui, o nosso querido Major Eléctrico, em animada conversa com o Beja Santos. Recorde-se que foi ele o pai da alcunha ou nome de guerra, por que era conhecido o Mário, no nosso tempo: O Tigre de Missirá...

O actual Coronel na reforma Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro, que foi segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), a partir de Setembro de 1969, altura em que substituiu o major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares, era um homem muito energético, hiperactivo, falador, daí possivelmente o seu nome de guerra, Major Eléctrico... Vim mais tarde a saber que era o pai do antigo bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Cunha Ribeiro.

Outros camaradas e amigos passaram pelo Museu da Farmácia: não dei conta de todos, mas ainda abracei alguns, o Belarmino Sardinha, o Manuel Traquina (que veio de propósito de Abrantes), o Teco (da CCAÇ 726, Guileje, 1964/66, uma das companhias comandadas pelo Nuno Rubim)...

Como já foi referido anteriormente, estavam lá também o Henrique Matos, o Queta Baldé, o João Reis e o Cherno Suane, todos do Pel Caç Nat 52... Ah!, sem esquecer o ex-Fur Mil Pires, que andava à procura de um tal Henriques, da CCAÇ 12 (C'était moi...). O Pires não conhece o nosso blogue nem se interessa por estas modernices da Internet... Veio à festa do Beja Santos, por consideração com o seu antigo comandante... Não tem nem quer ter mail. Gostei de o ver, mesmo a correr.

Estive também com outros camaradas, já referidos em postes anteriores: o Humberto Reis (CCAÇ 12), o Carlos Silva (BCAÇ 2879), o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63), o José António Viegas (Pel Caç Nat 54).

Por lapso referi que o João Reis era algarvio... O Henrique Matos apressou-se a emendar... O João será beirão e vive em Lisboa ou por aqui perto. Estive também com o Carlos Marques dos Santos , o J. L. Vacas de Carvalho, o António Santos, o Coutinho e Lima... Peço desculpa se deixei alguém para trás... Também não consegui fazer cobertura fotojornalística completa deste acontecimento social, mas também não era essa a minha intenção... Já cheguei tarde um pouco tarde, assisti à parte final da cerimónia de entrega de espólio museológico por parte das antigas enfermeiras pára-quedistas, proveitei para visitar o museu (que é simplesmente fabuloso!) e ainda para dar dois dedos de conversa com a malta que ia encontrando...

Foto e legendas: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.



Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.).

No final da cerimónia, o autor agradeceu a todos os seus amigos presentes (e camaradas de muitas guerras, da Guiné à defesa do consumidor, e de outars causas), bem a todos aqueles e aquelas que, directa ou indirectamente, contribuiram para a feitura do livro: a Critina Allen, o Queta Baldé, o Cherno Suane, o Pires, a restante malta do Pel Caç Nat 52, gente de Bambadinca como a Professora Violete e o Tenente Pinheiro (ainda vivo, com 84 anos...) mas também nós, os do blogue, eu, o Humberto...

Recordou alguns amigos muito queridos que a morte impediu de estarem ali, como o Ruy Cinatti, o seu dear father, ou o Carlos Sampaio, o seu melhor amigo, morto em Moçambique, irmão da Dra. Teresa Costa Macedo (que estava presente na sala e é amiga do autor) ou ainda o comandante Teixeira da Mota... Lembrou ainda familiares como a irmã.

Enfim, são elementos com alguma importância para a compreensão da génese do livro, bem como do projecto e da personalidade do autor . Desejamos-lhe boa sorte, ao autor e à editora, agora que o livro entrou no mercado livreiro. Com ele vai também um bom bocado de todos nós, e em especial daqueles que andaram (ou passaram) pela zona leste, Sector L1, Bambadinca, entre 1968 e 1970...


Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (5' 28'') alojado em: You Tube >Nhabijoes.

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Bambadinca > 1997 > Capela de Bambadinca e, à direita, as antigas instalações da secretaria da CCAÇ 12 (1969/71). No nosso tempo estava aberta ao culto mas servia também de capela mortuária... Foi esta imagem - disse publicamente o Beja Santos no dia 11 de Novembro de 2008 - que ele viu pela primeira vez, no nosso blogue, em meados de 2006 e que teve nele um efeito fulminante, desencadeando um macaréu de emoções...

Foto: © Humberto Reis (2005) (com a colaboração do Braima Samá, professor primário local, que foi o fotógrafo). Direitos reservados.

________

Nota de L.G.

16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3462: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (9): Palavras de agradecimento do autor (I)

13 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3449: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (8): Apresentação do Maj Gen Lemos Pires (I)

12 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3442: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (7): A leitura de António Valdemar

12 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3441: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (6): Notícia do lançamento (Lusa) + Fotos (Luís Graça)

11 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3440: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (5): As primeiras imagens do lançamento (V. Briote)

Guiné 63/74 - P3486: Tabanca Grande (98): António Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70

Antonio  [Duarte de] Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70 

  1. Mensagem do nosso novo camarada António Paiva, com data de 17 de Novembro de 2008: 

 Caro Luis Graça, 

 Há pouco tempo descobri na Internete o blog dos Camaradas da Guiné, se me permite, com intenção de fazer parte do mesmo, me vou apresentar. António Duarte de Paiva, ex-Sold Cond no Hospital Militar 241 em Bissau, de Junho de 1968 a Junho de 1970. 

 Fiquei surpreendido ao ver que, 40 anos passados, os jovens daquele tempo, alguns, se voltaram a reencontrar e entre eles poderem trocar impressões, histórias e ideias, dos tempos longínquos que nos vieram dar a volta à juventude, com a incerteza no amanhã.

 Senti alegria e satisfação ao ver no blog os Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras, e nele estar o ex-Alf Mil Piloto Aviador Jorge Félix (*). Não nos conhecemos, mas de certeza que muitas vezes nos encontrámos, mais que não fosse, naquela triste missão de… toma lá, dá cá. Mandei-lhe um e-mail, dois dias atrás, talvez ele me possa ajudar a compor melhor os tempos reais do passado. Prometo Voltar 

 Um abraço António Paiva

Hospital Militar 241 de Bissau.

2. Mensagem enviada ao António [Duarte de] Paiva, hoje mesmo, dia 19 de Novembro de 2008: 

 Caro António Paiva:

Em nome dos editores e restantes tertulianos do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, estou a receber-te na nossa Tabanca Grande (**), como é conhecido entre nós o nosso Blogue. Nós já nos conhecemos, por troca de mensagens anteriores à tua entrada na Tabanca, pelo que estou mais à vontade contigo. 

Já percebeste que gosto de brincar, jamais com intenção de ofender. Tive já oportunidade de te dizer que tinhas uma missão em Bissau muito meritória. Concerteza que contribuiste para a manutenção da vida de muitos feridos que chegavam do mato, na maioria das vezes em estado lastimoso. Provavelmente as tuas palavras foram, vezes sem conta, o conforto daqueles que viam o espectro da morte perto de si e que mais do nunca precisavam de uma palavra e de uma mão amigas. Deves ter assistido a momentos muito trágicos, e a momentos de muita alegria quando acompanhavas a recuperação de algum camarada mais de perto. 

 Hás de contar-nos algumas dessas histórias, porque também elas fazem parte da realidade que vivemos. No teu caso não te peço fotos, porque pessoalmente sou avesso à exibição gratuita de imagens chocantes, evitáveis e até desnecessárias. Ressalvo que falo por mim. Há quem goste. Na certeza de que esta tua apresentação é o início de uma colaboração profíqua no nosso Bogue, deixo-te um abraço de boas-vindas. 

_______________ 

 Nota de CV: 


Guiné 63/74 - P3485: Gloriosos malucos das máquinas voadoras (13): Os MAN - Mecânicos de Material Aéreo e o outro lado da guerra (João Coelho)

Foto do João Coelho (ou Manuel João Coelho), membro da nossa Tabanca Grande, Especialista MMA, 3ª/63, AB1, Terceira - Açores:

Fonte: Blogue dos Especialistas da BA12, Guiné 1965/74 (Com a devida vénia ...)

1. Mensagem, com data de 7 de Janeiro de 2008 (*):

Felicitações pelo excelente blogue!

Voluntário na Força Aérea, de 1963 a 1966, fui colocado no então AB 1- Aeródromo Base n.º 1 no Aeroporto da Portela, em Lisboa, de 1964 até final do tempo de tropa.

Escapei à mobilização para África, mas tornei-me, com outros camaradas, testemunha de episódios que poucos conheceram. Refiro-me à chegada dos aviões de evacuação, DC-4, Skymaster e DC-6, dos Transportes Aéreos Militares, que traziam para Lisboa, os feridos e acidentados da guerra.

Os vôos normais desembarcavam os passageiros a par dos aviões civis, no estacionamento frente ao Terminal... os de evacuação chegavam à noite, por vezes de madrugada, e eram deslocados para a placa no interior do AB1, longe dos olhos da população.

Como Cabo Especialista MMA (Mecânico de Material Aéreo) fazia parte da equipa que recebia o avião: reboque com tractor, ajuda na abertura da porta e colocação da escada de saída, para além de outras tarefas.

Este momento de abertura era sempre de tensão, a porta abria-se e saía um bafo terrível, mistura de suor, éter, sangue, restos de comida, as macas sobrepostas, os feridos de todos os tipos... rebentamento de minas, amputados, cegos, queimados, cacimbados, feridos à bala, com estilhaços.

E depois a confusão da saída das macas, levanta à frente, baixa, baixa atrás, aguenta, segura!...o despacho e presteza das enfermeiras-páras que, por vezes, acompanhavam o pessoal, o ar pálido/horrorizado das madames da Cruz Vermelha, com as suas capas cinzentas, e que com os seus belos penteados eram um anacronismo ali, pese a sua boa vontade.

Nestes vôos eram particularmente difíceis os que vinham da Guiné. A viagem era mais curta, tínhamos a sensação de que alguns daqueles desgraçados tinham ferimentos ainda frescos: camuflados rasgados, ligaduras empapadas em sangue, um ar esgazeado mostrando a surpresa, a incredulidade face ao sucedido.

Recordo-me, como se hoje fora, de uma noite em que chegaram dois aviões quase em simultâneo. Não havia capacidade de transporte para o Hospital da Estrela e anexos, de tanta gente, as ambulâncias não chegavam e lá vieram os autocarros da Academia Militar para transportar os feridos que pudessem viajar sentados.

Tenho dois amigos, açorianos como eu - Ponta Delgada, S. Miguel - ambos furriéis milicianos, que estiveram na Guiné, julgo que a partirde 66 até 68 ou 69. Um, o Tibério Branco, andou por Catió e Buba, tanto quanto recordo, o outro, Álvaro Lemos, em Aldeia Formosa.

Os dois contavam, no regresso, como tinha sido a vida deles naquele território e, anos depois, já com o país independente, visitei a Guiné: Bissau, Nhacra, Bafatá, Cacheu e, na carrinha que percorria a estrada, olhando em redor, para aquela vegetação, as bolanhas, os rios e as jangadas, as tabancas - numa delas a inscrição numa parede "Viva o Benfica" - pensei neles, nos meus amigos de adolescência, no seu sacrifício. E nalguns colegas que morreram na guerra em África: o Martins, o Norberto, o Amaral, o João Manuel Cordeiro e outros cujo nome esqueci.

Ao mesmo tempo interrogava-me: se eu tivesse vindo aqui parar, teria conseguido, será que aguentava isto?

Um abraço e continuação do bom trabalho

Manuel João B. Ferreira Coelho

2. Comentário de L.G.:

Fiz questão de voltar a publicar esta mensagem do nosso amigo e camarada João Coelho que foi poupado à guerra do Utramar mas não aos seus horrores, ao espectáculo deprimente dos feridos graves que chegavam, nos aviões dos TAM, quase às escondidas, a caminho do Hospital Militar Principal, na Estrela.

Decidi, por outro lado, recuperar essa mensagem, inserindo-a nesta série Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras. Pilotos, Especialistas Melec, Especialistas MMA e e tantas outras categorias de especialistas da Força Aérea que eu nem sei descodificar (Marme, Opc, etc.), todos eles cabem nesta expressão, que eu quero que seja bem-hmorada mas também solidária, honrosa e generosa, de Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras...

Não faço distinção entre camaradas do ar, terra e mar... Estive fisica e emocionalmente mais próximo de uns do que de outros, mas também usei a LDG e também agradeci aos deuses o bendito heli que veio, várias vezes, com as enfermeiras pára-quedistas, fazer evacuações Ypsilon, nas matas do Xime ou do Corubal, em operações em que participei...

O saudoso capitão Zé Neto, o nosso primeiro bloguista ou tertuliano a deixar-nos, por traição do seu coração que deixou de bater, costumava contar-me com graça, que havia, na Guiné, três ramos das Forças Armadas (**), começados por Ch: (i) a tropa de choque (o Exército); (ii) a tropa de chique (a Marinha); (iii) e a tropa de cheque (a Força Aérea)... São/eram velhos estereótipos que hoje apenas nos fazem sorrir, e que não retiram nada à nobre condição dos homens (e de algumas mulheres) que fizeram a guerra da Guiné, nos rios e braços de mar, no ar e na terra, com a G-3, com a caneta, com a pica, com o estojo de primeiros-socorros, com o heli, com a LDG...

O João Coelho, que é um leitor atento e apaixonado do nosso blogue, e membro da nossa Tabanca Grande, é daqueles camaradas das Força Aérea que, nunca tendo estando em serviço na BA 12, Bissalanca, Guiné, esteve perto de nós, dos nossos feridos graves, recambiados para Lisboa, para esse outro inferno que era (imagino!) o Hospital Militar Principal, à Estrela, mais os seus anexos...

É estranho que ao fim de 3 anos e meio de blogue ainda não tenhamos aqui o testemunho, na primeira pessoa do singular, de um camarada que tenha passado pela Estrela...

Onde estás, camarada Marques, grande herói, que foste projectado comigo por uma brutal mina anticarro, na nossa velhinha GMC, em Nahbijões, em 13 de Janeiro de 1971, e que depois conheceste o pesadelo dos hospitais militares, o de Bissau e o de Lisboa, e onde também fizeste amizade com o meu amigo Patuleia e teu vizinho de cama, futuro dirigente da ADFA, e que continua a ser hoje, para mim, um dos exemplos mais tenazes e surpreendentes da capacidade humana de lutar contra o infortúnio e contra as marcas horrorosas da guerra...

_______

Notas de L.G.:

(*) Originalmente publicado em 10 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2425: O Nosso Livro de Visitas (1): Manuel João Coelho, Cabo Especialista da FAP (Aeroporto da Portela)

(**) Vd. poste de 4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P933: Pensamento do dia (2): as três tropas (Zé Neto)

(...) O Zé Neto escreveu-me há dias a protestar, e com razão, por lhe mandar a correspondência para o SPM errado... Aproveitou para se queixar das mazelas do corpo e da alma. Ele tem sido um herói, resistindo estoicamnente à tentação do cigarro... Mas agora vem a factura: o organismo a libertar-se da nicotina, os sintomas da síndroma da abstinência, etc.

(...) "Continuas a usar o meu endereço inicial da Clix, o tal dos poucos megas, embora em tempo oportuno eu te tivesse pedido para mudar para este, ou seja, para js.neto@clix.pt".

Mas o bom humor vem felizmente ao de cima neste homem - o nosso veterano - com quem tive o privilégio, há dias, de falar, pelo telefone, permitindo-me conhecê-lo um pouco melhor.

Diz o Zé:

"Agora que a poeira já assentou quero apenas dizer-te que fiz três comissões em África e sempre convivi com a dura realidade das três tropas, a saber: Tropa de Cheque (a FA e seus subsídios), Tropa de Chique (a Marinha e as suas vaidades) e a Tropa de Choque (os Zés da macaca). Tenho, nas minhas memórias, passagens de rir e chorar que vivi com essa gente. Pela minha parte não valem as cinco ou seis batidas no teclado que estou a gastar com eles.

"Já vai longa a birra.

"Um abração do
Zé Neto"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3484: História da CART 2340 (Ferreira Neto) (6): Relatório de treino operacional

1. Mensagem do nosso camarada Ferreira Neto, ex-Cap Mil da CART 2340, (Canjambari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69), com data de 15 de Novembro de 2008:

Caro Vinhal:
Continuando a rebuscar as minhas coisas, eis que topo o meu relatório de 17 de Dezembro de 1967, referente ao treino operacional antes da partida para a Guiné.
Cumprimentos generalizados
F. Neto


RELATÓRIO

1. Especialidade da Escola de Recrutas

1 - Deficiências notadas

1.1 - Má preparação dos recrutas apresentados para frequentar a parte da especialidade. Esta má preparação da parte geral notou-se até na simples marcha e ordem unida, factores estes que indicam a falta de disciplina.

1.2 - A instrução da especialidade não pode ser dada em boas condições, pelo facto de não haver instalações adequadas no quartel, mormente nas primeiras semanas em que houve sobreposição com o batalhão da escola anterior. Por este motivo o pessoal só pode dispor de armamento e das instalações, depois da partida do pessoal do batalhão.

1.3 - Houve prejuízo na instrução motivada pela festa de despedida do pessoal do batalhão.

1.4 - A falta de locais apropriados para a instrução, principalmente no que se refere a parte da táctica, foi compensada embora tardiamente nas duas últimas semanas, pelo facto de passar a ser ministrada no campo, fora do quartel.

1.5 - A falta do armamento (metralhadoras, lança-granadas, morteiros), motivou perturbações na instrução, que se resolveu, alterando os horários de instrução das companhias, de forma a todas se poderem servir do armamento disponível.

2 - Instrução de aperfeiçoamento operacional – IAO

Após a semana de preparação com vista à deslocação para o campo onde se fariam os exercícios, e em que se fez o tiro na pista de combate, deslocou-se a companhia para a zona de estacionamento a cerca de 10km do quartel. Foram postos à disposição da companhia os seguintes materiais: Material de acampamento que foi suficiente, cozinha rodada, rádios, munições, viaturas e explosivos. As deficiências foram notórias, mormente no que respeita:

2.1 - Viaturas
3 GMC sem cobertura, uma das quais funcionando em más condições. A viatura para reconhecimento não esteve totalmente à disposição da companhia o que motivou que não se pudessem fazer a maior parte dos reconhecimentos para os exercícios. Não foi fornecido um autotanque para a companhia, sendo o abastecimento de água durante a maior parte do tempo feito por uma só viatura para as três companhias. No entanto o abastecimento foi bem planeado ao ponto de não se fazer sentir a falta de água.

2.2 – Armamento
A parte de armamento pesado (lança granadas, morteiros, metralhadoras, etc.) não foi fornecida, sendo as razões alegadas a sua possível deterioração durante os exercícios. Todos os soldados foram armados de espingarda Mauser, tendo os graduados espingarda automática G3.

2.3 – Munições
Foram recebidas instruções para evitar ao máximo o seu consumo.

2.2 – Explosivos
Foram fornecidos em quantidade razoável.

2.3 – Rádios
Foram fornecidos três rádios, um THC, um NA/PRC e um outro de tipo desconhecido para os operadores.
É certo que todos eles podiam fazer a ligação entre si, mas até uma distância não superior a 2km.
Por este motivo não foi possível tirar rendimento dos exercícios mormente na parte de ligação, como também não foi possível manter o aquartelamento (PC) informado acerca das operações efectuadas pelos pelotões empenhados nos exercícios.
Todos os exercícios foram planeados de véspera, bem como criticados após a sua execução.

No dia 27, fez-se o deslocamento para a zona de estacionamento n.º 1, a 10km do quartel, fez-se a instalação e montagem do dispositivo de segurança. Durante a instalação houve flagelação ao acampamento, tendo o pessoal actuado em conformidade. Durante a refeição houve novos ataques.

Dia 28, deslocamento de dois pelotões para o contacto com o inimigo e o consequente ataque.

Dia 29, montou-se uma série de emboscadas, tendo duas delas funcionado, a 1.ª com êxito, uma segunda foi um fracasso devido à má posição das forças empenhadas. Neste mesmo dia, dois pelotões fizeram o patrulhamento de itinerários, dentro da zona de acção da companhia.

Dia 30, foram efectuados dois golpes de mão distintos, o pessoal empenhado nas acções foram dois pelotões, tendo duas secções de um terceiro pelotão simbolizado o inimigo.
Neste mesmo dia iniciou-se a nomadização à base de dois pelotões, esta nomadização prolongou-se até ao dia seguinte. Este exercício não teve um carácter real, uma vez que devido a dificuldades logísticas não foi possível deslocar a cozinha rodada a fim de alimentar o pessoal empenhado na acção. Desta forma o pessoal às horas da refeição regressava ao acampamento, sendo o exercício neutralizado durante este período. Se houvesse rações de combate distribuídas, seria possível tirar maior rendimento do exercício.

Dia 2 de Dezembro, organizou-se a protecção de pontos sensíveis, sendo o ponto escolhido a fábrica de pimentão, próxima da estação de Torres Novas. Foi talvez o exercício melhor executado no aspecto técnico. Duas secções simbolizando o inimigo não conseguiram danificar o objectivo. As forças empenhadas na defesa foram dois pelotões.

Dia 3, foi destinado a limpeza do material e descanso do pessoal. Aproveitou-se para fazer crítica construtiva acerca dos exercícios efectuados durante a semana.

Dia 4, a companhia deslocou-se para o local de estacionamento n.º 2, a 20km do quartel. Fez a sua instalação e montou o seu dispositivo de segurança.

Dia 5, iniciou-se a nomadização da companhia que foi guiada pelo Cmdt respectivo. Este exercício foi de bastante utilidade. Devido às mesmas dificuldades logísticas, este exercício foi interrompido a fim do pessoal se alimentar.
Devido à alteração do horário, os exercícios de limpeza de uma zona e limpeza de uma povoação não se efectuaram. O pessoal continuou a sua nomadização durante toda a noite de dia 5 para o dia 6, regressando cerca das 8H00 ao acampamento.
Cerca das 16H00, houve uma demonstração sobre a forma de o pessoal se aproximar a um helicóptero.
Seguindo-se pelas 18H30, o deslocamento da companhia para o GACA 2.

Dia 7, durante a manhã, na serra do Aire, o pessoal do pelotão de acompanhamento, fez fogo real com morteiro e lança granadas foguete.
Durante a tarde estava previsto o lançamento de granadas, ofensivas e defensivas, devido ao adiantado da hora não se pode realizar.
Todos os exercícios no campo foram completados com acções do inimigo.

Quartel em Torres Novas, 17 de Dezembro de 1967

O Cmd da Cia. 2340
Joaquim Lúcio Ferreira Neto
Cap mil Art.
_______________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P2101: História da CART 2340 (Ferreira Neto) (5): Punições e Louvores

Guiné 63/74 - P3483: Tabanca Grande (97): Rogério Ferreira, ex-Fur Mil da CCAÇ 2658/BCAÇ 2905, Guiné 1970/71




Rogério Ferreira (*)
ex-Fur Mil Inf MA
CCAÇ 2658/BCAÇ 2905
Guiné 1970/71



1. Mensagem do nosso novo camarada Rogério Ferreira, com data de 23 de Outubro de 2008:

Junto segue em anexo, a foto de furriel mliliciano pertencente a Rogério Felix Ferreira - Guiné 1970/71 C. CAÇ. 2658 - Bat. Caç. 2905.

Os meus melhores cumprimentos,
Rogério Ferreira

2. No dia 5 de Novembro foi enviada uma mensagem a este novo camarada, pedindo o envio de uma foto actualizada:

Caro Rogério
Os meus cumprimentos
Se tivesses por aí uma foto mais ou menos recente, era engraçado publicá-la junto com a antiga.

Desculpa a demora na resposta, mas há muita correspondência para pôr em dia.

Já agora se tiveres alguma coisa para contar sobre a tua estadia na Guiné, podes também mandar. Pode ser por exemplo a viagem de ida ou de volta, a ida para o mato, etc.

De que turno és das Caldas da Rainha e do Curso de Minas? Eu sou do segundo nas Caldas (Abril de 1969) e do XXXIII Curso de Minas em Tancos (Outubro a Dezembro de 1969). Somos quase contemporâneos. A minha Companhia era a 2732 que esteve na Guiné de ABR70 a MAR72

Um abraço
Carlos Vinhal

3. Comentário de CV

Caro camarada, até hoje não deste resposta à minha mensagem, mas já que tens colaborado no Blogue, ficas oficialmente apresentado.
Já agora, renovo o pedido para enviares a tua foto actual para alternarmos com a antiga.

Bem-vindo ao nosso Blogue. Pelo que sabemos da tua estadia na Guiné, correste Seca e Meca, logo terás muito para nos contar. Manda fotos, se tiveres, para ilustrar as tuas histórias.

Recebe um abraço da Tertúlia.
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Nota de CV:

(*) Vd. postes de:

30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3255: O Nosso Livro de Visitas (31): Rogério Ferreira, ex-Fur Mil Inf MA, CCAÇ 2658/BCAÇ 2905, Guiné (1970/71)
e
18 de Novembro > Guiné 63/74 - P3476: Humor de caserna (6): Paiama, Paunca, Natal de 1970: o lapso do Caco Baldé (Rogério Ferreira)

Vd. último poste da série de 12 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3445: Tabanca Grande (96): Ten Cor José Francisco Robalo Borrego, ex-1.º Cabo do Gr Art 7 e Furriel QP do 9.º PELART (1970/72)

Guiné 63/74 - P3482: Histórias engraçadas (António Matos) (4): Quando os serviços de oficial de dia passaram a ser feitos pelos oficiais da CCS...


Um arrear da bandeira diferente, em Bula



Acabei de jantar.

Estou em Lisboa.

Preparo-me para uma corrida de karting amanhã, pela manhã, na Batalha. É a penúltima corrida do campeonato de 2008 onde tento desesperadamente segurar o 1º lugar de que neste momento disfruto. Terei que me deitar um pouco mais cedo para que as forças não falhem na hora da verdade.

Vi o telejornal a referenciar a crise financeira mundial, ainda que Sócrates esboce aquele sorriso seráfico perante o crescimento do país de 0,1% com aquela verborreia de que há piores ....Como se com o mal dos outros não pudéssemos nós bem ...Os secretários de estado da educação foram brindados com ovos nas ventas ....Os putos cantam os "alunos! unidos! jamais serão vencidos !" ...Deu-me vontade de rir....

Vim ao computador espreitar se havia novos posts no blog ...Havia a sondagem sobre as histórias e as estórias...Façam o que fizerem, estou como o Saramago, não abdico do meu grafismo! Assim como assim, já estou velho para essas mudanças....
Verifiquei que estava a fazer força com a boca e dou comigo a sorrir...Estava a recordar uma cena passada em Bula.

Certo dia, depois de mais um acidente no mato, os alferes da companhia resolveram solicitar ao comando do batalhão que os dispensasse dos serviços de oficial de dia, oficial de piquete, etc. e que tal fosse atribuído aos oficiais da CCS. Curiosamente fomos atendidos e a cena passa-se num arrear da bandeira.
Seriam 7, 8 horas da tarde...O oficial de dia era, então, o alferes tesoureiro do batalhão.
Era um indivíduo com uma graça extraordinária se bem que fazia lembrar o actual "super conde" Castelo Branco.
Ao nosso camarada nunca lhe passara pela cabeça algum dia vir a dar vozes de comando para uma cerimónia com a simbologia da da continência à bandeira e nem sequer sabia a sua sequência.
O comandante aparecia muitas vezes a essa hora para assistir ao acto. Nesse dia também.

Preparado o pelotão, o nosso camarada, com a boina posta de modo muito pouco ortodoxo, e com voz de falsete, vira-se para os homens e diz:

-"Meninos! sentidópe !

Num rasgo de oportunidade, e vendo o descontrolo do pelotão que, entretanto, se desmanchara à gargalhada, diz:

- "Oh credo que me esqueci do firme!"

Deixo à imaginação de todos qual teria sido a conversa de caserna durante os 2 meses seguintes....

E assim ia a nossa guerra....


António Matos


PS - uma vez que referi aquela figura execrável do Castelo Branco, lembro-me dum programa da série "bigbrother", a 1ª companhia, onde ele tem que fazer ordem unida e a páginas tantas vira-se para os outros e diz:

- "7, 8 !!"

O militar de serviço naquela altura vira-se para ele e pergunta-lhe o que é que ele estava a dizer? Castelo Branco responde:

- " 7, 8 !!

Curiosamente, os outros punham-se em sentido àquela ordem!

O militar pegunta se ele estava a gozar ao que lhe responde que "aquilo" era o que ele pensava que ouvia quando os profissionais diziam "SÉOP"!

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Notas: artigos da série em

Guiné 63/74 - P3481: Blogoterapia (74): Mais do que o número de atabancados, interessa-nos ouvir e contar as nossas histórias (J. Mexia Alves)

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > CART 3492 > 1972 > "No jipe, frente para trás: Alf Canas, Alf Novais, Alf Lima (Secretaria?), Alf Rodrigues (meu camarada de curso, também que era da CCS e veio depois para o Xitole, por troca com o Alf Gonçalves Dias se não me engano), Alf Martins (CART 3493, Mansambo) e eu [, assinalado cum círculo a amarelo]".

Foto e legenda: © Joaquim Mexia Alves (2006). Direitos reservados.


1. Outro senador da República, outro homem (duplamente) grande da nossa Tabanca Grande, Joquim Mexia Alves:

Caros Luís, Virgínio e Carlos

Ora bem, lá venho eu tentar dar o meu contributo para a acusa comum.

Assim, e pegando no texto do Victor Junqueira (*) faço as seguintes considerações.


1 - Atrasos na publicação dos textos, algumas vezes por extravio, outras porque se estabeleceram certas prioridades, que não raramente, lhes retiram toda a oportunidade.

Absolutamente de acordo!

Com tudo, sobretudo com o elogio ao vosso trabalho!

Infelizmente esta coisa dos blogues tem alguns "senãos" quando há muita publicação seguida, no mesmo dia. Ou seja há uma tendência para quem acede aos blogues ler apenas o último e talvez o penúltimo texto, (não gosto de post, "prontos"), publicado.

Claro que me parece que este particular problema não terá solução no nosso caso, pois teríamos de ter anos de 500 dias para conseguirmos publicar todos os textos que vos devem ser enviados.

A publicação/postagem directa, sendo uma possível solução para a publicação em tempo ideal, pode vir a ser um acrescentar deste problema, porque pode muito bem acontecer que vários publiquem textos no mesmo dia, o que levará a uma saturação de leitura, para além de haver com certeza "mistura" de temas, que seriam melhor "digeridos" se tivessem uma continuidade.

O tal "conselho de ética" já foi falado, portanto é provavelmente tempo de avançar com o mesmo.


2 - Textos fortemente "editados".

Concordo que muitas vezes os textos muito elaborados e por vezes de difícil interpretação para quem não estiver preparado, podem desmotivar alguns menos à vontade com a escrita.


3 - Transcrições longas e enfadonhas de manuais ou seus excertos.

Total e absolutamente de acordo!

Devo confessar que raramente as leio na íntegra e a maior parte das vezes lhes passo adiante. Faça-se referência à obra, para posterior consulta, ou abra-se novo site, umbilicalmente ligado à Tabanca, onde poderão ser colocados tais textos para consulta dos interessados, cuja referência poderá vir com um link directo da Tabanca Grande.

4 - O controverso, o contraditório e a polémica são o sal e a pimenta dos nossos cozinhados literários. Ultimamente tem-se notado uma certa falta destes temperos.

Mais uma vez de acordo!

Que caraças, mesmo que haja aqui ou acolá uma picardia, será que não somos capazes de nos entendermos?

"Homem que é homem" não tem problemas em pedir desculpa quando se excede nas palavras e nos gestos.

5 - Quase todas as semanas se apresenta mais um camarada, atraído para o nosso convívio. Isso agrada-me. Mas cadê a historiazinha a contar o drama, a peripécia, a barracada de que foi protagonista ou de que teve conhecimento enquanto membro das gloriosas FA de Portugal?

E outra vez de acordo!

O número de "atabancados" interessa mas não é esse, julgo eu, o fim último da Tabanca Grande, mas sim estarmos sentados à volta da fogueira a ouvir e contar as histórias da "nossa" guerra.


Quanto à parte da solidariedade, já o referi várias vezes e outros como o Torcato também.

Se o Estado, que tem essa obrigação, não o faz verdadeiramente, nós teremos sempre de o fazer em ordem a cumprirmos voto de camaradagem feito no sangue, suor e lágrimas, e algumas gargalhadas também.

E se isto é verdade ao nível material, ainda o é mais ao nível emocional e psíquico, porque quem melhor do que aqueles que lá estiveram para entenderem as dificuldades, as frustrações, as noites de insónia, daqueles que por desenraizamento da vida, ainda sofrem os traumatismos da guerra?

E "prontos", por aqui me fico nesta primeira abordagem ao tema, "que tem muito pano, para muitas mangas"...

Abraço camarigo sempre do vosso
Joaquim Mexia Alves

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 19 de Novembro de 2008> Guiné 63/74 - P3479: Blogoterapia (73): O blogue do nosso contentamento, às vezes descontente (Vitor Junqueira)