quinta-feira, 19 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9773: Agenda cultural (196): Algumas notas sobre o Seminário Guerra de África (José Colaço)


1. O nosso camarada José Colaço, (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), enviou-nos em 13 de Abril a seguinte mensagem. 

Breves notas sobre o Seminário Guerra de África

Camaradas, 

Passei hoje de manhã pelo Instituto de Estudos Superiores, em Pedrouços, para ouvir parte das palestras, que ali decorriam incluídas no [SEMINÁRIO GUERRA DE ÁFRICA]. 

Como sempre, nestas iniciativas, ouvem-se coisas que se gostam mais e outras menos. 

A que eu gostei menos de ouvir, foi a do orador que antecedeu o comandante Alpoim Calvão, e não só eu pois vi, por vezes, alguns sorrisos discordantes na plateia. 

O que me chamou mais a atenção foi o orador situar, ainda hoje, a localização do congresso do PAIGC, que decorreu em 1964, como sendo realizado na mata do Cassaca - Ilha do Como -, que contou com cerca de 150 elementos. 

A seguir falou o comandante Alpoim Calvão, que pediu um minuto para falar sobre a situação actual na Guiné, após o que divagou sobre a operação “Tridente”. 

Concorde-se ou não com as suas ideias políticas, nota-se que é uma personalidade muito firme e convicta, falando clara e exactamente nos factos e acontecimentos. 

Eu que estive em quase toda a operação “Tridente”, com a excepção da primeira semana (de 15 a 23/01/1964), testemunho que a sua palestra foi resumida, objectiva e verdadeira. 

Abordou também o citado congresso do PAIGC para dizer simplesmente: “NÃO HOUVE NENHUM CONGRESSO NA MATA DO CASSACA, NA ILHA DO COMO, o que houve sim nessa altura foi uma reunião do PAIGC mas em Cassacá - Cacine.” 

O comandante Alpoim Calvão na tribuna usando da palavra. 

O comandante dirigindo-se ao seu lugar na mesa de honra. 

Um abraço 
José Colaço 
Soldado Trms da CCAÇ 557 
___________ 
Nota de MR: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P9772: Memória dos lugares (182): O Xime - Esclarecimentos (Sousa de Castro)


1. O nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), enviou-nos a seguinte mensagem.



MEMÓRIA DOS LUGARES (XIME 1972)


É sempre agradável passar pelo blogue, não só para ver e ler as últimas postagens mas rever imagens de uma zona onde passamos parte do tempo (XIME), no meu caso foram 13 meses, pois só cheguei ao Xime no dia 03 de Março de 1972, antes frequentei um estágio de radiotelegrafista, no quartel de TRMS em Bissau de 28JAN72 a 02MAR72. A CART 3494 (a que eu tive a honra de pertencer) do BART 3873, depois do I.A.O. que decorreu em Bolama de 29DEC1971 a 27JAN1972 foram sobrepor a CART 2715 do BART 2917 no dia 28JAN72. 

Revi imagens do Xime enviadas pelo camarigo, ex. Cap. Mil. António Vaz da CART 1746 não muito diferentes daquelas que envio em anexo. 

Fotos de 1972

A matança da vaca junto à nova cozinha, ao fundo o Refeitório

 Entrada do Quartel pelo lado do cais 

Vista parcial do Xime, ao fundo lado esq. A secretaria 

Entrada principal ao fundo refeitório, lado direito abrigo e espaldão do Morteiro 81mm 

No meu posto de serviço 

Sousa de Castro
1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873
___________
Nota de MR: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P9771: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) 11): Cartas de Paunca, SPM 5668, Parte I (J. Casimiro Carvalho, Fur Mil Op Esp., CCAÇ 11, mai-ago 1974)







Guiné > Região de Gabu < Paunca > CCAÇ 11 (1969/74) > c. maio / Junho de 1974 > Tempos de esperança e de temor > O fur mil op esp J. Casimiro Carvalho, "herói de Gadamael", entre os fulas...


Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados.




1. Por ocasião do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de Outubro de 2006, conheci pessoalmente o José Casimiro Carvalho, camarada que teve a grande generosidade de me confiar, na altura,  um valioso conjunto de cartas e aerogramas enviados a amigos e familares no período em que esteve em Guileje, Cacine e Gadamael (1972/73),  e depois em Colibuía-Cumbijã, já em 1974, e ainda Bissau e Paunca (a seguir ao 25 de abril de 1974).


Um seleção de excertos das suas "cartas do corredor da morte" (*)  já aqui foram publicadas oportunamente. Está na altura, por ocasião do nosso VII Encontro, em Monte Real, mo próximo dia 21, de lhe devolver os originais (!). Devo dizer que ele fez questão de os ofertar, em 2008, ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje, por ocasião do Seminário Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008). Manifestou-me expressamente essa intenção. Em bora hora não lhe fiz a vontade, ficando eu com os originais e entregando ao museu um coleção de cópias (digitalizadas pela Fundação Mário Soares). Estou por isso em condições, cinco anos e emio depois,  de lhe devolver os originais que ele agora, sim, vai poder oferecer a uma das suas filhas, conforme é seu desejo.  São coisas pessoais e intransmissíveis, e eu fico contente de servir de "correio", entregando as cartas e os arorgramas, enviados em 1972, 1973 e 1974, de diferentes SPM: 2728 (CCAV 8530, Guileje, Gadamael, Colibuía, Cumbijã, Bissau, 1972/74) e 5668 (CCAÇ 11, Paunca, 1974).


Entretanto, fiz ainda uma seleção da correspondência relativa à sua curta mas algo atribulada passagem pela zona leste da Guiné (Nova Lamego e Paunca).


Esta correspondencia é mais um elemento, importante, para a elucidação e compreensão do período final da guerra na Guiné, tanto no sul (Guileje e Gadamael) como na zona leste (Paúnca). Recorde-se o que o nosso ranger  escreveu sobre essas peripécias em chão fula (*)


 O que se passou em Paunca já aqui foi descrito no nosso blogue: os quadros (metropolitanos, brancos) da CCAÇ 11 foram expulsos do quartel de Paunca, sob ameaça de armas, pelos soldados fulas, amotinados. Recorde-se que a  CCAÇ 11, tal como a minha CCAÇ 12, tinha-se formado originalmente em Contuboel (de Maio a Julho de 1969), fazendo parte da "nova força africana" de Spínola. Estive, portanto,  com eles menos de dois meses, em Contuboel, com a malta da CCAÇ 11 (ou melhor, na altura, a CART 11) a que pertencia o meu amigo Renato Monteiro, o mediático homem da piroga no Geba . 


A seguir ao 25 de Abril de 1974, fugido do inferno de Guileje e Gadamael, caído de paraquedas em Paúnca, na CCAÇ 11, o Casimiro Carvalhos vai conhecer o desespero e a raiva dos nossos aliados fulas, na fase do cessar-fogo e retração do nosso dispositivo militar no TO da Guiné... Este é um dos episódios mais chocantes da guerra da Guiné, aqui contados pelo nosso herói de Gadamael. Só é pena que ele tenha sido tão parco em palavras, no que diz respeito a este final da sua comissão ... 

2. CCAÇ 11, Paunca, Agosto de 1974
por J. Casimiro Carvalho




(i) Com uma arma apontada nas costas pelos seus próprios soldados 


(...) [Em 8 de Julho de 1973, saímos de Cacine, em LDG, a caminho de Bolama, e daqui] fomos para o Cumeré tirar outro IAO . Eu fui para Prabis com mais 12 homens, outros foram para Quinhamel ou Bijemita (??). Depois fomos para Colibuía-Cumbijã [janeiro-março de 1974], e aí fui destacado para rendição individual, sendo transferido para Bissau a fim de tirar estágio de Companhias Africanas, e durante esse estágio deu-se o 25 de Abril [de 1974].


Fui então para Paunca, CCAÇ 11 – Os Lacraus, onde me mantive até ao fim da minha comissão [ A primeira carta que temos de Paunca, é datada de 14 de maio de 1974, e foi escrita á máquina, e era dirigida à "maninha. Em 30 de abril de 1974, ainda estava em Bissau e dá conta, à mãe, em carta, do ambiente que se vive na cidade, com ]. Não sem antes levar um susto de morte, pois os militares africanos da CCAÇ 11 sublevaram-se. Quando eu estava a dormir, ouvi tiros, vim em calções com a Walther à cintura até ao paiol. Quando lá cheguei, eles estavam a armar-se e a disparar para o ar e eu, quando os interrogava pelo motivo de tal, senti o cano de uma arma nas costas, ordenando-me que seguisse em frente (até gelei)...Juntaram todos os quadros brancos e puseram-nos no mato...assim mesmo.


(ii) Socorridos no mato pelos inimigos de ontem!


Caminhámos muito, de noite, desarmados, e fomos até um acampamento de guerrilheiros do PAIGC, contámos a situação e eles mandaram um punhado deles a Paunca. Gritaram então lá para dentro:
- Têm 5 minutos para se entregaram e restituir o quartel aos brancos ou destruímos tudo! - Eles, os fulas, entregaram-se.


No fim, já de abalada, fomos ao paiol, juntámos todas as granadas e explosivos, e eu fui encarregado de os fazer explodir , ao redor de uma enorme árvore. Que cogumelo de fogo, impagável !


(iii) Por fim, a peluda...


Fui encarregado de comandar uma coluna de 22 viaturas até Bissau, por Fajonquito, Jumbembem Farim, Mansoa, Nhacra…Bissau. Ao fazer o espólio, não tinha G3, mas , como não tinha…
- Ó pá, estiveste em Guileje ?... Então ‘tá bem, não entregas.


A seguir vim de avião para a peluda. (...).


3.  Cartas de Paúnca, SPM 5668: Em 20 de maio de 1974, J. Casimiro Carvalho escreve um aerograma à mãe, Angelina Carvalho, então a residir em Vila Nova de Gaia:



Paunca, 20 de maio de 1974

(...) Então o Luís, está em Lamego ? Mande dizer o nº dele e o nome todo e qual é o SPM dele, pois eu estou perto. [O aerograma é acompanhado de um esboço do mapa, com a posição relativa de três localidades: Paunca - Pirada - Nova Lamego] (...)

(...) Ontem  estive de sargento de piquete e fui guardar um recinto onde havia batuque. Olha, é bonito, os fulas a lutar género luta greco-romana, eles muito fortes , e ao som da batucada. Até vibrei.

Não tenho feito nada, é só dormir, não saí nenhuma vez para o mato, pois aqui é raro, e isso só por si já vale muito. É menor o perigo que corremos. Um beijo do seu José Casimiro.

No mesmo dia escreve ao pai, Ângelo Carvalho, também outro areograma, do  SPM 5568:

Paunca, 20/5/74

Paizinho: (...) Vou pô-lo ao corrente, mais ou menos, do que se passa por aqui: Há 8 dias, fomos informados que daí em diante não podíamos fazer fogo de armas pesadas, a não ser em caso de ataque ao quartel. No mato, mesmo que encontremos um Grupo IN, só abrimos fogo se eles abrirem, e neste caso [devemos] tentar acabar com o tiroteio, logo que possível. A aviação não bombardeia. 


Quando foi formado o Governo Provisório, o presidente do Senegal,  Senghor, enviou o seu avião pessoal a Lisboa, para ir buscar o representante da Junta [de Salvação Nacional] e tentar um acordo prévio de cessar-fogo, do qual ficou assente: o PAIGC anulou todas as operações de grande vulto (como a de Guileje) que estavam planeadas para o fim da época seca, ou seja, "agora", enquanto que Portugal se comprometeu a não abrir fogo sobre guerrilheiros do PAIGC, prioritariamente.


Portanto temos praticamente um cessar-fogo não oficial, que será oficializado em Londres, no dia 25, entre Aristides Pereira e Portugal. Isto está a correr pelo melhor, não acha ? Nós andamos todos contentes, se bem que isto a mim não me vem beneficiar quanto ao fim da comissão que se avizinha. (...).

Primeira parte do documento [, Informação,] escrito à máquina e datado de Paunca, 7 de junho de 1974, dando conta dos primeiros contactos das NT com os guerrilheiros do PAIGC, no subsetor de Paunca

Paunca, 10/6/1974

Esboço de aerograma (3 folhas), escrito no dia de Portugal [10 de junho de 1974]. Uma parte do conteúdo seguirá para mãe, em carta manuscrita, enviada nesse mesmo dia. Outra parte foi [ou já tinha sido dactilografada, com data de 7/6/74] sob a forma de uma espécie de comunicado [ Informação,] cujos destinatário(s) se desconhece.


(...) GUERRA E...PAZ


Guerra... palavra que pouco dignifica. Guerra, sinónimo de destruição. Prenúncio do fim. Mas... também há a paz. E para isso se está a tarablhar neste momenmto em todo o Portugal.


Ontem [leia-se: 6 de junho de 1974], algures na Guiné, tropas portuguesas (brancas), comandadas por um oficial superior, dirigiram-se em missão de paz a um destacamento inimigo, em território português, perto da fronteira com o Senegal, deixando todo o armamento nas viaturas [e] deparando com uma colossal e bem montada emboscada de segurança. Numa atmosfera de confiança,  inimigos de ambos os lados cumprimentaram-se, os dois comandandantes inimigos entraram num amistoso diálogo, findo o qual se chegou à conclusão que... o PAIGC, como nós, anseia pela paz.


Esses mesmos inimgos disseram que teriam imenso prazer em contactar com tropas africanas, em serviço nas nossas fileiras, para trocarem impressões e concluirem o que mais lhes interessava.


Hoje [, 7 de junho,], algumas dezenas de tropas africanas, comandadas pelo mesmo oficial superior, dirigiram-se ao mesmo local, procedendo como no dia de ontem. Encontraram um clima de amizade, não foram molestados, e até foram obsequiados com galhardetes e emblemas do PAIGC. Também se procedeu à troca de pequenas peças de fardamento.


Imaginem, um momento tão importante, um momento nunca conseguido durante tantos anos de guerrilha. Parece inconcebível. Mas aconteceu. Nunca em toda a história mundial, que eu saiba, antes mesmo de um cessar-fogo, se viu istio, duas forças inimigas, como uma família, reunidas em franca amizade, esquecendo  todos os antecendentes, pois eles sabem que com isso contribuem para finaliziar o que há tanto tempo vem vitimando e continuaria a vitimar inocentes [...]


Estou deveras emocionado, eu que como tanto outros vi tombarem amigos, companheiros de farra e de luta, amigos para o bem e para o mal, e para quê ?  [...]


Ficou, nesse encontro, determinado que amanhã o inimigo vinha a um quartel nosso visitar-nos, conhecer-nos, nós que nos matavámos [uns aos outros] sem nos vermos. Enfim, agora como está previsto,  conhecer-nos-emos, se não houver imprevistos, e eu, que tanto os odiei, com o ódio que ganhei com a guerra, devido ao sangue que vi derramar, irei... talvez - quem sabe ? - ABRAÇÁ-LOS. Sim, porque eles lutaram para defenderem o que por direito lhes pertencia, um chão deles, bravos soldados como nós.

Fica aqui, pois, o meu desejo para que tudo se desenrole como desejamos, no dia de Portugal, nas conversações de Londres. Somos livres, mas ainda não temos a PAZ.

Um militar que anseia pela Paz.




4. Num segundo poste, divulgaremos mais alguns excertos de cartas escritas pelo J.Casimiro Carvalho, em Paunca, em junho de 1974. Não tenho nenhuma missiva em que ele relate à mãe, ao pai ou a outros familiares a situação de insubordinação dos soldados da CCAÇ 12, situação essa que  terá ocorrido por volta de 21 agosto de 1974 [ data em que o PAIGC tomou conta da povoação e aquartelamento, segundo o relatório da 2ª rep/QG/CTIG, já aqui divulgado]. (***)

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Guiné 63/74 – P9770: Convívios (417): Almoço/Convívio da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/72, Vila nova de Gaia - 19 de Maio de 2012 (Manuel António Lopes)



1. O nosso Amigo e Camarada Manuel António Lopes, ex-Furriel Enfermeiro da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/72, Echeia, 1972/74, solicita-nos a divulgação do próximo convívio da sua Unidade.

Boa tarde,

Como frequentador do blogue da Tabanca Grande, solicito, se possível, a divulgação de um convívio da 1ª Companhia de Caçadores do Batalhão 4610/72, a realizar em Vila Nova de Gaia no próximo dia 19 de Maio de 2012 (programa em anexo).

BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 4610/72
1ª COMPANHIA

19 DE MAIO DE 2012
 VILA NOVA DE GAIA
RESTAURANTE CARPA


Amigo e companheiro “ Rato de Encheia”
Está quase passado mais um ano do nosso último convívio em Sintra.
Aí ficou decidido que o nosso encontro deste ano fosse na zona do Porto.
Vamos assim conviver no próximo dia 19 de Maio em Vila Nova de Gaia.
Pretende-se com estes nossos encontros recordar episódios, amigos e alguma nostalgia dos tempos passados em Encheia. Igualmente pretendemos um convívio muito alegre, com bom repasto e boa pinga.
Alguns estão sempre presentes, outros alternam a sua presença e muitos nunca apareceram. São estes que é necessário mobilizar para estarem presentes.
Vamos esquecer por um dia a crise e dizer “EU VOU”.

O NOSSO CONVÍVIO SERÁ NO RESTAURANTE CARPA
Av. República, 1731
4430-206 VILA NOVA DE GAIA 

Telefone: 223 797 169

PREÇO: 20,00 €

Fica perto do El Corte Inglês. Quem vem do Sul pela Auto estrada, deve seguir a direcção Ponte da Arrábida e após a estação de serviço seguir em direcção a Santo Ovídio –Avª da República.

AS INSCRIÇÕES DEVEM SER FEITAS ATÉ AO DIA 11 DE MAIO PARA OS CONTACTOS:

MANUEL ANTÓNIO LOPES
Tel. 229 014 974 ou Telem. 962 726 979
MANUEL FERNANDES MONTEIRO
Tel  223 792 348 ou Telem. 968 125 677

EMENTA

ENTRADAS
Pão, Salgadinhos, Camarão
SOPA
Creme de legumes
PEIXE
Bacalhau gratinado c/puré
CARNE
Vitela assada
SOBREMESA
Bolo e Champanhe
VINHOS
Vinhos da casa, verdes ou maduros, sumos, águas e cerveja

PREÇO: 20,00€

Cumprimentos
Manuel Lopes
Fur Mil Enfº da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/72
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Nota de MR:

Vd. último poste desta série em: 18 DE ABRIL DE 2012 > Guiné 63/74 – P9767: Convívios (337): XXX Almoço/Convívio do STM 1961/64, Beja - 26 de Maio de 2012 (Mário Costa) 


Guiné 63/74 - P9769: Parabéns a você (408): Augusto Vilaça, ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914 (Guiné, 1967/69) e Victor Barata, ex-Especialista da FAP/DO 27 (Guiné, 1971/73)

Para aceder aos postes dos camaradas Augusto Vilaça e Victor Barata, clicar nos seus nomes
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9766: Parabéns a você (407): Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9768: Tabanca Grande (330): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Carlos Pedreño Ferreira* (ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS, Bissau e COP 8, Nhacra, 1971/73), com data de 18 de Abril de 2012:

Bom dia!
Finalmente localizei nos meus "arrumos" fotos do tempo de tropa para poder completar a minha "entrada" oficial no blogue como me foi pedido.

Quanto a "memórias" estou a revê-las confrontando as que restam com alguns dos relatos do blogue, enquanto leio o último livro do Mário Beja Santos que é um verdadeiro mimo sobre o que se tem escrito sobre as vivências na Guiné 63/74.

Remexer no baú das memórias - mentais e físicas (fotos , aerogramas etc.) já deu para conversa amena e salutar com alguns dos filhos e para matar saudades de tempos de juventude - felizmente bons - e com poucos sobressaltos. Relatos para o blogue apenas depois de me certificar que não são efabulações com 40 anos de "prateleira".

Mais uma vez PARABÉNS antecipados pelo vosso blogue.

Um abraço
Carlos Pedreño Ferreira
Ex-Fur Mil Inf/Op
COMBIS/COP8


Nhacra > Porta de Armas do Quartel

Foto: © Eduardo Campos (2009). Direitos reservados.


2. Nota de CV:

Caro Carlos
No Poste 9609 já referi alguma coisa do que te devia dizer hoje.

Cumpre-me desta feita dar-te as boas-vindas já que resolveste juntar-te à tertúlia deste Blogue, com a disposição de ajudares a registar a memória de uma guerra que a esmagadora maioria dos combatentes não queria, e que aos olhos de hoje sabemos ter sido infrutífera e escusada. Por lá deixaram a vida muitos dos nossos amigos e camaradas, e outros sofrem sequelas que os hão-de acompanhar até ao fim dos seus dias. Cumpre-nos deixar os nossos testemunhos para que o sacrifício da nossa geração jamais seja esquecida.

Como é da praxe, aqui te deixo um abraço da tertúlia, e dos editores que esperam que lhes dês muito trabalho.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9609: O Nosso Livro de Visitas (129): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 – P9760: Tabanca Grande (329): Joaquim Jorge Loureiro Pinto, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1970/72)

Guiné 63/74 – P9767: Convívios (416): XXX Almoço/Convívio do STM 1961/64, Beja - 26 de Maio de 2012 (Mário Costa)


1. O nosso Amigo e Camarada Mário Costa, ex-1º. Cabo Op.Cripto no STM, 1961/64, solicita-nos a divulgação da festa anual da sua unidade.

Camaradas,

Mais uma vez solicito a publicação de dois apelos, para possibilitar a presença do maior de Camaradas ex-Combatentes que possam estar interessados em encontrar-se connosco em Beja, no próximo dia 26 de Maio, para matar saudades de tudo aquilo que preencheu uma grande parte do melhor da nossa juventude. 








Um grande abraço para todos do,
Mário Costa
1º. Cabo Op. Cripto 101/59
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Nota de MR:

Vd. último poste desta série em:



Guiné 63/74 - P9766: Parabéns a você (407): Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

Para aceder aos postes do nosso camarada Raul Brás, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9746: Parabéns a você (406): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf da CCS/BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9765: Documentos (24): Análise da situação do inimigo - Acta da reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973 - Parte III (Luís Vaz Gonçalves)

1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos mais uma mensagem dando continuidade ao trabalho documental iniciado nos postes P9639, P9748 e P9755, respeitantes à Análise da situação do inimigo - Acta da reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973 no Quartel-general do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Camarigos:

O que prometo cumpro, como tal aí vai a PARTE III, sobre a "Reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973"





 PARTE III

Reunião de Comandos, em 15 de Maio de 1973, “Ata da Reunião"

“Em 15 de Maio de 1973, pelas 10H30, no Quartel-general do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, teve lugar, sob a presidência e mediante convocação do General Comandante-Chefe, General António de Spínola, uma reunião de Comandos na qual participaram os comandantes-adjuntos respectivamente, Comodoro António Horta Galvão de Almeida Brandão, Comandante da Defesa Marítima da Guiné, Brigadeiro Alberto da Silva Banazol, Comandante Territorial Independente da Guiné, Brigadeiro Manuel Leitão Pereira Marques, Comandante-Adjunto Operacional e Coronel Gualdino Moura Pinto, Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné …”


General Comandante-Chefe, General António de Spínola

“… Dou a palavra ao Comandantes - Adjuntos …”

- Brigadeiro Manuel Leitão Pereira Marques
- Brigadeiro Alberto da Silva Banazol
- Coronel Gualdino Moura Pinto

"E não havendo mais nada a tratar, o General Comandante-chefe encerrou pelas 11h 30 a reunião, que eu Hugo Rodrigues da Silva, Coronel do CEM e Chefe do -Estado-Maior do Quartel-General do Comando-Chefe, relatei e assino "

Bissau, 15 de Maio de 1973














Luís Beleza Vaz
(Tabanqueiro 530)
___________

Notas de MR:

* Independentemente de estar de acordo ou não, com o teor textual deste relatório “Muito Secreto”, quero expressar aqui, em meu nome e de todos aqueles que gostam de conhecer e enriquecer os seus conhecimentos pessoais, e, como no meu caso, engrandecer os seus arquivos com documentação histórica desta qualidade e “calibre”, o meu melhor agradecimento ao Luís Gonçalves Vaz todo o trabalho e prestação que ofereceu ao nosso blogue.

Muito obrigado Luís!

Vd. também sobre esta matéria os seguintes postes do mesmo autor, em: 






Guiné 63/74 - P9764: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande - Monte Real 2012 (9): Notícias do nosso Blogue e do nosso Convívio (A Organização)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCAÇ 2405 (1968/70) > O Alf Mil Paulo Raposo, o anfitrião e o principal organizador do nosso I Encontro Nacional, em 2006, na Ameira, Momtemor-O-Novo. Na altura, totalizámos a meia centena...

Foto: Paulo Raposo (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Caros amigos/as, camaradas, camarigos/as: 

Notícias do nosso Blogue:

1. Batemos ontem um novo recorde, o nosso número de visitas diárias ultrapassou as 5 mil...

Mon, April 16, 2012 > 5,043 
Sun, April 15, 2012 > 4,206 
Sat, April 14, 2012 > 3,972 
Fri, April 13, 2012 > 4,660 
Thu, April 12, 2012 > 3,818 
Wed, April 11, 2012 > 4,153

Fonte: Bravenet


2. Com a entrada do camarada Jorge Pinto, a quem saudamos, perfazemos um total de 548 tabanqueiros ou tertulianos... 


3. Estamos a preparar a edição especial para o dia 23, 2.ª feira, quando o nosso blogue fará 8 anos de existência. Já temos algumas colaborações, mas queremos mais... Toca a rapar o "fundo ao tacho" (neste caso, o baú das memórias)...


Sobre o nosso VII Encontro

(i) Aproxima-se a data do nosso VII Encontro Nacional (Monte Real, 21 de Abril), que deve ser (e vai ser) uma grande festa de convívio, de camaradagem e de amizade. Um ganda ronco.

O total de inscritos é de 183. Apesar da crise, ou contra a crise, a ordem é: Troika a marchar, camaradas!

Atenção: Eventuais desistências (nada de dserções!) devem ser comunicadas à organização até pelo menos 4.ª feira, 18. 

Temos camaradas e amigos que vêm ao nosso encontro pela primeira vez (periquitos). Seria bom que os mais velhos os ajudassem a integrar no espírito (único) da nossa Tabanca Grande onde o que conta não são as nossas diferenças de opinião (ou outras), mas a vontade de partilhar memórias e afectos à volta da nossa experiência comum, que foi a guerra na Guiné, entre 1961 e 1974. Ou melhor, como a gente costuma dizer, o bichinho da Guiné...

(ii) Não se esqueçam, todos os inscritos no nosso encontro, de imprimir, ou mandar imprimir a cores - se possível - o crachá com o vosso nome. (O camarada Miguel Pessoa mandou-vos oportunamente, por email, o respectivo ficheiro).

(iii) Esta é a lista dos 183 inscritos (um recorde, em relação a todas as seis edições anteriores) para a Operação Monte Real 2012 (a seguir ao nome, o local de residência e o concelho):

Acácio Dias Correia e Maria Antónia - Algés / Oeiras  
Adriano Neto - Aveiro  
Agostinho Gaspar - Leiria  
Alcídio Marinho e Rosa - Porto  
Alexandre Margarido - Lisboa  
Alvaro Vasconcelos e Maria de Lourdes - Baião  
António Duarte - Lisboa  
António Fernando Marques e Gina - Cascais  
António Gabriel Vaz - Lisboa  
António Graça de Abreu - S. Pedro do Estoril / Cascais
António José P. da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra  
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro  
António Martins de Matos - Lisboa  
António Mateus e Laura - Guifões / Matosinhos  
António Osório e Ana - Vila Nova de Gaia
António Pinheiro - Porto  
António Ribeiro e Norberto - Amarante  
António Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos  
António Santos e Graziela - Caneças / Odivelas  
António Silva e Albina - Estarreja  
António Sousa Bonito - Carapinheira / Montemor-O-Velho  
António Sá Fernandes - Valença  
Artur Soares - Figueira da Foz  
Belarmino Sardinha - Odivelas  
Benjamim Durães com: Bruna, Fábio, Marta, Rafael e Tiago - Palmela 
Benjamim Martins Dias - Porto 
C. Martins - Penamacor 
Carlos Campos - Lisboa 
Carlos Oliveira - Leiria 
Carlos Pinheiro e Maria Manuela - Torres Novas 
Carlos Pinto e Maria Rosa - Reboleira / Amadora 
Carlos Pires e Joaquina - Amadora 
Carlos Rios e Fernanda - Carnaxide / Oeiras 
Carlos Santos - Leiria 
Carlos Silva e Germana - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos 
Coutinho e Lima e Maria Isabel - Lisboa 
David Guimarães e Lígia - Espinho 
Delfim Rodrigues - Coimbra 
Diamantino Ribeiro André e Maria Rosa - Proença-a-Nova 
Diamantino Varrasquinho e Maria José - Ervidel / Aljustrel 
Eduardo Campos - Maia 
Eduardo Ferreira - A-dos-Cunhados / Torres Vedras 
Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Eduardo - Porto 
Eduardo Moutinho Santos - Porto 
Eduardo Pessoa Santos - Lisboa 
Ernestino Caniço - Tomar 
Felismina Costa, João e Cláudia - Agualva / Sintra 
Fernandino Leite - Maia 
Fernando Sucio - Vila Real 
Francisco António Ribeiro - Torres Novas 
Francisco Silva e Maria Elisabete - Lisboa 
Henrique Matos - Olhão 
Hugo Guerra e Ema - Lisboa 
Hélder V. Sousa - Setúbal 
Idálio Reis - Cantanhede 
J.L. Vacas de Carvalho - Lisboa 
Jaime Brandão - Monte Real / Leiria 
Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel 
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura - Porto 
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria 
Joaquim Pessoa - Cantanhede 
Joaquim Sabido e Albertina - Évora 
Jorge Araújo - Almada 
Jorge Cabral - Lisboa 
Jorge Canhão e Lurdes - Oeiras 
Jorge Narciso - Cadaval 
Jorge Picado - Ílhavo 
Jorge Pinto - Agualva-Cacém / Sintra 
Jorge Rosales - Cascais 
José Armando Almeida - Albergaria-a-Velha 
José Barros Rocha - Penafiel 
José Brás - Montemor-O-Novo 
José Casimiro Carvalho - Maia 
José Eduardo R. Oliveira (JERO) - Alcobaça 
José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos 
José Ferreira da Silva e Maria Vergilde - Crestuma / V. N. Gaia 
José Francisco Robalo Borrego - Linda-a-Velha / Oeiras 
José Luís Malaquias - Ílhavo 
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel 
José Manuel Lopes e Luísa - Régua 
José Manuel M. Dinis e Teresa - Cascais 
José Marcelino Gonçalves e Tuula Kahkonen - Canadá 
José Martins e Manuela - Odivelas 
José Teixeira - Leça do Balio / Matosinhos 
João Caramba e Rosa - Beja 
João Marcelino - Lourinhã 
João Mata - Quinta do Anjo / Palmela 
João Paulo Diniz (PFA) - Lisboa 
João Pinho dos Santos - Aveiro 
João Santos - Porto 
João Sesifredo e Celestina - Redondo 
Juvenal Amado - Fátima / Ourém 
Juvenal Candeias - Lisboa 
Leonel Olhero - Ermesinde / Valongo 
Luís Graça e Maria Alice - Alfragide / Amadora 
Luís Mourato Oliveira - Lourinhã 
Luís R. Moreira - Cacém / Sintra 
Manuel Augusto Reis - Aveiro 
Manuel Carmelita e Joaquina - Vila do Conde 
Manuel Domingos Santos e Maria Isabel - Leiria 
Manuel Joaquim e José Manuel Cunté - Agualva - Sintra 
Manuel Lema Santos e Maria João - Massamá / Sintra 
Manuel Lima Santos e Maria de Fátima - Viseu 
Manuel Resende e Isaura - Cascais 
Manuel Vieira Moreira - Aguada de Cima / Águeda 
Maurício Esparteiro e Dulcínia - Almada 
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa 
Mário Fitas - Estoril / Cascais 
Mário Neves e Natércia - Torres Vedras 
Pacheco - Rio Tinto / Gondomar 
Paulo Santiago - Aguada de Cima - Águeda 
Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal 
Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos 
Rui Silva e Regina Teresa e Regina Maria - Sta. Maria da Feira 
Silvério Lobo e Linda - Matosinhos 
Simeão Ferreira - Monte Real / Leiria 
Sousa de Castro e Conceição - Viana do Castelo 
Valentim Oliveira - Paraduça / Viseu 
Victor Tavares - Recardães / Águeda 
Vítor Caseiro e Maria Celeste - Leiria

Verifiquem por favor se o vosso nome consta da lista de inscritos; ou, se estando inscritos, não poderão comparecer por imprevistos de última hora.... (Neste caso, por favor comuniquem de imediato à Comissão Organizadora).

Distribuição dos 183 inscritos por zonas:
Grande Lisboa - 58
Grande Porto - 32
Norte - 17
Centro - 49
Sul - 25
Resto do Mundo - 2



(iv) A maneira mais prática de aceder a Monte Real, para quem vem do Sul ou do Norte é pela A17.

Devem sair no nó que indica Monte Real e hão-de passar três rotundas, sendo que a partir da primeira, na Estrada Nacional 109, encontram logo sinalização indicando o caminho a seguir.

Quem tiver GPS pode introduzir as coordenadas: N 39º 51' 5.15'' - W 8º 52' 1.87'' ou Rua de Leira - Código Postal 2426-909

Localização do Palace Hotel de Monte Real - Imagem Google


(v) Para mais pormenores sobre a organização do encontro, consultar o Poste 9534. É só clicar aqui.


Em nome dos organizadores do VII Encontro e do nosso Editor Luís Graça,
Carlos Vinhal.-
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9728: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande - Monte Real 2012 (8): No próximo dia 14 terminam as inscrições , que já vão em 150 neste momento (A Organização)

Guiné 63/74 - P9763: In Memoriam (117): Recordando o dia 17 de Abril de 1972 e a trágica emboscada de Quirafo (Juvenal Amado)

 

1. Em mensagem do dia 4 de Abril de 2012, o nosso camarada Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), enviou-nos este texto de homenagem aos camaradas da CCAÇ 3490 que morreram na emboscada de Quirafo, no dia 17 de Abril de 1972:





Pintura de autoria de Juvenal Amado para oferecer à Tabanca do Centro a fim de ser leiloada e assim ajudar alguém através daquela Tabanca.

"António Ferreira"

Homenagem do nosso camarada Mário Migueis ao 1.º Cabo TRMS António Ferreira morto durante a emboscado do Quirafo
Acrílico: © Mário Migueis da Silva (2010). Direitos reservados


COMO SE FOSSE UM FILME

Hoje nas suas fotos parados no tempo, olham-nos com uma censura muda. Os olhos parece que nos seguem. Perguntam-nos porque não aproveitamos para criar algo mais justo, mais fraterno, quando tivemos a oportunidade, que lhes foi negada a eles na flor da idade.

Se fosse nos States far-se-ia um filme, talvez um épico. Nunca podia ser com o John Wayne como actor principal, pois ele nunca morria nas fitas. Normalmente ele era o herói, que namorava a dona do Saloon e dava porrada em todos “maus”. No fim partia sempre rumo ao Sol poente, deixando a pobre com água na boca.
Por outras palavras ela casava com o cavalo, dizíamos nós a brincar.

Bem segundo parece, nunca esteve em combate de verdade, só usava a sua “bravura” para a propaganda militar, dando assim azo à fanfarronice e egocentrismo tão americano.

Uma bela imagem do Rio Corubal, no Saltinho. 

Foto retirada da página Encore de L'audace do nosso camarada Paulo Santiago, com a devida vénia

Escolhemos uma data?
Talvez 17 de Abril de 1972, numa picada repleta de sol numa Segunda-Feira.

Vão-se recomeçar os trabalhos interrompidos na Sexta-Feira na abertura da estrada, que talvez não fosse dar a lado algum, a não ser à sede de protagonismo de chefes militares.

Para que seria aquela estrada que ia na direção de locais em que nós não éramos visita desejada há muito tempo? Tinham-nos mandado fazer aquele serviço, para o qual talvez não tivessem sido devidamente avisados dos perigos, que era “cutucar a onça com vara curta”, como é uso agora dizer-se, que temos o português das telenovelas brasileiras, a assaltar-nos os sofás várias vezes ao dia. Depreciar o perigo resulta na sua duplicação como se viu.

Mas se fosse um filme nós sairíamos para a rua no final da sessão com os ouvidos cheios de tiros, explosões, a visão cheia actos heróicos e muitos mortos. Embora não tivéssemos visto, os “mortos” no fim de cada cena levantam-se, retocam o “sangue das feridas”, ajeitam os buracos nas fardas, pois talvez seja preciso repetir as filmagens naquela ou na outra cena de matança, quanto mais realista melhor para o êxito da fita.

Sabemos nós que há 40 ou 50 anos provámos da nossa própria angústia, que não se passa assim, que os mortos ficam mesmo mortos e o sofrimento é real para além do intolerável.

As viaturas roncam carregadas com soldados, trabalhadores, granadas, motosserras, gasolina e farnéis. A curva feita e desfeita tanta vez, desta vez albergava uma mortal surpresa.

A bocarra da morte estava ali à espera deles, como quem ri com escárnio da sua juventude, porque não se era jovem demais para morrer naquelas terras vermelhas e de sol impiedoso.

Apanhados de surpresa, as balas e canhoada atingem viaturas e rasgam as carnes, só escapa quem foge, quem se tenta refugiar é apanhado à mão. Sorte incerta para ele, certa para quem ficou estendido varado pelos tiros e metralha. A gasolina arde numa enorme fogueira, onde se mistura viatura e corpos sem vida.

Que sabemos nós dos seus últimos pensamentos?
Ter-se-ão apercebido da grande tragédia em que foram o actores principais?

As notícias do desastre chegam longe.
Quantos caixões?
Muitos!
Nem todos são brancos mas quais? E quem são?
Perguntámos nós.

Mais a cima as preocupações eram outras e perguntou-se “quantas viaturas”? Os homens substituem-se o equipamento compra-se.

Só muito mais tarde, se soube quem era quem, no desenlear as teias tecidas pela morte daquele dia. Mês de Abril das flores dos dias claros e pujantes, em que a natureza morta pelos rigores do Inverno, revive num ciclo imparável de Séculos. É a diferença, os homens que nos deixam, só regressam na nossa memória.

As romagens às suas campas, normalmente de exaltação patriota em data previamente marcada, não de introspecção, só servem alguns fins para o qual, nem eles nem as famílias foram tidos nem achados.

Resisto a olhar os olhos das fotos para sempre jovens, pois aquele olhar corta.

O silêncio, as flores, algumas de plástico, dão um ar de desolação e a certeza, de que há um fim até para saudade presente e dolorosa, porque a vida tem que seguir em frente para os ficam.

Despeço-me parafraseando aqui o titulo do poema do canto-autor Geraldo Vandré que "É P´ra Não Dizer Que Não Falei das Flores".

Dedicado aos camaradas da Companhia de Caçadores 3490,  mortos naquele dia fatídico de 17 de Abril de 1972, Saltinho.

Alferes Miliciano Armandino Silva Ribeiro - Magueija / Lamego
Furriel Miliciano Francisco de Oliveira Santos - Ovar
1.º Cabo Sérgio da Costa Pinto Rebelo - Vila Chã de São Roque / Oliveira de Azemeis
1.º Cabo António Ferreira [da Cunha] - Cedofeita / Porto
Soldado Bernardino Ramos de Oliveira - Pedroso / V. N. Gaia
Soldado António Marques Pereira - Fátima /  Ourém
Soldado António de Moura Moreira - S. Cosme  / Gondomar
Soldado Zózimo de Azevedo - Alpendurada / Marco de Canaveses
Soldado António Oliveira Azevedo - Moreira  / Maia (**)
Milícia Demba Jau - Cossé / Bafatá
Milícia Adulai Bari - Pate Gibel / Bafatá
Trabalhador Serifo Baldé - Saltinho / Bafatá
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9685: Estórias do Juvenal Amado (41): Um drama causado pelo esquecimento dum carteiro

Vd. último poste da série de 8 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9716: In Memoriam (116): O senhor Luís Henriques (pai do nosso editor Luís Graça), faleceu hoje, dia 8 de Abril de 2012, aos 91 anos, na Lourinhã (Tertúlia)

Sobre a emboscada de Quirafo, entre outros, vd. postes de:

15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)

26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)

25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)

23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)

(**) Originalmente dado como "desaparecido em combate", confundido com o António da Silva Batista (dado como morte)