terça-feira, 11 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11691: Blogpoesia (345): War is over, baby [ A guerra acabou, querida] (Luís Graça)

War is over, baby
[ A guerra acabou, querida]

por Luís Graça


A guerra acabou…
E depois ?
Depois,  os avós contarão aos netos,
tintim por tintim,
como foi a última batalha de bagdade
que não chegou a haver
mas que rimava com liberdade,
e com bombas de mil sois
(Ou foi hiroshima, meu amor ?)

Ou talvez não contem a história assim,
talvez prefiram antes arrumar as botas,
e até calar-se para sempre
e poupar os netos,
que esses, afinal, são muito mais espertos,
e têm jogos de guerra bem mais divertidos
no último modelo da sua playstation.
E sobretudo já não têm mais pachorra
para aturar os cotas,
infoexcluídos,
e com a rede neuronal avariada
(Como é  triste ser velho,
infoexcluído
e com sinais de alzheimer!)

De qualquer modo,
disse o repórter português,
o carlos fino,
foi a primeira das batalhas da história
transmitida em direto.
(O fino, o carlos, estava lá,
foi politicamente correto,
e isso é um motivo de orgulho nacional,
disse alguém,
assessor de belém).

Uma batalha anunciada,
uma cruzada de cruzados,
logo com princípio,  meio e fim,
como no jogo do xadrez,
com cheque-mate  ao rei e às suas odaliscas.
Uma história das arábias
onde sobraram as espadas de deus
e dos homens faltaram as palavras sábias.
(Ó carlos fino,
tal como em quinhentos, 
somos tão poucos,
para cobrir a imensão do globo
e calcorrear todas as picadas e os sete mares!).

Mas tu, baby, lembras-te,
tínhamos comprado pipocas,
no cinema do nosso bairro
de classe média arruinada.
Sentámo-nos no chão
entre camelos e beduínos
à espera da queda do saddam.
(Ou de satã?,
já não me lembro;
lembro-me, isso sim,  como se fosse hoje,
que já estavas meio pedrada,
do pó marado do casal ventoso;
e  campo de ourique ali tão perto!).

Éramos colecionadores de quedas e de quebras,
do PIB,
do moral da nação,
da moral de todos nós,
da bolsa da valores,
dos valores da bolsa,
de meteoritos,
de aeronaves,
de cabeças coroadas;
e a última queda, essa, fora a do muro de berlim
em mil nove oitenta e nove.
Regámos com vodka e coca-cola
o anúncio do recomeço do reich dos mil anos.
(Ou era licor beirão ?!,
ai, a minha cabeça!)

Depois os soldados regressarão
a casa.
E casarão.
E terão filhos que vão à escola,
pública, privada ou social,
conforme os escalões do irs.
Ou talvez não.
Os soldados proletários,
mercenários, 
voluntários,
patriotas,
partirão para outra guerra.
Que a guerra  sempre foi uma profissão.
(Disseste procissão ?
Ah, sim, a da vida e da morte!).

Os bisnetos dos escravos
das plantações de algodão do sul,
os afros,
os chinas,
os hispânicos,
os filhos dos imigras
de várias raças, credos e nações,
do grande melting pot americano,
os ex-colarinhos azuis
das linhas de montagem do taylorismo-fordismo,
no museu industrial de michigan.
Na fotografia amalareda tinham um ar de idiotas,
usavam grandes jeans
e chapéus à texano.
(Mas podia ter sido na região de tombali,
meu amor,
muito mais perto de ti,
em linha reta,
no carreiro do povo,
no corredor da morte!).

Enfim, só sei que eles guardarão a espingarda,
a baioneta,
o capacete,
o cantil
e a marmita,
no bengaleiro
ou, talvez melhor,
no sótão,
no baú, herança dos tretavós,
arrebanhados do cacheu ao cunene.
E o canhão sem recuo, esse, guardá-lo-ão
no jardim, em miami.
E o clarim,  em nova orleães.
E, na casa branca, o cartão do tio sam que dizia:
I wanto you for u.s. army!

Em abono da verdade,
não escondo
que alguns morrerão.
Talvez de solidão.
Ou de tédio.
Ou de falta de fé em deus.
Ou na humanidade.
Ou em deus e na humanidade ao mesmo tempo.
No criador e na sua criatura.
Ou de stresse pós-traumático de guerra,
como dizem hoje os psis
que vivem dos despojos de todas as guerras.
(Apanhado do clima, dirias tu,
meu tuga,
meu nharro,
que no tempo da guerra colonial da guiné
estava por inventar a palavra stresse.)

Morrerão simplesmente de solidão
como as carcassas dos tanques
nos jardins suspensos da babilónia.
(Ou na estrada de madina do boé;
não importa, ou que importa ?!,
sentados ou de pé!,
nas berliets, gê-ème-cês, unimogues,
à sombra dos bissilões).

Afinal, que importam os detalhes
se um dia todos temos de morrer,
presas e predadores,
caçadores e leões,
escravos e senhores,
soldados e generais,
de uma merda qualquer,
de peste, sida,  ébola,
gripe das aves,

radiações ionisantes,
insolação, raiva, insónia,
desidratação,
febre hemorrágica,
bê-esse-é,
tiro da bófia,
pneumonia atípica,
cancro,  
gás mostarda,
sari,
trombose,
avêcê,
tsunami,
ou aperto da aorta.

O repórter de serviço diz,
na têvê do berlusconi,
que esta foi a última campanha de caça
ao leão da mesopotâmia.
Ou da abissínia,  tanto faz,
que o berlusconi tem gê-pê-esse
e borrifa-se  na geografia,
agora com as autoestradas da globalização,
dando largas ao delírio
e à livre circulação do capital.
(Estranho: eu imaginava-o extinto,
ao leão da abissínia,
na época dos últimos glaciares.)


Ah! se eu não fosse um sem-abrigo,
Ah! se eu não fosse um desertor da guerra colonial,
Ah! se eu fosse poeta proactivo,
um repórter reformado da guerra fria,
com pensão,  cama e roupa lavada,
um gajo decente
com sensibilidade social
e uns restos de testosterona
na ponta mais ocidental da G3…
Ah!, se eu fosse tudo isso,
eu escreveria um grafito
no meu epitáfio,
nas paredes do meu bunker:
- Deus é grande,
e maomé o seu profeta!
Estive em badgade,
mas não vi nada, meu irmão.
Não rezei na tua mesquita azul.
Não rezei por ti nem por mim nem por nós.
Apenas tive pena do teu povo,
curdos,  xiitas,  sunitas,  árabes
e todos os outros filhos bastardos de abraão
e  das tábuas e tabus de  moisés.
Fulas, mandingas, tugas, felupes, balantas, nalus,
filhos pródigos da humanidade achada e perdida.

Mais te direi por e-mail
que morri com um estilhaço de granada.
A meu lado, um capitão dos marines
afogou-se num poço de petróleo,
coberto com a bandeira dos states,
como na batalha de iwo jima.
Verde e vermelha,
como a imaginava o poeta,  jorge de sena,
a cor da liberdade,
em 1961.
(Angola… é nossa!,
que importa a cor da liberdade,
quando a joia da coroa está em perigo?!).
Era um caixa de óculos como o o’neil,
poeta, obscuro,
que nem para contínuo serviu
do ministério dos negócios estrangeiros.

Mas hão-de morrer mais.
Conta, baby,  conta até mil
e lê o jornal.
É a astróloga do ano que tudo viu
na sua bola de cristal.
Italianos dos carabineiros,
espanhóis da secreta,
espiões do efbiai,
judeus errantes da diáspora,
goeses de damão e diu,
mexicanos do pancho villa,
lusitanos da diáspora,
talvez do luxemburgo,
onde nem sequer há poilões
nem acácias
nem jagudis.
Hão de morrer, todos,  de puro terror,
estampado nos olhos.
Tudo por causa de um homem-bomba
que foi visto visto a sobrevoar
a estátua da liberdade agrilhoada.

Mas agora és tu, private jessica lynch,
baby-doll em camuflado
a nova namoradinha
dos tele-espectadores globais.
Ou por breves instantes foste
a heroína,
a heroinazinha.
Que a fama e a glória são
deusas vãs, avaras e cruéis.
Quiçá na próxima guerra te verei
ao serviço da bandeira da cnn,
ou doutro xogum qualquer dos mass media,
embeded com os bravos da mítica 7ª cavalaria,
mobilizada pelo ral 7,
ali à calçada da ajuda.
No país do show business,
das fábricas de sonhos e de fadas de carne e osso,
e em que o sucesso é um pudim instâneo
e a medida de todas as coisas,
está tudo a condizer.
Tu estás a condizer, minha joia,
o carlos fino está a condizer,
mais o pobre ministro da propaganda,
de seu nome mohamed saeed al-sahaf
que que queria resistir ao apocalipse now
com um microfone na mão.
A gnr dos portugas em nassíria está a condizer

com a batalha de nassíria.
Tu e eu estamos a condizer
no tempo em que éramos todos telegénicos,
e até o bush, my friend george, caraças!,
por deus e pelo diabo protegido e ladeado,
segurava um perú de plástico
no dia de ação de graças.
(Poupem o perú, seus cabrões,
mas deem-me cabo do império do mal!)

Tu, my darling, minha querida,
ouvi dizer que eras filha
de um condutor de camião,
daqueles que atravessam a américa,
de lés a lés.
Uma heroína do povo sem pedigree,
escriturária,
amanuense,
anjo da guarda,
carinha larocas,  teenager,
de uma qualquer terra saloia da américa profunda,
da américa larga, comprida e funda.
Ferida em combate por engano,
sorry que numa lady americana,
não se bate,
diz o puro sangue árabe, 
com sotaque português.
Baleada mas logo resgatada,
que um camarada morto ou ferido
nunca se deixa para trás,
muito menos acima do paralelo 38
das linhas do fogo inimigo.
Muito menos,  já se vê,
num hospital de retaguarda do eixo do mal,
diz o pentágono.

Li nos jornais velhos  que acumulo no wc
que já te ofereceram um milhão
(de dólares, entenda-se).
Queriam fazer um filme
com a história da tua curta vida,
de heroína por equívoco.
Tu que só tens 19 anos.
Não mais.
E já tanto (ou, afinal, tão pouco) para contar
aos netos que hão de vir.
Perdi-te o rasto, meu amor,
minha bajuda,
my baby,
nas voltas que o mundo dá.
A guerra acabou, dizem,

war is over.
O problema agora é de polícia
e do homem-bomba
ou da mulher do tchador
Adeus, querida,
adeus às armas,
adeus, iraque,
adeus, guiné…

E depois ?
Bem, depois é amanhã,
não há azar,
que não é sexta nem treze.
E amanhã há mais,
cantemos o hino.
A vida pode parar,
a vida pode esperar,
a vida pode até perder-se.
O espetáculo é que não, my god!
O espetáculo, esse, continua,
tem de continuar...
Só vou ter saudades é do carlos fino!


11/1/2004. Revisto em 10/6/2013

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Nota do editor:

Último poste da série > Guiné 63/74 - P11690: Blogpoesia (344): A minha Pátria (J.L. Mendes Gomes)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11690: Blogpoesia (344): A minha Pátria (J.L. Mendes Gomes)

1. Poema enviado ao fim da tarde deste dia de 10 de junho de 2013,  pelo nosso poeta e camarada J.L. Mendes Gomes:

Minha Pátria

É uma parcela de terra,
Pequena

Da Europa gigante
Cercada de mar.


Tem campos e serras,
Uma teia de rios sem fim.
Ramadas perenes,
Carregadas de vinho. 

Uma fartura de hortas,
Lezírias,
Campos de milho,
Searas de pão
Que chegam e que sobram.

Tem feno e tem linho.
Secando ao sol,
Na orla dos rios.

Florestas à farta,
Estaleiro imortal
Das naus da glória.
Repasto malévolo
Dos incêndios de Agosto...

Guarda tesouros de oiro,
No seio do solo.
Tem um império de mar
Onde pode pescar,
Para comer e vender.

Tem sol a brilhar,
Com fartura,
E muita areia nas praias,
Toneladas de iodo,
Para dar e mercar.

Sobretudo, 
Tem gente rica e valente
Com alma gigante,
Com história brilhante
E antiga.
Que canta e que fala
Numa língua, 
Exacta e perfeita,
Mais rica, na terra,
Não há...

Ovar, 10 de Junho de 2013
19h14m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11670: Blogpoesia (343): Recuso dizer uma oração / ao Deus que te abandonou... (José Manuel Lopes, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

Guiné 63/74 - P11689: Op Cacau, em 4/6/1967, em que morreu o cap inf José Jerónimo da Silva Cravidão, cmdt da CCAÇ 1585, na região de Bricama (Farim), no dia em que fazia 25 anos


Guiné > região do Oio > Carta de Farim (1954) > Escala 1/50 mil > Detalhes: Região de Bricama, onde o cap inf J.J. Silva Cravidão encontrou a morte, em combate, em 4/6/1967.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1.  Reproduzido, com a devida vénia, do sítio do Carlos Silva, nosso querido amigo e camarada [, Guerra na Guiné 63/74]


Operação Cacau, 4/6/1967
por Carlos Silva

Tinha por finalidade actuar de forma profunda e em acções simultâneas na região de Bricama, Ponta Sinói e Maninhã. [Toda esta zona fica a Sul de Farim, na margem esquerda do Rio e encostada ao rio Canjambari].

As forças constituíram-se da seguinte forma:

Destacamento A – 2 Gr Comb da CCaç 1585, reforçada com o 1 secção Comp  Mil 5
Destacamento B – 1 Gr Comb CCaç.1585 reforçada com o Gr Comds Os Roncos. [O grupo foi comandado pelo Alf Falcão, em virtude do Alf Ribeiro se encontrar de férias na Metrópole ]
Destacamento C – CCaç 1565 (-)

O Dest A e o Dest B, embarcaram neste dia pelas 0 horas em Lanchas de Desembarque Médio (LDM) no cais de Farim, sendo colocados no ponto, Farim 3 B7 72, primeiro o Dest B que se internara na mata montando a segurança ao desembarque do resto das forças.

Feito o desembarque, a força iniciou a progressão em direcção à antiga tabanca da Bricama, sendo desde logo detectados trilhos utilizados pelo IN. Atingida a Bricama, as forças continuaram a progressão para Sul atingindo o objectivo sem ser detectadas, tendo o Dest A lançado o assalto, provocando ao IN 3 mortos confirmados e outros prováveis.

O IN reagiu com PMet,  LGFog e Mort 60. Foram destruídos meios de vida e capturados documentos e material diverso.

De seguida foi lançado o assalto ao segundo objectivo situado em Farim 6 B5 62, [ Ponta Sinói ],  tendo também aqui o IN reagido com PMet,  LGFog. e Mort 60, causando a morte do Cap Cravidão [, foto à esquerda,], Comandante da CCaç 1585 e dois feridos ligeiros.

Pedida a evacuação ao PCV, o Dest A, regressou ao ponto de embarque. O Dest B continuou a sua progressão em direcção Tencó. Contudo foi atingida a antiga tabanca de Farandito, situada mais a Sul, em virtude do guia confundir Tencó com Talicó, atitude que se tornou suspeita, o que levou à orientação pela bússola por parte do Comandnate do Dest B.

Em Farandito foram notados bastantes indícios de vida, mas não foram vistas moranças. Foi avistado 1 elemento IN que foi feito prisioneiro.

As NT continuaram a progressão em direcção a Talicó sem encontrar moranças, avistando numerosos rebanhos de ovelhas e manadas de vacas.

Daqui regressaram não seguiram para o outro objectivo em Maninhã, tabanca situada mais a Norte [“chão” dos meus amigos mandingas Dabó Dafé e Alaco “ Rosalina”],  ao longo do rio Canjambari para o ponto de embarque e antes de atingir Tencó, foram avistados 4 elementos IN que tentaram cambar o rio, sendo abatidos.

Em Tencó foi detectado um acampamento com cerca de 10 moranças, sendo destruído e capturado documentos de interesse.

Continuando a progressão em direcção à Ponta Sinói foram avistados 2 elementos IN que foram abatidos. Na bolanha de Ponta Sinói as NT sofreram uma emboscada, sem consequências, por um Gr. IN de cerca de 6 a 8 elementos armados com PMet.

Até à Ponta Furtado as NT sofreram mais duas emboscadas, sem consequências, tendo sido causado ao IN feridos prováveis. As NT atingiram o ponto de embarque onde foram recolhidas no mesmo dia 4 às 13 horas.

Nesta operação, foram provocadas as seguintes baixas ao IN:

9 mortos
1 prisioneiro
Vários feridos confirmados

Foi capturado ainda o seguinte material:

5 longas
10 cartuchos 7,9
Medicamentos
Documentos Material diverso

Foi morto em combate o Cap Inf  José Jerónimo da Silva Cravidão. A sua morte teve reflexos desfavoráveis na moral de todo o pessoal da sua companhia, pelo qual era muito estimado e respeitado. As cerimónias fúnebres,  realizadas no dia 5-06-1967,  em Farim,  constituíram sentida manifestação de pesar. O Cap Cravidão era natural de Arraiolos e ficou sepultado no cemitério de Elvas. (*)

Ficaram feridos:

1º cabo 76962/66 Manuel da Silva Santos
Sold nº 21952/66 António Monteiro Boavista

Distinguiu-se nesta acção o 1º cabo 90273/66 Manuel Genrinho dos Santos,  da CCaç 1585, pelo desembaraço revelado.

Fonte: História da CCaç 1585, pp. 64-65.



Cemitério de Elvas: Lápide funerária de José Jerónim da Silva Cravidão  (4-6-1942 / 4-6-1967). Cortesia do portal  Linhas de Elvas
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 10 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11688: In Memoriam (152): Cap inf José Jerónimo Manuel Cravidão, cmdt da CCAÇ 1585 (Nema e Farim, 1966/68), morto em combate há 46 anos, em 4 de junho de 1967; natural de Arraiolos, os seus restos mortais repousam em Elvas; nunca foi condecorado (Claudina Cravidão / Jaime B. Marques da Silva)

Guiné 63/74 - P11688: In Memoriam (152): Cap inf José Jerónimo Manuel Cravidão, cmdt da CCAÇ 1585 (Nema e Farim, 1966/68), morto em combate há 46 anos, em 4 de junho de 1967; natural de Arraiolos, os seus restos mortais repousam em Elvas; nunca foi condecorado (Claudina Cravidão / Jaime B. Marques da Silva)




Guiné > Região do  Oio > CCAÇ 1585 (Nema e Farim, 1966/68) > Fotos do cap inf Cravidão e do seu pessoal [A CCAÇ 1585 foi mobilizada pelo RI 2, Abrantes; partiu para o TO da Guiné em julho de 1966 e regressou em maio de 1968].

Fotos: © Claudina Cravidão  (2013). Todos os direitos reservados

1. Duas mensagens enviadas pelo meu amigo, meu conterrâneo e antigo combatente (alf mil mil paraquedista, Angola, 1970/72),. Jaime Bonifácio Marques da Silva [, professor de educação física, hoje reformado, vive em Fafe, onde foi vereador da cultura]:

(i) 16 de maio de 2013: 

Caro Luís: Conheces o percurso militar do Cap José Jerónimo  da Silva Cravidão? Morreu na Guiné e era da CCAÇ 1585.

A viúva, dr.ª Claudina Cravidão que é minha colega de curso e amiga,  falou-me da homenagem que os camaradas lhe prestaram em Elvas.  Ele deixou duas filhas.

Falei-lhe do vosso Blogye e, parece-me, que ela já o encontrou. Vê se consegues conhecer as circunstâncias da sua morte em combate. (...)

(ii) 30 de maio de 2013:

Caro Luís: Reenvio o email da Claudina Cravidão. Penso que ela vai contactar-te. Se pensarem prestar alguma homenagem ao Cap Cravidão, diz-me. Gostaria de participar pela amizade que tenho à Claudina.

No próximo domingo já irei para o Seixal, [Lourinhã]. Será mais fácil, depois, falarmos sobre este assunto. Abraço amizade para ti e a Alice cá do pessoal do Norte. Jaime

2. Mensagem, de 28 de maio passado,  de Claudina Cravidão, viúva do cap inf José Jerónimo da Silva Cravidão, cap inf, cmdt CCaç 1585, morto em combate em 4 de Junho de 1967 [, era natural de Arroiolos, e é um dos muitos camaradas nossos injustamente esquecidos nos Dez de Junho  destes anos todos; fazemos questão de o lembrar, hoje,  dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se comemora justamente em Elvas, a terra que acolheu os seus restos mortais] (*)


Jaime,  muito obrigada, pela tua intervenção neste assunto. Andei um bocado em baixo, porque já sabes que estas coisas doem e,  quando mexemos nelas, doem ainda mais, porque se tornam mais presentes.

No entanto aconteceu e o inevitável não tem solução. Já reuni outras homenagens, como o terem dado o nome dele [, Cravidão.] a um largo, ao fundo da rua onde ele morava, em Arraiolos, assim como uma lápide, bastante grande, na parada do quartel, em Farim [, Guiné], também com o seu nome.

Está tudo digitalizado, aliás mandei digitalizar numa casa de artigos fotográficos, mas as letras são muito pequenas, não sei se estarão bem legíveis. Penso que não pode ser de outra forma. Nestas coisas da Net, não sou nenhuma expert e,  o que  sei, são os netos que me ensinam.

Pensei 2 vezes, em ir com isto para a frente. O meu marido era um homem que  não ligava nada a homenagens e a outras coisas do bem parecer... Ligava,  sim, à verdadeira essência das coisas, por isso discordava muitas vezes da opinião dos chefes, que passavam o tempo nos gabinetes e nem sequer conheciam os locais por onde eles andavam.  Sei que  os homens o admiravam e gostavam muito dele, porque ele os tratava como homens, e não carne para canhão.

Mas,  depois de muito pensar, achei q não seria mal nenhum publicitar as homenagens que lhe fizeram. Como eu própria as publiquei no semanário Linhas de Elvas, penso que as datas devem lá estar. A última a que a Sara (filha mais nova) te mandou e a mais completa, saiu no semanário Linhas de Elvas a 31 de dezembro de 2012. A do soldado de Pinhel foi publicada no boletim paroquial O Falcão, em outubro de 1967. A foto da lápide deve ter sido enviada ainda em junho de 1967. A carta do furriel Joaquim Pedrosa, em 6 de junho de 1967, assim como muitas mais, mas são muito extensas, por isso só referi algumas frases mais marcantes.

Afinal estou com a foto da lápide, de 20 de agosto de 1967. Também há outros depoimentos, como o do capitão miliciano que o foi substituir, assim como um alferes com quem ele se dava bem e o tentou convencer a não ir a essa operação (, visto fazer 25 anos nesse dia), mas ele teimou e disse que iria com eles e foi.

A operação chamava-se Cacau, deslocaram-se de lancha toda a noite, até atingirem o objectivo: Bricama (base pesada de turras). Estes, emboscados na outra parte da bolanha, deixaram que destruíssem as moranças e as queimassem e,  já na retirada, quando se iam deslocar, para outro local, rebentou um violento tiroteio e foi quando ele foi atingido.

Segundo o alferes, quando se propagou a notícia, entraram em loucura e, se ele não tivesse segurado os homens, seria uma carnificina, muitos mais teriam morrido. Foi uma única bala, entrou na parte da frente, atravessou o fígado, causando hemorragia interna e saiu nas costas. Era a hora dele. Conforme ele dizia, estava escrito.

Para não te incomodar com todas estas coisas e, visto vires para baixo no fim do mês, estava a pensar enviar directamente as coisas para o teu amigo, pois tenho o mail dele.Diz-me o que queres que eu faça. O livro do teu amigo deve chegar amanhã, pelo correio, à cobrança. Quando fico mais em baixo,  digo para mim mesma «não penses nisso, pensa nos momentos bons que viveram» e tu faz  o mesmo, umas vezes resulta, outras não, mas cada um carrega a cruz à sua maneira. Não é uma questão de catolicismo,mas acredito mesmo que nada acaba aqui. Só a carne morre, o espírito vive em, se algum dia pudermos falar, verás que é assim.

Vou escrever ao Luís Graça, só para lhe agradecer a disponibilidade e a gentileza que tem mostrado. Fotos, vão muito poucas,porque  as muitas outras que  possuo, são pessoais e essas não se publicam. Podes reencaminhar o mail, para o teu amigo, para não escreveres tanta coisa, ou então sintetiza,mas eu queria saber se mando o que está digitalizado, para ele ou para ti. Um abraço grande para ti e para a Dina (minha homónima,pois também há muita gente que me chama Dina -é a terminação dos nossos nomes.). Beijinhos.









Linhas de Elvas, 31 de dezembro de 2012

O Falcão, outubro de 1967. 

[Recortes de imprensa: Cortesia da dra, Claudina Cravidão]


3. Comentário de L.G. [, mail enviado em 1 de junho ao Jaime, com conhecimento à Claudina Cravidão]:

Jaime:

Obrigado, por tudo o que tens feito pelos nossos camaradas da Guiné, pelo Cravidão e pela Claudina, enfim, pelo nosso "dever de memória e de gratidão"... Eu estava justamente a pensar como deveria responder-lhe, à Claudina, com a delicadeza que o assunto merece, quando abri a caixa de correio hoje de manhã [, 1 de junho]...

Queria também convidá-la a integrar o nosso blogue para, através dela e da nossa Tabanca Grande (9 anos de vida, 11500 postes, 620 membros registados, c. 5 milhões de visitas, atualmente - e nos últimos a nos - com 3 mil visitas em média por dia), manter viva a memória do nosso camarada Cravidão e dos demais camaradas que lutaram (e cerca de  3 mil morreram) na Guiné (1961/74). Vou fazer isso mais logo, ao fim do dia. E falar-lhe um pouco mais sobre a "missão" e a "natureza" do nosso blogue...

Hoje não vou à Lourinhã. De qualquer modo, é só para te dizer que recebi as 3 fotos que a Claudina mandou. Chegaram bem, e têm legendas. Não sei se ela mandou texto em anexo...Se sim, não chegou, só a mensagem.

Vamos pensar em fazer um ou mais postes de homenagem ao cap Cravidão, se ela concordar (penso que seja essa a sua vontade).  Fiquei muito sensibilizado com as palavras dela, que li na sua última mensagem. Gostava de as poder publicar, se ela me autorizar [, depreendo que sim, das tuas palavras e e das palavras dela]. Naturalmente que quero também associar o teu nome, meu irmão, amigo e camarada Jaime, a esta singela homenagem.

Quanto ao endereço (correto) do nosso mail é:

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (sem cedilha no graca nem acento na guiné...)

Um xicoração, um Alfa Bravo (ABraço). Luís (**)

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Guiné 63/74 - P11687: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Monte Real, 8 de junho de 2013 (Parte II): Novas caras, novos tabanqueiros, novos camaradas, novos amigos e amigas...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio > Da esquerda para a direita, a Maria Alice Carneiro (esposa de Luís Graça) com a sua amiga Maria de Fátima (Tucha) e o companheiro desta, e nosso camarada e futuro tabanqueiro Manuel Santos Gonçalves (O casal vive em Carcavelos, Cascais)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  Em primeiro plano, o João Alves Martins e a esposa Graça Maria (,que faz parte do quadro do pessoal civil do Ministério da Defesa, estando colocada no Gabinete do Vice-Chefe do Estado Maior do Exército).


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  O Manuel Joaquim e a sua (e)terna namorada, a D [eonilde] das "cartas de amor e guerra"


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  O António Pimentel, nosso tabanqueiro da primeira hora, e uma amiga


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >   Da esquerda para a direita: o Álvaro Vasconcelos, com o casal que representou a diáspora: naturais de Tarouca, há 27 anos que vivem em Madrid, são eles o nosso camarada Manuel Dias Pinheiro e a Maria Inácia.


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  O Carlos Pinheiro e a Maria Manuela, que vivem em Torres Novas


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  Três camaradas Tabanca de Guilhomil: ao centro o régulo,  Joaquim Peixoto (Penafiel); à sua esquerda, o Manuel Carmelita (Vila do Conde); e à sua direita, o José Manuel Lopes (Régua).


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almoço de convívio >  Três camaradas de Aldeia Formosa: da esquerda para a direita, o Manuel Santos Gonçalves (Carcavelos / Cascais), o Silvério Lobo (Matosinhos) e o João Marcelino (Lourinhã)... (O João, além de residir na minha terra, tem outras afinidades comigo: os nossos pais estiveram juntos em Cabo Verde, como expedicionários; e ambos temos uma grande admiração filial pelos nossos pais... Já combinámos juntar-nos um dia destes para troca de histórias e de fotos... O João manifestou igualmente a sua vontade de ingressar na Tabanca Grande).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11685: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Monte Real, 8 de junho de 2013 (Parte I): as primeiras imagens da nossa festa anual

Guiné 63/74 - P11686: Parabéns a você (588): Alcides Silva, ex-1º cabo estofador, CCS/BART 1913, 1967/69



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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11684: Parabéns a você (587): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

domingo, 9 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11685: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Monte Real, 8 de junho de 2013 (Parte I): as primeiras imagens da nossa festa anual


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palavras de boas vindas por parte de Luís Graça e  de agradecimento à comissão organizadora: Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Miguel. Não foram esquecidos os muitos camaradas que, por uma razão ou outra, incluindo razões de saúde ou de calendário, não puderam comparecer. Especiais saudações fforam também dirigidas aos muitos "periquitos" que se associaram a esta bela jornada de convívio, que juntou cerca de 135 amigos e camaradas da Guiné, reunidos à volta do poilão da Tabanca Grande.

Vídeo do nosso camarada José Augusto Ribeiro, que vive em Condeixa, e que foi fur mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal, Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965), seguramente o mais "velhinho" dos presentes, juntamente com o seu camarada de companhia, o  Carlos Paula,  que veio de Coimbra e que já fez questão de pedir o seu ingresso na Tabanca Grande, "apadrinhado" pelo Ribeiro.

Vídeo (2' 25''): ©  José Augusto Ribeiro (2013). Todos os direitos reservados



Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 8 de junho de 2013 > VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Três "periquitos": Carlos Paulo (Coimbra), António Garcez Costa (Lisboa) e José Augusto Ribeiro (Condeixa). O Paulo e o Ribeiro eram, se não me engano, os "velhinhos" dos mais "velhinhos", em termos de antiguidade na tropa... Pertenceram à CCAÇ 566 (que veio de Cabo Verde para reforçar o TO da Guiné, no início da guerra)... Por seu turno, o Garcez Costa só conheceu a "guerra das ondas hertzianas", tendo sido locutor, em 1979/72,  do PFA (, o popular programa de rádio das Forças Armadas, cuja mascote era o PIFAS).

Na foto, o Paulo e o Ribeiro seguram um exemplar do livro "Cambança Final: Guiné: Guerra Colonial: Contos", da autoria do nosso querido amigo e camarada Alberto Branquinho que nos fazer uma agradável surpresa, oferecendo (a todos os seus camaradas presentes) e autografando mais de 7 dezenas de exemplares desta sua última obra (que acaba se ser editada pela Editora Vírgula, Lisboa;  tem 224 páginas, capa mole, e custa c. 13€ - preço de capa; disponível aqui).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11683: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): O nosso querido coeditor Virgínio Briote, e tabanqueiro da primeira hora, ausente por razões de saúde, manda "um grande abraço aos gloriosos resistentes da Magnífica Tabanca"

Guiné 63/74 - P11684: Parabéns a você (587): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11675: Parabéns a você (586): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74)

sábado, 8 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11683: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): O nosso querido coeditor Virgínio Briote, e tabanqueiro da primeira hora, ausente por razões de saúde, manda "um grande abraço aos gloriosos resistentes da Magnífica Tabanca"

1. O nosso querido coeditor Virgínio Briote, tabanqueiro dedicado da primeira hora, este ano vai falhar o nosso encontro, por motivos (sérios) de saúde.... Foi submetido recentemente a um delicada intervenção cirúrgica,  do foro oftalmológico.

Vamos estranhar a sua ausência este ano, dele e da Maria Irene. O VB é daqueles bons e leais camaradas que nunca será nem poderá ser esquecido na nossa Tabanca Grande, nos dias bons e nos dias maus.

Um grande xicoração para ti, Virgínio. E rápida recuperação.  Um beijinho para a Maria Irene. LG


2. Mensagem, que ele nos enviou no passado dia 8:

Caro Luís,

Fez ontem 4 semanas que fiz a vitrectomia e acabou, também ontem, a posição que tive que seguir durante esse tempo. Ainda tenho gás na zona macular e calculam eles que lá por volta de 15 a 20 deste mês deve estar totalmente absorvido. Então poder-se-ão fazer os exames para verificar os resultados, principalmente se o buraco macular foi mesmo fechado.

Neste momento estou sem dores, a recuperação tem seguido bem, mas a visão do olho esquerdo está muito diminuída, o que parece ser normal e,  a haver recuperação,  ela ocorrerá até 6 meses após a cirurgia. O que acontece é que agora estou com a visão do OD correcta, a parte de cima do OE borratada e a parte inferior do mesmo OE é uma bolha de gás cinzenta escuro. Como o cérebro ainda não se adaptou a esta “visão”, a minha vida faz-se com algumas limitações. Julgo que esta é uma das formas de alcançar o Paraíso.

Agradeço o teu interesse e peço que dês um grande abraço aos gloriosos resistentes da Magnífica Tabanca e estou confiante em vê-los a todos com saúde, com um olho só que seja, no próximo Monte Real.

Para o Carlos, Eduardo e para ti, Caro Luís, um grande abraço do

V Briote

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11679: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (10): Últimas informações

Guiné 63/74 - P11682: O nosso livro de visitas (166): Carlos Figueira, ex-fur mil, CCAÇ 4946 (Jemberém, Cacine e Bolama, 1974)... Uma saudação madeirense para os camaradas hoje reunidos em Monte Real, no VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande


Região Autónoma da Madeira > Funchal > 2013 > O nosso camarada Carlos Figueira, candidato a membro da Tabanca Grande




Guiné > Região de Tombali > Cantanhez > Jemberém > CCAÇ 4946 (Jemberém, Cacine e Bolama, 1974) > O fur mil Carlos Figueira, madeirense.


Foto: © Carlos Figueira  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Carlos Figueira


Data: 7 de Junho de 2013 às 10:54

Assunto: Lamento

Camaradas,

O meu grande lamento é não estar presente dia 8 de Junho (amanhã) no vosso/nosso convívio.

Como estou no Funchal, esqueci-me de planear,  e neste momento,  deslocar-me ao continente.  As passagens são muito caras,  pois é época alta.

Tenho imensa pena pois assim iria rever os meus camaradas da Guiné.

Fiz parte da CCAÇ 4946 que saiu do Funchal para a Guiné onde estivemos no Cumuré,  Jemberém,  Cacine e Bolama.

A todos os camaradas envio um grande abraço com a promessa de comparecer no próximo convívio.

Perdi há muito o elo de ligação com os elementos que compunham a CCAÇ 4946 e dos que compunham a Companhia que saiu do Regimento Infantaria nº 1 - Amadora (, hoje Regimento dos Comandos)...  Pois fiz parte dessa Companhia antes de fazer a transferência para a CCAÇ 4946,  que igualmente foi para a Guiné  (mas não já não me lembro do nº de identificação).

Queiram,  por gentileza,  transmitir a todos os camaradas que estiveram em serviço militar na Guiné que envio-lhes um grande mas forte abraço,  acrescidos dos meus sinceros votos de bnoa saúde e prosperidade.

Carlos Figueira

Em anexo: As minhas fotos (hoje,  no Funchal, e ontem, em Jemberém)

PS - Quero pedir-vos que fornecam o meu e-mail aos meus camaradas para que me possam contactar. Fico-lhes mui grato e reconhecido. 

2. Comentário de L.G.:

Carlos Figueira, grande camarada da portuguesíssima região autónoma da Madeira: Obrigado pelo contacto e pelas tuas saudações. Serás seguramente lembrado em Monte Real pelos camaradas presentes. Estará lá malta do teu tempo, que passou por Jemberém e por outros míticos lugares do Cantanhez. Sobre a tua companhia (Os Galos do Cantanhez), temos pelo menos 4 postes. (Clica sobre o link anterior).

Espero que para o ano possas, com tempo, preparar a viagem e estar connosco. Este é o nosso VIII Encontro Nacional. Já cá tinhas batido à porta da Tabanca Grande, em 23 de janeiro de 2009, sem todavia teres entrado (*). Não preciso de te convidar. Este blogue também é teu. Fico só à espera de uma pequena história, tua, passada lá naquela terra verde e vermelha, no meio daquelas gentes de quem ficámos amigos. Já temos 3 fotos tuas, mas se quiseres manda mais.  Oportunamente serás apresentado à Tabanca Grande, como novo membro registado. Um Alfa Bravo. (**)

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Notas do editor
(*) Vd. postes anteriores sobre a CCAÇ 4946:

23 de janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3781: O Nosso Livro de Visitas (55): Carlos Figueira, ex-Fur Mil da CCAÇ 4946, Jemberem, Cacine e Bolama (1974)

(...) A título de curiosidade - a minha Companhia chegou à Guiné em 5 de Janeiro de 1974 e regressou a 16 de Agosto do mesmo ano.

Mesmo assim, fui ferido no braço direito por estilhaços a 5 de Fevereiro e transportado para o Hospital de Bissau. Não sei bem o que se passou, mas muitos dos meus documentos militares encontram-se desaparecidos dos arquivos militares, mas tenho o essencial. (...)


(**) Último poste da série > 24 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11454: O Nosso Livro de Visitas (165): Um "recuerdo" do ex-1º cabo op cripto Luís Nascimento, CCAÇ 2533 (Camjambari, 1969/71)

Guiné 63/74 - P11681: (In)citações (52): Como queremos o respeito do País quando nós esquecemos que a vida de um ex-combatente começa no dia em se entra pela primeira vez num quartel e só acabará no dia em que o mundo deixar de existir? (José da Câmara)

1. Comentário do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, BráBachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviado ao Blogue em mensagem do dia 29 de Maio de 2013:


Memorial Day > Aspecto da Parada em Taunton > O Nosso Grupo de Elite, marchando à vontade. A Tribuna de honra ainda estava a muitas centenas de metros. Ali fazemos os possíveis para alinharmos e marcharmos de acordo com as regras militares. Ontem até saí muito bem. A cadência foi feita por mim. No fim, aqueles sessentões estavam tão satisfeitos com o seu desempenho que me dedicaram uma salva de palmas.
© Foto e legenda de José da Câmara


Nos últimos dias li, com alguma perplexidade, os artigos e comentários referentes às cerimónias do Dia 10 de Junho, agora também Dia do Combatente.
O primeiro da autoria do camarada Colaço e agora o do Tony.

Compreendo perfeitamente e até subscrevo algumas das reacções implícitas na frustração dos artigos e comentários. Mas o que me magoa mais é que ao fim destes anos todos ainda não tenhamos aprendido a viver com as nossas próprias culpas em todo este cartório.
Nós, os ex-combatentes da Guerra do Ultramar, somos muitos milhares de criaturas.
Desses, nas cerimónias do Dia 10 de Junho, vão lá estar umas escassas centenas.
Alguns aparecerão vestidos a rigor, mas outros lá estarão em calça de ganga e camisa de flanela, outros em calção. A vestimenta poderá não ser importante, mas no contexto destas cerimónias o bem vestir é uma forma de ajudar a dignificar o evento.

Como podemos esperar mais do País se nós (embora eu não viva em Portugal) somos os primeiros a esquecermo-nos de nós próprios ao não comparecermos à chamada?
Como podemos nós esperar o respeito do País se, no nosso próprio blogue, vezes sem conta, muitos dos nossos camaradas se sentiram obrigados ao serviço militar e não ao Dever para com a Pátria?
Como queremos o respeito do País se, logo a seguir ao 25 de Abril, muitos se acobardaram e sentiram vergonha do uniforme que envergaram?
Como queremos o respeito do País quando muitos de nós se preocuparam com uma pensão de ex-combatente, mas esqueceram por completo os nossos camaradas enterrados um pouco por todo o solo das ex-Províncias?
Como queremos o respeito do País quando muitos de nós nos esquecemos de contar a verdade da nossa História aos nossos filhos, aos nossos netos?
Como queremos o respeito do País quando alguém, que não tendo sido militar, vai falar sobre os ex-combatentes é atacado por alguns de nós, mesmo ainda antes de ser ouvido?
Como queremos o respeito do País quando um Sousa Tavares qualquer chama palhaço ao Comandante Supremo das FA, o Sr. Presidente da República, um ex-combatente como qualquer um de nós, mesmo que na retaguarda, e nenhum de nós, com a capacidade e clarividência jornalística suficiente para o fazer, levanta a voz e diz basta?

Acima de tudo, como queremos o respeito do País quando nós nos esquecemos que a vida de um ex-combatente começa no dia em que ele entra pela primeira vez num quartel e só morrerá no dia em que o mundo deixar de existir?

Sinceramente não tenho a certeza que o País nos esqueceu. Bem pelo contrário, receio que fomos nós que, em muitos casos, nos esquecemos de existir.

Eu no meu quintal

Com Dionísio de Sá, natural de São Miguel, um Gringo de Guiledge
© Foto e legenda de José da Câmara

Ontem, nos EUA, foi comemorado o Memorial Day.
O povo americano, mais uma vez, prestou homenagem aos seus veteranos.
Tudo o que é Vila e Cidade, grandes e pequenas, todas elas, com maior ou menor pompa, saíram à rua para agradecer aos que serviram, muitos deles com o sacrifício da própria vida.
Eu também fiz a minha parte, quando integrado no grupo de elite da Associação de ex-Combatentes das FA Portuguesas, marchei na Parada da cidade de Taunton, MA.

A abrir a nossa participação, a Bandeira Portuguesa ondulava ao lado da Bandeira Americana.
Nos quase dois quilómetros do trajecto da parada, milhares de americanos alinhados nos dois lados da rua batiam palmas à nossa passagem.
Nelas senti o calor do carinho, respeito e agradecimento pela nossa participação.

Com todo o respeito prestei a minha homenagem aos que serviram nas FA dos EUA.
Eu também faço parte desta grande Nação.
De alma e coração senti os que, como eu, serviram nas FA de Portugal. De uma forma muito especial senti os que tombaram no cumprimento do Dever.

Um abraço
José Câmara
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11252: (In)citações (51): Os verdadeiros amigos dos bissau-guineeneses servem para que se digam palavras duras e chamadas de atenção e não apenas para pancadinhas no ombro e as habituais 'mantenhas' (Francisco Henriques da Silva, ex-alf mil, CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70, e antigo embaixador em Bissau, 1997/99)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11680: Notas de leitura (489): O Homem a quem chamaram G3, por António Trindade Tavares (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Fevereiro de 2013: 

Queridos amigos,
Este relato tem momentos assombrosos. Um miúdo do Alvito, farto do trabalho duro, oferece-se aos 17 anos para fuzileiro.
Tira o curso e vai para a Guiné, ainda em 1962. É estroina, estouvado e quer usufruir o que encontra de bom na vida. A seguir à operação Tridente é aliciado por dois polícias marginais e cai nas mãos do PAIGC, sente-se arrastado na corrente. Levam-no para Argel, Amílcar Cabral revela-se simpático e até lhe arranja trabalho.
Acaba nas boas graças do general Humberto Delgado. Depois do assassinato deste, palmilha até Rabat, pede a intervenção das autoridades portuguesas, em Lisboa é acusado de tudo.
De histórias como esta ainda não tínhamos um relato. Ele aqui fica. O livro é fácil de achar.

Um abraço do
Mário


O homem a quem chamaram G3

Beja Santos

“O homem a quem chamaram G3”, por António Trindade Tavares, Edição Vírgula, 2012, é um livro diferente sobre uma situação incomum, e que tem como pano de fundo a guerra da Guiné, ainda na sua fase inicial. O autor, o homem a quem chamaram G3, no arranque da narrativa procura uma síntese: “O que aconteceu a esse homem?

Sabe-se que entrou para o 2º curso da Escola dos Fuzileiros, em 1962, onde se destacou pelas suas qualidades de bom atirador, e que foi enviado num contingente para a Guiné pouco tempo depois. Depois de várias missões no território, é dado como desaparecido ou desertor, em meados de 1964, e volta a aparecer lá para 1965, em Rabat, Marrocos, depois de passado cerca de um ano em Argel, com proximidade ao general Humberto Delgado e aos poucos amigos que lhe eram chegados. Ao reaparecer junto das autoridades portuguesas, em Marrocos, entrega-se voluntariamente na embaixada, solicitando repatriamento e sabendo as consequências que o abordariam.

O que se contou sobre este homem?

Depois de incorporado no contingente destacado para a Guiné, motivado pelo ambiente de violência familiar em que teria sido criado, foi dado como desertor, instigado por uma mulher negra com quem se teria envolvido, uma femme fatale guineense cujas ligações ao PAIGC eram conhecidas. Esta terá sido o engodo que o desviou para lá dos pretos, tendo ficado conhecido como Turra Branco, Capitão G3, Terror das Forças Armadas. Aí terá desviado armamento, traído os portugueses, comandado missões de ataque às tropas portuguesas e dado instruções em campos de treino militar do PAIGC. Já em Portugal, após a sua captura terá sido dado como morto e o seu corpo aparecido a boiar no Tejo, no Mar da Palha. Outra versão é que terá fundado uma célula comunista no Lavradio e passado algum tempo em Moscovo. Onde é que está a verdade?”

Num estilo sincopado, num estilo que não anda longe do romance negro, e com recurso expedito à figura de alguém que lhe houve a história da sua vida, o velho G3 desembucha. Nado e criado no Bairro do Alvito em Lisboa. Tudo em grande indigência, começou a trabalhar desde os 13 ou 14 anos num ferro-velho, para os lados de Alcântara Terra. “No ferro-velho comecei por ajudar o dono. Ia lavando peças num bidão daqueles grandes, de 50 livros, cortado ao meio, com petróleo e uma escova. O patrão é que desmanchava os carros. Depois era com ainda é hoje, guardávamos as peças em prateleiras: alternadores, carburadores, pinhões, caixas de velocidades, motores, cabeças, faróis, tubos de escape”. Aprendeu a ser mecânico, fartou-se, ofereceu-se como voluntário para os fuzileiros aos 17 anos. Quanto às peripécias vividas na Escola, ali ao pé de Coina, levara uma infância a andar pela rua e na brincadeira. Tem saudades da escola onde andou, a Francisco Arruda, lembra os cinemas que frequentou com a miudagem, as maroteiras que pregou.

Agora está reformado, vive sozinho, voltou ao bairro, tem todo o tempo do mundo para contar a um sujeito curioso a sua vida aventurosa entre a Guiné e o norte de África. Pelo que descreve, pintou a manta em Bissau, divertiu-se à doida, nos primeiros tempos fez guardas, depois foi transferido para o Cacheu, fazia escoltas, naquele tempo era uma paz santa. Conheceu a Eugénia, foi paixão assolapada, Eugénia disse-lhe que estava grávida, ele veio para Bissau e passou 65 dias na ilha do Como. No regresso, começou a dar-se com gente suspeita, dois polícias sinistros, Santos Carvalho e Sardinha Crespo, este já expulso da corporação. Nesta narrativa, serão estes homens que o levarão, bêbado que nem um cacho, até à região de Mansoa, aí se estabelece um contacto com guerrilheiros, o fuzileiro G3 vê a vida a andar para trás, entra no mato e depois de muitas andanças chega à presença de Amílcar Cabral, este é informado por Sarinha Crespo que os três querem ir para a Argélia, querem estar ao lado do general Humberto Delgado, o fuzileiro G3 sente-se arrastado pela torrente, depois de uma viagem por metade de África em camionetes desconjuntadas chega a Argel. Nunca chegou a perceber o papel destes dois polícias nesta tramóia. Em Argel, e na companhia de Amílcar Cabral vão falar com Ayala, o secretário do general. G3 refere-se desprimorosamente aos membros da FPLN – Frente Patriótica de Libertação Nacional. Sem nenhuma vocação política, sem nenhuma ideologia, G3 põe-se ao serviço de Humberto Delgado. Amílcar Cabral ainda lhe arranjou trabalho na reparação de navios, mas Ayala queria que estivesse no escritório a ajudá-lo.

Estamos em meados de 1964, G3 vive em casa de Humberto Delgado e da sua secretária, Arajair. O general trata-o por “meu fuzileiro pequeno”. Em 1965, o general e a secretária são atraídos a uma armadilha perpetrada pela PIDE. G3 fica à deriva. Diz o pior possível do comportamento do pessoal da FPLN, vagueia pelas ruas de Argel, morre de fome, anda aos caixotes. Pôs-se a caminho de Marrocos, a viagem foi uma autêntica odisseia. Assim chegou a Rabat, procurou a autoridade consular e entretanto manda uma carta aos pais, é o pai que se mete a caminho, na mesma altura em que ele embarcou para Lisboa. Mal saiu do avião foi algemado, cedo começaram os interrogatórios: que armamento roubaste, que tropas portuguesas mataste ao lado do PAIGC? E ele bem contou, em todos os tons possíveis, o que se tinha passado. A PIDE entrega-o à Marinha. Os interrogatórios tonam-se mais sofisticados, dia após dia, ele descreve parágrafos com intensa vivacidade, momento há em que o leitor pensa que está a ouvi-lo, quase colérico, a repetir perguntas infindáveis. É novamente levado para a PIDE, caiu nas mãos dos inspetores Mortágua e Seixas, ao fim de 5 meses de interrogatórios vai refazer o canastro no hospital da Marinha.

Segue-se o Tribunal Militar, foi condenado a uma pena de prisão no Forte de Elvas. “Tinha 20 ou 21 anos e ainda tinha 5 anos de prisão pela frente… Uma vida… Lixaram-me a vida… O que mais me lixou, e ainda hoje me deixa danado é a atitude da Marinha… Não me defenderam, eu era um fuzileiro, um deles, e nem sequer uma defesa me deram… Eles bem sabiam que eu não tinha roubado armamento nenhum, que não tinha andado a atacar tropas portuguesas nenhumas… Aí é que eu vi, eles estavam a borrifar-se para mim”. Sairá ao fim do tempo todo, sem descontos. Casou com a madrinha de guerra. Tinha ainda dois anos pela frente, no Alfeite. Rouba comida para levar para casa. Depois, fez a sua vida como pôde, trabalho aqui e ali, nos biscates, na CUF. Aqui foi convidado a juntar-se ao PCP. Foi sol de pouca dura, davam-lhe trabalho, mas não era chamado para as coisas a sério, atirou a albarda ao ar. Foi trabalhar para Israel, o casamento desfez-se, a mulher partiu para França. Ficou só na casa do Lavradio. O irmão pediu-lhe para voltar para o Alvito. Teve uma proposta para ir trabalhar no Jumbo, como operador técnico da secção automóvel, aí vai ficar mais de 15 anos, a vender baterias, a montá-las.

Várias vezes o desafiaram a escrever um livro sobre a sua história. Gostava de voltar à Guiné, lembra o nome de alguns fuzileiros que o marcaram, caso do comandante Patrício. Ainda participa nalgumas almoçaradas com a malta do seu tempo. Teve oportunidade de falar com a filha do general Humberto Delgado. O Ayala fingiu que não o reconheceu. Alguém tinha que escrever esta história. Parece que não tem pés nem cabeça, mas foi assim. Nas almoçaradas, os combatentes de então desabafam. E o relato chega ao seu termo: “A morte ainda não levou tudo. A vida continua a vencer. Ainda somos todos o G3”.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11666: Notas de leitura (488): “O Mestiço e o Poder – Identidades, dominações e a resistências na Guiné”, por Tcherno Djaló (Mário Beja Santos)