segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16910: In memoriam (274): José Augusto Machado (1949-2017), ex-fur mil at, CART 2715 (Xime, 1970/72); vivia em Caneças, Odivelas. O velório é hoje na igreja de Casal de Cambra, Sintra, e o funeral é amanhã às 15h00 (Benjamim Durães)


José Augusto Machado (1949-2017)



O José Augusto Machgado, masis a esposa, Maria Elisabete Machado, no 5º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 em Montemor-o-Velho, em 2011


O José Augusto Machado, o segundo de azul, no 18º Encontro da CART 2715 em Fátima, em 2015.


Fotos (e legendas): © Benjamim Durães (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Benjamim Durães, ex-fur mil op esp, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), organizador de muitos dos convívios do seu batalhão:



Data: 2 jan 23017, 18:59
 Assunto - Faleceu o fur mil at CART 2715 (Xime, 1970/72) José Augusto Machado


Boas noites,  ex- Camaradas:

Acabo de receber a notícia triste que o nosso ex-camarada da CART 2715, o Furriel Miliciano José Augusto Machado, faleceu hoje com 67 anos de idade.

O velório é hoje na igreja de Casal de Cambra [, Sintra].

O funeral será amanhã, 3 do corrente,  pelas 15,00 horas.

O Zé Machado residia em Caneças,  no concelho de Odivelas.

Nasceu em 16 de Setembro de 1949, era casado com D. Maria Elisabete Machado.

Apresentou-se na CART 2715 em fevereiro de 1971 como recomplemento.

Acima publicam-se 3 fotografias: (i) uma individual; (ii) outra  tirada no 5º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 em Montemor-o-Velho: e (iii) a última tirada no 18º Encontro da CART 2715 em Fátima,  em 2015.

2. Comentário do editor:

A famílía do BART 2917 (e em especial da CART 2715) está de luto. Mais um camarada que nos deixa, e logo no início do novo ano. E deixa-nos precocemente, quando a esperança média de vida do homem, português, aos 65 anos, é já de mais 17 anos.... ´

Agradeço ao Benjamim Durães o rápido reporte da triste notícia. Não conhecia o camarada José Augusto Machado, mas ainda era do meu tempo. Integrou, em rendição, individual,  a valorosa CART 2715, em fevereiro de 1971, tinha já eu 21 meses de comissão. Seguramente que ele terá feito operações conjuntas com a minha CCAÇ 12, em 1971 e 1972,  no subsetor do Xime, já depois de eu ter regressado  a casa (em 17 de março de 1971).

À família, e em especial à viúva, Maria Elisabete Machado, apresento em nome de toda a Tabanca Grande as nossas sentidas condolências e a manifestação da nossa solidariedade na dor e no luto. (LG)

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Guiné 61/74 - P16909: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte VI: Anexos: A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (2)












Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968





1. Sexta  parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)

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Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (105): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)

Nhala, Junho de 1974 - Guerrilheiros do PAIGC
©: Com a devida vénia a António Murta


A propósito do poste Guiné 61/74 – P16905: Fotos à procura de… uma legenda (80): Inimigos de ontem, amigos de hoje… (José Teixeira), dei comigo a pensar em quantos de nós, os que passámos pela guerra do ultramar, tinham na altura alguma actividade política e consequentemente consciência formada sobre a justeza daquela guerra. Sabíamos que estávamos num sítio praticamente desconhecido e hostil, mas que era Portugal segundo os ensinamentos da geografia e da história.

Era inegável que não éramos o único país que ainda possuía colónias em África ou noutros pontos do planeta, embora houvesse já uns quantos países africanos independentes, e Portugal queria manter intacto, tanto tempo quanto pudesse, o seu império. Tivemos sérios problemas na ONU, fomentados principalmente pelas grandes potências, que estando em plena guerra fria, tinham todo o interesse em ter amigos em África. Naturalmente os países emergentes eram seus naturais aliados.

Lembremo-nos do assédio às nossas antigas colónias de Angola e Moçambique pelos alemães durante a I Grande Guerra, originando já na altura uma mobilização em força para esses territórios. Entre 1914 e 1918 perdemos ali cerca de 4800 homens, além dos mais de 5000 desaparecidos.

Um dos meus tios foi expedicionário em Moçambique nos anos 40 do séc XX, julgo que numa altura coincidente com a II Grande Guerra. Havia que manter a ocupação dos territórios africanos.

O nosso esforço em África entre 1961 e 1974 mais não foi que, à luz da política vigente, a continuação da defesa dos territórios que tanto sangue já tinham custado.
E agora chegamos ao que aqui me traz, o inimigo de ontem, amigo de hoje.

Os movimentos de libertação foram criados e dirigidos por africanos portugueses que adquiriram formação académica universitária na capital do império, onde nas barbas do poder se organizaram. Apoiados por potências com ambições estratégicas em África, e acompanhando os ventos e marés que se faziam sentir, não foi difícil começarem a guerra que iria desgastar uns e outros quase até à exaustão. Portugal mobilizou metropolitanos e locais, e os grupos de libertação tentaram localmente arranjar simpatizantes para a sua causa. Os seus quadros tiveram formação de luta de guerrilha principalmente nos países do leste da Europa, acabando por terem no terreno a colaboração activa de especialistas cubanos e o apoio material desses mesmos países e outros.

Dizia Cabral que não lutava contra os portugueses mas contra o colonialismo, logo os quase 9000 mortos do nosso lado foram vítimas dos chamados efeitos colaterais. Alguns dos guineenses, amigos de portugueses e de Portugal, ao passarem-se legitimamente para o lado do PAIGC, movimento pelo qual lutaram, tornaram-se naturalmente nossos inimigos. Pergunto eu: e agora, acabada a guerra, voltaram a ser nossos amigos? Maneira muito romântica de ver a coisa.
Aquele guerrilheiro, que no calor da luta não me matou por caso, é agora meu amigo, também por acaso, digo eu. Se me tivesse acertado, lá se tinha ido a nossa amizade do pós-guerra.

Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA
CART 2732
Mansabá
1970/72
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16729: (In)citações (103): Um texto elucidativo... Onde se fala do Restaurante Bar Pelicano, de Momo Turé, do Tarrafal, da PIDE/DGS, do PAIGC... (Mário Serra de Oliveira)

Guiné 61/74 - P16907: Notas de leitura (916): “Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, da autoria de Paulo Salgado, Lema d’Origem Editora, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
Estas crónicas do confrade Paulo Salgado desobedecem às narrativas convencionais de um barco a partir, de um contingente a chegar, o choque das culturas, os desatinos da guerra, até à hora em que se dá a missão por cumprida. O autor pretende pôr ao espelho, de forma sincopada, a presença portuguesa até aos alvores da luta pela independência, umas vezes é um alferes combatente no Olossato, outras vezes cooperante, e neste caso a narrativa tem dois tempos e dois olhares ao espelho. Dir-se-á que uma guerra nunca acaba, são sulcos profundos e as memórias desaguam quando, no mesmo palco, e num outro quadro político, se dá um doloroso confronto: fez-se tanta guerra, usou-se de tanto heroísmo para que quem venceu ficasse tão apoucado?

Um abraço do
Mário


Guiné, crónicas de guerra e amor, por Paulo Salgado (2)

Beja Santos

“Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, Lema d’Origem Editora, 2016, de Paulo Salgado, faz parte da literatura de regressos, tem trama imaginativa: um alferes que combateu no Olossato e que regressa 20 anos depois; um entremeado de enredos com arco histórico amplo, desde a chegada à Senegâmbia até uma quase atualidade.

Vimos, em trecho anterior, que o alferes Alberto combate na região do Morés, Ponte de Maqué e Olossato são aquartelamentos que conhece na perfeição, as narrativas desdobram-se sob emboscadas, patrulhamentos, homens de carne e osso, brancos e pretos, há desejos de mulheres e há mulheres prisioneiras que depois voltam para o Morés.

Intui-se que o autor pretende dar-nos uma grande angular desses Descobrimentos, das relações interétnicas e cruzar a história de Portugal com a da Guiné, antes e depois da luta armada. Nesta literatura de regressos é bem possível, e não há que contestar, que se socorra da retórica e de uma verbosidade que supere distâncias e cronologias. Assim, se deve entender a filípica de Meireles, um subordinado de Alberto, quando diz:

“Apercebi-me em Santa Margarida que poderia resistir. A vacina era coletiva, envolvia todos, tomava todos pela mesma medida. Mas apercebi-me, ainda lá, que seria possível resistir sem quebrar todos os sentimentos de decência e de humanidade que cada um tem à sua medida; apercebi-me que alguns companheiros de sorte, ou de má sorte, contribuiriam para passarmos este cabo de tormentas. Mas tanto vilipêndio, tanta degradação, nunca imaginei!”.

Alberto interroga-o:

“Vais dizer-me o que efetivamente tens calado bem no fundo do teu ser, vais contar-me o que verdadeiramente te preocupa”. E Meireles soluça: “Meu alferes, o meu maior amigo, que brincou comigo na escola, na minha rua e o no meu bairro; que namorou as mesmas garotas; e com quem, já crescido, percorri as praias e as montanhas de Sintra nas nossas motas; aquele que considerava um irmão morreu numa emboscada em Guileje…”.

E termina o trecho, interrogativamente: “Os homens, os militares, também choram?”. Nesta literatura de regressos pode haver uma retórica que ajude a relevar as dores inultrapassáveis, as perdas afetivas irremissíveis.

É uma história de Portugal onde se fala da epopeia da construção da fortaleza de S. José ou de Amura, também da epopeia da missionação, e daí Frei Cipriano que andou por Caió, e dá-se toda a ênfase à visita ao Morés, 20 anos depois de por ali, nas fímbrias, se ter combatido. Descreve-se o modelo daquela base que nunca se conquistou a despeito de bombardeamentos contínuos, do uso maciço das forças especiais, de por ali terem tentado entrar vários batalhões. Um ancião combatente descreve a Alberto a vida no Morés, o seu hospital, a mudança permanente das casas de mato. Aquele ancião é um homem de convicções, mas não esconde o seu desalento:

“Estou velho, cansado, com mil dificuldades. O Partido prometeu; mas agora o governo não cumpre; não temos nada de nada. Os olhos entristeciam-se-lhe”.

A narrativa move-se numa corrediça entre o passado e o presente: fala-se das urnas que estavam em Bissorã e que os do Olossato recusaram; numa atualidade que nos é próxima, o cooperante Alberto encontrou um caçador que vive há décadas na Guiné, um autêntico “lançado”; o mesmo cooperante Alberto ouve desabafos do médico no Hospital Simão Mendes, um médico que não tem recursos para mitigar sofrimentos e salvar vidas… E dentro deste arco histórico, o autor destaca páginas onde é patente a frágil presença colonial portuguesa é o caso da carta enviada pelo governador de Cabo Verde, Maldonado de Eça, ao ministro da Fazenda, Marquês de Ponte Lima, estamos nos fins do século XVIII, diz cabalmente:

“A Praça de S. José está em estado de desgraça, pois as construções estão em ruínas, a guarnição de 190 soldados sem pagamentos e sem vestuário, andando os homens trajando como os nativos, e a população católica sem serviço religioso. A Praça de Cacheu está quase abandonada, a artilharia sem reparos, os soldados como os de Bissau, o serviço religioso nesta dita Praça e na de Ziguinchor não é celebrado, pois o padre se refugiou na povoação, em concubinato, os soldados e os poucos particulares são obrigados a vender escravos para comprar mantimentos”.

E há os medos, sempre enleantes, no crescendo de ansiedade antes das operações, apresentam-se pretextos para não participar, ter medo não é desumano. Fala-se de um lançado célebre, Ganagoga, de nome João Ferreira, perdido de amores por Kali. E depois aquele cooperante na área da saúde, que já foi Alberto, o combatente do Olossato, sobe à Pensão Central, que descreve e vê-se que tem uma memória intacta:

“Subiu as escadas íngremes exteriores, em ferro forjado, antiquíssimas, talvez dos anos 30 do século passado, e acedeu, já no patamar, a um amplo piso, onde, à maneira colonial, uma larga varanda circunda todo o prédio. Ao cimo das escadas, numa sala de jantar mais reservada a clientes especiais, um grupo de comensais vai no fim da refeição”. E aparece D.ª Berta: “Depara com a proprietária, sentada diante da mesa comprida e larga, coberta por uma toalha asseada, aguardando, de forma amistosa, convivial, simpática, maternal, os seus clientes”.

Vai ser o tempo da guerra civil, e daí se salta para um episódio das campanhas da pacificação, recorda-se que a cólera se reacende décadas depois da independência e por fim, quando a guerra praticamente acabou para Alberto, prova uma dura flagelação em Mansabá, onde permanece na atividade de realização de exames de quarta classe a soldados e milícias.

Vivera-se o nervosíssimo da espera do embarque, houvera patrulhamentos, emboscadas, um golpe de mão falhado algures em Amina Dala ou em Iracunda ou em Consonco ou Bissancage ou Ionfarim ou em Changue Bedeta, houvera muita coisa, e agora este imprevisto em Mansabá. Assim se põe termo a estas crónicas de guerra e amor e não será por acaso que se evoca o poema Liberdade por Sophia de Mello Breyner Andresen, que assim culmina: Aqui o tempo apaixonadamente/Encontra a própria liberdade.
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Nota do editor

Poste anterior de 30 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16894: Notas de leitura (915): “Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, da autoria de Paulo Salgado, Lema d’Origem Editora, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P16906: Parabéns a você (1187): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16900: Parabéns a você (1186): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira

domingo, 1 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16905: Fotos à procura de... uma legenda (80): Inimigos de ontem, amigos de hoje... (José Teixeira)




Fotos: © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Teixeira, um dos régulos da Tabanca de Matosinhos, 

Data: 25/12/16



 Assunto: Uma legenda para esta fotografia

O que estarão estes dois combatentes a planear?

Um, português, alferes miliciano, comandante em exercício da Companhia algures na Guiné. Outro, combatente do PAIGC. Reencontraram-se em 2013. Localizaram pontos comuns de convivência em barricadas opostas e toca a desenhar no terreno as suas posições estratégicas no passado ano de 1970 em que se enfrentaram em Jumbembem... Conversa amena que solidificou feridas e terminou num abraço.

Infelizmente o africano, funcionário da AD em Iemberém,  já faleceu. Quem reconhece o nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande ?

Abraço

Zé Teixeira

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16893: Fotos à procura de... uma legenda (79): Adoradores do sol ?...Adivinhem onde foram tiradas estas fotos!... (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P16904: Facebook...ando (43): Brindando ao futuro (Paulo e Conceição Salgado)


Guiné-Bissau> Região do Oio > "A caminho do Olossato, 1991"> Dentro de breves dias, terão passado 26 anos sobre a nossa primeira viagem, de muitas outras, ao Olossato". 

Foto de perfil, na página do Facebook, do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp,  CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), , que publicou em 2016 o livro "Guiné - Crónicas de Guerra e Amor".




Vila Nova de Gaia >  1 de janeiro de 2017 > Paulo e São Salgado . Foto de perfil da página do Facebook do Paulo Salgado

Fotos (e legendas): © Paulo Salgado (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camão aradas da Guiné] 


1. Mensagem do Paulo Salgado, na sua página pessoal do Facebook e na página da Tabanca Grande:


Aos nossos familiares, amigos, colegas 
e a todos que, de forma diversa, fomos encontrando 
no nosso percurso de cumplicidades múltiplas feito, 
desejamos um Ano de 2017 com saúde e prosperidade, 
e exercendo uma cidadania activa 
neste mundo conturbado 
em que cada "um" tem um papel de dignificação face ao "outro". 

Um abraço da Maria da Conceição e do Paulo Salgado.


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Guiné 61/74 - P16903: Blogpoesia (487): "Ele vem aí..." e "Abeirei-me da varanda e vi...", poemas alusivos ao Ano Novo, de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. O nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), a quem desejamos um excelente 2017, vai-nos enviando ao longo da semana belíssimos poemas da sua autoria, dos quais publicamos estes dois alusivos à quadra que atravessamos:


Ele vem aí… 

À velocidade do sol.
Já passou na Austrália.
Avançou para a China.
Falta-lhe as alturas da Índia.
Depois, a descer, passa aos Urais
E, num saltinho,
Vai palmilhar a Europa,
Mergulhando no mar.
Que será que ele traz?
Viagem astral.
Paquete gigante,
Cargueiro da História…
É sempre uma incógnita.
Pois, saibam os astros, tiranos e reis!
A vida é só uma!…
Este mundo cansado,
Carregado de medo,
Não nasceu para a fome.
Está farto de guerra.
Aposta na paz.
Só quer ser feliz…

Jlmg

************

Abeirei-me da varanda e vi : 
Um novo dia que nascia. 
O primeiro em correria. 
Ali vai. 
Não olha. Segue e vai. 
Que traz em si? 
Se há-de ver… 
Oxalá paz e bem 
Que de mal chegou… 
Aquele que se passou. 
De tudo teve. 
Alegria e guerra. 
Tanta tormenta, 
Em casa e fora. 
Tanto dia de sombra negra. 
Para sempre fique oculto 
E outro venha 
De brilho e esperança. 
Paz e amor. 
Olhar ao alto, 
Com um olhar igual 
Para toda a gente. 
Não importa a cor e credo. 
Somos irmãos. 
Viageiros no mesmo barco. 
O mesmo destino. 
A mesma sorte. 
Seja por bem. 
Nunca por mal… 
Deixe saudades… 
Lá no final. 

Ouvindo Hélène Grimaud em concerto nº 2 de Rachmaninov
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16880: Blogpoesia (486): "Para lá das cortinas..." e "Suave milagre...", poemas de Natal de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P16902: Manuscrito(s) (Luís Graça) (107): As janeiras da tabanca da Madalena: vivó 2017!... (E saudando todas as tabancas e todos/as os/as tabanqueiros/as da Tabanca Grande: AD - Bissau, Ajuda Amiga, Algarve, Bandop do Café Progresso - Porto, Bedanda, Candoz, Centro - Monte Real, Ferrel, Guilamilo, Lapónia, Linha - Cascais, Maia, Matosinhos, Melros - Gondomar, Oeste, Ponta de Sagres - Martinhal, São Martinho do Porto, Setúbal, e por aí fora, que o mundo afinal é pequeno!)




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > Os bugalhos dos carvalhos



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > O sobreiro grande... com 50 anos!









Vila Nova de Gaia  > Madalena  >"Tabanca da Madalena" > 24 de dezembro de 2016  >  Algumas das coisas boas do Natal português nortenho... Os arranjos de azevinho (de Candoz), as rabanadas, os bolinhos de chila, o arroz doce (prós "mouros", que a aletria é que é prós "morcões"...), a lareira, e sobretudo o calor humano, a amizade, a arte de ben receber... coisas que não têm preço e nem se vendem nas grandes superfícies!


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné] (Com a devida vénais aos donos da casa da Madalena, Gusto e Nitas)


As janeiras 
da tabanca da Madalena 

> Vivó 2017

por Luís Graça





O dois mil e dezasseis
Já lá vai e deixa saudade,
Depois da festa dos Reis,
Ficamos mais velhos de idade.


Ficamos mais velhos de idade,
Todos  aqueles que aqui estão,
Uns com mais ruindade,
Outros jurando que não.


Outros jurando que não,
Tão frescos que nem um pêro,
Mente sã em corpo são,
Cuidando de si com esmero.



Cuidando de si com esmero,
E nós cultivando a  esp’rança,
Por mim, este ano só espero
Que não nos falta a confiança.


Que não nos falta a confiança,
E nos aguentemos nas canetas,
Vivendo com temperança,
Sem ter que andar de muletas.


Sem ter que andar de muletas,
E sermos uns coitadinhos,
Mas pior é ir de carretas
Lá pró mundo dos anjinhos.


Lá pró mundo dos anjinhos,
Quanto mais tarde melhor,
Tratem bem desses corpinhos,
Que eu a todos desejo amor.


Que eu a todos desejo amor
(e paz nesta terra querida),
Traz mais cor e melhor sabor
A uma vida bem vivida.


A uma vida bem vivida,
Neste ano que chega agora,
Dêmos  à má sorte uma corrida,
A tristeza mandemos embora.


A tristeza mandemos embora,
Que a vida é que vale a pena,
Aqui é que ela não mora,
Nesta casa da Madalena.


Nesta casa da Madalena.
Há o melhor “réveillon”,
Tia Nitas, mulher pequena,
Toca tudo, menos “acordéon”.


Toca tudo, menos “acordéon”,
Do cavaquinho à panela,
Sabe receber, é um dom,
Que, dizem, nasceu com ela.


Que, dizem, nasceu com ela,
É o marido que nos garante,
Enquanto por todos nós zela
E nos serve o espumante.


E nos serve o espumante,
Formam os dois um belo par,
Obrigado a este restaurante
Por este rico jantar.


Por este rico jantar,
Fica desde já prometido,
Pró ano nós cá voltar,
Fica escrito e fica dito.


Madalena,  V. N. Gaia,

Guiné 61/74 - P16901: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (24). um ano de saúde, 31 milhões e meio de segundos de felicidade (Mário Vitorino Gaspar)

 2017 > Feliz Ano Novo


Caros Camaradas do BLOGUE, desejo-vos:

- 1 ano de saúde,
- 52 semanas de paz e amor,
- 365 dias de alegria,
- 8 760 horas de satisfação,
- 525 600 minutos de prosperidade,
- 31 536 000 de segundos de felicidade

Boas entradas com SAÚDE para todos vós e FAMÍLIA

VOTOS de Mário Vitorino Gaspar


Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, 

Guiné 61/74 - P16900: Parabéns a você (1186): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16897: Parabéns a você (1185): Adelaide Barata Carrelo, Amiga Grã-Tabanqueira

sábado, 31 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16899: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (23): Que seja realmente um "Bom Ano Novo"... Se continuarmos a ser espectadores (e "reclamadores passivos") não vai acontecer nada, mais correctamente, vai acontecer o que 'os outros' determinarem para nós, por nós (Hélder Sousa)


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016 > O sobreiro de Candoz... Em terra roubada à floresta de castanheiro, a 300 metros acima do nível do mar, o sobreiro  adapta-se bem; cresce em altura, mas não dá cortiça de jeito... Este tem 50 anos, ainda me lembro dele, pequeno mas com vontade de vingar, aproveitando as condições de clima favoráveis à vida vegetativa (calor e humidade no verão. temperatura não muito baixa no inverno)... Há alguma analogia com a mensagem do nosso camarada Hélder Sousa: não basta estarmos vivos e ativos, é preciso sermos...proativos! (Ativo= Que exerce ação, oposto de passivo; proativo=Que não se baseia na reacção a algo, mas toma iniciativa de acção.)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso colaborador permanente Hélder Valério de Sousa (ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72, ribatejano a viver em Setúbal):

Data: 29 de dezembro de 2016 às 10:37
Assunto: Que seja um "Bom Ano Novo"

Meus caros amigos e amigas

Já passou o período do "Bom Natal". Aproxima-se rapidamente o momento de se brindar ao "Ano Novo"... Estão então quase a serem consumados os votos de "Festas Felizes", na esmagadora maioria dos quais esses 'votos' são mera formalidade e rotina.

Este ano não vos incomodei com as minhas más recordações de Natal mas também por isso não fui distribuidor de votos para os quais não me sentia motivado.

Mas agora estamos quase no despertar de um novo ano. É certo que a passagem de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro é idêntica a tantas mudanças de mês no calendário, mas aqui a psicologia funciona
de tal maneira que nos impele a formular desejos, propósitos, 'determinações'.

Então, associando-me ao momento, também eu vos desejo saúde, sorte, prosperidade, longevidade, sucesso...
É claro que se não nos comprometermos com esses propósitos, tais votos não passarão de intenções ou mesmo até de simples 'palavras'. Será preciso que nos empenhemos de modo sério e activo na construção das nossas vidas: pessoais, familiares, profissionais, sociais, grupais.

Se continuarmos a ser espectadores (e "reclamadores passivos") não vai acontecer nada, mais correctamente, vai acontecer o que 'os outros' determinarem para nós, por nós.

Desejo-vos então um "Bom Ano Novo".

Abraços e beijinhos, conforme as circunstâncias.
Hélder Sousa
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Guiné 63/74 - P16898: Memória dos lugares (355): Matosinhos, e a cantiilena de caserna "Oh! Xenhôr dos Matosinhos, / Oh! Xenhôra da Boa-Hora, / Ensinai-nos os caminhos / P'ra desandarmos daqui p'ra fora!",,, (Fotos de Luís Graça)



Matosinhos > 27 de dezembro de 2016 > Passeio atlântico: vista da praia e do porto de Leixões



Matosinhos > 27 de dezembro de 2016 > Passeio atlântico: entrada de um navio petroleiro no porto de Leixões


Matosinhos > 27 de dezembro de 2016 > Passeio atlântico:



Matosinhos > 27 de dezembro de 2016 > Passeio marítimo: Placas informativas da responsalidade da CM de Matosinhos.


Matosinhos > 28 de dezembro de 2016 > Av Serpa Pinto, onde se situa o "ventre da cidade",,, ou seja, a avenida dos restaurantes de peixe e marisco.


Matosinhos > 28 de dezembro de 2016 > A Marisqueira dos Pobres, no nº 33 da Av Serpa Pinto...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]


1. Para além dos muitos amigos e camaradas da Guiné que aqui vivem,  na cidade e no resto do concelho, e de ser a sede da nossa querida Tabanca Pequena, Matosinhos (*) vinha-nos sempre à lembrança quando, cacimbados, apanhados do clima, velhinhos (leia-se: com pelo menos seis meses de comissão), costumávamos gritar, alto e bom som, em Buba, em Bambadinca, em Guileje, por todos os buracos da Guiné, em "noites palúdicas":

"Oh! Xenhôr dos Matosinhos,
 Oh! Xenhôra da Boa-Hora, 
Ensinai-nos os caminhos 
P'ra desandarmos daqui p'ra fora!"  (**)

Não sei se o santo e a santa cumpriram a sua obrigação ante tão veementes súplicas, a verdade é que nem os matosinhenses regressaram... Houve pelo menos 65 que morreram, em combate, ou por acidente ou por doença, na guerra do utramar / guerra colonial.

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