sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19415: In Memoriam (333): Auá Seidi (c.1935-2018), viúva do comerciante de Bambinca (c. 1925-2011), Rodrigo Rendeiro, natural da Murtosa, já falecido em 2011 (Leopoldo Correia, amigo da família, ex-fur mil, CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65).


Audá Seidi (c. 1935-2018), viúva de Rodrigo Rendeiro (c. 1925-2011), comerciante de Bambadinca, natural da Murtosa, foto que nos foi remetida pelo nosso camarada Leopoldo Correia, amigo da família, e que vive em Águas Santas, Maia (, foi fur mil, mil da CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira PintoEncheia e Mansoa, 1963/65).

O nome completo do marido era Rodrigo José Fernandes Rendeiro, e terá ido para a Guiné em plena II Guerra Mundial, com 17 anos, pelo que terá nascido por volta de 1925/26. A Auá Seidi era mais nova do que ele cerca de 10 anos. E era muito bonita,  dizia-se. O casal teve 9 filhos.

Já aqui contámos a "odisseia" do Rendeiro, às mãos do PAIGC, quando era comerciante no Enxalé, em 1963 (**). Levado para o  Senegal, conseguiu chegar à Gâmbia e, com apoio do consulado da Suiça, teve a sorte de regressar a Bissau.

A seguir, talvez no fim desse ano ou princípios de 1964,  deve ter ido para Moçambique, onde tinha parentes,m  para fugir à guerra e às represálias do PAIGC. Presumimos que tenha voltado e regressado à Guiné, fixando-se então em Bambadinca  por volta de1965(66. Terá regressado à sua terra natal,  em 1974, amargurado. Receio bem que tinha tido problemas logo a seguir ao 25 de Abril, pela sua colaboração com as NT e, eventualmete, com a PIDE/DGS.

1. Mensagem de hoje do nosso editor Carlos Vinhal, às 10h59:

Luís,

O Leopoldo Correia acaba de me comunicar o falecimento da esposa do senhor Rendeiro, Auá Seidi,  pessoas que parece teres conhecido em Bambadinca, onde ela era conerciante. Faleceu ontem e é sepultada hoje na Murtosa. Queres publicar a notícia no blogue ? Junto foto da senhora.

Abraço,
Carlos Vinhal




Notícia necrológica (Cortesia da funerária ToniFuner, da Murtosa)

2. Nota do editor Luís Graça:

Obrigado ao Leopoldo Correia e ao Carlos Vinhal.  Sim, conheci e estive, algumas vezes,  na casa da família Rendeiro, em Bambadinca, entre julho de 1969 e março de 1971.  E provei, nessas ocasiões,  o famoso chabéu da nhá Auá Seidi (ou Seide). Mas nunca tive o prazer de a conhecer pessoalmente. Nem sequer alguma vez a vi. E ao Rendeiro também nunca mais o vi, depois do nosso regresso a casa.

No meu tempo, ele convivia não só com a malta da CCAÇ 12 bem como com alguns camaradas nossos das CCS (BCAÇ 2852, 1968/70; e depois BART 2917, 1970/72)... Era nosso "vizinho", a sua casa e a sua loja situavam-se períssimo do quartel, na tabanca de Bambadinca. Além disso, fazíamos colunas logísticas juntos, ele tinha uma ou mais camionetas que alugava à tropa...Fica esta nota de saudade (*). E o apreço da Tabanca Grande a esta grande família. Infelizmente, o Rodrigo Rendeiro  (**) já nos tinha deixado há cerca de oito anos, conforme notícia dada também pelo Leopoldo Correia:

(...) Infelizmente já não está entre nós, [, o Rendeiro,] pois foi sepultado na sua terra natal [, Murtosa,] em 10/09/2011, tendo eu assistido ao funeral e tido contacto com toda a "ínclita geração", os filhos de Fernandes Rendeiro / Auá Seide, da qual só tenho a dizer bem. A que estudava em Coimbra, era licenciada em direito e era magistrada: faleceu também há cerca de 5 anos. Era juíza do Ministério Público em Lisboa. (...). 

Diz-nos o Paulo Santiago, em comentário do dia 19, às 00h17: "Não sabia que a filha do Rendeiro, Ana Maria, julgo ser este o nome,tinha morrido. Entrou para Direito juntamente com a minha irmã, infelizmente também falecida há quinze anos,aos 53 anos de idade."

O nosso editor comentou: "Nome completo: Ana Maria Fernandes Rendeiro Bernard (, este último apelido deve ser do casamento).  Nasceu em 1953 e terá morrido em 2006 ou 2007, com 53 anos. (Em 1 de setembro de 2006 ainda era viva, constando da listagem dos Magistrados do Ministério Público no Distrito Judicial de Lisboa.) 

A fotografia que se vê ao fundo, na mesa de cabeceira da cama da Auá Seidi, deve ser dessa filha, prematuramente desaparecida. E que era a 'menina dos olhos' do nosso amigo Rendeiro, por andar a estudar na Metrópole. De facto, cursou direito e entrou para o ministério público. A Auá, por sua vez, deve-se ter convertido ao cristianismo ao casar-se com o Rodrigo Rendeiro.
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Notas do editor:


(**) Vd. postes de:


2 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17926: (D)o outro lado do combate (15): continuação da odisseia do Rodrigo Rendeiro que acabou por regressar a Bissau, com um salvo-conduto do consulado da Suíça em Dacar, que o levou até à Gâmbia...

3 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17929: (D)o outro lado do combate (16): O Rodrigo Rendeiro, depois de regressar a Bissau, terá fornecido preciosas informações à FAP , permitindo a localização (e bombardeamento) das bases do PAIGC em Morés e Dandum, segundo Maria José Tístar, autora de "A PIDE no Xadrez Africano: conversas com o inspetor Fragoso Allas", Lisboa, Colibri, 2017 (pp. 191/192)

Guiné 61/74 - P19414: Notas de leitura (1142): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (69) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Maio de 2018:

Queridos amigos,

Se há imagens que valem por mil palavras há também palavras que ganham eloquência e permitem refletir uma dada situação histórica, com um grau apreciável de fidedignidade. Será o caso deste documento em que o responsável em Bissau pela Sociedade Comercial Ultramarina descreve o que está a acontecer no Sul, um quase desmantelamento geral de postos de abastecimento.

O gerente do BNU em Bissau irá enviar para Lisboa até ao primeiro trimestre de 1964 informações preciosas, como ele próprio observa o Comando Militar é lacónico, não dá informação sobre o evoluir da situação, o gerente tem fontes que o habilitam a enviar informações preciosas, de tal modo que percebemos que para março/abril de 1964, mesmo com um número crescente de unidades militares a chegar à Guiné, a subversão foi bem sucedida no Sul, estendeu-se para o Corubal e começa a inquietar o chamado setor de Bafatá e posicionou-se de pedra e cal no Oio, cortando estradas e desinquietando toda a região circundante.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (69)

Beja Santos

Em julho de 1963, está instalado o alarme. O “Diário Popular”, na sua edição de dia 17 dera relevo a uma entrevista com o Ministro da Defesa, a Administração do BNU entendeu pôr-se imediatamente em contacto com o gerente de Bissau, agradecendo tudo quanto tinha vindo a ser exposto sobre a escalada da luta armada. O que viera no “Diário Popular” fora silenciado pela maior parte da imprensa nacional, e como escreve a Administração do BNU, o ministro dissera textualmente que no Sul da Província “grupos numerosos e bem armados de terroristas penetraram em território nacional numa zona correspondente a 15% da superfície da Província” e a Administração em Lisboa previne a gerência de Bissau:

“Achamos prudente que estejamos atentos ao desenvolvimento da situação, para o caso de ela vir a agravar-se. E assim devem V. Sas. ter bem presente o que dispõe a circular reservada n.º 760, de 7/5/1931, para o que confiamos plenamente em V. Sas., no sentido de, se necessário, dar-lhe execução.

Agirão, em primeiro lugar, sem nervosismos nem precipitações, pois mesmo com a violação verificada das fronteiras, as nossas tropas cumprirão o seu dever, como o estão fazendo.
Só se procederá à inutilização das nossas notas em última extremidade, quando as autoridades militares o julguem conveniente.

A inutilização poderá ser por perfuração ou por queima, conforme a rapidez que a gravidade dos acontecimentos posteriores porventura imponha.

Como medida de providência, é conveniente mandar relacionar as notas existentes na Casa Forte ou Cofres, reduzindo ao mínimo indispensável as existências na Tesouraria.

O relacionamento será feito por maços, correspondendo a cada maço uma relação, a fim de que, quando os maços transitem para a Tesouraria, as respectivas relações individuais possam ser inutilizadas.” 

Em 20 de agosto, Luiz Vianna, da Sociedade Comercial Ultramarina em Lisboa envia ao administrador do BNU, Castro Fernandes, uma fotocópia da carta confidencial, datada de 6 desse mês remetida pela gerência de Bissau à sede da Sociedade Comercial Ultramarina, cujo teor é o seguinte:

“Situação política:

1 – No dia 4 do corrente veio a Bissau de avião o nosso empregado Manuel da C. Cunha Viana para nos avisar de que o Pelotão que estava no Xugué ia ser retirado para Bedanda, o aviso partiu de um capitão amigo do nosso empregado que o fez em atenção a favores recebidos, mas debaixo de grande sigilo.

2 – Como devem calcular, ficámos indignados com tal procedimento, pois a nossa Sociedade tem sido para o Comando Militar um manancial de facilidades e não está certo uma atitude destas, pois a economia da Província, a manter-se tal disposição, sofreria um prejuízo na ordem dos 1.500 contos, sem contar os imóveis.

3 – No que diz respeito à nossa Sociedade e pelas informações agora chegadas, temos naquela localidade os seguintes valores: 200 toneladas de arroz em casca, 70 contos de mercadorias, imóveis e utensílios diversos. Deslocámo-nos imediatamente ao Comando Militar para ver das possibilidades de suster, pelo menos por 10/15 dias, esta medida que prejudicava não só a nossa Sociedade como a economia da Província. 

4 – Depois de várias tentativas e intermediários militares, era domingo, conseguimos falar com o Sr. Major, que nos disse para esperar, pois ia pôr o assunto ao Sr. Brigadeiro Louro de Sousa, que disse textualmente o seguinte: nada podia fazer, pois havia um mês que o assunto do abandono do Xugué tinha sido posto ao Sr. Governador e por conseguinte nada tinha com tais problemas, o movimento tinha que se fazer como estava previsto. Avistámo-nos com o Chefe do Estado-Maior que nos ouviu e depois de várias hipóteses, mandou-nos regressar ali no outro dia para nos dar uma resposta definitiva. 

5 – Fomos lá à hora marcada na companhia do gerente da Casa Gou   veia que também tem no Xugué vários valores e depois de estarmos ali à espera quase duas horas, resolveram dar-nos os 15 dias pedidos para retirar todos os valores existentes no Xugué, antes de a povoação ser abandonada. 

6 – Já tomámos as providências necessárias e contamos ter tudo recolhido até ao princípio da próxima semana. 

7 – Sabemos que na realidade tem havido diversos problemas naquela área e tal situação é insustentável. 

8 – Em Catió, quase todos os dias tem havido tiroteio sem consequências de maior. 

9 – Em Salancaur soube-se que os terroristas estavam a negociar na nossa Casa Gouveia, vendendo não se sabe o quê, possivelmente coisas roubadas, a aviação foi lá e bombardeou aquilo tudo, e é de prever que as Casas tenham ficado bastante danificadas. 

10 – Sabe-se também que os terroristas estão instalados nas nossas Casas de Caboxanque, qualquer dia a aviação vai lá e dá cabo de tudo.

É esta a situação, quanto mais tropa vem, menos faz, por este andar os nossos imóveis vão desaparecendo e qualquer dia todas as Casas abandonadas estão desfeitas pela aviação.
A Casa de Cafine já quase não tem telhado e as 40 toneladas de arroz e mercadorias que lá ficaram já não existem com toda a certeza.”

Em 31 de agosto, o gerente de Bissau informa o BNU em Lisboa:

“A entrevista concedida pelo Senhor Ministro da Defesa e publicado no “Diário Popular” na tarde de 17 de Julho foi nesta Província transcrita no jornal “O Arauto” do dia 25.

As declarações do Senhor Ministro não tiveram aqui a repercussão inquietante de que se revestiram na Metrópole, de tal modo que choveram em grande número para a Guiné, quer por correspondência, telefone ou telegrama, os mais desencontrados e por vezes horripilantes boatos das lutas travadas pela posse desta cidade, com umas dezenas de mortes e de feridos à mistura.

Aliás, as palavras proferidas por aquele membro do Governo confirmam apenas as informações que há meses vimos prestando a V. Exas.

A população citadina, diga-se em abono da verdade, não isenta de preocupações, continua a fazer a sua vida normal, confia que com os reforços há semanas desembarcados, as forças militares operem o tão desejado volte-face da situação passando, finalmente, à contraofensiva nas zonas infestadas pelo terrorismo.

É convicção geral que só desta forma, lutando com as mesmas armas e no campo do inimigo, será possível senão eliminar pelo menos abrandar a violência dos últimos ataques.

Depois de previamente instaladas como as actuais condições permitem, as nossas tropas desenvolveram ultimamente grande actividade no sector compreendido entre Mansoa, Mansabá, Bissorã e Olossato, relativamente perto de Bissau.

Precedidos de intensos e arrasadores bombardeamentos aéreos nos refúgios do inimigo no mato, as tropas de terra, apertando o cerco, lançam ataques contra os terroristas em fuga, infligindo-lhes, segundo consta, severas baixas que uma emissora de um território vizinho aqui captada cifrou no número 200 só numa operação.

Não podemos confirmar estes números, visto que o Quartel-General do Exército é avaro de informações e nem sequer fornece comunicados das operações realizadas.

Assim, limitamo-nos a transmitir as informações de fontes não oficiais e que, possivelmente, nalguns casos, não correspondem inteiramente à verdade.

Contudo, não obstante as acções militares, não deixam os terroristas assinalar a sua presença e, como prova da sua actividade, na estrada Mansabá-Bissau, num troço das proximidades daquela povoação, esteve esta semana obstruída com troncos de árvores.

Anteriormente à vinda dos reforços militares, num ataque levado a cabo em 20 de Julho por um numeroso grupo constituído por argelinos distintamente identificados pelo vestuário e tez mais clara, negros e cabo-verdianos a uma coluna militar à distância de dois quilómetros de Mansabá, resultaram sete feridos do nosso lado.

No Sul, autenticamente abandonado, à excepção de alguns pontos ainda guarnecidos pela tropa, os terroristas continuam livremente senhores da maior parcela do terreno e controlam as vias de comunicação.

Nesta área, os nossos soldados limitam-se à defensiva dentro de redutos de arame farpado, visto que, segundo dizem, os efectivos de que dispõem são em número reduzido em relação ao território a cobrir.”

O gerente do BNU irá manter esta correspondência confidencial muito intensa, ao longo de todo o ano de 1963. Iremos verificar que o Leste entra em cena no final do ano, ataques a Amedalai e na região do Xime, em frente, na outra margem do Geba, resistiu-se em S. Belchior, os terroristas foram postos em fuga.

Quando se fizer o balanço de 1963, verificar-se-á que a situação no Sul vive em crescente turbulência, e daí a tentativa de sustar a subversão através de uma formidável operação, a Tridente, para reocupar a ilha do Como; a subversão chegara ao Corubal, grupos do PAIGC instalavam-se nas matas densas de Tabacutá, Galo Corubal, Mina, Poidon, Ponta Luís Dias, e muito mais, a Frente de Leste, ainda que timidamente, passara a ser uma realidade; e em território que o PAIGC classificará como Frente Norte, são constantes os ataques provenientes das matas do Oio, designadamente do Morés.

(Continua)


Mapa da Guiné constante no “Novo Atlas Escolar Português”, de João Soares, 4.ª edição, Sá da Costa, 1951. O que surpreende é a flagrante desatualização das localidades, noutro mapa que em breve publicaremos, referente a 1948, haverá muito mais rigor. Quem olhar para este mapa, ficará com a ideia que quase metade da Guiné era maioritariamente constituída por Fulas Pretos e depois por Biafadas, Balantas e Manjacos. Define-se a região do Gabu, mas não se precisam os limites, aquilo que é o Forreá e o Tombali também não tem nenhuma precisão, escreve-se que há Beafadas e Nalus. Foi por este mapa que a minha geração teve notícia do que era a Guiné…


A Imagem retirada do álbum “Guiné – Alvorada do Império”, 1953, trata-se de uma homenagem ao governador Raimundo Serrão.


Travessia do Corubal
Imagem publicado no Jornal “O Comércio da Guiné”, na sua edição de abril de 1931.
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Nota do editor

Poste anterior de11 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19395: Notas de leitura (1140): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (68) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de14 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19404: Notas de leitura (1141): “Vozes de Abril na Descolonização”, a organização é de Ana Mouta Faria e Jorge Martins e os entrevistados dos três teatros de operações foram Carlos de Matos Gomes, José Villalobos Filipe e Nuno Lousada, edição do CEHC – Centro de Estudos de História Contemporânea do Instituto Universitário de Lisboa, 2014 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19413: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte VIII: alf inf Casimiro Augusto Teixeira (Sabugal, 1938 - Matas do rio Vembia, Nambuangongo, Angola, 1962)






1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia)


Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. Foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar.

2. Quanto à  história da Academia Militar:  remonta ao tempo de D. João IV, e ao ano de 1641, ou seja, ao início da guerra da Restauração, sendo a "Lição de Artilharia e Esquadria"  considerada a primeira escola de formação de oficiais do nosso exército.

É preciso esperar, entretanto, pelo ano de  1790, ao tempo da D. Maria, para que esta escola  passe a designar-se "Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho", e a ganhar o estatuto de  verdadeira instituição de ensino superior das ciências e técnicas militares.

Em 1837, passa a designar-se por Escola do Exército, por iniciativa de Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira, que seerá também o seu mais ilustre comandante (entre 1851 e 1876).

Depois teve outras desinações: (i) Escola do Exército (1837-1910); (ii) Escola de Guerra (1911-1919); (iii) Escola Militar (1919-1938); (iv) de novo Escola do Exército (1938-1959); e (v) e por fim Academia Militar (desde 1959 até hoje), com sede no Rua Gomes Freira, em Lisboa, e um polo na Amadora.
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Guiné 61/74 - P19412: Parabéns a você (1560): Luís Manuel Rainha, ex-Alf Mil COM, CMDT do Grupo de Comandos Centuriões (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 13 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19398: Parabéns a você (1559): Maria Ivone Reis, ex-Capitão Enfermeira Paraquedista (1961/1974)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19411: (Ex)citações (350): Memórias da 'rainha do Gabu', saudades dos comerciantes locais e suas famílias, com destaque para o sr. Caeiro, português, e o sr. Magid Danif, libanês (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71; bancário reformado, Cova da Piedade, Almada)


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16 de dezembro de 2009 > A rua comercial da nova Gabu, onde há banco (agência do BAO - Banco da África Ocidental) e multibanco... Em 2009, a velha "rainha do Gabu" havia já destronado a  "princesa do Geba",  do nosso tempo, Bafatá, a cidade "colonial" mais encantadora da Guiné... Mudam-se os tempos, mudam-se os lugares: aqui falava-se mais francês do que português, e correm muitos CFA, escreveu o João Graça, médico e músico, que viajou por estas paragens... Em contrapartida, Bafatá era uma "dor de alma"... Foi lá tirar fotos (e dormir uma noite) para mostrar ao pai...Os bels dois edifícios que se veem na foto, de arquitetura tradicional. fazem parte do "núcleo histórico" do Gabu e é bom que as suas fachadas, pelo menos, se preservem.


Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > "Núcleo histórico"... Cortesia de:  Catálogo da exposição “Urbanidades – Arquitectura e Sítios Históricos da Guiné-Bissau” (Organização: Fundação Mário Soares (Alfredo Caldeira e Victor Hertizel Ramos); Curadoria: Ana Vaz Milheiro, com Filipa Fiúza,  ISCTE-IUL, DINÂMIA’CET), Lisboa, 2016)



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da Estação dos CTT


 Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da administração do Gabu


Fotos (e legendas): © José Couto / Tino Neves (2005). Fotos gentilmente cedida por José Couto (ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1969/71 > Fonte das Bajudas

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Excerto de um texto de Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego,  1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada), já publicado há 10 anos atrás no nosso blogue.

O Tino Neves conheceu muito bem Nova Lamego, e dá um contributo interessante para o esclarecimento de alguns questões com os comerciantes da "princesa do Gabu", desde o sr. Caeiro, português, até ao sr. Magid Danif, libanês (*):


Um Guia Turístico [, como por  exemplo o do Gabu] nunca está totalmente completo, daí o meu desejo, não de o completar, não tenho essa pretensão, mas sim, de dar mais uma ajuda para alcançar então esse fim, se possível. Outros o completarão.

Como já disse atrás, a descrição feita de Nova Lamego [, pelo camarada José Manuel Diniz ]  está muito bem feita, não faltando de facto um dos ex-libris, do qual achei até muita graça, da "GMC" e do "Unimog", de que me recordo perfeitamente, mas há muitos mais, assim como a Fonte das Bajudas [Foto nº 2],  que era a fonte onde as bajudas, nossas lavadeiras, iam lavar as nossas roupas, que ficava no caminho,  vindo, julgo eu, de Piche, ao entrar-se em Nova Lamego.

Foto nº 3 > O Tino Neves, vestido à civil,
no dia do 22º aniversário (8/2/1970),
junto à estação dos CTT
Passava-se junto da Administração do Gabu, de que também junto foto actual (fevereiro de 2005) [Foto nº 1], passava-se então pelo cruzamento (onde estou eu na foto à civil, no dia 8/2/1970). Sei que foi tirada nesse dia, porque foi dos poucos dias em que eu me vesti à civil, em Nova Lamego. E porquê? Porque no BCaç 2893, quem fizesse anos tinha como prenda a folga de quaisquer serviços e autorização para se vestir à civil, portanto essa foto [, nº3,] foi-me tirada no dia em que fiz 22 Invernos, no cruzamento, entre os CTT, correios civis (que junto 2 fotos, antiga e actual) [, Foto nº 4], o Cine Gabú e a loja do sr. Caeiro.

O sr. Caeiro  (**) era  um português de raça branca. A Casa Caeiro era um aloja essencialmente de electrodomésticos, mas não só, e na ponta que falta, a do meu lado direito, um dos edifícios civis utilizados para o quartel velho.

Por falar da loja do sr. Caeiro, o telhado da referida loja era simplesmente uma placa de cimento, não sendo muito grande, talvez pudesse lá pousar um helicóptero, mas foi utilizado para outra coisa diferente. Estando lá um capitão paraquedista que estava a preparar-se para uma competição no estrangeiro, de salto em queda livre, resolveu fazer uma aposta em como iria saltar e pousar no telhado da loja do sr. Caeiro. Assim fez, saltando de um helicóptero que subiu em espiral, tão alto, até deixar de se ver.

Foto nº 5 >Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 1970 >
Baile de despedida as filhas do sr. Salomão,  o administrador
cabo-verdiano do Gabu. Na foto,  um grupo  de convidados,
militares, todos 1ºs cabos, entre eles o Tino Neves
O segundo dia em que fui também autorizado a trajar à civil, foi para ir a uma festa de despedida das filhas do sr. Administrador do Gabu, que era de origem cabo-verdianas. Estavam em Portugal, segundo me recordo, na região de Évora, num colégio de freiras, a estudar. Tinham passado lá,  em Nova Lamego, um mês de férias e estavam de partida. Foi então organizada uma festa com baile, julgo que pelo próprio sr. Salomão, pai das ilustres homenageadas, que eram muito giras e simpáticas. (Também junto foto dos únicos praças, primeiros cabos, que foram convidados).[Foto nº 5]

Foto nº 6 > O Tino Neves
ao telefone
Por detrás de mim, nesse cruzamento, mais atrás do meu lado direito, fica a porta de armas do quartel, onde eu estou ao telefone [, Foto nº 6] e sensivelmente mais atrás do meu lado esquerdo ficava um pequeno Destacamento de Engenharia.

Entre os poucos elementos que o compunham, estava um furriel, nome do qual já não me recordo, mas para quem trabalhei muitas vezes a pedido do meu capitão, pois ele tinha que fazer todas as semanas a listagem de pagamentos aos civis a seu cargo e muitas das vezes não o conseguia fazer sozinho e atempadamente. Eram bastantes folhas com 4 ou 5 cópias cada lista. Com o papel e o químico em 5 cópias, tinha que se bater bem forte nas teclas da máquina de escrever e, como as letras como o "a", "o", "b" e "d" cortavam o papel, sendo a lista composta pela maioria de "Baldés" e Djalós", os duplicados passariam por vezes a serem os originais, por estes estarem tão esburacados.

Noutros trabalhos feitos em "stencil" (ou folhas de cera) com aquela máquina, tinha que se ser muito suave ou utilizar o verniz, para repor a letra cortada. Com as folhas de "stencil" eu fazia qualquer tabela criada a régua e estilete, incluído este boneco, de que, não sendo o seu autor, me foi concedido para fazer subscritos (envelopes) para cartas e serem enviadas por nós aos nossos familiares e madrinhas de guerra. [Foto nº 7][

Falei do senhor libanês que tinha uma loja muito concorrida e uma esposa muito bonita. Posso afiançar que era verdade, cheguei a vê-la, só bonita não chega, mas fiquemos por aqui, não terei adjectivos suficientes para a descrever.

Havia mais uma loja de outro libanês que não ficava atrás, talvez fosse até mais popular, que era o sr. Magid Danif. Era ele e a mãe,  do qual não me lembra o nome, mas estando eu lá na altura, suponho que no inverno de 1970, talvez em dezembro, a senhora veio cá a Portugal, porventura passar o Natal ou outro assunto, o certo é que faleceu num quarto de pensão, asfixiada com um calorífico a gás.

Foto nº 7 > Boneco a "stencil" alusivo
 à peluda
Do sr. Magid Danif tenho uma estória que me aconteceu cá em Portugal, a qual nunca contei a ninguém. Vai ser contada agora pela primeira vez.

Eu era caixa na Agência do Totta & Açores, na Cova da Piedade e, no iníio dos anos 90, não tenho presente de facto o ano certo, mas julgo ter sido por essa altura, estava eu na caixa a pagar cheques, quando me aparece uma jovem bonita, alta e elegante bajuda que me entrega um cheque para receber. Nos instantes em que ela procurava o B.I. para eu conferir os dados e assinatura do verso do cheque, passo com os olhos pelo nome de quem pertencia o cheque, quando dei um berro, lendo o nome do apelido lá escrito, MAGID DANIF.

Assim o disse, logo recuperei a calma e julgo que ela não se tenha apercebido da minha reacção, pois estava com os olhos metidos na mala na procura da carteira, mas eu fiquei com o coração aos saltos. Ver e ouvir ali à minha frente, uma criatura, que eu talvez tenha visto em pequenina ou simplesmente ser familiar de uma pessoa que eu conheci na Guiné, para mim, e julgo que por todos aqueles que por lá passaram, ficamos vacinados, aliás, não diria vacinados, mas sim contaminados com o vírus Guiné. Qualquer coisa que se relacione com aquele país, o vírus manifesta-se logo e como ia dizendo, depois enquanto a ía atendendo, dialoguei com ela que me confirmou ser filha do sr. Magid Danif e que estava cá em Lisboa a estudar.

Acabei de a atender, dei-lhe o dinheiro do cheque e ela foi-se embora, mas eu não fiquei bem, queria falar um pouco mais com ela, saber mais coisas lá de Nova Lamego, etc., mas não podia, porque tinha uma bicha (fila) de pessoal à espera para atender. Chamei a pessoa que se seguia e aí é que foi o problema, só à terceira tentativa é que eu consegui fazer a operação de lançamento do cheque corretamente, porque naquele momento eu não me encontrava ali, na Agência do Totta da Cova da Piedade, mas sim a milhares de quilómetros, na Guiné, mais propriamente em Nova Lamego, a percorrer as suas ruas, a visitar a loja do sr. Magid Danif.

Acabei de atender essa pessoa, fechei a caixa do dinheiro e desci aos arquivos, a fim de tentar acalmar, pois o meu coração estava aos saltos, estava eufórico, não sabia o que estava acontecer, só sabia que tinha ficado com pena de não ter ficado à fala um pouco mais com aquela encantadora criatura que tinha aparecido à minha frente. Confesso aqui, pela primeira vez, que chorei, as lágrimas corriam-me pela face abaixo, que nem torneiras, mas era um choro silencioso e de alegria, satisfação e tristeza ao mesmo tempo, por não saber mais nada de novo.

Não me conseguindo controlar, tentei lá no arquivo procurar alguma coisa que me desviasse a atenção e me acalmasse, o que aconteceu passados 15 minutos (o que naquele balcão nessa altura era possível, porque eram várias caixas a trabalhar ao mesmo tempo e eu tinha também ao meu cargo o arquivo). Peguei numa pasta e regressei à caixa para acabar o trabalho que faltava. Já mais calmo, mas já no final do fecho da caixa, procurei o cheque da menina Magid Danif e fui à base de dados procurar os contactos dela, com a intenção de mais tarde a procurar por telefone ou pessoalmente, mas quando já tinha no visor do PC o que procurava e me dispunha a tomar nota, senti uma mão no meu ombro esquerdo.

Virei-me quase de imediato e qual foi o meu espanto, não vi ninguém que o tivesse feito, porque estavam todos bastante afastados de mim e eu estava sozinho. Aquela mão invisível fez-me vir à realidade e pensar para mim, o que é que eu estava a fazer?

A pequena não ficou muito satisfeita, apesar de confirmar quem era, não mostrou com sorriso o acontecido, talvez tenha ficado assustada ou qualquer outra coisa. Desliguei o computador sem tomar nota e pensei se de facto ela também ficou curiosa,  talvez torne a vir cá, apesar da conta ser de Lisboa. E assim acabei o dia e muitos mais dias, meses e anos, sem saber mais nada daquela encantadora criatura nem de Nova Lamego.

Muitos ao lerem este meu desabafo, vão comentar: este deve estar, ou esteve apanhado do clima, mas não se esqueçam que naquela altura, na Net pouco se sabia ou nada,  e o que sabíamos da Guiné e, do meu caso em especial Nova Lamego, nada. Agora sim com a Net,  sabemos tudo o que queremos, é só procurar.

Antes deste acontecimento, tinha muitos casos em que me dava à fala com guineenses, porque sempre que via um africano, que me parecesse da Guiné, tentava logo saber donde eram e se eram do Gabu ou não.

Fico por aqui, satisfeito e aliviado por ter desabafado, mas só mais uma coisa: o vírus da Guiné    é de tipo proteico / vitamínico, porque quando vemos, ouvimos ou lemos algo sobre a Guiné, de bom, nos dá força e nos rejuvenesce (mas também quando é mau, nos deita abaixo, faz-nos dor e sofremos). (***)

2. Comentário do editor LG:

Apareceu em 22/11/2010 um comentário ao poste do Tino Neves (*), que é assinado por uma neta do sr. Caeiro, a Bela... De facto, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande.
Pena não ter deixado um contacto (telefone, email...)


"Anónimo disse...

Olá, Sr. Luís Graça! No seu artigo sobre a sua viagem em 2005, fala na loja do Sr. Caeiro. Não chegou a tirar fotos actuais? Após a morte dele, uns anos mais tarde, o meu pai manteve lá a farmácia até aos anos 80/90. Teve de desistir, por mais que se preocupasse em manter o nome do seu pai, a vida não o permitiu. Falo do sr. Caeiro, meu Avô! O Padrinho, como todos o chamávamos, meu pai, mãe, irmão e eu. O Homem mais bondoso que conheci, infelizmente só até aos meus 5 anos. Um abraço a quem o conheceu e um bem haja. Bela.

"22 de novembro de 2010 às 23:57".

Em conclusão, a loja do sr. Caeiro deu origem a uma farmácia, no Gabu, na nova Guiné-Bissau, e que se terá mantido  aberta até aos anos 1980/90... Alguém se lembra ? Parece comfirmar-se a naturalidade, portuguesa, do sr. Caeiro.

Que idade terá hoje a Bela ?  Será diminutivo de Anabela ? E usa o apelido Caeiro ?  Se nos ler, que nos escreva para:

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Bela: as fotos não são minhas, mas de um camarada e amigo do Tino Neves,  o José Couto, que lá esteve, na Guiné-Bisssau e foi ao Gabu, em fevereiro de 2005... O Tino Neves e outros camaradas, que aqui têm escrito, conheceram o seu avô Caeiro, por volta de 1967/68 (o Virgílio Teixeira) e 1969/71 (o Valdemar Queiroz, o Constantino Neves...), e gostariam de saber algo mais sobre o resto da sua vida... Pena que tenha morrido cedo. Ficámos com a ideia de que a família Caeiro era da Figueira da Foz. Certo ?

Sobre a família Danif, de origem libanesa, em Bafatá, ver aqui.

Vd. também fotos do Gabu, tiradas pelo nosso grã-tabanqueiro João Graça, em finais de 2009. A "rainha do Gabu" de ontem parece ter passado a perna à "princesa do Geba", Bafatá, hoje em decadência.


3. Imagem aérea do quartel antigo e da vila de Nova Lamego.O quartel estava situado no centro da vila, formando um rectângulo e ocupando alguns edifícios civis. A foto, cedida por Roseira Coelho (,que o Tino Neves presume que fosse ten pilav), já vinha com as marcas sem a respectiva legenda. O Tino Neves completou as legendas. (****)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares (Parte I)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado direito da foto de conjunto) (Parte III)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado esquerdo da foto de conjunto) (Parte III)


Legendas:

(1) Caserna das Praças;
(2) Casas civis (para alugar);
(3) Loja dos irmãos Libaneses;
(4) Depósito de géneros;
(5) Estação dos CTT (civil);
(6) Destacamento de Engenharia;
(7) Messe de Oficiais;
(8) Messe de Sargentos;
(9) Parque e Oficinas Auto;
(10) Refeitório;
(11) Dormitório de alguns Sargentos;
(12) Sala do Soldado;
(13) Parque de Jogos.

Foto (e legendas): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3861: Memória dos lugares (17): Nova Lamego, a raínha do Gabu (Tino Neves)

(**) Vd. poste de 16 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19407: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LX: A Casa Caeiro e os comerciantes libaneses de Nova Lamego

Guiné 61/74 - P19410: Agenda cultural: Encerra amanhã a exposição "Movimento Estudantil no Técnico 1967-1974", com colóquio às 18h00, no IST - Instituto Superior Técnico. moderado pelo historiador José Pacheco Pereira (Fernando Cerdeira)


Cartaz do colóquio a realizar amanhã, 6ª feira, às 18h00, no Instituto Superior Técnico (IST),  Universidade de Lisboa, no Salão Nobre, Campus Alameda, Lisboa. com o apoio da IST, da respetiva associação de estudantes e da Ephemera - Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira


1. Mensagem do nosso leitor Fernando Cardeira


Data - Terça-feira, 8 jan 2019  09h18
Assunt o - Encerramento da Exposição do IST com colóquio no dia 18 de Janeiro, 18H00


Caros amigos,

A exposição "Movimento Estudantil no Técnico 1967-1974",  inaugurada a 8 de Novembro de 2017,  vai encerrar no dia 18 de Janeiro de 2019, 18H00. com um Colóquio. Nele participarei ao lado de Luís Pessoa, Baptista Alves e Carlos Costa. A moderação estará a cargo de José Pacheco Pereira.
Uma hora antes é feita uma homenagem ao antigo dirigente associativo João Crisóstomo.
Contamos com a vossa presença.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19409: Os nossos seres, saberes e lazeres (303): Parabéns, meu filho, Bruno Teixeira, nascido a 16 de janeiro de 1973, quando ainda se lutava e morria na guerra de África (Virgílio Teixeira)


Foto nº 1 > Vila do Conde > c. 1977/78 > Uma foto de família,  na praia de Vila do Conde: da esquerda para a direita, eu, de chapéu preto, a minha filha Nádia, a mais velha, o Bruno no meio, a minha mulher, Mnauela, e a minha filha mais nova, Diana.



Foto nº 2 > Vila do Conde > s/d >  O Bruno e um das filhas


Foto nº 3 > O Bruno com o André, meu genro, marido da minha filha mais nova,  Diana



Foto nº 4 > O Bruno numa esplanada

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do nosso camarada Virgílio Teixeira, no  dia de aniversário do seu filho Bruno  Teixeira:




Para o melhor filho do Mundo,

Parabéns, Bruno, pelos teus 46 anos de vida!


Conforme te escrevi em 2015, já se passaram 4 anos, e a tua vida tem sido exemplar. Venho novamente repetir o que já disse, o enorme orgulho que tenho em ti, por tudo aquilo que és, o melhor pai do mundo, a tua dedicação aos teus filhos não tem paralelo; a tua dedicação à tua adorável mulher, nossa nora; o carinho e compreensão para com as tuas irmãs, pelos teus sobrinhos como se fossem teus filhos; a tua dedica ção aos teus amigos, desinteressada; o carinho, o apreço, e amizade para com os demais familiares que te rodeiam, e por todas as pessoas que têm passado pela tua vida; por tudo isso, e muito mais: enfim, pelo filho que sempre foste, amigo e sempre presente, com quem sempre podemos contar, eu e a tua mãe, sempre disponível para tudo, enfim, o melhor filho do mundo!!!...

E, por tudo isso, que Deus te ajude e aos teus!

Como já disse, não tenho outro modo de exprimir os meus sentimentos, e manifestar o amor que tenho pelos meus filhos, mas ainda vou a tempo, hoje e sempre.

Resolvi lançar esta mensagem no meu Blogue, o Blogue Luís Graça Graça & Camaradas da Guiné, ou o Blogue da Tabanca Grande, que tu mal conheces, mas que vai ficar também para os teus filhos e netos.

Nasceste em 1973, a 16 de Janeiro, 3ª feira... Nesse dia, Portugal estava em guerra, e quando eu vi que tinha um rapaz, pensei logo que um dia seria um novo militar, como o pai e o avô…

Mas o destino quis que assim não fosse, entretanto desde esse dia até ao fim da nossa guerra de África, ainda muitos militares, jovens porugueses, morreram... Sim, nesse preciso dia, em que nasceste, morreram, em combate, em Moçambique, dois militares do exército português, o 1º cabo Libânio Morais, e o alferes Manuel Pereira.

Hoje felizmente não há mais guerra, a nossa Pátria não está em guerra com mais ninguém, nem há serviço militar obrigatório... Não tiveste, pois, que trilhar, aos 20 anos, os duros caminhos que eu e muitos jovens da minha geração tivémos que trilhar, entre 1961 e 1975.

Um dia feliz, com o teu pai e a tua mãe sempre presentes, ao teu lado ou perto de ti.

Em, 2019-01-16,

Teu pai, Virgílio Teixeira

2. Comentário do editor LG: 

Bruno, a gente não se conhece, mas  tu também pertences a esta "família" que é a Tabanca Grande, onde "os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são"...

Deixa-me dizer-te que gostei da iniciativa e do  gesto de ternura do teu pai, que te quis fazer esta surpresa... Da parte da manhã mandou-me esta mensagem, às 11h49:

Bom dia Luís,

Vou fazer um pedido,  se possível, e se não for contra os interesses do nosso Blogue.

Gostava de fazer uma mensagem em Poste, ao meu filho que faz hoje anos, seria um pequeno texto, e uma ou duas fotos.

Mas seria para sair hoje até às 21 horas por exemplo, gostaria de o mandar abrir o Blogue e ver lá a minha mensagem, junto de toda a família, no jantar de hoje.

Lembrei-me disso, agora mesmo, e antes de começar qualquer coisa, primeiro gostava de saber se pode ser ou não.

Obrigado por uma resposta.

O Amigo, Virgilio

Respondi-lhe logo nestes termos: "Claro que podes: o teu pedido é uma ordem... Tudo mereces tudo e o teu filho ainda mais"... Achei linda a ideia dele, e ainda mais linda a ternura que ele te manifesta em público...

Pois aqui tens, Bruno, com um abraço de parabéns do editor, e votos de muita saúde e longa vida. Para mais, somos de signos vizinhos, tu do Capricórnio, nós do  Aquários (, o meu filho João faz anos a 21, eu e o teu pai a 29)...

 Já agora, uma "gracinha", para a sobremesa:  o que diziam os jornais nessa 3ª feira, dia 16 de janeiro de 1973, em que vieste ao mundo... Aqui tens a capa do "Diário de Lisboa" (tenho pena de não ter aqui à mão o "Primeiro de Janeiro", do Porto)



[Clicar na imagem para ampliar] 

Citação:
(1973), "Diário de Lisboa", nº 17983, Ano 52, Terça, 16 de Janeiro de 1973, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_5280 (2019-1-16) 

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Guiné 61/74 - P19408: Historiografia da presença portuguesa em África (145): Meu Corubal, meu amor (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Junho de 2018:

Queridos amigos,
Não deixa de provocar assombro como neste período tão tumultuoso da I República, em que à Guiné arribaram por vezes governadores sem o mínimo de preparação, ter havido a preocupação de lançar inquéritos para toda a administração da colónia com questões minuciosas sobre a geografia, os recursos hídricos, as matas e florestas, a natureza das populações, a justiça, o produzir e o modo de produzir, o comércio, a cobrança dos impostos, e muito mais.
O Capitão Castro Fernandes, digo-o sem exagero, deixou-nos um documento de grande vivacidade, era conhecedor do território que administrava e quando se quiser fazer o estudo elaborado desta década de 1910 no Quínara e no Forreá este relatório é de consulta indispensável, sem margem para dúvidas.

Um abraço do
Mário


Meu Corubal, meu amor (4)

Beja Santos

Nos Reservados da Sociedade de Geografia de Lisboa consta um dossiê assim apresentado: Província da Guiné – Relatório de autor ignorado (mas que julgamos ter sido elaborado pelo antigo administrador de Buba, Capitão José António de Castro Fernandes, natural da Índia, cujo filhos residem, ainda, na Guiné. O original existia em poder do falecido Capitão Alberto Soares, antigo administrador do concelho de Bolama, combatente das campanhas de pacificação). Quem datilografou em 1931 diz que faltam as primeiras páginas, o que reproduz inicialmente está cheio de tracejado, é manifestamente incompreensível. O manuscrito, como iremos ver, é da década de 1910.

O documento datilografado (presumivelmente em 1931) começa por dizer tratar-se de Cópia – Extraída de um relatório, feito por autor desconhecido. Quem terá datilografado foi António Pereira Cardoso, funcionário colonial vastamente referido em diferentes relatórios das décadas de 1930 e 1940.

O mínimo que se pode dizer deste relatório é de que se trata de um valioso retrato de observação de alguém que, sem sombra de dúvida, percorreu todos os cantos da sua administração, fala com propriedade dos recursos hídricos, das etnias ali residentes, do que se produz e como se produz, das práticas de justiça, do trabalho indígena, do grau de civilização das populações.

Estamos agora no trabalho indígena, ele associa-o às obras dentro da circunscrição: capinação e limpeza dos caminhos, pranchas em todos os cursos de água – trabalho que não é remunerado por ser do interesse comum. E adianta que se faz capinação três vezes ao ano em Buba, o trabalho não é remunerado mas já foi, com ração e o pagamento de 10 centavos, quando executado por indígenas de povoações longínquas.
E elenca outras atividades:
“Construção das palhotas para os Postos do Corubal, Quínara e Cubisseco e renovação anual das suas coberturas. Remunerado com ração diária de arroz, regulada pelos chefes dos Postos e por minha ordem, à razão de 10 a 15 centavos por cada trabalhador.
Renovação anual da cobertura da palhota de Buba, para régulos e indígenas em trânsito. Não remunerado por ser de interesse comum.
Abertura de valetas em Buba. Trabalho exclusivamente executado por Papéis, assalariados a 24 centavos diários.
Demarcação de 20 mil hectares de terreno concedidos a Souza e Almeida, no Forreá e Corubal. Trabalho remunerado directamente pelo agrimensor, regulado a ração ou em dinheiro, uns a 15 outros a 20 centavos diários, conforme menor ou maior actividade demonstrada no trabalho.
Construção da linha telegráfica de Buba a Cacine. Remunerado a 15 centavos diários cada indígena.
Construção do cais-ponte em Buba e respectivo aterro. Trabalharam Papéis, pessoal menor da Administração, presos e Fulas.
Corte de lenha para as canhoneiras. Trabalho remunerado a um escudo a tonelada. Condução de malas do correio. Remunerado, regulado a 50 centavos diários. Condução de cargas de funcionários públicos em trânsito, e bem assim os transportes para estes. Não remunerados por ser não só da praxe nada pagar, como também por ser uma obrigação dos impostos nas cláusulas do tratado de submissão na guerra de 1895, quando batidos no Forreá”.

Esclarece que a população da circunscrição tem aumentado de uma forma progressiva, sobretudo nos regulados de Contabane, Quínara e Cubisseco. Tendo sido perguntado como faz o arrolamento, responde assim:
“Nos territórios do Forreá e Corubal o arrolamento é feito a cavalo, gastando-se 22 dias. Nos territórios do Quínara e Cubisseco é feito de lancha a vapor, gastando-se 25 dias. Não tendo a circunscrição um barco a vapor, e sendo este fornecido pela Capitania, com indicação dos dias em que pode ser utilizado, há a sujeitar-se a esta indicação.
Chegado a uma tabanca, a contagem das palhotas, sempre mandei que fosse feita pelo ‘grande’ do régulo que me acompanha, limitando-me eu a verificar a exactidão do arrolamento anterior: nomes dos indivíduos que passaram para outras povoações; nome dos que entraram de novo ou de outras povoações e nome dos falecidos no penúltimo ano. Estes esclarecimentos são fornecidos pelo régulo. Por esta forma não podem ser lesados os interesses do Estado, o que de contrário se sucederia, pois que o indígena quando se aproxima a época do arrolamento, reduz ao mínimo o número das palhotas, aproveitando para moradias as cozinhas, as palhotas destinadas aos cavalos na época pluviosa, as palhotas destinadas para a arrecadação do milho e do arroz, enchendo de palha e milho as que são habitadas, para fingirem que são arrecadações, e, finalmente, espalhando no solo estrume de cabras e carneiros, para fingirem que são palhotas destinadas a resguardo destes.
As palhotas habitadas por indigentes e bem assim as dos impossibilitados de trabalhar e que vivem da caridade pública, nunca deixei de dispensar de pagamento, desde que se reconheça que são dos próprios, o que facilmente se distingue pela construção e estado interior e exterior da palhota.
Num dos arrolamentos a que procedi, encontrei sucessivamente em três tabancas um indigente que tinha a mão com falta de dedos, por onde, se pode calcular, quanta ardileza emprega o indígena, como aliás todos os povos, para se esquivarem ao fisco.”

Questionado quanto ao grau de civilização em que se encontram os povos da sua jurisdição, responde deste modo:
“Os Fulas, Mandingas e mesmo os Beafadas, estão, em relação aos Balantas, Brames e Manjacos, num grau de civilização bastante adiantado. O seu vestuário, os seus usos, e a forma amável e hospitaleira como recebem demonstram o grau bastante elevado da sua civilização.
Os Balantas, Brames e Manjacos, algo atrasados, o que demonstram no seu vestuário, nos usos e costumes e nas suas questões de família, estão mergulhados num grosseiro feiticismo, prestando culto a diversas árvores, principalmente aos poilões, onde em todas as circunstâncias difíceis vão consultar para receber esclarecimentos sobre o futuro ou saber o significado de algum facto já realizado. Quem conhece estas raças nos seus territórios de Cacheu ou Mansoa, fica surpreendido de os ver no território do Quínara, com a mudança radical dos seus hábitos de selvajaria, produzida pela aproximação de raças mais adiantadas. Não é fácil nem rápida a transformação de hábitos inveterados numa raça. Toda a circunscrição está por completo pacificada, tendo para isso exercido uma grande influência não só à administração local directa, o êxito das últimas guerrilhas e a estada do régulo Cherno Kali e ‘grandes’ em Portugal, aquando do centenário da Descoberta da Índia, em 1898.
Pode-se avaliar o grau de pacificação completa pela docilidade e submissão com que todos, sejam Fulas, Brames ou Balantas, se apresentam na administração para fazer as suas queixas ou apresentar as questões de família; pela prontidão com que apresentam carregadores e sem relutância desempenham os serviços de limpeza dos caminhos; e, ainda, como no dia em que lhes for indicado, pagam o respectivo imposto de palhota, na maioria na sede da circunscrição em Buba.”

(Continua)




Estas três imagens foram retiradas do livro de Francisco Tenreiro, “Acerca da casa e do povoamento da Guiné (Estudos, Ensaios e Documentos) ”, Ministério das Colónias, 1950. Atenda-se à observação que o professor Orlando Ribeiro pôs nestes registos de grande pendor humanístico.
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19386: Historiografia da presença portuguesa em África (143): Meu Corubal, meu amor (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19407: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LX: A Casa Caeiro e os comerciantes libaneses de Nova Lamego


Foto nº 1


Foto nº 1 >  A Família Caeiro, na sala de cinema do Gabu, nas últimas filas.  Da direita para a esquerda: eu, o senhor Caeiro, a sua filha e uma amiga. Nova Lamego, na sala de cinema do Gabu, 21 Fevereiro de 68. Foto nº 1A - Detalhe: O sr. Caieiro e a filha (que ostenta, na foto, a capa de uma revista humorística brasileira, popular na época, "Vamos Rir!", de periodicidade mensal, da "Rádio Editora Lda...)



Foto nº 2 >  Uma das primeiras fotos tiradas naquela terra quando cheguei a Nova Lamego. Estou no 1º andar do edifício do Conselho Administrativo,  do BCAÇ 1933,  no terraço do mesmo, e por trás pode ver-se a loja da Casa Caeiro. Nova Lamego, Outubro de 1967.


Foto nº 3  > Vistas da Casa Caeiro, uma casa comercial que pensava ser de Libaneses, mas já alguém me disse que não eram Libaneses. Foto tirada do 1º andar das instalações do CA.  Nova Lamego, Set / Out 1967.


Foto nº 4 > Nova Fotografia das instalações da Casa Caeiro.  Foto tirada do 1º andar das instalações do CA.  Nova Lamego, Janeiro de 1968.



Foto nº 5 > Instalações fortificadas [, protegidas por bidões com areia, ao nível térreo... ]do CA – Conselho Administrativo. Em cima, no  1º andar do edifício do Comando do Batalhão,  o autor e mais 2 elementos do CA, Furriel Pinto Rebolo e o nosso 1º Cabo Seixas.  Nova  Lamego, c. Set / Out 1967.


Foto captada em Nova Lamego, a partir da Rua Principal, das instalações do CA, no mês de Janeiro de 68.

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Nova Lamego

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. Continuação da publicação do álbum foto-
gráfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, 


[Foto à esquerd , o Virgílio e a esposa Manuela, o grande amor da sua vida, na Tabanca de Matosinhos, Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei), 5 de setembro de 2018. O casal vive em Vila do Conde. (Foto: LG, 2018)]



CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T060 – A CASA CAEIRO

Comerciantes Libaneses em Nova Lamego


VISTAS DO EDIFICIO DO COMANDO


I - Anotações e Introdução ao tema:

1 - O Meu Batalhão – BCAÇ 1933 – instalou-se em Nova Lamego, Sector militar L3, no Leste da Guiné. O comando do Batalhão, ficou com um dispositivo de 18 unidades independentes, ao longo de 1/5 do território do CTIG.

Nova Lamego, também conhecida por Gabu, é uma cidade de porte médio, com varias infraestruturas locais, nomeadamente, correios, escola, cinema, café e bar, algumas casas de comidas e bebidas, bem como, algumas lojas de comércio.

O concelho do Gabu é governado por um Administrador de Circunscrição, com sede em NL, e um Administrador de Posto com sede em Piche.

De todas as lojas, a que mais se destacava era a famosa Casa Caeiro, mesmo no centro da cidade. Ali vendia-se de tudo o que precisávamos e mais o que não era preciso para nada.

O Senhor Caeiro, dono da referida casa comercial, tinha uma bela filha, branca,  libanesa, coisa a não desperdiçar, em terra de pouca mulher branca, a qual era acompanhada por várias vezes com outra rapariga branca, que não sei qual a relação com eles.

A Casa Caeiro localizava-se mesmo do outro lado da rua, frente a frente, onde estava o gabinete do Conselho Administrativo, e do respectivo Comando do Batalhão.

Era um edifício tipo colonial, e ficávamos no 1º andar desse edifício, e logo se poderia ver todo o andamento e movimento da loja, a Casa Caeiro, que não era nada pequena, e que era frequentada pelas variadas etnias locais.

De tal modo que era um passatempo, vir para o varandim, e ver as pessoas, locais e outras pessoas europeias ou não, com os seus negócios, e acima de tudo, quando a filha do Caeiro saia à rua, logo era alertado por alguém o grito do Ipiranga, para irmos todos ver a beldade de mulher a sair à rua, com o seu corpo formoso para aquelas paragens.

Posto isto, a Casa Caeiro era visitada quase diariamente pela ‘malta’ nem que fosse para comprar uma caixa de fósforos, ou um abano para o calor.

Era gente simpática, o que está escrito é que eles apenas se dedicavam ao comércio, não alinhavam a sua actuação nem de um lado nem de outro, eram independentes, o que já seria uma tarefa difícil numa zona de guerra, como era aquela.

Quanto à filha do Caeiro, apenas falei com ela na loja, cruzávamos na rua, no café ou no pequeno cinema semanal, não sei a vida que eles levavam fora das horas de serviço.

Resolvi tirar este Tema do grande tema de Nova Lamego, com cerca de 200 fotos, e fazer um pequeno Poste de 5 fotos, para dar um pouco de ar fresco àquela zona tórrida e seca.

Este Tema já havia sido enviado para postar num grande conjunto sobre Nova Lamego, e agora foi alterado para formato mais pequeno.

Já foi revisto e corrigido várias vezes, para melhor clarificar certas fotos e inseri-las do contexto do tema. Acho que agora já não há mais nada para corrigir.

Estas fotos não estão nada bem, por um lado por falta de prática, depois são outros a tirá-las, sendo eu a focar a máquina, mesmo assim não prestam.

Por outro lado, a qualidade inicial do rolo e do papel de revelação não era nada bom, e com 50 anos metidas numa caixa e em várias sítios e garagens, a humidade e o tempo fizeram o resto, o bolor foi-as comendo, apesar disso hoje já estão digitalizadas.



Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1966 > A rua principal de Nova Lamego... Do lado esquerdo vê a Casa Caeiro e o edifício que era o comando do batalhão do BCAÇ 1894... Do lado direito, um edifício não editificado e depois a estação dos CTT(Correios, Telégrafos e Telefones)...

Foto do álbum de Manuel Caldeira Coelho (ex- fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)

Foto: © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]


II - Legendas das fotos:

F01 – A Família Caeiro, na sala de cinema do Gabu, nas últimas filas.

Vemos junto a mim, o Senhor Caeiro, a sua bela e avantajada filha e outra rapariga que não parece filha, e nunca soube a sua relação. Não vejo a esposa do Sr. Caeiro. Pensava ser na casa dele, mas acredito mais ser na sala de cinema do Gabu, pela forma de estar e pelas cadeiras.

Foto captada em Nova Lamego, na sala de cinema do Gabu, em 21 Fevereiro de 68.

F02 – Uma das primeiras fotos tiradas naquela terra quando cheguei a Nova Lamego. Estou no 1º andar do edifício do Conselho Administrativo, no terraço do mesmo, e por trás pode ver-se a loja da Casa Caeiro, a mais conhecida do local, especialmente pela especialidade da sua filha. Mais atrás podem ver-se enormes árvores – poilões, mangueirais, ou outras espécies.

Foto captada em Nova Lamego, no 1º andar das instalações do Conselho Administrativo, em Outubro de 67.

F03 – Vistas da Casa Caeiro, uma casa comercial que pensava ser de Libaneses, mas já alguém me disse que não eram Libaneses. Os fulas e outros muçulmanos, sentados na sombra da casa, o calor aperta. A atravessar a rua, vou à frente e atrás vem o nosso Furriel Rocha – O Algarvio, com a sua boina e a sua sombra.

Foto captada em Nova Lamego, do 1º andar das instalações do CA, entre os meses de Set-Dez 67.

F04 – Nova Fotografia das instalações da Casa Caeiro, comerciante Libanês, é ainda muito cedo, pois as sombras são menores e o movimento não é grande.

Foto captada em Nova Lamego, do 1º andar das instalações do CA, no mês de Janeiro de 68.

F05 – Instalações fortificadas do CA – Conselho Administrativo, no 1º andar do edifício do Comando do Batalhão. Em cima, o autor e mais 2 elementos do CA, Furriel Pinto Rebolo e o nosso 1º Cabo Seixas. Outras das primeiras fotos captadas na Guiné e em Nova Lamego.

Foto captada em Nova Lamego, a partir da Rua Principal, das instalações do CA, no mês de Janeiro de 68.

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #


«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ1933 / RI15 / Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21Set67 a 04Ago69».

Em, 2019-01-14.

Corrigido o texto e as legendas das fotos, hoje.