Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > c. set/out 1967 > Tabuleta com as indicações das distâncias, para Sul, Norte e Leste, localizada numa das saídas-entradas de Nova Lamego. Bafatá para sudoeste a mais longa, com 53 kms, e temos de juntar mais cerca de 60 dali até ao porto fluvial e depósito da Intendência em Bambadinca.
Foto (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário (*) de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, é gestor reformado; tem 136 referências no blogue:
Fernando Calado (**), estive a ler com toda a atenção esta narrativa, e quase se confunde com a minha estadia na Guiné.
Levei tempo a escrever, andei à procura do Batalhão que nos foi render em 26fev68 em Nova Lamego. Tinha ideia que era o BCAÇ 2856, mas afinal acabei por encontrar e era o BCAÇ 2835.
Quando ao resto, eu em Nova Lamego, de 21set67 a 26fev68, as histórias e os locais eram quase os mesmos. Estive várias vezes em Bafatá, mas por Bambadinca, apenas passei por lá duas vezes, em 4out67 e 26fev68.
Depois fui lá várias vezes à Intendência, em colunas para reabastecimentos, cujo Pelotão era comandado por um camarada do meu curso na EPAM [, Escola Prática de Administração Militar], o Alferes Ramos, pequenino como eu. Era do Pelotão de Intendência, é do Porto como eu, e por vezes falamos, ele tinha uma Galeria de Arte na Foz. Pouco falamos da Guiné, ele não deve gostar, suponho.
Eu era o Chefe do CA - Conselho Administrativo, dependia apenas do 2º comandante, quase não lidava com mais ninguém. O nosso Transmissões era o Alferes Mesquita, tinha vários fotos com ele, e ainda nos vemos nos encontros anuais, quando eu vou.
Frequentávamos muito a Tabanca do Morteiros, do Alferes Azevedo, que afinal era de Évora e não de Beja como eu pensava. Soube há dias que tinha já falecido, nunca mais o encontrei.
Esse modo de vida era quase o meu, excepto as cartas, nunca joguei, escrevia cartas diárias com muitas páginas para a minha namorada, que afinal eram como seja um diário...
Das centenas delas, apenas me restam meia dúzia, as outras foram todas queimadas e centenas de fotos, devido a um incidente e ficaram cheias de bicharada. Estava lá toda a minha vida de 23 meses, mais os outros na recruta e antes de embarcar.
Nunca fui apanhado nessas posições matinais, normalmente dormia sempre com umas calças de pijama de "terylene" e por vezes o casaco, sem qualquer outra roupa, nem lençóis. Dormíamos uns 10-12 na mesma camarata, e não me lembra de situações dessas, embaraçosas.
Pois quanto ao resto das DST [, Doenças Sexualmente Transmissíveis,] não me faltaram, era de tudo o que vinha nos cardápios, já falei nisso várias vezes, o nosso Pastilhas (mais tarde formou-se em médico, mas já falecido) tratava disso tudo, eram injecções de Terramicina, que nem podíamos andar depois...
O Whisky com a água Perrier e muito gelo era também a minha bebida preferida.
As bajudas, sempre as tratamos bem, elas apareciam lá pelos quartos com as roupas, e gente por vezes ficava embaraçado, mas elas, ainda miúdas, de 15 anos, e eu com mais 10 em cima, levavam aquilo de brincadeira. O quanto eu daria para ir hoje conhecer umas das minhas lavradeiras, quer seja em Nova Lamego quer em São Domingos.
Foi agradável este Poste, por vezes fazem-nos sonhar com aquela idade, e não havia ataque ao aquartelamento que eu não fosse fotografar.
Vamos continuando.
Abraço,
Virgilio Teixeira
ex-alf mil do SAM
BCAÇ 1933/RI15
1967-1969
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 23 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20005: (Ex)citações (357): para um fula, bom muçulmano, crente, como o pai do Cherno Baldé, o homem nunca chegou à lua (nem poderia chegar)... Do mesmo modo, só as mulheres grandes, como a Fatumatá, de Sinchã Sambel, chegavam às 100 luas ou mais (Cherno Baldé, Bissau / Hélder Sousa, Setúbal)
(**) Vd. poste de 30 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20191: (De) Caras (112): O aerograma de 1 de dezembro de 1969: "Meu amor, se calhar esta noite vou ter de pôr um lençol na cama, não vou transpirar a dormir, e… talvez tenha um sonho manga di bom"... (Fernando Calado, ex-alf mil trms, CCS/ BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)