sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20566: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - XIV (e última) Parte: "Periquito vai no mato, olé, lé, lé, / que a velhice vai no Bissau, olaré, lé, lé" ...


Foto nº 1A


Foto nº 1 >  Lisboa >  Cais da Rocha Conde de Óbidos >  fevereiro de 1966 > O João Sacôto com a filha ao colo, a esposa  do seu lado esquerdo, e a sua mãe, do lado direito. Em primeiro plano, em baixo, à direita, um caixote de "scotch whisky", daquele que vinha diretamente "From Scotland for the Portuguese Armed Forces"... (Vinha estampado no rótulo, que era para se vender na candonga...)


Foto nº 2 >  T/T Uíge > Fevereiro de 1966 > Refeição a bordo, no regresso a Lisboa. Da esquerda. para a direita, oficiais da CCAÇ 617: (i) alf mil Farinha (era arquiteto, já faleceu): (ii) alf mil  Santarém (foi professor liceal na Guarda); (iii) alf mil Gonçalves (é industrial de plásticos); (iv) alf mil Sacôto (foi comandante da TAP); v) alf  mil Monteiro, de outra unidade).... Recorde-se que a CCAÇ 617 / BCAÇ 619, partiu para o CTIG em 8/1/1964 e regressou a 9/2/1966-, tendo sido comandada pelo cap inf António Marques Alexandre. Esteve em Bissau, Catió e Cachil.


Foto nº 3 > Catió (c. 1964/66) > "Periquito vai no mato, olé-lé-lé, / que a velhice vai no Bissau, olaré lé lé"... Quem não se lembra da cantiga mais saborosa da Guiné ?!... [Trata-se de um  periquito-da-guiné, também conhecido, na Guiné-Bissau, por massarongo (Poicephalus senegalus). Fonte: Wikipedia]

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Montemor-o-Novo-Ameira > 14 de outubro de 2006 > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > O  J. L. Vacas de Carvalho interpreta algumas das cantilenas  do nosso tempo da Guiné, a começar pelo famoso "Periquito vai no mato"... Reconhece-se, atrás do nosso querido artista de Bambadinca (1969/71), o Martins Julião, o nosso saudoso Fernando Franco (1951-2020), a Alice Carneiro,  a Lígia, esposa do David Guimarães,  o António Baía, o Paulo Santiago, o David Guimarães, o Jorge Cabral, entre outros. Em voz "off", o Luís Graça... Vídeo: 1' 20 ''.

Vídeo (e legenda): © Luís Graça  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Último poste com as fotos do álbum da Guiné, do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes:

(i) ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66);

(ii) trabalhou depois como Oficial de Circulação Aérea (OCA) na DGAC (Direção Geral de Aeronáutica Civil);

(iii) foi piloto e comandante na TAP, tendo-se reformado em 1998.

(iv) estudou no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF, hoje, ISEG):

(v) andou no Liceu Camões em 1948 e antes no Liceu Gil Vicente; (vi) é natural de Lisboa; (vii) casado;

(viii) tem página no Facebook (a que aderiu em julho de 2009, sendo seguido por mais de 8 dezenas de pessoas);

(ix) é membro da nossa Tabanca Grande, desde 20/12/2011;

(x) já viajou por mais de 50 países.


2. Estas são as derradeiras fotos do álbum da Guiné... E, como todas as histórias que acabam bem, temos o nosso herói de regresso a casa, onde é recebido pela mãe, a esposa e a filha... Além do "Roby", o cão-herói,  trouxe, como ele, como  "recuerdo", uma caixa de garrafas de uísque Johnnie Walker (foto nº 1), coisa que era ainda um luxo no Portugal provinciano desse tempo... 

E aqui começou uma nova vida, uma nova carreira profissional, brilhante, como piloto da aviação civil.

No regresso, lá no T/T Uíge, beberam-se os últimos copos, trocaram-se moaradas e telefones (quem os tinha, ainda era um luxo também, ainda não havia e-mails, telemóveis) e fizeram-se promessas de novos (re)encontros.

Estamos gratos ao João pela paciência eo carinho com que, ao longo de um longo, colaborou connosco  neste projeto, aceitando pôr as suas fotos da Guiné "on line",  na página do seu Facebook e no nosso blogue, aqui organizadas por categorias temáticas, que deram origem a 14 postes (*), e procurando sempre, prestável e  amável, responder às nossas dúvidas sobre a legendagem.

Dos muitos comentários que os nossos camaradas foram fazendo a estes postes, destaco o do António Murta, com data de 18/10/2019..Ele fala por todos nós:

"De tempos a tempos, lá surgem estas séries fotográficas do João Sacôto, desenterradas das profundezas do baú e dos tempos. São uma bênção para a alma e uma delícia para os olhos. Vem saciar uma certa nostalgia daquele tempo e daquelas paragens. Não que eu tenha saudades da guerra e dos efeitos nefastos que ela trouxe a todos nós, mas ao ver estas imagens, de tão boa qualidade, empolgo-me por voltar a ter vinte anos e estar lá de novo. Mesmo com água pelos joelhos... Obrigado, João Sacôto."
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20501: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte XIII: Um heli Alouette II, oficiais do batalhão e outras fotos

Vd. postes anteriores:

11 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20441: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte XII: Mais fotos da população de Catió, com destaque para as mulheres e bajudas

3 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20412: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte XI: Mais fotos, parte delas sem legendas...

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20252: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte X: Cabedu, Cantanhez



20 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19604: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte VI: Em Príame, a tabanca do João Bacar Jaló (1929 - 1971)

3 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19546: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte V: Catió, o quartel e a vida da tropa

28 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19539: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte IV: Catió: as primeiras impressões

17 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19502: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte III: O meu cão Toby, que fez comigo uma comissão no CTIG, e que será depois ferido em combate no Cantanhez

10 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19488: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte II: Chegada a 15/1/1964 e estadia em Bissau durante cerca de 2 meses

4 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19468: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte I: A partida no T/T Quanza, em 8/1/1964

Guiné 61/74 - P20565: Convívios (913): A festa dos 10 anos da Magnífica Tabanca da Linha: gente feliz, sem lágrimas, mas com saudades dos que já partiram - Parte I (Fotos de Luís Graça e Manuel Resende)


Foto nº 1 > Da esquerda para a direita,  Zé Carioca, Mário Fitas, dois "homens grandes" da Tabanca da Linha, co o nosso editor Luís Graça.


Foto nº  2 > Aspeto parcial da sala: o evento juntou 59 "magníficos", em dia de chuva...


Foto nº 3 > Gente que veio de longe, de Penamacor, a 275 km,  o C. Martins, o artilheiro de Gadamael, "um dos que fechou a guerra", e que neste foi  um dos quatro "periquitos"; quis takvez recordar os tempos de estudante de medicina, em que aqui viveu, em Algés...


Foto nº 4 >  Outro "periquito", Vasconcelos e Sá, oficial superior reformado (creio que coronel), da FAP..  Veio com o Estrela Soares.


Foto nº 5 > O "periquito" Joquiim Vieira (Lisboa)


Foto nº 6 > O quarto (e último) "periquito", o José Mota Pereira: estava radiante! Veterano da Guiné, de 1965/67...Prometeu integrar   (e escrever para) a Tabanca Grande!


Foto nº 7 > Da esquerda para a direita, Raul Folques (um "Torre e Espada", 'comando', herói de guerra), Virgínio Briote e Luís Graça

Fotos:  © Manuel Resende  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto  nº 8 >  Em primeiro plano, a Maria Elisabete, esposa do Francisco Silva, que já há largos meses, não aparecia, por razões de saúde... Veio, co o Francisco, à última da hora... E ainda bem!... Foi muito bom voltar a vê-la... Quem faltou, desta vez, por razões de saúde, foi o António Marques e a Gina... Dois  históricos, dois Magníficos!... Desejamos rápidas melhoras à Gina, e até ao próximo encontro!... (A flor foi uma gentileza do "Sintra".)


Foto nº 9 > Um belo trio: Maria Elisabete, Alice Carneiro e Maria Irene, esposas respetivamente do Francisco Silva, Luís Graça e Virgínio Briote...


Foto nº 10  > Mais um casal simpático: Arménio Conceição e Madalena (Cascais)


Foto nº 11 > Outro Magnífico... casal "histórico": a Irene e Luís R. Moreira (outro combatente que soube "perdoar mas não esquecer": caímos os dois em minas A/C, em Nhabijões. Bambadinca, no fatídico dia 13/1/1971, eu, ele, o Marques, e outros...)


Foto nº 12 > Joaquim Nunes Sequeira, o "Sintra", que vive em Colares... Sempre afável, bem disposto... Traz sempr uma "coisinha" nova com ele: uma flor, umas tangerinas, um frasco de "água de Lisboa", um "recuerdo" da Guiné... (Neste caso, foi uma fotocópia de bilhetes de entrada num espetáculo da UDIB, Bissau que oremos reproduzir noutro poste)


Foto nº 13 > Miguel Rocha e Manuel Macias, dois grandes amigos e camaradas, um transmontano e outro alentejano (o Macias, da terra do Zé Saúde, Aldeia Nova de São Bento, Serpa)... (Zé, dei o recado ao Manuel: lá estaremos, dia 8 de fevereiro, às 15h, na Casa do Alentejo...)


Foto nº 14 : > O nosso coeditor. do blogue da Tabanca Grande, o  Jorge Araújo, além disso régulo de duas tabancas, Almada e... agora Emiratos!... (Tivemos oportunidade de falar, os dois, por vídeochamada, com a sua "mais que tudo", a trabalhar noutro continente...)


Foto nº 15 > Zé Rodrigues e Manel Joaquim, outros dois "históricos" da Magnífica


Foto nº 16 > Dpois régulos, o Manuel Resende (Taabnca da Linha) e Carlos Silva (Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar)


Foto nº 17 > Joaquim Vieira e João Pereira da Costa (, ambos de Lisboa)


47º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 16 de janeiro de 2020 >  

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Escreveu ontem o régulo, Manuel Resende, na página doFacebook da Magnífica Tabanca Linha (grupo fechado):


Realizou-se hoje o 47º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha com a presença de 59 convivas. Comemorámos o 10º Aniversário da sua fundação, com a presença de dois fundadores, o Mário Fitas e o José Carioca.

Depois de algumas palavras alusivas ao momento pelo Mário Fitas, em que não foi esquecido o nosso querido amigo Jorge Rosales, cantou-se os PARABÉNS,  seguido de bolo e espumante.

Como já é costume, em todos os convívios temos caras novas e desta vez foram quatro, Joaquim Vieira, C. Martins, José Mota Pereira e Vasconcelos e Sá. Parabéns e sejam bem-vindos.


2. Comentou o Luís Graça, editor da Tabanca Grande (*):

Parabéns ao Manuel Resende que tomou "conta do barco" depois da doença e da morte do Jorge Rosales... Sempre amábel, afável, discreto, eficiente, prestável, impecável...Sempre preocupado com o bem-estar de todos, é o último a sentar-se à mesa depois de fazer a "cobertura fotográfica" de cada evento...

Depois do Hotel Riviera, em Carcavelos, a Tabanca da Linha assentou arraiais" em Algés, no "Caravela de Ouro"... E, penso, que em boa hoa e para  agrado geral: este local bate o outro em todos os parâmetros: acessibilidade, centralidade, comes & bebes...

Parabéns ao Zé Carioca e ao Mário Fitas, outros "dois homens", que representaram os 9 magníficos cofundadores, dois infelizmente já desaparecidos. O Mário lembrou o espírito de comaradagem e convivialidade que sempre tem norteado e  caracterizado os encontros da Magnífica.

Obrigado, Armando Pires (*) e Mário Fitas, pelas vossas palavras, simpáticas, em relação à minha pessoa e sobretudo à Tabanca Grande que, vaidosa, julga-se "a mãe de todas as tabancas"... Mas não há mães sem... pais & filhos!... 

O que é bonito é ver a alegria da malta, num dia como hoje, partilhando três horas do seu tempo, uns com os outros... AS fotos que reproduzimos acima testemunham isso...

Pessoalmente gostei de ter podido ir à festa dos 10 anos da Tabanca da Linha, por várias razões... E uma delas, talvez a principal, é que achei, desta vez, que consegui gerir bem o tempo, de modo a poder dar dois dedos de conversa com cada uma das várias mesas... E depois há sempre jovem "nova" a aparecer, pela primeira vez...Neste caso 4, num total de 59.

Sei que, nas noutras tabancas (do Centro, de Matosinhos, da Maia, dos Melros, só para citar algumas que se reunem com maior regularidade, sem esquecer o "Bando" que é "nómada" e, portanto "não atabanca"...) também reina este espírito, dos amigos e camaradas da Guiné...

E é com este espírito, jovial, que eu quero ver, este ano, a malta toda no próximo Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real... Estamos a negociar datas... o que não está fácil, por causa das muitas "agendas" de todos e de cada um..
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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20564: Convívios (912): Parabéns, Magnífica Tabanca da Linha: 10 anos, 47 encontros...Houve bolo e espumante e o histórico primeiro régulo, Jorge Rosales (1939-2019), foi lembrado com saudade (Armando Pires)


Foto nº 1


Foto nº 2


 Foto nº 3

Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 16 de janeiro de 2020 > Aspeto geral da sala (privativa), com vista de céu e mar...(Foto nº1), o bolinho de aniversário (Foto nº 2) e o Mário Fitas, um dos 9 magníficos cofundadores da Magnífica, no uso da palavra (Foto nº 3)

Foto (e legenda): © Armando Pires (2020. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem  complementar:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Magnífica Tabanca da Linha > Carcavelos > Hote Riviera > 21/1/2016 > O Armando Pires, de pé, com o saudoso "comandante", o histórico primeiro régulo (e cofundador) da Tabanca da Linha, Jorge Rosales (1939-2019)

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem  complementar:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem deixada no Facebook da Tabanca Grande, pelo Armando Pires, hoje dia 16, há 1 hora:

10 Anos, 47 Encontros.
A Magnífica Tabanca da Linha esteve hoje em festa.
Para os rapazes da Guiné, houve bolo de aniversário e as palavras do Mário Fitas, um dos gloriosos 9 fundadores, que recordou o que ali nos unia, - "cada um de nós olha esse passado de maneira diferente, mas cumprimos, e cumprimos a camaradagem que nos uniu sempre que aqui dizemos presente", - disse o Mário, convidando todos a uma ovação à memória do Jorge Rosales, o Exmo. Comandante, que há um ano nos deixou.

Uma palavra final, minha, para a Tabanca Grande Luís Graça, "a mãe de todas as Tabancas".
Obrigado, Luís.

Guiné 61/74 - P20563: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (114): Vamos publicar, com a devida autorização da família, um excerto das memórias, ainda inéditas, de Inácio Soares de Carvalho, um nacionalista da primeira hora, militante do PAIGC, pai do nosso leitor (e futuro grã-tabanqueiro), o historiador e arqueólogo Carlos de Carvalho, cabo-verdiano, de origem guineense


Guiné > Bissau > s/d > Edifício do BNU - Banco Nacional Ultramarino. Cortesia de Mário Beja Santos (2017).

Inácio Soares de Carvalho trabalhou aqui até ser detido pela PIDE em 15/3/1962. Vamos  publicar, em breve, um excerto das suas memórias políticas, ainda inéditas, com a devida autorização do seu filho, Carlos de Carvalho. 

Nasceu na Praia, foi em criança para a Guiné com os pais. Envolveu-se na luta política. Foi preso pela primeira vez em 1962. É deportado para o Tarrafal, donde regressa em 1965, sendo colocado na colóiniua penal da ilha das Galinhas. Em 1967, é liberto pela primeira vez. 

Em 1972, é de novo preso e encarcerado na 2ª Esquadra de Bissau, sendo solto,  3 meses depois, sem culpa formada.  Em 1973, é de novo preso,  para conhecer a liberdade definitiva com o 25 de Abril de 1974, em Portugal.  

Nos finais de setenta, regressa à sua terra natal, Cabo Verde,  e afasta-se praticamente da vida política activa.  Já faleceu. (Informações biográficas fornecidas pelo filho, Carlos de Carvalho)


1. Mensagem de Carlos de Carvalho (Pria, Santiago, Cabo Verde), com data de 22/11/2019, 19:13

Caro Sr. Luís Graça,
Boa tarde.


Confesso ter ficado surpreso com sua pronta resposta (*). Pensava que levaria dias a me responder. Confesso também ter ficado surpreso, claro pela positiva, com o conteúdo de seu email.

É verdade que é um dever de memória resgatar parte de nossa história comum. É o que faremos publicando a obra de nosso velho.(...)

Envio em anexo, extractos do Livro para sua apreciação e com autorização de o publicar no seu/nosso blogue, se assim entender. Será uma forma de divulgação do que será o livro.

Meus / nossos (da família) antecipados agradecimentos.
Carlos de Carvalho


2. Resposta do editor Luís Graça, com data de 23/11/2019, 18h23

Carlos, aqui tem a autorização do Paulo Santiago. Não se esqueça depois de o citar, a ele e ao nosso blogue. Obrigado pelo texto (resumo das memórias do seu "velho", a cujo memória me inclino), que me mandou e me autoriza a publicar no blogue, o que farei com todo o gosto.

Mas preciso que me dê mais alguns dados  biográficos sobre o seu pai. Gostaria de saber também o título do livro, a editora, o local e o ano de edição (se já tiver editora)... O seu pai deixou-lhe algum manuscrito ? Ou ainda teve tempo de o entrevistar, em vida ?... 

Diga-nos também algo mais sobre si: o que faz, onde vive...Claro que o gostaria de ter, na Tabanca Grande ("onde todos cabemos com tudo aquilo que nos une, e até com aquilo que nos pode separar")... 

Temos aqui diversos "amigos da Guiné", que não foram combatentes, nem de um lado nem do outro, e que são naturais da Guiné: desde o Nelson Herbert Lopes (os nossos "velhos" estiveram ainda juntos no Mindelo em meados de 1943) ao Cherno Baldé (Bissau)... passando pelo saudoso Pepito, mas também o Manuel Amante da Rosa (esse, sim, antigo combatente, fiz o serviço militar na sua terra, em 1973/74...). 

Se aceitar conveniente e oportuna a sua entrada neste grupo (somos 800)... Temos regras de convívio muito simples, de bom senso.

Não somos um blogue de causas (nem temos nenhuma agenda "político-iudeológica"), mas de partilha de memórias (e de afetos). Estamos "on line" há mais de 15 anos. E temos 11,5 milhões de visualizações... Um acervo enorme, plural, sobre a Guiné e a guerra colonial. 

Mantenhas. Bom fim de semana. Luís

3. Resposta do Carlos de Carvalho,  em 25/11/2019, 19:12

Caro Luís Graça

Boa tarde e minhas desculpas pelo atraso na resposta.

Meus imensos agradecimentos pela autorização dada pelo, já considero comum amigo, Paulo Santiago.

Aceito com muito gosto fazer parte da “rede de memórias” que conseguiram criar, sem remorsos, sem ressentimentos. O passado nosso, quer queiramos quer não, foi comum. Tive a felicidade de ter estudado com muitos colegas portugueses que hoje não sei por onde andam mas que na altura éramos amigos, jogávamos à bola juntos, sem perguntarmos donde cada um vinha e quem eram nossos pais.

De seus amigos da Guiné, que citou, o Nelson [Herbert], por exemplo, é meu grande amigo, nossas famílias se relacionam como autênticas famílias mesmo. Ele conhece grandemente a história das memorias e temos trocado ideias sobre o seu conteúdo no geral.

O Amante da Rosa idem. Fui colega de infância e de juventude de seu falecido irmão e ele é colega de serviço de meu irmão. Ambos são hoje Embaixadores.

Como vê,  este mundo é mesmo pequeno.

O triste de tudo é ver aquela linda nossa terra no estado em que se encontra. Dói mesmo!!

O meu velho deixou mesmo suas memorias, instigadas por nós, filhos. O manuscrito existe e algumas páginas irão no livro.

Envio, em anexo, Sinopse e Nota Introdutória das Memórias que permitirão publicar no seu/nosso blogue parte do que vai ser, sem dúvida, umas excelentes memórias sobre a luta clandestina. Segue também o que provavelmente será a capa do livro.

Eu vivo na Praia, CV, e sou historiador e arqueólogo de profissão. Trabalho no Instituto do Património Cultural de que fui Presidente largos anos. Faço mais é investigação no domínio da preservação do património e agora estou também me enveredando pela temática da luta de libertação.

Continuaremos o nosso contacto dentro das regras de convívio que estabeleceram para os amigos do blogue.

Aceite meu abrasu.


4. Comentário de Luís Graça, 26/11/2019, 21:43


É verdade, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande. O Carlos já aceitou o meu convite para integrar a Tabanca Grande, onde, como eu lhe disse, cabemos todos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar... Autorizou-me a publicar excertos do livro que quer ver publicado, em memória e homenagem ao seu "velho"... Merece o nosso apoio. Gostava que ele me pudesse mandar uma foto, atual, tipo passe.

PS - Vamos oportunamente publicar, aqui no blogue, um excerto das memórias, ainda inéditas,  do falecido pai do Carlos de Carvalho, que foi um nacionalista da primeira hora, um Combatente de Liberdade da Pátria, de seu nome Inacio Soares de Carvalho: na clandestimnidade era o  Naci Camara, trabalhou no BNU - Banco Naciional Ultramarino, erm Bissau, foi várias vezes preso pela PIDE durante o tempo que durou a luta pela independência, conheceu o Tarrafal e a Ilha das Galinhas. As memorias abarcam o período de  1956 a 1974.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20559: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (67): pedido de autorização para uso de fotos de Guerra Ribeiro, em livro de memórias do "tarrafalista" Inácio Soares de Carvalho (Carlos de Carvalho, Praia, Santiago, Cabo Verde)

Guiné 61/74 - P20562: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (9): edição, revista e aumentada, Letras M / N




Guiné> Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (1964/64 >  O temível 
morteiro 81, o "botabaixo" (, bem manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km).

Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (*), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão. Entradas das letras M e  N:



Letra M 


MA - Minas e Armadilhas 

Macacada - Tropa, forças do Exército, "infantes", tropa-macaca (gíria) 

Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo) 


Macaréu - (i) Vaga impetuosa que, no 
Rio Geba, precede o começo da praia-mar; é mais sentida no Geba Estreito, a partir da foz do Rio Corubal; (ii) mas também menstruação (gíria)

Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola 

Mach - Velocidade do som (FAP) 


Madeireiro - Industrial de serração de madeiras e exportador de madeiras exóticas (como pau santo)

Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar 


Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo) 

Maj - Major 


Maj gen - Major general [antes equivalia o posto de brigadeiro, desde 1999, o primeiro posto permamente de oficial general, imediatamente inferior a tenente-general; tem 2 estrelas]
 

Malta - Pessoal do nosso tempo, da tropa, da Guiné (gíria)

Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo) 

Mama Sume - (i) Grito de guerra dos 'comandos' portugueses; significa "Aqui estamos, prontos para o sacrifício", de acordo com o dialeto e a prática cultural dos bailundo do sul de Angola, sendo o grito usado no contexto de  um rito de passagen" (, ou seja, de passagem à idade adulta (, equivalente, na Guiné, ao fanado) quando o jovem guerreiro da tribo tinha de caçar um leão, suprema prova de coragem; (ii) nome da revista da Associação de Comandos


Mancarra - Amendoím (crioulo) 

Manel Djoquim - O homem do cinema ambulante (em Cabo Verde e na Guiné), Nanuel Joaquim dos Prazeres (1901-1977); pai da nossa grã-tabanqueira, a escritora Lucinda Aranha Antunes; ficou conhecida a expressão, nas tabancas, "a la Manel Djoquim i na bim" (Vem aí o Manuel Joaquim!)

Manga de ronco – Grande festa; sucesso militar (crioulo e gíria) 


Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo e gíria) 

Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata (gíria) 

Mantenha(s) - Saudades, lembranças, cumprimentos (crioulo); fala mantenha, partir mantenhas = saudar.
[Da locução portuguesa (que Deus te) mantenha)]

"mantenha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/mantenha [consultado em 12-01-2019].


Maqueiro - Soldado da secção sanitária da CCS de um batalhão; acima, havia o 1º cabo auxiliar de enfermeiro, o furriel enfermeiro e o alferes médico (em geral, estes dois últimos eram milicianos)

Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte 


Maria Turra - A célebre locutora da Rádio Libertação, a rádio do PAIGC, que passou a emitir a partir de Conacri, em julho de 1967; seu nome:  Amélia Araújo, natural de Angola, era casada com o cabo-verdiano José Araújo, dirigente do PAIGC,  falecido: vive em Cabo Verde

Mário Pádua - Desertor do Exército colonial em Angola, em 1961, veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, no sul do Senegal, Casamansa

Mário Soares - Famoso comerciante de Pirada, de quem se dizia que trabalhava para os "dois lados"

MARME - Especialista, mecânico de armamento e equipamento (FAP)

Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa) (gíria)


Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas) 

Mato (i) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato') (gíria) 

Mato (ii) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC 

Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis 

Med - Médico (vg, Alf Mil Med) 

Meia-leca - Militar de baixa estatura (gíria)

MELEC - Especialista, mecânico de eletricidade (FAP)

Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial 

Metro e oito - Alcunha do ten cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71) 


Mezinho - Mezinha, remédio caseiro,amuleto (crioulo)

MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos) 


MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado (crioulo)

MiG 17 - Avião de combate de origem russa, supersónico (que o PAIGC nunca chegou a ter) 

Mil - Miliciano; milícias [vd. Pel Mil] 

Mindjer - Mulher (crioulo) 


Mindjer Garandi - Mulher grande (crioulo)

Minino - Menino, rapaz (crioulo). Vd. também djubi ou jubi. 


Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo) 

ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira


MMT- Especialista, mecânico de material terrestre (FAP)

MNA - Especialista, mecânico de manutenção aeronáutica (FAP)

MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha) 


Moja - Nome de guerra do comandante Victor Dreke (,o “Moia”, para os guineenses, )  que ssumiu o comando da missão militar cubana ma Guiné, em Fevereiro de 1967

Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura (crioula) 

Mort - Morteiro

Mort 81 - Morteiro 81 mm; alguns tinham 'nomes de guerra' como o 'Botabaixo'

Mort 82 - Morteiro 82 mm (PAIGC)

Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato

MP - Met Pes / Metralhadora Pesada


MRadar - Especialista, mecânico de radar (FAP)

MRadio - Especialista, mecânico de rádio (FAP)

MSG - Mensagem

Mudar o óleo - "Ir às... putas" (calão)

Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas) (calão)

Mun - Municiador

Mun Mort - Municiador de morteiro

Muro - O mesmo que "mouro" (árabe ou berbere do Norte de África), termo utilizado como sinónimo de "marabu", chefe religioso de confissão muçulmana (crioulo)


Mursegu - Morcego (crioulo)





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protector da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que foi o logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé. 

"O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usado na festa do fanado. Representa uma cbeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse colectivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte" (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33). 


Foto (e legenda): © Luís Graça  (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Letra N


N/M - Navio a motor, ou navio-motor (por ex., N/M Niassa)

NEP - Norma de Execução Permanente (NT)


Nha Bijagó - Leopodina Ferreira Pontes, mais conhecida por"Nha Bijagó" (1871-1959), uma das últimas grandes “sinharas” da Guiné


Nhanhero,
 da coleção do
Valdemar Queiroz
Nhanhero -   (i) Instrumento cordófono dos fulas cuja caixa de ressonância é uma cabeça pequena revestiada de couro e cuja corda única se fere com um arco; (ii) músico que toca esse instrumento; (iii) espetáculo em que se apresenta esse músico; origem etimológica obscura: o Cherno Baldé diz que a origem seria onomotopaica, ou seja, o nome seria derivado do som que o instrumento produz... "nha..nhe...nhi"

Nharro - Africano; preto (crioulo, calão, na altura com sentido pejorativo, racista)

Nhinte-Camatchol - O grande irã dos nalus da Floresta do Cantanhez

Nhominca - Tipo de canoa, muito usada no transporte de pessoas e bens, entre as ilhas do arquipélago dos Bijagós

Ninhos - Entrada gastronómica com camarão, ovo e tomate, servida no Pelicano (gíria)


NM - Número mecanográfico (do militar)

NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas 


Nord Atlas - Avião de Transporte (FAP)

NRP - Navio da República Portuguesa (por ex., NRP Cassiopeia) 

NT - Nossas Tropas


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Nota do editor:


28 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20506: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (7): edição, revista e aumentada, Letras F, G e H

3 de dezembro 2019 > Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A


12 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19396: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (1): em construção: para rever, aumentar, melhorar, divulgar, comentar...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20561: E as nossas palmas vão para ... (20): O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, que faz hoje 23 anos e já recebeu mais de 14 milhões de visitas




1. M
ensagem que recebemos hoje do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa :



O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa completa 23 anos neste dia. Nas Notícias dá-se conta do balanço deste período de mais de duas décadas de trabalho árduo – eis os resultados:

– no Consultório, destinado a dar informação/esclarecimento, encontram-se, até ao momento, disponíveis para consulta livre, 35 644 respostas a questões colocadas sobre as mais diversas áreas da língua – da história à fonética e fonologia, bem como à dinâmica do texto, do discurso e até da literatura, passando pela formação de palavras, pela sua pertença a classes, pelo seu comportamento na frase (sintaxe) e por questões de semântica e de pragmática,

– já no campo da opinião ou da criação, as rubricas da secção Na 1.ª Pessoa –  O Nosso Idioma, Pelourinho, Controvérsias, Ensino, Lusofonias, Diversidades e  Acordo Ortográfico –, bem como as Notícias, a Montra de Livros e a  Antologia, totalizam , de de momento, 7650 artigos disponíveis em arquivo para leitura, análise e reflexão;

– acresce que, no final de 2019, o fluxo de visitas ascendia a mais de 14 milhões de visitas.

Há, pois, motivos de sobra para festejar mais um aniversário.

Na rubrica O nosso idioma, a professora e linguista Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, dá parabéns com o texto "Vinte e três anos em vinte e três palavras". Aqui se reúnem e definem, pelas memórias e emoções que evocam certos vocábulos – são exemplos solidez, validez, sensatez...–, tantos quantos os anos que já conta este serviço, sempre ao dispor de quem quer usar bem o português, conhecendo-o e praticando-o na sua unidade ou na sua diversidade. Como diz a autora, «[...] o Ciberdúvidas são as pessoas que o visitam a cada dia, são os textos sobre a língua e para a língua que aqui se partilham».

Aos nossos consulentes, quer tenham o português como língua materna quer não, se deve, portanto, o registo do nosso reconhecimento grato, porque é na sua constante adesão aos conteúdos aqui em linha, manifestada também em contacto direto, através do envio quotidiano de questões, achegas, críticas, que o Ciberdúvidas tem encontrado justificação e alento para seguir caminho, ao encontro do interesse que lhe confiam. 

Veja os textos na íntegra, aqui: 



2.  Comentário do nosso editor:

Confesso que sou fã, de há muito,  do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, um sítio da Net criado em 15 de Janeiro de 1997, por dois jornalista portugueses, o  José Mário Costa, e o  João Carreira Bom, este já falecido.
"Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos." 

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/atualidades/noticias/ciberduvidas-23-anos-ao-lado-da-lingua-portuguesa/3401
[consultado em 15-01-2020]

De acesso gratuito, defende e promove a língua portuguesa, e a(s) lusofonia(s). Com altos e baixos, provocados pelas "dores do crescimento", as restruturações, a volatilidade dos apoios dos mecenas, as inevitáveis dificuldades de organização e funcionamento, a começar pela escassez de recursos humanos e  financeiros, celebra os seus 23 anos de existência, o que é obra, no mundo da Net, em português... Só por isso, por estas duas razões,  merece  de imediato as nossas palmas.

Acresce que também nós, o blogue da Tabanca Grande, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, temos na décima (e última) das nossas regras editoriais a defesa da língua portuguesa "que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos", da Lourinhã a Dili,  de Leça de Matosinhos a Bissau, de Almada a Nova Iorque, de Lisboa a Maputo, de Cascais a Macau, do Porto ao Rio de Janeiro, do Funchal ao Mindelo, e por aí fora...

Embora não seja esse o nosso "core business", interessamo-nos pelas questões linguísticas,  e não deixamos cair no esquecimentos os vocábulos e as expressões que (ainda) não vêm grafados nos nossos dicionários (gíria e calão da tropa e da guerra, acrónimos, siglas, crioulos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, angolês,etc.). Estas questões têm alguma visibilidade no nosso blogue que vai fazer 16 anos em 23/4/2021.. Veja-se. por exemplo, alguns dos nossos descritores / marcadores:

angolês (3)

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (11)

CPLP (8)

crioulo (69)

Em bom português nos entendemos (42)

língua portuguesa (19)

lusofonia (93)

Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (9)

Aproveito esta efeméride para saudar o José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas e seu coordenador editorial desde o início... E naturalmente os seus colaboradores... Em boa verdade, ele tem sido, historicamente, "o corpo e a alma" deste projeto. Conheço-o pessoalmente. da tertúlia dos caminheiros da Quinta das Conchas onde aparece, uma vez por ano, para comer...lampreia connosco!... Falamos então,  à volta do arroz de lampreia, de coisas que são do nosso interesse comum  como a "sua" Angola, o "seu" Ciberdúvidas, a nossa" língua, o jornalismo, a lusofonia... 

E uma pessoa, amável, afável, generosa, que eu aprendi a estimar, não só pela sua grande honestidade intelectual, como pela sua cultura, facilidade de criar pontes, capacidade de trabalho... De resto,  só um profissional com o seu perfil  conseguiria  manter um portal desta natureza e envergadura, donde se destaca o "consultório linguístico" que responde diária e graciosamente às mais diversas dúvidas da língua portuguesa, de todas as partes do mundo.  

O Ciberdúvidas recorre a um vasto leque de especialistas.  Está atualmente alojado no servidor do  ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
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Guiné 61/74 - P20560: Antropologia (35): Djobel, uma tabanca vítima das alterações climáticas, por Lúcia Bayan (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Janeiro de 2019, dirigida ao editor CV:

Caríssimo Carlos, Boas tardes.
Acabo de receber da minha amiga Lúcia Bayan dois textos acompanhados de preciosas imagens. É uma oferta para o nosso blogue, presente de alto nível, bem revelador dos estudos que ela leva a efeito sobre a civilização e cultura Felupe. Peço a amabilidade de os publicar.
É uma dimensão que precisamos de explorar, a da investigação científica. Farás o favor de me indicares as datas da publicação para eu informar a autora.
A Dr.ª Lúcia ainda mandou outras imagens que eu vou utilizar em artigos meus, obviamente citando a sua origem.

Recebe um grande abraço do
Mário


2. Mensagem da Dra. Lúcia Bayan enviada a Mário Beja Santos em 14 de Janeiro:

Boa tarde caro Amigo,
Nesta troca de mensagens o Patrício refere alguns problemas que as alterações climáticas estão a provocar no chão felupe. Infelizmente, a Guiné-Bissau irá ser seriamente afectada, especialmente pela subida da água do mar.
Envio um pequeno texto para explicar os problemas e conflitos que a subida da água do mar já está a provocar actualmente no chão felupe.

Abraço,
Lúcia

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Djobel, uma tabanca vítima das alterações climáticas

Por Lúcia Bayan

Djobel[1] é uma pequena tabanca baiote situada no noroeste da Guiné-Bissau, no sector de São Domingos, região de Cacheu. Os Baiote são, como os Felupe, um subgrupo Joola. Em tempos idos, os Baiote desceram do Senegal e conquistaram aos Felupe o seu chão actual, entre Suzana e São Domingos. A última batalha foi travada entre Arame, tabanca baiote, e Suzana, a principal tabanca felupe. Arame venceu e ficou com as bolanhas de Suzana, situadas entre as duas tabancas. Uma pequena ponte à entrada de Suzana marca a fronteira entre os dois grupos: Felupes a oeste e Baiotes a leste.

Djobel, a quem os Felupe chamam Nhabane, está situada a sul de Arame e de Elia, muito próxima desta, e é uma tabanca muito diferente das tabancas baiote e felupe. Instalada no meio dos mangais e da água (Fig.1), na maré alta, as casas parecem palafitas e só na maré baixa se percebe que estão situadas em pequenos montículos rodeados de lama.

Foto 1

O acesso a Djobel só é possível de barco e na maré alta. Para quem chega a tabanca é lindíssima, mas a sua beleza esconde um tipo de vida muito duro. Não há água potável, apenas a captada em depósitos na época da chuva (Fig. 2) e a que as mulheres vão buscar de canoa a Elia (Fig. 3). Sair ou entrar em casa, ir ao mercado, trabalhar, à escola, buscar água, visitar o vizinho ou obter ajuda, tudo depende das marés.

 Foto 2

Foto 3

Em condições tão adversas a vida em Djobel só é possível devido à enorme mestria dos Joola na construção de diques. E é também em Djobel que melhor se pode observar esta técnica, pois os habitantes desta tabanca, além de construírem diques para os arrozais, as bolanhas, também utilizam diques para defender os pequenos montículos ou ilhas da subida da água (Fig. 4), impedindo assim que chegue às casas, e para a comunicação entre as ilhas, como pode ser visto na imagem retirada do Google (Fig. 1).

Foto 4

A construção destes diques envolve toda a população da tabanca. Todos os adultos contribuem para a compra dos materiais necessários, como kirintis, placas de entrelaçado de tiras de bambu ou palmeira utilizado para fazer vedações, e para o seu transporte. Os homens cortam os paus e tecem as cordas e, depois de reunidos todos os materiais necessários, é marcada a data da construção. Nesse dia, todos participam e a tabanca fica vazia (Figs. 5 e 6).

 Foto 5

Foto 6

No entanto, a subida acentuada do nível do mar, provocada pelas alterações climáticas, traz consigo a morte de Djobel. A água já chega às casas e, apesar das suas técnicas e esforços, os habitantes de Djobel terão de abandonar a tabanca.

A Guiné-Bissau faz parte dos 10 países do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente à subida do nível do mar. Em Varela o mar sobe cerca de 7 metros por ano. A mudança de populações será uma necessidade cada vez mais recorrente.

As negociações para a mudança da população de Djobel iniciou-se há algum tempo. Este é um processo muito complexo que, nos últimos meses, tem originado uma série de conflitos. A escolha do novo espaço foi feita recorrendo à história: Djobel foi fundada por um filho de Arame e, por isso, esta tabanca aceitou receber os habitantes da primeira. Mas não os seus santuários!

O local escolhido, e certificado pelas entidades oficiais, situado entre Arame e Elia, começou a ser desmatado para a construção das casas. Contudo, as queimadas para preparação do terreno abrangeram uma horta de caju de uma família de Elia que, além da perda da horta, alega o terreno ser da sua família. Claro está, que os direitos à terra desta horta de caju originaram um conflito entre Arame e Elia. Cada tabanca defende uma localização diferente da fronteira que as divide. O conflito agravou-se e despoletou alianças e rivalidades tradicionais entre tabancas, alastrando-se às tabancas vizinhas Kassu e Colage. Em 24/05/2019, houve tiros e morreram duas pessoas.

Localização de Arame, Elia e Jobel
© Infogravura Luís Graça & Camaradas da Guiné

O ministro do interior Edmundo Mendes deslocou-se a Elia, foram estabelecidos percursos seguros para os habitantes de cada tabanca e a situação acalmou. No final do ano passado, em 10/12/2019, a Associação Onenoral dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFASS), uma instituição de jovens, muito activa e muito influente, com sede em Bissau, e outras instituições realizaram, em Suzana, um encontro com os líderes tradicionais da secção de Suzana, «com o intuito de sensibilizá-los a serem patrocinadores da promoção do diálogo entre as tabancas de ELIA, ARAME, DJOBEL, KASSU E COLAGE» (https://www.facebook.com/aofass.suzana/). As fotos desta reunião, publicadas pela AOFASS, mostram que compareceram muitos líderes tradicionais: todos os que têm gorro vermelho, sendo os principais os também vestidos de vermelho. Um sinal de esperança para os habitantes de Djobel?

Lúcia Bayan, 11/01/2020
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[1] - Nota do editor: Vd. Tabanca de Jobel na carta de Susana
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20270: Antropologia (34): Cultura e tradição na Guiné-Bissau, por António Carreira (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20559: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (67): pedido de autorização para uso de fotos de Guerra Ribeiro, em livro de memórias do "tarrafalista" Inácio Soares de Carvalho (Carlos de Carvalho, Praia, Santiago, Cabo Verde)

Foto nº 1


 Foto nº 1-A


Foto nº 2

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá  > Bambadinca > BART 2917 (1970/729 > Março de 1972 > Carreira de tiro > Foto nº1 > Da direita para a esquerda: (i) na primeira fila: o Comandante do CAOP 2, o General Spínola, e o ten cor Polidoro Monteiro (comandante do BART 2917); e atrás, na segunda fila, (ii) o Paulo Santiago (,de bigode e óculos escuros), o ten-cor Tiago Martins (, comandante do BART 3873). e o antigo administrador do oncelho de Bafatá, o então intendente Guerra Ribeiro (Foto nº1-A)

Foto nº 2 > em primeiro plano, dois civis, da administração colonial , sendo o segundo o intendente Guerra Ribeiro, no meio de militares, com o gen Spínola ao centro; ao fundo, à direita o nosso grã-tabanqueiro Paulo Santiago, na altura instrutor e comandante de companhia de milícias.


Fotos (e legendas): © Paulo Santiago (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso leitor Carlos Carvalho, guineense de origem cabo.verdiana, viva na Praia, Santiado, Cabo-Verde, é historiador e arqueólogo de profissão, filho de um antigo militante do PAIGC:

Data - sexta, 22/11/2019, 13:3722/11/2019
Assunto - Memórias: pedido de autorização


Exmo Senhor Luis Graça

Antes de mais meus melhores cumprimentos.

Sou Carlos de Carvalho, natural da Guiné, de nacionalidade cabo.verdiana.

Estou concluindo as Memórias de nosso falecido pai, um Combatente de Liberdade da Pátria, Inacio Soares de Carvalho, de nome de luta Naci Camara, varias vezes preso pela PIDE durante o tempo que durou a luta pela independência.

As Memorias narram a vida politica dele,  desde 1956 a 1974.

Nelas, numa das passagens, ele cita o famoso Guerra Ribeiro com o qual teve um "encontro" nada amigável. Procurando uma imagem desse administrador, alguém me recomendou ver seu blogue. Efectivamente, no seu blogue  vi as duas figuras, o Guerra Ribeiro e o Governador Spinola,  que precisava para ilustrar a passagem narrada nas Memórias.

Nesta conformidade e para salvaguardar os direitos autorais e de imagem, venho, por este meio, solicitar sua autorização para o uso dessa imagem, supondo ser de sua autoria essa fotografia. Em não sendo, muito agradecia que me informasse como poderia chegar à fonte e solicitar autorização para o efeito.

Certo de que este meio correio merecera sua devida atenção, agradeço antecipadamente.

Meus melhores cumprimentos.

Carlos de Carvalho

PS: Venho apreciando com enorme prazer o seu blogue com informações e imagens que ajudam a conhecer e reviver um pouco da historia recente daquela nossa martirizada terra. Às vezes da para perguntar se aquela música "Oh tempo volta pa trs" ´, não tem sentido. 


2. Resposta do nosso editor Luís Graça, com data de 22/11/2019, 17:33, e conhecimento ao Paulo Santiago:


Caro Carlos Carvalho:

Tenho todo o gosto de satisfazer o seu pedido. O nosso blogue (de ex-combatentes da guerra colonial e outros amigos da Guiné, incluindo guineenses, cabo-verdianos, etc.) pretende ser uma ponte entre os nossos dois povos que, afinal, têm uma história em parte comum, além de laços linguísticos e afetivos. (**)

Temos pelo menos 4 referências no nosso blogue ao administrador, e depois intendente da administração colonial, Guerra Ribeira (de seu nome completo, Manuel da Trindade Guerra Ribeiro. natural de Chaves).

As fotos que o Carlos refere são do meu camarada Paulo Santiago, que conheceu o Guerra Ribeira em Bambadinca, por volta de março de 1972...

De acordo com as nossas regras, terei que lhe pedir a sua (dele) autorização. Por parte do administrador do blogue, tem o meu OK, desde que cite a fonte:  Cortesia de © Paulo Santiago (2013) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Mas aguarde a resposta do engº Paulo Santiago, membro desta tertúlia, a quem dou conhecimento do seu pedido e da minha autorização.

Gostava depois que publicasse alguma coisa sobre o seu pai, no nosso blogue. Temos uma série,"(D)o outro lado do combate", já com mais de meia centena de referências. É muito importante que os filhos dos "combatentes da liberdade da Pátria", como é o seu caso, não os deixem "morrer na vala comum do esquecimento"... Fazemos isso, aqui, com os nossos camaradas que fizeram a guerra e a paz no teatro de operações da Guiné (1961/74).

Mantenhas. Muita saúde e longa vida. Luís Graça

3. Resposta, na volta do correio, do Paulo Santiago (, ex-alf mil,  ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho e Contabane, 1970/72: é engenheiro técnico agrícola, reformado; vive em Águeda; tem 165 referências no nosso blogue):


Olá, Luís, boa noite

Interessante este pedido do filho do Inácio Carvalho, alguém do "outro lado" que vai falar. Acho bem acontecerem estas memórias.Vou dar autorização ao Carlos Carvalho.

Este mês, é o segundo pedido de autorização que recebo.Há dias foi de uma doutoranda,Verónica Ferreira (projecto CROME-CES UC) que chegou a mim através do Jorge Araújo. Perguntei ao Eduardo Costa Dias se conhecia a moça..."Boa miúda" respondeu-me. A Verónica vai enviar-me o capítulo (em inglês) onde será inserida a foto, e envio-te.

O Inácio esteve no Tarrafal. Em 2018 estive um mês em Santiago, Praia,e lá fiz uma visita à prisão, hoje museu da resistência...Tenebroso, aquelas celas disciplinares, a "holandinha", substituta da frigideira, horror.

Abraço, Paulo

4. Comentário do Cherno Baldé (Bissau), nosso colaborador permanente, sobre o Guerra Ribeiro (*):

(...) O Guerra Ribeiro, Administrador da Circunscrição, depois Concelho de Bafatá nos anos 60, era o terror dos nativos "indígenas" que viviam nos arredores ou visitavam a cidade, por força de uma medida administrativa que mandava prender e açoitar todos os nativos que nela entrassem de pés descalços.

A medida era inédita, controversa e paradoxal, porque no seu ambiente natural, salvo raras excepções (personalidades políticas ou religiosas), o nativo guineense, em geral, não usava sapatos no seu dia-a-dia e, também na fase inicial da colonização, o uso de sapatos entre o "gentio" ou era mal visto ou simplesmente proibido pela administração.

E, de repente, nos anos 60, o Administrador de Bafatá confundiu a mentalidade dos nativos com esta medida que intrigava muita gente e teria sido motivo para o surgimento de casos caricatos que ainda hoje se contam e são motivo de divertidas gargalhadas.

Com esta medida histórica, quem tivesse que passar por Bafatá, por qualquer motivo, sabia de antemão ao que era obrigado, mesmo que, por isso, tivesse que arrastar os pés ou andar como um coxo, porque os cipaios de Guerra Ribeiro estavam lá para fazer cumprir a ordem.

Assim, na região de Bafatá a história do uso de sapatos está intimamente ligada ao nome de Guerra Ribeiro, e a maioria dessas pessoas compravam o seu par de sapatos exclusivamente para satisfazer o Senhor Administrador de Bafatá.

O nome de Guerra Ribeiro está também ligado a construção do Bairro da Ajuda, o único Bairro digno deste nome na periferia da antiga Bissau, construído na base de trabalho obrigatório.

É por estas e outras coisas que, hoje, face a situação actual do pais, muita gente questiona (em especial os mais velhos) se não era melhor manter a ordem e a disciplina coloniais. (...)

____________

Notas do editor:


(...) No poste P11281 (...)  fala-se do Guerra Ribeiro, Administrador de Bafatá. Conheci a pessoa num dia em que apareceu no Saltinho,e lá pernoitou.

Mais tarde, apareceu em Bambadinca na cerimónia de encerramento do curso de Milícias. Nesta altura, já não era Administrador, era Intendente, e penso que estava em Bissau, mas sei muito pouco sobre estes cargos da Administração Civil. 

(...) Voltei a Bambadinca em Janeiro de 72 e, durante o novo curso de milícias, tive duas visitas do Com-Chefe, uma aí pelo meio e a outra no final tendo, desta vez, sido cumprido todo o programa de encerramento, que incluiu uma deslocação de viatura à carreira de tiro, que ficava para lá do destacamento da Ponte de Udunduma, a caminho do Xime. (...)

Nas fotos juntas, Março de 72, aparece o então Intendente Guerra Ribeiro. Na primeira, é a pessoa de farda amarela, atrás do Polidoro Monteiro e do Spínola. Na segunda, está a olhar para o lado esquerdo, e vê-se, também fardado,um outro elemento da Administração Civil que não sei quem é. (...)