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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2579: Álbum Fotográfico do Hugo Moura Ferreira (3): Em Sangonhá, a sul de Gadamael, com a CCAÇ 1621 (1968)



Guiné > Região de Tombali > Sangonhá > CCAÇ 1621 (1966/68) > 1968 > Picada de Sangonhá para Cacine.

A CCAÇ 1621, que esteve antes em Cufar e Cachil, terminou a sua comissão em Sangonhá, em 1968 [, em 29 de julho de 1968, data do abandonado do aquartelamento e  tabanca]. Os guerrilheiros do PAIGC foram, massacrados pela nossa força aérea em 6 de Janeiro de 1969, quando atacavam Ganturé, a apartir da antiga pista de Sangonhá. Terão tido 36 mortos, e muitos feridos (1).

Guiné > Região de Tombali > Sangonhá > 1968 > Mulheres de Sangonhá, ao tempo da CCAÇ 1621.




Guiné > Região de Tombali > Sangonhá > CCAÇ 1621 (1966/68) > Coluna de Sangonhá para Cacine. Na última foto o ex-Fur Mil Ferreira Pinto.

Fotos: © Hugo Moura Ferreira (2006). Todos os direitos reservados.


Depois de estar em Cufar e Cachil, a CCAÇ 1621 foi terminar a comissão em Sangonhá, que ficava a sul de Gadamael-Porto (1). O aquartelamento (e a tabanca) foram abandonados pelas NT em emados de 1968.

Fotos que foram cedidas por antigos camaradas de armas ao Hugo Moura Ferreira (2), entre eles o ex-Fur Mil Correia Pinto, e que nos foram enviadas em Julho de 2006, na sequência do Convívio anual do pessoal da CCAÇ 1621, em 2 de Julho de 2006.

O Hugo esteve na Guiné de Novembro de 1966 a Novembro de 1968, como Alf Mil Inf, primeiro na CCAÇ 16121, em Cufar e Cachil (de Novembro de 1966 a Junho de 1967), e depois na CCAÇ 6, em Bedanda (de Julho de 1967 a Julho de 1968).

 O Hugo já não acompanhou a companhia, com destino a Sangonhá, por ter sido transferido para Bedanda (CCAÇ 6 - antiga 4ª Companhia de Caçadores) . A grande maioria do pessoal desta unidade era do Minho e Trás-os-Montes. O Hugo esteve pela primeira vez com eles, no convívio de 2 de Julho de 2006 .
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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 23 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2574: Estórias de Guileje (9): O massacre de Sangonhá, pela Força Aérea, em 6 de Janeiro de 1969 (José Rocha)

(...) "No dia 6 de Janeiro de 1969, cerca das 8 horas da manhã as forças do PAIGC, estacionadas na antiga pista do quartel abandonado de Sangonhá, iniciaram um ataque bastante cerrado com armas pesadas ao Destacamento de Ganturé, tendo caído algumas granadas no interior do mesmo.

"O pessoal do destacamento [de Ganturé] respondeu com morteiro 81 e 60, mas o ataque continuava. Então pediram apoio a Gadamael, que reagiu com mesmo tipo de armamento e, se a memória não me falha, também com o obus 8,8 [, ou peça de artilharia 11,4 ?]. Mesmo assim a festa não parava e então pediu-se o apoio aéreo, que surgiu, composto por dois Fiat.

(...) "Passado algum tempo regressaram 4 Fiat e mais tarde 2 T-6 e uma DO [- Dornier 27]. Entraram pelo lado de
Cacine e de imediato iniciaram o lançamento de bombas, cuja explosão era perfeitamente audível e sentida através de fortes tremores do solo. (Estávamos a uma distância de cerca de 6/8 Kms em linha recta).

(...) "Somente no dia 9 [de Janeiro de 1969, três dias depois], com apoio aéreo, é que fomos ao local. No percurso encontrámos carretéis de fio telefónico com uma extensão de cerca de 4/5 kms, abrigos individuais ao lado da estrada, e, na antiga pista [ de Sangonhá], armas destruídas e pedaços de corpos de negros e brancos e 13 sepulturas. Uns dias depois tivemos a informação de 36 mortos confirmados e muitos feridos.

" O aspecto do local era medonho! A terra, cuja cor natural é avermelhada, tinha a cor cinza! O intenso cheiro a putrefacção! Os abutres (jagudis) às dezenas! As árvores queimadas! Enfim..." (...).


(2) Vd. postes do Hugo Moura Ferreira:


22 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCV: CCAÇ 16121 (Cufar); CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68)

10 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXVI: O Seni Candé da minha CCAÇ 6 (Moura Ferreira)

6 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1155: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (1): Bedanda, CCAÇ 6, 1970: O Obus 14 contra o foguete Katiusha

8 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1159: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (2): Bedanda, ontem (CCAÇ 6, 1970) e hoje

Vd. também o Sítio do Moura Ferreira, na Net. E ainda:

8 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2334: Encontro de ex-combatentes, em Lisboa, no Pelicano Dourado (A.Marques Lopes)

31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXX: As Companhias de Caçadores Indígenas (Hugo Moura Ferreira, CCAÇ 6)

12 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLVII: Metade da CCAÇ 6 (Bedanda) foi fuzilada (Hugo Moura Ferreira)

2 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXVI: Boas vindas ao marinheiro Lema Santos (Hugo Moura Ferreira)

20 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXI: Ainda o caso do Seni Candé (Pelotão de Milícias nº 143) (Hugo Moura Ferreira)

20 de Março de 2006 > Guine 63/74 - DCXLIV: Projecto Guileje (10): obus 14, procura-se! (Hugo Moura Ferreira)

10 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXVII: Cufar, a Bissalanca do Sul (Moura Ferreira)

10 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXVI: O Seni Candé da minha CCAÇ 6 (Moura Ferreira)

sábado, 8 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2334: Encontro de ex-combatentes, em Lisboa, no restaurante "Pelicano Dourado" (A.Marques Lopes)


Foto 1> Restaurante Pelicano Dourado de Joaquim Djassi, ontem combatente do PAIGC e hoje imigrante integrado na sociedade portuguesa. 


1. Mensagem do camarada Marques Lopes (1) do dia 4 de Dezembro, dando-nos conta de um jantar, de ex-combatentes da Guiné, em Lisboa, no Restaurante Pelicano Dourado. No dia 1 de Dezembro passado estivemos no Pelicano Dourado, restaurante que o Joaquim Djassi tem na Zona J de Chelas, em Lisboa.

  Foto 2> Os presentes: Marques Lopes, o António Pimentel, o Xico Allen, o Braima Baldé, o Hugo Moura Ferreira e, claro, o Joaquim Djassi.

Foto 3> António Pimentel, Marques Lopes, Braima Baldé (de pé) e Joaquim Djassi


Foto 4> O Xico Allen, à direita em conversa com o António Pimentel, Marques Lopes e Joaquim Djassi. Uns já são conhecidos, mas há que dizer quem são os desconhecidos: o fula Braima Baldé, que foi ferido em combate em Buba, foi soldado na CCAÇ 763, que foi substituída pela CCAÇ 1621 onde esteve o Hugo Moura Ferreira; o beafada Joaquim Djassi foi um guerrilheiro do PAIGC, sob o comando do Gazela, e foi um dos que entrou em Guiledje depois de nós sairmos. Diz ele que encontraram manga de cervejas, whisky e latas de conservas. O Braima Baldé continua com ligações à Guiné-Bissau, para onde se desloca com frequência. O Joaquim Djassi não. É doente renal (tinha regressado de uma sessão de hemodiálise quando nós chegámos) e diz com mágoa que se estivesse no seu país já tinha morrido certamente... Falámos de mais coisas, naturalmente.

  Foto 5> Para quem não sabe (eu também não sabia) este peixe chama-se "bentana". A D. Leontina Pontes (natural de Catió), mulher do Joaquim Djassi, explicou-nos que é um peixe que é apanhado nas bolanhas da Guiné-Bissau e vem para cá de avião. O prato é acompanhado com banana verde e mandioca. Mas foi o aperitivo, pois o prato forte foi chabéu de frango. 

 Fotos © de Xico Allen, Braima Baldé, Marques Lopes e Hugo M. Ferreira (2007) 

 Abraços A. Marques Lopes 

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 Nota de CV: 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2330: A Marinha e a Força Aérea nas terras do Cantanhês (Mário Fitas, CCAÇ 763)

1. Mensagem do Camarada Mário Fitas, de 2 de Dezembro

Assunto - Os Marinheiros e os seus Navios

Caro Luís,

Corpo di bó, tá bom?

É verdade, há já alguns dias que tenho andado desenfiado. Mas só em termos de escrita, pois o trabalho de pesquisa e contactos continuam.

Como ainda sou "blufo" no Blogue, tenho andado a ver coisas para trasmente e tem sido de grande utilidade.

Vou ver se consigo falar com o Benito, para se fazer o levantamento das operações em conjunto das CCAÇ 763 e 1484.

Ao ler o Post Guiné 63/74 – DCCXC: Os marinheiros e os seus navios (1), vi a correspondência trocada entre o Moura Ferreira da CCAÇ 1621 – substitutos da CCAÇ 763 em Cufar - e o Lema Santos sobre um ataque ao Orion ao largo de Cadique, em 8 de Maio de 1966.



Orion com as marcas da Guerra assinaladas. Foto de M. Lema Santos.

Fui aos meus canhenhos, e lá está: “O 2º. Grupo de combate (o meu) montou segurança a um comboio naval no Cais de Impungueda e o Pel Art a pedido das F.N. flagelou Cafal”.



O 2º Gr Comb da CCAÇ 763 em Impungueda no dia em que o Lema Santos descreve o ataque ao Orion. O chefe dos Vagabundos (Mário Fitas, o 1º da esquerda) com o Manuel Ferreira (o homem que fazia tiro instintivo com a MG42, e que foi evacuado com hepatite, nunca mais soube deste meu maravilhoso companheiro). Do lado direito, o meu Cabo Piçarra, cacimbado de Beja, grande amigo. Foto de Mário Fitas.

A narração da verdadeira Guerra vai-se completando. Não há hipóteses de engano, o cruzamento está feito.

Assim sendo, aqui vai mais uma aventura dos Lassas de Cufar, na esperança, que o Lema Santos saiba alguma coisa sobre quais foram as LDM e a LFG que safaram o enrascanço. Porque da parte da F. Aérea, o Victor Barata já me deu uma boa pista, sobre os pilotos respectivamente do T6 que aterrou de emergência em Cufar, Alf. Pilav. Ribeiro e o parelha Ten. Cor. Pilav. Lopes Pereira.

Narra assim, a História da CCAÇ 763:

17 de Setembro de 1965 – A Companhia a 3 Gr Comb colaborou na operação Retorno, planeada para aniquilar o IN referenciado no novo acampamento localizado em Flaque Injã, tendo embarcado pelas 24h00 no cais de Impungueda em 2 LDM.

Pelas 1h25 a Companhia desembarcou na bolanha imediatamente a oeste de Caboxanque, rapidamente progredindo e ultrapassando esta tabanca e a de Flaque Injã internando-se na mata a leste desta. Era intuito da Companhia dirigir-se ao antigo acampamento, destruído no decorrer da operação Satã, que constituiria o 1º objectivo a alcançar.

Durante a progressão dentro da mata foram emboscados 5 elementos IN, dos quais 2 foram aprisionados, indicando a existência do novo acampamento. Este foi imediatamente detectado e quando a Companhia montava o dispositivo para atacar, o IN rompeu fogo com armas ligeiras fazendo uso de cartuchos com bala tracejante. Apesar da forte resistência oposta, as NT conquistaram o acampamento repelindo o IN que atacou imediatamente e a quem causaram 6 baixas e apreenderam diverso material.

Depois de batido o local a Companhia dirigiu-se em direcção a Caboxanque surpreendendo um numeroso grupo IN que atacou imediatamente causando-lhe mais 2 mortos e apreendendo uma ML, uma pistola e munições. Posteriormente, quando junto ao rio e aguardando reembarque, a Companhia foi atacada por um grupo entre 100 a 200 IN que tentaram a aproximação fazendo uso de armas ligeiras MP e LGF. As nossas tropas ripostaram. Considerado, porém, o elevado número de elementos IN foi pedido o apoio da FAP que flagelou duramente as posições do adversário.

Um dos T6 foi atingido com 17 impactos, pelo que teve de aterrar de emergência em Cufar. Após um demorado contacto, e com reforço de 2 LDM e da vedeta que entretanto chegaram ao local, o IN foi reduzido ao silêncio e repelido, permitindo desta forma o reembarque da Companhia.


Nota:

Segundo os nossos informadores, seria uma Companhia do Exército Popular (FARP), comandada pelo Comandante Nino. Seria? Aqui já não pode haver informações. Só do outro lado.

Continuando:

Ontem, dia 1 de Dezembro, estive num almoço tradicional rememorando Vila Fernando, a minha pequenina mas bela aldeia do Alentejo. Não me é possível deixar de escrever aqui um momento que me comoveu, mas que me encheu de orgulho, quando o capitão Rui Baixa, meu companheiro de brincadeiras de criança, me descreveu, como - ainda primeiro sargento - com o seu cabo escriturário, em Guidaje, limparam as campas dos Páras ali sepultados, e de tábuas dos caixotes do bacalhau fizeram cruzes para assinalar que os Portugueses nunca seriam esquecidos. Orgulho-me deste Homem Grande da Planície.

Como na Pami, o formigueiro vai abrindo novos caminhos.

Quem quiser que saiba beber desta inesgotável fonte que é a Tabanca Grande.
Do tamanho do Cumbijã, o abraço de sempre.

Mário Fitas

2. Nova mensagem do Mário Fitas, em 3 Dezembro:

Olá, Briote,

(...) É verdade, toda a operação por mim transcrita da História da CCAÇ 763, tem a ver com o T6 e o envolvimento do Dakota.

Não há nada escrito na História da Companhia, mas as descrições nos dias seguintes demonstram, de facto, a grande actividade da CCaç 763. Pois, a mata de Cufar Nalu, as tabancas a Sul e estrada e cruzamento para Catió eram patrulhadas, pelo que está escrito com dois grupos de combate sempre fora, e o Pelotão de Artilharia a flagelar Flaque Injã, Caboxanque, Cadique Iála e Cadique Nalu.

Mas eu vou tentar descrever o que a memória vai buscar. Recordo perfeitamente que o Dakota ia levar um motor para o T6 e o equipamento necessário para a sua colocação. Só que em Setembro ainda é época de chuvas na Guiné. A pista de Cufar era na altura a melhor pista de todo o Sul, mandada fazer pelo Sr. Camacho, dono da quinta de Cufar e terá sido inaugurada pelo Gen Craveiro Lopes em 1955. Em terra batida, tinha uma certa consistência.

O Dakota fez-se à pista de poente para nascente, ou seja sobre o ilhéu de Cantone para Cufar, mais propriamente do fim da pista para a porta do aquartelamento rolando naturalmente. A determinada altura a roda esquerda do trem de aterragem foi deixando um rasto e enterrando-se na pista, até que a aeronave adornou um pouco e afocinhando, enterrou as hélices no chão.

O Dakota enterrado na pista de Cufar (o Mário Fitas é o 1º da direita). Foto do Mário Fitas.

Isto tudo poderá ser confirmado com mais pormenores por algum camarada ou, inclusive, pessoal da FAP que, pertencente à BA12, se deslocou para Cufar, para reparar tudo.

Pelo exposto, as fotos do T6 e do Dakota estão de facto relacionadas com a operação Retorno, de 17 de Setembro de 1965. E acho que têm cabimento na descrição.

Estou à espera que o Carlos Filipe me forneça mais alguns dados sobre os cães, pois ele é que chefiava a secção de cães. Assim que tiver o material envio.

Um abraço do tamanho do Cumbijã,
Mário Fitas

PS - O assunto também inclui agora a malta da FAP. Era tudo boa gente, e para nós extraordinário sabermos que havia sempre alguém que dava uma ajuda quando havia enrascanço.
__________

Notas de vb:

(1) Vd.posts do Manuel Lema Santos:

25 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXC: Os marinheiros e os seus navios (Lema Santos)

13 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1842: 10 de Junho: Nós também estivemos lá (A. Marques Lopes / Lema Santos)

21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos

16 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1665: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte I) (Lema Santos)

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1586: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (2): Lema

7 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1571: A Operação Larga Agora, o Tancroal / Porto Batu e as cartas náuticas do Instituto Hidrográfico (Lema Santos)

11 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1420: O cruzeiro das nossas vidas (5): A viagem do TT Niassa que em Maio de 1969 levou a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Manuel Lema Santos)

21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2310: Encontro internacional em Lisboa, em 2010: Nós e os que combateram com e contra nós (Nuno Rubim / Luís Graça)

Guiné > Região de Tombali > Cufar > Ilhéu de Infanda > CCAÇ 1621 (1966/68)> Progressão das NT > Foto cedida, ao Moura Ferreira, por pessoal da CCAÇ 1621, por ocasião do último convívio da unidade (Junho de 2006)...

E a propósito que é feito deste nosso camarada e amigo, o Hugo Moura Ferreira, funcionário (refiormado) do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ex-Alf Mil (que esteve na Guiné, entre 1966 e 1968, em Cufar, na CCAÇ 1621, e depois e em Bedanda, na CCAÇ 6), e que eu não eu vejo desde as provas públicas de doutoramento do nosso Leopoldo Amado, na Universidade Clássica de Lisboa ? (1)

Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006). Direitos reservados.


1. Mensagem do Nuno Rubim, coronel de artilharia na reforma, duas comissões na Guiné, membro da nossa Tabanca Grande, coração maior, especialista em dioramas, reputado historiógrafo, etc.:

Caro amigo Luís

Nesta tua citação no blogue em 27 /11/ 2007 - e passo a transcrever :

"3. Comentário de L.G.:

'Guiledje na Rota da Independência da Guiné-Bissau'... É com regozijo que o nosso blogue se associa a esta bela iniciativa e sauda fraternalmente a sua comissão organizadora... Este simpósio internacional, que também podia ser realizado em Portugal, não celebra a derrota de ninguém, mas
sim a vitória de dois povos que continuam ligados por laços históricos, afectivos, culturais e linguísticos... Como de um lado e de outro temos dito, esta iniciativa faz parte de um projecto mais vasto de desenvolvimento integrado e sustendo - o 'projecto Guiledje' -, e no essencial representa o
triunfo da vida sobre a morte, a vitória da paz sobre a guerra, a primazia da memória (viva) sobre o esquecimento e o branqueamento da história, a afirmação da esperança no futuro, o reforço da amizade e da solidariedade entre os nossos povos"(...)

sintestizaste de uma forma extraordinariamente feliz e objectiva os sentimentos que nos animam a todos neste projecto. Bem hajas por o teres feito !

E realmente, porque não ser realizada, um dia, uma réplica aqui em
Portugal ?

Um grande abraço
Nuno Rubim

2. Comentário de L.G.:

Fica aqui a minha tímida sugestão e o enérgico desafio do artilheiro Nuno para, em 2010, realizarmos, aqui, na nossa terra, um encontro internacional sobre a Guerra da Guiné... Sob os auspícios do nosso blogue...se ele ainda existir, e nós estivermos no pleno uso das nossas faculdades, físicas e mentais...

Pode ser que tenhamos a coragem de nos metermos numa aventura dessas, convidando, para partilhar connosco estórias e emoções , os velhos combatentes que lutaram com e contra nós, da Guiné-Bissau, de Cabo Verde e de Cuba... Mais, o paisano do Pepito, é claro, que nunca foi combatentes de armas na mão, mas é um homem que ama a sua terra e quer pôr a memória (ainda viva...) da guerra colonial/luta de libertação ao serviço da construção do futuro.
___________

Nota de L.G.:

(1) Vd.post de 29 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1794: Blogoterapia (21): Falar da guerra, com pudor... e com alegria do novo Doutor, Leopoldo Amado (Luís Graça)

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Guiné 63/74 - P1155: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (1): Bedanda, CCAÇ 6, 1970: O Obus 14 contra o foguete Katiusha

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Guiné > Bedanda > CCAÇ 6 > 1970 > Resposta do Obus 14 a ataque de foguetes Katiusha, de 122 mm.

Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006). Direitos reservados. Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.


1. Damos início à publicação do Álbum Fotográfico do Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil de Infantaria, que esteve na Guiné, entre Novembro de 1966 e Novembro de 1968, primeiro na CCAÇ 1621 (Cufar) e depois na CCAÇ 6 (Bedanda)(1) (vd. carta de Bedanda).

Ele mandou-nos um primeiro lote de fotografias, seleccionadas, através de e-mail de 26 de Julho de 2006. Meteram-se pelo meio as férias de verão e só agora houve disponibilidade para começar a inserir no nosso blogue esse material, de grande interesse documental. As nossas desculpas ao Hugo (que de certo nos compreenderá) bem como ao resto da tertúlia. (LG)

Caro Luís:

Tenho andado um pouco arredado por força dos afastamentos geográficos que tenho feito daqui de Lisboa. Hoje à noite vou sair outra vez por mais uns dias. Não queria, no entanto deixar de te informar que tenho lido tudo o que tens feito passar, quer por mail quer por inserção no blogue.

Quase tudo o que ali é relatado é posterior à minha estadia por aquele chão. Não deixo, contudo, de viver tudo o que por lá se conta. Por mim gostaria de ser mais participativo mas as minhas memórias serão possivelmente mais curtas e depois de ler estórias tão bem contadas, com tanto conteúdo e pormenor, fico um pouco retraído e com dúvidas acerca das minhas contribuições.

E assim, penso que posso contribuir, não com estórias, mas com outras coisas, por exemplo, fotos e outras curiosidades(...).

Hoje queria aproveitar para a enviar-te meia dúzia de fotos que tu utilizarás como entenderes. Se precisares de alguma explicação complementar sobre elas, apenas farás o favor de me dizer para eu as comentar. Estão divididas em cinco pequenos conjuntos:

1 - Confraternização da CCAÇ 1621, em 2 de Julho de 2006;

2 - Bedanda (CCAÇ 6)

3 - Cufar, Cachil, Sangonhá (CCAÇ 1621)

4 - Coluna de Sangonhá para Cacine em 1968 (CCAÇ 1621)

5 - O Furriel Correia Pinto (CCaç1621, 1º Gr Comb, 3ª Secção).


2. Para abrir o álbum do Hugo, começamos por um espectacular imagem de Bedanda, à noite, com a resposta a rapaziada da CCAÇ 6 a um ataque de mísseis (?), em 1970... Julgo que deverá tratar-se de foguetes Katiusha, de origem soviética. Na foto, vê-se o clarão do nosso obus 14, no momento do disparo. A foto foi recolhida pelo Hugo, entre o pessoal da CCAÇ 6: em 1970, ele já não estava lá... (LG)

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Notas de L.G.

(1) Vd. post de 22 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXCV: CCAÇ 16121 (Cufar); CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68)

(2) Vd. também o Sítio do Moura Ferreira, na Net.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P747: Metade da CCAÇ 6 (Bedanda, 1967/74) foi fuzilada (Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil, CCAÇ 1621, Cufar, e CCAÇ 6, Bedanda, 1966/68)


Caros amigos:

Tudo o que ambos [António Duarte e Luís Graça] afirmam é a verdade, pura e crua!


Eu também tenho conhecimento através de quem por lá esteve, como cooperante militar, já depois do 25 Abril, com instruções para que usasse da postura dos três macacos (não ver, não ouvir e não falar), que o mesmo aconteceu a metade dos nossos homens guineenses, não só graduados, da CCAÇ 6, de Bedanda. Alguns deles eram meus Amigos. Poderia aqui mencionar uma data deles, mas talvez um dia se faça justiça e os seus nomes venham a integrar a triste lista que se encontra gravada no Monumento do Forte do Bom Sucesso.

E, se querem confirmação, é só ouvirem os relatos do Seni Candé, que pertencia ao pelotão de Milícias destacado naquela Companhia, inseridos nos posts do Jorge Neto no seu Africanidades e nomeadamente em 8.2.06 e 25.1.06, sob os títulos Seni Candé - Iludido pelo Destino  e O Canto dos Daris do Sul, respectivamente, em parte reproduzidos no nosso blogue (1).

Este, e se calhar outros, não foi ele visitar e ouvir, pois que ele vive tão longe, no Cantanhez, a seis horas de caminho de Bissau. Desculpem esta ironia, mas não me resta outro sentimento depois de ter andado ansioso por ver o que a RTP tinha para nos mostrar e depois... depois... depois... Sim, depois NADA ou quase nada.

É a tal coisa, ninguém tem a coragem. Será que só no tempo da guerra é que ela existia? É o mesmo que se está a passar com a célebre Lei 9. Não há coragem!!!

Desculpem o estado de espírito.

Um abraço para todos.
Hugo Moura Ferreira
Ex-Alf Mil Inf (1966/1968)
CCAÇ 1621 e CCAÇ 6
_______

Nota de L.G.

(1)Vd post de 8 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DVI: As (des)venturas de Seni Candé (Jorge Neto)

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P711: Ainda o caso do Seni Candé (Pelotão de Milícias nº 143) (Hugo Moura Ferreira)

Texto do Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1621 e CCAÇ 6 (1966/68)


Caros amigos:

Depois de algumas tentativas, baseando-me apenas na data de nascimento do Seni Candé, não esperando pela informação do nome dos pais, voltei ao Arquivo Geral do Exército onde localizei o seu processo individual (1).

Conclui, conjuntamente com a pessoa que me facultou as indicações, que ambos os números indicados nas nossas mensagens estavam correctos.

Também concluímos que ele nunca foi das companhias territoriais (CCAÇ 6), mas sim do Pelotão de Milícia nº 143, comandado pelo Alferes de 2ª linha, Tala Biú Djaló, meu grande amigo, morto em combate em Conakry, durante a Op Mar Verde, como furriel da 1ª Companhia de Comandos Africanos.

Conversando, oficiosamente, naquele serviço do Exército, foi-me dito, no que se refere à Pensão perdida pelo Seni, que havia a possibilidade de ele poder requerer a sua reactivação.

Mas aqui começam as dificuldades maiores. Para tal, teria que estar em Portugal, para poder solicitar pessoalmente a comparência a uma nova Junta Médica e, ao mesmo tempo, caso se ausentasse, teria que ter uma morada no território nacional para poder ser contactado, consoante a evolução do processo.

Neste último ponto, naturalmente que eu não poria qualquer entrave em que a minha morada pessoal fosse utilizada para tal fim, mas antes haveria que se proceder em conformidade e a presença dele seria imprescindível.

Claro que este é o caso vertente do Seni Candé, mas como ele deve haver muitos mais que gostariam que os seus processos fossem reabertos... E que nós bem gostaríamos de ajudar também.

Naturalmente, penso que uma tarefa destas se me afigura de possibilidades muito remotas, no entanto, quem sabe se poderemos vir a ajudar algum deles, ou mesmo o Seni Candé.

Essa possibilidade ficará, se me permitem o alvitre, sem querer chutar a bola no inicio do jogo à consideração e disponibilidade do Jorge Neto que, numa primeira análise, teria que conversar com o interessado a propósito da questão.

Uma abraço a todos.
Moura Ferreira
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Nota de L.G.,

(1) Vd. posts anteriores:

5 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCVII: A pensão do Seni Candé

10 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXVI: O Seni Candé da minha CCAÇ 6 (Moura Ferreira)

9 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DX: O abandono do Seni Candé (Zé Neto)

8 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DVI: As (des)venturas de Seni Candé (Jorge Neto)

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P689: Boa viagem para o Almeida e o Saagum (CART 2339) (Hugo Moura Ferreira)

Guiné > Zona Leste > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O regresso à metrópole, em Dezembro de 1969, com escolta (de honra) da CCAç 12 (2º Grupo de Combate, o do Humberto Reis).

Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

© Humberto Reis (2006)


1. Mensagem do Hugo Moura Ferreira:

Caro Dr. Santos Almeida (1)

Não cheguei a conhecê-lo quando da passagem dos nossos aventureiros pelo Porto Alto, onde me desloquei para lhes desejar boa viagem até à Guiné (2).

Sei que tinha estado com o Francisco Allen dias antes, no Norte, pelo que naquele dia tão chuvoso não pode aparecer.

Gostaria da mesma forma de me deslocar ao aeroporto na próxima 6ª feira para transmitir os mesmos votos, a si e ao outros camaradas tertulianos que vão seguir no mesmo vôo (3).

Com muita tristeza minha não me vai ser possível pois que nesse dia estarei em Arganil.

Não deixo, no entanto passar esta oportunidade, para lhe desejar, e aos outros camaradas, as melhores venturas e aventuras, na deslocação que vão iniciar no dia 14.

Mais agradeço que transmita aos viajantes de superfície (Francisco Allen, A. Marques Lopes, Inês, Hugo, Manuel Costa e o Armindo Pereira) os mesmos votos e um abraço de amizade.

Para si, naturalmente, outro abraço.
Hugo Moura Ferreira
Ex-Alf.Mil.Inf.(1966/1968)
CCaç. 1621 e CCaç 6


2. Comentário de L.G.:

Quero, naturalmente, desejar boa viagem ao nosso tertuliano António Santos Almeida e ao seu infortunado camarada Saagum, ambos da CART 2339, e desejar-lhes uma óptimo (re)encontro com o passado e o com presente da Guiné, para eles e os restantes companheiros (do Porto).

A estória (singular) do Almeida já aqui ficou registada no blogue, em post de 9 de Junho de 2005... Por outro lado, o Saagum ficou gravemente ferido (tendo perdido uma vista) na famigerada emboscada ao pessoal da fonte de Mansambo (19 de Setembro de 1968). Recorde-se que houve um outro camarada que foi apanhado pelo PAIGC nessa ocasião e de quem nunca se fala (segundo informação do Almeida).

Aliás, o Almeida acabou, agora mesmo, de me ligar da sua casa em Samora Correia, perto do Porto Alto, Vila Franca de Xira. Anda atarefadíssimo, como se imagina, com os preparativos da viagem ( na próxima sexta-feira, 14 de Abril) e tem recebidos muitos e-mails dos nossos tertulianos e de outros camaradas. Através de mim, ele quis-se despedir da nossa tertúlia. Vai estar 15 dias na Guiné, com o Saagum e mais dois camaradas do Porto. Lá encontrar-se-ão com o outro nosso grupo (Allen & companhia).

Quanto ao Hugo, só posso louvar a sua simpática iniciativa. Mas, se ele me permite um pequeno reparo (protocolar), aqui na tertúlia a regra (tacitamente assumida) é a do tratamento por tu... Entre camaradas de caserna, deixa-se lá fora os títulos (académicos ou outros) que nos podem separar ou inibir... Mas, claro, todas as regras têm excepções... E nem isso é o mais importante. O mais importante é comunicar (do latim, communicare, pôr em comum)...

A propósito, tomem nota do novo endereço de e-mail do António Santos Almeida.
___________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 9 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LIII: Notícias da CART 2339 ('Os Viriatos', Fá e Mansambo, 1968/69)

(...) "O Almeida [, hoje jurista, reformado dos seguros,] era, na altura, soldado de artilharia. Tinha habilitações literárias superiores à 4ª classe mas chumbou no curso de milicianos (sargentos ou oficiais, não sei ao certo).

"Recorda-se de também haver em Bambadinca um médico que estava na mesma situação, como soldado raso, e com quem ele convivia, quando lá ia à sede de batalhão (BCAÇ 2852).

"Lembra-se de ir beber, de vez em quando, um copo, acompanhado da boa mancarra, na esplanada do bar de um dos dois comerciantes brancos que havia em Bambadinca, com vista para o rio. Esse mesmo que era suspeito, no nosso tempo, de estar feito com os turras. Eu e malta da CCAÇ 12 íamos lá sempre que o homem arranjava uns camarões tigres, do Rio Geba, pescados em zona de risco... Fazia-nos pagá-los a preço de ouro (50 pesos o quilo, se a memória me não falha; o equivalente ao que te pedia uma bajuda de mama firme para partir catota contigo)" (...).

(2) Vd post de 6 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXVII: Do Porto a Bissau (3): o pequeno almoço no Porto Alto (Moura Ferreira)

(3) Vd. post de 20 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXIII: O Rali Porto-Bissau (1): Jantar em Moreira de Cónegos

(...) "Esta iniciativa, do Allen, teve como objectivo juntar os elementos que vão participar no, já anunciado, Rali Porto-Bissau, a fim de afinar alguns aspectos da sua preparação. E os participantes serão: Allen, M. Lopes, Hugo Costa (filho do Albano), Manuel Costa (primo do mesmo Albano) e Armindo.

A data da partida ficou marcada para 5 de Abril às 07H00. A ideia é chegarmos um dia antes dos participantes no Rali por via aérea, que irão a 14 de Abril (ou para podermos estar nessa data em Bissau, no caso de haver algum atraso pelo caminho), e que são:

(i) Carlos Marques dos Santos, de Coimbra,
(ii) Casimiro e Ernesto, do Porto,
(iii) António Almeida e um camarada DFA, o José Clímaco Saagum, soldado do 1.º Pelotão da Cart 2339 ferido, em 19 de Setembro de 1968 (segundo informação do Carlos Marques dos Santos)" (...).

O Carlos Marques dos Santos desistiu, por razões de saúde, pelo que o grupo que se vai juntar aos que viajaram por terra (Allen, Marques Lopes, etc.) ficou reduzido a quatro (o Almeida não conhece os dois camaradas do Porto).

domingo, 2 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P651: Eu bato a pala (Hugo Moura Ferreira)

Mensagem do camarada Hugo Moura Ferreira

Caros Amigos:

Como verificarão, eu sou um dos que escreve pouco, mas que vive intensamente aquilo que se diz por aqui. Sou até um viciado, já que o nosso Blogue funciona como home page, no meu IE.

No entanto há sempre algo que gostaria de transmitir e agora é o caso. Estou muito sensibilizado e a criar grande admiração pela forma poética, em prosa, que o João Tunes utiliza com tanta facilidade para nos contar das suas experiências, recordações e maneiras de ver as coisas.

Admito mesmo que por vezes não estou de acordo com ele, mas que o admiro... admiro!

Hoje, por exemplo, quero aqui afirmar que estou inteiramente de acordo com tudo aquilo que foi escrito nos posts publicados [, com data de 1 dse Abril de 2006]: A Internet e o menino do quartel de Teixeira Pinto e Momentos altos do nosso ciberconvívio, bem como acerca das condecorações que deveriam ser atribuídas ao Luís e outros considerandos a propósito. E quanto ao que o João conta do Menino, e todas as reflexões à volta desse relato me deixam muito sensibilizado.

Já tinha lido muitas peças escritas pelo João Tunes, mas nenhuma delas me tocou tão profundamente.

Continuem, por favor. Por mim, já que escrevo pouco, tentarei ajudar o Blogue de outras formas, nomeadamente publicitando-o.

Um grande abraço e votos de Santa Páscoa.

Hugo Moura Ferreira
Ex-Alf Mil Inf (1966/1968)
CCAÇ 1621 e CCAÇ 6

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Guiné 63/74 - P376: Tabanca Grande: Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1621 (Cufar); CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68)

1. Começo por me apresentar informando-o que também estive na Guiné (Cufar - CCAÇ 1621 e Bedanda - CCAÇ 6) como Alf Mil de Infantaria, entre Novembro de 1966 e Novembro de 1968.

Naturalmente que, como todos aqueles que por ali passaram (pelo menos grande parte deles), fiquei "apanhado" e tenho uma certa "paranóia" por aquelas terras e aquelas gentes. Digo mesmo que, se é que existe vida para além da morte, certamente em outra encarnação terei sido africano e guineense, pois que, tendo vivido também alguns anos em Angola, as saudades daquele pequeno país são muito maiores.

Ainda não tive a oportunidade de voltar lá, mas acalento a esperança de nos anos mais próximos vir a concretizar essa ambição. Até porque alguns antigos soldados africanos do meu Grupo, em Bedanda, têm insistido para que os visite.

Depois desta pequena apresentação, passo então aos pontos que lhe queria transmitir.

Como estou aposentado do MNE [Ministério dos Negócios Estrangeiros], tenho agora mais algum tempo para me dedicar ao que gosto.

Assim, como "navego" muito na Net, procurando também assuntos relacionados com a Guiné, descobri o seu Blog, que está fenomenal e pelo qual gostaria de o felicitar, de que é pena esteja muito dirigido a zonas em que eu não estive e datas diferentes das minhas. Mas, à parte tudo isso, o que ali encontro, incluindo os links, me dá uma satisfação indescritível e me provoca uma tal nostalgia que se transforma em prazer masoquista.

Como verifiquei que apresenta algumas cartas topográficas da Guiné de uma colecção, de que o Engº Humberto Reis que verifiquei ter completa, de que eu apenas tenho 67 cartas, e que me acompanharam sempre, desde que embarquei para a Guiné, em 1966, pensei que talvez fosse interessante entre todos conseguirmos digitalizá-las e introduzir a totalidade da colecção no site. Não me importarei de despender o tempo necessário para tal, visto que, como disse atrás, estou aposentado.

Quanto a fotos, lamento desiludir, se por acaso pensou que eu poderia contribuir, mas nesta fase é-me de todo impossível, visto que as muitas que eu tirei quando por lá andei, acabaram por ficar em Angola, Henrique de Carvalho (hoje Saurimo), destruídas por terem sido apanhadas em fogo cruzado entre os militares da FNLA e do MPLA quando ambos os movimentos, em Setembro de 1974, procuravam ao controle de toda a área da Diamang, na Lunda. Foi um grande erro, de que procuro não me culpar, tê-las levado comigo, mas... "como o que não tem remédio..."

Tenho esperança de que durante o próximo ano de 2006 possa vir a conseguir algumas dos meus camaradas da CCAÇ 1621 que, ao fim de todos estes anos consegui, depois de muitas tentativas, vir a saber que sistematicamente se encontram em almoços de confraternização, que eu desconhecia (98% do pessoal era do Minho e Trás-os-Montes), e também durante o 10 de Junho, durante as cerimónias junto ao Monumento aos nossos mortos, em Pedrouços. Eu mesmo vou lá todos os anos, mas até hoje ainda não tinha encontrado nenhum dos estiveram comigo. Claro... mudam as feições... e os cabelos de cor.

Mas como estou a tentar contactar todos o que me seja possível, mesmo os da CCAÇ 6 que, sendo uma companhia de africanos (guarnição normal), apenas tinha alguns naturais da Metrópole, andando a fazer pesquisas, tanto no Arquivo Histórico Militar, como nas Unidades, pode ser que venha a conseguir algo que possa servir como achega para o Blogue-Fora-Nada ou para algum dos "sites" relacionados. Você decidirá.

Bem e para terminar esta já longa mensagem, vou apenas juntar duas fotos minhas, uma de 1968, tirada em Bissau, e outra mais recente como complemento à minha introdução/apresentação, inicial visto que também tive o prazer de o conhecer, através do seu site pessoal.

Com os melhores cumprimentos, ficarei a aguardar qualquer resposta que entenda, no seguimento do que acima lhe expus.

2. Caro (se me permite?!) Dr. Luis Graça.

Afinal, contrariando o que na mensagem anterior disse, parece que não tinha razão quanto a não haver nada acerca dos locais por onde passei. E tenho que dar a mão à palmatória.

São 2h30 [do dia 21 de Dezembro] e, como sempre, no silêncio da noite, por vezes acendem-se as luzinhas... metaforicamente falando. E não é que fui encontrar, através do Google, uma referência que me levou ao seu blogue com o endereço do Gabu onde vim a encontrar o meu amigo, que não vejo há muito tempo, mas que sei ter deixado a vida militar, por ter sido atingido pela deflagração de uma mina e ter ficado com deficiência auditiva, já como Capitão e a comandar a CCAÇ 6, em Bedanda, por alturas de 1973?

Pois mas a "graça" disto está no facto de em 1968 (talvez fins de 1967) quando eu estava em Bedanda, nos apareceu por lá, a fim de receber treino operacional e fazer o tirocínio da Academia Militar, o Gastão Silva, ainda como Alferes. E, nós milicianos, a receber ordens dele... Já viram isto... Dum periquito... E esta, hem?!

A curiosidade é que ele depois de 5 anos vai "cair" na mesma companhia, de guarnição normal, a comandá-la como Capitão. Não posso afirmar, mas certamente foi lá encontrar alguns dos que fizeram a guerra com ele ainda como Alferes, porque eu, em 1968, fui encontrar alguns que ali se encontravam desde 1963, e com quem, reconheço aprendi muita coisa, embora tivesse sido lá colocado já com 8 meses de experiência de mato. Estou a lembrar-me do Elmano Francisco Sanó (Fodé), que depois de ter sido premiado com várias Cruzes de Guerra, Prémios Governador, e promoções por distinção a Cabo e a Furriel, entre outros, acabou por vir a falecer vitima de doença.

Bem, mas neste momento já me encontro a divagar. Talvez por ser tarde na noite. Disciplinando-me... Vou retirar-me!

Cumprimentos e até outra oportunidade.
Hugo Moura Ferreira