Mostrar mensagens com a etiqueta Festival Todos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Festival Todos. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20162: Agenda cultural (702): Festival TODOS 2019: "A rapariga mandjako": hoje às 21h00, amanhã às 20h00, na Escola Básica de Santa Clara, Campo de Santa Clara, 200, São Vicente, Lisboa

Sugestão do editor LG (*)

Festival TODOS 2019 > Teatro > Escola Básica de Santa Clara > Campo de Santa Clara, 200 / 200E

Datas > 20 set 21h; 21 set 20h >  Entrada livre




A RAPARIGA MANDJAKO.
espetáculo de Rui Catalão e Joãozinho da Costa

Sinopse:

 A rapariga mandjako 
De Rui Catalão, com Joãozinho da Costa
Dramaturgia e encenação: Joãozinho da Costa e Rui Catalão
Luzes: João Chicó
Produção: [PI] Produções Independentes
Coprodução: Câmara Municipal da Moita / Centro de Experimentação Artística; Fiar – Festival Internacional de Artes de Rua

[PI] Produções Independentes é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.

“Cuida da tua irmã.” Joãozinho da Costa cresceu em plena guerra civil e tinha 11 anos quando deixou Bissau, na sequência do golpe de Estado que derrubou o governo de Kumba Yalá. Veio com os irmãos para Portugal, onde se juntou ao pai, e nunca mais voltou. 16 anos depois, convidei-o para regressar a esses anos de transição entre dois mundos, entre duas idades e logo na primeira semana de trabalho ele anunciou-me que ia regressar à Guiné para visitar a mãe. É a primeira vez que irá revê-la, desde que veio para Portugal. O mais espantoso foi ter-me dito que durante estes anos todos nunca lhe ocorreu regressar.

A frase de despedida da mãe – “cuida da tua irmã” – ainda hoje ressoa na sua memória. Porque é que ela lhe disse semelhante coisa, quando o Joãozinho era ainda uma criança, pouco maior do que a irmã, e tinha até irmãos mais velhos? O que viu a mãe nele para lhe legar essa responsabilidade?

“A rapariga mandjako” relata o despertar de Joãozinho para a consciência de si mesmo e das suas acções, a partir do momento em que o pai lhe faz uma proposta de noivado com uma rapariga da sua etnia. A sua recusa leva-o a aproximar-se de outra rapariga que conhece no Vale da Amoreira, e que lhe é apresentada como “Jennifer Lopez”.

Essa rapariga vai encaminhá-lo por um labirinto de identidades e estados emocionais, em que ele se esquiva das tradições e superstições da cultura mandjako e procura integrar-se nos padrões de comportamento da vida moderna. Até finalmente descobrir, no verso de um Bilhete de Identidade, que a rapariga mandjako de que ele julgava fugir é a mesma rapariga moderna que ele julgou encontrar.

“A rapariga mandjako” é o terceiro solo que faço com intérpretes do Vale da Amoreira, depois de “Medo a caminho” com Luís Mucauro e “Adriano já não mora a aqui”, com Adriano Diouf. Recolha de memórias pessoais desde a infância, as três peças centram-se no crescimento dos protagonistas, e de como fizeram a transição da juventude para a idade adulta.


Joãozinho da Costa trabalha comigo desde que nos conhecemos em 2016, num workshop organizado no CEA - centro de experimentação artística da Moita. Desde então vem participando em todas as minhas peças colectivas: “E agora nós”, “Jornalismo amadorismo hipnotismo” e “Último Slow”, assim como prestações pontuais em “Judite” e “Assembleia”. [Rui Catalão]

Fonte:  Produções Independentes  > A rapariga mandjako (com a devida vénia...)
_____________

Guiné 61/74 - P20159: Agenda cultural (701): Festival TODOS 2019: Lisboa, São Vicente, 19-22 setembro: "Avizinhar o mundo". Uma mão cheia de eventos este fim de semana: arte urbana/instalação, cinema, culinária do mundo, dança, encontros / experiências / conversas / performances, fotografia, música, novo circo, teatro, visitas guiadas...

Capa do programa > Cortesia do sítio da
Câmara Municipal de Lisboa
1. Somos fãs de (e apoiamos) este festival  (vd. referências no nosso blogue), numa cidade (e num país) em cuja matriz histórica e cultural estão a descoberta, a aproximação  e o acolhimento do(s) outro(s).  

Aqui ficam sugestões para este fim de semana para quem tiver pernas para andar, olhos para ver, ouvidos para ouvir, boca para falar, tacto para tocar, olfacto para cheirar, gosto para saborear, imaginação para descobrir, coração para acolher e amar, razão para compreender, enfim, corpo e alma para "avizinhar o mundo"... Porque "avizinhar o mundo é preciso"... Oxalá, inshallah, enxalé... a gente ainda vá tempo!...

Eu lá estarei, eu e a Alice, entre os "vizinhos" e "fregueses" de São Vicente mesmo que 3ª feira eu vá à faca: tenho uma artroscopia programada. No joelho esquerdo... Sequelas da vida, das andanças, da idade, quiçá da guerra... Boa saúde, bom fim de semana.  LG

________________



O TODOS - Caminhada de Culturas celebra, desde 2009, Lisboa como cidade intercultural através das artes performativas contemporâneas. Este ano, é a 11ª edição do festival.

Promovido entre a Academia de Produtores Culturais e a Câmara Municipal de Lisboa, o TODOS tem contribuído para a destruição de guetos territoriais associados à imigração, convidando os públicos ao convívio entre culturas de todo o mundo, na capital portuguesa.


Datas: de 19 (quinta-feira)  a 22 (domingo) de setembro de 2019
Locais: Lisboa: Graça, São Vicente e Santa Engrácia: 
Rua Voz do Operário / Campo de Santa Clara, 
Largo da Graça / Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen
Rua da Graça / Jardim  Cerca da Graça

TODOS 2019 | avizinhar o mundo

PROGRAMA COMPLETO EM PDF 
PARA DOWNLOAD AQUI

TODOS 2019 > Editorial (reproduzido com a devida vénia...)

Conhecemos a D. Conceição, moradora na Graça, num almoço em Lisboa com a comunidade filipina. Perguntámos-lhe o que ali fazia e respondeu-nos: “Há anos atrás o meu marido ficou muito doente e quem me ajudou a cuidar dele foram duas vizinhas nossas, filipinas. A minha gratidão para com estas vizinhas tornou-me próxima delas e sempre que posso venho almoçar e celebrar a vida com esta comunidade”. A compaixão e o amor, a atenção e o cuidado para com o outro, aproximaram estas mulheres de origens, culturas e línguas tão diversas. Um exemplo perfeito da urgência em avizinhar o Mundo.

Recuperada e soprada aos quatro ventos nesta 11.ª edição do TODOS, a palavra avizinhar, antiga e algo esquecida, é rica em significados: tornar vizinho, aproximar, estar perto. É isso que desejamos a cada ano e com cada vez maior intensidade – avizinhar-nos do Mundo a partir da janela da nossa casa, a partir da nossa rua, que não queremos jamais despojada de vizinhos. Pois será no abraço ao outro, bem como naquele que dele recebemos, os dois desejavelmente acolhedores e cúmplices, de gente que se conhece no território do quotidiano, que depositamos a esperança na nossa própria humanidade.

A programação deste ano celebra uma das ideias e palavras-chave do TODOS: o outro. Mas não um outro abstrato, não: o outro que está mesmo aqui, tão próximo e tão semelhante. Qualquer que seja a sua cultura de origem e/ou antiguidade no território que partilhamos, o vizinho é o semelhante mais próximo, aquele com quem o diálogo é uma feliz inevitabilidade. O TODOS de 2019 é, assim, e por excelência, um lugar de encontro entre os moradores e os trabalhadores de São Vicente e as populações estrangeiras que ali possam chegar, de modo a reforçar, ou a criar, se possível, sempre que possível, laços de vizinhança.

A partir de inquietações transversais a todas as culturas, propomos momentos artísticos e de convívio propícios ao avizinhamento entre pessoas muito diferentes entre si mas comuns caminhantes nesta nossa cidade. A partir das palavras dos poetas e do “eu poético” que habita em cada um de nós, ponderamos a Liberdade, o Racismo, a Fraternidade, a Paz, a Viagem. Num mundo repleto de imagens há que escutar as palavras, ainda assim. Escutámo-las. As palavras de desabafo, as palavras das canções (incluindo as de embalar), as palavras dos diários, as palavras das entrevistas que fizemos a centenas de pessoas de várias origens e idades.

De entre as muitas e variadas histórias que nos contaram, umas mais sussurradas que outras, a água, a seca, a fome e as doenças, mas também os direitos das mulheres, o direito ao trabalho, a liberdade, as guerras e as perseguições étnicas, emergem como preocupações principais de gentes dos quatro cantos do Mundo. Por essas questões se mata, se casa, se foge, se ama e se odeia; se imigra, se emigra, se viaja e se pede asilo político, se caminha em busca de um qualquer eldorado, esteja ele onde estiver.

Somos, cada vez mais, uma Humanidade de viajantes, de caminhantes movidos por anseios de aventura, de felicidade, de prosperidade, de futuro, por vezes perseguindo coisas aparentemente simples como a paz, um teto, trabalho, dignidade. Caminhamos pelo Mundo com garrafas de plástico eterno que nos vão sobreviver, na esperança da própria esperança, sonhando com uma vida nova, noutro lugar, onde estão ou por onde passam pessoas iguais a nós, ou parecidas, ou então muito diferentes, de quem é preciso avizinharmo-nos. O TODOS dá uma mãozinha, a partir de São Vicente.

Vd. também página do Facebook do Todos
__________

Nota do editor:

Último poste da série > 9 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20136: Agenda cultural (700): Convite para a sessão de autógrafos do livro "A Minha Guerra a Petróleo", da autoria de António José Pereira da Costa, dia 13 de Setembro de 2019, pelas 14h00, na Feira do Livro do Porto patente nos Jardins do Palácio de Cristal (António José Pereira da Costa)

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19032: Agenda cultural (649): Festival TODOS 2018: Lisboa, São Vicente, de 20 a 23 de setembro


Lisboa > São Vicente > Campo de Santa Clara > Oficinas Gerais de Fardamento do Exército (OGFE) > 20 de setembro de 2018, 19h00 > Início da 10ª edição do Festival Todos > Atuação do grupo de batucadeiras de Cabo-Verde "Ramedi Terra" (, que pertence à Associação de Mulheres Cabo-Verdianas na Diáspora em Portugal). Seguiu-se a abertura da exposição sobre as pessoas e a realidade do bairro de São Vicente, e o lançamento do livro TODOS (sinopse fotográfica das anteriores edições, de 2009 a 2017,), livro de distribuição gratuita. Houve depois um "cocktail de sabores do mundo", da Guiné-Bissau ao Bangladesh... Tudo no edifício da OGFE.

Foto: © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Festival TODOS 2018: 

"Criado em 2009, o TODOS-Caminhada de Culturas tem afirmado Lisboa como uma cidade empenhada no diálogo entre culturas, entre religiões e entre pessoas de diversas origens e gerações. O TODOS tem contribuído para a destruição de guetos territoriais associados à imigração, abrindo toda a cidade a todas as pessoas interessadas em nela viver e trabalhar."




Recortes com a devida vénia do sítio oficial do TODOS 

Programa de ontem:

  • 19h - 20h30 : Abertura da 10ª Edição do Festival nas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (Campo de Santa Clara) com Cocktail de sabores do mundo, inauguração da exposição de fotografia "São Vicente de Fora por dentro", actuação do grupo de batucadeiras de Cabo-Verde "Ramedi Terra" e lançamento do livro “TODOS”.

• 20h30 – "Vala Comum" (Teatro) de Andresa Soares na Escola Básica de Santa Clara - espectáculo pago (3€)

  • 21h00 – "Viagem Sentimental" (Dança Contemporânea) de Francisco Camacho na Casa dos Gessos do Museu Militar - espectáculo pago (3€)

• 22h00 – Orquestra Todos (Música) na Voz do Operário - Entrada livre

• 23h00 – Rita Só (DJ set) no DAMAS - Entrada livre

Fonte: Página do Facebook do TODOS


Nota do editor LG:

São 3 ou 4 dias que não perco, todos os anos, desde 2009. Vale a pena e recomendo este evento (que de  3 em 3 anos muda de cenário dentro da cidade de Lisboa: Martin Moniz / Intendente / Bem Formoso (de 2009 a 2011); Poço dos Negros / São Bento / Santa Catarina (de 2012 a 2014); Colina de Santana / Campo Mártires da Pátria (de 2014 a 2017).

 Para além da descoberta (e aprofundamento do conhecimento) das diferentes culturas e povos que vivem em Lisboa (, nas escolas do ensino básico da Grande Lisboa é possível encontrar hoje dezenas de diferentes etnias, da Guiné-Bissau ao Nepal, da China ao Brasil), o festival TODOS tem sido para mim (e para a Alice Carneiro) uma (re)descoberta da Lisboa, muitas vezes escondida (ou mesmo inacessível) aos olhos dos próprios lisboetas e dos seus visitantes.

Ontem, por exemplo, fomos aos eventos assinalados, acima,  a negrito.  Nunca tínhamos entrado, por exemplo,  na OGFE e muito menos na famosa Sala do Gesso, do Museu Militar... Em anos anteriores, por exemplo, na Colina de Santana, a Academia Militar abriu as suas portas aos participantes do TODOS. Diversos oficiais superiores das OGFE e do Museu Militar participaram, este ano,  na cerimónia de abertura do evento.

O festival proporciona fantásticas visitas guiadas pelos sítios onde decorre: este ano, em São Vicente. Ponto de encontro: jardim Botto Machado, no Campo de Santa Clara, junto à Feira da Ladra.
_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 4 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18984: Agenda cultural (648): lançamento do livro "Moçambique: guerra e descolonização, 1964-1975", de Manuel Bernardo, na biblioteca municipal de Faro, dia 18 de setembro de 2018, pelas 18h00

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17745: Agenda cultural (582): Festival TODOS, 9ª edição: 8, 9 e 10 de setembro: Lisboa, Campo de Santana... Lisboa, cidade aberta e intercultural





Criado em 2009, o TODOS-Caminhada de Culturas:

(i) tem afirmado Lisboa "como uma cidade empenhada no diálogo entre culturas, entre religiões e entre pessoas de diversas origens e gerações"; 

(ii) tem contribuído para "a destruição de guetos territoriais associados à imigração, abrindo toda a cidade a todas as pessoas interessadas em nela viver e trabalhar."

O evento apresenta um vasto programa intercultural e multidisciplinar, uma caminhada de culturas, onde não faltam:
  • a gastronomia, 
  • o teatro,
  • a música, 
  • a dança, 
  • a fotografia, 
  • os graffitti, 
  • e as visitas guiadas.

O coração da celebração da interculturalidade nesta 9ª edição do festival será a
 Colina de Santana / Campo dos Mártires da Pátria:
  • Antigo Hospital Miguel Bombarda e espaços vizinhos;
  • Rua Luciano Cordeiro;
  • Jardim do Campo de Santana;

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16509: Os nossos passatempos de verão (15): jardim e miradouro do Torel, na colina de Santana, em Lisboa, simplesmente uma das mais belas e amigáveis cidades do mundo



Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a baixa e o estuário do Rio Tejo (1): à direita,  o elevador de Santa Justa; e à esquerda, o Arco da Rua Augusta...


Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a baixa e o estuário do Rio Tejo (2)

Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel >  Palacetes de gosto revivalista, do séc,. XIX

´
Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a sétima colina e o miradouro de São Pedro de Alcântara


Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre o antigo convento e a igreja do Carmo.




Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Um dos mais belos jardins e miradouros da capital, na encosta de uma das sete colinas > Mural "Do great things" / "Façam coisas grandes"... Homenagem a um grande poeta (*)... [Junto ao mural, a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro].

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O jardim e miradouro é o de Torel, na encosta da colina de Santana... O mural "Do great things" ["Façam coisas grandes"], com 6 m x  4 m (c. 24 metros quadrados)  tem a assinatura  de Odeith, Sérgio Odeith ... O  grande poeta, homenageado, é o Fernando Pessoa...

O jardim do Torel está situado junto ao campo dos Mártires da Pátria  (ou campo de Santana), na encosta virada para a a Baixa lisboeta e a avenida da Liberdade. O sítio, denomiando Torel,  é um espaço ocupado por um conjunto de palacetes de arquitetura  revivalista (século XIX). Tem duas entradas: a principal pela rua de Júlio de Andrade, perto do Elevador do Lavra;  e uma outra, mais abaixo, na Rua do Telhal. A provável origem do nome terá a ver com a família,  presumivelmente de ascendência holandesa, que habitou o local.

O  Jardim do Torel passou a estar aberto ao público nos anos de 1960. Até então era propriedade privada. Depois de ter sido alvo de uma intervenção de requalificação e restauro, é um hoje um dos belos sítios da cidade. Imagine-se que até tem uma praia urbnana, iniciativa da junta de freguesia de Santo António que, em 2014, ano da inuaguração., recebeu 80 mil visitantes...

Infelizmente continua a ser desconhecido de  muita gente... O Festival Todos - Caminhada de Culturas, edições de 2015 e 2016, deu o devido  protagonismo a este espaço nobre da cidade.

Camarada, lisboeta ou de visita a Lisboa: um dia destes, vem até aqui... Para não te cansares, apanha o Elevador do Lavra, que é o elevador mais antigo da cidade.

Sérgio Odeith, nativo da Damaia, Amadora, Portugal. considerado um dos melhores "graffiters" (, por favor, não confundam com grafiteiro!) do mundo, é o autor deste gigantesco mural,  com o nosso Fernando Pessoa pintado no jardim do Torel...

Foi com esta peça que Portugal participou, em 2015,  na campanha global de lançamento do Windows 10, da Microsoft. Na altura o artista português, distinguido pela Microsoft,  disse; “Já pintei a Amália, o Carlos Paredes e o Eusébio. Faltava-me o Fernando Pessoa. Não há muitos mais portugueses que tenham feito grandes coisas e agora, com esta campanha ‘Do Great Things’, surgiu a oportunidade”.

Amigos e camaradas: chegado ao fim o verão de 2016, pomos  um ponto final no nosso passatempo, a que ninguém ligou grande atenção (e muito menos acertou na resposta....). Se o poste não suscitou o interesse de muitos, espero ao menos que alguns possam descobrir, um dia destes, durante o outono que aí, mais esta jóia da cidade que amamos no singular e que, às vezes, maltratamos, no plural... Lisboa, simplesmente, uma das cidades mais belas e amigáveis do planeta... LG

_______________

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16469: Agenda cultural (498): Festival Todos 2016, na sua 8ª edição: A não perder, espectáculo de teatro documental, "Portugal não é um país pequeno", Academia Militar, Rua Gomes Freire, amanhã, sábado (17h00) e domingo (19h00): entrada gratuita, limitada à lotação do espaço (140 lugares)...


Lisboa > Festival Todos 2016 > Campo de Santana / Campo dos Mártires da Pátria > Antigo palácio do Patriarcado de Lisboa (séc. XVIII/XIX),  ao lado da embaixada alemã  > É aqui que tudo começa: secretariado do festival, quatro  fabulosas exposições de fotografia, "visita à luz da vela" de mais um futuro hotel de charme de Lisboa... (Uma das exposições é do grande fotógrafo português Luís Pavão,conservador de fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa.   que eu tive o privilégio e a honra de conhecer ontem pessoalmente e de com ele comversar sobre a "nossa" Guiné e o nosso blogue...).

Homens poderosos como o cardeal Cerejeira aqui viveram, trabalharam, rezaram, transpiraram e.... conspiraram. Uma oportunidade única para visitar o palácio (e este e outros, além de hospitais, conventos, quartéis, etc,. na colina de Santana e suas imediações), no âmbito do Festival Todos 2016,

O TODOS -  Caminhada de Culturas foi criado em 2009,  tendo vindo deste então a afirmar Lisboa como uma cidade empenhada no diálogo intercultural, interreligioso, interétnico, intersectorial, intersocial e intergeracional.

O TODOS tem contribuído para a destruição de guetos territoriais associados à imigração,  e marginalidade,  e fortemente estigmatizados, como é o caso por exemplo do Intendente / Anjos / Mouraria ou o Poço dos Negros / Calçada do Combro, ajudando a abrir  toda a cidade a todas as pessoas que nela querem (e gostam de ) viver e trabalhar.



O autor e ator André Amálio., a atuar ontem, na Academia Militar, no 1º dia do festival Todos 2016... UIm espetáculo que vale a pena...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Teatro Documental >  PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO
André Amálio | Hotel Europa PORTUGAL


Sábado, 10 Set – 17h00
Domingo, 11 Set – 19h00

Duração 90 min | M/12 | Academia Militar – Rua Gomes Freire 
[Requisitar previamente o ingresso na porta de armas, um hora ou meia hora antes do início do espetáculo]





Cartaz do festival Todos 2016, Lisboa, Colina de Santana, Campo dos Mártires da Pátria, de 8 a 11 de setembro de 2016. Ver aqui o desdobrável com o programa em formato pdf


_______________

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16464: Agenda cultural (497): Festival Todos 2016, Lisboa, Colina de Santana, Campo dos Mártires da Pátria, de 8 a 11 de setembro de 2016: Destaque para a peça de teatro documental "Portugal não é um país pequeno", de e com André Amálio, na Academia Militar, Rua Gomes Freire, hoje (21h00), sábado (17h00) e domingo (19h00): entrada gratuita, limitada a lotação do espaço (140 lugares)... Há também visitas guiadas à Academia Militar no âmbito do festival. Muitas dezenas de eventos: Festival Todos... para Todos, em 8ª edição


Cartaz do festival Todos 2016, Lisboa, Colina de Santana, Campo dos Mártires da Pátria, de 8 a 11 de setembro de 2016.~




"Criado em 2009, o TODOS-Caminhada de Culturas tem afirmado Lisboa como uma cidade empenhada no diálogo entre culturas, entre religiões e entre pessoas de diversas origens e gerações. O TODOS tem contribuído para a destruição de guetos territoriais associados à imigração, abrindo toda a cidade a todas as pessoas interessadas em nela viver e trabalhar."



Destaque: 

Teatro Documental 

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO 
André Amálio | Hotel Europa PORTUGAL 

8 SET – 21h00 | 10 SET – 17h00 11 SET – 19h00 [duração 90 min] M/12

Academia Militar – Rua Gomes Freire 

Sinopse1

Portugal sofreu a mais longa ditadura fascista da Europa (48 anos), 
e o mais persistente império colonial (500 anos). 
Partindo dos testemunhos de antigos colonos portugueses entrevistados pelo autor, 
este espetáculo de teatro documental reflete sobre a ditadura 
e a complexidade do fim do colonialismo português. 
Reproduzindo fielmente as suas palavras, 

André Amálio explora situações onde pessoas reais contestam 
e reconstroem identidades culturais. 
Um contributo para a reescrita da história 
e transmissão da memória entre  gerações.

Sinopse2:

Espectáculo que reflete sobre a ditadura e a presença portuguesa em África, 
em particular a vida dos antigos colonos portugueses 
através dos seus testemunhos reais. 

O texto deste espectáculo foi criado através de um processo de verbatim, 
que significa copiado palavra por palavra, 
o que se traduziu na escrita de um texto de teatro
 que utiliza fielmente as palavras das pessoas entrevistadas 
sobre a sua vida em África no Período Colonial Português. 

A metodologia seguida combinou a recolha de testemunhos dessas pessoas 
e uma detalhada pesquisa de historiográfica, 
criando um texto que retrata a complexidade da história recente em Portugal, 
no caso do fim do colonialismo português. 

 Com este trabalho quero investigar histórias reais 
que se tornaram memórias 
e que com o tempo foram herdadas; 
estou interessado em situações onde as pessoas reais 
contribuem para contestar e reconstruir identidades culturais; 
estou interessado na forma como o teatro pode contribuir para a reescrita da história, 
dando voz a um grupo silenciado, 
trabalhando assim na transmissão da memória entre gerações.

André Amálio

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15145: Memória dos lugares (320): Academia Militar, Palácio da Bemposta, Lisboa, visita no âmbito do Festival Todos 2015 (Parte I)













Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Festival Todos , 7ª  edição, 2015 > 12 de setembro de 2015 >  Visita guiada, pelo cor art Vitor Lourenço, professor da Academia Militar >

Painéis de azulejos, no "hall" de entrada do palácio, representando as várias armas (c. 1918). Autoria do  pintor português Jorge Colaço (Tânger, 1868 — Caxias, 1942), mais conhecido por ser autor  dos azulejos da estação de São Bento no Porto (1903), entre muitos outros paineis de azulejos espalhados por diversos edifícios e lugares, em Portugal e lá fora. (*)



Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Fachado do palácio.


Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Busto, no exterior, a Catarina de Bragança (1638-1705), rainha consorte de Inglaterra (1662-1685), pelo seu casamento Carlos II, da casa dos Stuart. Foi ela que mandou constrfuir o palácio da Bemposta.


Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Espaço interior



Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  >  Palestra do cor art ref Vítor Lourenço sobre o palácio, a sua fundadora e os azulejos de Jorge Colaço.




Lisboa > Academia Militar > Palácio  da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha  > Festival Todos , 7ª  edição, 2015 > 12 de setembro de 2015 >  Visita guiada, pelo cor art ref Vitor Marçal Lourenço, professor da Academia Militar.

É aqui a sede da Academia Militar (,  antiga Escola do Exército,  fundada en 1837), que  tem como patrono o general Bernardo de Sá Nogueira, Marquês de Sá da Bandeira. Há também  um polo na Amadora.

O seu lema é: "Dulce et decorum est pro Patria mori"  (É doce e honroso morrer pela Pátria). Na escadaria de acesso ao piso superior (biblioteca. museu, galeria de comandantes...) estão inscritos os nomes dos antigos alunos mortos durante a guerra colonial (1961/74), nos vários teatros de operações. Publica-se abaixo a lista dos "filhos da Escola do Exército e da Academia Militar", falecidos na "campanha do ultramar, 1961-74)(**)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.

____________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15132: Memória dos lugares (319): Cais do Xime no tempo da CART 2520 (José Nascimento, ex-Fur Mil)


(**) Mortos na Campanha do Ultramar . 1961 - 1974 (alguns dos quais no TO da Guiné, e com "marcador" próprio no nosso blogue):

Cap. Inf. Abílio Eurico Castelo da Silva

Ten. Inf. Jofre Ferreira dos Prazeres

Alf. Pqd. Manuel Jorge Mota da Costa

Ten. Cav. Jorge Manuel Cabeleira Filipe

Ten. Pil. Av. António Seabra Dias

Ten. Inf. Casimiro Augusto Teixeira

Ten. Pil. Av. Carlos António Alves

Ten Pqd. Luís Ramos Labescat da Silva

Alf. Inf. Helder Luciano de Jesus Roldão

Cap. Inf. Óscar Fernando Monteiro Lopes

Cap. Cav. António Lopo Machado do Carmo

Cap. Inf. Isidoro de Azevedo Gomes Coelho

Cap. Inf. António Afonso da Silva Vigário

Cap. Inf. Cirilo de Bismarck Freitas Soares

Cap.Inf. Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meireles

Ten. Inf. Manuel Bernardino da Silva Carvalho Araújo

Cap. Pqd. Luís António Sampaio Tinoco de Faria

Alf. Inf. José Manuel Ribeiro Baptista

Cap. Inf. José Jerónimo da Silva Cravidão

Ten. Pil. Av. Manuel Malaquias de Oliveira

Alf. Inf. Augusto Manuel Casimiro Gamboa

Alf. Cav. Estevão Ferreira de Carvalho

Cap. Inf. Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes

Alf. Art. Henrique Ferreira de Almeida

Cap. Inf. Adelino Oliveira Nunes Duarte

Cap. Cav. Luís Filipe Rei Vilar

Maj. C.E.M. Raúl Ernesto Mesquita da Costa Passos Ramos

Maj. Inf. Alberto Fernando de Magalhães Sousa Osório

Maj. Art. Joaquim Pereira da Silva

Cap. Cav. Jaime Anselmo Alvim Faria Afonso

Cap. Inf. Fernando Assunção Silva

Cap. Art. Pedro Rodrigo Branco de Morais Santos

Ten. pil. Av. Cláudio Santos Pereira Ascenção

Ten. Pil. Av. Rui Fernando Movilla de Matos André

Ten. Cor. Pil. Av. José Fernando de Almeida Brito

Maj. Pil. Av. Fernando José dos Santos Castelo

Maj. Pqd. Manuel António Casmarrinho Lopes Morais

Cap. Pil. Av. António Caetano Abrantes

Cap. Pil. Av. Custódio Janeiro Santana

Cap. Pil.Av. António Figueiredo Rodrigues

Cap. inf. António Alberto Rita Bexiga

Cap. Pil. Av. Herminio da Silva Baptista

Maj. Inf. Jaime Frederico Mariz Alves Martins

Cap. Pil. Av. Hugo de Assunção Ventura

Ten. Cor. Art. Nuno Álvares Pereira

Ten. Pil. Av. Emilio José Alves Lourenço

Cap. Pqd. João Manuel da Costa Cordeiro

Cap. Pil. Av. Fernando Fernandes

Alf. Cav. Luís António Andrade Âmbar

domingo, 20 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15133: Fotos à procura de... uma legenda (61): uma negra entre a nobreza, o clero e o povo de Lisboa...


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4 > O Portugal do "antigo regime":  no altar-mor, o quadro com a família real, D. Maria I e o seu filho D. João VI entre a corte (do lado direito), e com  apresentação iconográfica de Lisboa e o seu povo (lado direito), vendo-se ao longe o Castelo de São Jorge.  Só uma dica: aqui viveu o D. João VI (1767-1826), depois do seu regresso do Brasil, e aqui morreu.

Na foto nº 3, chama-se a atenção  para o detalhe das três mulheres do povo,  um das quais uma espantosa negra, de olhar postado nas figuras régias... Um dos mais belos quadros da nossa pintura... Quem seria esta mulher de origem africana? Talvez uma guineense, descendente de escravos... Na realidade, Lisboa é e sempre foi , desde o séc. XV, uma cidade "africana"... [Henriques, Isabel de Castro; Leite, Pedro Pereira; e Fantasia, Ana (fotos) - Lisboa cidade africana:Percursos de Lugares de Memória. Lisboa: Marca d’ Água: Publicações e Projetos 1ª edição, Junho 2013  ISBN- 978-972-8750-17-6].  (*)


Lisboa > 12 de setembro de 2015  > Festival Todos 2015


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.


1. É um dos mais belos palácios de Lisboa... E a sua capela, particular, é monumento nacional... Muita da nossa história, dos séc. XVIII e XIX, passou por aqui.

Quem andou na Academia Militar tem obrigação de conhecer o paço e a capela...  E quem gosta de Lisboa, tem o dever de a conhecer e divulgar... 

Fui lá há dias, numa visita guiada, no âmbito do Festival Todos 2015. Quis partilhar com os nossos leitores a surpresa, que foi para mim, a visão deste quadro... de que só conhecia os retratos da nossa realeza...  Digam lá de que paço e capela estou a falar ? (**) (LG)

___________________

Notas do editor

(*) Vd. também RIJO, Delminda - Os Escravos na Lisboa Joanina. [Em Linha]. Investigação desenvolvida no âmbito do projecto “Espaços urbanos: dinâmicas demográficas e sociais (séculos XVII-XX)”, com referência PTDC/HIS-HIS/099228/2008, co-financiado pelo orçamento do programa COMPETE – Programa Operacional Factores de Competitividade na sua componente FEDER e pelo orçamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia na sua componente OE. [Consult 20 de setembro de 2015]. Disponível em
http://www.ghp.ics.uminho.pt/eu/ficheiros%20de%20publica%C3%A7%C3%B5es/OS%20Escravos%20na%20Lisboa%20Joanina%20-%20Delminda%20Rijo.pdf


(...)  O escravo foi uma figura incontornável da Lisboa joanina. A amostragem utilizada, rica e vasta em informação, revelou-nos uma cidade com grande concentração de escravos, assimilados num intrincado de redes sociais com outros escravos, mas também com alforriados, livres e proprietários e seus familiares. 

Foram sobretudo negros e mulatos, nascidos em Lisboa em resultado da reprodução natural e da continuidade de Lisboa na rota dos navios negreiros, a maioria vindos da região de Angola e da Costa da Mina, muito embora os encontremos provenientes dos 4 cantos do mundo. Lisboa era ainda um mercado de grande absorção de escravos, mas já se avizinhavam grandes mudanças que levariam à abolição deste trato, pois em 1761 o Marquês de Pombal assinou a proibição de importação de escravos para o continente português e em 1773 a proibição de escravatura em Portugal Continental, só se extinguindo efectivamente em 1856. 

Sujeitos a muitas restrições e constrangimentos, encontramo-los enquadrados nas vivências de poderosos, na partilha do quotidiano alheio e a sofrer as vicissitudes dos mais desfavorecidos, nas ocupações, frequentemente as mais duras, com quem moravam paredes meias, a casar e a fundar por vezes extensas famílias, a baptizar os filhos, procurando neste acto estabelecer ou reforçar redes de solidariedade. Muito contribuiram para a ilegitimidade, sobretudo as mulheres. Perante a morte, procuraram a realização de qualquer bom cristão, com assistência e sacramentos e uma sepultura condigna, não obstante a sua cultura reprimida tenha ressurgido com exotismo e alegria sempre que a ocasião o propiciou, quer fosse num peditório, num círio ou na solenidade de uma procissão. Exímios na música e na dança, também o foram nas artes do oculto e adivinhação. 

A lealdade e os bons serviços puderam realizar o sonho da alforria e liberdade de muitos, nem sempre sinónimo de realização pessoal, significando por vezes o agravamento das condições de vida, sobretudo para os mais velhos. (...)


sábado, 12 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15106: Manuscrito(s) (Luís Graça) (64): Lisboa, sete colinas e uma paixão... E viva o Festival Todos 2015, 7ª edição - Lisboa, Colina de Santana, Campo Mártires da Pátria, de 9 a 13 de setembro de 2015


Festival Todos 2015 , 7ª edição. Colina de Santana, Campo Mártires da Pátria. Calçada de Santana, 10 de setembro de 2015. Atuação da Fanfarra Turbo Clap - Mazalda, França


Texto, fotos e vídeo: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados


Lisboa, sete colinas, o rio, uma paixão




por Luís Graça 


Lisboa, sete colinas, o rio, uma paixão,
que deram origem
à arte e à ciência de fazer cocktails
de cores, sabores e sentimentos.

E tu, querida,
eras uma das meninas que ficava bem,
à janela, recortada,
em pórtico manuelino da Casa dos Bicos
ou nos vergéis
da estória da Nau Catrineta,
desenhando frágeis castelos de Espanha
nas areias movediças de Portugal.

Lisboa, menina e moça,
cidade de memórias e de afetos,
tu podias não saber nada de geografia,
nem da didática da educação de adultos,
nem da fisiologia do coração,
nem de macroeconomia,
nem de desenho a três dimensões,
nem do risco sísmico,
nem sequer do simples risco de existires e de estares viva,
mas sempre tiveste por perto
o estúpido pirata de perna de pau,
vesgo e maneta,
irrompendo os teus sonhos
com o pesadelo do sentimento de um ocidental
na ponta mais fina de uma espada,
guardada na Torre de Belém.

Lisboa,
o casario, o castelo, a mouraria,
e, rente ao chão, a devoção,
a procissão da senhora da Saúde,
que nos valia nos anos de peste,
nos meses de guerra,
nas semanas de fome
e nos dias de depressão,
a depressão funda, cavada,
do vale de Alcântara até Xabregas.

Lisboa, a Torre do Tombo,
os livros, os incunábulos, os alfarrabistas,
as pedras, as cantarias, as traves mestras
que nos falam da cidade em construção,
dos arquitetos, dos trolhas, dos estucadores,
das gaiolas pombalinas,
dos tristes,
dos saudosos da partida,
dos pintores de tabuletas e de retábulos dourados das igrejas,
dos aguadeiros,
do poço do mouros e do poço dos negros,
dos almoxarifes,
dos vedores,
dos provedores,
dos coveiros da pátria,
dos enfermeiros-mores,
dos físicos e dos tísicos,
dos barbeiros-sangradores,
dos palácios e conventos bem postos e melhor compostos,

do Carmo e da Trindade, outrora de pedra e cal,
dos agiotas, das tenças e das mercês,
dos engenheiros hidráulicos,
dos agrónomos,
dos agrimensores,
dos silvicultores do pinhal 

quando el-rei faz anos,
dos santos inquisidores, 

dos pregadores dominicanos,
das freiras e das frieiras
que é coçá-las e deixá-las
no cemitério de todos os prazeres.

Ah, aí onde a vida acaba,
numa cena canalha,
na ponta de uma naifa no Bairro Alto das fadistas
e na Baixa Chiado dos seus chulos.
Mas não de tédio, minha querida,
diz o pregão da varina,
nem de desesperança,
que ainda a noite é uma criança,
e enquanto houver o 28 para a (Des)Graça,
com bilhete de ida e volta,
as Escadinhas do Duque
ou a Calçada do Combro
e os escombros do terramoto
por subir, trepar ou escalar.
E os filetes de alfaquique ou peixe-galo
com açorda de ovas
que não vão à mesa do rei,
e os pastéis de Belém, mesmo com IVA,
e o bife dos ricos à Marrare
e as iscas, dos pobres, com elas
nas carvoarias dos galegos
e o cheiro a carvão e a sardinha,
linda que tresanda,
nas ruelas e vielas dos bairros impopulares,
por fim reordenados,
e livres do tifo, da febre amarela,
da cólera, do bacilo de Koch
e das paixões cegas da alma.

E o Portugal very tipical do António de Ferro,
descalço e de barrete encarnado,
com que te quiseram tramar,
e as sécias e os peraltas da Belle Époque,
que a Avenida da Liberdade
acaba na rotunda das edificantes públicas virtudes
e no beco dos mais torpes vícios privados.

Tu, terna, eterna, Olissipo,
onde o azul do céu é único,
diz o ofício do turismo,
e nos leva a todos os caminhos do infinito.
Ulisses sabia-o
e bem guardado estava o segredo,
no mais fundo do tempo,
e por isso fundeou no estuário do teu Tejo,
e te fundou e fecundou,
e trouxe com ele a caixinha de Pandora,
e os perfumes inebriantes das mais belas:
troianas, fenícias, gregas,
cartaginesas, romanas,
celtas, ibericíssimas,
judias sefarditas, 
godas, visigóticas,
mouras encantadas,
berberes, azenegues,
futa-fulas, mandingas,
pretas da Senegâmbia,
crioulas de carapinha e olhos verdes,
ameríndias, guaranis,
umbundas e quimbundas,
de bunda larga,
bárbaras, belas, pérfidas, cruéis, ubérrimas,
santas e peregrinas,
errantes e penitentes,
místicas, algures perdidas,
loucamente perdidas e recolhidas
nos caminhos marítimos para as Índias.

Que te importa, amor,
se Lisboa já não é uma praça forte,
uma bolsa contra os valores
daqui d’el-rei,
que o paço e o terreiro,
o trono e a régia cabeça,
a casa da rainha e o infantado,
tremem e estremecem,
mas não caem,
entre o Martinho e a Arcádia,
na iminência de um atentado,
terrorista,
ou da implosão do euro.
Dantes chamava-se anarquista,
à bomba regicida,
quando a palavra de ordem era
a bolsa ou a vida,
abaixo o Estado!

E não havia as avenidas novas, do Ressano Garcia,
nem o risco dos arquitetos estadonovistas,
nem o cordão sanitário,
nem a construção a custos controlados,
nem o prémio Valmor,
nem o Siza nem o Carrilho nem o Moura,
nem o fundo de mão de obra,
nem o Dow Jones ou o NASDAK,
muito menos a apagada e vil tristeza
que te matou,
meu irmão Luís de Camões.

E estavas tu, querida,
postada à janela,
descalça e de xaile preto,
em sossego e bom recato,
com vistas largas para o casario, a sé, o castelo,
o mar da palha,
o mundo vário,
a rua do ouro e a da prata,
o augusto senhor dom José a mata-cavalos,
a serra, a arrábida fóssil,
a armada outrora invencível,
a ribeira das naus,
e as iscas com elas a cinco paus,
o turista, o voyeurista,
o motorista
do senhor ministro sem pasta
nem forragem para o gado na canícula do verão,
nem para os puros sangues lusitanos
da alcáçova dos senhores,
nem sangue nem soro para os heróis menores,
anónimos,
da guerra colonial,
que vieram morrer na praia do 10 de junho,
o velho do Restelo,
que já foi praia sem bandeira azul nem glória,
o velho do Restelo agora ainda mais velho
e mais estupidamente lúcido e cruel,
o Cesário e a sua idiossincrasia,
o Cesário, verde e rubro, nos estádios dos eurofutebóis,
mais o Eça de Queiroz, o estrangeirado,
que te amava à maneira dele, 

qui t'aimait, malgré lui,
a Sofia, a deusa, a olímpica,
o Almada e os seus marinheiros sem futuro,
o Bocage e o seu filho, Ary,
debochados, panfletários,
mais o O'Neil, que era tão louco quanto irlandês,
e o luminoso Eugénio mais a sua sombra, Andrade,
e ainda a Amália
e a nossa estranha forma de vida,
e tantos outros poetas que te cantaram,

ó minha cidade
e que morreram de amores e desamores por ti,
entre o Cais das Colunas e o Cais do Sodré.

Ah, e o Pessoa,
subindo e descendo o Chiado,
de braço dado,

contigo,
recitando-te o heterónimo:
a rapariga inglesa, tão loura, tão jovem, tão boa
que queria casar comigo…
que pena eu não ter casado com ela…
teria sido feliz ?
mas como é que eu sei se teria sido feliz ?


Esquece o Álvaro, o Campos, o sedutor, 

e as noivas de Santo António que ficaram por casar,
e deixa-me pôr-te a caminhar
pelos caminhos ínvios e íngremes
desta cidade-sortilégio,
que nós amamos no singular
e maltratamos no plural… 

Valha-nos São Vicente, os seus corvos e a sua barca,
que erros de calceteiro e de autarca,
de médico e de monarca
a terra os cobre.

E se, contudo, há um privilégio,
é sempre o da amizade e do amor,
é esse de poder ter-te
ao alcance da mão e do coração dos amantes, 

descendo a encosta do castelo
até à praça de São Domingos,
ou entre o Rossio e o Terreiro do Paço, 
com a rua Augusta, de permeio,
entre a liberdade sem rua nem abrigo
e os segredos de polichinelo 

da tua caixa de correio.

É, enfim, esse privilégio de poder dizer-te,
no regresso da última nau do império:
como é bom rever-te,
Lisboa, Tejo e tudo.

Lisboa, Terreiro do Paço, 20 de maio de 2006.
Revisto,  Campo Mártires da Praça, 11 de setembro de 2015.




Lisboa > Museu de Lisboa - Torreão Poente, Terreiro do Paço > 6 de setembro de 2015 > Exposição "A Luz de Lisboa" (a não perder, até 17 de dezembro)


Lisboa > Museu de Lisboa - Torreão Poente, Terreiro do Paço > 6 de setembro de 2015 >  A estátua equestre de D. José


Lisboa > Museu de Lisboa - Torreão Poente, Terreiro do Paço > 6 de setembro de 2015 > Exposição "A Luz de Lisboa"  > Janela sobre o Tejo



Lisboa > Museu de Lisboa - Torreão Poente, Terreiro do Paço > 6 de setembro de 2015 > Exposição "A Luz de Lisboa"  > A partida de um navio de cruzeiro, visto de uma varanda do torreão



Lisboa > Museu de Lisboa - Torreão Poente, Terreiro do Paço > 6 de setembro de 2015 > Exposição "A Luz de Lisboa"  > Um dos grandes pintores da cidade; Carlos Botelho (Lisboa, 1895- Lisboa., 1982): Ramalhete de Lisboa (1935). Museu da Cidade de Lisoa (reproduzido aqui com a devida vénia).




Lisboa >  Cais da Ribeira ; 6 de setembro de 2015 >  Turistas, desenhando o Tejo

__________

Nota do editor:

Último poste da série 19 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15020: Manuscrito(s) (Luís Graça) (63): Lourinhã, paisagens jurássicas