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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21510: FAP (122): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte I (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Setor de Boé > Madina do Boé  > 16 de julho de 1968 > "Coube-me a mim efectuar a evacuação dos dois feridos. Comigo viajou o ten cor pqdt Fausto Marques [, cmdt do BCP 12],  e por um feliz acaso alguém fez uma foto do DO-27 3460 aterrado na pista de Madina onde eu, o ten pqdt Gomes e um soldado da CCaç 1790 aparecem. É a única prova que ainda tenho de que alguma vez estive  no "Algarve na Guiné”.



Foto (e legenda): © José Nico (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O José Nico, ten gen pilav ref, publicou recentementee, em plena pandemia de Covid-19, um livro de  memórias,  "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas" (edição de autor, Lisboa, 2020, 384 pp.) (*)... 

Profusamente ilustrado, com cerca de 120 fotografias, infografias e mapas, o livro esgotou-se, num ápice, sem qualquer promoção (a não ser talvez no nosso blogue e no boca a boca de camaradas e amigos...).

O autor vai fazer uma reimpressão (, tiragem de 500 exempales), havendo já um número razoável de pedidos de encomenda.  Entre esses pedidos, já está o nosso, já que o livro não chegou às nossas mãos, na primeira hora, com muita pena nossa.  

Conforme acordado com o José Nico, vamos publicar um poste a chamar a atenção para essa reimpressão e para novos pedidos de encomenda do livro.

O José Nico, mesmo não sendo formalmente membro da Tabanca Grande, tem mais de vinte referências no nosso blogue e frequenta com regularidade os convívios da Tabanca da Linha, também ela, "fechada", por causa da pandemia em curso.

Graças ao Mário Santos, mas também ao Miguel Pessoa, tem-nos chegado alguns textos notáveis do José Nico, ex-.ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70.

O nosso grã-tabanqueiro Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA, BA 12, Bissalanca, 1967/69) apresenta o autor do livro, seu contemporâneo, camarada e amigo,  nestes termos:

(...) "O General Nico iniciou a sua carreira como cadete na Academia Militar em 1960, sendo brevetado em 1964, após 3 anos de tirocínio...

Voou depois em Tiger Moth, Piper Cub, Chipmunk, C-45, Broussard, Alouette III, Puma SA 330, DO27, T6, T-33, T-37, F-86, Fiat G-91, DC-6, C-130H e Boeing 707.

Dedicou toda a sua vida ao ideal da Força Aérea e cumpriu uma comissão de serviço na Guiné entre 1967 e 1970.

O então Tenente Piloto Aviador José Nico era um Oficial rigoroso e dedicado. Em combate, mostrou sempre bravura, coragem e serenidade, apesar do perigo constante da reacção do inimigo; tudo isto, aliado ao seu porte correcto e disciplinado... actuou em missões de reconhecimento fotográfico e visual, bombardeamento, apoio de fogo e escolta de protecção às nossas tropas de superfície e da Marinha.

Este livro é um documento histórico de uma grande riqueza analítica, que relata sem subterfúgios um pedaço indelével das nossas vidas." (...) (**)


José Nico, ten gen
pilav ref
2. Um dos textos notáveis, da autoria do José Nico, aqui publicados no nossoblogue, e 30 de abril de 2018 (e também parcialmente reproduzido no seu livro, acima citado), tem a ver com outra batalha, não a de Quitafine (, contra as antiaéreas do PAIGC, )  mas a de Madina do Boé, entre abril e julho de 1968.

É texto demasiado extenso mas de leitura empolgante que surgiu num único poste (***)... e que merecia muito mais comentários do que aqueles que teve (, quatro na altura).

Vamos reeditá-lo agora, por partes, com a devida autorização do autor, com quem falámos ao telemóvel. É uma homenagem também aos bravos de Madina do Boé, tanto do Exército como da FAP.  Madina do Boé, como se sabe,  viria depois a ser retirada, no ano seguinte, em 6 de fevereiro de 1969, por decisãodo Com-Chefe, gen Spínola.

[Título, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação neste blogue, em três partes, da responsabilidade do editor LG]


A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte I (***)

por José Nico (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)

 

A imagem que perdura é clara. Vejo-me no espaço que existia entre os pré-fabricados onde estava instalado o Grupo Operacional 1201 da Base Aérea n.º 12, com a sala de equipamentos e as Esquadras de um lado e a sala de briefings, o bar e sala de estar, gabinete do comandante do Grupo e a Secretaria, do outro. 

Sei que foi ao começar o dia de trabalho, pouco depois de ter chegado à Base, vindo de Bissau. Alguém que passa por mim, entrega-me um papel com uma mensagem rádio e é esta mensagem que me vejo a ler com alguma surpresa e ao mesmo tempo com satisfação porque, finalmente, tínhamos conseguido desferir um rude golpe nas forças com que o PAIGC matraqueava, há anos, a companhia do Exército instalada na isolada posição de Madina do Boé, no Leste do território. 

Depois de muita pesquisa e com o apoio do ex-comandante da CCaç 1790 [, hoje cor inf ref José Aparício],  cheguei à conclusão que este flash da minha memória respeita ao dia 11 de Abril de 1968, uma quinta-feira.


Madina do Boé – O alvo para a estreia dos cubanos 
em combate

Desde o início da luta que o PAIGC escolhera o aquartelamento de Madina do Boé como um alvo preferencial. Terá sido até esta a primeira posição do Exército que o inimigo pensou aniquilar ou, pelo menos,  forçar o seu abandono, muitos anos antes de tentar o mesmo com o Guilege. 

Com essa finalidade criou uma base dedicada em território da Guiné-Conacri, junto à fronteira e a curta distância de Madina do Boé, numa povoação chamada Kambera. Era ali que se organizava para as incursões e era para ali que retirava depois das flagelações.

De facto, Madina era uma posição em que o apoio de outras unidades terrestres não era viável e o apoio de fogo da Força Aérea, além de só ser possível durante o dia, só era imediato em termos relativos, dada a distância. A posição estava isolada e só podia contar com os seus próprios meios.

As limitações no apoio a Madina do Boé, a que se somavam outras vulnerabilidades,  como era o facto de estar rodeada de pequenas elevações [1] , são a justificação para que a zona tenha sido escolhida para uma espécie de campo de exercícios e carreira de tiro do PAIGC. 

Era ali que os quadros, regressados dos países onde recebiam formação militar, se exercitavam e ganhavam experiência. A ideia de que a zona era difícil de proteger,  levou mesmo a então URSS a prometer ao PAIGC construir uma pista para aviões de transporte Antonov para apoio logístico directo, assim que conseguissem desalojar os portugueses daquela posição. 

Esta ideia era inexequível enquanto a Força Aérea mantivesse a superioridade aérea mas o PAIGC, segundo declarações de 'Nino' Vieira, acreditou durante muito tempo nela.

Foram essas vulnerabilidades que também justificaram o facto de Madina do Boé ter sido o alvo escolhido para a primeira acção de combate com o envolvimento dos cubanos. Amílcar Cabral,  que estava nessa altura muito preocupado com a segurança dos seus novos apoiantes internacionalistas [2], enviados por Fidel de Castro na sequência da Conferência Tricontinental de Havana, em Janeiro de 1966, escolheu Madina para fazer uma demonstração das capacidades dos seus guerrilheiros. 

Esta decisão, em princípio acertada, não evitou porém o desastre que, por acaso, foi relatado por uma testemunha privilegiada, o cubano Oscar Oramas, que foi o embaixador de Fidel em Conacri e simultaneamente o executivo para o apoio ao PAIGC. É assim que ele descreve essa acção no seu livro“Amílcar Cabral para além do seu tempo” [Lisboa, Editora Hugin, Lisboa, 1998] [3]:

(...) “A primeira operação militar de envergadura que se realiza com a participação dos assessores cubanos é a efectuada contra o quartel português de Madina de Boé, em 10 de Novembro de 1966 [, ao tempo da CCAÇ 1416]:

Esta instalação militar conta com uma edificação na sua superfície, a partir da qual combatem os guineenses fulas incorporados no exército colonial, enquanto os Portugueses se mantêm em trincheiras e refúgios subterrâneos, onde instalam a sua artilharia.

O comando guerrilheiro  situa-se para esta operação, a uns 500 metros do quartel, instala um canhão B-10 junto de uma grande árvore, com a ideia de o proteger do fogo inimigo. A operação é dirigida pelo Comandante Domingos Ramos, um dos principais dirigentes do PAIGC. 

Pela parte cubana encontra-se o tenente Artémio, chefe dos assessores cubanos, com umas dezenas de combatentes guineenses e cubanos, e Ulises Estrada, Chefe da 5ª Direcção do Ministério do Interior cubano. 

Junto deles, encontra-se a operadora de câmara argentina Isabel Larguia, que participa na operação com o fim de filmar um documentário que sirva para propagandear, principalmente na Europa, a luta que o PAIGC está a liderar.

Domingos dá ordem para o início das acções e o canhão B-10 começa a disparar acompanhado pelo fogo de espingardas dos guerrilheiros. A resposta dos Portugueses não se faz esperar; têm coberta a pequena elevação [, a colina de Dongol Dandum,] de onde ataca a guerrilha e as suas granadas de morteiro começam a produzir impactos certeiros sobre o comando guerrilheiro, provocando a confusão e a desorganização.

Domingos, atrás da árvore onde está situado o canhão, atira-se para cima do corpo de Ulises com a clara intenção de o proteger, quando é atingido por um estilhaço de morteiro, que lhe provoca uma ferida que sangra copiosamente. Ulises, ajudado por outro cubano, transporta-o para o posto médico, situado a uns 100 metros na retaguarda, mas o seu corpo chega a este já sem vida.

O grupo guerrilheiro dispara todas as munições que em Boké haviam decidido utilizar neste combate e empreende uma retirada desorganizada, a qual é aproveitada pelos Portugueses para lançar uma salva de morteiros para os atingir.

Ulises considera que o mais importante nesse momento é evitar que o cadáver de Domingos caia nas mãos do Exército português, e, acompanhado por outro cubano, toma um camião e condu-lo até Boké, República da Guiné, entregando-o a Aristides Pereira para que seja enterrado com todas as honras que merece como um dos fundadores da luta do PAIGC”. (...)  

[A versão de Oscar Oramas é tirada a papel químico do depoimento de Ulises Estrada...]

Depois deste episódio,  que naturalmente abalou a direcção do PAIGC, as acções contra Madina do Boé só voltaram a intensificar-se novamente em Outubro de 1967 (na época das chuvas,  quando todo o Boé ficava completamente isolado). 

Dessa vez, durante 13 horas consecutivas,  a posição foi violentamente bombardeada, e os combatentes do PAIGC conseguiram mesmo aproximar-se das redes de protecção. Logo às primeiras horas do dia seguinte, com a chegada do apoio aéreo e o bombardeamento da zona envolvente pelos Fiat G-91, o ataque cessou imediatamente.

(Continua)

 José Nico, ten gen pilav ref

___________

Notas do autor {, complementadas pelo editor LG]:

[1]-  O próprio aquartelamento ficava no sopé de uma elevação chamada Dongol Dandum com cerca de 100 metros de altura. [Vd. carta de Madina do Boé, 1958, escala 1/50 mil: a colina Dongol Dandum, a sul do antigo aquartelamento de Madina do Boé, está na cota 171].

[2] - Testemunho de Ulises Estrada Lescaille: “Recordando a Amílcar Cabral, líder anticolonialista de Guinea Bissau, "La Fogata", 21 de maio de 2003
http://lafogata.org/003oriente/oriente5/or_record.htm

(...) “Cubanos em Guiné:

Oramas fue designado posteriormente embajador de Cuba en la República de Guinea con la tarea principal de atender las relaciones con el PAIGC, mientras que a mí, como oficial de la Inteligencia cubana vinculado al apoyo a movimientos de liberación nacional, el comandante Manuel Piñeiro me asignó la misión de llevar en abril de 1966, en la motonave cubana Uvero, la ayuda solicitada por Amílcar y otras prometidas por el Che a diferentes movimientos de liberación nacional.

Paralelamente se unen al PAIGC los primeros tres médicos y asesores militares cubanos, quienes participan en el primer combate contra el ejército portugués el primero de mayo de ese año.

Una vez concluida la misión en el Uvero, en noviembre de 1966, a pesar de la preocupación de Amílcar - que no se encontraba en el país, por temor a la muerte o captura de uno de nosotros en los frentes de batalla, me uno a las guerrillas comandadas por Domingo Ramos, comisario político del PAIGC, en la primera operación militar de envergadura en la que participan los instructores militares cubanos, bajo el principio de convertir el combate en una escuela.” (...)

Já agora, aqui fica o resto do depoimento do Ulises Estrada, publicado em "La Fogata", em 21 de maio de 2003 [, e onde diz do Amílcar Cabral: "Aunque no era comunista, tenía vastos conocimientos del marxismo- leninismo"]:


(...) Así, en el Frente Este, atacamos el cuartel de Madina Boé, una fortaleza muy bien protegida por los tugas (portugueses) con el apoyo de miembros de la tribu fula, que eran los que estaban en la superficie, ya que los soldados estaban en trincheras bien cubiertas o bajo tierra.

Me encontraba al lado de Domingo, quien con la mitad de su cuerpo cubría el mío para protegerme, cosa que no pude evitar, y abrimos fuego con un cañón B-10 desde una pequeña elevación situada a unos 600 metros del cuartel. Los portugueses tenían colimada la zona y respondieron con certeros disparos de mortero, mientras nosotros continuamos haciendo fuego con el cañón sin retroceso, ametralladoras y fusiles.

Un rato después de iniciado el combate, sentí que corría por el lado derecho de mi espalda un líquido caliente y pensé que estaba herido por uno de los morterazos que caían a nuestro alrededor. Era Domingo, sangraba copiosamente. Tomé su cuerpo en unión de otro compañero y lo condujimos al puesto médico, situado a unos cien metros de la zona de combate. El médico cubano me informó que había fallecido. No podíamos dejar el cadáver del dirigente guineano en manos portuguesas. Tomamos su cuerpo y en un camión nos trasladamos a través de sembrados de arroz hacia la frontera con Conakry.

Llegamos a Boké, donde se encontraba el puesto de mando fronterizo y entregamos su cadáver al compañero Arístides Pereira, para que pudieran darle sepultura y rendirle los honores que merecía este luchador, que fue uno de los primeros altos jefes del PAIGC en caer en combate.

Los cubanos continuaron combatiendo junto al PAIGC en numerosas acciones militares. Nueve de ellos entregaron allí su sangre generosa: Raúl Pérez Abad, Raúl Mestres Infante, Miguel A. Zerquera Palacio, Pedro Casimiro LLopins, Radamés Sánchez Bejerano, Eduardo Solís Renté, Felipe Barriendo Laporte, Radamés Despaigne Robert y Edilberto González. (...)

[3] - Note-se como Oramas, numa lógica de culto da personalidade, tradicional nas ditaduras comunistas, fantasia sobre a acção do chefe guerrilheiro [, Domingos Ramos.] para a acomodar ao seu estatuto de herói nacional, apesar do desaire sofrido. 

Não me parece nada credível que o movimento de Domingos Ramos tenha sido para cobrir o Ulises que é um preto matulão. Era mais digno e honroso que se atirasse para cima da Isabel. O mais provável é que Domingos Ramos que estava de pé, pois era o chefe e só assim conseguia ver os impactos do B-10, tenha sido atingido e desfaleceu caindo sobre o Ulises que estava ao seu lado.

[Vd. também postes de:


18 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16613: Notas de leitura (892): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte XI: O caso do médico militar, especialista em cirurgia cardiovascular, Virgílio Camacho Duverger [II]: Estava a 3 km de Madina do Boé, em 10 de novembro de 1966, quando o cmdt Domingos Ramos foi morto por um estilhaço de morteiro da CCAÇ 1416 (Jorge Araújo) ]

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Notas do editor :

(*) Vd. postes de:

25 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21293: Bibliografia de uma guerra (97): "A Batalha do Quitafine", de José Francisco Nico, Ten-General PilAv. O livro pode ser adquirido através do endereço "batalhadoquitafine@sapo.pt" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21399: Efemérides (335): Cumpre-se hoje 28 de Setembro, 53 anos da minha chegada à Guiné no HC-54 Skymaster 7504. Uma memória com mais de meio século (Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69) com data de 22 de Agosto de 2020:


UMA MEMÓRIA COM MAIS DE MEIO SÉCULO!

Cumpre-se hoje 28 de Setembro, 53 anos da minha chegada à Guiné no HC-54 Skymaster 7504.
Guardei para sempre a recordação da abertura da porta de cabine dos passageiros e da baforada de ar quente rançoso e húmido, proveniente de águas paradas e dos muitos rios lodosos existentes no território.
Esta foi a antevisão desagradável do que nos esperava: um clima doentio e que marcaria indelevelmente para sempre as nossas vidas.

Para além de muitos outros de quem não guardo memória, chegaram no mesmo voo os Tenentes Pil./ Aviadores José Nico e Rui Balacó.
Com eles convivi na Esquadra de Fiat's até ao fim da comissão.

Foram cerca de 22 meses em que interagimos diariamente na Esquadra de Tigres, eu como Mecânico na Linha da frente e eles Pil./Aviadores.
Pragmaticamente todos aceitámos o drama de guerra, irregular, assimétrica e mortífera que enfrentaríamos no futuro imediato, lutando para tentar preservar um legado deixado pelos nossos antepassados. A guerra na Guiné teve características muito diferentes da que se travava em Angola e Moçambique.
A elevada organização da guerrilha e a forma como a sua luta se iniciou, através de acções de combate e não com massacres como em Angola, eram reveladores das dificuldades que as FA iriam ter neste território. O movimento de gerrilheiros contra o qual iríamos lutar, era o Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC).

Na Guiné, não só os factores históricos e a hostilidade da geografia e do clima tornaram difícil a actuação das FA.

Para piorar a situação militar portuguesa, em termos de apoio aéreo, fundamental para a nossa defesa, devido a pressões exercidas pelos EUA, a FAP foi obrigada a retirar da Guiné os oito F-86F, a principal arma de ataque aéreo de que dispunha. Desde a retirada destes, em finais de Outubro de 1964, e a chegada dos seus substitutos, os novos caças FIAT G-91 R4 adquiridos à Alemanha Ocidental. As missões de apoio aéreo próximo às forças no terreno foram entretanto garantidas pelas aeronaves T-6G. Este era um avião que estava longe de possuir o mesmo poder de fogo do anterior F-86F ou do posterior FIAT G-91 R4.

Aqui deixo o meu abraço de grande estima ao General J. Nico e ao Coronel R. Balacó (que felizmente ainda se encontram entre nós) assim como a todos os companheiros de todas as Esquadras e que contribuíram com o seu esforço e as suas vidas para Portugal poder ter orgulho nos seus filhos que lutaram com honra e dignidade para preservar o que nos tinha sido legado!

Um abraço,
Mário Santos

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Nota do editor

Último poste da série de 26 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21295: Efemérides (334): O Dia do Combatente Limiano, em 24 de agosto de 2020, foi partilhado com um "anjo da guarda", Rosa Serra (Mário Leitão)

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21293: Bibliografia de uma guerra (97): "A Batalha do Quitafine", de José Francisco Nico, Ten-General PilAv. O livro pode ser adquirido através do endereço "batalhadoquitafine@sapo.pt" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69) com data de 22 de Agosto de 2020:

No intuito de ajudar à divulgação da "Batalha do Quitafine" da autoria do nosso Ten. Gen. José Nico (que ainda tem na prateleira umas boas dezenas) solicito a publicação no grupo, dos comentários e opiniões sobre o livro de quem já leu, gostou e resolveu opinar. 

Abraço.
Mário Santos

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Alferes miliciano, piloto de T-6 e DO-27 na Guiné:
 
“Fiquei a saber mais sobre a guerra hoje do que quando lá estava. Excelente descrição com pormenores bem apontados. Parabéns com um grande abraço. Os Roncos também mexeram e bem" !!”

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Oficial superior da Força Aéra Ref:

Recebi, oportunamente, o seu livro, cuja leitura, que me foi entusiasmando página a pagina, só interrompi para levar a cabo tarefas inadiáveis.  Curiosamente, tanto quanto me tenho apercebido, ou o pessoal da nossa Força Aérea será uma exceção neste contexto ou sou eu que não tenho tido a informação adequada, pois não tenho conhecimento de algo que alguém tenha publicado e a que tenha sido dada a devida relevância. Ora, meu general, permita-me que lhe expresse a minha modesta opinião acerca da “Batalha do Quitafine”: o seu conteúdo é muito mais que uma “pedrada no charco”! É um pedregulho de toneladas num lago de imensa dimensão! Acho que V. Exª está de parabéns, não só pela narrativa precisa e técnica como descreve o conflito em que foi ator dinâmico e preponderante, mas também pelo modo desassombrado como via (vê) toda a envolvência do mesmo, desde os seus primórdios até ao seu término.  Por certo, já lhe estarão a chegar ecos, e nem todos lisonjeiros, pelas “feridas” em que foi tocando mas, para mim, isso ainda trás mais valor à obra e ao seu autor, porque, concordando-se ou não com as convicções do Senhor General sobre a descolonização, acho que já se passou demasiado tempo sem se fazer a sua análise realística e desapaixonada, só para não se sair do limbo do “politicamente correto”, apanágio de umas quantas ”virgens políticas”, para as quais só existem as suas verdades. Parabéns, meu general! Espero que a “Batalha do Quitafine” seja lida por muita gente (eu vou fazendo a divulgação boca a boca) e ainda o prenúncio de outras obras que continuem a relatar o verdadeiro protagonismo que a nossa FAP teve naqueles 13 anos de guerra".

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Não identificado:
 
“Recebi esta manhã o seu precioso livro, que esperava com a expectativa e o entusiasmo de um adolescente (tenho agora 73). Os meus agradecimentos por o senhor General José Nico ter dado à estampa tão precioso contributo, tanto mais que não há muitos autores da nossa Força Aérea a escrever.”

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Mecânico dos G-91em Bissalanca: 

“O seu livro é tecnicamente uma obra de arte, ao nível do melhor que tenho visto e o seu valor material vai muito para além do valor pedido.  Conhecendo-o relativamente bem, confesso que não estou surpreendido com o seu conteúdo filosófico, e tão pouco com a sua neutralidade dogmática. Quem luta e defende uma nação, está tudo menos preocupado com dogmas ideológicos.” 

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Engenheiro de Aeródromos da Força Aérea Ref: 
 
“Li o seu livro de um fôlego e página a página fui tropeçando em pessoal dos meus tempos na Força Aérea, vários do meu curso, e até no meu grande amigo Firmino Neves, dos Tigres de Bissalanca. Queria felicitá-lo pelo seu livro, que considero excelente. Se este livro não tivesse sido escrito, ficaria uma lacuna grave por preencher na história da Força Aérea. O livro está muito bem escrito, de forma simples e perceptível para leigos e dá uma imagem muito realista daquilo que ocorreu naqueles anos na Guiné, que foi de facto muito agreste e que exigiu de Vós o maior profissionalismo, coragem e determinação. Quando se dizia «o problema é da Força Aérea», estava-se a falar de uma mera meia dúzia de pilotos «espremidos até ao tutano». Tal como dizia Churchill « nunca tantos ficaram a dever tanto a tão poucos».”

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Prof Ensino Básico e Secundário, ex combatente na Guiné: 
 
“Quero agradecer, pelos excelentes momentos de leitura que proporcionou, excelente acervo histórico. Apresento os meus melhores cumprimentos.”

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Oficial miliciano médico da Força Aérea (69/71): 

“Acabei de ler o seu livro "a Batalha do Quitafine" e apeteceu-me felicitá-lo por várias razões. Antes de mais, é um livro muito bem escrito e que se lê sem querer interromper. Está exaustivamente documentado pelo que, além de poder ser lido como um relato de aventuras emocionante, serve igualmente de documento histórico e evoca com muito detalhe e realismo uma época cuja memória merece ser cultivada. Como se não bastasse, a apresentação gráfica é da melhor qualidade, o que torna a leitura bem mais agradável. Parabéns, portanto. Enfim, não lhe vou tirar mais tempo mas uma vez mais lhe agradeço o prazer e as recordações que o seu magnífico livro me proporcionou.”

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Oficial General da Força Aérea Ref:

“Há alguns dias que acabei de ler o seu livro e que ando para lhe dar os parabéns pelo excelente trabalho que produziu, na narração dos acontecimentos no Quitafine como na sua análise crítica e enquadramento na guerra na Guiné, e também no quadro geral das guerras "de libertação". Uma obra de referência!”

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Coronel do Exército Ref, combatente na Guiné:

“Acabei, há dias, de ler  a "A Batalha do Quitafine" de que gostei. Gostei porque estou farto do "politicamente correto" e gostei por saber que não fui só eu que acreditou que Portugal, como exemplo para o Mundo, podia ter sido uma Pátria multirracial, multicultural e multicontinental. Não foi assim e o que foi está à vista. Esse  sonho foi destruído e agora está em marcha a destruição da sua História. Os netos dos nossos netos já não saberão que houve um Infante D. Henrique, um Vasco da Gama, um Fernão de Magalhães ou um Camões. Conhecerão nomes vindos de outras paragens. Às vezes pergunto-me como viveria hoje o povo de Angola e, por arrastamento, os de Moçambique, Guiné, se tivessem continuado a fazer parte de um todo português ou até mesmo se se tivessem tornado independentes com todos os seus cidadãos, pretos, brancos e mestiços. Sobre a Batalha do Quitafine propriamente dita, confesso que, provavelmente, como a generalidade dos militares do Exército, o meu conhecimento da actuação da FA, apesar de ter ouvido dizer que faziam ataques a AAA localizadas no Sul, era o que sentia directamente: apoio de fogo directo às operações terrestres; evacuações; reconhecimentos;  transporte de pessoal, reabastecimentos e CORREIO. E era muito e muito importante.”

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Oficial General da Força Aérea Ref:
 
“Recebi ontem o livro e hoje já estou a chegar ao fim numa leitura ininterrupta que o enorme interesse do mesmo me despertou. Não admira que assim seja, afinal foi a nossa geração que deu o seu melhor por uma causa para nós plenamente justa que defendemos sabendo o que estávamos a fazer, com entusiasmo, noção do dever e sacrifício pessoal, para muitos mesmo o supremo sacrifício como o do meu chefe de curso da  Força Aérea e meu amigo Brito. Orgulhosamente sós, sem dúvida, mas resta acrescentar, que sós por não alinharmos nos "ventos da história" frase típica inventada por um prepotente famoso que encabeçou uma nação nossa aliada mas cuja aliança foi sempre "single sided" e não para o nosso lado, acompanhada por outra nação que se arvora em defensora da independência dos povos esquecendo que a sua génese radica exactamente na ocupação pela força de um continente e genocídio dos seus indígenas. E tudo pela ganância do domínio mundial em confronto entre o leste e o oeste. Os meus sinceros parabéns por um documento histórico descrito com realismo, verdade e sem a preocupação ridícula que, infelizmente, já contagiou alguns dos nossos camaradas, do abominável "politicamente correcto!”

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Especialista da FA, filho de combatente na Guiné: 
 
“Já recebi o seu livro, que muito agradeço.  Excelente, excelente, excelente.  Com emoção, li algumas passagens com meu Pai, o qual revisitou alguns dos lugares geográficos e psicológicos da Guiné-Bissau onde esteve entre 1963 e 1965. As descrições do clima singular e exigente, tiveram nele eco.  Obrigado, Senhor General pela publicação deste testemunho político-histórico-militar, tão importante também para a minha geração, a dos filhos dos Combatentes. Tenho 50 anos e é muito importante para mim, o conhecimento da vossa experiência de guerra.” 

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Oficial piloto aviador Ref, comandante de linha aérea: 
 
“Acabei há dias de ler o seu magnífico livro. Há muito tempo que não me acontecia ter um livro de que não se consegue interromper a leitura, o que me custou algumas noites de apagar a luz às quatro da manhã!
O livro está interessantíssimo, com a contextualização geopolítica que foi dando ao longo da narrativa, que muito me fez aprender sobre a situação do nosso país na cena internacional da época.
Se me permite, a qualidade da composição, ordenamento da informação e a edição estão excelentes, prendendo o leitor da primeira à última página. De um ponto de vista mais pessoal, não só o facto de também ter voado o G-91, como o de conhecer pessoalmente algumas das pessoas mencionadas, foram também factores que me prenderam bastante.  Quero dar-lhe os meus parabéns pelo excelente livro, fundamental na clarificação e divulgação dos factos ocorridos, bem como a preservação para memória futura da contribuição da história da FAP na Guerra de África.
Também, agradecer-lhe os momentos de prazer que a leitura da Batalha do Quitafine me proporcionou, foi um enorme gosto.” 


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Oficial General da Força Aérea Ref:

“Acabei a leitura da “Batalha do Quitafine” e não posso deixar de lhe transmitir o enorme prazer e a extraordinária impressão com que fiquei do que li. Gostava de lhe dar os meus parabéns por esta obra, pela coragem do que foi dizendo ao longo do texto, e pelo trabalho de pesquisa que transpira em todas as páginas. A forma como transmitiu a contextualização política no âmbito das relações internacionais, e a forma como de forma convicta exprime em liberdade as suas opiniões foram muito apreciadas, dizendo que faz falta na democracia portuguesa estas opiniões sinceras e de elevado valor humanístico que infelizmente foram ideais subvertidos á lógica da corrente do tempo e das ideologias de esquerda. Muito obrigado por esta obra, que é de valor incalculável, e muitos parabéns pelo valor histórico, literário e patriótico da mesma.”

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Docente Universitário: 
 
“Recebi hoje o livro, muito obrigado. Queria dar-lhe os parabéns pela qualidade do livro, logicamente que ainda não o li mas estive a folheá-lo e fiquei surpreendido pela sua qualidade, tanto do papel como das imagens e da própria impressão! A mistura de fotografias com imagens 3D a recriar muitos dos aviões envolvidos dá uma nova dimensão ao livro! São 25€ muito bem empregues!”

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Alferes miliciano piloto de AL III na Guiné: 
 
“Gostei bastante de ler e reler, o livro, muito bem documentado , A Batalha do Quitafine. Só um historiador, um bom historiador, poderia descrever tal situação. Como fiz parte dos aviadores que nela participaram, mais prazer deu a leitura. Foi uma operação (Op Vulcano) que de tempos a tempo recordo, por um motivo: a quem contava ter estado a umas centenas de metros de antiaéreas, protegido por palmeiras, reclamar os homens que não encontrava, por terem sido já evacuados, e regressar sem ninguém (para Catió), era uma história pouco credível. Agora, se for o caso, poderei com propriedade contar o "impossível". Mais uma vez, obrigado pelo livro, e pelos momentos bons que recordei.”

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Combatente do Exército, Furriel Miliciano de Artilharia na Guiné: 
 
“Com os meus melhores cumprimentos, quero felicitar a magnífica Obra em epígrafe, feita com a frontalidade que nos habituou nos convívios, da Magnífica Tabanca da Linha. Tenho lido vários livros sobre a Guerra na Guiné todos eles, uns mais que outros, relatando os dissabores de um Combatente, salvo o livro A Guerra da Bolanha do Francisco H. da Silva que foi mais além. Mas nenhum deles foi tão crítico ao Sistema que estava montado contra Portugal, nem mordaz, como o Senhor General De Abril de 1968 a Junho de 1969, estive em Cameconde/Cacine e passados 52 anos fiquei a saber o porquê das flagelações feitas pela FAP, cujos rebentamentos eram ouvidos em Cameconde que era sobrevoada pelos aviões que abanavam as asas na sua passagem, devolvendo os nossos acenos,(braços e quicos no ar). Era gratificante e moralizador. Entretanto os ditos Cavalos de Tróia divulgavam com ênfase os vossos desaires, sobretudo da operação Vulcano. Felizmente o seu livro caro General, Piloto Aviador acertou em cheio em todos os Cavalos de Tróia, que teimam a deturpar o nosso passado, GLORIOSO, até ao 25A. No programa do Joaquim Furtado na RTP 1 dos poucos oficiais ouvidos, (portugueses) nem um mencionou a Invasão dos Cubanos, Senegaleses, e outros. Durante muito tempo chorei a ver as reportagens da entrega sem Honra da Guiné onde passei 27 meses. Como Veterano da Guerra do Ultramar, quero agradecer, Meu General, por me ter devolvido a Honra de ter sido um Soldado Português que só quis defender A Pátria, apesar de a sua terra Goa, ter sido invadida pelos Indianos (militares) que sempre respeitaram os Portugueses.”

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Oficial General da Força Aérea Ref: 
 
“Li (e reli) avidamente A Batalha do Quitafine, um verdadeiro compêndio de contraguerrilha com quase quatrocentas páginas, obra que, pelo seu interesse e importância, merece ser apreciada pelos portugueses, muito em especial pelos que passaram pela guerra do Ultramar, contemporâneos ou não com as acções descritas de modo tão real e com verdadeiro "cunho didático", como é característico do autor. Julgo até, que lhe caberia "tratamento" de destaque no Ensino Superior Militar! Parabéns, meu General, pela forma apaixonante e realista com que nos presenteou com a descrição de dados sobre operações militares importantes aos quais, de outra forma, não teríamos acesso.”

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Oficial piloto aviador Ref, Comandante de linha aérea Ref: 
 
"Estive a ler o teu livro. É o melhor de todos os que saíram até hoje recordando tempos de glória que não voltam mais. Duma ponta a outra cativa o interesse tanto no poder descritivo como na apresentação gráfica colocando o leitor no âmago do conflito. Refere com mestria a génese das guerras de libertação e de todos os interesses instalados na casa mãe, a ONU e nas suas sinistras ligações. Embora a minha guerra tenha sido diferente, inseriu-se no mesmo contexto mundial e só a dimensão territorial, os países fronteiriços e os naturais dos territórios considerados, fizeram a diferença nos três teatros de operações. O resto mas o mais importante, são os factores externos por ti tão bem considerados. Não me cabe aqui tocar neles nem lembrar a insignificância da nossa dimensão. Lembro-me sempre da “Portuguesa” e do seu significado na revolta do povo contra o que consideram o nosso mais antigo aliado. E com amigos destes que dizer dos outros a quem nada nos ligava ou de cujos interesses, a dimensão nacional nada podia contra? É como na natureza e na história dos povos. Vencem os mais fortes, queixam-se os mais fracos e, ai dos vencidos.  O teu livro tem outras noções e valores e desperta em nós não só a realidade do que foi a guerra do ultramar mas e principalmente com o que pudemos contar, ou não, durante tantos anos de confrontos.  Chama as coisa pelos nomes, aponta os culpados e descreve as imensas dificuldades glorificando os abnegados intervenientes. São memórias que mantêm vivos todos aqueles heróis.  Costuma dizer-se que morremos duas vezes. Uma quando o coração deixa de bater e a outra quando deixam de se lembrar de nós. Tu não os deixas morrer! Este livro chama-nos à atenção de que é preciso contar o que vivemos e o que passámos antes que outros o continuem a fazer por nós".

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O livro pode ser pedido para o endereço: batalhadoquitafine@sapo.pt
Custo: 20,00€ mais 5€ de portes de correio
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Nota do editor

Vd. poste de 23 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21003: Agenda cultural (748): "A Batalha do Quitafine", de José Francisco Nico, Ten-General PilAv. O livro pode ser adquirido através do endereço "batalhadoquitafine@sapo.pt" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)

Último poste da série de 12 DE JUNHO DE 2019 > Guiné 61/74 - P19886: Bibliografia de uma guerra (96): "Capital Mueda", por Jorge Ribeiro; Unicepe (Mário Beja Santos)

sábado, 30 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P21023: Notas de leitura (1286): "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas", edição que acaba de sair do antigo ten pilav José Nico, BA 12, Bissalanca, 1968/70

Capa do livro do ten gen pilav ref José Francisco Nico, "A batalha do Quitafaine" (Lisboa, edição de autor, 2020, 384 pp) (*).  Profusamente ilustrado, com 88 fotografias e 42 infografias / mapas. O livro pode ser adquirido através do seguinte endereço de email: batalhadoquitafine@sapo.pt . Preço de capa: 20 € (portes de correio registado: 5 €).



1. Mensagem de José Matos, com data de hoje, às 3:20:


Olá, Luís

Mando-te um pequeno review do livro do Nico que saiu esta semana e que já tenho em mãos. Quando puderes publica.
Ab


2. Nota de leitura, por José Matos:

A Batalha do Quitafine

O livro que o TGen José Nico  [José Francisco Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70] (**) acabou de lançar sobre a batalha do Quitafine na Guiné é uma obra de grande interesse para quem quiser conhecer de viva voz o relato de um operacional que esteve diretamente envolvido na guerra
contra as antiaéreas que se travou naquela região da Guiné entre 1967 e 1970.

Antigo piloto de Fiat G.91 participou em várias das operações que a Força Aérea levou a cabo para desarticular o dispositivo antiaéreo que o PAIGC instalou naquela zona. Lendo o livro podemos perceber as táticas que foram usadas, os meios aéreos e as dificuldades enfrentadas.

O livro é ricamente ilustrado não só por fotos, como também por mapas e esquemas e outras ilustrações elaboradas por Paulo Alegria, um ilustrador conhecido na área, que tornam o livro muito mais interessante e permitem perceber como as operações eram executadas. 

Em suma, o autor relata como é que os pilotos portugueses conseguiram eliminar sistematicamente o armamento antiaéreo do PAIGC, tornando os guerrilheiros incapazes de restringir a liberdade de acção dos meios aéreos portugueses e esse foi o resultado final da batalha do Quitafine. 

Parece-me evidente que este livro vai tornar-se numa referência para quem quiser analisar o papel da Força Aérea no combate à guerrilha do PAIGC no período em que o autor esteve na Guiné. (***)

Como se trata de uma edição de autor os pedidos para a compra desta obra devem ser feitos diretamente para o seguinte mail:

batalhadoquitafine@sapo.pt
José Matos

[Investigador independente em História Militar, tem feito pesquisas sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial portuguesa, principalmente na Guiné. É colaborador regular em revistas europeias de aviação militar e de temas navais. Colaborou nos livros “A Força Aérea no Fim do Império” (Lisboa, Âncora Editora, 2018) e "A Guerra e as Guerras Coloniais na África Subsariana" (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019). É autor, com Luís Barroso, do livro, a sair brevemente, "Nos meandros da guerra: o Estado Novo e a África do Sul na defesa da Guiné" (Lisboa, Editora Caleidoscópio, 2020). É membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de setembro de 2015, tendo cerca de 3 dezenas e meia de referências no nosso blogue]

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Notas do editor:

(**) Embora não sendo formalmente membro da nossa Tabanca Grande (, embora se mantenha de pé o convite do nosso editor), o ten gen ref José Nico tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue, e temos convivido, com alguma regularidade,  no âmbito da Tabanca da Linha... Vd. aqui alguns postes, da sua autoria:

sábado, 23 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P21003: Agenda cultural (748): "A Batalha do Quitafine", de José Francisco Nico, Ten-General PilAv. O livro pode ser adquirido através do endereço "batalhadoquitafine@sapo.pt" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69):

Caros amigos e camaradas.

Acabou de ser publicado o livro "A Batalha do Quitafine". da  autoria do Tenenente General Piloto / Aviador José Francisco Fernando Nico, com quem convivi em perfeita simbiose na Guiné - Bissau entre 1967 e 1969. Eu,  Especialista MMA, ele, Piloto/Aviador, na "Esquadra de Tigres", Fiats G-91.

O livro, ilustrado com fotos e grafismos, relata episódios históricos sobre a Guerra em que muitos de nós fomos intérpretes na então Província da Guiné.

Este é um contexto em que a Força Aérea estava orfã: o seu desempenho em combate no âmbito da missão primária, ou seja na defesa do espaço aéreo da Guiné.

Este é o tema desenvolvido que tem um enquadramento claramente incómodo e desalinhado com os "fazedores da história", sem rodeios e sem molduras.

O General Nico oniciou a sua carreira como cadete na Academia Militar em 1960, sendo brevetado em 1964, após 3 anos de tirocínio...

Voou depois em Tiger Moth, Piper Cub, Chipmunk, C-45, Broussard, Alouette III, Puma SA 330, DO27, T6, T-33, T-37, F-86, Fiat G-91, DC-6, C-130H e Boeing 707.

Dedicou toda a sua vida ao ideal da Força Aérea e cumpriu uma comissão de serviço na Guiné entre 1967 e 1970.

O então Tenente Piloto / Aviador José Nico era um Oficial rigoroso e dedicado.

Em combate, mostrou sempre bravura, coragem e serenidade, apesar do perigo constante da reacção do inimigo; tudo isto, aliado ao seu porte correcto e disciplinado... actuou em missões de reconhecimento fotográfico e visual, bombardeamento, apoio de fogo e escolta de protecção às nossas tropas de superfície e da Marinha.

Este livro é um documento histórico de uma grande riqueza analítica, que relata sem subterfúgios um pedaço indelével das nossas vidas.

Pode ser adquirido através do mail publicado no "flyer" que publico em anexo.

Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20910: Agenda cultural (747): "Voando sobre um ninho de Strelas", de António Martins de Matos: 2ª edição, revista e aumentada (Lisboa, Sítio do Livro, 2020, 456 pp.)

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18922: FAP (111): A Força Aérea Portuguesa e os incendios florestais (José Nico, TGen PilAv Ref / Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

Reabastecimento do C-130 H da FAP
Foto: João Girão/Global Imagens/Arquivo, com a devida vénia


1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69), com data de 6 de Junho de 2018:

Hoje, em que os fogos Florestais estão permanentemente na ordem do dia, ocupando noticiários televisivos e acesas discussões e debates em regime de exclusividade, penso que não será desajustado esclarecer algumas mentes sobre o tão propalado uso do Avião C-130 H da nossa Força Aérea no combate a incêndios florestais.

Esclareço que este artigo foi elaborado pelo Gen. Pil./Av. José Nico que foi também Comandante destas aeronaves e nos diz o seguinte:


Já não estava a voar os C-130H quando a operação MAFFs teve início. No entanto fui dos primeiros a ter contacto com o sistema porque em 1980 ou 1981 fizemos um "squadron exchange" com os C-130 italianos que estavam baseados em Pisa. 
Levava a incumbência de pedir uma demonstração do funcionamento do MAFFS que os italianos já possuíam. Não foram capazes de fazer a demonstração mas mostraram o equipamento.

Deixei a operação C-130H em 1982, no entanto a minha opinião sobre a utilização dos C-130 no CI é basicamente a seguinte:
 

1. Num combate a um incêndio com meios aéreos é muito importante a quantidade de água que a aeronave consegue transportar mas ainda mais importante é a frequência da rotação. É necessário que o tempo entre descargas seja o mais curto possível. 
No caso do C-130, porque só tínhamos uma aeronave em alerta, o intervalo entre descargas era muito grande e, grosso modo, devia ser cerca de uma hora. Era preciso regressar à Base, aterrar, rolar, estacionar, parar motores, reabastecer, pôr em marcha, rolar, descolar, voar outra vez para o incêndio e fazer nova descarga. Num intervalo de tempo tão grande qualquer incêndio retomava facilmente a sua carga térmica e por isso penso que o combate se não era ineficaz, era, pelo menos muito pouco eficaz.

2. A calda retardante, que se chamava PHOSCHECK se bem me recordo, destinava-se a fazer baixar a temperatura do fogo e permitir a aproximação do pessoal que estava em terra, ou seja, pelos bombeiros. Isto pressupunha que os lançamentos da calda se fariam depois de os bombeiros terem sido posicionados nas proximidades. Ora isto raramente acontecia. O que acontecia é que os fogos se desenvolviam em zonas com relevo e sem caminhos que permitissem o acesso ao incêndio. 
Normalmente as matas iam ardendo mas os bombeiros estavam a quilómetros da linha de fogo e não conseguiam lá chegar. Chamavam então o C-130 que fazia um lançamento mas como os bombeiros não estavam lá perto para combater o fogo, este reganhava intensidade. Por sua vez o C-130 demorava muito tempo para fazer a segunda descarga e assim por diante, o que não resultava.

3. Resumindo, que eu saiba só os anfíbios CANADAIR, porque foram desenhados de propósito para combater fogos é que oferecem a resposta mais eficaz. Fazem uma descarga e vão reabastecer no lago ou albufeira mais próximos e estão de regresso ao fogo no menor espaço de tempo possível. 
Ao pé deles o C-130 com o MAFFS não vale nada.

Sobre a conversa que tem aparecido nos media quanto à utilização dos PUMA que foram abatidos, ou sobre a adaptação dos futuros KC-390, é tudo conversa de treta. Ninguém sabe do que está a falar, incluindo alguns dos meus camaradas.

José Nico

C-130 H - Carregamento do kit MAFF's
Foto: Com a devida vénia ao Blogue O Adamastor

C-130 H no combate a incêndio
Foto: Com a devida vénia a Associação Bombeiros para Sempre

C-130 H a usar Calda Retardante
Foto: Com a devida vénia ao Blogue O Adamastor

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Abraço
Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18813: FAP (110): FIAT G-91, um caça entrado ao serviço de Portugal, na guerra do ultramar, em 1965 (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18813: FAP (110): FIAT G-91, um caça entrado ao serviço de Portugal, na guerra do ultramar, em 1965 (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

Bissau, 1969 - G-91 R4, com bombas


1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69), com data de 6 de Junho de 2018:

Caro amigo Carlos

Como habitualmente, agradeço-te a publicação deste poste que considero de grande relevância para os camaradas que passaram pela Guiné. Embora de conteúdo técnico será de interesse para os camaradas e amigos terem mais e melhor percepção do protagonismo desta aeronave e de todo o pessoal que com ela lidou, Aviadores e Técnicos de manutenção.

Este é um artigo destinado a todos os que se interessam pela Aviação Militar, e muito em especial pelos Aviões de Caça antigos e que equiparam a nossa Força Aérea.
Descreve ao pormenor não só meras tecnicidades, mas também as razões porque este caça em particular foi criado, a intenção de o colocar ao serviço da NATO, e a razão por que Portugal “ganhou” a facilidade de o poder utilizar com grande êxito na guerra do Ultramar ou dita colonial.

Os detalhes técnicos do comportamento da aeronave em voo é da autoria do meu amigo e meu contemporâneo na Guiné Gen Pil/Av José Nico.

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Começaria então por dizer que o G-91 foi construído quando a guerra fria era muito quente e a possibilidade de um ataque das forças soviéticas estava sempre presente. Por isso a NATO quis equipar as forças aéreas dos aliados europeus com caça ligeiro, robusto e fiável, capaz de operar a partir de pistas improvisadas e que, além disso, introduzisse uma certa uniformidade visto que os meios que então equipavam as forças aéreas europeias primavam pela diversidade em todos os campos, desde a concepção passando pela operação e pela logística.

O G-91 nasce assim para cumprir requisitos NATO e é escolhido como o melhor entre outros projectos. Podemos assim afirmar que em 1960, para os requisitos que devia cumprir, era a melhor coisa que existia. O avião começou a ser fabricado para a RFA, Itália, Grécia e Turquia e só não teve mais compradores porque o projecto foi visto pela industria aeronáutica americana como uma grave ameaça à sua hegemonia. Foi por isso que os gregos e os turcos desistem do G-91 e aceitam em substituição os F-5 oferecidos pelos americanos. Foi a nossa sorte. E a sorte só não foi maior porque o modelo para os gregos e turcos tinha 4 metralhadoras 12,7 em vez dos dois DEFA 30mm. Embora não tenha provas documentais tudo leva crer que a NATO, dado o estado de tensão latente, entre os dois países, resolveu diminuir a letalidade dos aviões não fossem eles pegarem-se e acabarem a disparar com os DEFA uns contra os outros.

Quando tivemos de arranjar qualquer coisa para África, em 1965, os aviões que tinham sido encomendados por gregos e turcos estavam disponíveis e foi o melhor que conseguimos. Tinham apenas cinco anos e eram aviões perfeitamente actualizados para as tarefas que deviam cumprir.

 BA 12, 1967 - Linha da Frente - Esquadra de Tigres

Em operação, provou ser robusto, fiável e de simples manutenção. Tinha a velocidade que devia ter e não devia, nem era necessário ter mais. Era para voar baixo e tudo o que podia ser atacado tinha que ser adquirido visualmente. Ainda por cima o inimigo raramente andava em campo aberto e o seu ambiente preferido era a cobertura da vegetação. Portanto quem pensa que a velocidade era muito útil engana-se. No nosso caso era útil quando havia fogo antiaéreo mas nas outras situações não.

Estava equipado com um sistema de reconhecimento fotográfico do melhor que havia naquela época, associado a um gravador de voz. Aqui o que falhava não era o avião. É que para obter informações de forma sistemática por reconhecimento fotográfico são necessários muitos aviões, horas de voo e muita gente no chão a explorar os filmes (pessoal de informações especializado). Não tínhamos nada disso e por isso o reconhecimento fotográfico foi sempre uma capacidade limitada.

Estava equipado com um sistema de navegação autónomo. Naquele tempo não havia, nem sistemas de inércia, nem de GPS. Todavia o G-91 estava equipado com um radar Doppler associado a um sistema PHI, o que era um grande salto em frente neste tipo de aviões. Na prática não nos serviu de nada porque, como era um sistema de primeira geração, era muito pouco preciso. Com ele não se conseguiu chegar a nenhum cruzamento de trilhos ou outra coisa qualquer de natureza pontual. A navegação tinha que ser feita confrontando o que se estava a ver no terreno com as cartas geográficas que utilizávamos.

 Cockpit do Fiat G-91

Tinha uma cadeira de ejecção do melhor para a época. Foi a primeira em que o piloto se podia ejectar ainda no chão desde que que o avião tivesse 90 KIAS (knots indicated airspeed) de velocidade.

Resumindo, quando o recebemos o G-91 era um avião moderno e eficaz para as tarefas para que foi construído. Com o passar do tempo e o evoluir da indústria aeronáutica começaram a aparecer outros aviões melhor equipados, como é natural.

Ao fazer a análise do G-91 não podemos pôr de lado os requisitos a que devia obedecer e a tecnologia disponível. Não é razoável hoje em dia avaliarmos um avião de transporte construído nos anos cinquenta como o DC-6 com o Airbus 330 Neo.

Abraço,
Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18767: FAP (109): Testemunho sobre a minha ejecção na Guiné em 04OUT1973 (Alberto Roxo Cruz / Mário Santos)

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18742: FAP (108): Memórias sobre "Alguns dos Falcões que passaram por Monte Real em 1964/65" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69), com data de 6 de Junho de 2018:

Caro Carlos.
Daqui te envio mais uma relíquia para publicação.

Grande abraço,
Mário Santos

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Memórias sobre "Alguns dos Falcões que passaram por Monte Real em 1964/65" e muitos deles mais tarde também pela Guiné

Esta foto foi retirada de um blogue de um destes Aviadores, infelizmente já desaparecido.
Como Especialista em F-86 e Fiat G-91, na BA12 em Bissalanca e mais tarde na BA5, em Monte Real, cruzei-me pessoalmente com muitos deles. No resto fui ajudado na identificação pelo Major PilAv Alberto Roxo Cruz e pelo Coronel PilAv Vítor Silva.
Como é obvio nesta foto não cabem todos os "Falcões" até porque como todos nós, eles são de idades, incorporações e cursos diferenciados.
A intenção quando publicamos a foto no nosso Blogue foi apenas de uma singela homenagem a estes homens com quem tive a honra de servir a nossa Pátria.
Para mim, independentemente da habilidade de cada um deles a voar, conta mais o humanismo, o espírito de justiça e o avaliar sensato das situações a resolver e que tornaram alguns, verdadeiros exemplos a seguir.

De acordo com o Coronel Vítor Silva, 6 morreram a voar, e muitos outros também já não se encontram entre nós devido à lei da vida.
Que descansem em Paz!

Em pé, da esquerda para a direita:
1º Vitor Silva, 2º F. Fernandes, 3º Rui Balacó, 4º L. Quintanilha, 5º Moura Pinto, 6º Soares Moura 7º C. Araújo, 8º Firmino Neves, 9 º Menezes, 10º E. Guerra, 11º António Abrantes.

Em baixo, da esquerda para a direita:
1º Luís António, 2º Bispo, 3º Amílcar Barbosa, 4º Luís Tuna, 5º M. André, 6º Calhau, 7º Mónica, 8º José Nico, 9º Costa Joaquim.

 Vista aérea da BA 12 - Bissalanca - 1970

 BA 12 - Bissalanca - Guiné

Equipa de Fiat's G91, Guiné, 1968
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18711: FAP (107): O dia em que a Guerra na Guiné quase terminou… (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18736: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (56): Procuram-se informações sobre uma possível troca de dois pilotos portugueses, prisioneiros no Senegal, por um opositor ao governo senegalês, preso em Bissau às ordens da DGS, com intermediação de Leopold Senghor, em Junho de 1966 (Miguel Pessoa / José Nico)

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Pessoa, Cor PilAv Ref (ex-Ten PilAv, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de hoje, 11 de Junho de 2018:

Caros camaradas
Recebi da parte do General Nico, da Força Aérea, um pedido de apoio para esclarecimento de um acontecimento ocorrido na Guiné no seu tempo (em meados de 1966) e que envolveu então uma troca de prisioneiros.
Naturalmente dado reportar-se a factos anteriores à minha comissão desconheço pormenores deste assunto, pelo que reproduzo o mail que recebi, na expectativa de que exista nos arquivos do blogue alguma informação registada, ou que algum dos leitores habituais disponha de alguns dados que permitam esclarecer este episódio:

"Caro Pessoa
Tenho feito muita pesquisa no sentido de determinar quem, do PAIGC, terá sido trocado por dois pilotos nossos que tinham sido internados em Ziguinchor, no Senegal. Como tu tens muitos contactos talvez alguém tenha ouvido falar deste assunto.
Tudo se passou durante as duas últimas semanas de Junho de 1966. Por volta do dia 21JUN66 (Não há certeza da data exacta), um DO-27 com dois pilotos perdeu-se por razões meteorológicas. Estavam a voar por cima de um manto de nuvens e acabaram por se dirigir para o mar para se tentarem orientar. Depois, não reconhecendo a costa, voaram para Norte porque pensaram que podiam estar já na Guiné-Conakri.
Sem combustível acabaram por aterrar numa pequena ilhota tendo o avião ficado destruído - mas os dois pilotos sobreviveram. Antes dessa aterragem chamaram a atenção de um navio da RDA que navegava próximo e que desceu um bote para os recolher. O navio levava um piloto da barra de Dakar porque era para lá que se dirigia. Os pilotos ficaram internados à guarda da "gendarmerie" senegalesa. A DGS entrou em acção e conseguiu acertar uma troca com um (mais provável) ou dois presos que tinha em Bissau. Essa troca foi efectuada por volta do dia 1JUL1966 na fronteira de S. Domingos.

A minha pergunta é: Quem foram os presos que a DGS entregou ao Senegal? Um deles parece que se chamava Francisco. Terá sido o "Chico Té" (Francisco Mendes, que terá sido 1º ministro no tempo do Luís Cabral)? Teria estado preso em Bissau e sido solto nessa data? Ou será(ão) outro(s) indivíduo(s)?
Vê se descobres alguém que possa saber alguma coisa ou dar algum palpite pf.
Abraço
J. Nico"

Posteriormente recebi do General Nico um segundo mail em que me é fornecida informação complementar, e que reproduzo igualmente:

"Pessoa
Mais uns elementos acabados de conseguir. Está provado que quem assumiu a detenção dos pilotos foram as autoridade senegalesas, e o próprio presidente Senghor não só estava informado como se envolveu no assunto.
Agora tudo indica que o PAIGC não foi tido nem achado sobre este problema. Isto justifica uma hipótese que me foi sugerida por quem participou no planeamento da troca, por parte da FAP, de que os pilotos foram trocados por um único indivíduo, que estava preso em Bissau à guarda da DGS, e que era um senegalês ferrenho opositor do governo do Senegal. Na altura correu até a ideia de que os senegaleses estavam muito interessados na troca, o que é verdade, e que este indivíduo poderia ser liquidado a seguir à troca.
Portanto a questão continua em aberto: quem foi o indivíduo trocado pelos dois pilotos? Já existe também mais um dado que é o da data provável da troca que terá sido por volta do dia 2JUL1966. Abraço
J. Nico"

Agradeço qualquer informação que possa ser prestada sobre esta matéria.

Um abraço.
Miguel Pessoa

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Em tempo:

2. Recebemos no dia 13 de Junho, do nosso camarada Miguel Pessoa, a seguinte mensagem: 

Caros camaradas
Mais alguma informação que acabei de receber da parte do Gen. Nico sobre a troca de prisioneiros efectuada em 1966:

Acabo de receber elementos de um dos pilotos envolvidos no episódio, que ele foi desencantar no "sótão" da casa dele. São duas notícias que apareceram no Diário Popular e ainda alguns dados da caderneta de voo. As notícias vão em anexo e a informação que me foi facultada reza assim:

"Envio-te no anexo duas notícias publicadas no Diário Popular sendo uma de 22 de Julho e a outra de 28 de Julho. Tenho dúvidas quanto à data aposta na primeira, pois nesse dia tenho dois voos registados na caderneta, em T6 ("ATAP-LOCAL" e "DESP Bissau-FARIM). Desde o dia 23 de Julho até ao dia 3 de Agosto não consta qualquer registo. No dia 4 de Agosto tenho o registo de um voo no ALIII - 9275, "DESP (Varela-ZO-Bissau) o que corresponderá ao regresso a Bissau."

Além das ilações mais óbvias parece-me que a libertação dos pilotos foi anunciada pelo Senegal no dia 28 de Julho mas depois ainda passaram alguns dias até à troca na fronteira que só terá ocorrido a 4 de Agosto. Sobre o dia do acidente estou em crer que os voos registados no dia 22JUL terão ocorrido no dia anterior e foram mal registados na caderneta. Na notícia do dia 28JUL é referido que o acidente ocorreu na última sexta-feira, que foi o dia 22JUL66. Até agora a pesquisa que tinha estado a efectuar tinha-se centrado nas duas últimas semanas de Junho mas agora está claro que tudo terá ocorrido entre 23 de Julho e 4 de Agosto. 
J. Nico"



Mas parece-me que não vai ser tarefa fácil encontrar dados novos sobre este episódio...

Abraço.
Miguel Pessoa
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18590: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (55): Explicar a guerra colonial e o 25 de Abril aos alunos do 12º ano, da escola secundária Miguel Torga, Massamá (Jorge Araújo)

terça-feira, 29 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18690: FAP (106): Fotos da montagem dos primeiros FIAT's G-91 R/4 destinados à Esquadra de Tigres de Bissalanca (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 23 de Maio de 2018:

Caros amigos e camaradas.
Estas são algumas das fotos de montagem em 1965 dos primeiros Fiat`s G-91 R/4 que iriam constituir a famosa “Esquadra de Tigres de Bissalanca” onde voaram alguns dos nossos Magnificos Tabanqueiros como José Fernandes Nico, António Martins Matos, e Miguel Pessoa.

Estas foram as primeiras cores onde em fundo cinzento escuro sobressairiam a Cabeça de Tigre e na entrada de ar do reactor uma Boca de Tubarão.
Sem ser uma máquina excepcional, equipada com um motor Bristol Siddeley Orpheus 803 turbojet, 22.2 kN (5,000 lbf) e com uma autonomia de apenas 1150 Km não era o ideal de que necessitávamos, tendo em conta que tínhamos de cobrir toda a área Guineense somente a partir de uma única Base em Bissalanca.
Aqui ficam as fotografias para vosso conhecimento. Envio em anexo.

Abraço
Mário Santos








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Nota do editor

Último poste da série de 18 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18648: FAP (105): 28 de julho de 1968, o dia em que o Fiat G-91, nº 5411, pilotado pelo ten cor Francisco Dias Costa Gomes, foi abatido sob os céus de Gandembel, por fogo de AA (Antiaérea)

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18648: FAP (105): 28 de julho de 1968, o dia em que o Fiat G-91, nº 5411, pilotado pelo ten cor Francisco Dias Costa Gomes, foi abatido sob os céus de Gandembel, por fogo de AA (Antiaérea)


Guiné > Bissalanca > BA 12 > 1968 > O Fiat G-91 R4, nº 5411, uns dias antes de ser abatido (em 28 de julho de 1968). No cockpit, o cap piloto aviador José Nico

Foto (e legenda): © Mário Santos (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Mário Santos (ex-1.º  cabo especialista MMA da BA 12, 1967/69), membro nº 772 da Tabanca Grande, com data de 13 de maio último,  ao poste P18626 (*):

Caros amigos e camaradas: 

Apenas uma pequena correcção que se impõe: O 1º Fiat G-91 R4 foi o 5411, abatido por fogo de Anti-Aérea no dia 28 de Julho de 1968,  levando no cockpitt o nosso Comandante de Grupo Operacional Ten-Cor Costa Gomes, após ter dido atingido junto a Gandembel. Ejectou-se e fugiu por entre a mata até alcançar o aquartelamento de Gandembel. (**)

Tenho no meu espólio a foto dessa aeronave, pouco antes de ter sido atingida, uma vez que era eu que estava encarregado dela nesse longínquo dia de 1968.

Não a consigo colocar aqui, uma vez que esta zona apenas permite escritos em texto.


2. Mensagem, por email, do Mário Santos, nesse mesmo dia:

Meu caro Luís Graça:

Longe de mim qualquer idéia de despoletar polémicas no seio do grupo. A minha colaboração e espólio é apenas relativa ao conhecimento do meu tempo na BA12 entre 67/69 [, ou seja, antes do aparecimento do Strela, em 25 de março de 1973].

Tenho a valiosa e insubstituível cooperação do meu amigo contemporâneo e camarada de armas desses conturbados tempos, gen José Nico.

Este é o sumário do que se passou naquela longínqua manhã de 28 de Julho de 1968:

Como habitualmente naquele dia saltei da cama às 05.00 da matina; tocava-me estar na equipa de alerta e a "parelha" de Fiat G-91 deveria estar pronta para descolar às 06.00.

Éramos apenas dois, eu e o Luís Tavares; todos os restantes iniciariam a actividade normal cerca das 08.00 da manhã. Afinal não; a "parelha de alerta" naquele dia não descolou cedinho…

Só cerca das 11.00 chegaram o Ten Cor Costa Gomes, Comandante do Grupo Operacional  [nº 1201] e o Capitão Fernando Vasquez, nosso Comandante de Esquadra, para voarem respectivamente o 5411 e o 5416. 
Uma hora passada, chegou a noticia de que um deles não regressaria à Base. Abatido por fogo de Anti-Aérea. na zona de Gandembel. Naquela manhã, algo tinha corrido mal…

O Ten Cor [Francisco Dias] Costa Gomes, com o seu bigodinho à Clark Gable, era um homem sisudo, vaidoso, de poucas falas,  e que nunca sorria. Não era simpático. Mesmo quando interpelado, respondia sempre com monossílabos. Mas era um bom Piloto. Tinha já passado pela BA9-Luanda onde tinha sido “alcunhado” com um curioso epíteto que nunca entendi muito bem! Não o vou dizer, por respeito à sua memória. 
Já o Capitão Vasquez [, Fernando de Jesus Vasquez,] , era o seu oposto… simples, simpático, sorridente, comunicador e um excelente Piloto. Todos gostávamos dele. Um grande Oficial General felizmente ainda entre nós!

Envio em anexo [foto d]o 5411,  nesse dia  já com o J. Nico sentado no cockpit para mais uma missão de bombardeamento… não sei em que zona, nem penso que isso seja importante. Direi apenas que esta foto foi feita poucos dias do abate deste avião. (***)

Grande abraço,
Mário Santos,
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Notas do editor:

(***) Último poste da série > 18 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18647: FAP (104): Breve Historial: Operação Atlas (Mário Santos, 1.º Cabo Especialista MMA)