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segunda-feira, 14 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22279: Notas de leitura (1361): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima; Março de 2020, Edição de Autor (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Este livro chegou-me através de um jornal de Tomar onde colaboro, é uma narrativa marcada pela ternura, pelos bons afetos gerados por aqueles jovens que no auge da II Guerra Mundial arribaram numa cultura que os deve ter surpreendido pelas afinidades existentes com a nossa como pelo abismo das diferenças. Face ao contexto em que operaram estas Forças Expedicionárias, o autor é meticuloso a despeito de dizer sempre que não está a fazer historiografia, socorre-se de um acervo fotográfico impressionante, e aí entra o nosso blogue, o Luís Graça mimoseou-o com o acervo que dedicou à memória do seu pai, um dos atores presentes num dos períodos de calamidade mais devastadores que o arquipélago conheceu. E conta-se como as unidades militares e o corpo de profissionais de saúde tanto ajudou aquelas populações em calvário. Uma terna narrativa de cuja leitura só temos a ganhar.

Um abraço do
Mário



Forças expedicionárias em Cabo Verde (1941-1944):
Guerra não houve, a solidariedade foi grande com as horríveis secas, devastadoras


Mário Beja Santos


Adriano Miranda Lima, Coronel Reformado do Exército Português, nascido em S. Vicente de Cabo Verde, publicou em edição de autor, março de 2020, uma obra dedicada às Forças Expedicionárias que de 1941 a 1944 cumpriram missão em Cabo Verde, sob o espetro de uma invasão num ponto geoestratégico de grande importância para o Eixo e para os Aliados. (*)

O seu trabalho é dedicado à memória dos 24.473 cabo-verdianos que morreram por fome no arquipélago nos anos 1941, 1942 e 1943; e também à memória dos 68 militares das Forças Expedicionárias que morreram por doença e acidente, no período da II Guerra Mundial. Cabo Verde e Tomar estão no coração do autor. 

Até alguns anos atrás, principalmente soldados, cabos e furriéis tomarenses promoviam convívios para recordar aqueles tempos da sua mocidade. O Regimento de Infantaria 15 foi uma das unidades-mãe de forças militares integrantes daquela missão. 

Sendo cabo-verdiano de origem, Adriano Miranda Lima foi designado como elemento de ligação com as comissões de convívio dos antigos militares expedicionários. Não esconde a carga afetiva e emocional que envolveu o seu trabalho, dedicará parágrafos muito belos à solidariedade com os cabo-verdianos flagelados por temíveis secas. Meticuloso, exprime gratidão com quem lhe estendeu a mão para fornecer elementos. Concretamente, manifesta-se devedor ao Luís Graça e ao blogue (escreve: “Considero-o o mais completo e mais conseguido reportório nacional das memórias e experiências pessoais sobre a guerra colonial”), sobretudo graças às memórias sobre Luís Henriques, antigo expedicionário a Cabo Verde integrado no 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 5.

Começa por nos dar o quadro da decisão de Salazar e o seu governo, naquele contexto de neutralidade colaborante em mostrar às potências em conflito, tendo também presente que a Batalha do Atlântico tinha como cenário as ilhas atlânticas portuguesas, de enviar efetivos para os Açores, a Madeira e Cabo Verde. As forças mobilizadas para a Madeira foram pouco expressivas, 30 mil homens para a defesa dos Açores e mais de 5 mil homens para Cabo Verde. Estava dado o sinal de qualquer antecipação a apetências germânicas ou aos avisos norte-americanos de que aquelas ilhas de Cabo Verde podiam ter um papel crucial no desfecho da guerra.

Comprou-se material no Reino Unido (peças de artilharia, jogos para plataformas e munições respeitantes à artilharia de costa). Em 1941, foi criada na cidade de Mindelo uma Bataria de Artilharia de Costa e em fins de agosto do mesmo ano foi transferida para a mesma cidade a Sede da Repartição Militar. Mobilizaram-se várias unidades, e é assim que aparece o 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 15, foi nomeado comandante do Comando Militar de Cabo Verde o Brigadeiro Nogueira Soares, que estará no arquipélago em funções deste agosto de 1941 até dezembro de 1944. 

O autor dá-nos a relação das diferentes unidades (batalhões expedicionários, batarias de artilharia e um bom conjunto de unidades de apoio) que irão estacionar no Mindelo, em Santo Antão e na Ilha do Sal. O Batalhão Expedicionário de Infantaria 15 parte fracionado em três contingentes entre outubro de 1941 e janeiro de 1942, ficarão em Santo Antão e no Mindelo. É bem curiosa a imagem do transporte dos contingentes entre o navio Colonial e o cais de desembarque, não havia cais acostável, houve que se recorrer às enormes lanchas que eram normalmente usadas nas descargas de carvão das companhias carvoeiras.

O comandante que partiu de Tomar era o Major Nicolau de Luizi, que falecerá no ano seguinte, por doença. O material usado era predominantemente constituído por: metralhadoras de origem alemã, dinamarquesa e italiana, espingardas Mauser (de origem alemã), peças antiaéreas suecas, morteiros franceses. As Forças Expedicionárias arribam no arquipélago quando este está a ser assolado por uma prolongada estiagem, uma seca mortífera que matou aqueles milhares de pessoas, ficando por classificar os que se salvaram pelo humanitarismo de militares e unidades de saúde vindas de Portugal. Houve que instalar oficiais e sargentos em casas particulares e pensões e criar abarracamentos para as praças. No meio daquele deserto árido apareceram as habitações com arruamentos onde não faltou a graça de pôr nomes tomarenses, como Rua Direita ou Rua da Calça Perra ou Rua dos Estaus e mesmo no centro do aquartelamento a Praça da República. Importa nunca esquecer que o Coronel Adriano Miranda Lima é cabo-verdiano de nascimento, mas sente-se agora medularmente tomarense.

Adriano Miranda Lima insere um conjunto apreciável de imagens com cenas do quotidiano, mostrando instalações de artilharia, as diferentes atividades militares, o tipo de relacionamento entre militares e civis, mostra episódios de aparecimento de submarinos e até mesmo temos direito a conhecer uma cena de espionagem feita a favor dos Serviços Secretos Britânicos, os radiotelegrafistas tinham intercetado interferências, veio-se a descobrir uma antena estendida no telhado de uma casa, foram detidos um comerciante e a sua mulher, encontrou-se um moderno recetor/transmissor instalado numa mala.

Como é evidente, o armamento disponível pelas Forças Expedicionárias não daria para resistir a um ataque vindo de cruzadores de batalha ou couraçados, completamente desigual o armamento utilizado pelas forças navais alemães, pelo menos até 1942. Descreve-se o plano de defesa para as diferentes unidades estabelecido pelo subsecretário de Estado Santos Costa e posto em prática pelo comando das Forças Expedicionárias. Dá-se realce ao papel desempenhado pelas transmissões e fica-se a saber que no final da guerra alguns dos radiotelegrafistas formados no Exército ficaram na corporação, mas a grande maioria foi para a Marinha Mercante Portuguesa ou para países como os EUA, o Canadá, o Reino Unido e a França.

Relevam-se efemérides, cerimónias e atividades festivas, não faltaram torneios de futebol e lembra-se que foi a comunidade inglesa de S. Vicente (pertencente às companhias carvoeiras e à exploração de Western Telegraph Company) que introduziu o futebol em S. Vicente e daqui para as outras ilhas. Lembra-se o desempenho dos profissionais de saúde, e numera-se os que faleceram por doença, caso do já referido Major Nicolau de Luizi. O autor visitou o cemitério do Mindelo onde estão campas dos seus familiares e depois dirigiu-se ao talhão militar português, junta-se imagem da homenagem feita pelos Presidentes da República e Primeiros-Ministros de Portugal em 10 de junho de 2019.

Inevitavelmente, fala-se dos anos terríveis da seca e faz-se uma citação de um vendaval na Ilha do Fogo extraída do romance de Teixeira de Sousa Ilhéu de Contenda: “Quando clareou o dia, a lestada já havia amainado. Eusébio saiu a averiguar os estragos. A verdura que na véspera cobria as achadas, os cutelos, as ribeiras, transformou-se da noite para o amanhecer num emaranhado de hastes e folhas ardidas. O milheiral que tanto prometia, as faquetas arremangadas prometendo fartura, encontravam-se agora alastrados no chão, de mistura com as cordas de abobreira e caules de feijoeiro. As árvores pareciam aves depenadas, os galhos contorcendo-se de desespero. O vento leste queimara tudo. Nada, positivamente nada, restava com o viço da véspera”.

E dá-se conta do modo como se procurava ajudar os esfaimados e os doentes e se fala do comportamento exemplar do médico Baptista de Sousa, um caso excecional de solidariedade que lhe valeu um cortejo de despedida como talvez não tivesse havido igual em Cabo Verde. Com ternura se lembra os convívios dos tomarenses a que não faltou um octogenário muito dinâmico, Francisco Lopes, o Chico da Concertina. E o autor despede-se de todos estes militares cuja memória da estadia em Cabo Verde perdurou até ao fim. Uma bela narrativa de que os tomarenses se devem orgulhar, também.

O leitor interessado encontrará um apreciável número de imagens do nosso blogue, amavelmente cedidas pelo filho do primeiro cabo Luís Henriques que tão carinhosamente aqui homenageou o seu pai.

10 de junho de 2019, Homenagem aos Militares das Forças Expedicionárias Portuguesas em Cabo Verde na Segunda Guerra Mundial, Presidentes da República de Portugal e Cabo Verde e respetivos primeiros-ministros

Peças antiaéreas em Alto Bomba, São Vicente (fotografia de 1943, publicada no blogue "Luis Graça e Camaradas da Guiné")
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Notas do editor

(*) - Vd poste de 8 DE SETEMBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (756): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio

O livro pode ser adquirido através do email do Coronel Adriano Lima: limadri64@gmail.com

Último poste da série de 7 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22262: Notas de leitura (1360): "Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James; Edições Saída de Emergência, 2018 (4) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22097: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IV: Composição orgânica: na sua maioria, praças naturais da Madeira, e oficiais e sargentos do Continente

Brasão da CCAÇ 1439 (1965/67), BII 19.  Divisa: "Bravos, Avante"


1. Continuação da publicação da série CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) (*)


O João Crisóstomo é um luso-americano, natural de Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras, conhecido ativista de causas sociais, com repercussão a nível nacional e internacional: a autodeterminação de Timor Leste, as gravuras de Foz Coa ou a reabilitação da memória de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul de Bordéus em 1940 são três das mais conhecidas e bem sucedidas...

Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado, em segundas núpcias, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracun].

Tem cerca de 135 referências no nosso blogue.


CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): a “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque)

Parte IV: Composição orgânica | Louvores e condecorações


 

Reprodução das páginas 1 a 5 do cap I da História da Unidade. CCAÇ 1439, Enxalé, 1965/67, incluindo a sua composição orgânica


Louvores e condecorações

Li algures comentários que a CCaç 1439, em comparação com outras, parece ter "recebido muitas medalhas”. Não sei da validade ou não da crítica, e não tenho dúvidas de outros terão merecido igual e melhor. E é pena que reconhecimentos que são devidos, não tenham sido feitos. Isso não quer dizer que os recipientes da CCaç 1439 mereceram menos por isso as medalhas e reconhecimentos que lhes foram feitos. A verdade é que esta companhia era/foi na verdade um grupo de gente extraordinariamente corajosa e abnegada, como eu pessoalmente verifiquei durante todo o tempo em que tive privilégio de fazer parte deste grupo.

A atribuição de medalhas feita,  embora represente sem dúvida o muito valor dos que foram agraciados, até está longe de ser perfeita ou "completa”. Muitos outros mereciam igual distinção, talvez melhor; e por vezes por uma razão ou outra nunca foram reconhecidos. Também desta realidade fui e sou testemunha e cheguei mesmo a fazer sugestões nesse sentido, mas, salvo um único caso não fui suficientemente convincente.

A informação que se segue foi resultado de trabalho e investigação feita por José Martins (Post 20057 de 14 de Agosto de 2019) a quem, com a devida vénia, peço autorização para “copiar’ a informação que passo a descrever:

MAMADU JALO, Soldado de Infantaria de 2a classe nº 925/64
CC 1439/Batalhão de de Caçadores nº 697 - RI 15 GUINÉ
Grau Cobre, com palma

NAUSER SANA, Caçador Auxiliar
Medalha da Cruz de Guerra 4a classe

BRAMA LAI, Xime (civil contratado )
Medalha 4a classe

ADÃO CANALA, Xime, Caçador Nativo
Medalha de 1ª classe

ANTÓNIO NUNES LOPES,  Furriel Miliciano de Infantaria -
CC nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE

JOAO FRANCISCO CRISOSTOMO, Alferes Miliciano de Infantaria
CC nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE

AMÂNDIO MANUEL PIRES, Capitão Miliciano de Infantaria
CC nº 1439 - BII 19 – 2ª CLASSE

LUIS MANUEL ZAGALO DE MATOS, Alferes Miliciano de Infantaria
CC nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE

JOÃO FERNANDES BARRADAS, 1º Cabo de Infantaria, n º 584/65
CC nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - BII 19 4ª CLASSE

FERNANDO MACEDO RODRIGUES , Soldado de Infantaria, nº 9244165
CC nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE

AGOSTINHO DA TRINDADE BAPTISTA, Soldado de Infantaria, nº 7158865
CC nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE

MANUEL EUSÉBIO NASCIMENTO FERNANDES, Soldado cozinheiro, nº 3715565
CC nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE

SORI BALDÉ, 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64
CTIG - 4º CLASSE

QUEMÁ NANQUI - Civil, Caçador Nativo
CTIG - 4ª CLASSE

QUEBÁ SONCO, (Filho do Régulo de Missirá)
Caçador Nativo - - Civil - CTIG - 4ª CLASSE

JULIO MARTINS PEREIRA, Soldado Telefonista nº 2652365
CC nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE

ANTÓNIO DOS SANTOS CAMPOS, Soldado Condutor Auto nº 5406064
CC nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE

FRANCISCO PINHO DA COSTA, Alferes Miliciano Médico
CC nº 1439 - BII 19 – 3ª

(Continua)
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Nota do editor:

(*) Postes anteriores da série



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21946: Da Suécia com saudade (87): Filhos de portugueses mas... desconhecidos em Portugal - Parte I: o grande romancista John dos Passos, com costela madeirense (1896-1970) (José Belo)





John [Rodrigo] Dos Passos, o grande escritor norte-americano, com costela madeirense (1896 - 1970), autor da clássica trilogua "USA", escrita entre 1930 e 1936 (, mais tarde,traduzida para português por Hélder de Macedo, e publicada, em Portugal, pela Portugal Editora em 1946: Paralelo 42 (413 pp.),1919 (463 pp) e Dinheiro Graúdo (574 pp.)... A trilogia "USA" foi consuderada como um dos 100 melhores romances, escritos em inglês, do séc. XX. (LG)

Imagens cedidas por José Belo (2021)


1. Mensagem de José Belo (, o  representante da Tabanca Grandenno Círculo Polar Ártico):

Data:  19 feb. 2021 kl 13:29
Assunto: Filhos de portugueses mas...desconhecidos em Portugal!
 

Quando estudei nos States fui surpreendido pelo desconhecimento em Portugal de alguns descendentes de portugueses por lá famosos.

A um nível intelectual muito elevado existiu, por exemplo ,o JOHN RODRIGO DOS PASSOS, conhecido nos meios culturais Norte-Americanos como John D'os Passos.

Nasceu em 14 Janeiro de 1896 em Chicago/Illinois e faleceu a 28 de Setembro de 1970 em Baltimore/Maryland.

Filho de um rico advogado,  de origem portuguesa,graduou-se na Universidade de Harvard em 1916.

Serviu como condutor de ambulâncias na Primeira Guerra Mundial e, em resultado das suas experiências,  escreveu em 1921 um amargo romance contra a guerra intitulado"Os 3 Soldados".

No pós-guerra viajou,como correspondente de imprensa. Esteve em Espanha e outros países europeus adquirindo entäo um forte sentido histórico de observacäo social. Foi um período que acentuou algumas das suas simpatias radicais.

Com o passar dos anos, gradualmente,o seu subjectivismo tornou-se num realismo objectivo mais vasto e abrangedor.

Considerado um dos maiores novelistas da "Geracäo Perdida" do pós guerra norte-americano, a sua reputacäo como historiador social e crítico da "qualidade da vida" americana surge com o best-seller que foi a sua trilogia -"U.S.A".

Nesta trilogia é posto em destaque a imagem dos Estados Unidos como sendo realmente duas nacöes. Uma de ricos e privilegiados, e outra ,a dos pobres, sem qualquer poder e representacäo política.

Foi uma muito importante e divulgada obra literária que espelhava toda uma época.

Depois de alguns outros romances e intervencöes em acontecimentos políticos da época,  escreveu uma nova trilogia em 1939, 1943 e 1949  "District of Columbia",ainda que menos ambiciosa que a anterior.

Nesta verifica-se a sua desilusäo com os movimentos laborais norte-americanos, com as políticas radicais na generalidade, e o liberalismo característico do modelo político do "New Deal".

Näo será de estranhar que o governo da ditadura portuguesa não se sentísse "confortável" em divulgar este intelectual que era um forte crítico das ditaduras Ibéricas.

É, no entanto, de lamentar que o Portugal democrático posterior não tenha divulgado a trilogia "USA", como seria merecido.
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Notas do editor:

Último poste da série > 18 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21917: Da Suécia com saudade (86): Portugueses ilustres que aqui viveram...antes de mim: 1º Visconde Soto Maior (Rio de Janeiro, 1813 -Estocolmo, 1893) (José Belo)

sábado, 9 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21753: Manuscrito(s) (Luís Graça) (196): Parabéns, Cristina Silva, filha do Jacinto Cristina, um dos bravos da Ponte Caium... Que as filhas dos nossos camaradas, também nossas filhas são...

 

Ferreira do Alentejo > c. 1973 > Cristina Silva, quando pequenina, folheando o álbum fotográfico do seu pai. Jacinto Cristina, na altura um dos bravosque guardava a Ponte de Caium... 

Como eu costumo lembrar, o  Jacinto Cristina (Sold At Inf, CCAÇ 3546, 1972/74), membro da nossa Tabanca Grande, industrial de panificação, reformado, a viver em Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, foi, como muitos de n+os,  um "sem-abrigo na Guiné", viveu um ano e tal em cima de um tabuleiro da Ponte de Caium, com o motteiro 81, de que era municiador a seu lado... 

Além disso, também foi, por força da necessidade,  o padeiro do destacamento... E tinha esta menina linda à sua espera, tal como a sua Goretti (entretanto, infelizmente  falecida há mais de três anos). 

A Cristina, engenheira, mãe da Sara, esposa do meu amigo e médico do trabalho, o funchalense  dr. Rui Silva, é empresária na região autónoma da Madeira, sócia da empresa Ergoram Lda. 

Faz hoje anos. Para além de ser uma amiga de família, de há muitos anos, tem igualmente um lugar sentado, à sombra do nosso poilão. Foi uma das primeiras filhas de camaradas nossos a abrir o seu coração no nosso blogue.

 Deizei-lhe, na sua página do Facebook, estes versinhos singelos (*), com que eu e a Alice nos qusemos associar, à distância  à sua festa de aniversário. Um chicoração para ela. Um alfabravo para o nosso camarada Jacinto Cristina de quem a filha disse, aqui há uns anos atrás: "O meu pai é o meu herói" (*)



Cristina Silva, foto de perfil 
(com a devida vénia...)


Parabéns, Cristina!

A q’rida amiga Cristina,

Nascida a nove de janeiro,

Volta hoje a ser menina,

Lembra-lhe o seu companheiro.

 

Lembra-lhe o seu companheiro,

Que adora aniversários:

“Por amor, não por dinheiro,

Tornámo-nos empresários”.

 

Volta hoje a ser menina,

Com saudades do Alentejo,

“Ficaste-me na retina,

Foi aí que te roubei um beijo.”

 

Nascida a nove de janeiro,

Vive agora no Funchal:

“Quem do amor é prisioneiro,

Em parte nenhuma está mal”.

 

A q’rida amiga Cristina,

De uma princesa é mãe,

Tinha a sina de ser rainha,

… E nossa amiga também!

 

Alfragide, 9 de janeiro de 2021

Um dia feliz, e um Ano Novo melhor que o Velho

Muita saúde e longa vida,  que a Cristina merece tudo!

Alice & Luis

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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 12 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14601: Blogoterapia (269): O meu pai é o meu herói (Cristina Silva, filha do Jacinto Cristina, o "padeiro da ponte Caium", ex-sold CCAÇ 3546. Piche, 1972/74)

(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21604: Manuscrito(s) (Luís Graça) (195): In Memoriam: Eduardo Lourenço (1923-2020), pensador maior da nossa história, da nossa cultura, da nossa identidade como povo

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21579: (In)citações (172): Frei Francisco Macedo (1924-2006), um madeirense, homem de Igreja e de Cultura, profundamente ligado à história contemporânea da Guiné-Bissau (Paulo Salgado, ex-alf mil op esp, CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72)


Guiné- Bissau > Bissau > c. 2010 > Vista aérea do centro histórico: Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República, que partia da Praça do Império). Em primeiro plano, a Catedral de Bissau. 


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (*)



Paulo Salgado

1. Mensagem do Paulo Salgado [ex-Alf Mil Op Esp, CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72); transmontano de Torre de Moncorvo, administrador hospitalar reformado;  autor dos livros, "Milando ou Andanças por África", "Guiné, Crónicas de Guerra e Amor" e "7 Histórias para o Xavier"; autor também da série do nosso blogue, "Bombolom"; tem mais de um centena de referências no blogue]


Data - 27/10/2020 , 22:28
Assunto - O Padre Macedo: a memória de um franciscano, um cidadão e um clérigo exemplar.

Camaradas do Blogue,

Desejo partilhar convosco uma referência ao Padre Francisco Macedo, natural da Madeira, tendo-lhe sido prestada uma singela e sentida homenagem em 2007. Mas nunca é demais recordá-lo. 

Por esta razão, respigo, abaixo, alguns trechos da referida homenagem. Escreveu-se, bem, sobre Frei Heitor Pinto Rema (**). Permiti-me que invoque Frei Francisco Macedo.

Confesso que não conhecera o Frei Francisco Macedo, no tempo da guerra; apenas travei conhecimento com este grande cidadão e clérigo por força de duas circunstâncias felizes.

Na minha primeira ida à Guiné-Bissau, entre Novembro de 1990 e Outubro de 1992 – portanto quase dois anos, tantos quanto a tal estada entre 1970 e 1972 – fui à residência dos franciscanos para cumprimentar o Padre Sobrinho, também franciscano, irmão do Dr. Sobrinho, meu antigo professor no Colégio Campos Monteiro, em Torre de Moncorvo. Naquele momento, tive oportunidade de conhecer o Padre Macedo. Por três vezes visitei os decanos franciscanos na sua residência e havia…um sempre um Porto!

O segundo aspecto respeita ao facto de a minha filha Maria Paula (quinze anos) ter sido aluna de Português (11.º ano) do Padre Macedo. Com a temperança que se lhe reconhecia, os alunos adoravam-no. E acabavam por aprender a língua portuguesa. 

Um dia, fui buscar a Maria Paula ao fim da tarde, e o Padre Macedo chamou-me e disse: "Sabe, a sua filha é, talvez, a melhor aluna de Português que tive ao longo de mais de quarenta anos".

Claro que fiquei feliz!  (***)

Paulo Salgado 
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Frei Francisco Macedo: Homem de Igreja e de Cultura (1924-2006)  (Excertos)

Ecclesia > Abr 4, 2007 - 10:57  

Realizou-se no passado dia 1 de Abril, uma homenagem póstuma ao Fr. Francisco Macedo, no Centro Cultural John dos Passos, na Ponta do Sol, Made
ira.

Sendo o primeiro sacerdote franciscano natural da Ilha da Madeira, após a extinção das Ordens Religiosas em 1834, pretendeu-se com esta homenagem dá-lo a conhecer na sua terra natal e perpetuar a sua memória. 

Esta homenagem contou com o apoio da Câmara Municipal da Ponta do Sol e da Direcção Regional dos Assuntos Culturais. Para além dos autarcas locais, marcou ainda presença o Bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria e o Provincial dos Franciscanos, Fr. Isidro Lamelas. (...) 

Fr. Macedo nasceu na Ponta do Sol a 2 de Abril de 1924. Por influência da avó paterna, terceira franciscana, entrou para a Ordem Franciscana em 1937 (Colégio de Montariol, Braga), tendo realizado a Profissão Solene em 1946, no Convento de Varatojo, e a Ordenação Sacerdotal em 1949, no Seminário da Luz, em Lisboa. 

Após uma curta permanência na Casa de Sto. António à Sé, partiu para as missões da Guiné-Bissau em 1951. Como missionário distinguiu-se, sobretudo, como pedagogo e educador da juventude. Sendo professor do Liceu Honório Barreto, em Bissau, recebeu a mais alta distinção do país pelos bons serviços prestados ao serviço da Educação: a condecoração com a Ordem de Instrução Pública, a 4 de Fevereiro de 1968, pelas mãos do então Presidente da República, Américo Tomás. 

Em 1973 toma posse como Reitor do mesmo Liceu, na presença do então Governador da Guiné, General António Spínola, sendo reconduzido no cargo, em 1975, pelos novos dirigentes da Educação, após a independência do país. 

No ano seguinte, convidado a trabalhar no Ministério da Educação, torna-se Assessor e Conselheiro do Ministro da Educação, chefiando o Gabinete de Planeamento e Estatística, departamento central do ministério. 

Foi ainda Director do Liceu Diocesano João XXIII, desde 1983, por indicação do Bispo de Bissau, D. Septtimio Ferrazetta. (...)

Fr. Macedo dedicou-se ainda à promoção do cinema, da fotografia, do teatro e da dança. Contudo, foi na música e no canto que mais se fez sentir o seu pendor artístico.

Criou o Orfeão de Bula, com cerca de 100 vozes, executando, estes, canções em latim, a três e quatro vozes, na Catedral de Bissau, nos ofícios e cerimónias da Semana Santa.

Presidiu à Comissão Diocesana de reforma e adaptação do canto litúrgico, tendo musicado, em três livros, os salmos dominicais vertidos para o Crioulo.

Foi ainda o responsável pela encomenda do órgão de tubos da Catedral, de fabrico alemão, em 1955, por ocasião da visita do Presidente da República, Higino Craveiro Lopes, tendo composto a música e letra de um hino, para esse efeito, que ficou célebre em toda a Guiné.

Deixando de trabalhar no Ministério da Educação da Guiné, em 1989, é condecorado pelo Governo do país que o louvou, oficialmente, pela Ordem nº 1/89, do Conselho de Ministros, reconhecendo-lhe as “excepcionais qualidades reveladas no exercício das diferentes funções que lhe foram confiadas no âmbito da educação, pelos seus dotes de inteligência, capacidade de trabalho, dedicação e espírito de sacrifício do que adveio uma profícua colaboração em prol do ensino, o que é grato destacar em sinal de reconhecimento do governo e do povo guineense”.

Em 1997, regressa a Portugal, por motivos de saúde. Após algum tempo no Convento de Leiria, foi colocado no Convento de Nª. Sra. da Penha, no Funchal. 

Foi Superior da Fraternidade, Assistente da União Missionara Franciscana (UMF), Capelão do Instituto Prisional da Cancela e, sobretudo, Confessor em muitas comunidades religiosas e paróquias. Faleceu a 6 de Março de 2006. 

 
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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20344: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte I


(***) Último poste da série > 6 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21520: (In)citações (173): Muitos parabéns, Professor Jorge Cabral, meu Mestre! (Petrouska Ribeiro, Luanda)

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21385: Historiografia da presença portuguesa em África (232): "Madeira, Cabo Verde e Guiné", de João Augusto Martins; edição da Livraria de António Maria Pereira, 1891 (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos, 

Trata-se sobretudo de muita reclamação, sentenças não faltam, veja-se uma delas, entre muitas: "A decadência política é a fonte perene de todos os nossos males; é a ela que se deve a imobilidade das nossas indústrias e da nossa instrução, a estagnação das nossas colónias e o adormecimento das nossas energias como povo". Não lhe falta azedume e comentário cruel falando de Bolama e de Bissau, isto sem pôr em causa a autenticidade dos seus comentários. Intercala com observações quase luxuriosas, uma sensualidade mal contida, encontra mulheres formosas, é como as estivesse a despir de alto a baixo. 

Não deixa de ser curioso o comentário inverídico que profere acerca da superfície da colónia, estranha-se que tenha andado a demarcar fronteiras e não se tenha apercebido da quantidade de território que nos caiu no regaço depois da Convenção Luso-Francesa e onde não púnhamos os pés, a sua grande preocupação, a sua catilinária vai para Ziguinchor, tinha razão, mas em Lisboa julgava-se que esta amputação teria a contrapartida de os Franceses nos apoiarem quanto às nossas reivindicações do Mapa Cor-de-Rosa. Estávamos enganados, Londres deu ordens para abandonarmos todos aqueles territórios entre Angola e Moçambique, a França assobiou para um lado. A diplomacia está longe de favorecer os mais fracos e não é matéria para inocentes úteis ou parvos necessários.

Um abraço do
Mário


Impressões de viagem quando a Guiné já era província, com fronteiras definidas (4)

Mário Beja Santos

O livro de viagens intitula-se "Madeira, Cabo Verde e Guiné", o seu autor é João Augusto Martins, veremos mais adiante que foi alguém influente na definição das fronteiras da colónia, a edição foi da Livraria de António Maria Pereira, 1891. É um testemunho único o que nos deixa alguém que andou a fixar fronteiras na Guiné, depois da Convenção Luso-Francesa. É extremamente crítico, se por um lado o vemos fascinado pelo feitiço africano, vai desvelando as mazelas do nosso comportamento colonial.

Vamos hoje despedir-nos deste autor de memórias que deambulou pela ilha da Madeira, escreveu abundantemente sobre Cabo Verde e dedicou 35 páginas em 270 à Guiné, ele que conhecia a colónia por lá ter andado anos atrás, a colaborara na equipa que demarcou as fronteiras. Parte de Cabo Verde muito temeroso, ou pelo menos quer que o leitor possa sentir que ele viaja para meio hostil: “Partimos da Praia para a Guiné, antevendo através do prisma da distância um país pantanoso e selvagem, povoado de perigos e minado pelas febres, onde, segundo as informações, as bexigas ostentam horrores e as biliosas faziam honras de receção, resignados e tranquilos nessa serenidade que precede sempre as grandes resoluções, mas na convicção arreigada de que se nos salvassem das azagaias dos Bijagós e dos gládios dos Mandingas não resistiríamos decerto às iras antropófagas dos Felupes, nem à desagradável impressão dos que se sentem assar nas grelhas de um meio-dia, sobre o braseiro incandescente de um sol sem brisas”.

Procede constantemente a contrapontos, do género: “Se Bissau é imundo, sombrio e miasmático, Bolama, pelo contrário, é alegre, desafogada e sadia”.

É useiro e vezeiro nas recriminações, não entende o descuido da Saúde Pública na colónia, não se cansa de dizer que a administração colonial é indolente e incompetente, e comenta, corrosivo:

“Esta província tida e mantida na nossa elaboração nacional como um depósito para onde despreocupadamente se esvazia desde há muito o lodo e as imundícies colhidas nas dragagens da nossa rotina legislativa, sob a forma militar de incorrigíveis e de devassos deportados civis, não sabemos se com o fim de lhe adubar a selvajaria, se com o fim de lhe ministrar fermentos enérgicos à dissolução; a Guiné, constituindo-se em província independente, plagiou desde logo a toilette pretensiosa da sua vizinha Cabo Verde, enfeitando-se de todas as complicações burocráticas, fazendo construir na sua capital por um risco único, destituído de toda a elegância e de qualquer vislumbre artístico, desde a igreja ao hospital. E sem pensar sequer nos preceitos mais rudimentares das construções dos climas quentes; sem se preocupar um instante das exigências mais banais para estabelecimentos daquela ordem, edificou a ferro e tijolo um edifício pesado, desprotegido de sombras, sem quartos de banho, sem casa de autópsias, sem casa mortuária, sem meios de esgoto, nem canalização de águas, e continuou a sustentar ao mesmo título esse pardieiro a derrocar-se, onde se agasalham em Bissau os desgraçados doentes que preferem morrer à sombra, mesmo em risco de desabamentos prováveis”.

Irá despedir-se do leitor no fim desta viagem à Guiné com diferentes sentenças, acima de tudo considera que a política portuguesa precisa de rever de alto a baixo o seu modo de estar e de se relacionar com o Império Colonial, começa logo a fustigar o que se passa no país e depois vai a África:

“Somos um país agrícola e a agricultura agoniza; somos um país meridional, e não temos artes, e não temos indústrias; as nossas possessões têm a administração mais complicada, mais ridícula e mais atrofiante que se possa imaginar.

Não é pela legislação nem pelas peças oficiais que se pode avaliar do seu estado; a legislação é ludibriada e as peças oficiais muitas vezes sofismam, invertem e desfiguram a verdade; não é com frases que se civilizam povos, não é com indignações que se resolvem problemas práticos, nem com protestos platónicos que se liquidam afrontas sofridas.

Segui o exemplo de Mariano de Carvalho, vinde observar com os vossos olhos o que a vossa incúria, a vossa credibilidade do vosso favoritismo têm arquitectado durante administrações sucessivas, e talvez então, sentido a vergonha pelo estado em que chegámos em África, indignados contra a corrupção e as baixezas dos afilhados que para aqui são exportados, acheis no conhecimento das coisas e dos factos, elementos com que remediar os males, redimir as faltas e precaver o futuro.

O grande inimigo que temos a recear não é a brutalidade inglesa com toda a sua sofreguidão, nem os couraçados monstros com todos os seus canhões. É a decadência a que chegaram as nossas coisas, é o desprestígio a que baixou a nossa autoridade, é o descrédito que vão sofrendo os nossos brios.
Precisamos reformar os costumes, reconstituir a política, substituir esses gabinetes deslocados de semestre em semestre, sempre esculpidos das mesmas figuras dominantes e sempre prosseguindo no problema estéril de forjar deputados para as maiorias e prebendas avultadas para os discípulos amados. Precisamos de iniciar uma orientação ultramarina sem outro ideal que não seja a Pátria, nem outro estímulo que não seja o dever; fazer convergir sobre as colónias a atenção dos homens mais dominantes. Os governadores, os juízes, o pessoal médico, todas as autoridades superiores, escolhei-as por um critério de especialização justificada, apreciando-os pelo justo valor dos serviços prestados. Combater na alta burocracia do Ultramar o enfatuamento cómico. Precisamos fazer tudo isso, se não queremos que as nações poderosas se vão apoderando impunemente do que nos pertence; se não queremos que a própria civilização, um dia, em nome do supremo direito da colectividade, tenha de nos expropriar por utilidade pública, da herança que não sabemos aproveitar… e não deixamos aproveitar aos outros”.

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21363: Historiografia da presença portuguesa em África (231): "Madeira, Cabo Verde e Guiné", de João Augusto Martins; edição da Livraria de António Maria Pereira, 1891 (3) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21315: Historiografia da presença portuguesa em África (229): "Madeira, Cabo Verde e Guiné", de João Augusto Martins; edição da Livraria de António Maria Pereira, 1891 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos,
A diferentes títulos, as notas de viagem de João Augusto Martins são incontornáveis. Não é novidade o que nos diz na sua descrição de Bissau nem de Bolama, salvo que aqui António da Silva Gouveia que viera anos antes como Guarda-Fiscal se tornara um potentado económico. Não conheço na literatura colonial nenhum outro deslumbramento pela mulher como o que ele aqui nos deixa, tocado por uma sensualidade pouco usual na época, mesmo se atendermos que ele era um cultor do naturalismo, todo este documento é prova desta corrente literária. E nas conclusões será implacável com a natureza das cedências que fizemos à França, correlacionando estas cedências com o quadro de decadência nacional.
Vale a pena ler este João Augusto Martins na íntegra, ele não era peco em denunciar a lástima a que chegáramos.

Um abraço do
Mário


Impressões de viagem quando a Guiné já era província, com fronteiras definidas (1)

Beja Santos

O livro de viagens intitula-se "Madeira, Cabo Verde e Guiné", o seu autor é João Augusto Martins, veremos mais adiante que foi alguém influente na definição das fronteiras da colónia, a edição foi da Livraria de António Maria Pereira, 1891. Feito o périplo pela Madeira e Cabo Verde, chega-se a Bissau e o autor dá-nos assim notícia da vila:  
“A cidadela a altos muros e a poilões gigantes, o último reduto da vitalidade da Província, hoje o mais importante centro comercial da Guiné. O cheiro nauseoso e acre das suas praias (lodaçal extenso que se evidencia na baixa-mar por dezenas de metros), vinha, arrastado pela aragem da tarde, envolver-nos numa atmosfera sulfídrica, enquanto bandas de pássaros de múltiplas espécies e variadas cores atravessavam marcialmente para os ilhéus, marcando no horizonte rubro da tarde as curvas ondulosas do seu voo, que as trevas da noite foram a pouco e pouco apagando, até deixar-nos sós, isolados e esquecidos, na contemplação estática de quem espera, divisando na sombra as cumeadas altivas dos baobás, escutando o carpir plangente das corujas e dos jagudis, e sentido aos nossos pés como um vagir de criança, o marulhar hipnótico das águas pantanosas do rio”.
Bem interessante o estilo, ultrapassado que estava o romantismo, a escrita assumia o naturalismo e já parecia acolher os assomos do impressionismo pictórico. Adiante.

Chegaram à capital, o autor vai dizer:  
“Em Bolama fomos acolhidos principescamente por Caetano Macedo, cujo nome se prende à história da Guiné por títulos de valiosos serviços reconhecidos. Aí visitámos tudo: os quartéis, as repartições públicas, o hospital, a igreja, a casa do governador e o mais sumptuoso edifício de Bolama, pertencente a esse nomeado Gouveia, que veio para aí há nove anos como Guarda-Fiscal e que hoje representa o Rotschild da terra, à custa do trabalho, da perseverança e da felicidade, esse orvalho abençoado, capaz de fazer robustecer a planta mais exótica… Na terra ainda mais ingrata”.

O nosso João Augusto Martins vai revelar-se um cultor da mulher, não sei se há retrato mais sensual e venerador da mulher guineense daquele que ele escreveu:
“Foi-nos dado ver a mais extraordinária beleza de mulher, realçada por tudo o que há de mais irresistível nas atrações do seu sexo.
Era uma Fula: tipo indiano caldeado nas forjas incandescentes de África. Tinha apenas treze anos, e a adolescência irrompia das indecisões do seu sexo com toda a destreza da vida com que desabrocha uma flor. Seus grandes olhos pensadores, de uma expressão meiga e inquieta, a cor cuprina metálica das suas faces, as linhas suaves da sua fisionomia, seus lábios carminados que se entreabriam em risos de uma tristeza sedutora, os longos cabelos de um negro-azulado que pareciam envolvê-la em cintilações de desejos, o seu talhe esbelto, nu, de movimentos graciosamente ondulados, a harmonia das suas formas esculturais, a lubricidade das suas curvas e a têmpera vibrátil das suas carnes, tudo, enfim…”.

Mas este esplêndido elogio da mulher Fula não fica por aqui, a exaltação ainda vai subir de tom, num intercalado lírico:
“A sua límpida fronte pendia para o solo, na atitude melancólica de um sonhar de virgem. As suas mãos pequenas uniam-se na postura de uma súplica infantil e a sua inocência evolava-se na expressão do seu olhar como a alma das flores se evola nos aromas que nos inebriam.
Que tons, que formas, que cores e que curvas!
Oh! Mulher casta, pecaminosa na tua nudez virginal, permite que te relembre emoldurada nessa paisagem fulgurante, permite que sonhe ainda, pensando em ti… Perdendo-me em conjecturas”.
Então, leitor, não temos aqui a expressão máxima de um amor cortês e de uma sensibilidade ao feitiço africano em desmesura?

Veremos que ainda há muitas mais anotações de viagens, delas aqui se fará menção.

João Augusto Martins dirá nas conclusões quem é e a importância que teve a sua passagem pela Guiné, ficam aqui uns tópicos:
“Regressados há muito da Guiné, onde estivemos conjuntamente com os comissários de França e Portugal, para a célebre delimitação convencionada em Paris em 1886, esperávamos ver por escrito a história deste acontecimento dolorosamente ridículo e improducente, para apreciarmos sobre bases oficiais este convénio de lesa-nação, esse golpe fatal com que a diplomacia nos deixava então esquartejar saudavelmente pelos franceses, na Senegâmbia, como o nosso histerismo e o nosso idealismo tradicional nos tem deixado torpe e irremediavelmente espoliar pelos ingleses na África Oriental. Esperávamos ver posto a limpo esse facto monstruoso, que não tem decerto uma alta significação económica, atento o desleixo da administração colonial, mas que representa mais uma das muitas extorsões feitas à sombra da nossa imprevidência e das nossas facilidades, dando lugar a que todo o coração português tivesse mais um motivo a confranger-se em África ante o desprestígio da dignidade nacional.
A delimitação da Guiné, traduzindo uma perda enorme de território, uma regulamentação absurda de fronteiras e um verdadeiro bloqueio à nossa administração e ao comércio português nestas regiões, exprime um ato de leviandade política que não pode deixar de fazer corar de pejo todos os filhos da nação desmembrada”.

Prepare-se o leitor, pois iremos retomar esta catilinária, João Augusto Martins participou na operação de delimitação e tem uma ideia muito própria de que esta oferta à França obedecia a um contorcionismo diplomático um tanto parecido com o Tratado de Lourenço Marques, era revelador de uma política de decadência. Estranhamente, vemos esta exortação à dignidade nacional praticamente esquecida.

(continua)



Imagens retiradas do livro "Madeira, Cabo-Verde e Guiné", de João Augusto Martins.

Baobá-africano
Imagem tirada da Wikipedia, com a devida vénia.
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21294: Historiografia da presença portuguesa em África (228): Guiné Portuguesa - Terra de Lenda, de martírio, de estranhas gentes, de bravos feitos e de futuro (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21213: Os nossos regressos (38): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): uma longa viagem de nove dias, no velhinho T/T Carvalho Araújo, de 16 a 26 de junho de 1970, com um dia no Funchal (Fotos: Otacílio Luz Henriques)


Foto nº 436  > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo > Ao largo, c. 16-26 de junho de 1970 > O 1º cabo bate-chapas Otacílio Luz Henriques


Foto nº 405 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970


Foto nº 438 > T/T Carvalho Araújo >  Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > O navio estava já em fim de vida...


Foto nº 419 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970. O navio 'engalanado'... Regressa casa,vivo e são, era o maior ronco...


Foto nº 434  > T/T Carvalho Araújo >  CCS/BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Um camarada do 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em primeiro plano, a fumar um cigarro, debruçado sobre a amurada do navio.


Foto nº 421 >  T/T Carvalho Araújo > Temos dúvida se ainda está no cais de Bissau, em16 de junho de 1970, ou já está atracado no porto do Funchal...


Foto nº 410 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 423 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 >  Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 431 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 > Parece  er a zona da Barreirinha (hje, da "noite funchalense").. À direita, a zona do Lazareto.


Foto nº 437 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 >  O núcleo histórico do Fnchal, com a marina, o Forte de São Tiago, etc,


 Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Hotel ?


 Foto nº 425 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro plano o 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em segundo plano a cidade e, ao fundo, à direita,  a baía do Funchal


Foto nº 414 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970  > Ao  fumdo, à esquerda, parece ser a zona do Lido.


Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro, a igreka que se vê, com duas torres, parece ser a de Santo António, segundo o nosso coeditor Carlos Vinhal.


Foto nº 407 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Vista da baía do Funchal, ao fundo à esquerda, a ponta do Garaju.


Foto nº 441 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 404 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 415  > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16-26 de junho de 1970 >  Estádio dos Barreiros, hoje estádio do Marítimo... Foi inaugurado em 1957..(E remodelao em 2009.)


Foto nº  432 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16.26 de junho de 1970 >  A Igreja de São Martinho 

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Já aqui publicámos, em tempos, bastantes fotos do álbum do Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Augusto, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), e também viola baixo do conjunto musical "Os Bambas D' Incas" de que faziam parte, ainda, o José Maria de Sousa [, Ferreira], soldado do pelotão de intendência de Bambadinca (viola solo),   e os primeiros cabos, todos da CCS,  o Tony ("cantor romântico", vocalista), o Peixoto (bateria) e o Serafim (viola ritmo). 

No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia, além do comandante, o alf mil  oficial de manutenção Ismael Augusto (. membro da nossa Tabanca Grande), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)...

O pelotão tinha  ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (1º cabo Vieira João Ferraz). Os restantes dezanove elementos do pelotão eram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...


T/T Carvalho Araújo
2. Para comemorar os 50 anos do regresso do Comando e CCS/BCAÇ 2852, mais a CCAÇ 2404 (um das 3 unidades de quadrícula do batalhão), no T/T Carvalho Araújo, com partida de Bissau em 16 de junho de 1970 e chegada a Lisboa a 26, vamos publicar mais umas fotos do álbum do "Chapinhas". 

São imagens de "slides", digitalizados, mas de qualidade variável. Selecionámos as melhorzinhas, sendo a maior parte do Funchal e arredores. Têm algum interesse documental.

O navio ficou um dia no Funchal, o que permitiu que alguns militares, em grupo, alugassem  táxis e fossem dar uma voltinha pela ilha. Foi o caso do Otacílio, que tirou "slides" de algumas paisagens. Mas o álbum não traz legendas e a numeração não é exatamente cronológica, tem a ver a com a ordem da digitalização... Guardámos apenas os três últimos dígitos para identificar as imagens.

Alguns dos nossos leitores poderão ajudar-nos a completar as legendas, a começar pelo coeditor Carlos Vinhal, que pertenceu a uma companhia madeirense, a CART 2732, mobilizada pelo BAG 2, sita no Pico de S. Martinho, no Funchal. (E que partiu para o TO da Guiné a partir do cais do porto do Funchal.)

Muitos de nós, no regresso, fizemos estas voltinhas, nalgumas escassas horas. Cinquenta anos depois a Madeira está bastante diferente, seguramente tem muito mais cimento... Mas continua a ser a  "pérola do Atlântico"...

O T/T Carvalho Araújo levou 9 dias a fazer uma viagem de cinco dias, em condições normais. Segundo o comandante da CCS/BCAÇ 2852, o alf mil trms Fernando Calado, o navio esteve parado em alto mar mais um dia, por causa de um tufão.

Incrivelmente, dou conta de que o Otacílio ainda não é membro da Tabanca Grande; fiquei à espera, estes anos todos, do seu endereço de email e de uma foto atual... Nem sei se ele visita o nosso blogue. Alguém me disse que andava entretido com um monte alentejano que tinha comprado... Vou reparar esta injustiça: O Otacílio Luz Henriques tem 14 referências no nosso blogue. Um alfabravo fraterno para ele, se nos ler...


Foto nº 516 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Aproximação ao continente, se não erro.


Foto nº 513 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Estuário do Tejo (?)  > Chegada a 26 de junho de 1970 


Foto nº 520 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > BCAÇ 2852 > T/T Carvalho Araújo > Estuário do Tejo >  Ponte Salazar e Monumento de Cristo Rei > Chegada a 26 de junho de 1970.

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21208: Os nossos regressos (38): O pessoal do Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968 / 70) chegou a Lisboa, no T/T Carvalho Araújo, a 26 de junho de 1970 (Fernando Calado)