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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23743: "Alfero Cabral ca mori": Lista, por ordem numérica e cronológica, das 94 "estórias cabralianas" publicadas (2006-2017) - V (e última) Parte: de 80 a 94


Lisboa > Sociedade de Geografia > 2008 > O "alfero Cabral" e as suas... máscaras

Foto: © Jorge Cabral (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de Jorge Cabral (1944-2021)
"Estórias Cabralianas", vol I. Lisboa: Ed José Almendra, 2020, 144 pp. 


1. O nosso Jorge Cabral, que nos deixou, inconsoláveis,  no dia 28 de dezembro de 2021 (*), vai fazer um ano, tinha um II volume das "estórias cabralianas" praticamente pronto para ser publicado. O editor adoeceu e a morte surpreendeu o autor. 

Do I volume, ainda restavam 11 exemplares até há dias, segundo informação do nosso camarada Luís Mourato Oliveira que lá foi, por indicação minha,   comprar dois exemplares para levar para Bissau, dentro de um mês.  Contacto desta livraria (especializada em livros usados e de pequenas editoras independentes):

Leituria, Rua José Estêvão, 45A, Lisboa
telem: 967 224 138, email: livros@leituria.com


Hoje publicamos a lista final das estórias cabralianas que o nosso blogue foi editando ao longo dos anos, entre 2006 e 2017 (**). As últimas (de 80 a 94) são já da última fase da produção literária do autor (entre setembro de 2013 e janeiro de 2017). 

Refira-se que,  desta última lista,  a estória mais lida (=503 visualizações) foi a nº 83 (Da Gata Catota à Tabanca da Queca...). Teve 14 comentários, entre os quais o de um outro histórico membro da Tabanca Grande que a morte também já nos arrebatou, no mesmo ano horrível  de 2021, o Torcato Mendonça (1944-2021): 

Olá, meu caro Jorge,  eu, neste fim de tarde friiiiooooo e chato, necessitava mesmo de uma destas. Li, e ao aparecer a "catota", fiz "Oh!! e ri com gosto. Genial e a confirmação de que muitos capitães, talvez devido a excesso de esforços, muitos deles não tinham sentido de humor...ou, pelos deuses, nunca "partiram catota" (26 de novembro de 2013 às 18:06).

Também muito vista (=459) e comentada (n=11) foi a estória nº 89 (Os filhos do sonho...)
Escreveu o Cherno Baldé: 

Jorge Cabral, não sei se aconteceu de verdade, mas a ÁQfrica é rica e incrivelmente surpreendente do ponto de vista da mística e do misticismo inexplicável. Entre certas etnias da Guiné acredita-se que uma pessoa (uma mulher ou homem) com poderes místicos pode transformar-se num lagarto e, assim, roubar a alma da pessoa (do homem ou da mulher) de quem se gosta, podendo assim dar *a luz a um(a) filho(a) tal e qual ao homem ou mulher a quem se roubou a alma ou espírito.

Estas e outras técnicas de méstica (engenharia social) ajudam as famílias a aceitar no seu seio aquilo que à primeira vista poderia ser inaceitável como,  por ex., fazer, sobretudo, com que os homens (maridos) participem na educação de criancas nascidas fora do lar (mestiças) de uma forma natural e sem constrangimentos (4 de setembro de 2015 às 10:17 )

Como eu também escrevi, a escassas semanas dee morrer, o Jorge Cabral era um verdadeiro oficial e cavalheiro, o último dos românticos do império (**) (LG)

PS - Espantoso: os meus amigos e amigas não o esquecem. Quase um ano depois da sua morte, a sua página no Facebook continua a ser "alimentada" com gratas e (e)ternas recordações da sua vida como professor e ser humano. Tratava as suas queridas alunas por "Alminhas", e ele era, para elas, a "Alma Maior"... Alma de Almeida, Jorge Pedro de Almeida Cabral... 


2. Lista das estórias cabralianas, por ordem numérica e cronológica - V (e última) Parte: De 80 a 94 (*):

13 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12035: Estórias cabralianas (80): As mulatas de Luanda (Jorge Cabral)

(...) Numa noite, no início de Maio de 1968, apareceu-me irritado o meu amigo Filipe. Ia para a tropa.
– Tens a certeza Filipe? Olha vamos passar por lá, pela Junta de Freguesia. (Onde à porta afixavam as listas).

E fomos. Corri os olhos pelo edital e era verdade. Lá constava, Filipe Narciso Gonçalves da Silva. Só que, um pouco mais abaixo, encontrei o meu nome, Jorge Pedro de Almeida Cabral. Devia ser engano, um erro, eu tinha direito a adiamento. Que o Filipe fosse, não era para admirar. De igual idade e entrados ao mesmo tempo na Faculdade, ele não passara do primeiro ano, enquanto eu contava acabar o curso no ano seguinte. (...)

30 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12222: Estórias cabralianas (81): Em Vendas Novas, de ronda, na Tasca das Peidocas (Jorge Cabral)

(...) Em Janeiro de 1969, eis-me garboso aspirante na E.P.A. [Escola Prática de Artilharia], em Vendas Novas. Ao contrário dos outros aspirantes, encarregados da instrução no C.S.M. [, Curso de Sargentos Milicianos], eu fui colocado na Secção de Justiça e na Acção Psicológica, sendo ainda nomeado árbitro de andebol da Região Militar. (...)

2 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12238: Estórias cabralianas (82): Quando cabeças e rabos não são equivalentes, e nem sempre dois mais dois são igual a quatro: O Sitafá, as fracções e as sardinhas (Jorge Cabral)

(...) Em Missirá durante dois meses, estivemos sem abastecimentos. Época das chuvas, o sintex e os dois unimogues avariados .Ainda tínhamos conservas,mas faltavam as batatas, o vinho e o arroz para os africanos. Um dia porém, o Pechincha conseguiu fazer dos dois burrinhos, um, que andava. Fomos a Bambadinca, deixando a viatura, à beira da bolanha de Finete, que atravessámos até ao rio, o qual cambámos na piroga do Fodé. (...)


26 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12345: Estórias cabralianas (83): Da Gata Catota à Tabanca da Queca... (Jorge Cabral, com bolinha...)

(...) No fim dos anos 70, era um simpático advogado, com muitas clientes que me gabavam a grande sensibilidade…Entre elas, destacava-se a D. Prazeres, que eu divorciara de um marido violento e me assediava todos os dias, com questões que, de jurídico, tinham muito pouco. (...)

8 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12556: Estórias cabralianas (84): Ganhámos! O Alfero meteu golo!... (Jorge Cabral)

(...) Um dia, ouvi, em Bambadinca, que ia haver um campeonato de futebol. Para além da CCaç 12 , entravam todos os Pelotões e Serviços da CCS. Inscrevi o Pel Caç Nat 63, embora não tivéssemos equipa, nem sequer bola, que me apressei a adquirir.

Chegado a Fá, ordenei treinos diários. Tarefa difícil, pois os meus soldados africanos nem as regras conheciam. Eram fortes e rápidos, mas pareciam especialistas em sarrafadas. Para tirar a bola ao adversário valia tudo. (...)



(...) A 24 de Dezembro pela manhã, fomos a Bambadinca. Trouxemos bacalhau e o correio. 

Para mim chegou uma carta dos meus sobrinhos, escrita pela minha irmã. Dentro dela, um desenho do Pai Natal. Barba branca e uns óculos na ponta o nariz. Tal e qual eu ,agora…

À noite consoámos. Nem tristes, nem alegres.

No dia 25, como fazia sempre de madrugada, fui atrás do meu abrigo, junto ao arame, aliviar a bexiga. Mas, mesmo antes de iniciar a função, olhei a mata. Olhei e vi todas as árvores enfeitadas com luzes e bolas cintilantes:
 –Venham ver! – gritei. (...)

17 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14760: Estórias cabralianas (86): Alferofilia (...uma parafilia a acrescentar à lista DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, da APA - American Psychiatric Association (Jorge Cabral)

(...) O Alfero nem oito dias tinha de Missirá, quando Binta, a mulher do Milícia, se meteu no seu quarto – abrigo, convidando-o a ...Ainda pensou resistir, mas... Na função era básica, mas os dotes pedagógicos do Alfero, surtiram efeito.

Era conhecida como a mulher do Milícia, mas não tinha marido, pois o repudiara, segundo os usos e costumes, por questões anatómicas, como se dizia na Tabanca. (...)


(...) Em Missirá, jantávamos cedo. Éramos apenas onze brancos e rápidamente despachávamos o pé de porco com arroz ou a cavala com batatas. Depois ficávamos à mesa conversando. Alguns mais resistentes permaneciam noite dentro. Um deles era o novo cozinheiro, o Espanhol, soldado básico, que mancava. (...)

 29 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15054: Estórias cabralianas (88): A bebé de Missirá (Jorge Cabral)

(...) Só no início de julho de 1969, quando o Pelotão se preparava para ir para Fá é que descobri que além dos vinte e quatro soldados africanos, contava com as respectivas mulheres, filhos, cabras e galinhas… Instalados, o quartel virou tabanca, animada com as brincadeiras das crianças e os risos das mulheres. Todos os soldados fulas eram casados e alguns com mais de uma mulher, pelo que existiam sempre grávidas e partos. (...)


3 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15070: Estórias cabralianas (89): Os filhos do sonho (Jorge Cabral)

(...) Grande escândalo em Missirá. A bela bajuda Mariama, apareceu grávida. Sobrinha do Régulo e há muito prometida a um importante Daaba de Bambadinca, era preciso averiguar...

Reuni com o Régulo e chamámos a rapariga, Após um interrogatório cerrado, ela, muito a medo, esclareceu:
– O pai era o Alfero…
– Mas quando e onde?
– É que uma noite sonhei com ele. (...)

22 de dezenbro de 2015 > Guiné 63/74 - P15526: Estórias cabralianas (90): A Pátria é um Natal, e o Natal é uma Pátria (Jorge Cabral)

(...) Foi no dia 25 de Dezembro de 1970.

Talvez porque o Spinola nos havia visitado há pouco,  o Sitafá, o puto que vivia connosco, interrogou-me:
– Alfero, o que é a Pátria? (...) 

9 de janeiro de  2016 >  Guiné 63/74 - P15598: Estórias cabralianas (91): Alfero Obstetra, mas também Dentista de Balantas... (Jorge Cabral)

(...) Numa noite, aí pelas três horas, fui acordado pelas Mulheres Grandes, que me pediram para levar uma parturiente a Bambadinca.

Embora a bolanha de Finete estivesse transitável, seria impossível atravessar o rio, acordando o barqueiro. Claro que os partos eram assunto de mulheres e foi com muita relutância que me deixaram observar a situação. Não só observei, como colaborei activamente no nascimento de uma menina. (...) 


(...) Bacalhau ensaboado e os Três Reis Magos. Poucos são os Natais de que me lembro. E no entanto, já passei mais de setenta. Mas este, Missirá 1970, nunca esqueci. Tínhamos bacalhau. Tínhamos batatas, Fomos tarde para a mesa, a mesma de todos os dias, engordurada, sem toalha. Chegou o panelão fumegante e começámos.
– Caraças!, o bacalhau sabe a sabão! – disse o Branquinho. (...) 


8 de janeiro de 2017 >Guiné 61/74 - P16930: Estórias cabralianas (93): Porra, meu Alferes, não sabia que os Turras também tinham Mãe!?! (Jorge Cabral)

(...) NI-OI, NI-OI, NI-OI… Continuamos Amigos e Cinéfilos, Dalila.Tu vês filmes, eu, entro neste, tragicomédia que nunca mais acaba…

Desta vez houve guerra, dois mortos em Salá, mesmo junto a um limoeiro. O milícia Demba pisou uma mina reforçada e desapareceu da cintura para baixo. Os gajos abriram fogo e o meu soldado Guiro de rajada lerpou um turra, de pistola à cinta.
- NI-OI, NI-OI,NI-OI… - berrava o turra. (...) 


16 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16958: Estórias cabralianas (94): 1º Cabo Monteiro, pedicure: "Ó meu alferes, olhe-me só essas unhas dos pés, essas enxadas! Venha cá!"... (Jorge Cabral)

(...) Entre os meus militares metropolitanos, há o homem mais habilidoso que conheci, o Monteiro. Foi ele que construiu o forno e desmontou e montou o gerador. Ora uma vez, ainda em Fá, olhando as minhas unhas dos pés, chamou-me:
– Oh, Meu Alferes, olhe-me essas enxadas! Venha cá! (...)

____________


(**) Vd. postes anteriores da série >

(***) Vd. poste de 6 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22693: Antologia (79): "Alfero Cabral", oficial e cavalheiro... ou o último dos românticos do império (Jorge Cabral, autor de "Estórias cabralianas", 1º volume, 2020)

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22650: In Memoriam (415): Torcato Mendonça (1944-2021), ex-Alf Mil Inf da CART 2339, falecido em 13 de Outubro - Agradecimento da família e mensagens de condolências dos camaradas e amigos



1. Agradecimento público da família do nosso camarada Torcato Mendonça, falecido no passado dia 13 de Outubo, enviado ao Blogue pela nossa amiga Ana Mendonça através do WhatsApp:

Boa tarde Carlos Vinhal
Envio PDF do anúncio de agradecimento do Torcato porque sei que o TM ia gostar, fazemos referência aos amigos da Guiné através do blog.
Beijinhos nossos
Ana



2. Seguem-se os comentários de condolências, deixados no poste do dia 13 de Outubro de 2021 Guiné 61/74 - P22625: In Memoriam (412): Torcato Mendonça (1944-2021), ex-Alf Mil Art da CART 2339 (Mansambo, 1968/69). Este poste tem mais de 3 centenas de visualizações e mais 3 dezenas de comentários.


José Marcelino Martins disse...
Mais um que parte.
Condolências.
Perde-se um amigo e camarada.
13 de outubro de 2021 às 11:24

Joaquim Mexia Alves disse:
Francamente depois das últimas mensagens não esperava esta triste notícia.
À Ana e a toda a família o meu abraço forte, amigo e sentido nestas horas tão difíceis.
Coloco o nosso camarigo Torcato e a sua família nas minhas orações.
Que descanse em paz.
13 de outubro de 2021 às 11:28

José Botelho Colaço disse...
Sentidos pêsames á família enlutada.
13 de outubro de 2021 às 11:31

Zé Manel Cancela disse...
Os meus sentidos pêsames a toda a família.
Descansa em paz,camarada...
13 de outubro de 2021 às 12:03

José Colaço (by email)
13 out 2021 11:16
Luís:
Que notícia tão triste! Para a família e para as pessoas que com o senhor Torcato Mendonça tinham conversas de critica construtiva, pautadas pela elevação. Do senhor Torcato, guardo a memória da disponibilidade e ajuda descomprometidas nos tempos áureos da Rádio Jornal do Fundão. E também recordo o cavalheiro e homem romântico que surpreendia a sua cara metade com inspiração e afetividade. Aqui deixo um abraço fraterno à Ana Mendonça e aos seus filhos Pedro e Ricardo. Que a terra lhe seja leve!
Luís: É o nosso Torcato?
13 de outubro de 2021

José Câmara disse:
O Torcato Mendonça, meu companheiro em dia de aniversário natalício, partiu em patrulha sem regresso. Certamente deixa saudades e o nosso blogue fica bem mais pobre.
Ao longo dos tempos trocámos alguma correspondência particular. Nessa correspondência havia algo que nos unia, o Fundão. Alguém da minha família havia vivido por aqueles lados e ele tentou ajudar-me a descobrir algum membro familiar que por ali ainda vivesse. Não o conseguimos, mas ficou sempre a minha gratidão.
As minhas condolências para os familiares e amigos.
Descansa em Paz companheiro.
13 de outubro de 2021 às 14:33

Juvenal Amado disse...
É uma notícia que me deixa numa grande tristeza. Estive com ele pessoalmente uma vez onde compreendi como um grande ser. Dele lembro os seus escritos e muitos dos seus comentários que escreveu a respeito dos que eu escrevi para o blogue.
Á esposa e família e porque nos faz falta a todo blogue onde foi sempre uma pena brilhante.
13 de outubro de 2021 às 14:38

João Carlos Silva disse...
Lamento muito. Sentidos pêsames aos familiares e amigos.
Que descanse em Paz.
13 de outubro de 2021 às 14:39

Luís de Sousa disse:
Mais um "dos nossos" que se foi. Apenas o conhecia de aqui, mas pareceu.me sempre conciso, justo, afável. Infelizmente iremos mais tarde ou mais cedo segui-lo. As minhas condolências á família.
13 de outubro de 2021 às 15:03

Hélder Sousa disse:
Muito sinceramente, não estava à espera. Pelo menos, por agora.
Desde as últimas indicações e tal como refere o Joaquim Mexia, tinha ficado um bocado mais descansado.
Agora, esta notícia é como um murro no estômago.
Sim, eu sei que esta situação nos está reservada, a todos, mas custa sempre.
Em comentários anteriores já foram feitos os elogios e caracterizações do Torcato.
Tudo verdade.
Tudo certo.
Lamento profundamente o sucedido.
Para os familiares, as minhas condolências.
Para o Torcato um "até um dia"!
Hélder Sousa
13 de outubro de 2021 às 15:21

Luís Dias disse:
É com tristeza que assisto à partida de mais um companheiro, de mais um combatente.
Sentidos pêsames a toda a sua família e que a sua alma possa estar em paz.
Até um dia destes, caro Torcato.
13 de outubro de 2021 às 15:38

Paulo Santiago disse...
Os meus sentimentos à familia.
Descansa em paz,camarada Torcato
13 de outubro de 2021 às 17:51

Francisco Godinho disse:
Pois é amigo e camarigo Vinhal, mais um dos nossos que parte. Desta vez (há-de tocar a todos, infelizmente) tocou ao Torcato, o alentejanito que em tempos trocou a planície, pelas terras fecundas da cova da Beira. Desta vez até os "Irãns" da terra vermelha de Mansambo (creio não errar), onde o n/alfero Torcato "provou lágrimas, suor e sangue" , (a igual que nós todos, os camarigos da Guiné, e doutros "chãos", outrora , e cada um no seu habitat temporal e temporário, também o "provaram" ) se voltaram para a sua "Meca" e soltaram, (eles os Irãns),o seu "oráculo" e quem sabe?, a sua lagrimita. Até um dia, camarada Torcato Mendonça!.
13 de outubro de 2021 às 18:25

Manuel Resende disse:
Triste notícia esta.
Já partiste amigo Torcato, um pouco cedo. Só nos resta lembrar-te e rezar por ti.
Para a amiga Ana e filhos os meus sinceros e sentidos pêsames.
13 de outubro de 2021 às 19:09

Carlos Silva 
disse:
É sempre com grande constrangimento que recebemos estas tristes notícias da partida de mais um dos nossos camaradas.
Do Torcato para além dos seus escritos aqui no Blogue, recordo principalmente os nossos encontros em Armação de Pêra onde possuía casa.
Como sempre quer na praia, quer fora dela, os nossos bate-papos descambava sempre para a Guiné.
As minhas sinceras condolências à família enlutada, com um abraço solidário nesta hora de dor.
13 de outubro de 2021 às 19:12

Virgínio Briote disse:
Do Torcato fica-me uma boa lembrança.
Um abraço de solidariedade à Família, nesta hora triste para todos nós.
13 de outubro de 2021 às 19:34

Felismina Mealha disse:
Aqui conheci o amigo Torcato e troquei com ele alguns comentários, quando ele descobriu, que era-mos "vizinhos naquele Alentejo sem fim"!
Estabeleceu-se assim, uma amizade fraterna, que hoje me faz sentir desgosto pela sua partida.
Envio a toda a família e amigos o meu abraço solidário nesta hora de dor.
13 de outubro de 2021 às 19:44

Francisco Baptista d
isse:
Fiquei triste pela sua partida. Nunca fomos muito próximos mas pelo que conheci dele, em comentários, textos e outros disseram, sempre tive um grande respeito e admiração pelo Torcato Mendonça um bom camarada, inteligente e de grande carácter.
Apresento os meus sentidos pêsames à esposa, filhos e a todos os que conviveram mais de perto com ele.
13 de outubro de 2021 às 21:01

José Belo disse:
Quantas vezes nos últimos anos me tenho perguntado: Por onde andará o Torcato?
Saudade dos seus textos,histórias,do seu forte caráter e personalidade.
Hoje sei “ por onde não anda” o Torcato!
Fiquei triste ao perder mais um amigo sincero.
Solidário abraço à Família
13 de outubro de 2021 às 21:51

Luís Graça disse:
Desobriu o nosso blogue por volta de maio de 2006... e nunca mais nos deixou, enquanto a saúde o permitiu...
Recordo o que aqui nos disse em 15/5/2006, no nosso livro de visitas:
(...) O [Carlos] Marques dos Santos deu-me a conhecer este blogue. Há muito que a guerra acabou para mim, só que quase diariamente ela aparece…! Não resisti, fui à Net e tenho navegado pelo blogue. (...)
E pôs as suas fotos a falar!... E ressuscitar as suas memórias... Não foi um rio, foi uma torrente de memórias. São dele alguns dos melhores postes aqui publicados. Sei que morreu de pneumonia no hospital. Há mais de um ano, falei-lhe sem desconfiar que seria a última vez... Não fico certo que ele me tenha reconhecido... Fico com um nó na garganta: ainda tive esperança de o poder rever no Fundão, depois do nosso encontro em 27 de janeiro de 2007. A minha irmã mais nova, que é enfermeira no CS Fundão disse-me que o tinha vacinado contra Covid h+a uns meses atrás... Fui a última vez que o viu...
Vou ver se consigo reunir alguns dos seus espantosos escritos e selecionar algumas das suas melhores fotos. Preciso de tempo (e saúde) para essa tarefa exigente.
À Ana Mendonça, sua companheira de uma vida, e mulher de grande sensibilidade e coragem, mando um especial chicoração fraterno. E também aos seus filhos que nunca cheguei a conhecer mas de que ele me falava com muito orgulho.
A vida é tramada, mas é a morte que nos prega a partida. Tal como na Guiné, ao virar da esquina, do bagabaga, do bissilão, da curca do rio...Até sempre, camarada e amigo Torcato. Há conversas que tivemos e que ficaram interrompidas. Há segredos que partilhaste só comigo e que levas agora para a cova funda...Tinhas os teus princípios éticos, que eu me comprometi a respeitar...
A Tabanca Grande perde um dos seus históricos, um dos seus "homens grandes"... Também já tínhamos perdido o teu e nosso camarada Carlos Marques dos Santos. Tu e ele foram dois dos melhores "Viriatos" da CART 2339, fundadores de Monsanto...
Espero que saibamos honrar a vossa melhória.
13 de outubro de 2021 às 22:26

Adriano Moreira disse:
No dia em que fui acompanhar um camarada da minha CART 2412 à sua última morada, recebo a triste notícia do falecimento do Torcato Mendonça, que muito considerava.
Lamento profundamente este triste acontecimento e apresento as minhas condolências a todos os seus familiares.
13 de outubro de 2021 às 22:35

José Nascimento disse:
Tive oportunidade de conhecer o Torcato Mendonça quando o meu pelotão tirou o treino operacional em Mansambo em Junho de 1969 e até tenho uma foto de um pequeno grupo em que ele está. Creio que era amigo do furriel Amílcar Barradas da minha Companhia, natural de Almodôvar.
À família deste camarada de armas, apresento os meus sentidos pêsames.
13 de outubro de 2021 às 22:36

Luís Graça disse...
Um e outro, o Torcato e a Ana passaram, em vida, pro algumas "provas de fogo", com a saúde (e a vida) em xeque... Veja-se, pro exemplo, o poste de 19 de Dezembro de 2008 Guiné 63/74 - P3652: Blogoterapia (72): Voltamos a pôr a Ana (e o José...) a sorrir, na nossa fotogaleria (Luís Graça)
Deram provas de capacidade de sofrimento e de superação... A reação da Ana Lourdes Mendonça ao nosso poste P3652, é bem reveladora de uma mulher de superior nível moral e intelectual... Disse-nos apenas esta coisa, tão simples e tão linda:
(...) Obrigada, amigos.
Parafraseando um grande poeta:
“Amigos verdadeiros não são os que nos secam as lágrimas...
são sim os que não nos as deixam cair…”
BOAS FESTAS, FELIZ ANO 2009 (...)
20 DE DEZEMBRO DE 2008 Guiné 63/74 - P3657: (Ex)citações (8): As lágrimas e os amigos (Ana Mendonça)
13 de outubro de 2021 às 23:26

Luís Graça disse...
A frase ou a máxima é atribuída a Pietra Pacobello, que eu não sei quem é... Pode até ser apócrifa, mas a ideia define bem a essência da amizade... Há uma diferença, semântica e conceptual, entre "secar as lágrimas" e "não deixar cair as lágrimas"...
A nós, homens e antigos combatentes, não deixaram chorar, ou melhor, não nos ensinaram a chorar... Ou pior: proibiram-nos chorar...
13 de outubro de 2021 às 23:38

Artur Soares disse:
Mais um Camarada que parte.
Descansa em paz, Camarada Torcato.
A toda a família, as minhas mais sentidas condolências.
14 de outubro de 2021 às 00:55

Mário Bravo disse...
Sentidas condolências à Família.
Paz à sua Alma.
14 de outubro de 2021 às 00:59

António Graça de Abreu d
isse:
Descansa em paz, Torcato, eras dos melhores entre nós. Fazes falta.
14 de outubro de 2021 às 01:22

Jorge Aráujo disse:
Eis mais uma notícia que ninguém está preparado para receber.
Para a família e amigos do camarada Torcato Mendonça (meu antecessor em Mansambo), envio as minhas mais sentidas condolências pela sua morte.
Descansa em Paz.
14 de outubro de 2021 às 05:55

Jorge Cabral disse:
Toda a minha Solidariedade para a Família!
Adeus Torcato...
14 de outubro de 2021 às 17:35

Carlos Pinheiro disse:
Depois de saber da partida do nosso camarigo Torcato Mendonça tenho estado a reler o Blog e a reler, algumas horas, e creiam que me faltam as aplavras que possam expressar o que me vai na alma. Os meus senimentos à familia neste hora de dor e de lutoa.
Que descanse em paz.
14 de outubro de 2021 às 23:41

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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22641: In Memoriam (414): José Manuel Matos Dinis (1948-2021), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679, (Bajocunda, 1970/71), falecido ontem, dia 17 de Outubro de 2021

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22629: In Memoriam (413): Torcato Mendonça (1944-2021), ex-alf mil, CART 2339 (Mansambo, 1968/69)... Homenageando também um casal que sempre soube, em vida, amparar-se mutuamemnte, "na saúde e na doença" (Luís Graça)


Fundão > 27 de Janeiro de 2007 >  O Torcato Mendonça (TM) que eu conheci, pessoalmente,no Fundão, sua terra adotiva... Foi lá que casou com a Ana Lurdes e onde nasceram os seus filhos, dois rapazes. O TM  que encintrou para a nossa Tabanca Grande em 2006, participou pelo menos em cinco dos nossos encontros nacionais, de 2007 a 2011.


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > 17 de Maio de 2008 > III Encontro Nacional da Tabanca Grande > A Ana, que veio a conduzir do Fundão, para acompanhar o seu José (alter ego do Torcato Mendonça). 

A Ana Lourdes de Mendonça foi coordenadora dos serviços administrativos do conceituado Jornal do Fundão (que alguns de nós assinávamos na Guiné, ao tempo da guerra, a par do Comércio do Funchal, do Notícias da Amadora e outros).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Agora que o nosso querido amigo, camarada e colaborador Torcato Mendonça deixou a Terra da Alegria (*), e nos deixou tristes, inconsoláveis e mais pobres, vou recuperar escritos antigos em que falo dos dois, do José e da Ana, um casal por quem sempre tive admiração e carinho porque souberam, ao longo da sua vida em comum,  amparar-se um ao outro "na saúde e na doença". A Ana, felizmente, continua viva e vai por certo continuar a acompnhar o nosso blogue (**)


Em 17 de maio de 2008, veio de longe, do Fundão, das faldas da Gardunha, a conduzir, com o seu José ao lado (que pode mas não deve fazer tantos quilómetros ao volante), só para estar com os seus (dele) camaradas da Guiné... Le coeur oblige, mon bijou... E o que tem de ser tem muita força, diz o provérbio: a doença, traiçoeira, que vem trazer negrura às nossas vidas, apreensão aos que nos amam, incerteza aos que nos rodeiam, finitude aos nossos projectos, angústia para o jantar, pesadelos às tantas da madrugada...

Nem um ai nem um ui: a Ana (Mendonça, por casamento) viveu, em silêncio, o seu drama, individual e familiar... No píncaro do Verão... Por uns tempos, o José desapareceu (ou melhor não apareceu, recolheu-se, não se expôs, preparou-se, como nos duros tempos de Mansambo, da CART 2339, mobilizou toda a sua energia para fazer face à devastação)....

Como é que a nós, distraídos com as nossas blogarias - tu, Carlos, tu, Virgínio, eu, Luís - , não nos ocorreu que algo estava errado nessa pesada cortina de silêncio, puxada pela mão do Torcato Mendonça, o TM, um homem com lugar ao sul e que gostava de pensar em voz alta ? 

Em meados de dezembro de 2008,  escrevi-lhe, ao TM,  o seguinte:

"Um bj para a tua Ana, que é uma mulher de armas e que já sei que voltou ao trabalho... A vida é dura, José, aqui ou em Mansambo... Mas também pode ser bela, se tiver afecto(s): amor, paixão, amizade, camaradagem, emoção, compaixão, poesia... 

Diverte-te, se puderes: 'Esta vida são dois dias e o Carnaval são três'... Mas há, pelo menos, uma certeza: 'Quem de novo não morre de velho não escapa'... 

Uma coisa que a guerra da Guiné não nos deu, foi serenidade... Pelo contrário, trouxe-nos inquietude (que é mais do que inquietação). Em contrapartida, aprendemos a enfrentar a morte e a não temê-la: 'Temer a morte é morrer duas vezes' ... E tu és, para nós todos, um exemplo vivo e corajoso, de como um homem pode sorrir à morte com meia cara ou meio coração, parafraseando o título da narrativa autobiográfica do grande escritor José Rodrigues Miguéis, um lisboeta de Alfama (1901) que morreu longe da Pátria, da Mátria e da Fátria (Manhattan, N.Y., 1980). 

Que esta tertúlia, a nossa Tabanaca Grande, seja, ao menos para ti, um pouco da Fátria perdida em Mansambo, em Bambadinca e em tantos lugares da Guiné onde sofremos e fomos solidários"...

A Ana, que voltou ao seu José, passou a acompanhar desde então com solicitude mas também com a máxima das discrições as nossas blogarias... E o Natal de 2008 surpreendeu-me (e emocionou-me) com o seguinte cartão do José onde se podia ler:

"Luís Graça: Um beijo agradecido pela simpatia posta na mensagem (de força) enviada através do Torcato e que eu li. Votos de um Feliz Natal extensivo a toda a Família. Ana Lourdes de Mendonça"...

Somos, afinal, um blogue de afectos e de histórias, mas também de gente solidária... Por um momento, por uma vez ao menos, eu senti que valeu (ou valia)  a pena esta tontaria de querer juntar o fio de tantas meadas, de destar tantos nós da memória, de inquirir estas tantas vidas que foram/são as nossas (parafraseando o belo título do antigo blogue do Virgínio Briote)... Por um dia senti que também podemos fazer bem a alguém...

Senti que as palavras também podem matar, também podem ferir, também podem destruir; senti que as palavras vêm muito antes das balas, e que são as palavras que nomeiam a morte e desencadeiam a guerra, muito antes dos obuzes e dos aviões e dos carros de combate, das minas e armadilhas...Mas também senti que as palavras, em seu sítio, também podem dar conforto, animar, dar força... Senti-me feliz por saber que a Ana, que eu mal conhecia, passava os testes todos de sobrevivência... e estava apta, apartir de então,  para enfrentar o futuro, pronta para o que desse e viesse...

Em de dezembro de 2008, voltámos a pôr a Ana a sorrir, na nossa fotogaleria, como no dia 17 de Maio de 2008, na Ortigosa... E desejámos-lhe Boas Festas:

"Boas Festas,  quentes e boas como as castanhas da tua Cova da Beira... Há castanhas na Gardunha ? Por mim, só conhecia as cerejas, que são as melhores do mundo. E o requeijão... Ah! o requeijão do Fundão. Ah!, e o Torcato, o José, o Mendonça, o Viriato (o santo patrono da CART 2339)!... Ah!, e agora a Ana, mulher da vida do José, e nossa camariga."

Nessa altura aumentou o meu conhecimento (e reconhecimento) da geografia do amor, da amizade, da solidariedade, da humanidade... E por isso eu pedia paar lhe escreverem o nome, no quadro escuro, a giz, onde listamos as nossas mulheres, as nossas companheiras de uma vida, as nossas camarigas: Ana, simplesmente Ana.. Um exemplo de tenacidade e de coragem, para todos nós. 

E mais disse: 

"Temos orgulho em ti, José!... Temos orgulho em ti, Ana. Deixa-me, José, deixa-me, Ana, oferecer-vos, por fim, este poema do meu modesto poemário... Para ler nos dias de chuva miudinha e de tristeza, quando só apetece colar a cara à vidraça da janela virada para o absurdo da doença, do azar, da morte, com o maciço central da Serra da Estrela a aniquilar-nos... No fim, perceberás, Ana, e tu, José, o sentido do título. ("Poemombro, ou o ombro amigo", de Luís Graça,  2004. revisto em 2008) (**) .


PS - O TM (Torcato Mendonça) comentou seca e laconicamente: "Luís,  depois escrevo...agora não, agora não... abraço-te...somente...forte...sentido... desculpa se te molho o casaco...é uma lágrima de facto... recebe o meu abraço Amigo TM

19 de dezembro de 2008 às 10:03 (**)
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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22625: In Memoriam (412): Torcato Mendonça (1944-2021), ex-Alf Mil Art da CART 2339 (Mansambo, 1968/69)

IN MEMORIAM

Torcato Mendonça (1944-2021)
Ex- Alf Mil Art da CART 2339 (Mansambo, 1968/69)

Acaba de chegar ao conhecimento do nosso Blogue, por intermédio do seu filho Ricardo, mais uma triste notícia, a do falecimento do nosso camarada e amigo Torcato Mendonça.

Hoje, a partir das 15 horas, estará em Câmara Ardente na Capela de S. Miguel, no Fundão.

Amanhã, pelas 14,45 horas, será celebrada Misa de Corpo Presente na Igreja Matriz do Fundão, finda a qual, os restos mortais do nosso malogrado camarada seguirão para cremação.


Nesta hora difícil, especialmente para a sua companheira de vida, Ana Mendonça, e para os seus filhos Pedro e Ricardo, deixamos o nosso mais profundo pesar pela perda do seu ente querido e nosso amigo de há 15 anos.

Alf Mil Art Torcato Mendonça em Mansambo

O Torcato, que se apresentou à tertúlia em 2006,[*] tem no nosso Blogue 255 referências com uma vasta colaboração, seja com as suas famosas "Fotos Falantes", ou memórias escritas publicadas nas suas séries: "Pensar em Voz Alta", Ao correr da bolha, "Estórias de Mansambo (I e II)" e "Nós da memória". Esteve presente em 2007 no II Encontro da tertúlia e em 2008 já se fez acompanhar da Ana.

O casal Mendonça participou nestes Encontros anuais sempre que puderam e a saúde de ambos o permitiu.


Com a morte do Torcato continua a engrossar o "Batalhão" dos amigos e camaradas que aqui nos deixam cada vez mais sós.
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Notas do editor

[*] - Vd. poste de 15 DE MAIO DE 2006 > Guiné 63/74 - P753: O Nosso Livro de Visitas: Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339 - O Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e eu abracei-o

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22624: In Memoriam (411): Hernâni Mergulhão (Lisboa, 1958 - Lourinhã, 2021), professor do ISEL e dirigente do GEAL - Museu da Lourinhã

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22582: Ser solidário (241): O nosso camarada e amigo Torcato Mendonça encontra-se hospitalizado há já algum tempo. Notícia de ontem da sua esposa Ana Mendonça


1. No seguimento da publicação, no nosso Blogue e Facebook da Tabanca Grande Luís Graça, do postal de aniversário do nosso camarada Torcato Mendonça, ocorrido no passado dia 4 de Setembro, recebi, ontem dia 29 de Setembro, uma mensagem através do Messenger, da sua esposa Ana Mendonça com a triste notícia da hospitalização do Torcato há já algum tempo:

Olá Carlos Vinhal
O Torcato encontra-se hospitalizado...
Um abraço e obrigada pelos parabéns enviados e que ele gostaria ter lido.
Ana Mendonça

2. Imediatamente entrei em contacto com a nossa amiga Ana:

Boa tarde Ana.
Lamento a situação do amigo Torcato que a cada passo me telefonava, sempre com muitos assuntos além dos inevitáveis da Guiné.
A última vez que falámos ao telefone julgo que já não me conseguiu reconhecer. Em telefonemas anteriores já me tinha referido estar a sofrer de problemas relacionados com perda de memória.
Por favor vá-me inteirando da evolução do estado de saúde do Torcato e se quiser que se dê alguma notícia dele no Blogue, estamos ao dispor.
Desejo à Ana a melhor saúde possível. Tem um bem precioso, os seus filhos.
Um beijinho pessoal e a solidariedade da tertúlia do Blogue.
Carlos

3. Ainda ontem veio esta mensagem da amiga Ana Mendonça

Muito obrigada pelo carinho e amizade...
Ele teve noção do que estava a acontecer e tentou "combater" mas não conseguiu e isso dói muito.
As visitas hospitalares também o isolaram porque não as teve devido ao covid e tudo ajudou a que ele não se sentisse confortável. Vamos ver se abrem a partir de outubro.
Eu comuniquei para que fosse do vosso conhecimento já que ele estava sempre atento ao blogue. Se quiser pode comunicar.
Beijinho e obrigada
Também em nome do Torcato
Ana Mendonça

4. Um pouco mais tarde outra mensagem com notícias mais animadoras:

Hoje foi a vez de o Pedro ir ver o pai e diz que o encontrou um pouco melhor!
Deus queira que assim continue!
Ana

5. Comentário de CV:


De há já algum tempo tinha notado, assim como outros camaradas que com alguma frequência falavam com o Torcato, que ele não estava a passar bem, denotando-se aqui e ali algumas falhas de memória. Deixou de me telefonar pelo que tomei a iniciativa de lhe ligar. Notei-lhe algum distanciamento, sinal de que não sabia exactamente quem lhe falava. As nossas anteriores conversas, de horas, versavam tudo desde a inevitável Guiné, à política, até à vida privada, principalmente saúde, ou falta dela, coisa em que nós os mais maduros somos peritos. Desta vez foi estranhamente curta. Mentalmente despedi-me do Torcato, as nossas infindáveis chamadas telefónicas tinham chegado ao fim.
Fui visitando o "face" dele, e o que eu temia estava a acontecer, deixou de publicar. Uma coisa ou outra que aparecia julgo ter a mão da sua companheira de vida, a Ana.

Que venho propor? Sendo o Torcato um homem solidário e um camarada como poucos, quem tiver acesso ao seu facebook deixe lá uma mensagem de solidariedade e conforto. Quem não for seu "amigo", peça-lhe amizade que a Ana tratará de a aceitar por ele. É nas horas difíceis que devemos mostar o quanto somos unidos. Fomos irmãos na guera que não quisemos e continuamos a sê-lo nesta paz que nunca é completa para quem por lá andou.

À Ana e aos dois filhos do casal, Pedro e Ricardo, dos quais o Torcato me falava sempre com tanto carinho e orgulho, deixamos a nossa força e o crer de que o marido e pai, mais ou menos limitado, vai continuar com eles e connosco.
Para ti Torcato o nosso abraço e os votos de melhoras.
Carlos Vinhal
Coeditor

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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22576: Ser solidário (240): Jardim-Escola Capitão Luís Filipe Rei Vilar e Residência dos Professores de Susana "Os Sopitos", duas magníficas obras da Associação Anghilau (Manuel Rei Vilar / José d'Encarnação)

sábado, 1 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22160: Fotos à procura de... uma legenda (150): a continência à(s) bandeira(s) (Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Gabu > CART 11 (Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/1970) > Nova Lamego > "Porta de armas": continência à bandeira nacional.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), > 1973 > Cerimónia do arriar da bandeira que ainda se repetiria por mais um ano, aproximadamente. Como se pode ver, estava um grupo de combate a entrar, que pára em sentido. Mesmo as mulheres que vinham da fonte com água à cabeça paravam nestas ocasiões, tal como os homens e as crianças.

Foto (e legenda): © António Murta (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro / fevereiro de 1968 > A cerimónia cheia de significado da continência à bandeira nacional. Trata-se do hastear da bandeira, pela manhã, depois o arriar era às 18 horas, já quase noite. Hoje onde se vê disto? Em Bissau, por exemplo, toda a gente em sentido, até na Estrada principal, paravam os carros e saiam as pessoas com destino ou vindas de Bissau, a passar em Brá.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > 1968 > CART 2339 (1968/69) > O Grupo de combate do Alf Mil Mendonça , antes de ser recambiado para Mansambo, para o trabalho de pá e pica , a construção do aquartelamento  > O arriar da bandeira ...  

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > Xime > Posto Escolar Militar nº 8 > 1972 > Alunos participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em 10 de junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.. [Um dos miúdos era o José Carlos Mussá Bai, hoje engenheiro florestal a trabalhar e a viver em Lisboa]

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 6 > Guiné > Canjadude > 1974 > O PAIGC toma posse do antigo aquartelamento da CCAÇ 5 e hasteia a bandeira da nova República da Guiné-Bissau. 

Foto (e legenda): © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Uma foto para a história: O Fur Mil Op Esp Magalhães Ribeiro arriando a bandeira verde rubra... Esta terá sido a última cerimónia do arriar da bandeira portuguesa, no TO da Guiné, pelo menos com "honras de Estado", isto é, em cerimónia oficial, com altos representantes, de um lado (NT) e do outro (PAIGC)... Diz o Eduardo que estava prevista, inclusive, a presença do 'Nino' Vieira, anulada à última hora por razões (compreensíveis) de segurança.

Foto (e legenda): © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem mais de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador; vive em Agualva-Cacém]

Date: terça, 13/04/2021 à(s) 15:00
Subject: Fotografis à procura de uma legenda 

As grandes fotografias da cerimónia diária do içar e arriar da Bandeira, que estão publicadas no blogue, representam perfeitamente o que se passava diariamente dentro e fora dos nossos Aquartelamentos.

Era um momento de cerimónia militar e de grande respeito de toda a população. Parava tudo, dos miúdos às bajudas, dos mulheres grandes aos velhos.

Estas fotografias à procura de uma legenda foram escolhidas por representarem as várias situações que se verificavam nesta cerimónia diária. Mas é apenas uma pequena amostra.

Desde a imagem em Nova Lamego que até dentro de casa havia cumprimento, passando pela correcta Continência à Bandeira dos poucos militares que ficavam no Quartel da minha CART.11, a particularidade de em Nhala a Continência ser feita com um "enxada arma", provavelmente por hábito agrícola, ou em Fá Mandiga ser um Pelotão a fazer a cerimônia, ficamos com uma ideia do escrupuloso cumprimento desta cerimónia diária.

Na Continência à Bandeira do PAIGC, em Canjadude, ressalta o respeito mútuo, apenas com um nosso militar bem fardado estar um bocado à balda calhando por estar contra o acontecimento.

Julgo que os autores destas extraordinárias imagens não se importarão que eu as utilize, agora venham lá legendas para estas fotografias.

Abraço
Valdemar Queiroz
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Nota do editor:

terça-feira, 21 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20886: 16 anos a blogar (1): O helicóptero, poema de Jorge Cabral, comentário de Torcato Mendonça




1. A APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra.  celebra este ano 26 anos de existência. E a sua revista, "Apoiar", começou a publicar-se em 1996, vai já em 121 números (janeiro-fevereiro de 2020). 

O nosso camarada Mário Vitorino Gaspar era então chefe de redação da revista quando foi publicado este poema do nosso Jorge Cabral, "O helicóptero" (Apoiar, nº 23, jan-mar 2002, p.2).

O "alfero" Cabral (Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969 /71)
Embora ao poema já tenha sido reproduzido em tempos (*), voltamos a publicá-lo até para perguntar  ao seu autor, o que é feito dele, nestes tempos de "quarentena"... Não devem ser fáceis para ele, não são fáceis para minguém... Mas não sei nada dele, desde o seu último aniversário natalício (6/11/20019), dia em que falámos ao telefone.

Ex-alf mil art, cmdt do Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), é advogado e especialista em direito penal. Foi irector do Instituto de Criminologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Vive em Lisboa. 

Está aposentado.  Continua a figurar na nossa lista dos "colaboradores permanentes" (neste caso, para as questões jurídicas).



O helicóptero

Pelo ar lento que aquece,
Um pássaro de ferro e aço
Leva o morto que apodrece,
Na boca mais um abraço.

A gente fica a pensar,
Mas mais um morto que interessa,
Já vêm mais pelo mar,
Vêm muitos e depressa.

A gente pensa,
Mas fica com o dedo no gatilho,
Na garganta um nó que pica,
Na preta o ventre com o filho.

Jorge Cabral, Missirá, Guiné, 1970
In Jornal “Apoiar”. 23 (Jan/Mar 2002)

[Revisão / fixação de texto para efeitos de publicação no nosso blogue: LG]

2. Por outro lado, acrescenta-se um comentário, publicado na altura (2014), pelo Torcato Mendonça, que,  também ele,  deixou de dar notícias há anos, deixou de aparecer, de comentar, de publicar coisas novas...Infelizmente, mais por razões de saúde e de disposição... 

Gostei de falar com ele, há dias, por telemóvel, e de saber que a sua Ana está restabelecida. Vai repartindo o seu tempo entre o Algarve e o Fundão, a cidade onde casou e onde criou os seus filhos. 

Com dupla costela alentejana e algarvia, escolheu, e bem,  o Fundão para viver, trabalhar e constituir família: x- alf mil art, pertenceu aos Viriatos, a CART 2339 (1968/69) que construiu de raíz, a pá e pica, e defendeu com unhas e dentes o aquartelamento de Mansambo, no sector L1 (Bambadinca). Comtinua a figura na lista dos nossos "colaboradores permanentes (neste caso, para as "questões operacionais). 

Tanto o Jorge como o Torcato são dois "tertulianos" da primeira hora, duas figuras de referência que já merecem a honra de ser considerados "senadores" da república da Tabanca Grande. Fporma colaboradores muito ativos: o Jorge Cabral tem 210 referências no blogue; o Torcato Mendonça tem 250.

Comentário do Torcato Mendonça (*):

Olá,  Luís Graça, estive a ler "O helicóptero", reproduzido da revista "Apoiar" que, como sabes, recebo pelo mail. 

Parei. Fui ao blogue reler o de ontem, belas fotos, e fui ler os “anexos” do poema do Jorge. Tinha vindo de uma sesta, o que não é hábito pois fico apardalado, e, lendo tudo aquilo fiquei a pensar, a pensar a sentir-me em Fá [Mandinga] a sentir a necessidade de algo que não explico. 

Reli e reli. Os escritos eram do tempo em que o blogue era de cem ou menos de cem, de um tempo que de pressa passou…e parei a olhar, fui até à marquise e, mesmo com o calor,  fiquei a ver a [serra da] Gardunha, a pensar, a regredir…até do meu “Mini artilhado” me lembrei..

Ah!,  que tempos, em que  ia dar agora uma aceleradela a sentir o roncar, o asfalto a passar, as ideias a limparem, tempos que também depressa passaram, tempos com PVT  sem radares. Mas é uma merda e estou velho para tudo isso…passará com Nespresso? 

Venho ao portátil,  vou passando para o facebook e, raios me partam ,volto ao blogue, passo ao gmail e releio…Aquilo está de antologia, aquilo tem que ser guardado para ler e reler…Os dois completos e as fotos. Agora teclei, penso que cabe e paro. 

Mando um abraço, boas férias no Marco [de Canaveses]. O barulho do heli é chato…a evacuação rápida era Zulu, eu ganhava mais de meia hora, e uma mina 1/6, kalash 1/12…
Ab, T.

3. Estamos a clebrar, por estes dias, os 16 anos do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,  do nosso blogue,  feito a muitas mãos... Por essa razão, vamos fazer um esforço para publicar rapaidamente  alguns postes, pendentes, que nos têm vindo a chegar,  nestas últimas semanas, vividas em plena pandemia de COVID-19... Com ou sem referência explícita a esta efeméride, outros serão bem vindos. Como sabem, o blogue é glutão, precisa pelo menos de 4 postes por dia...

Mais exatamente,  no próximo dia 23/4/2020, o nosso blogue celebra 16 anos de existência (, ou sejam, 192 meses)... São muitos mais anos, meses e dias, do que o tempo que durou a guerra colonial, em particular no TO da Guiné (1961/74).

Mas, nos dias que correm, estamos numa situação para a qual poucos de nós estávamos preparados para enfrentar e viver... Estamos confinados, mas isso nãoquer dizer que estejamos  "arrumados"... Podemos é lerpar, se formos contagiados, por isso temos que nos proteger e proteger os outros,

Decididamente, queremos continuar a celebrar a amizade e a camaradagem, ainda que  à distância, enquanto as nossas Tabancas não reabram...Este ano, como já foi anunciado,  não se realizará o XV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que chegou a estar marcado para o dia 2 de maio próximo, me Monte Real. Enfim, teremos que ficar em casa, pro enquanto, e celebrar efemérie, de outra maneira. E a melhor maneira é mandar novos "materiais" para o blogue: histórias, fotos, comentários...

4. Nesse espaço de tempo (16 anos, 192 meses...), que equivale no mínimo a oito (!) comissões de serviço militar, criámos  um espaço de partilha de memórias que pode ser resumido em alguns números, falando por si:

(i) a nossa "tertúlia", a nossa Tabanca Grande, a nossa "comunidade virtual" de amigos e camaradas da Guiné atingiu a cifra de 806 membros (, isto é, registados formalmente, e listados na coluna esquerda da página pirncipal do blogue, por ordem alfabética, de A a Z: o primeiro é o camarada A. Marques Lopes e o último é a nossa amiga Zélia Neno);

(ii) destes 806 grã-tabanqueiros, 78 já estão, fisicamente entre nós, mas honramos a sua memória: pro ordem alfabética, o primeiro é o Agostinho Jesus (1950-2016) (*) e o último o Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014);

(iii) temos membros da Tabanca Grande espalhados por todo o mundo, de Portugal ao Brasil, dos EUA à Suécia, de Cabo Verde a Macau;

(iv) já publicámos quase 21 mil  postes (, mais precisamente 20885), o que dá, em números redondos, uma média mensal de 110 postes;

(v) o total de visualizações de página deverá atingir  os 12 milhões, e meados deste ano, o que dá uma média mensal de 61500;

(vi)  desde junho de 2006, os nossos visitantes vêm sobretudo de Portugal (4, 1 milhões), Estados Unidos (2, 5 milhões); Brasil (580 mil), França (503 mil), Alemanha (450 mil), Reino Unido (140 mil) e Rússia (117 mil);

(vii) temos 713 seguidores;

(viii) foram produzidos, desde junho de 2006, 81 700 comentários (, de um total de 150 800 mensagens, das quais 69 mil foram consideradas como "SPAM" ou "lixo", pelo nosso servidor, o Blogger, ou foram eliminadas, em número muito reduzido,  pelos nossos editores): grosso modo, temos uma média de 4 comentários por poste;

(ix) é difícil de quantificar o nº total de material iconográfico que reunimnos ao fim destes  16 anos, mas entre fotografias, vídeos e outras imagens (aerogramas,cartas, mapas, infografias...) devemos etr mais de 100 mil documentos.

(x) estamos também presentes no Facebook, com a página Tabanca Grande Luís Graça, que contém já mais de 3 milhares de "amigos", dos quais não sabemos exatamente quantos foram combatentes, e muito menos combatentes no TO da Guiné; mas "amigo do Facebook" não significa automaticamente ser "membro de facto et de jure" da nossa Tabanca Grande: para este efeito, é preciso que o candidato faça o pedido expresso, e se apresenta, aos editores, com as 2 fotos da praxe e um pequeno texto sobre as suas andanças na Guiné.
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 30 de agosto de  2014 > Guiné 63/74 - P13548: Blogpoesia (388): O helicóptero (Jorge Cabral)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20554: Questões politicamente (in)correctas (50): as grandes desmatações à volta de aquartelamentos construídos de raiz como Mansambo, e ao longo da rede viária, com o apoio das populações às NT (Torcato Mendonça, ex-alf mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca( > Mansambo > CART 2339 > Março / Maio de 1969 > Op Cabeça Rapada > Concentração de pessoal e viaturas no quartel de Mansambo. Não sabemos que são os tipos de chapéu colonial, assinalados com um círculo a vermelho: os da direita, junto a militar de Mansambo em tronco nu, podem ser ser cipaios, da polícia administrativa ou até adjuntos do régulo de Badora... Junto à viatura, de calção, pode ser o condutor... Foto do álbum de Torcato Mendonça (ex-alf mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca( > Mansambo > CART 2339 > Março / Maio de 1969 > Op Cabeça Rapada >  Tropas, a montar segurança,  e civis, capinadores, na estrada Mansambo - Bambadinc. À esquerda, um homem, ocm cabeça colonal, que pode estar a enquadrar os civis e que poderia ser um "cipaio" (polícia administrativa).

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona Leste >  Região de Bafatá Sector L1 (Bmabadinca) > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento, que foi construído de raíz pela CART 2339 (Mansambo, 1968/69).  À volta foi tudo desmatado. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

"Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto. 

"Faltam os obuses, um de cada lado à esquerda e à direita. Ao lado dessa árvore ficava o depósito, que era uma palhota, de géneros e munições, que ardeu a 20 de Janeiro de 1969 (nesse dia chegaram os 2 Obuses 105 mm). Era véspera do aniversário da CART 2339. Ao fundo vê-se uma mancha à esquerda do trilho de entrada que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a nossa horta. A fonte ficava à direita da foto onde se vêem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo. Se confrontares com um mapa da zona vê-se aí uma linha de água" ( Carlos Marques dos Santos, 1943-2019)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]© 



1. Excerto do poste P9541 (*), da autoria do nosso colaborador permanente Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69), que participou tanto na Op Lança Afiada como na Cabeça Rapada. e que infelizmente por razões de saúde tem estado afastado do nosso blogue e do nosso convívio:


Não é de assuntos de barbearia que venho falar. Não. Vou tentar contar-vos, sem grandes pormenores, a maior operação de Acção Psico Social – chamemos-lhe assim – a que assisti. Bem planeada e meticulosamente preparada por quem sabia.

Tudo com o aval do Comandante-chefe e teve o nome de “Operação Cabeça Rapada”. Desenrolou-se de finais de Março a meados de Maio de 69, talvez por seis fases ou seis operações [, na realidade, quatro.]

O objectivo era capinar – cortar e desmatar – toda a vegetação numa faixa de trinta ou quarenta metros, talvez mais, para lá do arame que delimitava o perímetro de Mansambo e igualmente, em largura, uma faixa similar para lá das bermas das estradas (picadas) de Mansambo a Bambadinca e daqui até ao Xime. Só nas zonas mais propícias a emboscadas.

Outras desmatações menores,  à volta de algumas Tabancas, por exemplo Amedalai e outros locais, sofreram igual corte.

Estas Operações queriam vincar três pontos:

(i) dizer que o IN tinha sido derrotado na Operação Lança Afiada [, 8.19 de março de 1969];

(ii) mostrar que as populações estavam com as NT;

(iii) fortalecer o slogan “Por uma Guiné Melhor”.

Análise despretensiosa e sem petulância minha. É uma não análise… talvez.

As populações envolveram-se fortemente depois do excelente planeamento. Muitas centenas, talvez um ou dois milhares de civis, muitos militares  [na realidade, 7 mil, na Op Cabeça Rapada I], e uma logística enorme: viaturas civis e militares, alimentação e uma bem montada segurança, próxima e afastada, para dissuadir ou minimizar o efeito de qualquer ataque e, também, colaborar activamente com apoio rápido à resolução de algum acidente e incidente.

Não seria difícil ao IN disparar umas morteiradas e provocar o pânico. Uma ou duas granadas eram suficientes. Não o fez e nós não sabíamos, quantos daqueles homens eram simpatizantes deles e trabalhavam naquela desmatação para obterem informações. Havia certamente.

Lembro-me da enorme confusão da manhã do primeiro dia. Eram muitas centenas e centenas de homens e suas catanas a chegarem a Mansambo. Organizar tudo seria tarefa difícil mas foi conseguido.

A nossa missão, a do meu Grupo, era outra e rapidamente saímos do aquartelamento para a segurança. No fim de toda esta Operação, faseada e por tanto tempo, quando acabou uma dúvida, em mim, se levantou: 
- Aquela desmatação não iria abrir o campo de tiro ao IN?

Caí, em meados de Maio, numa forte emboscada no Pontão do Almami e, em inicio de Abril, já tinha havido outra no mesmo local. Felizmente as árvores que ladeavam a estrada foram poupadas.

No dia 28 de Maio de 1969 a sede do Batalhão, em Bambadinca, foi atacada pela primeira vez. As tabancas de Taibatá, Moricanhe e Amedalai, sofreram igualmente ataques.

Era a represália do IN. Teve auxílio vindo do Sul e do Norte? Certamente. Mas provava que estava vivo e não fora aniquilado na Lança Afiada e esta não respeitara certas regras básicas de contra guerrilha. O IN não foi aniquilado. Tanto assim que começou a bater forte, a tentar infiltrar-se e a exigir um esforço maior de contenção das NT. 

Só em meados de Agosto. o IN veio a sofrer um forte revés e ficou decapitado - como sinónimo de sem comando [, o comandante Mamadu Indjai, gravememte ferido em emboscada montada por forças da CART 2339].

Nada de relevante ou muito grave aconteceu até ao fim da nossa Comissão, em finais de Novembro de 1969. Emboscadas, ataques a tabancas e aquartelamento, umas baixas sempre lastimáveis e uma ou outra operação igual a tantas outras. A rotina habitual com ou sem desmatações.

Embarcamos em 4 de Dezembro de 1969 [, de regresso a casa].

2. Em comentário ao poste P9541 (*) , o nosso amigo e camarada Henrique Cerqueira [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ4610/72, e CCAÇ 13, Biambe  e Bissorã, 1972/74; vive no Porto] disse o seguinte:

Camarada Torcato:

A simplicidade do tema é na realidade um grande aglutinador das nossas lembranças.

Tambem participei em proteções a grandes grupos de capinadores na região de Bissorã. E apareciam civis aos magotes, pois pudera, o dia era pago pelo Estado Português.embora que em géneros (arroz).

Na realidade a capinagem dava segurança quando estavámos no quartel e quando regressavamos. Mas, quando tínhamos que sair em patrulhamentos,  que era quase sempre ao caír da noite, eu só me achava seguro depois de nos embrenharmos no mato.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9541: Nós da memória (Torcato Mendonça) (12): Cabeça Rapada - Fotos falantes IV

(**)  Último poste da série > 12 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20551: Questões politicamente (in)corretas (49): no 1º ano do consulado de Spínola, ainda havia ou não indícios da prática de trabalho forçado (, extinto por decreto, em 1961), por parte da administração e até do exército ?