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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20344: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte I


Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010 > Vista aérea do centro histórico: Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República, que partia da Praça do Império), ao fundo o cais do Pidjiguiti (ou Pindgiguiti, como se escreve agora...), o porto de Bissau,  o ilhéu de Rei... Em primeiro plano, à esquerda, parece-me o edifício da administração civil da época colonial, hoje é a sede o ministério da Justiça.  O edifício a seguir, branco, no cruzamento da Av Amílcar Cabral com a Rua 19 de Setembro é a RTP África.


Foto nº 2 > Guiné- Bissau > Bissau > c. 2010 > Vista aérea do centro histórico: Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República, que partia da Praça do Império). Em primeiro plano, a Catedral de Bissau.


Foto nº 11 > Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010>  A fachada da Catedral de Bissau (ou  Sé Catedral de Nossa Senhora da Candelária). Foi consagrada em 1950. E em 1977 passou a ser a sede da diocese de Bissau, criada nesse ano.


Foto nº 6 > Guiné- Bissau > Bissau > c.  2010 > CEIBA Hotel Bissau | Um hotel de 4 estrelas, sito na Av dos Combatentes da Liberdade da Pátria.


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 >  Av Amílcar Cabral (, antiga Av da República), ao fundo o Palácio Presidencial e a Praça dos Heróis da Liberdade da Patria (, antiga Praça do Império). O antigo palácio do Governador ardeu na sequência da guerra civl de 1998/99, tendo sido posteriormente reconstruído pela República Popular da China.(sem grande respeito, diga-se de passagem, pela traça original).


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 >   Em segundo plano, à direota, o Hospital Nacional Simão Mendes, na Av Pansau na Isna, paralela à Av Amílcar Cabral.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 > Bissau Velho,  o forte da Amura (hoje Panteão Nacional), o porto, o ilhéu do Rei...


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Bissau > c.  2010 > Porto de Bissau...


Foto nº 8   > Guiné.Bissau > Bissau > c.  2010 > Ao centro, o Palácio Colinas de Boé, sede da Assembleia Nacional Popular (Parlamento),sito na Av Francisco Mendes... O edífício, de arquitetura moderna,  foi construida pela China. Foi inaugurado em 2005. à esquerda, frente ao Palácio Colinas do Boé, fica o CEIBA Hotel.


Foto nº 7   > Guiné.Bissau > Bissau > c. 2015/16/17 > Mais uma vista aérea da cidade, com o CEIBA Hotel à direita, na Av Francisco Mendes. Há aqui um rotunda, no lado direito, vem a Av Brasil, depois continuada pela R Ermelinda Gomes.


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Av Combatentes da Liberdade da Pátria  > Veja-se o caos do trânsito. Esta avenida é a que nos leva até ao aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a uma  distância de 7,5 quilómetros.

(...) "Começa-se a entrar nos bairros periféricos e extremamente populosos de Bissau como o Bairro da Ajuda, o Bairro Militar ou o Bairro do Quelelé.

Sem se sair da avenida de duas faixas de cada lado (muitas vezes três!), e já depois de passar a Rotunda da Chapa de Bissau, encontra-se do lado direito a Grande Mesquita de Bissau. Mais à frente, do lado esquerdo, a Embaixada da União Europeia e de alguns países, a sede do BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental), o Palácio da Justiça e o complexo que acolhe o gabinete do Primeiro-Ministro e alguns dos ministérios governamentais – a Primatura" (...). Fonte: Guia Turístico: À descoberta da Guiné.Bissau, 2ª ed. revista e atualizada. (Da autoria de  Joana Benzinho e Marta Rosa | Afectos com Letras - ONGD, 2018, 176 pp.)


Foto nº 6  > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Antigo edifício da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau, sita na Av Amílcar Cabral, do lado esquerdo de quem desce da antiga Praça do Império.


Foto nº 10  > Guiné-Bissau > Bissau >  c. 2010 > Parece ver-se ao centro o "relvado" do Estádio Lino Correia.

Fotos:  © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):

Data - 7/11/2019, 12h49

Assunto - Fotos da Guiné-Bissau, da década de 2010

Luís:

Estas fotos, com vistas aéreas de Bissaum, são de um amigo meu... Têm interesse ? Se sim, publica...

Pois, o pior são as legendas.

Trata-se de um amigo que ainda espera que eu vá lá à Guiné, com tudo pago e "chauffeur" privativo.

Eu tenho mais de 100 fotos, nem sei, que ele me mandou...  Talvez mais, são minhas, para meu uso, os créditos fotográficos vou ter de lhe perguntar se ele quer ver aqui o seu nome e do seu Hotel e Restaurante.

Foram enviadas por email, em lotes de 40 e mais, por isso devo ter mais de uma centena.

Mas não sei descarregar de uma forma fácil, estas tive de as editar uma a uma e guardar numa pasta o que é muito chato de fazer. 

Não sei como arranjar mais desculpas para me furtar à tal viagem à Guiné, pois já não tenho idade para isso.

Quem nunca mais lá voltou mais, nomeadamente a Bissau, vai ter algum curiosidade em ver como é a cidade hoje, mais de meio século depois... Há ainda alguns pontos de referência fáceis de identificar: a Catedral, o antigo Palácio do Governador,  a Amura, o porto... Podes numeras as fotos e acrescentar as legendas que entenderes... Estiveste lá em 2008, ainda te lembras de alguma coisa... Eu só lá voltei em 1984 e 1985...

Um abraço para todos,
Virgílio Teixeira

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19518: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXIII: O adeus a São Domingos, 50 anos depois (22/2/1969 - 22/2/2019)... E o meu voo no avião da TAP B707, em 28/2/1968, a caminho de férias na metrópole...


Fto nº 3 > Guiné > Região de Cacheu > São Domi ngos > 22 de fevereiro de 1969 > Local e cena de ‘fuga’. Pista de São Domingos.  Pista, cobertura de passageiros, torre de controlo, avião Dornier dos TAGP, o Jeep que me transportou, o Jeep do Comandante, o Jeep do administrador de Posto, outras viaturas, e personagens do filme.



Foto nº 3> Detalhe


Foto nº 4 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 > A avioneta DO – Dornier dos TAGP, levanta voo em ‘fuga’. Local, São Domingos. Pista, o avião a levantar, o Jeep do administrador, o povo da terra.


Foto nº 4 A > Detalhe 


Foto nº 5 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 > Uma vista aérea do aquartelamento. Pode ver-se a Pista, as instalações do Comando e CCS, as instalações da CART1744, a última vista geral que eu foquei, ambígua, nostálgica, com muito stress.


Foto nº 2 >   Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 >O Bilhete Nº 26372, na Dornier dos TAGP para o voo de São Domingos-Bissau. Bilhete de passageiro, custo 224$00, de S. Domingos para Bissau.
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Foto nº 1 > Nota do QG-CTIG, com ordens de Extinção dos Conselhos Administrativos dos Batalhões de Reforço, com data de 16-11-68 e Prazo para cumprimento até 31-12-68.


Foto nº 6>  Guiné > Bissalanca > 28 de fevereiro de 1969 > Local e cena da ‘fuga’. Local, Bissau (Bissalanca). Na placa da pista pode ver-se um avião da TAP, Boeing 707, e Sala de Embarque.


Foto nº 7 > O Avião TAP B707, algures ao largo do Senegal, nos céus de África, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a Asa do Avião, o Mar azul a terra de areia branca, talvez, costa do Senegal.


Foto nº 8 > O Avião TAP B707, algures ao largo da Mauritânia, nos céus de África, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a Asa do Avião, em baixo o Mar azul e a terra sem fim, de areia branca, talvez, costa da Mauritânia ou Marrocos.


Foto nº 9 >  Foto Aérea, algures em território e nos céus de Portugal, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a asa do avião da TAP B707, porções de terra firme e mar ou rio.


Foto nº 10 > Foto aérea, na aterragem em Lisboa, sem indícios de terramoto, em 28 de fevereiro de 1969. Presumo tratar-se da margem sul de Lisboa, talvez Lisnave, Barreiro, ou outro local. Céus de Portugal, Lisboa, em dia de terramoto, sem sinais dele, 13 horas




Foto nº 10A > Detalhe

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

TEMA 008 - O ADEUS A SÃO DOMINGOS EM 22 FEVEREIRO DE 1969
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1. Mensagem do Virgílio Teixeira:

Data - quinta, 14/02, 13:18 (há 8 dias)
Assunto - Tema 008: o adeus a Dão Domingos em 22 de fevereiro de 1969

Caro mano e amigo Luís,

Conforme já te tinha falado, estou a enviar com 8 dias de antecedência, este Poste dos 50 anos da minha Fuga, isto é, o Adeus a uma terra que me reteve lá tanto tempo, a olhar para o boneco, para a lua, para o rio, a pista, o por do sol, os aviões, ou as minhas viagens no Sintex para Cacheu, Susana, Varela, e finalmente os meus desenfianços de avião para Bissau, e assim perdi algumas flagelações ao quartel, que parece tanto gostar.

Isto tem uma continuação, fiz uma história disto, mas é longa, tem de se dividir em 2 ou 3 partes, se achares por bem. Pode não interessar para muitos, mas estamos a falar aqui das nossas histórias e angústias, não é?

 Um abraço, Virgilio Teixeira


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


 TEMA 008 – O ADEUS A SÃO DOMINGOS  – 50 ANOS DEPOIS  >  22 FEVEREIRO DE 1969 – 22 FEVEREIRO DE 2019.

O TITULO ORIGINAL SERIA: A MINHA FUGA DE SÃO DOMINGOS,

MAS...

Li o primeiro comentário do Luís Graça, muito real e certíssimo, dizendo:

‘A malta não fugia, desenfiava-se'...

Claro que esta história não é de fuga ou deserção, como tantos o fizeram, trata-se de ter conseguido com alguma astúcia e muita determinação, "Desenfiar-me"  para vir passar férias no final de Fevereiro de 1969, era uma obsessão minha, tenho de admitir, não conseguia viver com isto na minha mente. E mais ainda, ultrapasso as minhas expectativas, quando me apercebo que me estão a bloquear por maldade e pura inveja. Eu estou com a documentação em ordem, tudo está "Autorizado", eu tenho o direito às ‘minhas férias’, e não vejo razão nenhuma de especial para me ‘tentar bloquear’ a minha partida.

Pensei melhor e até já tinha feito outro texto, mudando as palavras-chave

– «Fugir», por iutra mais soft, ‘Desenfiar’

Que podem vir a ser mal interpretadas, mas estou hoje com a consciência bem tranquila que fiz tudo o que tinha de ser feito, na minha missão na Guiné, e ultrapassei largamente aquilo que me era exigido em todas as circunstâncias, nunca FUGI a nada, nunca corri para um Abrigo, e em vez disso, tirava fotografias, e "vi muita coisa vergonhosa'....

A minha missão e função foram cumpridas totalmente sem a ajuda de ninguém, não tinha paralelo com outras funções de outras especialidades.

Fugir, sim, no sentido de ultrapassar as barreiras da burocracia e autoritarismo, nisso eu era realmente bem forte, e não me faltam exemplos na carreira militar.

Tenho bastante orgulho em tudo aquilo que fiz no TO do CTIG, e é isso que hoje move comigo e com a minha maneira de ser e estar na vida. Lamento que outros não possam concordar, mas não estou aqui a confessar-me nem a pedir desculpas, e não posso mudar nada agora do que foi feito.

Agora faço mais uma alteração e o título passa a ser de «O Adeus a São Domingos», porque realmente foi um Adeus definitivo, porque nunca mais lá voltei.

Em, 24-09-2018, Virgílio Teixeira

Legendado novamente,

Em, 2019-02-13, Virgílio Teixeira
_____________

Já antes em 20 de Setembro de 2018, tinha escrito ao Luís Graça o seguinte:

Caro Amigo e Camarada Luís Graça:

Fizeste-me o desafio de escrever a história da minha "fuga" de S. Domingos, contrariando todas as ordens do Comando do Batalhão.

Escrevi, melhor dizendo, passei do meu livro - não editado - esta passagem fabulosa da minha estadia na Guiné. Não é uma fábula, já estava tudo escrito, apenas fui fazendo alguns arranjos, pois já tinha quase 10 anos sobre o dia em que escrevi isto, alterei datas e locais, pois fui consultando mais elementos que agora sei melhor e com mais pormenor. Não quer dizer que tudo esteja exacto, mas são contos reais. Para mim tudo isto foi muito importante esta aventura, que me poderia ter custado muito caro, mas saiu tudo bem.

Julgo que é extensa, mas o meu poder de síntese é muito escasso, já retirei muitos pormenores, mas não posso reduzir mais. Podes dar uma olhada para ver se tem narrações a mais, ou desajustadas, fica ao critério do editor.

As fotos, umas são das datas, outras são aproximações da realidade, nada de ficção nem invenções. É claro que as fotos na pista e a DO a levantar voo, são outras cenas, mas é uma aproximação muito real ao cenário do crime.

Espero que apreciem, porque nem tudo foi um mar de rosas para mim, e outros da minha especialidade, embora não me queixe disso. Eu arrisquei muito, mas não estou em nada arrependido. Cumpri na totalidade a minha função, e a missão que o Estado me confiou.
Obrigado,

Virgílio Teixeira,

Em, 2018-09-20

(No dia em que embarquei para a Guiné, a bordo de um DC6 em Figo Maduro, faz 51 anos neste dia 20-09-2018, na hora em que escrevo, estava precisamente na Ilha do Sal, em Cabo Verde, onde pernoitei. No dia seguinte, 21-09-1967, pelas 09:00 horas da manhã, desembarquei em Bissau).

Legendado novamente,

Em, 2019-02-11, Virgílio Teixeira


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T008 – O ADEUS A SÃO DOMINGOS – 50 ANOS DEPOIS > PARTE I

- SINOPSE:

Este tema que já o escrevi várias vezes, na tentativa de o tornar mais simples, pequeno e não chato de ler, nunca consegui essa façanha, e assim parto para o mais simples possível, ficando para outros capítulos a verdadeira história completa.

Vou eliminar os nomes das personagens, nesta fase, para não chocar ninguém.

No fundo estava eu em São Domingos (SD) em meados de Fevereiro de 1969, pronto para vir de férias à metrópole, ao Porto, já estava cheio daquela terra onde nada se passava.

Já tinha tudo pronto, autorização do novo Comandante de Batalhão, acabado de chegar no início de Janeiro de 1969, o bilhete comprado nos TAGP para o dia 22 de Fevereiro de 1969, e tinha já bilhete que me custou 224$00, e já tinha reservado o lugar na TAP para o voo de 28 do mesmo mês.

– O Comandante tenta travar a minha saída:

Logo bem cedo pela manhã, vou ao Gabinete do Comandante, e como era normal, vou tentar dar-lhe o golpe, assinar a Guia de Marcha para Bissau, com fundamento de entregar as contas na Chefia de Contabilidade, e depois estava lá escrito, que seguia de férias para a Metrópole.

Depois de uma espera ansiosa do dia, eis que acordo manhã cedo, e vou ao comandante para ter o visto final para embarcar na avioneta que iria chegar. O comandante não se lembrava de nada, não me queria deixar sair, disse que tinha de lá ficar, pois não havia ninguém para me substituir nas minhas funções. Eu mostrei que já tinha a sua autorização, mas ele insiste que não posso ir, é o início de uma luta feroz com ele, pois eu não me deixava ficar, tinha de ir a todo o custo. Ele lá se convenceu e assinou a Guia de Marcha, vou logo de jeep directo para a pista, ou campo de aviação, e já se começa a ouvir o barulho do motor da avioneta dos TAGP.

Eu não consigo agora coordenar as ideias do que se passou, mas sei que ele ficou muito apreensivo e disse-me como é que vou de férias sem autorização. Mostrei e disse: O meu comandante já autorizou e mostrei-lhe a Ordem de Serviço.

O Comandante levanta-se da cadeira e disse que não era possível, pois tinha visto que os CA tinham de acabar em menos de um mês, e eu nunca poderia ir. Não assinou. Vou dizer que os ‘ditos’ me caíram ao chão, entrei em pânico. Expliquei que tinha tudo marcado, o avião dos TAGP já estava aí a chegar, já paguei a viagem na TAP, e tenho direito às férias. Mas não sei como, ele bufou por todos os poros e assinou, vociferando quando baste.

Meti-me num Jeep direito à pista, já ouvia o roncar da avioneta a pairar no ar, era uma Cessna de 2 lugares, e chego ao ponto de embarque. Sei que se gerou logo grande alarido, pois muita gente ficou de imediato a saber, e naturalmente o Major adjunto de operações lhe deve ter dito, se ele for quem vai apresentar as contas do Batalhão e cumprir as ordens do QG?

O filme de suspense começou e vai prolongar-se por muito tempo, minutos que parecem séculos. Eu não via mais nada a não ser o momento de sair dali e ir de férias, fosse a qualquer custo, mas tinha de ir embora.

A avioneta parou na pista envolta num manto de poeirada, numa manhã quente e o sol a pino em cima da cabeça. Sai um passageiro, o piloto fica no cockpit, atira com a mala do correio, o que vai logo entreter muita gente, que se vai amontoando, não só pelo correio mas para ver a cena do ‘desenfianço’. O Piloto ainda manda o pessoal tirar umas caixas de mercadorias e alimentos frescos, o que já era normal.

Esta na hora de eu entrar, mas olho para trás, num último Adeus, e vejo um Jeep a alta velocidade, deixando um rasto de poeira vermelha atrás dele, e que parou ao meu lado, era o nosso 1º comandante, X. Ele vem logo para cima de mim, e disse mais uma vez com voz ameaçadora que eu não posso ir, tenho de ficar, pelas razões já expostas, que estou a desobedecer às ordens, e ameaçando que se me ausento, vai processar-me disciplinarmente, não sei como, mas poderia até mandar deter-me à força, não faço ideia.

Eu insisto dizendo que, ‘tenho tudo assinado pelo meu comandante’, por isso, agora já é tarde, eu sei que estou legal com o documento assinado, mas ele se quiser manda cancelar tudo e até pode impedir-me sem razão nenhuma a minha saída. Discute-se a quente, o piloto não sai do seu lugar, os motores nunca pararam, ele assiste à conversa, isto é à discussão, pois metia gritos do comandante.

Lembro que as avionetas civis, quando aterravam, largavam o pessoal e encomendas, correio normalmente, e não deixam parar o motor, para o caso de uma eventualidade ter de largar sem aviso prévio. Eu estou já a despedir-me de alguns companheiros mais chegados e que sabiam desta saída, mas ouço um barulho de um Jeep, a poeirada que largava atrás de si, e vem directo ao avião ter comigo, continuando a dizer que não podia ir, apesar de ter acabado de assinar a Guia de Marcha.

Esta discussão leva uma eternidade de minutos, mas o piloto apercebe-se que eu tinha razão, e manda então o recado final:
-  O passageiro ou entra, ou sai, eu vou levantar voo agora mesmo.

Ele já me tinha agarrado no braço, e eu já tinha um pé dentro do avião, outro de fora. E, nessa ocasião tomo a maior decisão da minha vida como militar, livro-me das ‘garras’ do comandante, entro no avião e fecho a porta, o piloto levanta voo a caminho de Bissau, deixa uma nuvem de pó que quase não dava para ver aquela cabeça de ‘Melão’ do comandante a gesticular com os braços, só faltou mesmo, ele mandar abrir fogo sobre a Avioneta, com toda a artilharia ligeira e pesada.

Olho para trás lá de cima aquela paisagem desoladora que já tinha vista muitas vezes antes, o nosso ‘Acampamento’ tipo ‘Forte Álamo’ do Texas, e vejo o pessoal em terra a olhar para o ar, fico com uma nostalgia indescritível, pois tinha a sensação que já não voltava mais para aquele sítio.

Torna-se quase impossível descrever este cenário, que até hoje me comove, por causa de tanta maldade, e porque sabia que não voltaria mais para aquele local e ficar às ordens mais uns meses daquela brutal parelha, o Major e o Coronel. Faço as últimas fotografias daquela terra que deixava para trás, ao fim de tantos meses, prisioneiro. Em pouco tempo deixei de ver o quartel, pensei que era a última vez que ia ver aquela terra – São Domingos. E foi mesmo.

Consegui sair dali, e passado pouco mais de uma hora já estamos a aterrar em Bissau, nem uma hora foi preciso, pouco falei com o piloto, nem me lembro da cara dele, eu estava lívido de raiva, e comecei a ficar aterrorizado, a pensar no que ele poderia fazer dali por diante até chegar o dia do avião da TAP.

Fui direito ao Grande Hotel de Bissau, onde normalmente ficava e instalo-me ali, em vez de ir para a porcaria da caserna do Biafra para o meio daquela malta já “apanhada” e dos mosquitos, e ficar bem longe dos olhares militares. E assim foi, nunca mais voltei àquela terra, a São Domingos, por razões de mudanças e estratégia militar, da qual falarei mais tarde.

Esta foi a cena para mim mais marcante na minha estadia na Guiné, embora ainda não tinha terminado, faltava muito para entrar no avião da TAP.

Depois foi uma longa espera até ao meu voo, senti os minutos a passar e foram 6 dias de espera, chega o dia, vou ao QG carimbar o passaporte, vou para o aeroporto, o Boeing levanta voo, já ninguém me apanha, e chego na manhã do dia 28 de Fevereiro de 1969, no dia do terramoto, para mim nem o cheguei a cheirar.

Ao fim de 30 dias, regresso à Guiné, conforme previa já me tinham mandado tudo para Bissau, fiquei instalado no Quartel do 600 e aí acabei a minha tarefa e a minha comissão.

E conforme tinha dito, nunca mais voltei a São Domingos, ficou lá tudo o que era pessoal, roupas, malas, as minhas lembranças, a minha G3, a minha motorizada Honda, os meus caixões cheios de garrafas de bebidas brancas estrangeiras, os meus companheiros e amigos mais chegados, isto é 12 meses da minha vida na Guiné.

É por isso que sempre digo:
- Nunca me despedi de São Domingos, nem das pessoas de que mais gostava.

… Fim da I Parte

II – As Legendas das fotos:

Não tenho fotos específicas destas cenas e desta fuga ainda dentro da pista, mas vou colocar alguma já editada, para suportar com Postes este Tema, quase surreal, kafkiano, que mais se parece ao estilo do famoso livro do ‘Papillon’, ou do filme ‘Casablanca’.

Tirei algumas ainda a sobrevoar São Domingos  e depois na saída de Bissau, nos céus de África, e a chegada aérea à zona de Portugal, até Lisboa.

Podemos considerar como os locais e aparelhos do ‘crime de fuga’, as seguintes fotos:

F01 – Nota do QG- CTIG, com ordens de Extinção dos Conselhos Administrativos dos Batalhões de Reforço, com data de 16-11-68 e Prazo para cumprimento até 31-12-68.

F02 – O Bilhete Nº 26372, na Dornier dos TAGP para o voo de São Domingos-Bissau. Bilhete de passageiro, custo 224$00, de S. Domingos para Bissau, em 22 Fevereiro 69.

F03 – Local e cena de ‘fuga’. Pista de São Domingos, em 22-Fev-69. Pista, cobertura de passageiros, torre de controlo, avião Dornier dos TAGP, o Jeep que me transportou, o Jeep do Comandante, o Jeep do administrador de Posto, outras viaturas, e personagens do filme. Local, São Domingos, 22 de Fevereiro de 1969

F04 – A avioneta DO – Dornier dos TAGP, levanta voo em ‘fuga’. Local, São Domingos, 22-02-69. Pista, o avião a levantar, o Jeep do administrador, o povo da terra.

F05 – Uma vista aérea do aquartelamento. Local, São Domingos, 22 Fevereiro de 1969. Pode ver-se a Pista, as instalações do Comando e CCS, as instalações da CART1744, a última vista geral que eu foquei, ambígua, nostálgica, com muito stress.

F06 – Local e cena da ‘fuga’. Local, Bissau (Bissalanca), em 28-02-69 Na placa da pista pode ver-se um avião da TAP, Boeing 707, e Sala de Embarque.

F07 – O Avião TAP B707, algures ao largo do Senegal, nos céus de África, em 28-02-69. Pode ver-se a Asa do Avião, o Mar azul a terra de areia branca, talvez, costa do Senegal.

F08 - O Avião TAP B707, algures ao largo da Mauritânia, nos céus de África, em 28-02-69. Pode ver-se a Asa do Avião, em baixo o Mar azul e a terra sem fim, de areia branca, talvez, costa da Mauritânia ou Marrocos.

F09 – Foto Aérea, algures em território e nos céus de Portugal, em 28-02-1969. Pode ver-se a asa do avião da TAP B707, porções de terra firme e mar ou rio.

F10 – Foto aérea, na aterragem em Lisboa, sem indícios de terramoto, em 28-02-69. Presumo tratar-se da margem sul de Lisboa, talvez Lisnave, Barreiro, ou outro local. Céus de Portugal, Lisboa, em dia de terramoto, sem sinais dele, 13 Horas


«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

- NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#

Em, 2019-02-14
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Nota do editor:

Último psote da série > 18 de fevereiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19503: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXII: Memórias do Gabu (I)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19411: (Ex)citações (350): Memórias da 'rainha do Gabu', saudades dos comerciantes locais e suas famílias, com destaque para o sr. Caeiro, português, e o sr. Magid Danif, libanês (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71; bancário reformado, Cova da Piedade, Almada)


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16 de dezembro de 2009 > A rua comercial da nova Gabu, onde há banco (agência do BAO - Banco da África Ocidental) e multibanco... Em 2009, a velha "rainha do Gabu" havia já destronado a  "princesa do Geba",  do nosso tempo, Bafatá, a cidade "colonial" mais encantadora da Guiné... Mudam-se os tempos, mudam-se os lugares: aqui falava-se mais francês do que português, e correm muitos CFA, escreveu o João Graça, médico e músico, que viajou por estas paragens... Em contrapartida, Bafatá era uma "dor de alma"... Foi lá tirar fotos (e dormir uma noite) para mostrar ao pai...Os bels dois edifícios que se veem na foto, de arquitetura tradicional. fazem parte do "núcleo histórico" do Gabu e é bom que as suas fachadas, pelo menos, se preservem.


Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > "Núcleo histórico"... Cortesia de:  Catálogo da exposição “Urbanidades – Arquitectura e Sítios Históricos da Guiné-Bissau” (Organização: Fundação Mário Soares (Alfredo Caldeira e Victor Hertizel Ramos); Curadoria: Ana Vaz Milheiro, com Filipa Fiúza,  ISCTE-IUL, DINÂMIA’CET), Lisboa, 2016)



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da Estação dos CTT


 Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da administração do Gabu


Fotos (e legendas): © José Couto / Tino Neves (2005). Fotos gentilmente cedida por José Couto (ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1969/71 > Fonte das Bajudas

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Excerto de um texto de Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego,  1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada), já publicado há 10 anos atrás no nosso blogue.

O Tino Neves conheceu muito bem Nova Lamego, e dá um contributo interessante para o esclarecimento de alguns questões com os comerciantes da "princesa do Gabu", desde o sr. Caeiro, português, até ao sr. Magid Danif, libanês (*):


Um Guia Turístico [, como por  exemplo o do Gabu] nunca está totalmente completo, daí o meu desejo, não de o completar, não tenho essa pretensão, mas sim, de dar mais uma ajuda para alcançar então esse fim, se possível. Outros o completarão.

Como já disse atrás, a descrição feita de Nova Lamego [, pelo camarada José Manuel Diniz ]  está muito bem feita, não faltando de facto um dos ex-libris, do qual achei até muita graça, da "GMC" e do "Unimog", de que me recordo perfeitamente, mas há muitos mais, assim como a Fonte das Bajudas [Foto nº 2],  que era a fonte onde as bajudas, nossas lavadeiras, iam lavar as nossas roupas, que ficava no caminho,  vindo, julgo eu, de Piche, ao entrar-se em Nova Lamego.

Foto nº 3 > O Tino Neves, vestido à civil,
no dia do 22º aniversário (8/2/1970),
junto à estação dos CTT
Passava-se junto da Administração do Gabu, de que também junto foto actual (fevereiro de 2005) [Foto nº 1], passava-se então pelo cruzamento (onde estou eu na foto à civil, no dia 8/2/1970). Sei que foi tirada nesse dia, porque foi dos poucos dias em que eu me vesti à civil, em Nova Lamego. E porquê? Porque no BCaç 2893, quem fizesse anos tinha como prenda a folga de quaisquer serviços e autorização para se vestir à civil, portanto essa foto [, nº3,] foi-me tirada no dia em que fiz 22 Invernos, no cruzamento, entre os CTT, correios civis (que junto 2 fotos, antiga e actual) [, Foto nº 4], o Cine Gabú e a loja do sr. Caeiro.

O sr. Caeiro  (**) era  um português de raça branca. A Casa Caeiro era um aloja essencialmente de electrodomésticos, mas não só, e na ponta que falta, a do meu lado direito, um dos edifícios civis utilizados para o quartel velho.

Por falar da loja do sr. Caeiro, o telhado da referida loja era simplesmente uma placa de cimento, não sendo muito grande, talvez pudesse lá pousar um helicóptero, mas foi utilizado para outra coisa diferente. Estando lá um capitão paraquedista que estava a preparar-se para uma competição no estrangeiro, de salto em queda livre, resolveu fazer uma aposta em como iria saltar e pousar no telhado da loja do sr. Caeiro. Assim fez, saltando de um helicóptero que subiu em espiral, tão alto, até deixar de se ver.

Foto nº 5 >Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 1970 >
Baile de despedida as filhas do sr. Salomão,  o administrador
cabo-verdiano do Gabu. Na foto,  um grupo  de convidados,
militares, todos 1ºs cabos, entre eles o Tino Neves
O segundo dia em que fui também autorizado a trajar à civil, foi para ir a uma festa de despedida das filhas do sr. Administrador do Gabu, que era de origem cabo-verdianas. Estavam em Portugal, segundo me recordo, na região de Évora, num colégio de freiras, a estudar. Tinham passado lá,  em Nova Lamego, um mês de férias e estavam de partida. Foi então organizada uma festa com baile, julgo que pelo próprio sr. Salomão, pai das ilustres homenageadas, que eram muito giras e simpáticas. (Também junto foto dos únicos praças, primeiros cabos, que foram convidados).[Foto nº 5]

Foto nº 6 > O Tino Neves
ao telefone
Por detrás de mim, nesse cruzamento, mais atrás do meu lado direito, fica a porta de armas do quartel, onde eu estou ao telefone [, Foto nº 6] e sensivelmente mais atrás do meu lado esquerdo ficava um pequeno Destacamento de Engenharia.

Entre os poucos elementos que o compunham, estava um furriel, nome do qual já não me recordo, mas para quem trabalhei muitas vezes a pedido do meu capitão, pois ele tinha que fazer todas as semanas a listagem de pagamentos aos civis a seu cargo e muitas das vezes não o conseguia fazer sozinho e atempadamente. Eram bastantes folhas com 4 ou 5 cópias cada lista. Com o papel e o químico em 5 cópias, tinha que se bater bem forte nas teclas da máquina de escrever e, como as letras como o "a", "o", "b" e "d" cortavam o papel, sendo a lista composta pela maioria de "Baldés" e Djalós", os duplicados passariam por vezes a serem os originais, por estes estarem tão esburacados.

Noutros trabalhos feitos em "stencil" (ou folhas de cera) com aquela máquina, tinha que se ser muito suave ou utilizar o verniz, para repor a letra cortada. Com as folhas de "stencil" eu fazia qualquer tabela criada a régua e estilete, incluído este boneco, de que, não sendo o seu autor, me foi concedido para fazer subscritos (envelopes) para cartas e serem enviadas por nós aos nossos familiares e madrinhas de guerra. [Foto nº 7][

Falei do senhor libanês que tinha uma loja muito concorrida e uma esposa muito bonita. Posso afiançar que era verdade, cheguei a vê-la, só bonita não chega, mas fiquemos por aqui, não terei adjectivos suficientes para a descrever.

Havia mais uma loja de outro libanês que não ficava atrás, talvez fosse até mais popular, que era o sr. Magid Danif. Era ele e a mãe,  do qual não me lembra o nome, mas estando eu lá na altura, suponho que no inverno de 1970, talvez em dezembro, a senhora veio cá a Portugal, porventura passar o Natal ou outro assunto, o certo é que faleceu num quarto de pensão, asfixiada com um calorífico a gás.

Foto nº 7 > Boneco a "stencil" alusivo
 à peluda
Do sr. Magid Danif tenho uma estória que me aconteceu cá em Portugal, a qual nunca contei a ninguém. Vai ser contada agora pela primeira vez.

Eu era caixa na Agência do Totta & Açores, na Cova da Piedade e, no iníio dos anos 90, não tenho presente de facto o ano certo, mas julgo ter sido por essa altura, estava eu na caixa a pagar cheques, quando me aparece uma jovem bonita, alta e elegante bajuda que me entrega um cheque para receber. Nos instantes em que ela procurava o B.I. para eu conferir os dados e assinatura do verso do cheque, passo com os olhos pelo nome de quem pertencia o cheque, quando dei um berro, lendo o nome do apelido lá escrito, MAGID DANIF.

Assim o disse, logo recuperei a calma e julgo que ela não se tenha apercebido da minha reacção, pois estava com os olhos metidos na mala na procura da carteira, mas eu fiquei com o coração aos saltos. Ver e ouvir ali à minha frente, uma criatura, que eu talvez tenha visto em pequenina ou simplesmente ser familiar de uma pessoa que eu conheci na Guiné, para mim, e julgo que por todos aqueles que por lá passaram, ficamos vacinados, aliás, não diria vacinados, mas sim contaminados com o vírus Guiné. Qualquer coisa que se relacione com aquele país, o vírus manifesta-se logo e como ia dizendo, depois enquanto a ía atendendo, dialoguei com ela que me confirmou ser filha do sr. Magid Danif e que estava cá em Lisboa a estudar.

Acabei de a atender, dei-lhe o dinheiro do cheque e ela foi-se embora, mas eu não fiquei bem, queria falar um pouco mais com ela, saber mais coisas lá de Nova Lamego, etc., mas não podia, porque tinha uma bicha (fila) de pessoal à espera para atender. Chamei a pessoa que se seguia e aí é que foi o problema, só à terceira tentativa é que eu consegui fazer a operação de lançamento do cheque corretamente, porque naquele momento eu não me encontrava ali, na Agência do Totta da Cova da Piedade, mas sim a milhares de quilómetros, na Guiné, mais propriamente em Nova Lamego, a percorrer as suas ruas, a visitar a loja do sr. Magid Danif.

Acabei de atender essa pessoa, fechei a caixa do dinheiro e desci aos arquivos, a fim de tentar acalmar, pois o meu coração estava aos saltos, estava eufórico, não sabia o que estava acontecer, só sabia que tinha ficado com pena de não ter ficado à fala um pouco mais com aquela encantadora criatura que tinha aparecido à minha frente. Confesso aqui, pela primeira vez, que chorei, as lágrimas corriam-me pela face abaixo, que nem torneiras, mas era um choro silencioso e de alegria, satisfação e tristeza ao mesmo tempo, por não saber mais nada de novo.

Não me conseguindo controlar, tentei lá no arquivo procurar alguma coisa que me desviasse a atenção e me acalmasse, o que aconteceu passados 15 minutos (o que naquele balcão nessa altura era possível, porque eram várias caixas a trabalhar ao mesmo tempo e eu tinha também ao meu cargo o arquivo). Peguei numa pasta e regressei à caixa para acabar o trabalho que faltava. Já mais calmo, mas já no final do fecho da caixa, procurei o cheque da menina Magid Danif e fui à base de dados procurar os contactos dela, com a intenção de mais tarde a procurar por telefone ou pessoalmente, mas quando já tinha no visor do PC o que procurava e me dispunha a tomar nota, senti uma mão no meu ombro esquerdo.

Virei-me quase de imediato e qual foi o meu espanto, não vi ninguém que o tivesse feito, porque estavam todos bastante afastados de mim e eu estava sozinho. Aquela mão invisível fez-me vir à realidade e pensar para mim, o que é que eu estava a fazer?

A pequena não ficou muito satisfeita, apesar de confirmar quem era, não mostrou com sorriso o acontecido, talvez tenha ficado assustada ou qualquer outra coisa. Desliguei o computador sem tomar nota e pensei se de facto ela também ficou curiosa,  talvez torne a vir cá, apesar da conta ser de Lisboa. E assim acabei o dia e muitos mais dias, meses e anos, sem saber mais nada daquela encantadora criatura nem de Nova Lamego.

Muitos ao lerem este meu desabafo, vão comentar: este deve estar, ou esteve apanhado do clima, mas não se esqueçam que naquela altura, na Net pouco se sabia ou nada,  e o que sabíamos da Guiné e, do meu caso em especial Nova Lamego, nada. Agora sim com a Net,  sabemos tudo o que queremos, é só procurar.

Antes deste acontecimento, tinha muitos casos em que me dava à fala com guineenses, porque sempre que via um africano, que me parecesse da Guiné, tentava logo saber donde eram e se eram do Gabu ou não.

Fico por aqui, satisfeito e aliviado por ter desabafado, mas só mais uma coisa: o vírus da Guiné    é de tipo proteico / vitamínico, porque quando vemos, ouvimos ou lemos algo sobre a Guiné, de bom, nos dá força e nos rejuvenesce (mas também quando é mau, nos deita abaixo, faz-nos dor e sofremos). (***)

2. Comentário do editor LG:

Apareceu em 22/11/2010 um comentário ao poste do Tino Neves (*), que é assinado por uma neta do sr. Caeiro, a Bela... De facto, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande.
Pena não ter deixado um contacto (telefone, email...)


"Anónimo disse...

Olá, Sr. Luís Graça! No seu artigo sobre a sua viagem em 2005, fala na loja do Sr. Caeiro. Não chegou a tirar fotos actuais? Após a morte dele, uns anos mais tarde, o meu pai manteve lá a farmácia até aos anos 80/90. Teve de desistir, por mais que se preocupasse em manter o nome do seu pai, a vida não o permitiu. Falo do sr. Caeiro, meu Avô! O Padrinho, como todos o chamávamos, meu pai, mãe, irmão e eu. O Homem mais bondoso que conheci, infelizmente só até aos meus 5 anos. Um abraço a quem o conheceu e um bem haja. Bela.

"22 de novembro de 2010 às 23:57".

Em conclusão, a loja do sr. Caeiro deu origem a uma farmácia, no Gabu, na nova Guiné-Bissau, e que se terá mantido  aberta até aos anos 1980/90... Alguém se lembra ? Parece comfirmar-se a naturalidade, portuguesa, do sr. Caeiro.

Que idade terá hoje a Bela ?  Será diminutivo de Anabela ? E usa o apelido Caeiro ?  Se nos ler, que nos escreva para:

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Bela: as fotos não são minhas, mas de um camarada e amigo do Tino Neves,  o José Couto, que lá esteve, na Guiné-Bisssau e foi ao Gabu, em fevereiro de 2005... O Tino Neves e outros camaradas, que aqui têm escrito, conheceram o seu avô Caeiro, por volta de 1967/68 (o Virgílio Teixeira) e 1969/71 (o Valdemar Queiroz, o Constantino Neves...), e gostariam de saber algo mais sobre o resto da sua vida... Pena que tenha morrido cedo. Ficámos com a ideia de que a família Caeiro era da Figueira da Foz. Certo ?

Sobre a família Danif, de origem libanesa, em Bafatá, ver aqui.

Vd. também fotos do Gabu, tiradas pelo nosso grã-tabanqueiro João Graça, em finais de 2009. A "rainha do Gabu" de ontem parece ter passado a perna à "princesa do Geba", Bafatá, hoje em decadência.


3. Imagem aérea do quartel antigo e da vila de Nova Lamego.O quartel estava situado no centro da vila, formando um rectângulo e ocupando alguns edifícios civis. A foto, cedida por Roseira Coelho (,que o Tino Neves presume que fosse ten pilav), já vinha com as marcas sem a respectiva legenda. O Tino Neves completou as legendas. (****)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares (Parte I)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado direito da foto de conjunto) (Parte III)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado esquerdo da foto de conjunto) (Parte III)


Legendas:

(1) Caserna das Praças;
(2) Casas civis (para alugar);
(3) Loja dos irmãos Libaneses;
(4) Depósito de géneros;
(5) Estação dos CTT (civil);
(6) Destacamento de Engenharia;
(7) Messe de Oficiais;
(8) Messe de Sargentos;
(9) Parque e Oficinas Auto;
(10) Refeitório;
(11) Dormitório de alguns Sargentos;
(12) Sala do Soldado;
(13) Parque de Jogos.

Foto (e legendas): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3861: Memória dos lugares (17): Nova Lamego, a raínha do Gabu (Tino Neves)

(**) Vd. poste de 16 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19407: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LX: A Casa Caeiro e os comerciantes libaneses de Nova Lamego

sábado, 5 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19367: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (63): Fotos áreas do reordenamento de Nhabijões, precisam-se (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto)


Guiné > Região de Baftá > Setor L1 > Bambadinca > 1970 > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) Vista aérea do aquartelamento e posto administrativo de Bambadinca (que pertencia ao município de Bafatá) > Vista aérea, obtida de helicóptero,Em primeiro plano o edifício do comando e as instalações de oficiais e sargentos. Bambadinca (em mandinga, "cova do lagarto") ficava numa pequena elevação ou morro, sobranceiro à extensa bolanha (a leste, à direita da imagem) e ao rio Geba (a norte), e de que vê uma nesga, ao fundo do lado esquerdo. Nesta altura, por volta do 1º trimestre de 1970, Bambadinca albergava mais de 700 militares (incluindo a CCS/BCAÇ 2852, prestes a terminar a sua comissão, mais um companhia de intervenção, a CCAÇ 12, 1 pelotão de morteiros, 1 pel rec daimler, 1 pel caç nat, mais 1 pelotão de intendência (embora este tivesse instalações próprias, junto ao porto fluvial de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba Estreito). Estava em curso o grande reordenamemto de Nhabijões.

O Humberto Reis, que tem as melhores fotos aéres  da região de Bafatá (incluindo Bambadinca) não tem nenhuma foto (aérea) de Nhabijões e do seu reordenamento em construção.

Foto (e legenda)s: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Francesca Vita, doutoranda italiana  em arquitetura pela Universidade do Porto:

 Date: sábado, 5/01/2019 à(s) 10:59
Subject: Nhabijoes | fotos
Bom dia Prof. Luís Graça,

Antes de mais espero tenha passado boas festas de paz e sossego. 

Peço desculpa se nunca mais houve minhas notícias, mas andei em deslocações e regressei de Itália apenas ontem. 

Nos últimos tempos, estive a trabalhar num artigo sobre o plano de reordenamentos na Guiné durante o Governo de Spínola. Entreguei um abstract (que quando terei autorização irei partilhar com muito gosto consigo) para o congresso "Colonial and Post Colonial landscapes", que terá lugar na Fundação Gulbenkian de 16 a 18 de janeiro. 

Deixo-lhe aqui em baixo o link no caso lhe interessasse: https://www.colonialandpostcoloniallandscapes.com

Venho com este meio contactá-lo enquanto queria lhe perguntar se tiver, ou se sabe quem poderia ter ou em qual arquivo encontrar, fotografias aéreas do reordenamento de Nhabijões. Pareceu-me um caso exemplificativo para mostrar a atuação da politica dos reordenamentos. Infelizmente no site https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com não consegui encontrar fotografias de vista de cima. 

Como sempre agradeço a sua disponibilidade e apoio,

Desejo-lhe um ótimo começo de 2019

Melhores Cumprimentos,

Francesca
___________

Francesca Vita

PhD student in Architecture at FAUP
FCT PhD studentship

PT // IT
(port) +351 915544599
(ita) +39 3312831235
francesca.vita0@gmail.com
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terça-feira, 10 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18833: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXVII: História e imagens de São Domingos: fotos de 9 a 21



Foto nº 10 > São Domingos > 1969 > Vista da Ilha Maldita



 Foto nº 13 > São Domingos > 3º trimestre de 1968 >  Vista aérea: serração e cais


 Foto nº 14 > São Domingos > 2º semestre de 1968 >  Vista aérea: avenida para o cais


 Foto nº 15 > São Domingos > ´Janeiro de 1969 >  Vista aérea:  pista e quartel



 Foto nº 16 > São Domingos > 1969 >  Vista aérea: parte da povoação



 Foto nº 17 > São Domingos > 1º trimestre de 1969 >  Vista aérea: avenida e rio


 Foto nº 18 > São Domingos > Fevereiro de 1969 >  Vista aérea: quartel, pista e rio


Foto nº 9 > São Domingos > Meados de 1968 > Armazém de géneros



Foto nº 11 > São Domingos > 2º semestre de 1968 > Construção de abrigo


Foto nº 12 > São Domingos > Janeiro de 1969 > Cerimónia com a Mocidade Portuguesa


Foto nº 19 > São Domingos > finais de 1968 ou primncípios de 1969 > Posto administrativo e centro da povoação


 Foto nº 20 > São Domingos > 1969 > Do centro ao rio



 Foto nº 21 > São Domingos > 1969 > Moranças e rua

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > 1969 >


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já perto de 7 dezenas de referências no nosso blogue. (*)


Recorde-se que o Sector O1B – São Domingos, que esteve sob o comando e ordens do BCAÇ 1933, durante o período de 2 de Abril de 68 até 3 Agosto de 69.Era u ma faixa de 120 km por 15 km o que perfazia uma superfície aproximada de 1800 km2, com uma configuração geral quase rectangular, compreendida entre a fronteira Norte com O Senegal, a Sul com o Rio Cacheu, a Oeste com o Oceano Atlântico até Cabo Roxo, e a Leste por uma linha de povoações, designadamente ‘Faranjato-Quissir-Rio Cacheu’ .

O BCAÇ 1933 vem substituir o BCAÇ 1894. (**)


2. Fotos do tema T037 – Imagens de São Domingos – «Forte Álamo da Guiné» (Continuação)

Legendas e numeradas de f9 a f21 (de um total de 59):


F9 – O armazém de géneros alimentícios, em frente à messe de oficiais, que servia de caixa de correio, no estado em que ficou após o rebentamento de uma granada de Morteiro 82 ao fim da tarde do dia anterior. São Domingos,  talvez em meados de 1968.

F10 – Vista da ilha maldita ou ilha dos felupes ou ilha Bolol, com alguns membros da população Felupe nas margens do rio São Domingos, na maré vaza, utilizando as suas canoas construídos com troncos de árvore, escavadas nas entranhas até ficarem navegáveis, foto capturada já no primeiro trimestre. São Domingos,  1969.

F11 – Construção de um abrigo com poço, com duas camadas de troncos de palmeiras, outra camada de bidões vazios de 500 litros, cheios de terra vermelha, casca de ostra e cimento. É um forte abrigo protegendo um edifício militar que não identifico com clareza. O fotógrafo estava lá. Captada nos primeiros tempos que chegamos a esta terra. São Domingos,  1968, 2º semestre. 

F12 – Parte da cerimónia de posse do novo administrador de posto, com elementos da população e os soldados da paz da Mocidade Portuguesa. São Domingos, em Janeiro 69.

F13 – Vista aérea de avião a aterrar, vendo-se em primeiro plano a serração de madeiras, ao fundo da avenida o cais, um pequeno barco de pesca, o rio em maré cheia, e do lado direito das margens do rio, a tal ilha maldita dos Felupes. O resto é paisagem geral do quartel, foto tirada talvez em São Domingos, no 3º trimestre de 1968.

F14 – Outra vista aérea mais alto, vendo-se ainda em primeiro plano uma parte da serração, casas de pedra e telha de alguma população, e ao fundo a mata densa que se desenvolve ao longo do rio e das redondezas da povoação. Foto talvez tirada em São Domingos, 2º semestre de 1968.

F15 – Vista aérea mais alta, vendo-se a pista de 1200 metros, edifícios do aquartelamento, caminho através da pista na direcção da fronteira – 5 km, uma parte do rio mais a montante, uma panorâmica geral da localização da povoação de São Domimngos, em Janeiro de 69.

F16 – Vista aérea do centro de SD, distingue-se o posto do administrador local, a avenida para o cais e rio, edifício do comando em primeiro plano, vários edifícios de casernas, refeitórios, cantinas, do gerador, dos combustíveis, do edifício da Pide, entre outros. Lado esquerdo no topo a nossa pista de 1200 metros, bem visível, mais abaixo uma via de terra batida, que dá acesso às instalações da CART1744, a companhia de intervenção, desde o início da nossa chegada a este sector. São Domingos,  1969.

F17 – Vista aérea virada para o rio, vendo-se a avenida principal com separador, casas, moranças e tabancas da população local. Ao fundo da avenida o cais com 2 barcos pequenos, e sempre o Rio como fonte de inspiração, em São Domingos,  1º trimestre de 1969.

F18 – Vista aérea, com o rio em primeiro plano, depois a povoação, vendo-se do lado esquerdo da avenida as instalações militares e do lado direito as tabancas, moranças e casas da população. Ao alto a pista de São Domingos com 1200 metros, e em transversal um caminho que leva à fronteira com o Senegal, foi ao fundo desse caminho que se deu a emboscada e rebentamento de minas que originaram os ferimentos no Comandante Saraiva, e outros. Na junção do caminho com a pista, uma zona em quadrado, lado esquerdo ao fundo, com 3 a 4 edifícios, era nesse local que se situavam as instalações das Companhias de Intervenção, neste caso do nosso tempo, a CART 1744. São Domingos, fev69.

F19 – Edifício do Posto do Administrador, a bandeira nacional, alguns militares e uma viatura. Porque não se vê quase ninguém, presumo que se trata de fotos que tirava nas horas da sesta, da canícula em que não se podia andar no exterior devido aos extremos de calor e sol. Pode ser datada de São Domingos,  finais de 68 ou inícios de 69. 

F20 – Imagem capturada do Posto Administrativo,  com a haste e a bandeira nacional, virada para a Avenida Principal, e única, com o fundo sempre do rio omnipresente. A data dia e hora igual à foto anterior f19, de lado inverso. SD, 68/69.

F21 – Rua paralela à Avenida e virada para o rio, em terra batida, com casas e palhotas, umas de zinco e outras de colmo de palmeira. Dia e hora igual aos das fotos f19 e f20, pelas mesmas razões de tempo de canícula. SD 68/69.