quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3910: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (22): Resposta do autor do livro a António Martins de Matos (Parte I)

Fundação Mário Soares > Dossiês Temáticos da do Arquivo e Biblioteca > Guiledje: Na Rota da Independência da Guiné-Bissau: Simpósio INternacioanld e Guiledje, 1-7 de Março de 2008 > "Ocupação do Quartel de Guiledje pelo PAIGC, 22 de Maio de 1973: bandeira do PAIGC hasteada no quartel de Guiledje.[05360.000.267] · Documentos Amílcar Cabral (13/23)" [Rectificação da legenda: a entrada do PAIGC em Guileje deu-se três dias depois, em 25 de Março de 1973].

Foto: Cortesia de ©
Fundação Mário Soares (2009).

1. Mensagem do Coutinho e Lima, Cor Art Ref (aqui na foto, à esquerda, major de artilharia, comandante do COP5, na inauguração do bar de sargentos, aquartelamento de Guileje, 15 de Março de 1973)

Comentário sobre a apreciação de A RETIRADA DE GUILEJE , feita por António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res (*)

[Revisão, fixação de texto, itálicos e negritos: editor L.G.]

1ª. Parte

Quando o livro A RETIRADA DE GUILEJE (**) passou a ser do domínio público, admiti que o mesmo, tal como o Gen Espírito Santo escreveu no Prefácio, "…levantará comentários, merecerá repúdios e receberá aplausos”.

Esperava que, nomeadamente quem discordasse da decisão que tomei, o fizesse de forma racional, objectiva e séria. Não foi o que aconteceu com a apreciação do Sr Ten Gen (na situação de Reserva) da Força Aérea, António Martins de Matos, ao apresentar uma crítica facciosa, porque não isenta, superficial, porque não analisa as causas e não é verdadeira, porque contem afirmações e conclusões falsas.

Posto isto, vamos aos factos.

Diz o Sr Ten Gen que:

“…não pretendo demonstrar que a minha verdade é melhor que a verdade dos outros”.

Relativamente à Retirada de Guileje não há diversas verdades, mas sim A VERDADE DOS FACTOS, que é o subtítulo do livro; cada comentador tem a sua versão, sendo que a do Sr Ten Gen é a “versão aérea”.

Fiquei a saber que, após "a chegada dos mísseis Strela, as missões passaram a ser mais efectivas (novo armamento até aí não utilizado)”.

Era interessante saber qual o armamento até aí não utilizado e porquê; no que respeita a evacuações, a partir de Guileje, a eficácia passou a ser nula, já que a Força Aérea deixou de as fazer.

“Do que vivi in loco…”

A vivência do Sr Ten Gen foi única e simplesmente uma vivência do ar, na verdadeira acepção da palavra; embora com uma visão abrangente da Zona de Acção, que até lhe permitia localizar as bases de fogos inimigas, demonstrou um grande desconhecimento da situação em terra.

Uma das conclusões, após a leitura do livro, é:

“Desde 6 de Maio que os Gr Comb de Guileje não efectuaram qualquer saída do quartel (excepção feita à tentativa de coluna a 18 de Maio…”.

Esta conclusão é uma mentira.

Basta ler o Anexo V (pág 408); neste, são referidas colunas de reabastecimento nos dias 7, 11, 14 e 16 MAI, isto é, 4 colunas.

Diariamente, era realizado o abastecimento de água, a cargo de 2 Gr Comb; porque se tratava de uma actividade de rotina, não é referida no livro.

No dia 18 MAI, à tarde, foi feito o reabastecimento de água, este com alguns percalços (ver pág. 200, resposta à 7ª Pergunta e pág 266, comentário 1.).

A última saída de Gr Comb realizou-se na manhã do dia 19 MAI, para um patrulhamento e evacuação de feridos, na direcção de Mejo, até ao Rio Afiá. A propósito desta evacuação, leia-se, na pág. 47, a mensagem (6):

“NÃO SATISFAÇÃO … EVACUAÇÕES (Y)…”, bem como as pág. 42 e 43 – 11. Visita a Guileje do Sr General Comandante-Chefe, em 11 MAI 73.

Refere-se que, por falta de evacuação (garantida pelo Sr Comandante-Chefe e não cumprida), um Cabo Metropolitano acabou por morrer, 4 horas depois de ter sido gravemente ferido.

O que o Sr Ten Gen naturalmente quereria dizer era que, a partir de 19 MAI (e não 6 MAI), não mais saíram Gr Comb de Guileje. E este procedimento tem uma explicação; face à certeza de não haver evacuações, a partir de Guileje, qual era o Comandante responsável que, atribuía missões de alto risco aos seus subordinados, sem estar garantido o seu socorro, se necessário; havendo feridos graves, acabariam por morrer, como já acontecera em 18 MAI; foi esta a razão por que o Comandante das forças, em Guileje, responsavelmente, não mandou sair tropas do quartel, depois de 19 MAI73.

"… o Guileje não podia estar cercado…"

No livro, só há uma referência a cerco; é a mensagem (37), na pág. 60, enviada de Guileje, no dia 21 MAI, às 14h15: “ESTAMOS CERCADOS POR TODOS OS LADOS”.

Esta mensagem, que está também na contra-capa do livro, foi da autoria do Sr Capitão Quintas, Comandante da guarnição, na minha ausência; foi a apreciação que fez da situação, naquele preciso momento.

È evidente que o quartel não estava cercado, porque se o estivesse, eu e 2 Gr Comb vindos de Gadamael não teríamos entrado, ao fim da tarde do dia 21 MAI. Mas não tenha a mais pequena dúvida o Sr Ten Gen que o cerco estava a apertar; na tarde desse dia 21 MAI, um grupo inimigo actuou do lado de Mejo, pela primeira vez; eram forças do 3º CE (Corpo de Exército), que tinham chegado para reforçar o dispositivo do PAIGC (ver pág 55 e 56, mensagem (27), enviada pela Repartição de Informações). Naturalmente não vinham para nenhuma colónia de férias...

Porque o cerco não estava completo, foi possível efectuar, com pleno êxito, a retirada na manhã do dia 22 MAI, tirando partido do efeito de surpresa, de tal modo que o Inimigo continuou a flagelar Guileje até ao dia 25 MAI, quando entrou no aquartelamento deserto.

E seria interessante saber quais foram as ordens que o Comando-Chefe deu à Força Aérea para vigilância e actuação na área; procurei colher elementos, no Arquivo Histórico Militar do Estado Maior da Força Aérea, relativamente ao emprego desta na zona de Guileje, no período de 22/25 MAI, mas nada consegui. Com o quartel vazio, era mais que certo que o PAIGC, a curto prazo, lá entrasse; com um reconhecimento adequado, durante aquele período, poderia o Inimigo ser surpreendido, nomeadamente quando chegasse a Guileje, constituindo um objectivo altamente remunerador e uma oportunidade única que foi perdida pela Força Aérea.

O Sr Ten Gen afirma ainda:

“Prova disso é o facto de terem fugido cerca de 600 pessoas…”.

Sendo uma pessoa responsável, o Sr Ten Gen sabe muito bem que não houve uma fuga (saída precipitada e desordenada), mas sim uma retirada, devidamente comandada, de acordo com as circunstâncias concretas no local. Fuga, ou melhor, debandada, verificou-se, mais tarde, em Gadamael (a seu tempo lá irei) (***).

“Há a confirmação de que as bocas de fogo se situavam para além da fronteira…”.

É fácil fazer afirmações; o Sr Ten Gen, para dar credibilidade ao que afirma, terá que apresentar provas concludentes do que afirma, acerca da localização das bases de fogo inimigas. A sua reacção à intervenção do Nuno Rubim (os alcances podiam ser superiores), quando este indicou os alcances máximos das armas utilizados pelo PAIGC contra Guileje, é tão gratuita quanto a afirmação supra.

Nós, em Guileje, tínhamos a certeza que as bases de fogos estavam bem dentro do nosso território; com os meios expeditos de que dispúnhamos, pudemos verificar que, uma base de fogos do Morteiro 120 se situava a cerca de 4 kms; sendo o alcance máximo desta arma 5700 metros, era impossível estar para lá da fronteira e atingir o quartel, porque verificámos variadíssimos rebentamentos de granadas de 120 dentro do arame farpado.

“…os obuses de 14 cm… só esporadicamente foram usados…”

Mais uma conclusão errada, frontalmente desmentida no livro.

Com efeito, pode verificar-se, nomeadamente nas declarações que prestaram no processo, os Oficiais presentes em Guileje, (Respostas à 5ª. Pergunta, pág 190 a 200), em que todos foram unânimes em afirmar que as reacções pelo fogo às flagelações inimigas eram feitas também pelos Obuses de 14 cm.

Na pág 247, o Sr Alf Mil Pinto dos Santos, Comandante do 15º Pelotão de Art, em Guileje, declarou (Resposta à 6ª Pergunta) que:

“…executei cerca de 70 tiros…”, em reacção à emboscada de 18MAI; o mesmo Oficial afirma que, no início do período, havia cerca de 400 munições completas.

Contrariamente ao PAIGC, que mostrava não ter qualquer restrição no consumo de munições, especialmente de Armas Pesadas, o COP 5 tinha gravíssimos problemas nesse domínio; desde o início do ataque, porque não sabíamos quanto tempo ia durar, houve a preocupação de adoptar um consumo parcimonioso, especialmente com as munições das Armas Pesadas, Artilharia incluída, pois tínhamos a certeza, especialmente depois da emboscada do dia 18, impedido que foi o acesso por estrada a Gadamael, que se houvesse uma situação de emergência, não seríamos reabastecidos.

Recordo que em Guidage, houve que proceder a um reabastecimento de munições de emergência, no próprio dia do início do ataque – 8 MAI (ver pág 88, mensagem de 081525MAI73). Em Guileje, tal não seria possível, dado que a Força Aérea tinha cancelado, para esta localidade, todo e qualquer vôo; não questiono esta decisão, mas limito-me a constatar factos.

Concluindo, os 2 Obuses de 14 cm (no início apenas um, porque o outro chegou avariado), reagiram pelo fogo às flagelações inimigas, quando foi considerado oportuno, mas sempre tendo em atenção a reduzida quantidade de granadas existente.

“Guileje, uma manobra de diversão, para desviar a FAP de Guidage…”

A acção do Inimigo em Guidage teve início em 8 MAI 73; o Comando-Chefe hipotecou a quase totalidade das suas reservas, no reforço a esta guarnição.

Não estão incluídos, no meu livro, elementos de informação acerca da intenção do PAIGC, relativamente a Guidage, porque isso não foi objecto da minha investigação.
No que a Guileje diz respeito, remeto o Sr Ten Gen para o Anexo VI (pág 410); à data do relatório de interrogatório nº 108 (27 DEZ 72, antes da criação do COP 5), ficou a saber-se:

“…o IN pretende fazer um ataque com bastante força a Guileje, porque pretende obter uma maior liberdade de movimentos logísticos e de pessoal no Corredor de Guileje. Para isso, ficaram em Kandiafara alguns elementos que vieram recentemente de um estágio de Artilharia na Rússia, para fazerem reconhecimentos na área de Guileje e preparar essa acção”.

Na pág 359, o ex-Comandante do PAIGC, Osvaldo Lopes da Silva, refere:

“Foi em Agosto ou Setembro de 1972…que Cabral me confiou a tarefa de preparar as condições de um ataque em força sobre Guileje…”.

No artigo, transcrito do Jornal Público, é descrita a minuciosa preparação e os reconhecimentos efectuados, tendo em vista a concretização do “ataque em força a Guileje”.

Dos dois documentos resulta, para mim, com toda a evidência, que o PAIGC planeou, com vários meses de antecedência, a acção sobre Guileje e que esta acção constituía um objectivo prioritário; se assim não fosse, como se explica que Cabral tenha afirmado (pág 358): “Se o quartel de Guileje cair, cai tudo à volta”.

O Comando-Chefe que, certamente, tinha mais elementos de informação sobre as intenções do PAIGC, parece que não os teve em consideração; só assim se compreende que não tenha tomado nenhuma medida preventiva, para fazer face à acção em força sobre Guileje, pré-anunciada com muita antecedência.

Guileje não foi uma manobra de diversão; pelo contrário, o ataque a Guidage foi, para o PAIGC um objectivo secundário, com a intenção de “obrigar” o Comando-Chefe a dividir as suas forças, de reforço aos dois ataques: Guileje, objectivo prioritário e Guidage, acção secundária.

Certamente que nem o PAIGC imaginava que a actuação do Comando-Chefe lhe fosse tão favorável, ao reforçar Guidage como o fez, deixando a guarnição de Guileje entregue à sua sorte, sem qualquer espécie de reforço. E nem se argumente que, tendo Guidage sido atacado em primeiro lugar, havia que avançar com socorro imediato; certamente que aquela guarnição, em posição muito crítica, teria que receber reforço de emergência.

Não é porém aceitável a actuação do Comando-Chefe, quando não antecipou o que iria acontecer em Guileje que, de acordo com as informações disponíveis, tinha obrigação de prever o que se tinha como certo e, quando se impunha o seu reforço, este não foi accionado.

“A questão que se põe é a de saber porque razão as missões no Guileje não terão tido sucesso?”

Esta pergunta terá que ser formulada, pelo Sr Ten Gen, à Força Aérea.

"…igualmente por falha do Guileje, que já não era capaz de indicar de onde tinham partido os ataques, limitando-se a afirmar “bombardeiem todas as
matas à volta do quartel”.

“Vamos comprar uma B52 e já voltamos…


Na pág. 57, a mensagem (30), enviada da CCAV 8350 (Guileje), em 210710 MAI73, refere:

“REF 1582/BM NOTAL
INFORMO DEVEM ESTAR ORLA MATA. ESTOU SER ATACADO. PRECISO
REFORÇO URGENTE HELI-CANHÃO, PESSOAL, FIAT”

A mensagem 1582/BM (nº 27, pp 55/56), tinha sido recebida da Rep. de Informações (201900 MAI73), referindo a presença do “3º C.E. NAS MATAS DE MEJO”.

Foi, certamente, na sequência dessa mensagem 30, que o então Ten Pilav Matos sobrevoou Guileje, em apoio de fogo. Perante o teor da dita mensagem, pode depreender-se a situação vivida em terra; o pedido de bombardeamento à volta do quartel era inadequado, por razões de segurança; a sugestão do Piloto para utilizarem a Artilhraia foi, igualmente, pouco inteligente, porque esse emprego, que teria de ser na modalidade de tiro directo, acarretava também problemas de segurança.

A resposta com “raiva” de “Vamos comprar uma B52 e já voltamos”, de “mau gosto”, como escreve o Sr Ten Gen (eu diria de péssimo gosto), só demonstra a incompreensão de quem está a ver Guileje de cima e não fazia ideia, nem tentou fazer um pequeno esforço, para imaginar o que se passava em terra. A raiva descarregada sobre o Fur Alfaiate, que não tinha culpa nenhuma do que estava a acontecer, melhor seria despejada sobre as forças do Inimigo.

Em Guileje, o pessoal não dormia, desde a noite de 18/19, até àquela data já contabilizava 30 flagelações e não tinha em quem descarregar a sua raiva.

“…a comparação dos números de mortos e feridos em Guidage e Guileje é, por si
só, clarificadora do que efectivamente ocorreu nesse período e de quem mais ne-
cessitava de apoio”.


Não admirava que em Guidage tivesse já havido mais mortos e feridos, porque esta guarnição tinha sido fortemente reforçada com Fuzileiros, Paraquedistas e Comandos e outras forças; além disso, Guileje dispunha de abrigos de cimento armado, construídos pela Engenharia Militar, nos quais se recolheram, desde o início das flagelações, todos os militares, milícia e população. Foi esta a principal razão, por que não houve grande número de baixas (infelizmente, tivemos um morto).

Já que Guileje não tinha tido direito a nenhum reforço, restava-nos a Força Aérea que, pela voz de um dos seus Pilotos, achava que a sua missão era mais necessária em Guidage. Ainda bem que esse Piloto não tinha poder de decisão, pois se o tivesse, certamente teríamos tido menos Apoio Aéreo do que aquele que recebemos.

(CONTINUA)

2. Comentário de L.G.:

No próprio dia de recepção do texto, 2 de Fevereiro, dei conhecimento do seu teor ao António, em primeira mão... Disse-lhe:

Procuro ser leal para com todos os membros da nossa Tabanca Grande. Logo verás o que tens a dizer, se achares que vale a pena responder... Se quiseres responder, podemos juntar as duas peças...

Ele respondeu-me logo a seguir, no dia 3, nestes termos:

Caro amigo: Obrigado pela informação. Não é minha intenção responder aos comentários do Cor Coutinho e Lima. A razão é simples, o responder a comentários, dos comentários, dos comentários, .... só serve para alimentar guerras e guerrinhas para as quais não estou interessado.

Digo o que tenho a dizer, quem achar que está correcto muito bem, quem não achar e expressar a sua visão contrária, igualmente muito bem, todos têm direito à sua (deles) opinião.

Se no caso do Nuno Rubim acabei por responder ao comentário, foi apenas pelo facto de, escudando-se no seu papel de “historiador e dono da verdade” os seus escritos terem “quase” aflorado a ofensa verbal. Não é o caso do Cor Coutinho e Lima, cujo texto, ainda que divergente do meu, em termos de educação é absolutamente correcto, com um único senão de ser escrito com o coração.

Conforme te disse, para mim este assunto está encerrado. (...)


Mais tarde, a 11 de Fevereiro, mandei-lhe o seguinte mail:

(...) As polémicas/controvérsias provocam sempre alguma tensão... Ao fim destes três anos e meio, com mais de 300 membros e cerca de 3870 postes, a malta do blogue (que é a malta dos três ramos das FA que passaram pela Guiné, 1963/74), já aprenderam a viver e a conviver com as suas diferenças e as suas comunalidades... Tens aqui uma bela montra, plural, respeitável, séria, solidária, para mostrares e reforçares o papel da FAP na Guiné... Todos reconhecemos que esse historial (glorioso e generoso) não é ainda suficientemente bem conhecido... Espero a vir-te a conhecer pessoalmente, tal como aconteceu há dias com o Miguel Pessoa e a Giselda. (...)
_____

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

11 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3872: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (21): Resposta de António Martins de Matos a Nuno Rubim

8 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3856: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (20): Resposta ao camarada e amigo J. Mexia Alves (Coutinho e Lima)

29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3811: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (19): Resposta de Nuno Rubim a António Martins de Matos

23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3782: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (18): Obrigou-se o PAIGC a combater em Gadamael... (João Seabra)

23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3778: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (17): O cerco que nunca existiu (António Martins de Matos)

20 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3764: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (16): As CCAV 8350 e 8351: Tão perto e tão longe (Vasco da Gama)

19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3760: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (15): A minha homenagem aos que viveram a Guerra da Guiné. (J. Mexia Alves)

17 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3754: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (14): Pode não ser-se herói e dar provas de coragem (José Manuel Dinis)

17 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3752: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (13): A missão de apoio aéreo de 21 de Maio de 1973 (António Martins Matos)

15 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3744: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (12): Spínola podia ter feito muito mais... (Rui Alexandrino Ferreira)

14 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)

11 de Janeiro de 2009 > Guíné 63/74 - P3725: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (10): PAIGC dispara um milhar de granadas entre 18 e 22 de Maio de 1973

8 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3712: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (9): Para breve a 2ª edição do livro (Luís Graça)

6 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3704: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (8): Notas e correcções de Abreu dos Santos, comentários meus (V. Briote)

2 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3689: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (7): Antecedentes relacionados e breve comentário (V. Briote)

31 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3686: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (6): Comentário do Ten Cor José Francisco Robalo Borrego

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3628: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (5): O sentido de uma sondagem (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça)

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3527: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (1): Lançamento do livro, 13/12/08, 17h, na Academia Militar, Amadora

23 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P3783: FAP (1): A diferença entre o desastre e a segurança das tropas terrestres (António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res)

31 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3825: FAP (2): Em cerca de 60 Strellas disparados houve 5 baixas (António Martins de Matos)



(**) Alexandre Coutinho e Lima, Cor Art: A retirada de Guileje: a verdade dos factos. LInda-a Velha: DG Edições. 2008. c. 22/24€ (incluindo portes de correio). Para adiquirir o o livro, escrever ou telefonar para o autor:
Rua TOMÁS FIGUEIREDO, nº. 2 - 2º. Esq1500 – 599 LISBOA
Telefone: 217608243Telemóvel: 917931226
Email: icoutinholima@gmail.com

(***) Vd. também os postes de :



24 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3788: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (1): Depoimento de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3789: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (2): Esclarecimento adicional de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)

25 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3790: Dossiê Guileje / Gadamael (3): "Um precedente grave" (Diário, Mansoa, 28 de Maio de 1973) ... (António Graça de Abreu)

27 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3801: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (4): Cobarde num dia, herói no outro (João Seabra, ex-Alf Mil, CCav 8350)

Guiné 63/74 - P3909: (Ex)citações (16): Por que é que a FAP não bombardeou Madina do Boé em 24/9/1973 ? (Luís Graça / A. Graça de Abreu)

Guiné-Bissau > Região do Boé > Madina do Boé (?) > 24 de Setembro de 1973 > Imagens da cerimómia da proclamação da independência por parte do PAIGC, na presença de convidados e imprensa estrangeira, segundo a revista PAIGC Actualités, n º 54, Outubro de 1973.



1. Comentário de Luís Graça ao poste de 17 de Fevereiro de 2009 > Guiné 64/74 - P3905: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (4): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 7-8
Uma pergunta para a qual ainda não encontrei resposta:

(i) As autoridades portuguesas (e em especial o Com-Chefe e a nossa polícia política, a DGS) sabiam que, no dia 24 de Setembro de 1973, o PAIGC iria proclamar unilateralmente, com pompa e circunstância, a independência, numa região libertada, a sudeste, neste caso na região do Boé, perto da fronteira com a República da Guiné-Conacri...

(ii) Gostava de saber em que sítio exactamente teve lugar a cerimónia da independência... (Alguém conhece as coordenadas? ).

(iii) A movimentação de pelo menos 120 representantes do Partido, mais os convidados estrangeiros, mais os dirigentes, mais as forças de segurança (não falando dos figurantes...) não poderia facilmente passar despercebida à FAP, que de resto tinha voltado a ser dona dos céus da Guiné...

(iv) Por que é que a FAP não actou nesse dia, sob os céus do Boé ? Não para provocar um massacre de civis (incluindo estrangeiros, o que poderia ter graves repercussões diplomáticas...) mas para afirmar a nossa soberania ou, pura e simplesmente, como prova de força...

O Nº 54 da revista PAIGC Actualités não fornece quaisquer dados para uma resposta a esta questão. Era um órgão de propaganda (ideológica), não de informação (jornalística)... para consumo externo. Obviamente.

Há tempos, (...) conheci o Eng Mário Cabral, que pertenceu ao primeiro governo da Guiné-Bissau, saído da declaração de independência em Madina do Boé. O nome dele e o cargo são, resto, referidos neste nº do PAIGC Actualités, de Outubro de 1973: Eng MÁRIO CABRAL, Sub-Comissário para o Controlo Económico e Financeiro...

(...) O Mário Cabaral (que não tem qualquer parentesco com o Amílcar Cabral nem o Luís Cabreal) é hoje um dos muitos quadros guineenses que viVE fora do seu país natal. Neste caso vive em Portugal. (...).

Na conversa que tive com ele, ...) ele contou-me que estava em Madina do Boé e da preocupação dos militares do PAIGC em relação à segurança. O ambiente era de festa, havia decorações penduradas nas árvores, havia muitas centenas de pessoas espalhadas pela mata, havia muitas mesas e cadeiras, etc., nada que não se visse do ar...

Ele na altura era um jovem, engenheiro, um quadro do exterior (julgo que nunca andou na guerrilha), e compreensivelmente não se sentiria muito confortável num lugar como aquele, num país em guerra...

O que poderia ter acontecido, se a nossa Força Aérea tivesse recebido ordens para bombardear as posições do IN, no dia 24 de Setembro de 1973 ?

Na altura não tive tempo de fazer essa pergunta ao Mário Cabral... Mas gostava de a fazer hoje, a ele, e outros dirigentes e militantes do PAIGC, ainda vivos, que viveram esse momento histórico...

E, já agora, os nossos pilotos... O que diz as suas cadernetas de voo nesse dia ? (...)

2. Idem, do António Graça de Abreu (ex-Alf Mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Catió, 1972/4):


Eu também não entendo porque a Força Aérea não actuou. A cerimónia terá sido mesmo em Madina do Boé, dentro da Guiné? Na altura eu soube que um mês depois da proclamação da Independência, o general Bettencourt Rodrigues foi de héli a Madina do Boé, até levou um jornalista alemão que fez uma reportagem. Não encontraram rigorosamente ninguém. (**)

Escrevi isso no meu Diário e há dois anos atrás em conversa com o Cap Mil, José Blanco, secretário pessoal do Spínola e do Bettencourt (1972/74), o meu velho amigo José Blanco confirmou-me que era mesmo verdade, o Bettencourt tinha ido mesmo a Madina do Boé, de héli.Talvez os nosso homens da Força Aérea possam acrescentar mais dados.

Um abraço,

António Graça de Abreu

________
´
Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 6 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3847: (Ex)citações (15): São momentos destes em que nos tresmalhamos nos carreiros e nas neblinas cobrindo as bolanhas (Mário Fitas)


(**) Vd.Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura, de António Graça de Abreu, p. 16~6.

Cufar, 6 de Dezembro de 1973

O governador, general Bettencourt Rodrigues, foi mesmo de helicóptero a Madina do Boé, ao lugar onde o PAIGC diz ter declarado a independência. A ideia que tenho da região é que se trata de zonas desabitadas, abandonadas há anos [, em 6 de Fevereiro de 1969,] pelas NT, devido à ausência de interesse estratégico da região no extremo da sudeste da Guiné.

O governador esteve lá durante uma dezena de minutos, numa espécie de comprovação da impossibilidade de o PAIGC ter usado aquela 'zona libertada' para declarar a independência. Houve um jornalista alemão que acompanhou a comitiva do Bettencourt Rodrigues e redigiu uma crónica datada de Madina do Boé. A propaganda é necessária.

Também é verdade que não encontraram vivalma na antiga povoação do Boé, destruída pela guerra em anos passados. Onde estavam os heróis do PAIGC que declararam a independência da Guiné em Madina do Boé ? Talvez não estivessem longe, mas ninguém os viu ?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3908: Tabanca Grande (120): José Carmino Videira Azevedo, ex-Soldado Cond Auto Rodas da CCAV 2487/BCAV 2868 (Bula, 1969/71)

1. Mensagem de José Carmino Videira Azevedo (*), ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2487/BCAV 2868 (Bula, 1969/71), com data de 21 de Janeiro de 2009:

José Carmino Videira Azevedo, natural e residente na linda freguesia de Vale Frechoso, concelho de Vila Flor, Distrito de Bragança.

Soldado Condutor Auto Rodas n.º 04580768. Estive em Bula integrado na CCAV 2487/BCAV 2868, "O Xicote"

Participei na Ostra Amarga, Operação onde estava presente a televisão Francesa, convivi de perto com os malogrados CAPELA e HENRIQUE e, presenciei a infeliz ideia do Spínola de mandar para a morte os Majores Passos Ramos, Pereira da Silva, Osório, Alferes Mosca e os nativos Mamadu Sisse e Carlos Patrão.

Fui incumbido de fazer o transporte de géneros para abastecer PCA do Batalhão. Fiz o percurso Bula/Bissau/Bula, atravessei varias vezes o rio Mansoa, onde caiu o helicóptero que transportava deputado à ex-Assembleia Nacional, Pinto Leite, se bem me lembro.

Quando estive na guerra colonial, cheguei a João Landim num dia de muito calor.
Como tinha que esperar para encher a jangada, disse ao marinheiro, que era preto, que
ia mergulhar para refrescar. Estavam quase 60 graus ao sol e ali não havia sombra.

Quando mergulhei nas águas do Mansoa, o marinheira bateu a colatra da arma.
Fiquei assustado, saí e perguntei o porquê daquela atitude, mas ele não me respondeu. No dia seguinte, quando atravessei o rio, o marinheiro chamou-me e disse:

- Vês o porquê da minha atitude? Ontem estava ali um jacaré bébé que pesava cerca de 80 quilos.

Obrigado meu amigo onde quer que estejas.

Vale Frechoso, 21 de Janeiro de 2009


2. Comentário de CV:

Caro José Carmino, bem-vindo à nossa Tabanca Grande.
Peço desde já desculpa pelo tempo que demorei em publicar a tua apresentação, mas houve uma mensagem minha para ti a que não respondeste e daí esta confusão.

O nosso Editor Luís Graça disse-me que falaste com ele via telefone. Soube assim que és autarca na tua freguesia, que és um periquito nestas coisas dos computadores e que tens na memória, presentes, muitas histórias para nos contares.

Adivinhas que estou a falar da tristemente célebre Operação Ostra Amarga.
Dizes também que estavas por perto quando da carnificina dos nossos camaradas Majores e seus acompanhantes, mortos cobardemente, pois não considero um acto de guerra matar pessoas indefesas. Foram assassinados, é o termo.

Sendo assim, esperamos que comeces a narrar os acontecimentos em que intervieste, para que conheçamos, cada vez com mais pormenores, os casos mais marcantes da guerra da Guiné. Cada um de nós é uma pequena peça deste gigantesco puzzle que nos cabe montar.

Deixo-te o abraço de boas-vindas da ordem, em nome da Tertúlia que te acolhe de braços abertos.

Ficam agora as fotos que nos enviaste.

José Carmino Azevedo > Bissalanca

José Carmino Azevedo > Bolanha de Biombo

Bula

José Carmino Azevedo > Bula

José Carmino Azevedo > Bula > Parada

José Carmino Azevedo > Nhacra
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3776: O Nosso Livro de Visitas (53): José C. Videira Azevedo, Sold. Cond. CCav 2487/BCav 2868 (Bula, 1969/70).

Vd. último poste da série de 14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3890: Tabanca Grande (119): Apresentação de Manuel Maia ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Guiné, 1972/74)

Guiné 63/74 - P3907: Bibliografia de uma guerra (42): Escritor Combatente: "A Geração do Fim" (Mário Beja Santos)

1. Parte de uma mensagem de Mário Beja Santos, com data de 16 de Fevereiro de 2009 dirigida ao nosso Editor Luís Graça:

Meu caro Luis,
[...]
É só para te lembrar que no dia 18 de Fevereiro, pelas 16 horas, tem lugar na Livraria-Galeria Municipal Verney mais um debate do ciclo "Escritor Combatente".

Desta feita, trata-se da obra "A Geração do Fim", de 21 oficiais de Infantaria do curso de 1954/58. Se não tiveres aí a imagem, por favor, diz-me para eu ta mandar. Em 23 de Maio, pelas 15.30 horas, no ciclo de encontros dedicados à temática da guerra colonial, vou participar na apresentação dos nossos livros na Biblioteca Municipal de Alverca. Qualquer dia, com completa surpresa, e com autorização da Lourdes Teixeira da Mota, envio-te o relato do ataque a São Domingos, em 1961, por malta da FLING.

Um grande abraço do Mário


2. Comentário de CV

Sobre este evento foi publicado pelo nosso camarada Virgínio Briote o P3629 (*), de que destacamos:

ESCRITOR COMBATENTE: O FIM DO IMPÉRIO

Em Oeiras, em 2009, na Livraria-Galeria Municipal, Rua Cândido dos Reis, 90, no Centro Histórico de Oeiras, galeria.verney@cm-oeiras.pt
Tel: 21 440 83 91/2;


Às terceiras quartas-feiras de cada mês, de Janeiro a Maio de 2009, às 16h00.

Estacionamento com entrada pela Av. dos Combatentes em Oeiras.

Por iniciativa do Núcleo de Oeiras da Liga dos Combatentes (ligadoscombatentesoeiras@clix.pt), tel. 214 430 036, e com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras.

Serão realizados os seguintes encontros:

(ii) 18 de Fevereiro de 2009:
A Geração do Fim, de 21 oficiais de Infantaria do Curso de 1954/1958, com o Tenente-Coronel José Aparício e o Coronel José Parente.
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3629: Bibliografia de uma guerra (41): Escritor Combatente: Encontros em Oeiras (Manuel A. Bernardo / V. Briote)

Guiné 63/74 - P3906: Expedição Humanitária 2009 (4): 25 toneladas de ajuda, 897 caixotes, 22 expedicionários... E obrigado, povo meu (José Moreira)

1.Mensagem do José Moreira, presidente da Associação Memórias e Gentes, com sede em Taveiro - Coimbra (*):

[Negritos do editor, L.G.]

Caro camarada Luis Graça,

Com muita mágoa, ainda não foi possível, relatar no 'nosso' Blogue, a envolvência desta Associação na mobilização de imensos parceiros, que comungam connosco nestas campanhas de solidariedade para com o povo da Guiné. Todos, mas mesmos todos, estamos altamente empenhados para que esta missão seja mais uma vês um êxito.

É esta a razão do nosso silêncio, pois o trabalho tem sido imenso.

Já estamos mais tranquilos, pois o contentor marítimo com 25 toneladas já está em Bissau (finalmente!).

Desde Novembro passado, nós, as nossas mulheres, filhos e netos, assim como gente anónima, fizemos a triagem e encaixotamos 897 caixotes de: brinquedos, roupa para bebé, criança, adolescentes e adultos, calçado para os mesmos grupos etários, muito material didáctico, legos, livros de histórias, contos, romances e alguns escolares, roupa de hospital, material hospitalar, soros diversos, medicamentos e ainda material para, finalmente, Bissau ter um parque infantil (este ano levamos um escorrega completo, novinho em folha, 2 tabelas de basquete e um baloiço duplo, pois para o ano queremos continuar a apetrechar o mesmo).

A expedição deste ano parte de Coimbra já no próximo dia 20 (6ª Feira), às 9 horas, do Largo da Portagem em Coimbra.

Dos 22 expedicionários [, incluindo a malta da Tabanca de Matosinhos,], uma vez mais, vão senhoras.

Para já é tudo!

Só quero expressar o meu reconhecimento ao povo a que eu pertenço, de ser tão solidário. BEM-HAJAM a todos, o povo, sobretudo as crianças da Guiné, agradecem.

Recebe um abraço,

José Moreira

Nota - A maior parte dos bens hospitalares vão, na sua maior parte, para o sul: Quebo, Fulacunda, Buba, Catió e uma aldeia de nome Capiane (Catió), onde surgiu o primeiro surto de cólera 2008 (é a 1ª vez que esta zona vai ser contemplada); claro que levamos também outros bens.

2. Comentário de L.G.:

José (que eu ainda não tenho o grato prazer de conhecer pessoalmente, e dar o Alfa Barvo apertado, ao vivo, que tu mereces pelo teu trabalho solidário):

Gostaria, no fim desta expedição, no regresso, de ler e dar a ler (através do blogue) as tuas notas, as tuas emoções, as alegrias de quem leva um pouco de consolo e de conforto aos guineenses, homens, mulheres e crianças, pais, educadores, professores...

Sei que não vais ter rempo para te coçares, mas podes pedir a alguém que leve um caderninho de viajante e vá tomando umas notas (horas, lugares, pessoas, actividades...), além da máquina fotográfica. Tiramos muitas fotografias...mas depois não pomos (ou não sabemos pôr) as legendas...

Em suma, um pequeno diário da tua expedição... É bom para ti, para a tua associação, para os teus expedicionários/as, para os teus/vossos futuros colaboradores, etc. Daqui a uns anos, encostas às 'boxes' e é preciso continuadores...

Não basta fazer, e saber fazer, e fazer bem, como só tu sabes fazer... Permite a minha opinião: também é preciso saber mostrar aos outros (cá e lá, nos nossos blogues, nas nossas páginas...) o que fazemos (muito com tão pouco) e como fazemos (bem).

Aceita esta dica: arranja um(a) expedicionário(a) que seja calmo(a), organizado(a) e observador(a) para esta tarefa... No final da viagem, podes mostrar, a todos nós, as alegrias (e as canseiras) da viagem. E se quiseres partilhar connosco, com os amigos e camaradas da Guiné, tanto melhor.

Boa viagem, camarada. E que Deus/Alá te proteja. A ti e ao resto da equipa e da equipagem (máquinas incluídas)... Se passares pelo Xime, Amedalai, Bambadinca, Mansambo, Xitole, Saltinho... parte mantenhas com os meus queridos nharros da CCAÇ 12 (1969/71) onde eu fui, noutra encarnaçãO, o Furriel Henriques... Tem também, se puderes, uma palavra de compaixão para com todos os mortos, de morte matada, naquela guerra, que se transformaram em irãs, bons e maus, povoandos poilões de Madina Colhido ao Poindon, da Ponta do Inglês ao Fiofioli... A todos os guineenses, leva sobretudo uma palavra de esperança e de confiança.

Um Alfa Bravo. Luís

_________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3902: Expedição Humanitária (3): Mensagem do Pepito para o Paulo Santiago, o Zé Moreira, o Xico Allen e o Julião Sousa

16 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3901: Expedição Humanitária 2009 (2): Mensagem do José Moreira, de Coimbra, para o Pepito (AD - Bissau), em Lisboa (Paulo Santiago)

16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3900: Expedição Humanitária 2009 (1): Já se fez à estrada a expedição da Humanitarius, com o J. Almeida, o A. Camilo e outros

Guiné 64/74 - P3905: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (4): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 7-8

IV (e última) parte da revista mensal PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973, um número histórico de que nos foi enviado uma cópia, digitalizada pelo nosso amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro, mais conhecido na Tabanca Grande como o pira de Mansoa.

O Eduardo foi Fur M Op Esp na CCS do BCAÇ 4612 (Guiné, 1974). Como ele gosta de recordar, foi o útimo português a arrear, em 9 de Setembro de 1974, a última bandeira portuguesa no antigo CTIG, no quartel de Mansoa, na presença de representantes do PAIGC que, por sua vez, hastearam a bandeira da nova República da Guiné-Bissau.



As páginas 7 e 8, agora transcritas, foram traduzidas do francês para português pelo Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, os Tigres de Cumbijã (1972/74). (*)







Militante nº 1 do nosso PARTIDO e fundador da nação, AMÍLCAR CABRAL - inspirador e dirigente de todas as mudanças e realizações efectuadas no nosso país durante os últimos dezassete anos, tinha anunciado a 31 de Dezembro de 1972, na sua mensagem de ano novo ao nosso povo e aos novos combatentes, um acto transcendente da história do nosso povo :


O NASCIMENTO DO NOSSO ESTADO SOBERANO
















Foto ( a toda a largura das pp. 7 e 8) (legenda): "Fiéis á memória imortal do nosso Partido, os 120 representantes legítimos do nosso povo completam a tarefa daquele que está nas origens de todas as nossas vitórias".

"No decurso do corrente ano e logo que possível e achado conveniente, reuniremos a Assembleia Nacional Popular da Guiné, para cumprimento da primeira missão histórica de que foi incumbida: a proclamação do nosso Estado, a criação de um executivo para esse Estado e a promulgação de uma lei fundamental - a primeira Constituição da nossa história- que constituirá os fundamentos da vida activa da nossa nação africana.

"Quer isto dizer: Representantes legítimos do nosso povo escolhidos pelas populações e eleitos livremente por cidadãos conscientes e patriotas do nosso povo:servirá para afirmar perante o mundo que a nossa nação africana forjada na luta, está irreversivelmente decidida a caminhar para a independência, sem esperar pelo consentimento dos colonialistas portugueses, e que portanto baseado neste princípio, o Executivo do nosso Estado, será sob a direcção do nosso Partido, o PAIGC, o único, verdadeiro e legítimo representante do nosso povo face a todos os problemas nacionais e internacionais que lhe digam respeito.

"Da situação de colónia que dispõe de um movimento de libertação, cujo povo já libertou durante os dez anos de luta armada a maior parte do território nacional, passamos à situação de um país que dispõe do seu próprio Estado e que tem uma parte do seu território nacional ocupado por forças armadas estrangeiras.

"Esta mudança radical na situação do nosso país corresponde à realidade concreta da vida e da luta do nosso povo da Guiné, baseando-se nos resultados concretos da nossa luta, e tem o apoio firme de todos os povos e governos africanos, tal como de todas as outras forças anti- colonialistas e anti - racistas de todo o mundo.

"Enquadra-se nos princípios da Carta das Nações Unidas e nas resoluções adoptadas por esta organização internacional, nomeadamente na sua XVII sessão.

"Nada, nenhuma acção criminosa ou manobra ilusionista dos colonialistas portugueses impedirá que o nosso povo africano senhor do seu próprio destino e consciente dos seus direitos e deveres, dê este passo transcendente e decisivo em direcção ao objectivo fundamental da nossa luta: a conquista da independência nacional e a construção, na paz e na dignidade reconquistadas, do seu verdadeiro progresso, sob a direcção exclusiva dos seus próprios partidários e sob a bandeira gloriosa do nosso Partido.

«...Futuramente, com a evolução da nossa luta, criaremos igualmente a primeira Assembleia Nacional Popular nas Ilhas de Cabo Verde. A reunião conjunta dos membros destes dois organismos formará a Assembleia Suprema do povo da Guiné e de Cabo Verde".


Total apoio dos Países não-alinhados ao movimento de libertação nacional

O nosso camarada Aristídes Pereira, secretário geral do Partido, assistiu á quarta Conferência magna dos Países não alinhados que teve lugar em Argel de 5 a 9 de Setembro. O nosso dirigente foi indicado para usar da palavra em nome dos movimentos de libertação africanos.

A conferência dos chefes de Estado e dos governos dos países não alinhados, ao tomarem conhecimento que o nosso Partido vai em breve proclamar o Estado da Guiné Bissau, pediu aos estados membros do movimento dos não-alinhados, que apoiem política e diplomaticamente o nosso Estado, logo que este seja proclamado.


PAIGC ACTUALITÉS - Boletim de informação editado pela Comissão de Informação e Propaganda Comité Central do PARTIDO AFRICANO PARA A INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ E CABO VERDE. Correspondência: C.P. 298 - Conacri (República da Guiné) - C. P. 2319 - Dacar (Senegal)
__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3846: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (2): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 3-4

10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3864: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (3): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 5-6

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3904: FAP (13): Nha Bolanha, o Ramos, o Jorge Caiano, o Manso, o corta-fogo do AL III, Bissalanca... (Jorge Félix)


1. Duas mensagens do nosso camarada Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil (Bissalanca, BA12, 1968/70), que por razões de saúde tem andado arredado do nosso blogue e do nosso convívio (*):

(i) O Piloto Aviador Ramos

Caro Luís:

A minha saúde não tem andado como se pretende, por isso nem vontade tenho para ligar o PC.

Espero nas próximas semanas voltar ao convívio dos tertulianos de Matosinhos.

Escrevo para informar, foi-me transmitido por telefone, que num programa RTP, Domingo 15, falaram do Blogue e passaram o meu vídeo Nha Bolanha.

O Piloto é o Ramos,com o indicativo "quiri-quiri", se não estou em erro. Foi com bastante alegria que o revi. Desde "aqueles tempos" que não lhe punha a vista em cima. (**)

Obrigado pelo momento.

Um abraço Jorge Félix

(ii) O Melec/AV Jorge Caiano e o corta-fogo do AL III
Caro Luís:

Isto é um vício, depois de começar a ler não pude parar, mesmo com um certo custo. O Jorge Caiano era um menino, como todos nós, que me deu o privilégio de acompanhar naqueles ares de Bissau. Um enorme abraço de saudade para ele. (***)

Num almoço que tive em inicio de Janeiro com o Coelho falou-se nele e aí fiquei a saber que não tinha falecido algum "mecânico especialista", como se escreve por outros sítios da Blogosfera.

A alavanca de gás que se refere no email, deve ser "corta fogo"; nunca tinha ouvido falar ser esta a razão do acidente.

Aproveito para mandar um abraço ao Jorge Caiano.

Quando melhorar vou procurar as fotos do almoço com o Coelho e envio-as para o Blogue.

Desculpa, a minha cabeça também não está bem. Isto há-de melhorar. Até lá.

Um abraço, Jorge Félix


Reunão de convívio de antigos pilotos que passaram por Bissalanca, BA12 (1968/70) > 29 de Novembro de 2008 > O Jorge Félix, o primeiro da primeira fila, à esquerda, mais um grupo de camaradas, todos antigos pilotos da FAP que passaram pela Guiné de 1968 a 1970. Escreve ele: "Segue uma foto, arrancada no último 29 de Novembro de 2008, com um grupo de pilotos que voaram pelos ares da Guiné nos anos de 68/69/70. Alguns dos nossos tertulianos devem conhecê-los, com um pouco de esforço e 40 anos em cima. Eu, o Duarte e o Coelho voavam helis. Os restantes voavam T6 e o Nico também voava Fiats, ou para os mais puristas, era piloto de Fiats e também voava T6". (****)

Foto: © Jorge Félix (2008). Direitos reservados.


2. Comentário de L.G.:

Jorge: Tens direito ao teu silêncio. Só é pena é que o silêncio (bloguístico) te seja imposto, por más razões... A gente não se esquece de ti... Ou faz por isso. Mas a gente também vai fazer força para que recuperes rapidamente a energia vital e a vontade de te sentares, à sombra do nosso poilão, e de te pores de novo a cavaquear com a malta, a começar pela rapaziada da Tabanca de Matosinhos... (Presumo que não tenhas lá aparecido, aos almoços de 4ª feira).

Obrigado pela atenção que, mesmo assim, ainda consegues dispensar às nossas blogarias. Acabei agora mesmo de falar com o Jorge Caiano, que ficou muito sensibilizado pelas tuas palavras que eu fiz questão de lhe ler, de viva voz, antes de as publicar... Não imaginas o bem que as palavras às vezes nos fazem, quando ditas ou escritas pelos amigos que estão longe....

O Jorge descobriu, com muita alegria, o nosso blogue (bem como o do Victor Barata), através de um antigo fuzileiro, seu vizinho e amigo. Está há 35 anos no Canadá. Não vem há 4 a Portugal. Tem filhos e netos. Trabalha numa empresa metalomecânica que fabrica linhas de montagem para a indústria automóvel. Uma multinacional. Vive perto de Toronto, como eu já tinha dito. Tem amigos, como o José [Alberto] Jorge, que conhece a minha família da Lourinhã, e que é do meu tempo de infância e de adolescência , embora não o veja há 40 (Estive agora mesmo a fakar com ele). De facto, vivemos numa aldeia global.

E já agora o Jorge Caiano também me disse que ia agora passar uma semana de férias na República Dominicana, com a esposa... Tem muitas saudades da Guiné, de Bissalanca, da malta fixe da BA12... Prometeu-me mandar mais umas fotos da época. Insistiu em dizer que andou muito nos helis com o Coelho, mas que também se lembra de ti...
Em relação ao trágico acidente que vitimou o Manso (mais o capitão do exército e os quatro deputados), ele não quis entrar em muitos mais pormenores, mas faz questão de dizer que ainda viu uma "chama" no interior do heli... Explosão ? Não pode dizer que sim, nem que não.... Por falta de tempo, não esclareci com ele a questão, por ti levantada, do "corta-fogo"... Não percebo nada de helis... Um dia, com mais tempo e vagar, voltaremos ao assunto. Votos de rápidas melhoras, para ti. Boas férias, para o Caiano. Um Alfa Bravo. Luís

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série:

14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3892: FAP (12): O Fur Mil Pil Mota, e as Enf páras Giselda e Natália, caídos no Como em 1973 e salvos pelos fuzos (Miguel Pessoa)

(**) Vd.poste de 15 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3897: Dando a mão à palmatória (19): O meu amigo ex-Fur Mil Pil Ramos, de Vila Nova Famalicão (Humberto Reis)

(***) Vd. postes de:

14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3891: FAP (11): Jorge Caiano, ex-Melec/AV, BA12, 1969/70, reconhecido por Augusto Ferreira

12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3879: FAP (9): Jorge Caiano, ex- 1º Cabo Esp Melec, BA12, 1969/70, no Canadá desde 1974

11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3875: FAP (8): O meu saudoso amigo e camarada Francisco Lopes Manso (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(****) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3604: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (15): Eu, o Duarte, o Coelho, o Nico... mais o Jubilé do Honório (Jorge Félix)

Guiné 63/74 - P3903: A Companhia de Cmds do CTIG, 1965/66. Artigo do General Garcia Leandro na Revista Mama Sume(Virgínio Briote)




Cópia da capa da Revista Mama Sume, Revista da Associação de Comandos. Revista nº 69, 2ª Série, Janeiro a Junho de 2008. Preço €5.



Sumário da Revista Mama Sume.


Com os nossos agradecimentos e a vénia devida ao General (R) Garcia Leandro, autor do artigo que transcrevemos a seguir e ao Dr. Lobo do Amaral, Presidente da Associação de Comandos.



A Companhia de Comandos do CTIG e o seu final


A minha passagem pela Companhia de Comandos do Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG) deu-se entre 20 de Fevereiro e 30 de Junho de 1966, sendo o seu Comandante quando se procedeu ao seu encerramento.

Todo este processo de uma enorme responsabilidade para um Capitão com 25 anos foi depois absorvido por uma vida muito activa e diversificada pelo que raramente falo dele.

Só agora, General reformado e com 68 anos, venho fazê-lo por grande insistência do Lobo do Amaral, para que escreva para a excelente Revista “MAMA SUME”, e pelo apoio, grande amizade, memória e documentação do Virgínio Briote, na altura Alferes Miliciano, Comandante do Grupo de Comandos “Diabólicos”.


A necessidade de fazer a reconstituição histórica

Devo responder a este desafio que é também uma obrigação face à necessidade de ajudar à reconstituição histórica dessa época e dessas Forças Especiais. Acresce que se estes testemunhos vividos não forem dados, ninguém saberá o que passou, até porque esta Companhia foi criada por decisão do CTIG, embora com conhecimento do EME.

Será preciso fazer o enquadramento histórico e explicar a sua sequência pessoal e na Guiné. Tendo eu de trabalhar com a Companhia e na sua recuperação estrutural e operacional em situações de grande risco, tinha também de o fazer com o QG do CTIG, com o qual me relacionava directamente.

Os meus problemas residiram essencialmente aqui. Eram tempos muito difíceis para todos. Com muito entusiasmo conseguiram-se resolver muitos problemas, outros foram esquecidos, mas a história toda só a conheci muito tarde. Depois desta introdução é preciso contar os factos, que aparecem completamente claros no meu Relatório de Posse de Comando e no Relatório Final que o Briote guardou e que serviram de apoio para este texto.

Como surgiram os GrsCmds na Guiné

Os Comandos na Guiné nasceram em 1964 com o Major Correia Diniz e com o Centro de Instrução que arrancou em 23 de Julho, dentro de Brá, então com um grande Campo Militar. O processo era copiado do de Angola, que em 1963 tinha o Centro de Instrução de Comandos na Quibala do Norte.

Em finais deste ano, um grupo de Oficiais e Sargentos do CTIG esteve em Angola para conhecer como se deveria montar toda esta máquina de instrução e operacional. Em princípios de 1964 já os primeiros Comandos da Guiné tomaram parte na Operação Tridente na Ilha do Como.



Na Quibala do Norte, Angola.

Em Angola, em 1963, os Batalhões enviavam para aquele Centro de Instrução efectivos de praças superiores ao de Pelotão que depois do período de instrução e selecção regressavam ao seu Batalhão como Grupo de Comandos de cinco equipas com cinco elementos cada, comandadas por um subalterno e quatro sargentos, para aí serem empregues em operações de maior dificuldade.
Nessa época, na minha primeira Comissão, ainda Oficial Subalterno, no decorrer de uma operação estive cerca de 15 dias na Quibala do Norte, tendo acompanhado essa construção progressiva de que eram responsáveis o Major Santos e Castro e o Capitão Ribeiro de Oliveira. Tal conhecimento e vivência ficaram sempre como minha referência.

Na Guiné tentou-se fazer o mesmo, só que a diferença de efectivos e do Teatro de Operações não permitia o regresso do pessoal à sua unidade de origem.
Assim, após o período de instrução no terceiro trimestre de 1964 com o apoio de pessoal vindo de Angola (o Grupo de Comandos “Os Gatos” do BART 400, comandados pelo Alferes Valente), criaram-se três Grupos de Comandos (Camaleões, Fantasmas e Panteras), no Centro de Instrução de Comandos (CIC), comandado pelo Major Diniz, e que eram empregues à ordem do Quartel-General.


Um processo com enorme fragilidade

Este processo tinha, entre outras, uma enorme fragilidade, pois sendo o pessoal que integrava cada Grupo de Comandos de diferentes Batalhões e Companhias, acontecia que em todos os navios de rendição de tropas havia pessoal que regressava a Lisboa.

Como consequência, os Grupos nunca mantinham grande estabilidade, havendo também a necessidade de realizar mais Cursos para que os efectivos se pudessem manter. Os que davam maior permanência eram os militares oriundos de própria Guiné.

É de lembrar que, tanto em Angola, como na Guiné e depois em Moçambique, antes do levantamento das Companhias de Comandos a partir de 1966 em Lamego, estas Forças eram apenas da responsabilidade dos Comandos Militares locais.

Mesmo depois do início da actividade do CIOE, os Centros de Instrução de Comandos do Ultramar não vieram a encerrar. O CIOE formou Comandos para o CTIG e RMM, enquanto que o CIC/RMA veio a instruí-los para Angola e Moçambique.


A extinção do CIC e o nascimento da CCmds do CTIG

Em meados de 1965 o Major Correia Diniz terminou a sua comissão tendo sido substituído pelo seu Adjunto, Capitão Varela Rubim. Nesta altura o QG decidiu extinguir o Centro de Instrução de Comandos e criar a Companhia de Comandos do CTIG com data de 1 de Julho.

Isto teve uma grande consequência de fundo, correspondendo a uma alteração estrutural e de emprego. Dentro desta lógica era comandada por um Capitão com um Alferes Adjunto mas sem apoio de “staff”. Ele era tudo, num comando com responsabilidades muito acima de uma Companhia normal. Difícil de compreender, mas verdade.

Com o Capitão Varela Rubim foi criado o segundo conjunto de Grupos de Comandos (Apaches, Centuriões, Diabólicos e Vampiros), cuja instrução decorreu de Julho a Setembro de 1965, tendo ficado operacionais a partir do princípio deste mês.

As suas primeiras operações não correram bem, a falta de um apoio administrativo e de planeamento operacional de qualidade agravaram a situação tendo levado a uma rotura entre aquele e o QG.

O Capitão Rubim pediu para sair e ser colocado em qualquer outra Companhia tendo sido destacado para Guileje, uma das mais difíceis zonas operacionais de então.
Entretanto, comandava eu a Companhia de Artilharia 640, localizada no sudeste da Guiné e ocupando dois aquartelamentos, Sangonhá e Cacoca.

A CArt 640 tinha chegado em Março de 1964, tendo tido uma vida operacional inicial muito exigente e difícil. Só a qualidade do nosso pessoal, dos seus Oficiais e Sargentos, explica como pôde aguentar.

Eu apresentei-me em Março de 1965, para substituir o Comandante inicial que havia sido evacuado, já com a situação mais estabilizada, tendo a Companhia apresentado bons resultados operacionais.

Pessoalmente, vivendo no mato, estava muito longe de saber o que se passava em Bissau, cidade que conhecia mal, e muito menos com a Companhia de Comandos. A CART 640 regressou a Portugal em Fevereiro de 1966, tendo eu cerca de um ano de comissão de serviço à minha frente.

Em Janeiro fui chamado ao QG tendo falado com o Comandante Militar, Brigadeiro Guerra Correia, e com o 2º Comandante, Brigadeiro Reymão Nogueira, tendo sido convidado para assumir o comando da Companhia de Comandos, com todo aquele tipo de argumentos que se usam nesta alturas a que, com os meus 25 anos, fui sensível. Era então Governador e Comandante em Chefe o General Arnaldo Shultz.

Desconhecendo a situação existente, tendo como referência o processo de Angola, falei com o Capitão Rubim e apresentei algumas condições que foram aceites pelo Comando e QG do CTIG.

Em resumo, as minhas propostas eram as seguintes:

- Não tendo eu o Curso de Comandos, teria de o ir frequentar a Angola;

- Que o pessoal da Companhia de Comandos, não poderia continuar em Brá misturado com o pessoal de outras unidades e vivendo desarranchado; que deveria ter um Aquartelamento próprio perto de Bissau, ou, no mínimo ser criado um aquartelamento próprio dentro de Brá, com possibilidades de confeccionar alimentação para todo o pessoal;

- Que os quatros Grupos existentes deveriam ser recompletados, pois estavam desfalcados, o que obrigava à realização de mais Cursos de Comandos, e outras questões importantes ligadas com instalações, material e equipamento individual e colectivo;

- Que teria de se feito um grande esforço de moralização do pessoal, que com os antecedentes não se encontrava bem;

- Que precisaria de ter, no mínimo, um Adjunto, na altura inexistente, já que os Alferes que eram de qualidade, só se deveriam preocupar com o seu Grupo de Comandos; já não pensando na parte operacional, existia toda a parte administrativa que teria de ser correctamente tratada. A propósito, é de lembrar que tive de mandar confeccionar em Lisboa o Guião da Companhia que não existia.

Quando se olha para esta lista, que apenas contem o essencial, e se faz a sua interpretação, facilmente se percebe que quem a apresentou estava a pensar no médio prazo e de um modo estrutural que permitisse uma consolidação séria.

Depois da minha nomeação, o processo não decorreu exactamente como havia sido combinado. Fiz, quase em simultâneo, a Comissão Liquidatária da CArt 640 e a entrada na Companhia de Comandos, o que não foi simples.
Obviamente que não fui a Angola, tendo as outras questões, com alguma lentidão e dificuldades burocráticas, sido progressivamente resolvidas.

Recebi um excelente apoio do Batalhão de Engenharia 447, que na altura era comandado interinamente pelo Major Gomes Marques.
Fez-se um 3º Curso de Comandos (em Março e Abril) que permitiu algum recompletamento nos efectivos dos Grupos (2 sargentos e 18 Praças) e a actividade operacional foi grande e com resultados progressivamente melhores.

Comandavam então os Grupos de Comandos os Alferes Briote (Diabólicos), Rainha (Centuriões), Caldeira (Vampiros) e Neves da Silva (Apaches), que se encontrava, à minha chegada, em tratamento médico.

Durante este período, realizaram-se 21 operações com um ou mais Grupos, a maior parte com contacto, isoladamente ou em apoio dos Batalhões por toda a Guiné, fizeram-se as primeiras operações helitransportadas, tendo-se conseguido alguns bons resultados operacionais, nomeadamente nas armas que foram capturadas, e com baixas reduzidas da nossa parte.

Entretanto, e com as rendições de pessoal, havia naturalmente a necessidade de realizar novo Curso de Comandos. Quando fiz a proposta, o curso foi-me recusado. Inicialmente pensei que teria sido um lapso, até ao momento que tomei conhecimento que já estavam em preparação em Lamego as novas Companhias de Comandos Reduzidas com destino aos três Teatros de Operações do então Ultramar, sendo duas atribuídas à Guiné.

Em consequência, na perspectiva local, a Companhia de Comandos do CTIG, criada localmente, iria desaparecer natural e progressivamente, à medida que o seu pessoal terminasse as suas comissões e não fossem realizados novos cursos.

Tudo bem, sendo aparentemente a melhor solução e correspondendo ao reconhecimento que os Comandos, nascidos por iniciativa dos responsáveis militares de cada Teatro de Operações, tinham grande qualidade, eram indispensáveis naquele tipo de guerra e deveriam ser sujeitos a uma preparação à escala nacional, com uma adaptação específica ao Teatro de Operações de emprego.

Mal e doloroso, o eu ter sido convidado para aquelas funções quando os responsáveis locais já tinham conhecimento do que parecia ser a solução definitiva que estava em andamento na Metrópole desde finais de 1965, o que me fora omitido.

Teria sido preferível para todos que me tivessem contado logo a história completa, evitando a omissão de dados importantes para quem tinha aceitado assumir aquela responsabilidade. A realidade futura não permitiu que os CIC do CTIG, da RMA e da RMM tivessem deixado de funcionar.

Assim, a Companhia de Comandos do CTIG foi-se reduzindo para dois e um Grupo, até à chegada da 3ª Companhia de Comandos e mais tarde da 5ª, dos grandes combatentes e excelentes Comandantes, Capitães Alves Cardoso e Albuquerque Gonçalves.



O remanescente daqueles quatro Grupos de Comandos foi integrado nos “Diabólicos”, colocado até finais de Setembro em apoio do Batalhão de Mansoa.

Confronto no QG

Lá tive de fazer mais um Comissão Liquidatária, tendo tido um muito violento confronto com os responsáveis do QG devido à omissão que me havia sido feita, que só não acabou mal para mim devido a toda a razão que me assistia.

Recusei qualquer função no QG e terminei esta Comissão como Oficial de Informações do Comando do Sector Sul, com sede em Bolama.
Nunca mais falei no assunto.

Anos mais tarde, já depois de ter sido Governador de Macau, entreguei o Guião daquela Companhia, com destino ao Museu, quando era Comandante do Regimento de Comandos na Amadora o Coronel Júlio Ribeiro de Oliveira, a quem estava ligado por grande amizade pessoal e respeito profissional.

Ao Militar Português


Uma palavra deve ficar registada ao militar português que naquela altura combateu de um modo único e àqueles que me acompanharam na Companhia de Comandos do CTIG, com dificuldades de toda a ordem, acreditando na missão que nos tinha sido dada, que foi vivida com grande entusiasmo e sentido de responsabilidade.

Um agradecimento especial e amigo deve ficar registado para o Virgínio Briote, sem cuja ajuda documental e apoio adicional este texto nunca teria sido feito, e para o General Ribeiro de Oliveira, que com a revisão feita me permitiu apresentar mais rigor histórico na cronologia e eventos da história geral dos Comandos.

Espero que este despretensioso trabalho seja mais uma peça útil para o levantamento da história das Tropas de Comandos que tão bons serviços sempre prestaram a Portugal.

Lisboa, 13 de Setembro de 2008

José Eduardo Garcia Leandro

Tenente-General (R)

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Notas de vb: Os sublinhados, bem como o breve cv do General são da responsabilidade do editor

O Tenente-General José Eduardo Garcia Leandro, nascido em 1940, em Luanda, Angola, cumpriu cinco comissões de serviço no ex-Ultramar, sendo duas em Angola, uma na Guiné, uma em Timor como Chefe de Gabinete do Governador de Timor e foi Governador de Macau entre 1974 e 1979.

No âmbito do ensino foi Professor do IAEM e Professor convidado do ISCSP entre 1999 e 2005, para o Mestrado de Estratégia, sendo actualmente Professor da U.C.P., da U.N.L. e da U.A.L., para Mestrados relacionados com a Segurança, Defesa, Paz e Guerra.

Entre as funções que desempenhou salientam-se as de Conselheiro Militar da Delegação de Portugal junto da OTAN (PODELNATO) Bruxelas, Comandante Operacional das Forças Terrestres, Comandante da Componente Militar da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), Director do IAEM, Vice-CEME, Director do I.D.N. e Presidente do Conselho Coordenador do Ensino Superior Militar.

Representou Portugal em múltiplas reuniões internacionais e tem publicado vários trabalhos e artigos e apresentado diversas conferências em Portugal e no Estrangeiro no âmbito da Estratégia, das Relações Internacionais, da Gestão de Crises, dos Sistemas Colectivos de Segurança e das Missões de Apoio à Paz.

É actualmente Presidente do OSCOT (Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo), Membro do “Academic Council on the United Nations System”, Académico Correspondente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e Membro da Assembleia Estatutária da Universidade Aberta.

Guiné 63/74 - P3902: Expedição Humanitária 2009 (3): Mensagem do Pepito para o Paulo Santiago, o Zé Moreira, o Xico Allen e o Julião Sousa

Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 15 de Fevereiro de 2009 > Fazer agroturismo no Cantanhez (Foto tirada em 12 de Setembro de 2008) > "Ansumane (ao centro) é um fruticultor de mão cheia. Com os filhos e restante família, tem um pomar em que faz questão de utilizar boas práticas modernas, uma grande diversificação na oferta de produtos (ananás, abacate, mandarina, mango e banana) e…ter contratado um guarda para lhe proteger a fruta da gulosice dos chimpanzés [daris], igualmente grandes apreciadores.

"Fatu, a mulher (lenço alaranjado), de um dinamismo e simpatia inigualáveis, dirige uma unidade de agroturismo onde oferece alojamento para 6 pessoas em bungalows muito bonitos, com grande higiene e água canalizada, para além de ser uma cozinheira de eleição.

"É conhecido e apreciado o seu Gambô, prato feito com folhas de mandioca e molho de mancarra (amendoim), que tem a unanimidade dos turistas que a classificam como valendo a pena a deslocação".


Foto: Cortesia de © AD - Acção para o Desenvolvimento (2009)


1. Resposta, com data de hoje, do Pepito (que está em Portugal até 27 do corrente) ao Paulo Santiago (*):


Paulo: Antes do mais reafirmo-te a total disponibilidade da AD em vos apoiar em tudo o que precisarem em Bissau. Temos uma pequena camioneta que pode ajudar a tirar a mercadoria do porto e colocar onde vocês entenderem. Eventuais contactos com pessoas ou entidades que queiram ver, contem também connosco.

As t-shirts que levas são boas mesmo que tenham publicidade. As crianças das escolas vão ficar satisfeitas. E é isso que interessa.

Dá um abraço meu ao Julião [Soares Sousa]. Prometi e vou cumprir com a minha "conferência" em Coimbra. Ele que me diga sobre que assunto gostaria de me ver falar.

Lá estarei em Bissau para tudo o que for preciso e para conhecer o Zé Moreira. Manda-me o teu nº de telefone para eu na 4ª feira te falar.

abraço
pepito

PS- para o Xico Allen: em que pé está o apadrinhamento da miúda de Cantanhez, a Sabá ?

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3901: Expedição Humanitária 2009 (2): Mensagem do José Moreira, de Coimbra, para o Pepito (AD - Bissau), em Lisboa (Paulo Santiago)

Guiné 63/74 - P3901: Expedição Humanitária 2009 (2): Mensagem do José Moreira, de Coimbra, para o Pepito (AD - Bissau), em Lisboa (Paulo Santiago)



Apartado 453046-801 TAVEIRO (COIMBRA) / Contacto: E-mail j.moreira@sapo.pt / Telem.: 96 402 80 40

Associação sem fins lucrativos / Matriculada na C.R.C. de Coimbra / NIPC 508 343 461

Parceiro especializado da LIGA DOS COMBATENTES para acções humanitárias


1. Mensagem do Paulo Santiago, remetida ontem ao Pepito, com conhecimento ao nosso blogue (*):

Boa Noite, Pepito:

Acabei de chegar de um jantar na Mealhada, onde o Zé Moreira, da Associação Memórias e Gentes, me pediu para te enviar uma mensagem que especifico mais à frente.

Este jantar de hoje serviu para alguns dos amigos de Coimbra darem algumas dicas aos amigos do Porto [, da Tabanca de Matosinhos,]que também seguirão na Expedição Humanitária, com partida de Coimbra na próxima 6ª feira, dia 20, às 9.00 horas (*).

Pensam chegar ao hotel de João Landim, dia 26 ou 27.

Pepito: Nenhum dos presentes no jantar sabia que estavas em Portugal, eu soube porque passei pelo blogue antes de ir para a Mealhada. Ainda perguntei ao Julião S. Sousa [, da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra], também presente no jantar por indicação minha, se tinha o teu contacto telefónico, não tinha e deu-me a entender que espera uma conferência tua em Coimbra. Estou a dar conhecimento ao Luís porque penso ele ter o teu contacto em Portugal.

[Foto à esquerda: Guiné-Bissau > Março de 2008 > O José Moreira, inspirador, fundador, presidente e líder da Associação Humanitária Memórias e Gentes, em acção (é o primeiro à esquerda, em primeiro plano, logo na primeira foto, de cima). Técnico Oficial de Contas, reformado, mora em Coimbra. Foi Fur Mil da CCAÇ 1565, 1966/68. Foto: © José Moreira (2008). Direitos reservados.].

O Zé Moreira, que ainda não te conhece, diz querer encontrar-te este ano. Não se conseguiram as 300 t-shirt brancas, que me indicaste tempos atrás, há 300 t-shirt mas têm publicidade, mas além deste material que vai nos jipes, já seguiram no contentor várias caixas para serem entregues à AD.

Transmiti ao Moreira o que li no blogue "vou estar em Bissau na última semana de Fevereiro para receber os amigos que chegam de Portugal".

Abraço
Paulo

2. Comentário de L.G.:

Paulo: Obrigado pela tua mensagem. Os contactos telefónicos do Pepito, em Portugal, já tos mandei por telefone, com conhecimento ao José Moreira e alguns dos camaradas da Tabanca de Matosinhos que também seguem na expedição. Estive hoje, em Lisboa, com o José Manuel Lopes que me falou em mais de um dúzia de camaradas (dois levam as esposas) que vão juntar-se à malta de Coimbra. No total serão cinco jipes, mais uma carrinha e outros dois veículos automóveis, segundo percebi. O último a inscrever-se foi o Alves, de Leça da Palmeira, antigo soldado condutor da CART 6250 (Mampatá, 1972/74).

O Pepito está cá desde ontem e deve regressar a Bissau a 27 de Fevereiro. Nos próximos dias, até quinta-feira, peço que o poupem, por que ele tem uam série de exames de saúde a fazer, incluindo uma pequena intervenção cirúrgica.

Ele espera poder acolher e abraçar pessoalmente toda a malta que parte para mais uma expedição huminátário, de carro e de avião. A ONG que ele dirige, a AD - Acção para o Desenvolvimento, dará, no terreno, o apoio que for necessário.

A todos desejamos boa viagem e bom regresso. Iremos falando falando desta expedição, onde vão dois históricos, o José Moreira (Coimbra) e o Xico Allen (Tabnava de Matosinhos), além do ´Camilo (que integhra o grupo dos algarvios que partiram no dia 10).

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior, de hoje, 16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3900: Expedição Humanitária 2009 (1): Já se fez à estrada a expedição da Humanitarius, com o J. Almeida, o A. Camilo e outros